Marco Zero 66

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Equipe Marco Zero

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ANO XI- NÚMERO 66 – CURITIBA, JAN.ABR DE 2020

LEIA NESTA EDIÇÃO Projeto virtual mantém vivo o Cine Passeio na pandemia - Página 3 Conheça a luta de grandes personalidades femininas da história do Paraná - Página 4 Planejamento urbano é uma das ações necessárias para evitar catástrofes - Página 9

Em casa, mas “logado” no trabalho

Conteúdo exclusivo

A pandemia e a necessidade do isolamento social forçou o adiantamento de uma das tendências mundiais do mercado de trabalho: o home office. Pressionados, trabalhadores e empresas tiveram que correr contra o tempo para se adequarem à nova realidade.

Jornal Laboratório - Curso de jornalismo do Centro Uninter


Opinião

MARCO

ZERO

N.º 66 – Jan a Abr de 2020

Ao Leitor A pandemia e o necessário isolamento social têm acarretado uma série de adaptações ao mercado de trabalho. Trabalho em homeoffice, reinvenção de cargos e de procedimentos de produção são alguns dos pontos de mutação que percebemos neste início de isolamento. O futuro incerto, a falta de uma perspectiva quanto à cura, medicamentos ou vacina que combata o Coronavírus aumentam o medo dos brasileiros quanto ao mercado de trabalho, sobretudo em meio a um cenário de retração econômica e de aumento do desemprego que o país já vinha enfrentando nos últimos tempos. É neste quadro que a reportagem que ilustra a capa do Marco Zero foi idealizada, como uma forma de analisar o impacto da pandemia no mercado de trabalho, e em como as empresas e funcionários têm se adaptado para manter os postos de trabalhos e a produtividade. Na reportagem produzida pela aluna Sabrina Fernandes, também conhecemos mais sobre como a pandemia tem impactado o campo profissional do jornalismos, tanto do ponto de vista das alterações das rotinas de trabalho, como o trabalho em casa, a ideia da redação online e da produção a distância; quanto do ponto de vista da credibilidade e da necessária função do jornalismo em meio ao cenário de desinformação e de fakenews. Ainda nesta edição do jornal Marco Zero você encontrará uma reportagem do aluno Luis Gustavo sobre a necessidade do planejamento urbano para evitar catástrofes. As entrevistas com especialistas da área do urbanismo e da engenharia civil revelam quais as estratégias de políticas públicas e de gestão para garantir a segurança da população. A reportagem é parte do trabalho de conclusão de curso de Gustavo, que produziu um podcast especial sobre meio ambiente e planejamento público. Boa leitura!

O que sobra na pandemia Sabrina

FERNANDES

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pandemia chegou do nada e mudou nossas vidas do dia para a noite. Atitudes como simplesmente sair de casa eram consideradas normais, hoje em dia, o certo é evitar. E como será depois que tudo isso passar? Tivemos que mudar nossos hábitos e se acostumar com uma nova vida. Sem contato, sem cinema, sem futebol, sem ir para aula, sem simplesmente sair para caminhar na praça. Filhos tiveram que deixar de lado a visita na casa dos pais. Almoço de dia das mães ou pais? Por vídeo-chamada. Churrasco fim de semana? Cada um na sua casa. Jogo de futebol? Por bons meses só se for no vídeo game, reprises, ou agora, sem público. Está sendo difícil imaginar como será nossa vida após a pandemia, né? Transporte público? Meu Deus, que pesadelo! Olha quanta exposição e chances de contrair o covid-19. Ver os amigos? Com máscara e cada um em um canto, né? Sair de casa sem máscara? Pera, algum dia nós fomos loucos o bastante para fazer isso? Ir ao cinema ou a shows? Drive in, correto? Passear no shopping? Nós fazíamos isso? Não íamos lá apenas comprar o essencial? Estamos deixando vários hábitos de lado, outros, mudando. Se é para sempre ou apenas nesse período, não

sabemos. Mas já existem até pesquisar que indicam uma mudança de comportamento desde o início disso tudo. Um exemplo é a pesquisa realizada pela Google, que indicou uma mudança na pirâmide de Maslow. Essa pirâmide criada pelo psicólogo americano Abraham Maslow, consiste nos interesses do público, que mudaram durante o período de quarentena. A pesquisa titulada de “Coronavírus: o mundo nunca mais será o mesmo”, foi feita pela equipe interna da Google Brasil, onde o histórico de busca do Google foi estudado. O objetivo da pirâmide é pôr em hierarquia as necessidades humanas. Ela revelou que a busca por notícias é a maior nos últimos anos, que as pessoas estão se mantendo informadas pela televisão, ou seja, o público está realmente interessado em notícias de fontes verdadeiras. Essa mudança de comportamento é apenas uma diante a todas as outras que podemos perceber no nosso dia-a-dia, como lavar as compras depois de uma simples ida ao mercado. Em uma praia no sul da França, as pessoas já estão adaptadas ao novo normal. Divisões foram colocadas na areia, para cada um possa ter seu espaço. Em Berlim, na Alemanha, um teatro retirou cadeiras para que o dis-

Passo 1 Use o QR-Code ao lado para ser encaminhado à área do aplicativo no Google Play

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á pensou em assistir a uma entrevista nas páginas de um jornal impresso, em vídeo? Ou quem sabe conferir um mapa em terceira dimensão, ou ainda interagir com elementos gráficos que saem das páginas? O que há poucos anos seria um sonho, agora é possível e está nas suas mãos. Isso mesmo! Venha com o Marco Zero na onda

Passo 2 da Realidade Aumentada, uma tecnologia que permite a interação entre elementos reais e virtuais. Para entrar nesta viagem, é fácil e rápido. Siga as instruções e participe da experiência da notícia interativa. Nesta primeira versão, o recurso pelo aplicativo do Marco Zero está disponível apenas para aparelhos com sistema operacional Android.

Confira se o seu celular e a versão do seu Android são compatíveis. Depois, clique em instalar.

Passo 3 Com o APP aberto, aponte a câmera do seu celular para a página do MZ quando tiver a imagem ao lado

tanciamento seja respeitado, e o espaço entre as pessoas seja maior que antes. Logo nos primeiros dias de isolamento em Veneza, na Itália, os canais da cidade ficaram limpos pela primeira vez em anos. Com a quarentena obrigatória, os turistas e a circulação de embarcações de grande porte no porto diminuíram. Isso fez com que a água dos canais ficasse limpa, já que os motores dos barcos não reviram o leito, trazendo sedimentos do fundo. No Brasil, as visitas no Cristo Redentor tiveram que parar, assim como passear nas cataratas do Iguaçu ou ir à praia. Em alguns estados os shoppings fecharam as portas por mais de três meses, assim que necessitam vender, tanto para consumidores que precisavam das mercadorias, foi o delivery, ou drive thru. As academias ou corridas no parque foram trocadas por exercícios em casa. Mas aos poucos, tudo está, ou pelo menos tentando voltar ao seu normal. Os shoppings e comércios abrem, mas em horário reduzido. Os shows ou cinema ainda são exibidos, mas em drive in. Será esse o “novo normal”? Ou aos poucos nossa antiga rotina irá voltar e trazer com ela a alegria que era sair do trabalho e ir para um happy hour com os colegas voltará também? Nos países que já passaram o pico da doença e os

números se estabilizaram, o café com os amigos no meio da tarde, ou a corrida no parque estão tentando ter seu espaço novamente, em meio a máscaras e álcool em gel em todos os lugares. A vida tem de continuar, mesmo que seja nesse novo normal que tanto estamos ouvindo nos últimos dias. O depois disso tudo talvez seja se acostumar com um mundo novo, e não retornar a costumes antigos. Ou talvez não. Ninguém sabia como seria, mas todos tiveram que aprender, acostumar-se e lembrar, lembrar de não esquecer a máscara em casa. O dia que sua cidade mudou para bandeira vermelha deve ter sido marcante para muitos que não esperavam que chegaria a esse ponto. O dia em que chegaram as notícias de que na Itália o número de mortos era de mais de mil por dia, achamos um absurdo, agora que o número chegou no Brasil, as academias, comércios, bares e baladas estão se abrindo. Enquanto esse artigo está sendo escrito, muitas pessoas, egoístas ou não, estão acostumadas ao novo normal. O novo normal de mais de mil mortes por dia, ou as as quase 100 mil vidas perdidas. É, numa coisa temos que concordar: o mundo mudou. Assim como os sentimentos, pensamentos e hábitos de cada um. Se fossemos pensar que há quatro meses o país teria mil mortes por dia, todos ficaram comovidos, hoje em dia, academias, bares, restaurantes, tudo, está voltando ao que era antes, na esperança do mundo também voltar a ser o mesmo. E volto a mesma pergunta do início, como será depois que tudo isso passar? Será que tudo voltará de forma natural, ou teremos que esperar a ciência nos proporcionar a vacina? Será que um dia voltaremos a participar das aglomerações de antes? São tantas perguntas, mas que no momento não possuem respostas. Um dia, voltarei aqui e as responderei, contarei exatamente a forma que o mundo estará. Se voltamos ao que éramos um dia, ou se tivemos que se acostumar com algo novo, outra vez.

EXPEDIENTE

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O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter

Coordenador do Curso: Guilherme Carvalho Professor responsável: Alexsandro Ribeiro Diagramação: Equipe Marco Zero Projeto Gráfico: Equipe Marco Zero Uninter - Campus Tiradentes Rua Saldanha Marinho 131, CEP 80410-150 |Centro- Curitiba PR E-mail - alexsandro.r@uninter.com Telefones 2102-3377 e 2102-3380.


N.º 66 – Jan a Abr de 2020

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Cultura

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3 Cine Passeio

Projeto virtual mantém vivo o Cine Passeio na pandemia Kethlyn

SAIBERT

Salas digitais, masterclasses, podcast e outras iniciativas digitais fazem o mais famoso cinema de rua curitibano continuar na ativa

Salas de acesso virtuais e vídeos digitais foram as maneiras de garantir que o Cine Passeio continuasse recebendo a atenção dos cinéfilos curitibanos

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esgatar a tradição do cinema de rua e abrir um espaço para o audiovisual local. Estas são as bases que deram o pontapé inicial para que a Fundação Cultural (FCC) e o Instituto Curitiba de Arte e Cultura (ICAC) inaugurasse em 2019 o Cine Passeio, um dos únicos cinemas de rua da capital paranaense. Em pouco mais de um ano, o espaço alcançou o reconhecimento da Revista Exibidor, especializada em segmento cinematográfico, como um dos vinte cinemas mais legais do mundo. A história de sucesso, contudo, ficou em xeque na pandemia do Covid-19. Afinal e contas, como sobreviver quando seu principal negócio precisa de pessoas em circulação? A solução foi inovar. Segundo Marden Machado, um dos curadores do cinema, já havia uma vontade dos administradores de criar conteúdos digitais para o público. O fechamento das salas acelerou o processo. Foi aí que surgiu o projeto Passeio em Casa. “A gente não sabia direito o que, mas já havia um plano de implementar

Cine Passeio no Qr-code Use o Qr-code para acessar e navegar pelas salas virtuais do Cine Passeio

alguma ação no mundo virtual ligada à programação do cinema”, conta Marden. Foi aí que criaram a sala virtual, chamada de Cine Vitória, pela qual ficam disponíveis gratuitamente filmes digitais. Marden explica que o conteúdo digital foi pensado para

Já que as pessoas não podiam sair de suas casas para ir ao Cine Passeio, esta é uma maneira de levar o cinema à casa das pessoas ser o mais próximo possível do oferecido no espaço físico. “Num primeiro momento, a gente reprisou filmes que já havíamos exibido no ano passado. Depois fizemos contato com artistas e cineastas da cidade para disponibilizar o material deles. E desta maneira foi até uma forma de dar continuidade ao trabalho que a gente tinha feito no ano passado”, diz. A iniciativa coloca o Cine Passeio como o primeiro do Brasil no período de pandemia a distribuir filmes em formato virtual. Devido ao sucesso, as distribuidoras independentes viram a possibilidade de lançar filmes em plataformas online. Logo, o Cine Passeio criou mais uma sala virtual, o Cine Plaza, em parceria com o streaming Cinema Virtual, plataforma que disponibiliza para os cinemas brasileiros lançamentos exclusivos. Além de dar um fôlego ao cinema durante um cenário que deveria ser de crise, as medidas ainda

colaboraram para dar continuidade ao projeto idealizado pelos curadores Marden Machado e Marcos Jorge em 2017, quando começaram a pensar no projeto arquitetônico do local. Naquela época, o objetivo dos dois era de reservar um espaço para comentar a discussão sobre a sétima arte. “A ideia desde o começo era transformar o ambiente em um espaço de debate da arte cinematográfica”, diz Marden, destacando ainda que seria uma forma de se diferenciar dos cinemas comuns de shoppings. Então, o espaço foi pensado para que as pessoas possam discutir sobre os filmes após as sessões. O cinema conta com um coworking, café e o espaço Valêncio Xavier, sala voltada para cursos de audiovisual, chamada de masterclasses. O curador explica que em meio à pandemia houve a necessidade de continuar com as aulas online, já que o Cine Passeio tem um público cativo de amantes da sétima arte. “Uma vez que as pessoas não podiam mais sair de suas casas para ir até o Cine Passeio, a gente procurou uma maneira de levar o nosso conteúdo até a casa das pessoas”, afirma Marden.

As aulas presenciais têm lotação de 60 lugares e no modo virtual se manteve o mesmo número. O aluno acessa o site, se inscreve na turma da semana e recebe por e-mail o login e senha. As masterclasses são realizadas por meio da plataforma do Google Hangouts.

A ideia desde o começo era transformar o ambiente em um espaço de debate da arte cinematográfica O professor expõe o material em PowerPoint e vídeos com cenas de filmes e também é possível interagir via chat, microfone e câmera. As aulas são ministradas aos sábados, sempre com um assunto diferente relacionado a produções cinematográficas. Outra forma de resgatar o público foi a criação do Podcast Passeio. Com os podcasts cada vez

Promovendo o incentivo da arte cinematográfica

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m espaço que vai além de exibir filmes, também é um facilitador da formação audiovisual. Para Luiz Gustavo Vilela, professor e crítico de cinema, a iniciativa de continuar com as masterclasses mesmo com o cinema fechado é imprescindível. Vilela, que ministrou aula no espaço digital sobre o trabalho do cineasta

americano Wes Anderson, acredita que é importante oferecer atividades que mostrem como as linguagens e narrativas foram construídas e aperfeiçoadas ao longo da história da sétima arte. “A formação de público qualificado não pode esperar a reabertura dos cinemas”. O professor destaca que o público tem consumido cada vez mais conteúdo digital e também “produz, se a

mais populares na web, foi mais uma maneira de entregar conteúdo diferente e se reinventar num período em que o cinema está fechado. A curadoria percebeu no primeiro ano do Cine Passeio que o público é bem diversificado, então é interessante trazer conteúdos diferentes para gostos diferentes. O podcast traz assuntos diversos que vão desde temas mais técnicos do audiovisual a entrevistas com personalidades do cinema brasileiro e internacional. Os episódios já contaram com as presenças de artistas renomados, seja da cena independente quanto do mainstream. Como o cineasta Aly Muritiba, o crítico de cinema Fernando Brito e até entrevistas com os atores Lázaro Ramos e Bárbara Paz. Marden diz que a iniciativa “Passeio em Casa” já é um sucesso. O conteúdo vai além das fronteiras do sofá. O curador afirma com entusiasmo que o cinema de rua irá continuar com todo o projeto multimídia mesmo depois da pandemia. “Conseguimos alcançar um público de fora de Curitiba, de outros estados e até de fora do Brasil. Ou seja, a gente acertou, superou nossas expectativas”, conta. gente pensar no TikTok ou Instagram, de forma bastante frenética em casa”, diz. O cinéfilo está muito animado com projeto, pois dessa maneira é uma forma de promover e qualificar profissionais e entusiastas que têm interesse no audiovisual. Além de que, agora o Cine Passeio não está mais limitado à Rua Riachuelo, já que há pessoas de fora de Curitiba acompanhando as aulas: “A expectativa é que essas pessoas de fora acessem o catálogo online do Cine Passeio e vejam filmes de realizadores locais, que sempre são programados lá”, afirma Vilela.


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Comportamento

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Mulheres fortes da história paranaense No Paraná, muitas mulheres fizeram história, tanto por terem quebrado paradigmas quanto por terem lutado por seus direitos e espaço na sociedade. Negra, mulher e primeira engenheira formada no Brasil, Enedina Alves é símbolo de luta e resistência feminina no Paraná

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aioria dentre a população brasileira, as mulheres ocupam cerca de 55% das vagas de doutorado no país, trabalham em média três horas a mais por semana que os homens acumulando serviço doméstico e cuidados com filhos, e apresentam média de tempo de estudo maior que dos homens. Mesmo com esta supe-

rioridade numérica, no mercado de trabalho, no entanto, são os homens que ganham até 40% mais que as mulheres, mesmo que ocupem o mesmo cargo na mesma empresa. Além do salário, outra divergência é a sub-representação nos mais altos níveis de carreiras, tanto na iniciativa privada quanto na pública. Na ciência, isso não é diferente. Divulgação Fecomércio

Luciana Burko Maciel

Dados do Ipea apontam que apenas 25% da bolsa produtividade concedida pelo Governo Federal aos cientistas são destinados às mulheres. Em meio a este cenário de desigualdades, é fundamental destaca o lugar das mulheres no campo educacional e da ciência. A memória é uma das formas de reforçar a importância das mulheres para a pesquisa brasileira, sobretudo em áreas como exatas e tecnológicas, predominantemente ocupadas por homens. É a partir da memória que se estabelecem novas frentes de vitória e de luta para garantir que as mulheres ocupem cada vez mais espaços de poder na sociedade, é o que destaca a presidente da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios Curitiba, Luciana Burko Maciel, para quem as mulheres necessitam de uma inspiração e saber que uma figura feminina pode realizar feitos e impactar a sociedade. “Acredito muito que o poder interno da mulher já existe, apenas necessita de um gatilho para que ela realmente se empo-

Conhecer nossa história, conhecer ícones femininos e disseminar essa realidade contribui em muito ao empoderamento feminino

dere dele. E as referências podem se tornar esse gatilho. Conhecer nossa história, conhecer ícones femininos e disseminar essa realidade contribui em muito ao empoderamento feminino”, comenta ela. Partindo da ideia da memória como resistência, Luciana destaca como símbolo de empoderamento e de alteridade a médica pediátrica, sanitarista e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, figura de renome internacional. “A demonstração do propósito de vida é simplesmente fantástico. O impacto na vida de famílias e principalmente na vida de milhares de mulheres. Ressalto também a sua sensibilidade e simplicidade, próxima as pessoas, conectadas com suas dores e focada em um objetivo claro”, finaliza Luciana. Para Ellyng kenya dos Santos, 25 anos, que faz parte da coordenação estadual da Marcha Mundial das Mulheres, ressaltar o papel dessas figuras que construíram e contribuíram para a história, é essencial para que também não caiamos na ideia falaciosa de que a história foi construída somente pelos homens e que os principais feitos são de responsabilidade masculina. “A importância de ressaltar as figuras históricas femininas é primeiro porque a história ela é contada por homens e para homens. A perspectiva sempre foi dos homens, a lógica na qual a história se baseia é uma lógica masculina. Então, partindo dessa perspectiva você ter figuras e que são femininas dentro dessa história mostra que o protagonismo nem sempre

Amanda

ZANLUCA

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foi dos homens. O que não é a verdade e até tem muito essa dificuldade, inclusive de assimilação dentro da sociedade do que é essa verdade dentro da história. De que a história ela não é basicamente constituída pelos homens e sim tem muito trabalho das mulheres, e que por diversas vezes esses trabalho é invisibilizado”, aponta Santos. A coordenadora da Marcha cita uma das figuras paranaenses que para ela é um grande exemplo, a Enedina Alves Marques. “Ela foi a primeira mulher engenheira negra no estado do Paraná, e ela mostra a necessidade de perseverança em um período em que era tudo muito mais difícil. É uma figura que com certeza serve de exemplo para nós mulheres, principalmente para as mulheres que estão dentro da academia e que sabem da dificuldade que é no dia a dia, como a academia nos reconhecer. A Enedina ela tem muito essa carga histórica de ter essa conquista e de conseguir ser essa mulher forte e representar essa figura forte para nós, que conseguiu superar inúmeras dificuldades e ser essa mulher que é um ícone para a gente”, comenta ela. Além da contribuição e cons-


Cidades

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Divulgação

Marianna Coelho

a Legislatura Constituinte. Além da política e advocacia, desde os tempos de estudante Lima se dedicou ao jornalismo e às letras, publicando vários trabalhos em prosa e em verso. Mesmo que com figuras históricas como a de Rosy de Macedo Pinheiro Lima, que representam um importante passo na luta das mulheres, ainda há uma necessidade de incentivar uma participação mais efetiva da mulher nas decisões que afetam a sociedade. Há exemplo disso é o avanço tímido que temos em relação ao espaço da mulher no cenário político paranaense. Pois, desde a eleição de Lima em 1947, somente outras 22 mulheres já exerceram mandatos na Assembleia Legislativa do Paraná.

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A Beauvoir tupiniquim

Enedina Alves professora ou em fábricas. Sendo assim, Marques não é apenas uma figura histórica que representa a luta das mulheres por um espaço na sociedade, como também simboliza representatividade para a comunidade negra.

Um política com voz e presença Divulgação

Negra, mulher e engenheira Enedina Alves Marques foi a primeira mulher a obter um curso superior no Estado do Paraná se formando em engenharia, e também a primeira engenheira negra do Brasil. Nascida em 13 de janeiro de 1913, Marques era de família pobre e filha de um casal de negros. Ela e os cinco irmãos cresceram na casa do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, onde a mãe trabalhava. A família de Marques veio para Curitiba buscando por melhores condições de vida, e foi na casa do major que Enedina encontrou a oportunidade de mudar. Sendo o major quem pagou pelos estudos de Marques em um colégio particular, a fim de que a jovem fizesse companhia à sua filha Izabel. Formada no curso Normal (atual ensino médio), Marques traba-

Crea-PR

Pastoral da Criança

Dra. Zilda Arns trução da história, Ellyng kenya dos Santos aponta outro fator importante sobre se ressaltar as figuras femininas. “É importante percebermos que a contribuição dessa memória viva, é o fato de que essas mulheres elas são uma inspiração para nós. Elas nos fazem acreditar que somos capazes e que conseguimos ter uma nova perspectiva, sair das nossas zonas de acomodação e conseguir olhar para a sociedade com outros olhos. E é a partir disso que passamos a ter a percepção de que podemos também fazer a diferença. Então, quando ressaltamos essas figuras femininas que fizeram parte da história, nós encorajamos outras mulheres a também fazerem parte da história e a se mobilizarem e construírem novas perspectivas, fazerem parte das transformações do mundo”, finaliza Santos.

lhou como professora no interior do Estado. Em 1940 Marques ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná, se formando no ano de 1945 com 32 anos. Como engenheira Marques trabalhou na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas, no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. O que para muitos o trabalho de Marques no Plano Hidrelétrico do estado, é considerado seu maior feito como engenheira, sendo seus esforços para a implantação da Usina Capivari-Cachoeira o que libertaram o Paraná da exploração energética estrangeira. Em seu currículo constam ainda a construção do Colégio Estadual do Paraná, e a Casa do Estudante Universitário (CEU). A engenheira morreu em agosto de 1981, mas em vida não lhe faltaram reconhecimentos. Quando se aposentou pelo governo do estado, Marques recebeu o reconhecimento do governador Ney Braga, que por decreto admitiu os feitos da engenheira lhe garantindo proventos à altura dos melhores escalões. Em 1961, o sociólogo Octavio Ianni veio a Curitiba para entrevistar Marques para a pesquisa Metamorfoses do escravo. Após sua morte recebeu outras importantes homenagens como uma rua no bairro Cajuru em Curitiba, que recebeu o seu nome. Enedina Marques se formou em uma época em que era destinado às mulheres o papel de dona de casa. E as poucas que conseguiam cursar a graduação ou entrar no mercado de trabalho, os cargos disponíveis às mulheres era trabalhar como

Comportamento

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A primeira mulher a ter voz na política paranaense foi a escritora e doutora em direito, Rosy de Macedo Pinheiro Lima. Nascida em Paris (França), Lima estudou em colégios das cidades de Viena (Áustria), Tirol (Itália), Inglaterra e Paris. Quando chegou ao Paraná matriculou-se no Ginásio Paranaense, cursando também o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, ambos em Curitiba. Um ano após as mulheres conquistaram o seu direito ao voto no Brasil (1932), Lima com apenas 19 anos, recebeu o grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná, e em dezembro de 1933 juntamente com Ilnah Secundino e Deloé Scala, fundou o Centro Paranaense Feminino de Cultura, sendo a primeira presidente do espaço. Além de ser uma das pioneiras na luta pela igualdade e espaço no cenário político, Lima também foi a primeira brasileira a conquistar o título de doutor em Direito pela Universidade do Brasil. Rosy de Macedo Pinheiro Lima foi eleita aos 33 anos pela União Democrática Nacional (UDN), se tornando a primeira deputada estadual a exercer mandato na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), atuando de 1947 até 1950, durante

Outra importante figura feminina paranaense é a educadora, escritora, poeta e uma das precursoras do feminismo no Brasil, Marianna Coelho. Defendendo na Curitiba do início do século 20 a emancipação da mulher, Coelho era considerada a “Beauvoir tupiniquim”, referindo-se à escritora francesa Simone de Beauvoir. O apelido que foi dado pela imprensa paranaense, era por seus artigos e livros publicados onde levantava a bandeira da preparação das mulheres para o mercado de trabalho e a conquista por seus direitos políticos. A escritora chegou a capital paranaense em 1892, acompanhada da mãe e dos irmãos. Coelho que já colaborava com periódicos de Portugal, em Curitiba primeiramente publicou poesias ainda no final do século 19. Quando passou a assinar a coluna “Chronica da moda”, no jornal Diário da Tarde, além dos textos que revelavam as tendências de Paris ou dicas sobre o uso do chapéu e outros acessórios, a escritora defendia polêmicas como o voto feminino. Mariana Coelho foi a única mulher a aparecer na primeira edição da revista mensal de arte e literatura Breviário, em agosto de 1900. Revista fundada e dirigida por Romário Martins e Alfredo Coelho, a primeira edição trouxe nomes como de

Vídeo conta a históra de Enedina Alves, primeira engenheira

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ini-documentário produzido pela TV Brasil resgata a vida da Enedina Alves, primeira negra a se formar em engenharia no Brasil. O grande desafio de Enedina foi transpor um espaço prioritariamente masculino e branco, contexto cultural do início do século XX.

Rosy de Macedo Pinheiro Emiliano Perneta. Em 1902 no número 105 da rua XV de Novembro, a escritora abriu o Colégio Santos Dumont com educação voltada só para meninas. O colégio encerrou as atividades em 1917, e logo em seguida Coelho passou a ser diretora da Escola Profissional Feminina – que recebeu, em 1933, o nome de Escola Profissional Feminina República Argentina -, onde ficou até se aposentar. Coelho publicou inúmeras obras, sendo seu livro de mais destaque “A Evolução do Feminismo: subsídios para a sua história” publicado em 1933 e também reeditado em 2002 pela Imprensa Oficial do Paraná. A escritora Marianna Coelho é uma importante figura histórica reconhecida por seu trabalho educativo, feminista e cultural no Paraná.


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Especial

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N.º 66 – Jan a Abr de 2020 Marcelo Camargo / Agência Brasil

A tecnologia aliada ao trabalho home office na quarentena Jaqueline

DEINA

Em meio à uma pandemia, com 43% das empresas brasileiras adotando o home office, alguns aplicativos são aliados indispensáveis na nova rotina de trabalho

Pesquisa realizada pela consultoria Betania Tanure Associados (BTA) aponta que 43% das empresas brasileiras adotaram o home office em decorrência do coronavírus

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cenário de distanciamento social imposto como medida de prevenção alterou a rotina de milhões de trabalhadores no mundo todo. Mas, engana-se quem pensa que o trabalho remoto é novidade para os brasileiros. Um estudo da empresa de recrutamento especializado Robert Half aponta que, em 2014, o Brasil já era o terceiro país com maior crescimento em

trabalho home office. Com o avanço do coronavírus no país, muitas empresas tiveram que implementar o trabalho à distância. Apesar de nem todo tipo de negócio ser adaptável ao home office, alguns empresários têm descoberto nos aplicativos e ferramentas tecnológicas aliados essenciais para manter as empresas em perfeito funcionamento em meio às novas rotinas de trabalho. Assessoria Fretefy

Diretora de Operações da Fretefy, Marilucia Pertile

Em Curitiba, a Fretefy, plataforma online para gestão de transporte de cargas, também precisou alterar algumas práicas para adequar os funcionários ao home office. Para a Diretora de Operações Marilucia Pertile, apesar de a empresa trabalhar com tecnologia, o relacionamento com o cliente também teve um grande impacto. “Antes da quarentena, nós fazíamos um trabalho muito próximo do cliente com visitas, acompanhamento e consultoria. Depois da quarentena, passamos a estar fisicamente distantes, e isso muda bastante coisa”, explica. Um dos fatores que facilitou a adaptação foi o fato de que os funcionários já trabalhavam com um notebook da empresa e passou a trabalhar de casa apenas utilizando a sua internet. “Nós usamos muito Outlook para e-mails e Whereby para demonstrações e atendimento aos clientes de forma remota. As mudanças foram muito mais de relacionamento; não ter mais a pessoa do lado para conversar”, conta Marilucia. Essas mudanças atingiram muitos trabalhadores no país. Segundo pesquisa realizada pela consultoria Betania Tanure Associados (BTA), 43% das empresas brasileiras adotaram o home office em decorrência do coronavírus. Dentre os maiores desafios estão: a adaptação de atividades presenciais para virtuais e o gerenciamento de pessoas remotamente. Além da adaptação, algumas outras mudanças na rotina das

empresas precisaram ser alteradas para que a comunicação entre funcionário e empregador seja constante. Ainda segundo a pesquisa, 98% das empresas adotaram reuniões virtuais em substituição às presenciais. Na Fretefy, essas reuniões acontecem todos os dias, por meio de ferramentas como o aplicativo Teams da Microsoft. “Como temos 24 pessoas, quando precisamos fazer uma reunião geral, ele permite que a gente conecte todas ao mesmo tempo. Além disso, estamos sempre nos comunicando

pelo WhatsApp em grupos e individualmente”, diz Marilucia. Outra empresa em Curitiba que adotou o trabalho remoto foi a ISAE Escola de Negócios. Tania Mara Lopes, diretora corporativa, explica que foi preciso tirar do papel um projeto de home office que ainda estava em sua fase inicial, mas que tem dado bons resultados. “Estávamos com um projeto piloto para começar com um dia da semana, fazendo reunião com a equipe que faria essa experiência primeiro. Com a situação, ti-

Prática de Home Office nas empresas

Fonte: Betania Tanure


N.º 66 – Jan a Abr de 2020

“Antes da quarentena, nós fazíamos um trabalho muito próximo do cliente com visitas, acompanhamento e consultoria. Depois da quarentena, passamos a estar fisicamente distantes, e isso muda bastante coisa” Marilucia Pertile vemos que implantar para toda a empresa.Tem sido uma experiência profunda e, quando voltarmos à normalidade, com certeza já vamos ter amadurecido muito e algumas equipes vão continuar no trabalho remoto porque já encontramos o caminho para isso”, comenta. Para ela, as tecnologias hoje facilitam muito esse processo, pois a comunicação com qualquer pessoa da equipe acontece em tempo real. Além de reuniões todos os dias com as lideranças, através de um “diário de bordo” é possível acompanhar o ponto e as entregas de atividades dos funcionários. “É fundamental o trabalho de acompanhamento do gestor; ter uma boa comunicação dos dois lados, no sentido de ter clareza do que é preciso fazer e também ouvir o profissional, entender o que está sendo produtivo, o que poderia melhorar e como está sendo a experiência de cada um,” explica Tania. Ela também conta que os

MARCO funcionários dispõem de um espaço para trocas de boas práticas sobre suas rotinas de home office. O gestor de TI do ISAE, Alberto Rodrigo Pereira, conta que a adaptação dos colaboradores foi mais difícil na primeira semana e que, fora isso, o retorno tem sido bastante positivo, inclusive com uma melhoria na agilidade do suporte remoto. “Nós estamos atualmente com 110 funcionários trabalhando remotamente. A equipe de suporte técnico conta com 3 analistas e não estamos tendo dificuldades em atender aos chamados”, explica. Para que o trabalho do suporte seja feito de maneira mais efetiva, além de contar com alguns aplicativos, ele reforça que é essencial que a empresa disponha e equipamentos reserva para o caso de algum problema físico. “A maioria dos nossos sistemas são on-line, tirando o servidor de arquivos, o que facilitou o trabalho remoto. Nós usamos o Microsoft Planner para a parte de projetos, fazendo acompanhamento e distribuição de tarefas”, conta. A diretora Tania Mara reforça que é preciso encarar esse momento como uma oportunidade de buscar novas possibilidades. “Eu imagino que as coisas nunca mais serão as mesmas, mas eu vejo isso como um momento de aprendizado. Nós temos muito claro quais são os objetivos do ISAE, quais são as metas; mas nós tivemos que revisar junto às áreas, diante do momento. Algumas coisas tiveram que ser rearranjadas mas, o fato de ter uma boa comunicação com a equipe, ajudou muito”, ressalta. O que pode ser novidade para muitos já faz parte da rotina do advogado Thiago Augusto Objuth, que trabalha autonomamente

Maiores desafios da prática de Home Office

Fonte: Betania Tanure

Especial

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há cerca de um ano e meio, em um escritório montado em casa. Como já estava habituado, ele conta que a quarentena não mudou muito a rotina de trabalho. “O que prejudicou realmente foi a presença em audiências, que foram adiadas por tempo indeterminado. Fora isso, a rotina do advogado é praticamente on-line e tudo indica que, gradualmente, a presença física vai se tornar dispensável”, afirma. Thiago faz parte de uma parcela da população que vem crescendo nos últimos anos: a de trabalhadores autônomos. Segundo dados da Agência Brasil, o primeiro trimestre de 2019 já somava 24 milhões de pessoas tra-

balhando por conta própria. Ele explica que seu trabalho basicamente depende de sistemas jurídicos on-line, o que não implica no uso de muitas ferramentas. Para a organização pessoal, apenas, costuma utilizar o Evernote. Para Thiago, a maior dificuldade no início foi estabelecer uma rotina. “O maior obstáculo que enfrentei no começo foi entender que, para trabalhar em casa, você precisa ter rotina, acordar no horário certo e etc. Quando “dominei” essa dificuldade, tornei o meu home office realmente um ambiente de trabalho. Acredito que muitos perdem a produtividade por sentirem-se em casa, acomodados”, destaca.

Pesquisa homeoffice

Ficou interessado nos dados da pesquisa com as empresas sobre o trabalho homeoffice? Confira mais com o Qr-code.

Jornalistas em homeoffice A

inda não sabemos muito sobre o novo Covid-19, mas desde que o vírus se tornou uma pandemia, as recomendações são desde lavar as mãos e usar máscara, até o isolamento social, a tão eficiente quarentena. É nos mais simples gestos que podemos nos prevenir, e prevenir outras pessoas. O que antes era considerado normal, como abraçar ou cumprimentar um conhecido ao encontrá-lo, agora se tornou um gesto perigoso. Por conta da quarentena, e até mesmo lockdown em várias cidades, diversos serviços tiveram que parar, já outros, se adaptar à nova realidade, como é o caso do jornalismo. Grande parte das reportagens, matérias e entrevistas são feitas pessoalmente, e em meio a pandemia, como está sendo feito esse trabalho? Conversamos com duas jornalistas que estão trabalhando nessa linha de frente, pois o jornalismo é considerado serviço essencial, portanto, não pode parar. Ana Zimmermann e Leticia Paris nos contaram sobre essa nova rotina que estão vivendo nos ú ltimos meses. Uma das tarefas do jornalista é encontrar pautas, mas será que em meio a uma pandemia elas se limitam ao vírus? “Em um momento desafiador como o que estamos vivendo, informar as pessoas sobre os assuntos relacionados à pandemia é um papel fundamental dos veículos de imprensa. Estamos focados em levar a melhor cobertura sobre a pandemia para a casa das pessoas, mas continuamos cobrindo todos os outros factuais”. É o que explica Paris, jornalista do G1. Para todos esses assuntos, sejam eles se tratando da pandemia ou não, em home office ou na rua, as fontes têm que existir. Antes, as fontes eram

preferencialmente entrevistadas pessoalmente, pois ouvir a pessoa, perceber seus gestos e olhares, passa muito mais credibilidade na fala. Mas e agora que temos que evitar o contato? “Basicamente por telefone, incluindo aí os aplicativos de mensagens. Se isto dificultou um pouco o contato com pessoas que víamos normalmente no trabalho, por outro lado nos aproximou de fontes mais dis-

Em um momento desafiador como o que estamos vivendo, informar as pessoas sobre os assuntos relacionados à pandemia é um papel fundamental tantes, de outros estados, que temos procurado principalmente em pautas relacionadas à Covid-19”, explica Zimmermann, repórter da RPC. Como tudo, ou quase tudo, o jornalismo também possui “novas regras” a fim de evitar o contágio. E novamente as entrevistas entram nessas regras, é o que Zimmermann nos conta. “Quando a pessoa está saindo de casa, está trabalhando normalmente, nós procuramos ir até elas. Neste caso, a entrevista é feita com dois microfones, para que não seja preciso usar o mesmo equipamento, evitando compartilhar com outra pessoa um objeto que vai perto da boca”. Além do uso de álcool em gel, isolamento e distanciamento social, o uso de máscaras se tornou o novo

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Sabrina

FERNANDES

“normal”. Antes da pandemia, se víssemos alguém de máscara, acharíamos estranho, e até que aquela pessoa estava com alguma doença contagiosa. Agora, ver alguém sem máscara é o novo estranho. Até mesmo um repórter sem máscara é estranho. “É uma questão de disciplina, de lembrar destes novos hábitos e incorporar na nossa rotina. Usar sempre álcool em gel, limpar todo o equipamento, e ficar sempre de máscara, são gestos que passaram a fazer parte do nosso dia a dia”, conta Zimmermann sobre o uso das máscaras e de equipamentos de “segurança”. É claro que o uso de máscaras dificulta o entendimento das palavras, e para Ana Zimmermann, essa é uma das maiores dificuldades. “Como trabalho em televisão, a maior dificuldade é falar com a máscara, para ser bem compreendida no ar. Requer disciplina para falar articulando melhor as palavras, cuidado para não pegar no equipamento”. Já para Leticia Paris, o “novo” está sendo complicado. “Acho que as maiores dificuldades estão relacionadas com o fato de estarmos lidando com um momento diferente de tudo que já havíamos vivido. O desafio de nós, jornalistas, na minha opinião, tem sido descobrir, a cada novo acontecimento, junto com a sociedade, o que está acontecendo e buscar a melhor forma de passar por isso, com informação. Um cuidado que as equipes estão tendo, é a circulação pela cidade, evitando locais com aglomerações para não expor a equipe. “Temos que ir a hospitais, mas não entramos no local, ficamos do lado de fora, por exemplo. Mas a cada dificuldade, temos que pensar que logo isso tudo vai passar”, finaliza Zimmermann.


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Tecnologia

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N.º 66 – Jan a Abr de 2020

Bruna Menon

Aumento das aulas online diverge opiniões Bruna

MENON

A pandemia tornou o ensino remoto necessário em todas as instituições de ensino

Aplicativo Aula Paraná, criado para facilitar o acesso dos estudantes de escola pública ao material didático

O

s paradigmas que cercam as aulas em plataformas digitais estão presentes na hora da análise dos acadêmicos quando se trata de escolher a modalidade de ensino superior entre presencial, semipresencial ou Ensino a Distância (EaD). Durante a pandemia, contudo, esta dúvida foi ampliada para os vários níveis do ensino, pressionando à população a discutir quais suas características e sua importância, sobretudo em meio ao cenário de isolamento social, em que se faz necessária a união entre tecno-

Marília Pires logia e ensino. Além de garantir que as aulas continuem mesmo durante o isolamento, o uso da tecnologia no ensino também garante benefícios, como adequação do aprendizado à agenda dos alunos. Mateus Silva, estudante de farmácia, contou que as aulas de videoconferência são sempre com horário flexível e condescendentes com o período de tempo que ele tem disponibilidade para estudar. Com a vantagem, ele pensa em mudar do presencial para o ensino a distância, “A autonomia para escolher os meus horários torna o meu aprendizado mais dinâmico, por isso estou analisando mudar de modalidade de ensino”, relatou Mateus.

vidades não é o mesmo das horas de aula, os pais/alunos não tem formação necessária para aprofundamento do conteúdo e alguns alunos não tem acesso ou autonomia em aprender sozinho, informou Elisângela. Para a professora do Colégio Estadual Elzira Correia de Sá, Marília Pires, o ensino e as atividades remotas não apresenta êxito para o aprendizado dos alunos. “Apenas uma pequena parcela dos alunos de escola pública consegue realizar os exercícios e acompanhar as aulas”, relatou Marília. Segundo a professora, essa ausência ocorre devido à falta de acesso à tecnologia, ausência de um am-

biente de aprendizado em casa, falta de interesse dos alunos e dificuldade das famílias em ajudar por não terem escolaridade ou informações para suprir essas necessidades. O agricultor Alberto Ferreira, 62 anos, está auxiliando os dois filhos que estão no ensino primário, não possui acesso a computador e por isso precisa buscar as atividades das crianças na escola, conciliar o trabalho da lavoura e ensinar o conteúdo das matérias aos filhos é difícil, pois ele não possui a dinâmica do aprendizado. Os estudantes do ensino médio são os que mais sofrem com essa mudança repentina. No Paraná foi implementado pelo governo um sis-

tema utilizando o Youtube, TV aberta em canais alternativos e o aplicativo ‘Aula Paraná’. Porém, segundo a estudante Amanda Fonseca, do segundo ano do ensino médio do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, em Piraí do Sul-PR, o ensino remoto está sendo limitado e o conhecimento não está sendo transmitido de maneira abrangente, a aluna gostaria que os professores que lecionavam aula antes da pandemia fossem responsáveis por ministrar as matérias. Segundo o Conselho Nacional de Educação, sem o EAD, seria necessário um longo período de reposição de aulas o que comprometeria o ano letivo de 2020 até 2022. Bruna Menon

“Apenas uma pequena parcela dos alunos de escola pública consegue realizar os exercícios e acompanhar as aulas”

A pandemia apenas intensificou algo que já existe há décadas no ensino brasileiro. O primórdio das aulas online tem início através de correspondências que eram enviadas para os alunos e posteriormente encaminhadas para correção, outro meio foi a televisão que exibia programas como Telecurso 2º grau transmitido pela TV Globo e TV Cultura na década de 70, e também através de cursos profissionalizantes via Instituto Universal Brasileiro, que eram enviadas pelo correio. Com o advento da internet e das plataformas virtuais, o ensino a distância ganhou dimensões mundiais, possibilitando o acesso de milhões de pessoas ao mesmo tempo a diferentes modalidades de ensino. Tendo visto que o ensino a distância já era um processo que tinha evoluído e presente em algumas instituições, com a pandemia isso só acelerou o processo de implementação em grande escala, porém como as escolas públicas e particulares não tinham o ensino remoto como referencial, tiveram dificuldades de implementar está modalidade de aprendizado. A diretora da Escola Municipal Cyro Martins, em Ponta Grossa, Elisângela Silveira, relatou como o ensino infantil e fundamental está fazendo para orientar os estudantes durante as aulas online. A profissional de educação disse que o Município tem procurado atender ás necessidades educacionais, são realizadas reuniões periódicas em que a Secretária Municipal de Educação transmite orientações para professores, pais e principalmente os alunos. Segundo Elisângela, a mudança acarretada por esse período é um desafio para todos, pois a aprendizagem está acontecendo de maneira diferente. A qualidade do ensino transmitido as crianças, o tempo dedicado ao estudo, pesquisa e realização das ati-

Aulas da rede estadual transmitidas pelo Youtube


N.º 66 – Jan a Abr de 2020

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Políticas Públicas

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O necessário planejamento urbano Ocupações irregulares e clima chuvoso Luis

GUSTAVO

são alguns dos problemas que faz com que as mesmas regiões de Curitiba sofram com enchentes

A impermeabilização do solo, espaços para drenagens e planejamento urbano são elementos fundamentais para evitar catástrofes como enchentes

A

s enchentes são situações que afetam anualmente a população de Curitiba e região. Qualquer levantamento de notícias ou nos dados da Defesa Civil do estado dá conta de apontar que há uma reincidência dos locais nos casos de enchentes. Ou seja, é sempre nas áreas periféricas, ou ainda em espaços com pouco investimento público. O impacto maior é para o cidadão. As famílias perdem seus bens. Recuperam com muita luta. Perdem novamente em nova enchente. E assim vão-se os anos no dessa forma, em um sofrimento cíclico. Parte é resultado do clima em Curitiba, sempre propenso à chuvas, e

Quais os principais desafios hoje para se planejar uma cidade como Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária, por exemplo? Edson Villela: Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária além de serem vizinhas, têm relações entre si, principalmente econômicas e sociais. Durante muito tempo, Araucária e São José dos Pinhais eram cidades em que as pessoas somente moravam, saiam cedo para ir trabalhar e retornavam a tarde. E os principais desafios,

acredito ser a integração do transporte público que seja bom, eficiente, bem estruturado entre as cidades e dentro delas. Quando se fala em planejar uma cidade, tem que levar em consideração a população, economia, relações das cidades com as demais para que não prejudique. Alguns urbanistas chamam as cidades como organismos vivos que necessitam de cuidados diários, para que os problemas não cresçam. Há bairros em Curitiba que sofrem com os alagamentos faz muitos anos. Qual a razão disso acontecer? Sueli Ota: Temos que considerar alguns aspectos e um deles Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

em algumas épocas do ano com maior incidência, o que causa sérios danos para à população. Para a bióloga e mestre em agronomia, Sueli Ota, além do clima, é fundamental observar o relevo e o solo da área urbanizada. Alguns tipos de formação morfológica podem interferir na absorção da água no solo. Afora isso, existe ainda a localidade em termos geográfico. Ou seja, existem regiões que são propensas a alagar por estarem próximas de rio ou estarem em fundo de vale, sendo isso normal acontecer. Já para o urbanista e mestre em gestão urbana, Edson Villela, a forma de ocupação da cidade também deve ser considerado, uma vez que em um planejamento não se deve pensar apenas nas construções das casas, mas sim em manter espaços para vazão da água da chuva. Os dois especialistas em setores de infraestrutura e meio ambiente foram entrevistados para o podcast Das Araucárias, especializado em assuntos sobre questões ambientais em Curitiba e Região, e para o Jornal Marco Zero. Confira a seguir a entrevista sobre o tema relacionado às enchentes.

é levar em conta a localização do bairro que sofre com a inundação, pois existe a questão morfológica, do relevo do solo. Regiões localizadas em fundo de vale, ela tende a fazer o acúmulo de água, sendo isso inevitável por se tratar da geografia da região. Agora, outra razão que bairros sofrem, é a questão da impermeabilização do solo. Se tem asfalto, calçadas e não existam áreas para que a água da chuva caia e seja absorvida pelo solo, ocasiona muitas enchentes. A impermeabilização do solo é uma questão bem séria, pois há necessidade em deixar espaços permeáveis nas construções, que permita o escoamento da água. Também tem a questão da drenagem, tem lugares que não tem e alguns que tem, com o lixo jogado pela população, causa o entupimento do sistema fazendo a água ficar presa. Uma das opções apontadas como meio de conter enchentes, são os parques lineares. Como eles podem contribuir com a contenção dos alagamentos e equilibrar o ecossistema? Sueli Ota: Os parques lineares normalmente são construídos ao longo de um corpo d’água sendo mais comum os parques ao longo de rios. O parque linear tem a função de fazer a drenagem da água do rio, sendo o próprio sistema do solo faz esse serviço de forma natural. Outra questão é, se ele está no entorno de um rio, ele tem obrigatoriamente uma mata ciliar fazendo a sua proteção, evitando assim, as enchentes. Dessa forma, ele contribui com um ecossistema mais rico.

Me fale quais obras são consideradas mais adequadas para conter as enchentes nos centros urbanos? Edson Villela: Alguns anos atrás foram construídos alguns parques em Curitiba para conter as enchentes. O Passeio Público tem uma bacia de contenção de cheias, o Parque Barigui, o Parque São Lourenço são parques que recebem grande volume de água em casos de fortes chuvas e absorvem essa água. Ao absorver, evitam que ao longo do canal do rio o nível da água suba e afete a população que vive próxima. Algumas pessoas ao ver o Parque Barigui alagado após chuva forte e isso é normal, ainda bem que ele alaga, pois se ele não alagasse, o Rio Barigui ele aumentaria sua vazão e alagaria os bairros a frente.

Meio ambiente e planejamento é tema de podcast Use o Qr-code abaixo para acessar o podcast Das Araucárias. Criado como projeto de conclusão de curso, o podcast aborda temas sobre políticas públicas


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EaD: um Marco Zero em cada canto

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N.º 66 – Jan a Abr de 2020 Flávio Rehme

Reportagem de Curitiba (PR)

Vitrine para superar a crise Opções turísticas baratas, feiras livres garantem o sustento de produtores e REHME empreendedores em Curitiba

Flávio

Antes da Formalidade

Eloiza Domingues vende bolsas térmicas na Feira de Natal

E

spalhadas por toda a capital, as feiras livres são atrações turísticas, opção de compra mais barata e fonte de renda alternativa para alguns feirantes. Em Curitiba, o comércio a céu aberto é uma opção de passeio e de sustento para muitos. Eloiza Domingues é uma delas. Formada em contabilidade, encontrou no artesanato a oportunidade de mudar de vida depois de ter ficado um ano desempregada. Há oito anos ela participa da feira colocando em prática o conhecimento em costura e crochê que teve com a mãe “Comecei produzindo produtos para

voltar”, acrescentou. Curitiba possui 21 feiras permanentes espalhadas pelos bairros da cidade com aproximadamente 500 barracas, e a feira de domingo no Largo da Ordem, com 1,2 mil barracas. Outras quatro feiras de artesanato especiais acontecem durante o ano nas praças Osório e Santos Andrade: Páscoa, Inverno, Primavera e Natal. “É uma oportunidade que a prefeitura oferece para geração de renda aos artesãos, que podem participar de mais de uma”, afirma Marily Pires Lessnau, coordenadora de feiras de artesanato da prefeitura de Curitiba.

Há cerca de dez anos, as feiras começaram a ser organizadas pela Secretaria Municipal de Turismo, que abre editais de participação todos os anos. É preciso se cadastrar e apresentar o produto que deseja vender para então passar por uma seleção. “Abrimos normalmente 100 vagas e temos mais de 300 inscrições em todos os editais”, disse Marily. Curitiba também possui 89 feiras administradas pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab), empregando 168 feirantes em hortifrutigranjeiros e aproximadamente 230 feirantes em todo o

Os feirantes chegavam de navio em Paranaguá e iam para a capital comercializar. A prefeitura começou a regrá-los em 1962. Em 2013, por determinação do Ministério Público do Paraná, todos foram obrigados a se cadastrar por licitação. A cidade foi criada em torno do Mercado Municipal, que teve como primeira sede a Praça Tiradentes, seguida do Largo da Ordem - em frente ao chamado “Cavalo Babão”, no Centro Histórico. Ali acontecia o chamado “escambo” - troca de produtos. Dessa derivação, surgiram as feiras livres e também o mercado municipal, que hoje tem sede em frente à rodoviária.

parciais atingem 35%. Em contrapartida, a Câmara dos Vereadores alcançou em dezembro de 2018 a maior série histórica de transparência, desde o início da medição em novembro de 2012. Os indicadores atendidos representam 88% (22). As informações inexistentes caíram de 67% para 12%, em 2018, demonstrando uma mudança

positiva na transparência pública. O trabalho já foi reconhecido em 2017, com o Prêmio Paulista de Boas Práticas Legislativas, promovido pelo Movimento Voto Consciente, e em 2013 com uma menção honrosa por ficar em terceiro lugar na votação do público no prêmio de Stephan Schmidheiny - Inovação para a Sustentabilidade.

Flávio Rehme

C

riado em 2012, o Observatório Cidadão de Piracicaba tem como finalidade analisar as políticas públicas através de alguns indicadores que incluem a transparência, sustentabilidade e participação social. A secretaria-executiva do projeto é composta por entidades que trabalham para a realização do seu objetivo, incluindo a OAB Piracicaba, Pasca - Pastoral do Serviço da Caridade, Unesp - Universidade Estadual Paulista de Rio Claro, Pira 21, Casvi - Centro de Apoio e Solidariedade à Vida, Florespi - Associação de Recuperação Florestal da Bacia do Rio Piracicaba e Região, e Imaflora - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola. Bruno Vello, 29, é representante do Imaflora e mestre em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP). Ele explica que o Observatório Cidadão, por meio de cursos e oficinas, fomenta o interesse da população pela atuação do governo. O “olhar para as políticas públicas”, afirma Vello, pode impactar no seu resultado. Vello também esclarece que os membros do Observatório Cidadão fazem reuniões mensais para a discussão das próximas intervenções. A análise dos indicadores de transparência da Prefeitura de Piracicaba e

cachorros e chinelos customizados, mas descobri as bolsas térmicas de sementes”, conta. Após procurar a prefeitura, Eloiza começou a vender na Feira de Inverno e depois na Feira de Natal. Hoje possui uma barraca na tradicional feira do Largo da Ordem. Apesar do movimento ter diminuído os últimos tempos por conta de crise econômica, Eloiza diz que o trabalho dá um bom retorno financeiro. “A feira além de ter um ganho, distrai a cabeça, te tira da rotina e traz amizades, é bem diferente do que trabalhar em um escritório, para onde não quero

ramo do alimento, envolvendo cerca de 2 mil pessoas com emprego. “Essas feiras fortalecem o produto regional gerando renda para os pequenos agricultores e colocando à disposição das pessoas produtos de qualidade”, disse Luiz Carlos Maskow Junior, coordenador das Feiras da Smab. As feiras do ramo de alimentos são espalhadas pela cidade, de acordo com o tipo de produto: livres diurna e noturna; gastronômicas; direto da roça; feira do litoral; feira orgânica; entre outras. Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS), orienta o consumo de aproximadamente 400g diárias por pessoa de hortifrúti, porém a estimativa da Seab é de um consumo de 140g. “Trabalhamos com campanhas para estimular o consumo e as feiras são formas de oferecer os produtos à população de uma forma mais fácil por estarem nas ruas”, afirmou Junior.

Reportagem de Piracicaba (SP)

Transparência pública em foco

Observatório Cidadão Marcos fomenta interesse da SPALLINI sociedade piracicabana às políticas públicas

Bruno Vello faz parte da secretaria-executiva do observatório da Câmara de Vereadores é feita, em média, de seis em seis meses. No boletim mais recente sobre a prefeitura, publicado em dezembro de 2018, o observatório avalia o atendimento de um total de 23 indicadores do Portal da Transparência. Apenas 48% (11) das informações verificadas estão disponíveis, incluindo as receitas previstas e des-

pesas fixadas, diárias de viagens, salários dos servidores, imóveis alugados, entre outros. O Observatório Cidadão revelou que as despesas em tempo real, a declaração dos bens do prefeito, vice-prefeito, secretários e presidentes de autarquias, além da agenda e da renúncia fiscal, não estão disponíveis, representando 17%. As informações


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Tecnologia

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@TÁ NA WEB

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Nicole

BECK

Especial

Para não cair na fake

O

risco de cair em uma fakenews ou de compartilhar notícias falsas é grande na rede, ainda mais com o aumento da produção e circulação de informação na web. Para esclarecer dúvidas sobre o que é verídico ou não, a plataforma Fato ou Fake, que congrega diversos veículos do grupo Globo, faz apurações e checagem de conteúdos que estão na web e em redes sociais digitais. Os resultados são publicados no site dando as devidas explicações sobre

O que é fato e fake aí?

Confira o site com o Qr-Code

o resultado. Ou seja, quando estiver em dúvida sobre aquela notícia com manchete duvidosa, ou quando receber um link ou um conteúdo de familiares em grupo de Whats, passa antes no Fato ou Fake e confira para ver se está lá. Se encontrar no site como fakenews, copie o link e envie como alerta para quem está compartilhando notícias falsas.

Acesse o robô com o Qr-Code abaixo

Checagem no Twitter

A

“Aos fatos” é uma agencia especializada na checagem de fatos. Um diferencial deles em meio ao mercado de agências de fact-checking é o desenvolvimento de ferramentas automatizadas que permitam a análise de dados

A

primeira agencia dedicada estritamente ao fact checking no Brasil é a Agência Lupa. Uma das maiores referências latoniamericanas de checagem, a Lupa atua em parceria com grandes veículos como Folha de S.Paulo e Revista Piauí. A metodologia de checagem da Lupa é dividida em nove categorias que ajudam a tipificar as notícias ou informações verificadas. Entre elas podemos destacar as tags “exagerado”, “verdadeiro” e

Checagem nas eleições “ainda é cedo para dizer”. Com isso sabemos que a checagem é mais que apenas tipificar entre certo e errado uma notícia. Outro diferencial da Lupa são as campanhas específicas de checagem, como é o caso das análise eleitorais, ou ainda nas coberturas sobre informações sobre o Covid-19.

Use o QR-Code para acessar a Lupa

online. Este é o caso da robô do Twitter chamada @fatimabot, que tem por objetivo procurar informações falsas na mídia social e disparar, com a informação correta, o link como resposta. Para que assim todos que chegarem a noticia fake, tenham também acesso ao fato verdadeiro. Entre um tweet e outro, cole um link para sempre ficar por dentro do que é informação verdadeira ou o que é falsa na web.


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Ensaio fotográfico

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A cidade isolada

Cobertura fotojornalística da repórter Maria Eduarda Biscotto registra uma Curitiba fora do comum. Ruas sem carros, calçadas sem transeúntes, pessoas em isolamento completam um cenário de Curitiba em isolamento.

Ensaio de

Maria Eduarda

BISCOTTO

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