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Mulheres trans driblam preconceito para entrar no mercado de trabalho

Empregabilidade de pessoas trans cresceu 8% em 2022 em relação ao ano anterior. Ainda

No Brasil, país que mais mata mulheres trans no mundo, a expectativa de vida dessas mulheres é de apenas 35 anos – menos da metade da expectativa para a população geral brasileira, que está em 77 anos.

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O número escancara a mortal exclusão social das mulheres trans, que estão na linha de frente das inúmeras violências vivenciadas pelo segmento social LGBTQIAPN+.

Dados divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e Rede Trans Brasil revelam que em 2021 foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans, sendo 135 deles de mulheres. Os dados assustam e podem ser ainda piores, já que nem todos os casos são realmente notificados.

A violência e a exclusão aparecem em vários momentos da vivência dessas mulheres. As dificuldades de acesso à educação e para a colocação no mercado de trabalho são algumas das marcas da marginalização de pessoas trans. De acordo com dados do dossiê da Rede Trans, em 2021, apenas 4% da população trans feminina se encontrava em empregos formais.

Ter carteira assinada é um sonho distante para Emanuelle, 25 anos, de Grajaú – Maranhão, que sempre foi preterida nas entrevistas de emprego para as quais se candidatou. “Eles sempre diziam que meu currículo estava bom, mas davam prioridade para outra pessoa que estava em busca da vaga. Falavam que iriam me ligar, mas nunca me retornavam”, relata. seguinte, Emanuelle foi demitida, com a justificativa de queda no movimento. No entanto, os relatos apontam para outra razão. “Ela [dona do restaurante] relatou que, se soubesse que eu era homem, eu não tinha nem pisado os pés no estabelecimento dela que ela tinha nojo desse tipo de gente”. efetiva do INSS no município de Formiga-MG. “Eu me considero uma mulher trans privilegiada, no sentido da posição social e econômica que ocupo”.

Desde os 12 anos ela trabalha com faxinas e, há aproximadamente um ano, está na recepção e na limpeza de um hotel no município onde reside. Mas, os perigos da marginalização sempre rondaram à porta, com um medo constante de ficar sem trabalho e precisar ir às ruas se prostituir para conseguir o sustento.

Emanuelle conseguiu um print da conversa por aplicativo de celular onde o caso aconteceu. Esse registro poderia ajudar a entrar com uma ação por transfobia contra a ex-patroa, no entanto, ela preferiu não fazer a denúncia. “Eu não quis levar o caso adiante. Fiquei envergonhada e chateada com esse episódio”, aponta, recordando que isso ainda é muito recorrente no Brasil.

Para ela, a violência contra as mulheres trans é algo estrutural, que acompanha boa parte da vida dessas meninas e mulheres. Geralmente, os problemas vêm desde o começo do processo de transição, que muitas vezes começa na adolescência. O preconceito, a falta de apoio familiar e a evasão escolar têm impacto a longo prazo.

A falta de escolaridade impede um bom ganho salarial, o que resulta na falta de recursos para custear o próprio tratamento hormonal, sendo assim muitas

Essa é uma realidade para pessoas transgêneras. A maioria não consegue concluir nem sequer o Ensino Médio e acaba se evadindo para trabalhar na rua, fazendo programa. Nessa situação de exposição constante, ficam ainda mais próximas de entrar para estatística de assassinatos com requintes de crueldade.

O receio é reforçado pelas várias situações de preconceito e violência que vivem diariamente. Emanuelle recorda uma situação vivenciada em um restaurante, no qual foi trabalhar em busca de um salário melhor. Com menos de um mês no novo emprego, ela encontrou uma antiga conhecida no trabalho. “Essa conhecida comentou que eu era uma mulher trans, e a dona do restaurante não sabia”, recorda. Já no dia

Tamanha violência tem impacto também na saúde mental. Ainda de acordo com o levantamento da Rede Trans, existe um alto índice de suicídio devido ao preconceito social, à falta de expectativa de vida dessa população, à disforia de gênero até mesmo exclusão familiar.

Caminhos de resistência

Existir em uma sociedade que violenta corpos trans é por si só um símbolo de resistência. “A gente sabe que a realidade do mundo do trabalho que perpassa as meninas trans é de vulnerabilidade social e marginalização”, aponta Danielle Basílio, 29 anos. Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Danielle é assistente social

A assistente social Danielle considera-se privilegiada pela sua posição profissional e social recorrem ao mundo da prostituição. “A gente sabe que o SUS garante a transição de gênero por meio da portaria que regulamenta o processo transexualizador, entretanto é um processo demorado e a forma como está organizado se concentra mais nos grandes centros urbanos”.

Os problemas no acesso à educação são exemplificados na trajetória de Nayla Maciel, 30 anos, de Serra Nova Dourada, no Mato Grosso. “Eu sempre quis ser advogada, mas sofri muito preconceito no ensino fundamental, então minha família tinha medo de me mandar para uma cidade grande para estudar e eu sofrer preconceito por ser uma mulher trans, eles queriam sempre me manter por perto”, recorda. “Guardei muita coisa para mim. Quase desisti de concluir o ensino médio, mas um dia, meu tio me deu conselho ao me ver chorando: pediu pra eu ser forte e aguentar mais um pouco”.

As perspectivas de conseguir um emprego eram baixas, mas conseguiu a primeira oportunidade como caixa de supermercado ao visitar o tio em outra cidade. Nayla considera que teve sorte, já que graças ao pouco de conhecimento de informática que possuía, conseguiu se destacar. Mais tarde, surgiu a oportunidade de ingressar no ensino superior. Cursou Ciências Contábeis e duas licenciaturas: Matemática e Pedagogia. Hoje ela é professora das séries iniciais do ensino fundamental e afirma que a formação foi o diferencial na sua trajetória. “Ser formada facilita as coisas para você, mas o preconceito nem sobre o que era ser gay”, recorda. fez com que os empregadores não a identificassem como uma mulher trans e possivelmente esbarrasse no preconceito social.

O caso de Isabella, 21 anos, moradora de Rondonópolis, no Mato Grosso, exemplifica as dificuldades vivenciadas. No início da produção da reportagem, ela trabalhava na portaria de um edifício. Desde o processo de contratação, ela afirma que os empregadores viram no seu documento que o nome não era retificado. “Não me perguntaram nada sobre o meu pronome de tratamento, porém falei que gostaria de ser tratada como Isabela!”, declara.

Embora tenha conseguido se estabelecer, constatar o alcance do preconceito no seu país natal é algo que a entristece. “Muitas fogem para cá para tentar viver melhor e em paz. No Brasil, não sei quando vai melhorar isso, e se vai melhorar um dia”, lamenta.

Contra o preconceito

As dificuldades de inserção no mercado de trabalho estão entre os desafios recorrentes para as mulheres trans. É o que apontam algumas integrantes do grupo sempre vai ter, [sempre vai ter] um olhar torto”, afirma. No entanto, mesmo para as que conseguem vencer as barreiras e garantir a formação e a colocação no mercado de trabalho, os desafios não encerram por aí. “Quase não vejo uma mulher trans ocupando um cargo de importância numa grande empresa ou órgão público, ainda vemos a mulher trans tratada como prostituta, até mesmo nas redes sociais”, aponta Ana Paula Soares, 34 anos, natural de são Felix do Araguaia-MT, mas que hoje em dia reside em Goiânia. “A maioria dos empregadores não entende que a gente se porta como uma mulher convencional, acredito que ainda é bem notório o preconceito”, declara Ana Paula.

“Transformar” – comunidade online no whatsapp formado por 43 mulheres trans que buscam compartilhar vivências e informações sobre a causa. Para elas, o que falta é um olhar de humanidade e de acolhimento nos diversos segmentos sociais. O mercado de trabalho, no tocante ao preconceito, ainda é um desafio muito grande para a maioria. Existe uma grande barreira a ser vencida. Afinal, em uma sociedade tão preconceituosa, a dificuldade não é apenas de chegar ao posto de trabalho, mas também de permanecer. É um desafio diário lidar com a estigmatização e o preconceito, não só dos empregadores, mas também do público que é atendido pelas profissionais.

No entanto, no decorrer da produção da matéria, Isabela nos procurou para informar que teve problemas com uma moradora do condomínio onde trabalhava e foi demitida. Ela aponta que o motivo foi simplesmente o fato de ela ser uma mulher trans. Uma moradora a chamou de esquisita e com isso houve um problema, pois Isabela exigiu respeito. O caso chegou até a administração que decidiu a demitir.

Diante das dificuldades e do preconceito, muitas vezes elas buscam oportunidades em outro país. É o caso de Maria Eduarda, 26 anos, que é enfermeira e há um ano reside em Portugal, onde trabalha em um lar de idosos como Auxiliar de Geriatria. “Eu vejo que nós aqui na Europa não somos discriminadas como no Brasil. Apesar de existir preconceito é outro nível, é outro mundo!”, avalia.

Ela afirma que não teve dificuldade para trabalhar, por causa de sua passibilidade*, que

*Termoorigináriodoinglêspassinge significaapossibilidadedeumapessoa selidasocialmentecomopertencenteao umgrupoindenitário

Iniciativa pela empregabilidade trans

Para ela, o caminho escolhido para driblar as barreiras do preconceito foi ter seu próprio negócio. Cabeleireira, hoje ela tem o seu salão de beleza, mas afirma que o caminho para se tornar microempreendedora não foi fácil. “Venho de uma cidade muito pequena onde as pessoas na época não tinham o mínimo conhecimento

Algumas iniciativas buscam mudar essas histórias. Como o projeto Transempregos que surgiu em 2013 com intuito de reunir currículos de pessoas trans e inseri-las no mercado formal de trabalho. Suas idealizadoras são Márcia Rocha, advogada, empresária e primeira travesti a usar o nome social na OAB, e Maite Schneider mulher trans palestrante e Militante de Direitos Humanos de pessoas transgêneras desde 1990. De acordo com dados do projeto, em 2022 houve um aumento de 8% na empregabilidade de pessoas trans em relação ao ano de 2021. Foram 4.002 oportunidades e aproximadamente 23 mil currículos cadastrados.

Para acompanhar o projeto Transempregos, aponte o celular para o QR code ao lado, ou busque no seu Instagram: instagram.com/transempregos/

O Brasil vive uma situação caótica no que se refere ao meio ambiente. O país é o quinto pior do mundo em reciclagem e o nono em emissão de gases de efeito estufa. Com isso, o Brasil está apenas na 81ª posição no ranking de proteção dos ecossistemas, de acordo com os dados de pesquisa realizada pela Universidade de Colúmbia e Yale, no segundo semestre de 2022.

A questão ambiental ganha destaque também no debate do contexto político brasileiro. O governo Bolsonaro chegou a ser denunciado por ONGs brasileiras junto à ONU em novembro do ano passado, por destruição do meio ambiente e violações a direitos humanos, o que chama a atenção de outros países para a situação brasileira. Diante desse contexto, ganha força a preocupação em saber como serão conduzidas as questões ambientais no novo governo Lula.

O novo presidente chegou ao poder com um discurso em favor do meio ambiente. Na cerimônia de posse no Congresso Nacional, no dia 1º de janeiro, declarou seu compromisso com a política do desmatamento zero. Além disso, em janeiro deste ano, Lula afirmou que é possível criar uma economia verde no país, sem poluição na Amazônia e com olhos para questões climáticas, durante conversa com o Chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. A economia verde trata-se de um modelo que tem como principal objetivo reduzir os riscos ambientas, visando assim ao desenvolvimento sustentável sem a degradação do meio ambiente.

A atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, adota postura semelhante. Em sua participação no Fórum de Davas, realizado na Suíça em janeiro deste ano, com objetivo de melhorar a situação do mundo através de ações tomadas e executadas por líderes mundiais, ela defendeu a sustentabilidade, declarando que a mesma não é só econômica, ambiental e social, é também

Meio ambiente pede socorro

Combate à crise ambiental é desafio para novo governo política. Reduzir o desmatamento também foi uma das principais pautas presentes durante sua fala nesse fórum: “Vamos liderar pelo exemplo. Nós podemos falar muitas coisas legais, mas se a gente não reduzir o desmatamento, a gente apenas falou”, declarou a Ministra. Os primeiros meses do governo foram marcadoa por outra crise, que é a situação do povo Yanomãmi, o qual enfrenta as consequências da prática ilegal do garimpo em suas terras. Sobre o tema, Marina Silva disse em pronunciamento que a situação em que esses povos indígenas se encontram em Roraima é uma “atrocidade inominável” e reforça dizendo que “é um processo complexo e difícil, mas que todas as providências estão sendo tomadas.” Por outro lado, apesar do discurso por parte do governo, os dados atuais divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram um novo recorde no desmatamento da Amazônia ainda no mês de Janeiro,

Terra Brasilis

O INPE desenvolveu uma plataforma web para consulta e análise de dados geográficos gerados a partir do projeto de monitoramente da vegetação nativa do instituto, disponível em http://terrabrasilis. dpi.inpe.br/. A plataforma oferece mapas interativos e gráficos que permitem acompanhar os alertas em diferentes tipos de vegetação, além dos dados de monitoramento histórico. O mapa ao lado mostra alertas de desmatamento na Amazônia Legal e no Cerrado.

quando cerca de 208,75km² de floresta foram desmatados. Ainda não se sabe ao certo se as áreas apresentadas fazem partes de novos desmatamentos ou se são áreas já desmatadas que ficaram encobertas pelas nuvens, como explica Márcio Astrini, secretário-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Além disso, os dados do desmatamento coletados pela Deter/Inpe são consolidados a cada três meses, então somente após esse período será possível ter melhor percepção quanto à tendências para o desmatamento. De toda forma, é possível vislumbrar que a questão ambiental será um desafio para o atual governo.

Ações sustentáveis

O desmatamento impacta de forma intensa a sustentabilidade, gerando perda de biodiversidade, perda de retenção de carbono no solo, mudança no regime das chuvas, aumento do gás carbônico na atmosfera pelas queimadas, além de outros inúmeros impactos. É o que observa Samuel Gabanyi, diretor do Instituto Semente, que ainda alerta que essas transformações contribuem para o acontecimento de eventos climáticos extremos com maior frequência, tornando-se assim um problema de escala mundial.

Na busca pela redução dessas consequências, várias ONGs surgiram com o intuito de criar maneiras de reerguer o meio ambiente. Entre essas iniciativas está o Instituto Semente, que faz um trabalho conectando Sustentabilidade e Cultura de Paz.

“A sustentabilidade tem por premissa respeitar os limites planetários. Seguindo diretrizes sustentáveis estritas nos negócios e políticas públicas será possível reduzir os impactos das mudanças climáticas. Enquanto sustentabilidade for apenas um termo usado e não o cerne de todas nossas ações, estamos fadados ao colapso”, ressaltou Samuel. O ponto central da sustentabilidade é a busca por um estilo de vida harmonioso “respeitando as necessidades básicas individuais e os limites de regeneração do Planeta Terra, sempre seguindo os preceitos da permacultura de cuidar da terra, das pessoas e de uma partilha justa”, finalizou.

Por ser uma organização ainda pequena, o Instituto Semente não tem atuação em políticas públicas no âmbito nacional. Apesar disso, e pelo seu comprometimento com as causas ambientais, Samuel aponta as expectativas do novo governo diante do cenário de crise. “Esperamos que o governo tenha o meio ambiente como prioridade número um e uma política de valorização a ela. Que ele deixe de ser visto apenas como um provedor de matéria prima e tenha sua importância reconhecida. É fundamental que o governo retome o projeto de desmatamento zero, inicie uma transição para uma economia de baixo carbono, demarque e proteja terras indígenas, crie programas e projetos que deem uma sustentação econômica para aqueles que vivam em aréas de natureza e biodiversidade que precisam ser preservadas”, avalia.

Ainda que esta tenha sido a postura adotada nos discursos governamentais, ainda é preciso acompanhar para ver como isso será revertido em ações práticas.

Um dos mais movimentados locais de Curitiba, a Praça Eufrásio Correia marcava, no final do século XIX e início do XX, a chegada dos viajantes à estação rodoviária da capital. De um lado, a antiga sede da estação ferroviária, hoje museu do Shopping Estação. Do outro, o Palácio Rio Branco, sede da Câmara Municipal de Curitiba.

Entre as duas construções, repousa um legado centenário. A estátua de bronze, de corpo inteiro e em tamanho natural, destaca-se entre árvores volumosas e outras peças de bronze. A representação de um colono polonês, aculturado, semeando o futuro da pátria é uma das obras mais marcantes da capital paranaense e tem papel fundamental na história da relação entre a comunidade polonesa e o Brasil.

Considerada a obra-prima do escultor Zaco Paraná, a estátua conhecida como “O Semeador” reside naquele mesmo lugar desde 1924, sendo um presente da colônia polonesa à cidade de Curitiba, por ocasião do centenário da independência do Brasil em 07 de setembro 1922, como pode ser lido na placa fixada em seu pedestal.

A obra, entregue ao município em 1922, somente foi colocada em espaço público em 1924. Com o bicentenário da independência, é comemorado o centenário da obra que é um dos símbolos da capital paranaense.

Raízes europeias

O final do século XIX foi um período de intensa migração polonesa para o Paraná. A estimativa é que foram cerca de 41.600 imigrantes que chegaram entre os anos de 1870 e 1914, sendo o mais numeroso grupo de imigrantes no estado. Os imigrantes dedicavam-se à alfabetização de seus compatriotas e ao trabalho no cultivo das terras. Juntos, colaboraram para desenvolver a economia e a cultura do bairro.

Entre esses imigrantes estava

Leonardo TULIO

O Semeador faz parte do legado do artista Zaco Paraná em Curitiba

Jan Żak (João Zaco), nascido em 3 de julho de 1884, no vilarejo de Brzezany, localizado na Silésia polonesa sob domínio austríaco. Com apenas três anos, migrou com a família para o Brasil, instalandose em Restinga da Serra, entre as cidades de Palmeira e Ponta Grossa, no Paraná.

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