JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER - ANO VII - NÚMERO 49 – CURITIBA, AGOSTO/SETEMBRO DE 2016 Foto: Luiz Nascimento
Trancado e abandonado Sem expectativas de voltar a funcionar, Pinheirão continua interditado pág. 4
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Idosos estão aderindo à utilização de aplicativos que facilitam cada vez mais o dia a dia
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Cresce o número de invasores aos tubo em Curitiba
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Brasileiros utilizam dança para promover o bem-estar e o combate a doenças
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OPINIÃO
Precisamos do voto obrigatório!
Ao leitor
Equipe Marco Zero
O Marco Zero
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Expediente
Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.
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Divulgação
Nesta edição do Marco Zero, você vai acompanhar uma matéria especial realizada com as mulheres que fizeram a história da política curitibana. Quem são elas e como contribuem para a cidade? E com a tecnologia fazendo cada vez mais parte da vida das pessoas, os idosos estão aderindo à utilização de aplicativos, que estão mais dinâmicos e facilitam as atividades do dia a dia. Você vai conhecer também o relato de Lázaro Lucio Junior, sobre o assédio sofrido no trabalho. Pesquisas indicam que 52% dos entrevistados já sofreram algum tipo de assédio. E que tal começar a praticar exercícios físicos? Os brasileiros estão cada vez mais buscando a dança como forma de atividade para manter a saúde e o bem-estar. Isso e muito mais nessa edição do Marco Zero. Aproveitem bem essa edição!
Camila Toledo
O que você achou do plebiscito informal feito para separar o Sul do restante do país? Você concorda?
realmente o voto facultativo seja adotado, teríamos uma perda muiCamila to grande de eleitores em todo o Toledo Brasil. Há muitos argumentos O voto obrigatório foi favoráveis ao voto facultativo. Um introduzido no Brasil a partir da exemplo é que somente aqueles que reforma da Lei Eleitoral de 1932. se interessam e entendem de polítiDesde então, se tornou obrigato- ca votariam e os políticos se emperiedade do cidadão brasileiro, que nhariam mais em seus mandatos. O de dois em dois anos em um do- principal argumento é de que o voto mingo precisa comparecer no seu deve ser de escolha de cada um, pois local de votação, geralmente não vivemos em uma democracia. Mas o que todos não muito longe da suas residências. É válido para todos entre 18 e 70 questionam é se o voto facultativo não iria aumentar a comercializaanos, secreto e agora biométrico. Todo ano de eleição há uma gran- ção do voto. Não é novidade e não de discussão sobre o voto obriga- é nada raro a venda de votos nas tório e o voto facultativo. O voto eleições, mas isso se tornaria mais facultativo permite que o eleitor frequente caso o voto facultativo escolha comparecer no dia de vo- fosse colocado em prática, pois diante da situatação ou não. Em ção econômica julho de 2015 foi O direito-dever do país vender apresentada uma o voto, que anproposta neste ao voto foi uma poderia ser sentido na Câmaconquista dura de tes utilizado para ra, mas foi rejeitava pelos depu- muitos anos, assim fazer alguma diferença na tados federais. O como nossa atual escolha dos goresultado foi de vernantes, não 311 votos contra democracia. teria tanta ime 134 favoráveis. portância. PesquiAlém disso, existe uma sa realizada em 2014 pelo Datafo- lha mostra que se no Brasil o voto forte comparação entre o Brasil e facultativo fosse adotado 57% dos países que adotam o voto facultabrasileiros, entre 18 e 70 anos, não tivo, mas o que esquecemos é que votariam nas eleições desse ano, esses países são totalmente difesendo que 42% declararam que rentes do Brasil, tanto culturalmente, economicamente e politivotariam do mesmo jeito. Em pesquisas anteriores camente. Nossa democracia ainda o resultado não foi muito diferente. está em fase de evolução. Ainda O Datafolha realizou o mesmo le- precisamos de certas coisas antes vantamento em 1989, quando 44% de adotar medidas que possam nos não votariam. Em 1994, chegou a prejudicar. O direito e o dever ao 49% e se manteve igual até 2006, atingindo o recorde em 2014. Caso voto dão ao cidadão brasileiro a
oportunidade de escolha dos seus governantes e o direito de reivindicação durante os mandatos. Com a possibilidade de escolha ao voto ou não, o que é uma decisão da maioria se tornaria uma decisão da minoria e poderia causar certos problemas, pois a participação popular diminuiria. Além de tornar o interesse do cidadão pela política menor ainda. A corrupção é a principal desmotivação dos brasileiros que iram às urnas. E não podemos esquecer que até os países superdesenvolvidos passaram por essas situações políticas. Há também a falsa esperança de “liberdad e individual” caso o voto facultativo seja adotado no Brasil. O indivíduo que quer viver em uma sociedade politica possui direitos e deveres. O direito-dever ao voto foi uma conquista dura de muitos anos, assim como nossa atual democracia. Com o voto obrigatório o eleitor que escolher seu candidato estará se dando a oportunidade de avaliar e reconsiderar sua escolha nas eleições futuras. Acima de tudo, o voto obrigatório é uma forma de educação política do eleitor. O poder-dever ao voto é uma oportunidade do cidadão expressar sua satisfação na politica. Sem ele, a formação politica e a possibilidade de reinvindicações estariam comprometidas. A atual situação politica do Brasil não permite a adoção do voto facultativo e é de extrema importância a participação da sociedade, como um todo, na politica. Existe um mal-estar em relação ao voto obrigatório. Toda a obrigação incomoda, mas a obrigatoriedade do voto é necessário e é indispensável.
O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter
Diagramação: Luiz Eduardo
Uninter - Campus Tiradentes Rua Saldanha Marinho 131
Coordenadora do Curso de Jornalismo: Guilherme Carvalho
Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira
80410-150 |Centro- Curitiba PR
Professor responsável: Mauri Konig e Roberto Nicolato
E-mail comunicacaosocial@grupouninter.com.br
Telefones 2102-3377 e 2102-3380.
“Acho que tinha que ter revisão do pacto federativo, pois o Parará é o Endrio Lázaro terceiro arrecaComerciante dador federal, e o 21° a receber investimento federal. Nossos senadores mais alinhados ao então governo Dilma barraram vários investimentos federais. Se o Sul quiser ser independente, tem que começar elegendo políticos que realmente ajudem nosso estado. Eu não concordo. Não gostei da iniciativa. Acho até que isso poderia prejudicar nossa política e Enrique Fidelis causar algum Vigilante problema dentro do nosso país. Então, não concordo.” “A princípio eu achei legal, mas impossível pela nossa Constituição, pelas nossas Antônio Alberto Souza leis e pela nosCosta, sa política. Mas Comerciante acho que seria uma iniciativa para melhorar nossa economia. Concordo em partes, mas se existisse a possibilidade acho que seria uma excelente iniciativa. ”
Li apenas um artigo sobre o assunto, mas prefiro união a divisão. Além do aspecto de Angela ferir a constiCampos, Fonoaudióloga tuição. De maneira “superficial” sou contra
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PERFIL
Lázaro, uma história de assédio Uma pesquisa realizada pelo Vagas.com, no ano passado, mostra que 52% dos entrevistados já sofreram algum tipo de assédio no trabalho.
Piracicaba, 7 de janeiro de 1962, nasce Lázaro Lúcio Júnior. Para os mais íntimos, Zito. De família modesta, é o oitavo de dez filhos. Dos dois homens, o mais novo. Nascido de Benedita de Lúcio, diarista, e Lázaro Lúcio, motorista de caminhão. Homem negro, de estatura média, aos 52 coleciona histórias. O que te levaria a ver a vida de outra maneira? Talvez um acidente ou a morte de um ente querido. Com Lázaro foi diferente. Talvez pela profissão, professor e comunicador, se expressa bem e na discussão com palavras, difícil quem o contenha. Cresceu esboçando desenhos. Fazia cópias. Há quem chame de dom. Apaixonado pela arte, fez o primeiro curso envolvendo desenhos aos 14 anos. De torneiro mecânico. Mas foi com 18 que começou sua relação mais íntima com aquilo que realmente gostava, na época a profissão: cartazista. Quando em cartazes de lojas, desenhava as letras com as mãos. Entre faixas, desenhos e painéis, também desenhava o que lhe fosse pedido. Após concluir o colégio, Lázaro enfrentou tempos difíceis. Não pensava em faculdade. Aos 22, continuava mergulhado nos desenhos. Técnicos ou de livre pensamento, de esboços da arquitetura da pequena Piracicaba ou do que vinha com o vento. Por orientação de amigos, ingressou no curso de Publicidade e Propaganda. A área da comunicação o cativou. E o fato de já ter habilidades com desenhos, o ajudou a produzir trabalhos dignos de prêmios. Ganhou concursos de desenhos de logotipo. Na década de 90, os trabalhos que antes eram produzidos à
Início do abuso
As promessas feitas no Brasil não valiam mais ao pisarem em solo americano. As despesas com alimentação e gasolina, de repente, não eram mais responsabilidades da empresa onde trabalhava. Se viu obrigado a driblar as situações. De início, uma jornada agradável. Entre trabalho e passeios, Lázaro e o chefe que o acompanhou na viagem mantinham um bom relacionamento. Mas ao passar dos dias aquele que o acompanhava ia deixando pistas de quem realmente era. Manipulador, fez com que o funcionário passasse por situações que ele não desejaria ter passado. Sobrecarregado de trabalhos, se tornou também motorista e tradutor do chefe que pouco sabia sobre a
As características do assédio Assédio moral é o mesmo que violência moral. Nesta situação acontece a exposição do trabalhador a situações constrangedoras e humilhantes, como calúnias, difamação e assédio sexual. Isto caracteriza atitude desumana, sem ética e violenta nas relações de trabalho praticadas pelo chefe contra o subordinado. Trazendo sequelas que podem perdurar ao longo da vida, o assédio segundo a OIT – Oraganização Internacional do Trabalho, pode ser comprovado principalmente através de testemunhas. O trabalhador ao unir provas deve procurar um advogado ou o sindicato da sua categoria.
Letícia Costa
Letícia Costa
mão agora tinham que relacionar-se também com o computador. Sem medo do novo, o publicitário acompanhou a transição e o avanço da tecnologia na época, transferindo para as máquinas não somente o trabalho, como também a paixão. Seu ambiente de trabalho passou a ser praticamente virtual. Mas carregando a frase “o olhar no olho, ou a falta deste olhar, são reveladores de caráter.’’ Aos 28 anos mudou-se para a grande São Paulo. Foi convidado a lecionar. Aulas de softwares e outros trabalhos. Tornou-se pai aos 35 anos, pai de menina. Em 2010, aos 49 anos, o convite para auxiliar na formação de professores o levou para a cidade maravilhosa. Deixando em outro estado esposa e filha, foi no Rio que veio a conhecer pessoas que mudariam sua forma de ver a vida. Através de uma parceria da escola onde trabalhava com uma universidade Americana, viajou para os Estados Unidos. Lázaro estava embarcando para uma experiência que jamais esqueceria.
‘’Ao longo de quatro meses de assédio, eu vi que minha tolerância não é tão boa, e precisei de muita ajuda.’’ Lázaro Lúcio, Publicitário língua inglesa. Viu-se testemunha ocular de mentiras e simulações. Ao longo de um período de quase três meses, foram perseguições que ele escondia da família para não os preocupar. ‘’Eu vi que minha tolerância não é tão boa, e precisei de muita ajuda’’, lembra Lázaro. Em quanto isso no Brasil, Perla, a filha de então 15 anos sentia a falta do pai. Sempre foi muito apegada a ele. Perla e Lázaro simplesmente se entendiam. Mãe e filha não podiam imaginar o que se passava durante aqueles meses. Poupar a angústia delas seria a melhor escolha a tomar. As atividades que tinha feito para as aulas, na universidade americana, simplesmente haviam sido apagadas de seu computador. O tratamento antes respeitoso, tornou-se ofensivo e agressivo verbalmente. ‘’Será que estou enlouquecendo?’’, chegou a pensar. Para ele, aprender a contornar as coisas da melhor forma possível, seria a saída. O homem que sempre se interessou por coisas espirituais pôs fé em Deus. Um dia demorava uma eternidade para passar e as coisas só pioravam. Não conseguia mais dividir o quarto de hotel. Passou a dormir no carro. Entendeu que o comportamento do então chefe era por se sentir ameaçado. Lázaro tinha qualificações melhores, apesar de estar na posição de subordinado. - Neste dia, era uma sexta-feira, eu decidi que não dormiria no mesmo quarto de hotel que ele. Não queria nem olhar para a sua cara ou ouvir a sua voz, então decidi dormir no carro. Esperei ficar tarde, depois da meia-noite, então fui ao quarto, tomei banho, me troquei e fui para o carro. Se eu já trabalhava nos finais de semana e muitas vezes de noite no carro, po-
Lázaro está escrevendo um livro sobre o assédio que sofreu no trabalho deria dormir nele também. Mas no sábado de manhã, ele estava saindo para ir com os gerentes para o Universal Studios quando veio ver se eu estava no carro, e então perguntei sobre sua decisão; falou que iria pensar. A decisão da qual Lázaro perguntara estava relacionada a sua demissão. As pressões e situações pelas quais passou o levaram ao extremo. - Precisa que eu faça tudo isto? Então faça você mesmo -- disse ao chefe. - Você esta sem controle porque esta longe da família. Se em algum dia, eu tivesse falado assim com meu superior, certamente teria sido demitido. - Então o faça alguma coisa! Me mande de volta ao Brasil!
Ação judicial Aquele emprego era importante para Lázaro e dizer tais palavras poderiam lhe custar o mesmo. O fato era que chegou ao ponto de não aguentar mais. Depois de muito pensar sobre o que estava acontecendo, e mesmo sem entender direito o porquê de toda aquela situação. Decidiu que
o importante mesmo seria sua sanidade mental. Emprego ele poderia encontrar outro. Para ele, estas situações precisam ser denunciadas, trabalhar em equipe precisar ser saudável. Nos momentos que se viu sozinho teve convicção que escutou a voz de Deus. Homem simples e de muita fé, acredita que tudo tem um porquê. Percebeu que existem pessoas difíceis de lidar, e a observação pode ser uma grande aliada. Sua experiência foi grande na área de ensino, aprendizado, espiritual e psicológica. O período agitado também foi proveitoso. Ele lembra que se abrir com outras pessoas amigas é sempre importante. Pois a proximidade que se está de determinado problema pode dificultar que se enxergue coisas essenciais. Voltando ao Brasil, Lázaro entrou com ação judicial e após seis meses recebeu o que considera parte do que merecia. Quando se fala em assédio moral no trabalho, nem todos sabem como caracteri zar. Mas Lázaro com certeza teria bons e maus exemplos para dar. De volta a São Paulo, hoje dedica seu tempo à filha, Perla Padilha, 19 anos. E aos trabalho, leciona e dedica-se à arte que tanto ama.
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CIDADE
Pinheirão, um gigante adormecido Desde que foi interditado no ano de 2007, o Estádio Pinheirão está abandonado, sem definição quanto ao seu futuro, seja no esporte ou no comércio
com o andamento das obras e a falta de recursos, a capacidade foi reduzida para 127 mil. O estádio foi oficialmente inaugurado na partida entre Paraná e Santa Catarina, com a capacidade máxima para 54 mil pessoas. Entra a década de 80 e o início dos anos 2000, o Pinheirão se tornou em determinadas oportunidades a casa de Atlético Paranaense e Paraná Clube. No antigo estádio, os dois clubes conquistaram títulos estaduais e chegaram a disputar uma partida pela Copa Sulamericana em 2006, com vitória rubro-negra por 3 a 1. Ao todo, o Pinheirão foi palco de três conquistas de campeonatos paranaenses. O primeiro deles em 1998, quando o Atlético-PR bateu o Coritiba por 2 a 1, sagrando-se cam-
A interdição Após a interdição, o estádio foi ficando cada vez mais esquecido e abandonado pela FPF. Com as dívidas gradualmente aumentando ano a ano, o estádio foi penhorado e posteriormente colocado a leilão. Em 28 de junho de 2012, o estádio foi arrematado pelo empresário João Destro, pelo valor de R$ 57,5 milhões. De lá pra cá, vários projetos foram estipulados para construção de imóveis comerciais e até a reconstrução do estádio para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014. Porém nenhuma das hipóteses foi concretizada. Enquanto isso, a definição do que vai acontecer com o Pinheirão ainda é uma incógnita. O estádio, que já foi conside-
Foto: Luiz Nascimento
peão paranaense depois de oito anos da última conquista estadual. Diego Além da quebra de jejum da últiSchuertes ma conquista do rubro-negro, a partida registrou o recorde de público do Pinheirão: 44.475 pessoas Palco de grandes conquistas e acompanharam a final do Paranaconfrontos das últimas décadas do ense. futebol paranaense, o Pinheirão No ano seguinte, foi a vez do continua a viver seus dias de silên- Coritiba encerrar o jejum de títucio e esquecimento. Interditado em los estaduais. A equipe, que não junho de 2007, por ordem judicial ganhava o paranaense desde 1999, do Ministério empatou com o Público deviParaná Clube em “A história do a dívidas 2 a 2, conquisdesse estádio da Federação tando o seu 30º Paranaense de título paranaense é imensa, pois Futebol (FPF), na história. vários jogadores o estádio nunNa final do ca mais volCampeonato escreveram sua tou a receber Paranaense de história aqui. As partidas de 2006, o Paraná conquistas jamais Clube empatou futebol. Durante os oito em 1 a 1 com o serão esquecidas anos em que Adap, conquispelo torcedor” tando o último permaneceu - Carlos Almeida, título no estádio interditado, o do Pinheirão. Pinheirão jaComerciante Além dos mais passou por uma reforma. Em estado de jogos e conquistas marcantes do abandono e calamidade, se tornou futebol paranaense, o Pinheirão abrigo para mendigos que buscam recebeu quatro jogos da Seleção ali um lugar para descansar e dor- Brasileira. O mais importante em 2003, quando a seleção brasilei ra mir durante a noite. enfrentou a seleção uruguaia em jogo válido pelas eliminatórias da O início de tudo Inaugurado em 15 de junho de Copa do Mundo de 2006. Empate 1985 pelo até então presidente da em 3 a 3, no jogo que marcou a úlFPF, José Milanio, o Complexo tima partida do meia Rivaldo pela Esportivo Pinheirão tinha como seleção canarinho. Em 11 de março de 2007, foi principal pretensão se tornar o disputada a última partida no Pisegundo maior estádio do país, finheirão. O Cianorte venceu o cando atrás apenas do Maracanã. JMalucelli por 3 a 1, em jogo váO projeto inicial previa capacidalido pelo Campeonato Paranaense. de para 180 mil pessoas. Porém,
O estádio do Pinheirão, no bairro Tarumã, está completamente abandonado
As velhas lembranças e o atual momento do Pinheirão rado um dos principais do estado do Paraná, hoje busca através das lembranças de torcedores reviver o passado de glórias que viveu nas últimas décadas. Em entrevista ao Marco Zero, Carlos Almeida, comerciante que trabalha há 20 anos próximo ao Pinheirão, falou sobre a convivência que tinha próximo ao estádio, relembrando os momentos de glórias do ícone do futebol paranaense. “O Pinheirão é mais do que um estádio. Para todos que viveram próximo a ele, o Pinheirão se tornou uma segunda casa. A história desse estádio é imensa, vários jogadores escreveram sua história aqui. Os jogos e conquistas vivenciadas jamais vão ser esquecidos pelo torcedor paranaense”. Segundo Almeida, a atmosfera que cercava o estádio em dias de jogos era impactante. “Em dias de jogos, o Pinheirão vivia lotado, principalmente na época que Paraná e Atlético mandavam seus jogos aqui. Acabou se tornando a casa da torcida paranaense, independente do time que jogava no estádio.” Por outro lado, Almeida comentou sobre o atual momento
de indefinição e abandono do estádio. “Hoje, vendo essa situação de abandono, não só eu, mas todos que vivemos próximo ao local ficamos entristecidos, pelo que o estádio já foi e pelo o que se tornou hoje em dia.”
Coisas inesquecíveis Ele também relembrou seus momentos de torcedor no Pinheirão. O comerciante, que se considera torcedor fanático do Coritiba, estava presente nas arquibancadas do Pinheirão na final do paranaense de 10 de julho de 1999. E contou as lembranças daquele tarde que considera memorável. “As lembranças são muito boas, são coisas inesquecíveis que eu particularmente nunca vou esquecer. A expectativa para aquele jogo era enorme, pois fazia bastante tempo que o Coritiba não conquistava o campeonato estadual”. Naquele jogo, o Coritiba sofreu dois gols em 15 minutos e precisava pelo menos do empate pra conquistar o título estadual. “Me lembro daquele início de
jogo terrível, parecia que o time nem tinha entrado em campo”, conta. No final do primeiro tempo, o Coritiba diminui o marcador com o atacante Cléber, e conseguiu o empate no final do jogo com Darci, sagrando-se campeão paranaense dez anos depois da última conquista. “Aquele gol no final do primeiro tempo, deu fôlego que o Coritiba precisava pra sair dali campeão. O segundo gol saiu na garra, ainda mais com o Darci que tinha entrado um pouco antes na partida. Aquele jogo marcou o fim do tabu e de jejum de títulos do Coritiba. Um dia que jamais vou esquecer”, comentou Carlos. Apesar da triste situação vivenciada pelo Pinheirão, o que realmente fica na memória do torcedor paranaense são os jogos com arquibancadas lotadas, conquistas inesquecíveis e lances marcantes que escreveram a história do estádio nas últimas décadas. Para os torcedores que conviveram e acompanharam esse palco de perto, o que fica guardado na memória “é a saudade do bom e velho Pinheirão”.
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COMPORTAMENTO
Um embarque ilegal nas catracas Cresce o número de invasores aos tubos de ônibus em Curitiba Gigel
Segundo pesquisa divulgada neste ano pelo Setransp (Sindicato das Empresas de Transporte de Passeiros no Estado Paraná) cresceu o número de pessoas que “furam” a catraca do transporte coletivo na capital paranaense. O aumento foi de 18% no número de pessoas que todos os dias entram no ônibus sem pagar, se comparado com os dados da pesquisa feita em 2015. Essa situação provoca um prejuízo mensal de R$ 400 mil ao setor, chegando a R$ 4,5 milhões em um ano. Na pesquisa anterior, foram 2.252 pessoas que passavam a catraca sem pagar. Já nesse ano, o resultado aponta aproximadamente 3.831 pessoas que furam a catraca por dia. Esse número preocupa tanto os passageiros, quanto os funcionários do setor. A pesquisa foi realizada durante sete dias no mês de março, e contabilizou 45 mil horas, com 1.100 colabores de 11 empresas, no intervalo das 5h à 0h30. Com esse dinheiro, poderiam ser comprados mais ônibus coletivos, que estariam transitando nas ruas e auxiliando nos horários de mais movimento. Segundo a Setransp, com estes valores daria para se adquirir quatro biarticulados por ano, ou um coletivo convencional por mês. De acordo com o sindicato, todos os cidadãos perdem com esta
Agora é crime De acordo com a lei aprovada no dia 16 de maio de 2016, na Câmara Municipal de Curiti-
ba, o ato de “furar” a catraca é crime. A Câmara Municipal decidiu que essa infração irá gerar multa ao passageiro e o infrator poderá ser obrigado a pagar até 50 passagens. Poderá ser autuado por guardas municipais e por policiais militares que estejam no local e flagrarem o ato. No caso de o infrator ser menor de idade, a multa é destinada aos seus respectivos pais ou responsáveis. Esse projeto seguiu para as mãos do prefeito para ser sancionado. De acordo com a pesquisa, a estação-tubo onde ocorreu mais “furos” em 2016 foi a da Praça Carlos Gomes, no sentido Boqueirão, com mais ou menos 250 invasões por dia. Segundo pesquisadores da Setransp, isso é um reflexo da manifestação que ocorreu em protesto contra as altas tarifas. Nestes dias as catracas ficaram livres. “Todos temos o direito de protestar e se manifestar, mas somos contra um protesto que incita ao crime”, diz Luiz Alberto Lenz César, diretor-executivo da Setransp. Com relação às pessoas transportadas, a pesquisa relata que a estação-tubo Rio Barigui, sentido bairro, é a mais afetada. Lá aconteceram 640 invasões e 526 pagantes nos sete dias de pesquisa. Comparando esses dados, pode-se ver que mais pessoas invadem do que pagam passagem e, segundo a pesquisa, o tubo Rio Barigui, tanto no sentido centro como no sentido bairro, está no top 5 do ranking das estações-tubo mais invadidas por dia.
Rafael Bianco Com os “furos” de catraca todos acabam perdendo: a cidade, as empresas, e o cidadão.
Rafael Bianco
Henrique
atitude, que gera muitas consequências, e não somente as empresas, pois tendo mais ônibus circulando poderia diminuir a lotação nos horários mais movimentados. Além disso, é possivel observar o constrangimento e o susto das pessoas que se encontram dentro e nos perímetros das áreas dos tubos de ônibus. Os passageiros que furam as catracas entram em grupos e, muitas vezes, causam quebra-quebra e vandalismo dentro dos tubos. Furar catraca está virando um hábito no dia-a-dia do passageiro curitibano, por causa da facilidade e da falta de preocupação com os prejuízos que podem causar. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Paraná, sem segurança os cobradores pouco podem fazer para que este ato não ocorra. Mesmo assim, alguns tentam impedir as pessoas de “furar” a catraca, procurando manter a tranquilidade daqueles que usam os tubos, mas chegam até a ser agredidos, além de arcar com as despesas e pagar multas por causa das invasões. Esse tipo de crime vem aumentando devido à falta de segurança nas áreas de estações-tubos, que deveria estar sendo feita pelo patrulhamento da Guarda Municipal e pelas rondas da Polícia Militar.
Tubos no centro lideram o ranking dos mais invadidos
Veja ranking das estações-tubo mais invadidas por dia 1o - Praça Carlos Gomes, sentido Boqueirão – 250 invasões 2º - Passeio Público, sentido Santa Cândida – 172 invasõe 3º - Praça Eufrásio Correia, sentido estação central – 154 invasões 4º - Rio Barigui, sentido centro – 103 invasões 5º - Rio Barigui, sentido bairro – 91 invasões (Fonte: Setransp)
Estudo revela que gangues deixam de ser principais invasores A pesquisa da Setransp aponta que o maior número de pessoas que invadiam as estações-tubo em 2015 participavam de gangues ou aglomerados de pessoas. Já a pesquisa deste ano mostrou que ocorreu uma mudança no perfil dos invasores. Agora são mais “pessoas comuns” que praticam tal ato. De acordo com a nova pesquisa, a porcentagem é bem alta em comparação aos grupos que praticam a invasão. Ou seja, 32% são pessoas comuns, 22% são gangues, 19% estudantes, 6% torcedores e 21% outros (pessoas que os pesquisadores não souberam identificar). “Talvez essa mudança seja explicada pela falta de punição, aliada com a crise econômica que leva ao aumento do desemprego e a ocorrência de mais
conflitos sociais”, diz Lenz César. Portanto,o que se pode notar é que esse crime está longe de acabar. Porém, muitos acreditam que, com a colaboração de órgãos políticos, Secretaria de Segurança Pública, e com a ajuda dos cidadãos, a tendência será amenizar essa prática, que a cada dia vem crescendo. “O problema é grave e continua aumentando. Claramente temos que aumentar as ações que possam inibir essas ocorrências e combater esse tipo de crime”, diz Luis Alberto Lenz. As invasões têm crescido, mas estão sendo criadas formas para o combate desse crime, através de leis. Também pode ser combatido a partir da conscientização de todos os cidadãos, acredita Lenz César.
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ESPECIAL
Por que há tão poucas mulhe
Elas representam mais da metade da população, mas ocu Camila Mattiollo
Camila Toledo
Icaro Fer
Eder Sato
No dia 2 de outubro, a população brasileira vai às urnas para eleições municipais para eleger vereadores e prefeitos. Atualmente, muito se fala da representatividade feminina na sociedade. Mulheres ocupam cargos antes ocupados exclusivamente por homens. Isso também ocorre no meio político. Dados levantados com exclusividade pelo jornal Marco Zero apontam que, nas últimas eleições de 2012, o estado de São Paulo foi o primeiro colocado em candidaturas femininas, com mais de 23 mil candidatas inscritas, enquanto as inscrições masculinas chegaram a 49 mil. Porém, o maior estado em número de eleitores é
somente o décimo colocado em vereadoras eleitas, com 11%. O Espírito Santo é o menor em quantidade, pois possui apenas 8% de vereadoras eleitas em todo o estado. O Rio Grande do Norte possui a maior concentração feminina na Câmara de Vereadores, com 21% dos eleitos. Dentre os 10 primeiros estados em vereadoras eleitas, há uma predominância das regiões Nordeste (7) e Norte (3). O estado mais próximo que não pertence a essas regiões é o Rio Grande do Sul, com 14% de mulheres eleitas. O Paraná é o quarto colocado em candidaturas. Em 2012, mais de 8 mil mulheres se candidataram para as eleições, porém apenas 441 coseguiram se eleger. Sua representatividade é de 11%.
Maioria, mas com pouco poder O professor e cientista político, Doacir Gonçalves dos Quadros, explica a representatividade e a participação da mulher na política. “As mulheres representam um grupo significativo da sociedade, pois possuem interesses, direitos e demandas sociais que devem ser assistidas pelo Governo. ReFoto: Eder Sato
presentam em torno de 52% do eleitorado total. Elas têm uma forte representação nos movimentos sociais e estão frequentemente se mobilizando nas grandes cidades em prol de seus direitos”, analisa Doacir. “Por exemplo, a força do movimento feminista no Brasil e nos países europeus ao se mobilizarem coloca facilmente a opinião pública contra os governos, fazendo-os atender seus interesses. No âmbito político partidário, várias mulheres estão em ascensão. Hillary Clinton está concorrendo à presidência nos Estados Unidos, no Chile, Michele Bachelet retornou à Presidência do país, no Peru uma mulher quase ganhou as eleições e tivemos recentemente Dilma no Brasil”. O professor complementa dizendo que a mulher não está sendo representada nas casas legislativas. Na Câmara Federal, as mulheres são 9%, no Senado 13%. Essa baixa representatividade também se mostra nas câmaras de vereadores espalhadas pelos municípios brasileiros. Doacir cita dois motivos que repelem a mulher a se candidatar a cargos políticos. O primeiro é que o brasileiro é caracterizado a partir de uma cultura “patriarcal”, em que o homem ocupa as posições mais importantes da sociedade. O segundo é a personalidade de muitas mulheres que, por estarem em um espaço onde não há verdadeira confiança das ações dos eleitos, acabam sendo induzidas a desistirem da vida política.
Mulheres fizeram história na política
Vereadora Carla Pimentel em discurso na Câmara dos Vereadores
Entre os períodos históricos da sociedade, a mulher já figurou em cargos e posições de extrema importância. Professor e historiador com especialização em Arte e Educação, Otacílio Evaristo Monteiro Vaz analisa a mulher em tais re-
Atuais representantes das mulheres, na câmara de vereadores de Curitiba
lações. “Uma das figuras de Dilma Rouseff. grande destaque foi a rainha “Marta Suplicy é um do Egito Cleópatra. grande nome a ser lembra Além de Cleópatra, do. Antes de entrar para a podemos citar a rainha Eli- política ela era pesquisadora zabeth I, herdeira do trono e apresentadora do TV Mude Henrique VIII. Séculos lher, primeiro programa a depois, ainda em solo inglês abordar um conteúdo inteiranasceria Margareth Thatcher mente voltado para o público (também conhecida como feminino nos idos dos anos Dama de Ferro), a mulher 80. Mais recentemente, poque viria a ser primeira mi- demos citar a ex-presidente nistra do Reino Unido, tendo Dilma Rousseff, que conseexercido o cargo de 1979 a guiu chegar ao cargo máxi1990”. mo da nação, o de presidente No final da década da República”. de 20, o Brasil teve sua pri- Marta Suplicy teve meira mulher em um cargo um papel importante na sopolítico de ciedade brasileira. destaque Em 1996, então para a épo- “A questão como deputada ca. Alzira hoje deve ser federal, criou um Soriano projeto de lei invenceu a a humanidade cluído na Conseleição à e a igualdade, tituição. A Lei n. prefeitura 9100/1995, artigo da cidade independente de 11, Inciso 3 diz que de Lajes, qualquer coisa “ ao menos “Vinte interior do por cento, no míDona Lurdes, Rio Gran- Vereadora nimo, das vagas (PSB) de do Norde cada partido ou te, com coligação deverão 60% dos ser preenchidos votos válidos. Otacílio lem- por candidaturas de mulhebra também da representati- res”. Essa lei foi revista e vidade de Marta Suplicy nos atualmente os partidos tem anos 80 e, mais atualmente, por obrigação cederem 30%
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eres na política?
upam poucos cargos políticos Foto: Eder Sato
geralmente muito mais fortes e densas do que as das mulheres. Ainda comenta que acredita que há muita diferença no governo de uma mulher e um homem, pois uma mulher é muito diferente na comunicação, logo a maneira de administrar será diferente. Ela cita Ângela Merkel como uma das mulheres que a inspiraram a entrar para a política, e diz que se sente privilegiada por estar podendo fazer parte desse movimento.
Igualdade antes de tudo
das vagas para mulheres.
saber suas opiniões.
Curitiba tem 38 vereadores; apenas cinco são mulheres
Diferenças começam na campanha
A bancada feminina da Câmara Municipal de Curitiba ocupa apenas 13% das cadeiras. De 38 vereadores, apenas cinco são mulheres. Ao todo, os vereadores eleitos somaram 281.091votos, enquanto as vereadoras eleitas somaram 38.396. Em votos válidos, a diferença é ainda maior: elas obtiveram apenas 4,22% dos votos, enquanto os homens somaram 26,5%. Desde 1947, foram eleitas 20 vereadoras em Curitiba. A primeira foi Maria Olympia Carneiro Mochel. Atualmente, são cinco mulheres na Câmara Municipal: Carla Pimentel (PSC), Dona Lourdes (PSB), Julieta Reis (DEM), Noemia Rocha (PMDB) e Professora Josete (PT). A equipe de reportagem entrevistou as cinco vereadoras, com finalidade de
Carla Pimentel (PSC) está em seu primeiro mandato. É vereadora mais jovem da Câmara Municipal de Curitiba, com 33 anos. Ela diz que desde que assumiu o cargo, diariamente é visto o preconceito pelo fato de ser mulher, e que isso não está somente dentro da Câmara, mas na sociedade. “A Câmara tem os 38 vereadores justamente proporcional à população, e a população é mais que 50% de mulheres, e nós não temos 50% ou um número próximo disso. Vemos uma disparidade, e entendemos que essa mulher precisa também ser representada no poder público.” Quando questionada sobre qual é o principal motivo de se ter poucas mulheres na política, diz ser por faltar de estrutura, pois as campanhas dos homens são
sentatividade feminina na região Nordeste, em particular no Rio Grande do Norte, a vereadora acredita que isso é uma forma de reação ao machismo e coronelismo, que fundaram a história da região. O Paraná tem 11% de mulheres nas câmaras. Ela acha que com toda essa discussão política atual, muitas mulheres estão perdendo o medo e estão saindo de casa para lutar pelo que acreditam. “As mulheres precisam se impor com inteligência, equilíbrio e, principalmente, competência. Só através da competência podemos fazer frente a todas essas questões de gênero”, ela diz a respeito da visão dos homens sobre a presença feminina na política. “Política é convencimento e articulação, qualidades que um líder tem que ter perante seus liderados”.
Dona Lurdes (PSB) é a vereadora com mais idade na Câmara Municipal, com 89 anos, e está em seu terceiro mandato. Questionada sobre a representatividade da mulher, Lurdes diz que o número de mulheres aumentou, pois antigamente as mulheres eram impedidas pelos maridos de se candidatarem. Quando questionada sobre a recepção m a s c u l i n a , “As mulheres Noêmia Roa vereadora cha (PMDB) precisam se impor diz que não está em seu see n c o n t r o u com inteligência, gundo mandaproblemas na to na Câmara representati- equilíbrio e, de Vereadores vidade dela principalmente, de Curitiba. “A na Câmara e sempre foi competência. Só mulher na política tem uma pamuito bem assim podemos pel fundamentratada pelos fazer frente a tal. O homem é companheiros. Completa todas as questões mais razão, pensa no imediato, dizendo que de gênero” a mulher não, “a questão ela pensa no hoje deve ser Vereadora Julieta Reis, planejado. Isso a humanidade (DEM) ajuda com que e a igualdade, independente de qualquer ela tenha decisões pontuais, que ela tenha decisões concoisa”. cretas e que beneficia toda a sociedade”. Ela observa que, apesar de as mulheres serem 52% da população votante no país, não votam em ou Julieta Reis (DEM) tras mulheres. Além disso, está em seu quinto manda- os partidos investem pouco to na Câmara de Vereadores nas mulheres e incluem as de Curitiba. “A participação candidaturas delas nas cotas da mulher na política é fun- mínimas e não dão incentidamental em praticamente vos para elegê-las. Noêmia acredita que 100%. Mas quando as mu- a sociedade tem um pensalheres se expõem e fazem sua candidatura, saem da mento machista, que o hofamília para fazer papel pú- mem desempenha melhor a blico”. Sobre a maior repre- função. Mas isso não é ver-
dade. “A mulher cuida do dinheiro público como cuida das questões domésticas, na economia do lar, na organização, no investimento. Os partidos também precisam ter essa consciência, de não ver a mulher somente para cumprir os 30% da pré-candidatura, mas ver na mulher o potencial de investir nela como pessoa e dando a ela esse espaço na política nacional.” Para ela, os partidos só cumprem a cota de 30% por ser obrigatório. Sobre a recepção masculina, a vereadora diz que é preciso se impor. “Tem que mostrar para o que veio, tem que ocupar espaços, senão eles avançam e você fica para trás. A mulher é muito criativa, é muito determinada e essa determinação a faz avançar”.
Sociedade ainda tem Os partidos pensamento investem pouco machista nelas Professora Josete
“As mulheres precisam se impor”
(PT) está em seu terceiro mandato na Câmara Municipal de Curitiba. Sobre a representatividade da mulher, Josete diz que é necessária uma garantia de igualdade de direitos, principalmente na política, porém a sociedade ainda tem um pensamento machista. Além disso, a cota feminina no partido só é cumprida para garantir a legislação. Complementou dizendo que na maioria das vezes a candidatura de uma mulher só é efetivada, mas os partidos não ajudam na campanha. O Paraná tem 11% de mulheres nas câmaras. Ela acredita que é necessário mudar as leis para maior cota nas vagas, ao invés das chapas. Em relação à recepção dos outros vereadores, há certa recusa por parte dos homens. “A postura de diálogo é diferente de um homem para uma mulher. Os homens são mais ouvidos. Nós mulheres precisamos ser mais impositiva para sermos ouvidas”.
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Quem são as mulheres em busca do poder? Entre os 10 candidatos à Prefeitura de Curitiba, duas são mulheres Costa
Em 2012 e 2014, entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba, estiveram duas mulheres, uma em cada ano. Este ano entre os 10 que concorrerão a este cargo, duas são mulheres: Maria Victoria Borghetti Barros e Xênia Karoline Mello. A única candidata mulher em 2012 era Alzimara Cabreira Fraga, que obteve o menor número de votos, 4.518. O primeiro voto feminino no Brasil foi registrado há 83 anos, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). De lá para cá, as mulheres conquistaram um espaço pouco expressivo no poder público brasileiro. Sendo assim, não é de agora que a “representatividade feminina’’ no âmbito político está em pauta. As mulheres representam 51% da população brasileira e 52% do eleitorado, apontam pesquisas do IBGE e da Procuradoria Especial da Mulher no Senado. Mas no poder público elas representam apenas 9%.O resultado disto é o Brasil ocupar a 158ª posição no ranking mundial de participação feminina no parlamento, entre 188 países pesquisados. Em 1995, entrou em vigor a lei que prevê cotas de 30% das legendas partidárias destinadas às mulheres, com previsão de multa para os partidos que não a cumprirem. Mas, a pesquisa realizada pelo Senado mostra que os partidos brasileiros apresentam dificuldade para preencher a cota mínima. A Procuradoria Especial da Mulher foi criada no Senado Federal em 2013, também com a intenção de melhorias políticas voltadas para o gênero feminino. Amenizar a desigualdade, incentivar a participação feminina e fiscalizar os direitos das mulheres são outros pontos que fazem parte do trabalho desenvolvido pela Procuradoria. Questões como a dupla jornada, maternidade e até desinteresse, pesam para que as mulheres não estejam tão envolvidas com a política. Por outro lado, quando possível conciliar, a voz feminina no parlamento é muito benéfica. Homens e mulheres têm suas diferenças, e estarem unidos para governar traz equilíbrio necessário. Politicamente, a voz feminina, além de tratar de interesses diversos, também pode tratar com maior habilidade de questões voltadas às mulheres e melhor representar o eleitorado feminino. Além das questões acima cita-
Letícia Costa
Letícia
das, outro ponto crucial que acaba por barrar a entrada de mais mulheres na política é a falta de apoio dos partidos. Pesquisa de Equidade de Gênero, divulgada este ano pelo Senado, revelou que este é o principal motivo que leva as mulheres a não se candidatarem a um cargo político.
Você sabe qual o trabalho do prefeito de uma cidade ? O prefeito é o responsável por administrar o poder executivo municipal .Ele é a principal autoridade política da cidade. Entre seus deveres estão a realização de obras e a prestação de serviços públicos como saúde, alimentação, transporte, abastecimento de água, e limpeza das ruas. Decidir onde serão aplicados o recursos vindos dos impostos, fiscalizar as leis aprovadas pelos vereadores, assim como prestar contas do trabalho dele à Câmara dos Vereadores e aos cidadãos. Deve realizar programas que beneficiem a comunidade, e decidir quais obras serão executadas e programas implantados, como também proporcionar condições de cultura e lazer. Já o eleitor pode exigir seus direitos diretamente aos órgãos da prefeitura, como secretarias, ouvidorias, entidades de fiscalização ou do próprio prefeito . Cada município tem independência política, não dependendo do Governo Federal e Estadual. O dinheiro que chega à prefeitura vem dos impostos e taxas cobrados do próprio município. Além dos repasses obrigatórios feitos pela União e pelo estado, dinheiro dos impostos estaduais e federais. Ou seja, o trabalho realizado pelo prefeito é administrar o dinheiro público, aquele que pertence a todo o povo. Sendo assim, a melhor prova do trabalho do prefeito são as melhorias que ele produz na cidade. A primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina foi Luíza Alzira Soriano Teixeira, em 1º de janeiro de 1929. Com 60% dos votos venceu pelo Partido Republicano, e aos 32 anos de idade ela se tornou prefeita da cidade da Lajes no interior do Rio de Janeiro. Naquela época as mulheres ainda não tinham direito ao voto, mas com o auxílio de uma das mulheres pioneiras do feminismo no Brasil, a advogada Bertha Lutz, Alzira, se tornou prefeita. No entanto, logo perdeu seu mandato que durou apenas sete meses, até a revolução de 1930.
Galeria de fotos na Assembléia das 18 mulheres que já passaram pelo poder Legislativo Estadual
Representatividade feminina é muito baixa na Assembléia Legislativa do Paraná No Paraná, dos 54 deputados que atuam na Assembleia Legislativa apenas quatro são mulheres. A representação do Estado no Senado é um pouco melhor, já que dentre os três senadores uma é mulher. O movimento feminista, que defende a igualdade entre os gêneros e luta pela liberdade dos padrões de opressão impostos durante tantos anos às mulheres, tem ganhado força nos últimos anos. Contudo, ainda está em construção e divide opiniões mesmo entre as mulheres. Não há como negar que ainda existe falta de representatividade feminina na política, e muitas feministas têm se posicionado para alcançar a igualdade. Mas aliás, os homens e mulheres devem realmente ser tratados da mesma forma? Ao questionar esses pontos às deputadas que atuam na Assembleia Legislativa do Paraná, três das quatro entrevistadas afirmaram que as mulheres são diferentes dos homens e, por isso, não devem ser tratadas da mesma forma que eles, na medida em que têm características diferentes, como, por exemplo, o fato de gestar e amamentar um bebê. Porém, também deve-se mencionar a falta de interesse de algumas mulheres pelo universo da política. “A falta do envolvimento feminino na política acaba sendo o motivo do número muito baixo de mulheres”, explica deputada Claudia Pereira.
Maior dificuldade na aquisição de doações Outro ponto levantado pelas deputadas foi a respeito da maior dificuldade na aquisição de doação para campanha política em relação às enfrentadas pelos homens. Das quatro deputadas entrevistadas, três disseram que é mais difícil para que as mulheres arrecadem doações. ‘’Talvez a mulher não tenha tanta habilidade para correr atrás desses recursos e seja um pouco mais cautelosa. Cabe dizer que ainda há disriminação e também menos investimento para a mulher’’, diz a deputada Mara Lima. Para Claudia Pereira, apesar de as mulheres que estão no exercício do poder obviamente precisarem representar o eleitorado feminino, precisam também representar outros eleitorados com interesses diversificados. Este é o ponto com o qual a mulher na política precisa lidar, envolvendo os homens em seus projetos - até porque atualmente eles são maioria. Já para a deputada Cristina Silvestre, o preconceito contra as mulher ocorrem também dentro da Assembléia Legislativa do Paraná. “A gente ainda sentte que é um pouco deixada de lado nas conversações de questões importantes.’’ Apesar disto, ela prossegue otimista: “Eu acredito que a geração que está vindo hoje tem uma outra visão. Tanto do sexo masculino, quanto do feminino’’. Para Cristina Silvestre, o preconceito diminuirá significatimente dentro de mais ou menos 20 anos. Pela baixa representatividade feminina na política, o sistema de cotas no Brasil foi instituído em 1995, com o projeto de lei apresentado pela deputada Marta Suplicy, na época integrante da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT). A proposta exigia que, no mínimo, 30% das vagas para candidatos deveriam ser preenchidos por mulheres. Apesar das cotas dividirem opiniões, somente agora é que as mulheres vêm aparecendo politicamente e, ainda assim, timidamente. Os defensores alegam a questão histórica enquanto os contrários às cotas dizem que o político deve ser eleito pela maioria dos votos, independe se é mulher ou homem, negro ou
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COMPORTAMENTO
Idosos aderem à praticidade da tecnologia Aplicativos de celular estão cada vez mais frequentes em suas rotinas Laura
O número de idosos no Brasil conectados à web cresceu 940% nos últimos oito anos, conforme pesquisa encomendada pelo jornal O Globo à agência especializada em comércio eletrônico Ebit. Em parceria com o Instituto Locomotiva, quantificou em 5,2 milhões os idosos conectados. A quantidade de pessoas que utilizam a internet entre 60 e 64 anos é a maior, com 51%; outros 27% estão entre 65 a 69 anos; 22% têm 70 anos ou mais. De acordo com os dados levantados, seis entre dez idosos que têm acesso à internet moram na região Sudeste. E 92% utilizam a rede por computador, 44% pelo smartphone,17% pelo tablet e 4% pela televisão. As porcentagens foram adquiridas por intermédio de questão com múltipla escolha.
Aplicativos úteis Segundo o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, essa faixa etária utiliza a internet para fazer compras, além de continuar com sua rede de contatos. “Muitos utilizam a internet para reencontrar amigos de infância e, no caso dos viúvos, arranjam namorados e encontram companheiros para essa fase da vida”, disse Meirelles ao Estadão. As empresas têm notado isso com base em aplicativos criados para facilitar sua rotina, entre eles o “Caixa de Remédios”, que permite ao idoso possuir informações e lembretes de horários dos remédios do dia através de notificações
no aparelho, muito útil para pessoas que usam vários medicamentos. E o aplicativo CPqD Alcance, pensado para ajudar deficientes visuais iniciantes, pode também ser útil para pessoas idosas ou aquelas com baixo letramento. Isso porque ajuda na leitura de mensagens, ligações ou até mesmo ouvir o status da bateria, considerando que nem sempre os mais velhos têm destreza para procurar o nome de uma pessoa em uma lista gigante de contatos. O mais interessante é que essas pessoas não precisam mais ser dependentes de demais membros da família ou amigos.
Maria Laura
Maria
Especialista Mestre em Comunicação e Linguagens pela UTP (Universidade Tuiuti do Paraná) na linha de “Estudos do Cinema” e professor no Centro Universitário Uninter, Jheison Nunes Holthausen lembra que os desafios não são recentes. Ele salienta que na década de 1990, já com a inauguração dos terminais de autoatendimento dos bancos e instituições financeiras, as pessoas precisaram de um determinado tempo para se adaptar e, especialmente os idosos, tinham um certo receio de não ter ninguém para auxiliá-los nas telas, cheias de informações desconhecidas para eles. “Hoje em dia as instituições financeiras estão investindo em biometria e em um banco móvel/digital, ubíquo e disponível via aplicativo em smartphones: trata-se de uma questão de tempo para que a maioria utilize estes serviços”, opina Holthausen. Rosicler Santos, de 60 anos, aposentada, usa o aplicativo
Rosícler em um momento descontraído usando seu tablet. Ela mostra que é conectada e está em constante busca pelas novidades.
Maria Laura
Itaú Personnalité em seu celular para pagar contas, fazer transferências e se informar sobre a conta no banco. Mas isso não é algo novo para ela, que teve seu primeiro aparelho em 1997. “Aprendi sozinha a mexer, era um motorola, daqueles tijolos”. Todavia, ela destaca que, apesar de já ter tido vários aparelhos de marcas distintas, cada uma tem sua característica, e isso influencia no processo de familiarização. Esse processo depende também do usuário. “Só acontece na continuidade do uso diário”, conta. Ela cita os programas que mais usa, como Messenger para receber e enviar mensagens, o Whataspp, que em seu ponto de vista “revolucionou devido à rapidez na comunicação”. Aponta que ele possibilita uma maior sincronização entre as pessoas, com a troca de fotos, vídeos, sites, contatos e mensagens que chegam instantaneamente. Os programas de mensagem instantânea são amplamente utilizados pela população. “O Brasil é um dos cinco maiores mercados de linhas móveis habilitadas do mundo: são mais de 280 milhões, superior ao número de habitantes”, enfatiza Jheison .
Um senhor moderno
Odila , àvontade em sua casa, usa muito o celular para o trabalho e diz ser dependente dessa tecnologia.
Os usuários têm alguma dificuldade no começo, mas logo começaram a trocar informações com outras pessoas, sejam colegas, filhos ou parentes. Como
comprova Abdulah Al Fayed de 73 anos, aposentado e divorciado, sem filhos, ao dizer como foi seus primeiros contatos com a tecnologia. Aprender a usar o smartphone parece não ter sido um impecilho para ele. “Aprendi em partes sozinho, um pouco perguntando pras moças nas lojas aonde eu comprava os aparelhos, e também com a ajuda do meu sobrinho”, enfatiza. Sobre aplicativos em seus celulares, usa mais o Whatsapp como forma de comunicação com a família, outros para jogos e o Tinder para conheecer pessoas novas.
Atualidades O professor Jheison também comenta que hoje “muita publicidade digital é dirigida especificamente para o público da terceira idade”, como na internet e na digitalização de prestação de serviços. Entre alguns aplicativos que se pode encontrar está de remédios, do mercado mobiliário, seguros, planos de saúde e agências de turismo. “Vê-se o uso de smartphones ou sensores para alertar sobre medicação, monitores e sensores de glicose para portadores de diabetes: estão se popularizando muitos dispositivos que monitoram ou controlam nossos sinais vitais”. Ainda a respeito da segurança, enfatiza que existem etiquetas eletrônicas em todas a cadeias do varejo. “Então é uma questão de tempo para que os planos de saúde (públicos ou privados) se utilizem destas
tecnologias vestíveis, como um relógio”, comenta Jheison Holthausen.
Quase um filme José Roberto Camargo, de 65 anos, engenheiro civil aposentado, conta que em 1990 teve seu aparelho logo que saiu o primeiro celular, um Motorola que só permitia fazer ligações. Na época estava fazendo MBA em Standford e teve acesso privilegiado à tecnologia. Os aplicativos que mais usa nos dias atuais são Whatassp e GPS para o trabalho. “Não tive dificuldade, pois já usava o computador em 1970, que era moderno para aquele tempo, além de ser útil para cálculos de estrutura de pontes e prédios”. Lembra que tudo à nossa volta tem tecnologia e que quanto mais cedo se tem contato com ela a adaptação ocorre mais fácil.
No trabalho Odila Maria Dalagnol, de 66 anos, aposentada, teve ajuda da filha, colegas de trabalho e irmãs. Para aprender mais sobre essas ferramentas, como fotos ou apenas teclas, perguntava para todos em seu convívio. Usa muito o Whatsapp para trabalho e conversar com a família, o Facebook e Messenger para se comunicar com ambos também, e por último o aplicativo “Ônibus Curitiba” para consultar horário de ônibus das linhas que precisa.
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ESPORTE
Dança praticada como atividade física Brasileiros estão utilizando a dança nas academias de ginástica para cuidar da saúde, promover o bem-estar e até mesmo no auxílio de doenças Fernanda Bueno
Fernanda Bueno
Dançar para manifestar arte. Dançar para se divertir. Dançar para uma cerimônia. Dançar para cuidar da saúde. Isso mesmo, dançar com o objetivo de levar uma vida saudável. Academias, que antes tinham como modalidade somente a musculação, pilates e lutas, começaram a perceber que algumas pessoas precisavam de atividades mais divertidas para se exercitar. A partir dessa análise, surgiram novas modalidades. Uma delas, muito bem recebida pelo público, é a dança. A dança vem sendo praticada por muitas pessoas como uma atividade física para emagrecer, estimular o condicionamento aeróbico, melhorar a coordenação motora, promover equilíbrio, flexibilidade e elevar a qualidade de vida para proporcionar melhora na saúde física e até mental. Além disso, a prática contínua da dança também pode auxiliar no tratamento de doenças como diabetes, síndrome do pânico, transtorno bipolar e depressão. Há pessoas que não praticam a dança por falta de tempo. Uma pesquisa feita em 2013 pelo Ministério do Esporte revelou que em média 69,8% dos brasileiros afirmam ser a falta de tempo a principal causa por não praticar alguma atividade física ou
cido. “No começo me sentia totalmente perdida, mas agora já sei vários passos. Estou gostando muito” afirma. A administradora enfatiza que está satisfeita com os benefícios que a dança vem lhe proporcionando.
Acompanhamento médico
Professor Neno Kebradera em aula de dança da modalidade Move Dance.
esporte. Esse percentual resulta em 67 milhões de habitantes sedentários no país. A pesquisa ainda apontou que a dança está entre as dez atividades físicas mais praticadas (4,7% dos brasileiros), ganhando mais praticantes do que o futebol (2,7%). A população está em busca de maneiras divertidas e diferentes de elevar a qualidade de vida e promover o bem-estar. Lucas Lourenço, professor de dança da modalidade Ritmos do Brasil, relata que aumentou o número de alunos depois que as modalidades de dança foram
A procura pelas aulas de dança é justamente pela proposta dos alunos a irem para academia espairecer, relaxar e rir. Lucas Lourenço, professor de dança. inseridas na academia. Ele ainda afirma que alunos com problemas cardíacos e pressão alta são acompanhados, tendo os cuidados necessários para a prática da dança. O professor relata que há diferença na disposição dos alunos da dança para os alunos
Move Dance vem conquistando as academias Outra modalidade de dança que conquistou o brasileiro nas academias de ginástica foi a Move Dance. Os ritmos e músicas que tocam durante a aula são brasileiros, além de ser uma modalidade 100% paranaense. Os movimentos das coreografias são simplificados e repetidos para promover uma atividade de baixo impacto, mas que pode resultar em uma queima de até 700 calorias por hora/aula. Luiz Ricardo, mais conhecido como Neno Kebradera, professor, dançarino e coreógrafo do grupo Kebradera, conta como surgiu a ideia de criar a Move Dance. Ele, juntamente com outros professores de dança da cidade, desenvolveram a modalidade, que começou com um projeto de verão nas praias do Paraná. “Os turistas da praia dançam e se divertem de uma maneira simples. Mas quando acabava o verão e a gente voltava para Curitiba, continuar nosso trabalho nas academias, esses veranistas procuravam a gente” relata Neno. Os veranistas não se adaptaram com as modalidades mais técnicas. A partir disso, o grupo fez estudos psicomotores e criaram um padrão de aula que foi se expandindo por academias de todo o país. Mas a Move Dance não conquistou somente os brasileiros. Com menos de dois anos, Argentina, Portugal e Japão também já adotaram a dança como prática nas academias. O dançarino ainda conta que a dança, além de ser muito divertida, traz trabalho aos professores da modalidade. Com o crescimento da Move Dance, muitos professores tiram sua renda mensal somente dela. “É uma satisfação muito grande ver algo que nós paranaenses criamos crescer tão rápido” afirma.
de musculação. Isso acontece porque as aulas de dança tem, quase sempre, coreografias novas, já as aulas de musculação são monótonas. “A procura pelas aulas de dança é justamente pela proposta dos alunos a irem para academia espairecer, relaxar e rir. Buscando de uma forma mais alegre a qualidade de vida” afirma. Com esse mesmo objetivo de melhorar a autoestima e também emagrecer, a administradora Simone Gravina, 29 anos, recentemente decidiu praticar a dança. Ouviu falar da zumba pela internet e logo foi procurar uma academia em Curitiba que tivesse a modalidade. “Nunca pratiquei e vi como um desafio também, já que não sou das que tem melhor coordenação motora (risos)”, conta Simone. Ela decidiu superar as dificuldades e, durante essas semanas, aponta que os resultados já são aparentes. Além de estar sentindo-se melhor, relata que tem emagre-
Praticar a dança como atividade física, muitas vezes, pode não significar vida saudável e divertida, dependendo dos cuidados de cada indivíduo. A busca por praticá-la nem sempre é em academias, ginásios ou escolas. Em alguns casos, as pessoas preferem locais públicos e, muitas vezes, não procuram auxílio de um profissional habilitado na área. Quando não há acompanhamento de um especialista, o indivíduo pode ter como resultado algumas consequências, entre elas fadiga, lesão, dores de coluna, distensão, rompimento muscular e vários outros problemas. A atividade física esporádica, aquela que não é frequente, é a que mais traz consequências. Daniel Carvalho, especialista em ortopedia e traumatologia, aponta que há vários tipos de dança e também as exigências do condicionamento. Para desenvolver qualquer modalidade é fundamental preparo muscular, fortalecimento e alongamento. Independentemente se o exercício é com ou sem impacto, a preparação de base é crucial. Em academias, o exame médico é obrigatório, mas há pessoas que começam a praticar a dança em casa ou locais públicos e, segundo os dados da pesquisa feita pelo Ministério do Esporte, a maioria dos brasileiros não conta com acompanhamento médico. O número é maior no Sul, com 82,9% de praticantes da atividade que não têwm auxílio de um profissional. “Sempre o acompanhamento periódico de um especialista é importante, não só antes de iniciar a prática, mas sempre que possível” afirma o médico. Ele enfatiza que é importante a orientação de um professor da área da educação física ou um professor de dança habilitado.
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O mural ‘iluminado’ no centro de Curitiba Roberto Oliveira
@TÁ NA WEB Jorge Princival
Nintendo 2 em 1
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“Só trabalho sem diversão faz do Jack um bobão!” Quem já circulou pelas ruas do centro de Curitiba, certamente já viu na Rua XV de Novembro, próximo ao Teatro Guaíra, um enorme mural onde se lê, em letras garrafais, a frase acima citada, acompanhada da pintura de um jovem Jack Nicholson com a sua tradicionalíssima expressão de psicótico sorridente e, ao fundo, a reprodução das linhas e cores, com predominância pelo vermelho sangue, que compõem aquele tenebroso tapete sobre o qual um certo menino de oito anos passeava com seu triciclo nos corredores do Overlook Hotel. Trata-se, claro, de uma bela intervenção urbana que homenageia um dos filmes de terror psicológico mais lembrados pelo público: O Iluminado, clássico de Stanley Kubrick. Qualificar como clássico um filme deste cultuadíssimo cineasta pode até parecer redundante, já que quase todos os 13 longas-metragens que ele dirigiu recebem essa alcunha. Talvez seja mais condizente dizer que, entre os clássicos de Kubrick, este é um dos mais célebres. Lançado em 1980, e baseado em livro do Mestre do Terror Stephen King, O Iluminado traz Nicholson, então com 43 anos, no auge de sua fenomenal carreira, repleta de pontos altos (quatro anos antes, ele tinha ganho o Oscar de Melhor Ator por Um Estranho No Ninho). Seu personagem no longa também se chama Jack, é o Jack Torrance, escritor que aceita ser o zelador de um enorme hotel, o Overlook,
durante todo o rigoroso inverno, período em que a neve toma conta da região, tornando-a quase intransitável. Jack, então, se muda para lá, acompanhado de sua esposa Wendy (Shelley Duvall) e o filho do casal, vivido por Danny Lloyd, que também se chama Danny na história, e que é o ‘iluminado’ ao qual o título se refere. Além de ‘ver gente morta’ (você já ouviu isso em outro filme!), o menino também visualiza o que já aconteceu e o que pode acontecer. Jack quer aproveitar as horas vagas, que serão muitas, para terminar seu mais novo romance. As supostas alucinações causadas pelo isolamento definirão o nível de perturbação mental pelo qual Jack passará, até culminar em sua total perca de sanidade. Quando a famosa frase, que citei lá no começo, surge no filme, em um dos seus muitos momentos de tensão, o contexto em que se apresenta é mesmo de arrepiar! A importância deste longa para a cultura pop é tamanha que foi realizado um curiosíssimo documentário sobre ele, Room 237, lançado em 2012, no qual o diretor Rodney Ascher vai esmiuçando cada detalhe da realização deste terror kubrickiano, além de especular sobre as supostas ‘mensagens subliminares’ e dicas sobre ‘teorias da conspiração’ que o cineasta teria deixado em inúmeras cenas. Mais de três décadas já se passaram após o lançamento desta obra-prima, que permanece iluminada. Constantemente lembrado por cinéfilos do mundo inteiro, este filme está sempre em evidência, ganhando exibições especiais nos cinemas, citações em outras mídias, e até belíssimas intervenções urbanas, como a que temos em Curitiba!
Depois de muito mistério e muitos rumores, a empresa nipônica finalmente revelou o Nintendo Switch, novo console que terá um conceito totalmente diferente dos consoles anteriores: será de mesa e portátil ao mesmo tempo. O trailer que apresenta toda a ideia por trás do console pode ser encontrado no Youtube pelo endereço “http://migre.me/ vkRYc”, lembrando que o console está com data de lançamento marcada para março de 2017.
Filme e música da sua época Já parou pra pensar qual filme estava em primeiro lugar nas bilheterias no dia em que você nasceu? Agora você tem como descobrir, acessando o site http://playback.fm/ e colocando a sua data de nascimento. O site também mostra a música que estava em primeiro lugar no dia do seu nascimento.
Medroso, porém curioso Você tem medo de ver filmes de terror, mas morre de curiosidade para saber o que acontece em certas películas desse gênero? O canal do Youtube “Getro: Horror & Trash” faz revisões detalhadas de filmes que ninguém tem coragem de assistir, e tudo com muito cuidado de não dar spoiler ou mostrar cenas fortes. A apresentação de Getro Guimarães é icônica e te prende do início ao fim. O canal pode ser acessado pelo link “http://migre.me/vkRWD”.
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ENSAIO FOTOGRÁFICO
Estilo e empoderamento Letícia Costa
Ultimamente, debates sobre a estética e empoderamento negro cresceram muito no Brasil. Há quem diga que na Região Sul do país pouco se vê pessoas pretas ou pardas. Mas bastou algumas horas pelo centro de Curitiba para se deparar com negros e negras, cada um a seu estilo, à sua maneira.