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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER - ANO VII- NÚMERO 51 – CURITIBA, NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2016 Helen Gutstein

págs.6 e 7

O comércio atrás das grades pág. 10

A nova realidade exige que o jornalista seja um profissional de múltiplas tarefas

Foto:Mariana Becker

págs. 8 e 9

Foto: Divulgação

Foto:Samia Martins

págs. 4 e 5

Técnicas como o entretenimento e a espetacula- Saiba como é o dia a dia e a cobertura de um grande acontecimento numa rádio de Curitiba rização chegam ao setor gastronômico


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Número 51– Novembro/Dezembro de 2016

OPINIÃO Ao leitor

Equipe Marco Zero

O Marco Zero

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Expediente

Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.

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A guerra fria sempre foi quente Divulgação

O fim de ano chegou e esta edição do Marco Zero está recheada de matérias especiais. Você vai conferir uma reportagem sobre as novas tendências no jornalismo. Mas já dá para perceber que, com as mudanças tecnológicas, os profissionais cada vez mais precisam se adaptar à realidade multimídia. Outro assunto, desta vez preocupante, é o crescimento dos assaltos em Curitiba e Região Metropolitana e os comerciantes estão investindo em proteção para manter as portas abertas. E que tal acompanhar o dia a dia de uma emissora de rádio? Veja uma reportagem especial de como é feita a cobertura de um grande acontecimento, como a operação Lava-Jato. Para terminar: o leitor sabe como é a vida dos imigrantes que vem para Curitiba tentar um futuro melhor? Veja então o perfil de um haitiano e de árabes que sonham com o futuro promissor na cidade. Ótima leitura e aproveitem bem esta edição.

Dr. Fantástico, de Kubrick, escancara o absurdo da corrida armamentista

Roberto Oliveira

Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Desde então, o mundo inteiro tem feito diversos questionamentos, que podem se resumir em uma única questão: e agora? A apreensão é global, e a humanidade só descobrirá os desdobramentos dessa história à medida que os fatos forem acontecendo. E toda a mídia, o que inclui a indústria do entretenimento, estará acompanhando de perto, como sempre, os principais acontecimentos envolvendo as estreitas relações internacionais que se desenrolarão daqui para frente. Em meio ao atual cenário político global, vemos, curiosamente, entre tantas nações aliadas aos EUA, a Rússia, hoje sob o comando de Vladimir Putin. Mas sabemos que essa relação nem sempre foi amistosa... Logo após a vitória dos Aliados sobre os nazistas, em 1945, o mundo sentiu o alívio pelo fim de sua segunda grande guerra. Porém, quase imediatamente, começava uma outra disputa, desta vez menos direta, sem conflitos armados, uma rivalidade de ordem muito mais psicológica, entre EUA e URSS, que também deixava as demais nações em constante suspense, com a desconfortável sensação de que uma nova frente de batalha pudesse ser formada a qualquer momento, o que acabou não ocorrendo, mas chegou muito perto de ocorrer. Na reta final desse conflito de ideias, muitos episódios contribuíram para aumentar a tensão entre os presidentes da vez, Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, até culminar na dissolução da União Soviética, dando lugar, novamente, à Rússia, em 1991. E qual foi o recorte que as artes, mais especificamente, o cine-

ma, fizeram em reação a esses anos tão paranoicos? Há centenas de filmes que abordam a Guerra Fria, muitos deles diretamente. Outros utilizam tal período histórico apenas como pano de fundo para ilustrar suas narrativas recheadas de fantasia. É o caso de filmes com espiões e agentes secretos durante o período. Pode-se até afirmar seguramente que aquele conturbado momento político tenha sido o auge da espionagem, embora, é claro, os “Edward Snowdens” estejam por aí a todo vapor nos dias de hoje. E espionagem é um tema que o cinema sempre gostou. O mestre do suspense Alfred Hitchcock deu a sua maior contribuição ao gênero ao lançar, em 1959, um de seus filmes mais memoráveis, Intriga Internacional. Já o cultuado agente secreto americano Jack Ryan, criação do escritor Tom Clancy, surgiu nas telas pela primeira vez em 1990, vivido por Alec Baldwin, no filme Caçada ao Outubro Vermelho, que trazia ainda Sean Connery como o inconsequente capitão de um submarino soviético que poderia ser o pivô para a quebra da tênue linha entre as duas maiores potências mundiais. É óbvio que, em se tratando de agentes secretos, e ainda mais aproveitando o gancho deixado pela citação a Connery, seria no mínimo injusto deixar de mencionar o mais popular de todos eles, James Bond, que está diretamente relacionado com a Guerra Fria, pois foi criado por Ian Fleming nos primeiros anos do período, em 1953. Além disso, o próprio Fleming foi um agente britânico na vida real. Entre as diversas – e mais absurdas – tramas do espião, a que melhor remete ao período é a segunda que foi levada às telas: Moscow Contra 007, lançado em 1963, um ano antes da

morte de seu criador. É curioso perceber como a cultura pop em geral cria mitos em torno de palavras e expressões. A simples menção a “soviético” já possuía uma conotação negativa, exceto, é claro, para os habitantes daquele país que, em teoria, nada tinham a ver com as ideologias de seus governantes. Assim como, durante o nazismo, havia alemães que não concordavam com todo aquele horror que estavam presenciando, da mesma forma que os muçulmanos não compactuam de maneira nenhuma com o extremismo dos grupos radicais que usam a religião como pretexto para seus atos lamentáveis. O fato é que a mídia, com seus produtos de entretenimento, acabou criando estereótipos para determinados povos, e os soviéticos inegavelmente estiveram nesse grupo. Mas se há um filme que traduz com exatidão a essência da Guerra Fria, e ainda acrescenta sarcasmo e ironia em doses certeiras, é Dr. Fantástico, de 1964, em que o gênio Stanley Kubrick (cuja filmografia é quase completamente formada por clássicos) escancara o absurdo da corrida armamentista, somado à ridicularidade da guerra com o objetivo de apenas inflar o ego das duas nações envolvidas. Peter Sellers vivendo três personagens ao mesmo tempo, a tensão crescente dos dois lados do Atlântico, as longas e nervosas conversações ao telefone do presidente americano (Sellers) com o líder soviético Dimitri (que nunca aparece), além, é claro, da inconfundível ambientação que Kubrick concebeu para o filme, preferindo filmar em P&B, evidenciando as sombras e investindo em planos abertos que valorizam a cúpula do Pentágono onde se sucedem as mais hilárias situações, tudo isso faz com que essa possivelmente seja a melhor sátira à paranoia americana durante a Guerra Fria. Hoje o mundo vive sob uma outra perspectiva, abalado com a incógnita acerca do presidente norte-americano recém-eleito. Um novo ciclo tem início. Sejam quais forem os novos desdobramentos que a política mundial irá tomar, estejamos certos de que as artes, a indústria cultural, o cinema, estarão lá para realizar, por meio da ficção, novas obras que farão menção aos próximos momentos históricos da nossa realidade que se anuncia. A julgar pela controversa postura de Trump, não será surpresa nenhuma se surgirem várias comédias pastelão ambientadas na Casa Branca.

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter

Diagramação: Luiz Eduardo Rocha

Uninter - Campus Tiradentes Rua Saldanha Marinho, 131

Coordenador do Curso de Jornalismo: Guilherme Carvalho

Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

80410-150 |Centro- Curitiba PR

Professores responsáveis: Mauri Konig e Roberto Nicolato

E-mail comunicacaosocial@grupouninter.com.br

Telefones 2102-3336 e 2102-3380.

Mariana Becker

O que você espera do novo prefeito de Curitiba? Eu não espero muito da nova gestão, não pela pessoa, mas pelo jeito que andam as Douglas coisas. SinceraTavares da mente, nenhum Silva, candidato ou Bancário candidata tem me dado esperanças na sua gestão. Várias promessas, coisas grandes, mas não tenho muita esperança. Não foi meu candidato, porém estou torcendo para que ele consiga fazer algo proveitoso e, principalmente, se fizer isso já estaria ótimo, conserte as ruas. Espero transparência e atitude. Que ele use sua experiência de longa data das melhores Eduardo maneiras possíSambay, veis, atendendo Designer principalmente Gráfico as coisas que são prioridades, como saúde, educação e infraestrutura.

Bruna Monteiro, Contadora

Espero que ele não detone a cidade e que melhore nossa qualidade de vida.

Na verdade eu esperava que ele não fosse eleito, mas assim, espero Leticia Stier, que ele cumpra Professora as promessas dele. Principalmente a da creche, das vagas e espero que ele não aumente a tarifa do ônibus.

Erramos A foto da capa que ilustra a matéria “Violência infantil”, da edição 50, do Marco Zero, é de autoria do estudante de Publicidade e Propaganda, Jabes Venâncio.


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PERFIL

O recomeço em uma nova pátria

Imigrantes chegam em Curitiba com a esperança de um futuro promissor. Thais Souza

Thais Souza

Thais Souza

Sorridente, comunicativo e pontual. Lá está ele com um jornal nas mãos no horário combinado. Yves Saint Clair, 33 anos, é mais um das centenas de haitianos que desembarcaram nas terras paranaenses. Parece seguir a regra de escoteiro de nunca andar sozinho, pois o cunhado fica pelas redondezas da praça nos observando. Com seu sotaque haitiano, questiona: “É para a escola que você vai escrever?”. Andando pelas ruas de O haitiano Yves quer continuar os estudos para lecionar. Curitiba é comum se deparar com grupos de haitianos falando entre o mundo estava conspirando con- Força de vontade si em um idioma diferente do por- tra Yves, na capital do Amazonas e Sem muitos recursos na capital patuguês: o crioulo. Essa demanda nada saiu como ele esperava. En- ranaense foi logo para a Agência de estrangeiros no Brasil foi de- tão, resolveu viajar para a capital do Trabalhador. Com dez dias provido a um terremoto que abalou e paranaense, onde já moravam al- curando emprego foi encaminhado destruiu praticamente todo o Haiti guns parentes. para um serviço. No ambiente de no começo de 2010. Muita gente Só depois de acomoda- trabalho sempre foi tratado com teve que deixar o país por causa do em Curitiba, ele resolveu cha- respeito, nunca sofreu preconceito dessa tragédia. mar a mulher para vir morar com algum. O patrão sempre o tratava Apesar ele. “Depois de um com gentileza e o questionava se da sua casa não ser Eu me ano eu pedi o visto estava tudo bem. Mas sente que atingida pela ca- desesperei, o para ela, mas ela os curitibanos têm certo receio tástrofe, Yves saiu é minha mu- com os haitianos. “Para mim todos país é pequeno não da cidade de Milher, só moramos são iguais, mas eu sinto que aqui ragoâne em 2013. e estava quase juntos. Depois no Brasil tem muito preconceito”, “Eu me desesperei, eu vou casar com comenta. tudo em ruínas. ela”, explica. o país é pequeno e Yves relembra que a comestava quase tudo Há dois anos pela panheira dele já passou por situaem ruínas, as famílias sem lares e cidade, Yves vem tentando levar ções bem constrangedoras. Em um um desastre ambiental a gente não uma vida normal. Conta que já shopping da cidade foi contratada pode evitar. Eu estava muito triste, fez o Enem (Exame Nacional do para trabalhar como auxiliar de coentão resolvi mudar”. Foi assim Ensino Médio) duas vezes, pois zinha. Ela trabalhou por um ano e que ele resolveu vir para a Améri- seu maior objetivo é continuar quatro meses e o contratante atraca Latina. estudar. Ele ainda tem certa di- sou três salários. Yves ficou furioso Passou pela Venezuela ficuldade para se comunicar, mas e pediu para ela sair do trabalho. com a intenção de estudar, mas a vontade de Yves em voltar para “Ela trabalhava muito e não receber não deu certo. “A Venezuela es- uma universidade é muita clara, por isso é muito revoltante e ela estava em crise na política, eu não pois várias vezes durante a con- tava grávida da nossa filha”, conta. tive chance de começar nada”, versa ele diz querer terminar os Para o Haiti ele quer ir recorda. Yves resolveu vir para o estudos. “Estudei Biologia e dei somente para visitar os parentes Brasil, foi a Manaus onde a irmã já aula por sete anos, quero conti- que ficaram no país. Apesar das diestava morando. Mas parecia que nuar a ensinar”, comenta. ficuldades tenta ajudar como pode a mãe que ficou no país enviando alguma quantia de dinheiro. Yves não recebe nenhum beneficio aqui no país. Mesmo do pai que é aposentado e está na França, ele prefere não pedir nada. “Meu pai pergunta se eu preciso de alguma coisa, mas eu respondo que está tudo bem”, esclarece. Ele não quer preocupar a família. Quer ser o responsável pelas suas escolhas. Apesar de nunca esquecer o país natal espera continuar em Curitiba. “Aqui eu quero continuar estudando para aumentar o conhecimento. Eu gosto de estudar, com estudo eu consigo melhores oportunidades e depois fazer um concurso e garantir um bom futuro para minha família”, completa. Ele sente que os curitibanos são muitos preconceituosos

Imigrantes pretendem visitar os países onde moravam, mas não voltar a morar.

Parceria árabe com receitas vindas do outro lado do Brasil “Sobre a política da Síria eu não gosto de falar. Não falo para me preservar e preservar minha família que está no país”. Foi assim que Taraq Dabour, 40 anos, começou a conversa. Sobre a guerra, ele só pode pedir paz. “Eu mantenho a relação pacífica com todos”, relata. A dificuldade em conversar com o sírio é grande. Logo o rapaz que estava atrás do balcão oferece ajuda para intermediar a conversa. Entre o português e o idioma árabe a conversa vai fluindo. Mesmo Taraq vindo antes de estourar a Guerra na Síria não gosta de conversar sobre o assunto. Do que ele gosta mesmo de falar é sobre sua especialidade na cozinha. Sorridente, ele comenta sobre seus diversos doces que estão no balcão e faz questão de mostrar todos. Pede-me para provar um. Quando chega a vez de exibir o doce com recheio amarelo a voz se eleva: “Esse é Damasco, também é o nome da cidade onde nasci”. A cliente que chegou pediu uma breve explicação sobre os quitutes. Ele sem preguiça alguma aponta e esclarece todas as perguntas da moça. Tem muito orgulho do que faz. Aproveita a ocasião para mostrar um vídeo gravado uns anos atrás. Na televisão, ele exibe a premiação por construir a maior fileira de doces do mundo. Quando aparece o local onde morava, ele aponta e meio saudoso explica ser a cidade que vivia. “Damasco, ali é Damasco, onde eu morava!”, enfatiza. Chegou aqui em Curitiba há seis anos. Na época foi convidado por alguns brasileiros para levar suas especialidades culinárias em uma feira na capital paranaense. Ele relembra que trouxeram containers cheios de doces e ingredientes para revender. Depois

que a feira acabou resolveu ficar morando pela capital. Trabalhou por algum tempo com conhecidos e há dois anos resolveu começar uma sociedade com um amigo, o tradutor da nossa conversa. O sócio é libanês. Juntos eles atendem uma lanchonete árabe, no centro da cidade. Hossan Ataya, 43 anos, fala fluentemente o idioma local. Está no Brasil há 19 anos. Primeiro chegou ao Estado de Santa Catarina, veio para o Paraná e depois São Paulo. Repetiu o ciclo e estacionou em Curitiba. Veio para trabalhar com familiares que estavam lidando no comércio. Aliás, trabalhar em família é algo que Hossan faz desde criança quando cultivava a horta de casa. Depois se alistou no Exército, mas não quis seguir a carreira militar. Estudou Ciência da Computação e mais um ano de Direito. Mas mesmo depois de tantas escolhas o que ele prefere é a cozinha. Das 8h as 20h, eles se revezam entre fazer doces e salgados, atender o balcão e servir os clientes. Sempre sorrindo e brincando entre eles, deixam claro que amam o que fazem. Quanto aos curitibanos não tem reclamação. “O Brasil é muito legal, muito amigável”, comentam. Até os 60 anos de idade eles pretendem ficar por Curitiba. Querem divulgar e vender muito seus doces e salgados. Depois, quem sabe, passear pela Síria e Líbano. Só passear. Thais Souza

Doce de Damasco é um dos quitutes mais procurados


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Um novo tempo para o jornalismo O multimídia é a realidade que os novos profissionais precisam se adaptar Foto:Samia Martins

plataformas, tendo como diferencial a formação e a apuração mais Fernando aprofundada. Se é que existe apuAlbuquerque ração realmente aprofundada. Tornou-se obrigação do jornalista acompanhar e compreender José o desenvolvimento tecnológico. Valdeci Essa busca pelo conhecimento não se refere apenas a fazer uso de computadores, notebooks, smartphones e outros aparelhos Samia eletrônicos. Relaciona-se, tamMartins bém, em entender como e quando esses equipamentos podem São seis horas da manhã. ser ferramentas de trabalho. O Carlos não costuma chegar tão profissional que não se adequa à cedo na redação, mas hoje foi ne- utilização das múltiplas plataforcessário. Após uma passagem rá- mas digitais disponíveis hoje está pida no acervo, alguns novos re- em processo de extinção. Ou, no cortes são trazidos e juntados aos mínimo, será deixado em algum muitos outros. Pensa. Logo mais, canto para assistir a evolução da às nove horas, haverá reunião de espécie acontecer bem diante dos pauta. O chefe da redação, impa- seus olhos nostálgicos. O Núcleo de Estudos sobre ciente, cobra um desfecho imeTransformações no Mundo do diato da reportagem. Tudo é e foi Modernidade muda o ritmo das produções jornalísticas em todo o mundo Trabalho da Universidade Fedifícil neste processo. Algumas centenas de quilômetros de via- deral de Santa Catarina (TMT/ sentadas, estão as particularida- ta se o mercado de trabalho exige que “a notícia chega quase que gens em busca de provas. Confiar Ufsc), em parceria com a Fede- des dos jornalistas que atuam na do profissional essas múltiplas instantaneamente a qualquer ponto funções? Para compreender o da Terra, dando de 7 a 1 no jornaou não na fonte? Será que este é ração Nacional dos Jornalistas mídia. (Fenaj), desenvolveu a pesquisa Segundo o estudo, esses pronovo modelo de trabalho, é ne- lismo impresso”, compara. o caminho certo? A máquina de “Perfil profisfissionais eram cessário relembrar como eram Entendendo isso, há dois lados escrever não para. Mergulhamos numa sional do jornacontratados, soas antigas redações e o processo a serem vistos: as várias oportuniEste é um cenário que não lista brasileiro”. bretudo, como de mudanças que a tecnologia dades para o novo jornalista que espécie de Torre existe mais. Pelo menos não desEssa pesquisa repórteres ou inaugurou. Para isso, Francisco logo intrega-se no mercado de trate modo. O ambiente jurássico da de Babel, agora contou com a editores, mas Camargo, que foi chefe de reporbalho e a adaptação àquilo que os redação ficou em algum lugar na eletrônica. p a r t i c i p a ç ã o atuam em, pelo tagem, no jornal O Estado do Paveículos de comunicação exigem “Era Pré-internet”. E, agora, nos voluntária de menos, duas raná; pauteiro, editor e chargista, do profissional. Por outro lado, dias atuais, os jornalistas se depaFrancisco Camargo 2.731 jornalistas ou três áreas: a partir de 1993, na Gazeta do pode ser um ponto negativo para ram com um grande desafio: o de Jornalista de todas as rer e p o r t a g e m : Povo, e integrante da comissão os jornalistas que estão há mais acompanhar e transmitir, em tem84,3%; redação: julgadora nacional do Prêmio tempo na profissão e até então não po real, todos os acontecimentos. giões do Brasil, que responde83,1%; pro- Esso de Jornalismo, em 2005, usavam tais ferramentas. Em meio a grande quantidade de ram a um questionário online. dução de pautas: 70,6%; edição: 2008 e 2009, apresenta esse antiGuilherme Carvalho, que informação que jornalistas e pesVeja, uma pesquisa como esta 67,9%; fotografia: 35,4% e outras: go processo: “A rotina era puxaé professor e coordenador do soas comuns produzem, o desafio seria praticamente inviável há 71,1%. da. A velha luta contra o relógio curso de Jornalismo no Grupo deste profissional está centrado pouco tempo atrás. Mas, afinal, como estar prepara não atrasar o fechamento e, Uninter e membro do Sindicaem utilizar todos os recursos que Entre as características apreparado para atuar como jornalistambém, para conseguir uma máto dos Jornalistas no Paraná, estão disponíveis nas múltiplas quina de escrever disponível”, no Conselho Fiscal, apresenta relembra o jornalista. um contraponto em relação a Na época em que os com- Camargo. Apesar de mais novo putadores foram implantados e de estar imerso na realidade nas redações, em 1993, Ca- tecnológica, Carvalho mostra-se margo trabalhava na Gazeta do pessimista em relação ao ritmo Povo e conta: “Paralelamente, a acelerado dos veículos de comuredação, a revisão e o setor de nicação e do trabalho do jornaimpressão eram treinados com lista. aulas práticas: os computadores, “No meu ponto de vista é imensos, faziam um barulho es- um problema, pois o jornalista tranho quando ligados”, conta precisa se preocupar com várias sobre o que são as novas tecno- coisas ao mesmo tempo. Não logias no jornalismo diante dos que isso determine um trabalho meios tradicionais. mal feito, mas as chances de Camargo afirma que as novas erro são maiores, porque o protecnologias vieram para ajudar. “É fissional vai estar preocupado um alívio diante do sufoco diário com uma série de coisas e não imposto pelo (rigoroso) horário apenas com uma”, questiona. para a entrega de matérias”, avalia. Confira a entrevista compleRedação da Gazeta do Povo atualmente adaptada às novas mudanças no ramo jornalístico O jornalista é otimista e diz ta na página seguinte. Foto:Samia Martins


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“O jornalista precisa ser bom em tudo” Professor e ex-presidente de sindicato fala sobre os novos tempos da profissão O professor e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindiJor), Guilherme Carvalho, responde às dúvidas de estudantes que estão na reta final da universidade com a pretensão de ingressar no mercado de trabalho. Ele apresenta o que o Sindijor faz para regulamentar essa sobrecarga e expõe o que as faculdades estão se dispondo a fazer para acompanhar as exigências dos veículos de comunicação. MARCO ZERO - O que o mercado de trabalho espera dos alunos que saem da faculdade? GUILHERME CARVALHO - Considerando o perfil que temos encontrado nas redações, os alunos que estão saindo da faculdade e, ainda, uma série de pesquisas que já estão sendo feitas sobre esse cenário atual, que pode ser considerada uma crise para o jornalismo dito “tradicional”, o que tenho percebido é que o mercado não é mais de redação, então não é possível contar com um emprego na redação do impresso, na redação do rádio, da TV. Hoje, temos uma série de opções, sobretudo no meio da assessoria de imprensa, nas iniciativas de grupos de jornalistas que se unem para fazer um site, para fazer seus próprios projetos. Essa é uma novidade que nos coloca em um ponto de vista otimista com relação ao futuro do jornalismo, porque com a internet há uma redução dos custos de produção e distribuição dos conteúdos que permitem que esses profissionais também sejam inseridos no mercado jornalístico. E esse perfil é do jornalista jovem, “antenado” com essas mudanças e adaptado com essas tecnologias que temos vivenciado nos dias de hoje. MZ- O que as universidades fazem para que os alunos da graduação compreendam as mudanças e exigências dos veículos de comunicação? GC- Penso que um passo importante que foi dado nesses últimos anos, mais especificamente em 2013, foi a aprovação das novas diretrizes curriculares para os cursos de jornalismo. Um dos grandes dramas das escolas – e essa é uma questão histórica dos cursos de jornalismo do Brasil – é o fato de que os cursos de comu-

po. Não que isso determine um trabalho mal feito, mas as chances de erro são maiores, porque o profissional vai estar preocupado com uma série de coisas e não apenas com uma. E, apesar das críticas, não vejo uma alternativa diferente, me parece que esse é um caminho sem volta. O que precisamos debater é o limite disso ou até onde o jornalista será multitarefa. Precisamos controlar a multitarefa dentro das cinco horas, que é a jornada estipulada, ou remunerar o profissional pelo tempo a mais que trabalhará. É necessário Professor e coordenador do curso de Jornalismo, Guilherme Carvalho que sejam estabelecidas normas nicação eram muito técnicos ou vezes, sobrecarregado com a utili- para esse trabalho do profissional muito teóricos, ou seja, os alunos zação de um mesmo profissional multitarefa. E essas normas precisam estar tinham disciplinas técnicas ou para várias tarefas? em convenção coletiva, em leteóricas: não havia uma conversa entre teoria e prática. E o que as GC- No tempo em que traba- gislação trabalhista, até porque a novas diretrizes estão propondo lhei na presidência do Sindicato, a nossa Legislação é de 1946 e preé justamente a mudança desse política era de que o jornalista fos- cisa ser revista e não é uma reviparadigma para que seja criado se remunerado e de que houvesse são para rebaixamento, ela precisa um ensino com um novo olhar um controle de trabalho, mas sa- ser uma revisão prevendo essas crítico sobre o jornalismo. As bemos que a realidade do mercado condições novas de trabalho que escolas e os professores já estão de trabalho é totalmente diferente. incluem as tecnologias e a lógica com a mentalidade de que o que Por exemplo, quando temos mui- atual de funcionamento do mercaé discutido na faculdade esteja tas pessoas desempregadas e que do de trabalho. ancorado na realidade e o que possam ocupar um mesmo lugar MZ- Dê uma dica para os aluestá sendo aplicado no mercado em um veículo de comunicação, a de trabalho venha ser aplicado tendência é de que a pessoa rebai- nos que estão prestes a ingressar em sala de aula. xe suas condições para poder dar no mercado de trabalho. conta do trabalho, pelo medo de GC- Os novos jornalistas MZ-. O que é o profissional ser substituído. Afinal, o dono de precisam entender um pouco de multitarefa? veículo de comunicação sabe que tudo: diagramação, vídeo, jornase aquele profissional não fizer o GC- Esse é um dilema. O que é pedido, existe um outro pro- lismo investigativo, jornalismo no rádio, quer dizer, precisa existir mercado e a estrutura das reda- fissional disposto a fazer. um conhecimento amplo de todas ções estão alicerçados dentro dessa perspectiva, ou seja, precisa-se MZ- O Sindicato determina as áreas de atuação do jornalisde um jornalista que consiga dar que os jornalistas cumpram uma mo. O jornalista atual precisa ser conta de várias coisas ao mesmo rotina de trabalho estipulada e, bom em tudo, mas muito bom em tempo. Minha trajetória como jor- em contrapartida, os veículos uma coisa específica, buscando nalista prático foi, na maior parte de comunicação exigem que os especialização. Isso inclui não só do tempo, com jornalismo sindi- profissionais trabalhem em mais o domínio técnico, mas a comcal e, contraditoriamente ao que de uma função, utilizando mais preensão da responsabilidade do se propõe no sindicato, o que vi, de uma plataforma para produ- profissional, da questão ética do nessa trajetória, foi esse proble- ção. Você é otimista em relação jornalista: esses são elementosfundamentais para que se forme um ma: um jornalista que precisava a discussão das multitarefas ou bom jornalista e, sobretudo, para dar conta de um trabalho de as- é necessário que o mercado de que o jornalista tenha resguardado sessoria, fotografar, editar, dia- trabalho se adapte às leis trabao que ele tem de mais valor na sua gramar, uma série de tarefas que lhistas? profissão, que é seu próprio nome. eram acumuladas. Precisamos prezar pela nossa imaGC-No meu ponto de vista gem como profissionais, porque MZ- Como o Sindicato dos é um problema, uma vez que o isso é o que vai dar credibilidade Jornalistas do Paraná age sobre o jornalista precisa se preocupar e jornalista sem credibilidade está trabalho jornalístico que é, muitas com várias coisas ao mesmo tem- fadado ao fracasso. Foto:José Valdeci

O que eles pensam sobre o assunto? Os alunos do 8º período responderam o que consideram ser o diferencial para entrar no mercado de trabalho, que exige do profissional multifunções

Precisamos nos capacitar. Nossa geração já nasceu com as habilidades de escrever, foCamilla Pedroso, 20. tografar, filmar Estudante de e, se aplicarJornalismo mos isso no mercado de trabalho, teremos o diferencial.

Você não precisa ser o melhor em tudo, mas precisa saber fazer tudo e, pelo menos, ser muito bom em alguma coisa. A vontade de fazer e aprender são fatores fundamentais.

Willian Martins, 22. Estudante de Jornalismo

Thaise Oliveira 23. Estudante de Jornalismo

Creio que no momento a disponibilidade seja algo que muitos buscam para ter um passo à frente da concorrência.

É preciso se especializar, pois estamos em uma “Era” que demanda agilidade. Não podemos ficar Alice Eduarda, totalmente de- 20. Estudante de Jornalismo pendentes dos outros profissionais.


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Falta de segurança coloca comerciantes atrás

Lojistas de Curitiba e Região Metropolitana precisam investir em proteção para man não resolve. A gente com a grade tem medo!”, desabafa o comerFernanda ciante. A mercearia de Isaías fica Bueno fechada o dia todo com a grade. Quando o cliente chega, pode abrir e entrar, fechar a grade novamente Helen e fazer suas compras. Gutstein Atualmente, o efetivo total de policiais militares do Paraná é de 20.314 (homens e mulheres), disQuando a segurança pública tribuídos nos 399 municípios do não cumpre com o seu compro- Estado. Esse número representa, misso, que começa na prevenção e aproximadamente, um policial se for necessário até o tratamento para cada 555 moradores. Contudas causas e reparação do dano, do, tanto Carla quanto Isaías relaa ineficiência gera gastos à popu- tam que veem a viatura da Polícia lação, empresas e comerciantes. Militar passar no bairro uma vez a A insatisfação das pessoas com o cada dez ou quinze dias. Afirmam setor público acaba tendo como que na, maioria das vezes, é aos consequência ações dos próprios finais de semana. Moradores do moradores para tentar evitar a ação bairro confirmam a informação. Nilséia Santos mora há 13 anos dos bandidos. no bairro e trabalha como babá em Com o aumento da criminaliCuritiba. Relata que não só no dade, comerciantes procuram forJardim do Estados, mas percebe a mas de tentar evitar os assaltos, falta de segurança em outros bairmesmo que para isso eles próprios ros por onde passa. “Os assaltantenham de ficar atrás das grades. tes têm outros meios de entrar em Além da contratação de segurança uma casa ou prédio. Enquanto um privada, em Curitiba e Região memorador abre o portão, eles podem tropolitana, existem alguns bairros em que os comerciantes aderiram entrar”, comenta Nilséia. Foi exatamente isso que ocortambém a oureu com a setras formas de Atualmente, o gunda secretáproteção. Um ria do Conseg deles é o bairro efetivo total de Pilarzinho Jardim dos Espoliciais militares do (Conselho Cotados, em PiParaná é de 20.314, munitário de raquara, onde Segurança), comerciantes distribuído nos Juliana Marusam grades 399 municípios do tins Pereira. na entrada do Ela relata o comércio para Estado acontecimense proteger. to de um mês A comeratrás em que o marido foi abrir o ciante Carla Ribeiro de Souza, portão para o cunhado e os bandi18 anos, comenta que a mercedos desceram de um carro dando aria da família é fechada com a voz de assalto. Entraram na casa e grade a partir de 18h. Quando surpreenderam ela e as duas filhas. algum cliente aparece, dependendo do pedido, pode ser aten- O vizinho percebeu a movimentadido do lado de fora do comér- ção, chamou a polícia e começou cio. “Eu acho que se o ladrão a ligar para o celular de Juliana. quer roubar, ele rouba. Mas a Quando os ladrões perceberam gente tenta (evitar) pelo me- a ligação, fugiram levando o dinos”, afirma Carla, insatisfeita nheiro das carteiras, as joias e os com o policiamento do bairro. A celulares. Juliana conta que quando a pojovem se recorda de uma briga lícia é acionada por um morador do que teve em frente ao seu cobairro, ela demora a vir e isso aconmércio em que a polícia chegou tece pela falta de viaturas e efetivos somente uma hora e meia depois das polícias Militar e Civil. “Faltam de acionada. investimentos na área da segurança A três quadras da mercearia da pública e, por isso, a população se Carla, Isaías Bispo da Silva sofre vê desprotegida”, afirma a secretácom a mesma situação. Ele relata ria. Apesar do susto e da perda de que a falta de segurança no bairalguns pertences, Juliana agradece ro é resultado de três assaltos em ao vizinho por não ter sofrido conum ano sem o comparecimento da sequências piores. polícia. “Por isso não adianta falar,

Moradora da Região Metropolitana de Curitiba faz seu pedido do lado de fora da mercearia porque comerciante

Prevenção contra empresas piratas

Com o aumento da população e a falta de segurança a procura por serviços privados cresceu nos últimos anos. Com isso, ações preventivas apareceram para evitar problemas. Em razão do elevado grau de responsabilidade destes serviços, as atividades de segurança privada são controladas e fiscalizadas pela Polícia Federal, órgão do Ministério da Justiça. Além da fiscalização que a Polícia Federal realiza, o Sindesp criou uma cartilha especificando o que é a segurança privada e formas de descobrir se a empresa contratada está dentro dos padrões exigidos. Veja quais são as atividades da segurança privada.


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das grades

nter portas abertas. Fernanda Bueno

Segurança eletrônica cresce à taxa de 6% ao ano

se sente ameaçado em trabalhar sem a proteção das grades

Faturamento do segmento de seguraça eletrônica A média anual de crescimento do setor no país de 2011 a 2015 foi de 9%. Esse aumento ocorreu devido à área da segurança eletrônica ter investido intensivamente em tecnologia, capacitação e capacidade produtiva, melhoria da qualidade, entre outros aspectos, ocupando o espaço aberto no mercado. Com todo esse investimento, o segmento conta com 220 mil empregos diretos em 22 mil empresas e 2 milhões de vagas indiretas.

Cuidados

Procurar uma empresa: - idônea, legalmente constituída; - compromissada com o pós-venda. - que envie um consultor técnico ao local da instalação para fazer a análise de riscos do local; - com bom referencial de outros clientes/imóveis - com equipamento, preço e serviços prestados que correspondem ao planejado.

Mesmo com a crise econômi- do nosso bairro”, relata. ca no país, o mercado de sistemas O Conseg atua desde 2003 e eletrônicos de segurança continua recebeu sua primeira Carta Conscrescendo. O faturamento em 2015 titutiva em 2005. A implantação foi 6% maior que em 2014, atin- foi feita baseada em estudos, no gindo R$ 5,4 bilhões. E de acordo planejamento das atividades do com a Associação Brasileira das conselho, contexto da segurança, Empresas de Sistemas Eletrônicos educação e projetos sociais. Esse de Segurança (ABESE) há uma sistema tem o intuito de desenvolgrande expectativa para 2016. O ver nos jovens o interesse sobre principal fator que impulsionou assuntos de segurança pública e o o crescimento foi envolvimento eno menor investitre os municípios, mento no setor dos para desenvolver o governos federal, projeto e resolver estadual e municiproblemas com a pal, que estimulou segurança. investimentos parApós Julia ticulares. compreender o Julia Martins projeto e sentir Pereira, segun- Julia Pereira, na pele a falta de da secretária do secretária do Conseg segurança junto Conseg Pilar- Pilarzinho. com outros vizizinho, relata o nhos, desenvolaumento da vioveram um sistema lência em sua região e como para controle das casas entre eles começou a participar do Conse- mesmos. “Colocamos placas do lho Comunitário de Segurança. projeto vizinho solidário do Con“Acabei começando a frequen- seg Pilarzinho nas nossas casas. tar as reuniões, pois têm acon- Para mostrar aos bandidos que tecido muitas ocorrências em estamos organizados e que um nossa região. Então eu e alguns vizinho cuida do outro. Fizemos vizinhos entendemos que era reuniões e decidimos implantar a hora de começarmos a nos mo- sirene comunitária que é rateada bilizar, a participar do Conseg entre os vizinhos e instada uma

Para mostrar aos bandidos que estamos organizados e que um vizinho cuida do outro.

por quadra. E cada um fica com um controle remoto pra acionar em caso de perigo. Tem a sirene que só faz ruído e outra que fala: ‘casa sendo invadida, segurança sendo acionada’”, comenta. Os moradores usam um aplicativo, o Whatsapp. Quando um vizinho se sente ameaçado ou nota algo estranho, aciona a sua sirene e manda uma mensagem no grupo relatando o ocorrido. “Em seguida todos acionam suas sirenes espantando os ladrões”, relata Sandra Mara Dias Pedicino, moradora da região do Pilarzinho. De acordo com os moradores, as viaturas demoram muito para chegar, isso quando aparecem. Foi por isso que mesmo a sirene sendo acionada com o indício de perigo, os vizinhos não chamam mais a polícia, porque o barulho afugenta os ladrões. No Brasil, cerca de 85% do consumo de equipamentos de segurança eletrônica são originários do mercado não-residencial (indústrias, bancos e comércio). O mercado residencial apresenta grande potencial no Brasil porque somente 15% das residências brasileiras utilizam sistemas eletrônicos de segurança.


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ESPECIAL

Observação mostra bastidores do rádio Foto: Mariana Becker

Visita revela o dia a dia da produção jornalística, ainda mais movimentada Denise Becker

Atualmente, o profissional do rádio precisa estar adaptado às diversas ferramentas de trabalho.

nal que a transmite deverá ter a habilidade para interpretar, dar um colorido especial à notícia, permitindo o entendimento do ouvinte. O maestro ao comandar a orquestra passa aos músicos o ritmo da música, o conteúdo, por meio de gestos. Ele é o intermediário entre o compositor e os profissionais que tocam os

instrumentos, o que exige atenção e sensibilidade especiais. O repórter de rádio se assemelha ao maestro: é o intermediário da notícia com o objetivo de informar o ouvinte. A sincronia entre as mãos, voz e olhos faz de Harmata o maestro do noticiário. Ele aciona a mesa cheia de botões com uma das mãos, a outra controla o mouse. Olhos Foto: Mariana Becker

Era uma tarde ensolarada do dia 20 de setembro de 2016. O relógio na parede marcava 13 horas quando o repórter chega ao estúdio da Band News FM, em Curitiba. Sua prioridade naquele momento: atualizar o “manchetão”, texto em Word com os fatos recentes a serem noticiados. Nessas manchetes estão as notícias mais “quentes” que a emissora informa ao ouvinte a cada 20 minutos. Entre uma janela e outra abertas no computador, Felipe Harmata Marinho se prepara para entrar ao vivo com o noticiário atualizado. Nesse momento, ele precisa ter muita atenção, pois o noticiário da rede, a emissora em São Paulo e outras capitais, entram ao vivo simultaneamente para dar informações locais. Algumas vezes, a programação local é interrompida para a entrada da Band News São Paulo em rede nacional. Ele precisa estar atento. O repórter de rádio é aquele que empresta a voz ao ouvinte. A voz é sua ferramenta de trabalho e dela parte boas e más notícias. O rádio é um meio de comunicação que atinge um número muito grande de pessoas, a informação nesse meio precisa ser clara e precisa e o profissio-

Dos 19 anos de profissão da jornalista Lenise Klenk, oito foram em rádio.

fixos nas duas telas de compu- novas para o ouvinte. tador, faz a leitura ao vivo das As repórteres repetem o proinformações do trânsito na ca- cedimento do âncora da tarde, pital, enviadas pelo ouvinte no Harmata, e vão logo observar WhatsApp da rádio. o manchetão. Lenise e Thaíssa Naquela tarde atípica e são as jornalistas que se revequente para Curitiba, conheci- zam na cobertura da Operação da como a capital mais fria do Lava Jato. Entre uma conversa e país, Harmata comenta no es- outra, os comentários são de que túdio que o dia não há fato estava fraco. novo.Thaís“O jornalista é “A notícia mais sa se prepara condutor da quente até agopara entrar em ra é a separação rede nacional informação pelo de Angelina Joe atualizar o texto, palavra, lie e Brad Pitt”, noticiário sodiz em tom de bre a greve imagem e som. brincadeira. Do dos bancários - Alberto Dines, mesmo modo que completaJornalista que o clima na va 15 dias. Na capital é instásequência, envel, e muda rapitram anúncios damente, assim são as notícias. publicitários, retorna o âncora Uma emissora de rádio é a informar sobre o clima na cacomposta por repórteres, edito- pital, o horário, atualiza o trânres e estagiários que intercalam sito novamente e assim segue a períodos de trabalho. Equipes programação de uma emissora se dividem entre os turnos da de rádio, desde que nada novo manhã, tarde e noite. Naquela aconteça. tarde, começava a chegar ao esO clima no estúdio é muito túdio as repórteres Lenise Klenk agradável. Entre uma notícia e e Thaíssa Martiniuk. As duas outra, eles falam da vida, conjornalistas atuam dentro e fora tam histórias divertidas, contam da rádio, buscando informações o que comeram no almoço, ou-


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e o impacto de uma grande notícia pela cobertura da Operação Lava Jato, em emissora de Curitiba. tro afirma que não comeu e está com fome. Lorena Pellanda entra no estúdio, entrega algumas anotações a Harmata, dá instruções e se despede de todos dizendo que retornaria na manhã seguinte.

Bastidores da Lava Jato

Dentro de uma redação ocorrem os plantões de notícias e quando há uma cobertura grande a ser feita, juntam-se todos os repórteres. É o caso da Lava Jato. Quando surge uma nova operação, o Ministério Público e a Polícia Federal costumam dar entrevistas coletivas ou fazer pronunciamentos. Nesses casos, a equipe da rádio se divide para acompanhar a cobertura e transmitir ao vivo. Novos fatos sobre a Operação Lava Jato costumam parar os meios de comunicação. É notícia “quente”, como costumam chamar os jornalistas. No estúdio da Band News FM onde são realizadas as transmissões de rádio, naquela tarde estavam o âncora que apresenta o programa da vez, três repórteres, o estagiário e um social-media que atualiza as informações nas páginas da rádio. Sobre as mesas, jornais de todo país ajudavam a compor o cenário. Na parede, uma televisão disposta bem ao centro do estúdio para que todos tenham visibilidade e

acompanhem o noticiário. Eis que surge na tela da TV o repórter Douglas Santucci, anunciando ao vivo que o juiz Sergio Moro poderia aceitar ainda naquele dia a denúncia contra o ex-presidente Lula. O Ministério Público Federal havia apresentado denúncias contra ele na semana anterior. Todos no estúdio param o que estavam fazendo para assimilar ao que Santucci havia informado. Foi aí que o alvoroço se deu na redação. - Como ele pode entrar dando essa informação? Não tem nada certo, é apenas especulação - diz Lenise. - Você está sabendo de alguma coisa, Thaissa? - pergunta ela à colega que, sentada ao seu lado, já segurava o telefone para checar as informações. - Não sei de nada! É só especulação, não tem nada, não tem nada - respondeu Thaíssa. O silêncio tomou conta do estúdio. Só se ouvia o barulho dos dedos nos teclados dos computadores.Todos ao mesmo tempo digitavam apressadamente em busca de confirmações. As duas repórteres já haviam aberto o e-proc, um sistema que permite acompanhar as deliberações dos processos da Justiça Federal. Quando o juiz decide sobre algum processo, entra automati-

Consumo entre os brasileiros 89% DAS PESSOAS ESCUTAM RÁDIO NO BRASIL

5 K a n t a r

BILHÕES DE REAIS EM INVESTIMENTO PUBLICITÁRIO

i b o p e

m e d i a

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camente nesse sistema. Somente jornalistas ou pessoas cadastradas e autorizadas recebem um login e senha para acompanhar. O sistema é acessado por jornalistas em todo o país. É uma disputa para ver quem vai “dar primeiro a notícia”. O silêncio é rompido pelos telefones que começaram a tocar. A rede nacional liga para o âncora da rádio cobrando notícias, pois haviam acabado de ver na televisão o anúncio de que o juiz Moro aceitaria a denúncia do MPF contra Lula. A rede ainda não havia recebido nenhuma confirmação de Curitiba. Harmata responde à pessoa que aguardava do outro lado da linha: - Também ouvimos o Douglas dar a informação. Nós estamos apurando, mas não temos nada concreto - enfatiza. Ele solta o telefone com um ar de preocupação. Essa notícia da TV havia deixado todos agitados. - Você já confirmou com sua fonte, Thaíssa? - perguntou Harmata. - Sim, falei. Não abriram nada, parece que são boatos. Não há nenhuma movimentação sinalizando que o Moro vai soltar hoje - respondeu Thaíssa. - Mas você sabe que ele (Moro) não tem hora para tomar decisões. Essas coisas são imprevisíveis - disse Lenise. - Não podemos afirmar nada, não temos nada - completa Thaíssa. O telefone tocou novamente. Harmata atendeu. Alguém do outro lado queria confirmação para a notícia dada pela TV. - Pois é, ele deu na TV, mas não temos nada concreto. É a suposição da suposição. Se eu souber de algo concreto, passo para vocês. Eu não tenho ideia de onde ele tirou essa informação. Não sei quem é a fonte dele - explicou Harmata ao telefone, referindo-se à notícia dada pelo repórter da TV Band. Lenise e Thaíssa deixam o estúdio e dirigem-se para uma sala ao lado. As duas foram aos telefones apurar informações, ligar para suas fontes e tentar encontrar algo concreto e seguro para informar. Nesses momentos de checar informações é comum que o repórter confira e

monitore outros portais de notí- o aguardam. Ele é professor em cias na internet. São momentos uma universidade. tensos em busca da notícia. É o compromisso do jornalista em No caminho de informar de forma mais clara e volta para casa correta possível. A observação sobre a rotiAs horas foram passando e na em uma redação de rádio foi a confirmação não chega. Enencerrada. No caminho de casa, quanto isso, o repórter da TV já havia entrado outras vezes afir- dirigindo o carro, ligo o rádio mando a informação que havia como de costume. Sintonizo na dado no início da tarde. A de- Band News e para minha surpresa a notícia mais esperada daquela núncia contra tarde está seno ex-presidente do anunciada. “Cultivar fontes seria aceita ainhavia sada naquele dia. requer paciência, Sim, ído a confirAcompanhar muitas reuniões mação: o juiz a Operação Lava Sergio Moro Jato é uma rotie tardes inteiras realmente aceina árdua para o sem falar nada, tou a denúncia repórter e requer absolutamente contra o ex-preuma relação de sidente Lula. confiança com nada. Dois dias Em uma as fontes. Algo depois a fonte emissora de conquistado com muita persistênrádio, os fatos abre tudo para cia e conversas ser você. Mas não é precisam olho-no-olho. transmitidos nada fácil” Lenise conta que rapidamente. A passou dois lonnotícia em tem- Lenise klenk, gos dias sentada, pos de internet Jornalista apenas ouvindo é um produto a fonte falar, sem que envelhece perguntar nada, às vezes quase per- rápido. Ao longo dos anos, o rádio dendo a esperança. “Cultivar fontes passou por diversas adaptações. requer paciência, muitas reuniões e Alguns especialistas chegaram a tardes inteiras sem falar nada, abso- prever que ele acabaria, mas ele lutamente nada. Dois dias depois a acompanhou a evolução tecnolófonte abre tudo para você. Mas não gica e continua mais vivo do que é nada fácil”, diz a repórter. nunca nas mentes e corações dos Já se aproxima do final da ouvintes. tarde e Harmata cede o posto de O Instituto Ibope Media aponapresentador para Tais Santana, tou, em 2015, que o meio rádio é que assume o noticiário. Ele sai do papel de âncora e passa para a ouvido por 89% dos brasileiros. O reportagem e preparação do fe- rádio se reinventa e o jornalismo chamento do jornal de 50 minutos segue seu ofício de informar. O que encerra a programação às 19 jornalista, como disse Alberto Dihoras. Precisa terminar os textos nes, é o condutor da informação antes das 18 horas, pois sua jorna- pelo texto, palavra imagem e som. da não para por ali. Seu próximo E para o aprendiz de jornalismo, compromisso será em sala de aula, observar a rotina de uma redação onde seus alunos de jornalismo não tem preço.

Panorama do rádio no Brasil A partir da pesquisa é possível observar o perfil e hábito do ouvinte, consumo do meio em diferentes locais e plataformas, bem como investimentos publicitários. Foram 52 milhões de ouvintes nas áreas pesquisadas, sendo 52% do sexo feminino e 48% do sexo masculino.O alcance por equipamento do rádio comum é de 58%.No celular, 15% e no computador,5%.Os locais de alcance são 52% casas, 15% nos carros, 10% no trabalho e 10% no trajeto. O investimento publicitário no meio rádio recebeu mais de 5 bilhões de reais e teve 4,5 milhões de inserções veiculadas em 2015.


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COMPORTAMENTO

Gastronomia por outra visão para o público gares, nem tanto assim”. Com a crise, Glaúcia afirma que as pessoas são levadas a gastar Mattiollo cada vez menos, mas que a espetacularização, que é muitas vezes Com a internet se expandindo inconsciente, leva o consumidor cada vez mais rapidamente, es- a, mesmo assim, continuar conpetacularizar um produto está se sumindo. “A propaganda está em tornando muito mais fácil. Tornar todo o lugar, então o que atrai é o uma peça de roupa, um automó- diferencial. Muitas pessoas chevel, um apartamento mais atrativo gam pedindo determinado produusando métodos para que determi- to porque viram a propagando do nado produto se torne de desejo mesmo”. essencial já é algo natural, mas a Na crise atual, a chef acredita cada dia a espetacularização da que apesar dos valores tão difegastronomia fica mais visível. renciados em cada ambiente, vale A chef Glaúcia Maria está no a pena continuar consumindo proramo gastronôdutos de seu gosto, mico há pouco Muitas pessoas mesmo que raramais de 10 anos mente. Segundo ela, e revela que, des- chegam pedindo no mercado temos de o início de sua determinado diferenças significacarreira até hoje, tivas sobre cada tipo produto os preços dos de local e o que serprodutos aumen- porque viram a vem. Ela conta que é taram significa- publicidade. muito difícil encontivamente e que trar em um restaunem sempre eles Glaúcia Maria - Chef rante de buffet mais são “honestos”. simples sobremesas “Os valores já não são o que eram com chocolate belga, por exemhá cinco anos, muito menos há 10. plo, e importados, encontrados em Temos hoje uma vasta carga de locais com nome mais conhecido novidades no ramo gastronômico e já consagrado no mercado, mas e, ao mesmo tempo, é claro, um que se for de nosso gosto não denotável aumento nos preços, mas vemos cortar isso totalmente. na qualidade em determinados luO estudante de jornalismo

Foto: Divulgação

Técnicas como entretenimento e espetacularização ganham o setor de alimentos Camila

Foto: Divulgação

Maçãs disponibilizadas na loja Mary Ann Apple Factory.

As variedades de maçãs podem ser encontradas em frutarias, grandes mercados, entre outros.

William Bruno conta que procura lugares com o preço mais em conta e costuma frequentar mais lugares simples, como as lanchonetes perto da faculdade. “Quanto à água e outros alimentos, tenho preferência por comprar em distribuidoras ou lugares mais baratos. Produtos essenciais para sobrevivência eu costumo procurar por qualidade, mas sempre pensando em economizar”.

Reality shows

Além disso, o surgimento de programas de culinária continua crescendo. Antigamente, contavam com assuntos variados e uma parte separada para a culinária, focado em donas de casa principalmente. Um exemplo é o programa “Mais Você” apresentado por Ana Maria Braga. Hoje, aqueles focados apenas na gastronomia, mas seu enfoque principal é na espetacularização. Programas como Master Chef, Master Chef Junior, Hell’s Kitchen, Barbecue Brasil são mais voltados para entreteni-

mento do que à gastronomia em si. A chef Glaúcia afirma que o foco desses programas deveria ser mais voltado ao real. A estudante de jornalismo, Jeniffer Jesus, diz que os acha interessantes, mas que por outro lado também são extremamente publicitários para determinadas marcas. Iracy Shirmann, 70 anos, diz gostar desses programas, pois para ela é um modo de aprender novas receitas e modos para agradar seus netos e as recorrentes visitas.

Gastronomia e obra de arte Mary Ann Apple Factory, loja localizada em Curitiba, surgiu de uma visita de uma das sócias, Mariana Salata, aos Estados Unidos. Ela conheceu as Gourmet Apples, se apaixonou e ao voltar para o Brasil quis encontrá-las, mas não conseguiu. Depois de erros e acertos, mostrou a receita aos amigos e, em parceira com Otávio Pósnik, montaram a loja que comercializa maçãs gourmets. Os preços dos produtos variam a partir de R$18,00. Quando perguntados sobre o que acham dessa loja, os comentários dos entrevistados divergiram. “Se o preço é tão elevado assim, é mais do que necessário que as maçãs sejam de altíssima qualidade e muito melhores do que maçãs comuns”, diz a advogada Fernanda Hofmann. Para a estudante Lorena Borges, as maçãs gourmets não passam de mera espetacularização. “As maçãs são um produto que contém um diferencial e pouca publicidade, provavelmente elas devem ser de boa qualidade, mas também há uma certa espetacularização quanto ao preço e o lugar de origem da ideia”, relata Jaqueline Vitorino, dona de casa. Quando questionada sobre o que seria o real gourmet, a chef Glaúcia Maria conta que ao ser chamado de gourmet. e para fazer jus, o prato deve conter elegância e sofisticação. Os pratos são exclusivos e refinados e alguns são considerados até mesmo “obras de arte”.


ARTIGO Quem será o primeiro a puxar o gatilho?

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@TÁ NA WEB

Denise

Mariana Becker

Becker

Games e gramados virtuais A rivalidade entre os games de futebol “PES” e “FIFA” continua dentro dos gramados virtuais. A nova versão do Pro Evolution Soccer, o antigo e consagrado Winning Eleven, parece estar cada vez mais perto do então preferido do mercado: o FIFA. A franquia da Konami deixou muito a desejar nas versões anteriores, e apesar do licenciamento de equipes e estádios ainda carentes, o game parece ter melhorado bastante, principalmente na questão de jogabilidade. Você confere o trailer no Youtube pelo endereço: https://www.youtube.com/watch?v=JNld5mhpZws

Aplicativo ajuda a organizar o seu tempo Foto: Divulgação

A popularização da internet eliminou fronteiras e aproximou pessoas, pelo mundo. Na busca pela definição do que é ser pessoa, encontra-se alguns conceitos. Pessoa é considerada ser humano, criatura. Filosoficamente, pessoa é ser humano como agente moral, mas há debates, dependendo da linha filosófica. pessoas virtuais empoderadas por A origem da palavra “pessoa” trás da tela de computadores, taé o grego “prósopon” (aspecto), blets ou samrtphones, falam o que depois passou ao etrusco “phersu”. querem. Leonardo Sakamoto foi Foi a partir dessa palavra que os muito feliz ao dizer que “a internet latinos passaram a nomear “perso- pode se tornar um púlpito de onde na”, as máscaras usadas no teatro se fala, mas não se ouve. ” por atores e personagens. Já perdemos a habilidade de As pessoas que estão por aí, escutar o outro, olhar nos olhos navegando na rede, portanto, são e debater. Uma pessoa ganha ou seres humanos, embora virtuais, perde credibilidade no tempo de mas são formados de opiniões e teclar o f5, os xingamentos são sentimentos. São “pessoa”. Alguns viralizados e a construção de um se dividem em grupos: direita, es- perfil digno de uma vida inteira querda, feministas, defensores da pode ser colocada em xeque por família tradicional, LGBTS; favo- atitudes inconsequentes. ráveis ao aborto, ou contra e por Onde se perdeu a empatia, em aí vai. O direito de cada grupo ou que gaveta ficou escondida a digindivíduo em escolher um lado ou nidade e o caráter? Não é possíposicionamento é vel resolver tudo universal. por rede social ou Todas essas O direito de Whatsapp. Discusideias conectadas cada grupo sões e confrontos por vezes causam são saudáveis sob desconforto, pro- ou indivíduo o ponto de vista vocando a into- em escolher que edifique, gere lerância naquele mudança e crie um lado ou que não pensa oportunidades para igual. São raras posicionamento releituras de comas pessoas que é universal. portamentos. aceitam ouvir Para o próximo opiniões, pois, artigo, quem sabe na maioria das vezes, só querem o título seja: “Em tempos de interter razão. Ouvir, reconhecer e até net, quem será o primeiro a erguer mesmo mudar de opinião sobre a bandeira da paz? ” Para compleum assunto não é fraqueza ou falta mentar a reflexão, segue a reprode personalidade, ao contrário, dução do trecho “Lógica binária, pode representar maturidade. orgulho nacional.” Não devemos lutar contra a opinião de ninguém, mas pensar “Foi à rua protestar? Quer que, caso tentemos dissuadi-lo de todos os absurdos em que acredita, derrubar o governo. Não bate panela? Corrupto. chegaremos à idade de Matusalém sem ter terminado, disse sabidaElogiou uma ação do governo mente Arthur Schopenhauer. Quem nunca altera a sua opi- federal? Petralha. É de esquerda? Tem que fazer nião pode ser considerado refratário. Por outro lado, mudar de opi- voto de pobreza. nião, dependendo da ótica, pode Torceu o nariz para o machisser perigoso. Joseph Maistre traduz mo? É bicha. isso quando diz que as opiniões falsas se parecem com as moedas Não tem Deus no coração? É falsas que são, primeiro, fabricadas do mal. por criminosos e, depois, gastas por pessoas honestas que perpetuam o Não postou foto? Não esteve lá. crime sem saber o que fazem. (E se não deu like, é porque não é É nesse meio turbulento de amigo.) emoções e saberes que o ser humano está inserido - a internet - e com Não o ama? Então, deixe-o”. ela as redes sociais que, por vezes, de social não tem nada. É como se Trecho extraído do livro #o que fosse “terra de ninguém”, onde não aprendi sendo xingado na internet, existe lei, dignidade e respeito. As de Leonardo Sakamoto.

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My Homework é um aplicativo que ajuda na organização do tempo disponível para estudo, trabalho, etc. Ele notifica quando seus eventos estão se aproximando, como provas ou data de entrega de trabalhos, e também quando tem tarefas atrasadas. O app é compatível com sistemas IOS, Android e Windows para computador. Para saber mais acesse o site https://myhomeworkapp.com/

Notícias falsas no face com mais controle Mark Zuckerberg, o criador da rede social Facebook, anunciou que tomará medidas contra a propagação de falsas notícias pela rede. Ele divulgou sete medidas para começar a enfrentar o problema, entre elas botões de alerta, sistema de prevenção baseados em algoritmos e a criação de esquipes humanas especializadas. Confira todas as medidas no site http://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/21/tecnologia/1479713764_135804.html Ou na versão original: https://www.facebook.com/zuck/posts/10103269806149061


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Por uma cultura da paz Não importa a cor da pele, a roupa que vestem e o idioma que falam. Não importa de onde vêm: Síria, Líbano, Senegal, Haiti, Jamaica... Não importa se segue Alá, Buda, Krishna, Orixás ou Jeová. Não importa... Aqui, na Cidade Sorriso, todos têm seu espaço, seu valor e sua religião. Aqui deve-se amar o próximo e respeitar as diferenças uns dos outros.

Thais Souza


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