Marco zero 53

Page 1

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER - ANO VIII- NÚMERO 53 – CURITIBA, MAIO/JUNHO DE 2017

Jhennyfer Pereira (Ponto Zero)

pág. 5 Edgar Araújo

Entenda se o valor pago pela tarifa de ônibus corresponde ao serviço oferecido

pág.4 Jaqueline Correia

Projeto Atitude na Cabeça arrecada perucas para pacientes em Curitiba

pág. pág.3 3 Letícia Costa

Saiba o que a angolana Emília enfrentou devido à deficiência visual e à imigração

pág.10 Arthur Neves

Tempo para Solidariedade págs.6 e 7

Xadrez conquista mais espaço em Curitiba


2

MARCO

ZERO

Número 53 – Maio/Junho de 2017

OPINIÃO Ao Leitor

O Marco Zero

o r ê mio Sa ngu 18 p e

No

v

o

Expediente

Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.

1 lugar o

MAR CO ZERO

3 01 |2

A casa de minhas memórias

meio quebras na entrada. Eu adorava aquele lugar. Acho que se eu tivesse aquela vontade de fugir de casa um dia, era para lá que eu iria. Decorei – como foi possível perceber – cada pedacinho. Lembro-me que ainda criança, fecharam aquela casa e eu não pude mais entrar. Eu não entendia o motivo. Não aceitava ir até lá e não poder explorá-la, pelo menos pela última vez. Passaram-se anos. Cresci, mas a casa estava sempre ali. A cada visita, mesmo por fora, me levava de volta a aqueles momentos na casa velha. Hoje descobri que a O incêndio, em junho, destruiu a casa do artista Erbo Stenzel. casa velha foi incendiada. A casa. Mas ainda não cheguei na cereja Aquela casa. A minha casa da indo bolo. Aquela casa estava repleta fância. A casa que não pertencia a Heloisa de bustos, mãos, cabeças, troncos. mim, mas que pertencia aos meus Alves Ribas Todos de gesso. Aquelas coisas finais de semana. Pelo noticiário, o incênestranhas com aquele cheiro forte dio começou na madrugada do dia Aquela era a casa dos meus fi- marcaram minha memória. Connais de semana ensolarados. Não fesso que tinha medo. Algumas 14 de junho. Até o final deste texsomente dos ensolarados, pois nos estavam jogadas no chão, outras to, ainda não sabiam exatamente a dias cinzentos da capital parana- estavam em cima de mesas velhas. causa. Mas isso foi a causa de uma ense também eram um convite Oh, claro, não posso dorzinha aqui dentro do peito, de auspicioso para visitar aquele lu- deixar de descrever os móveis um sentimento de perda imenso. gar. Lembro-me detalhadamen- cobertos por um tipo de lençol Aquela casa não vai mais estar ali. te dos cheiros, das imagens, das ou pano branco. Típico de filme Após o incêndio, demoliram o que sensações, do receio ou medo, de terror, não? Mas era real. Bem havia sobrado dela. Acabaram as mas principalmente da sensação real. Aquilo, junto com as escul- histórias. O fogo destruiu parte da de aventura que invadia meu peito turas de gesso e o cheiro – prova- minha infância e eu, eu continuo quando dava os primeiros passos velmente dos produtos que com- aqui. As lembranças, tudo contidentro da casa. punham as estátuas –, me faziam nua aqui. Mas ela não. Meus filhos e netos Antes de tudo, alguns querer conhecer e reviver tudo não poderão chegar ao Parque deveres que eram de praxe: nome isso quantas vezes São Lourenço e correr para a e cidade onde morava. “Heloisa, fossem necessárias. casa onde a mamãe Almirante Tamandaré”. Escrevia Após Era uma casa brincava quando entre linhas meio tortas de quem explorar a pemuito engraçada era pequena, poracabou de aprender a escrever o quena casa em nome. A cidade ficava por conta sua parte interque tinha um teto, que a destruíram. de a mamãe escrever – apenas até na, era hora de Meus filhos e netos tinha escada... ter idade suficiente para escrever ir para os funnão poderão sentir Ninguém podia sozinha (seis ou sete anos). Dever dos. Fundos esaquele cheiro, ter entrar nela não, feito, era hora de entrar no meu ses que davam aquelas sensações porque na casa universo particular. de exploração porpara um mato tinha bicho O ranger da madeira ve- gigante – porque a casa não foi lha, para os mais detalhistas, ma- que eu era pepapão”. valorizada e tudo deira antiga, era habitual. Estava quena. Mas lá, que resta agora é a Texto e adaptação da sempre ali, naquela mesma ma- bem antes de marca do cimento música: Heloisa Ribas deira quebradiça. Eu evitava pisar, chegar até aqueonde a casa estava mas ela dava de frente para a esca- le monte de mato, tinha um poço. e madeiras retorcidas. da e eu precisava subir. O cheiro Eu ainda não tinha assistido àquele Ali havia muito mais do forte de algo que eu não conseguia filme da menina que sai do poço, que a casa histórica do incrível identificar predominava em todos a tal da Samara, então ainda não escultor paranaense, Erbo Stenos cômodos. Era uma casa escura tinha ideia de fantasiar tal ocasião. zel. Ali era preservado, até onde e me intrigava – mesmo com meus Mesmo assim, era um lugar boni- minhas lembranças me levam, poucos anos de vida. to, cuidado, tinham até algumas histórias de muitos e muitos anos. Aquele cheiro, aqueles fios – flores em volta. Mas agora tudo que fica são belas que mais tarde descobri que eram Eu olhava aquela casa de cabo fotos da casa velha e a saudade de de luz – estavam por toda a casa. a rabo. Dos lados, em cima, em reviver momentos que jamais reTeias de aranhas.... Móveis que- baixo. Das janelas de dentro, no tornarão. brados. Tudo que a imaginação segundo andar, nas janelas de fora, fértil de uma criança precisava. Divulgação

O Marco Zero discute, neste edição, assuntos de extrema relevância, como o caso da estudante da Uninter que, depois de formada, deseja voltar ao seu país de origem, a Angola, para ajudar aqueles que possuem a mesma deficiência que ela, a cegueira. O jornal também expõe a solidariedade em projetos como doações de cabelo para fabricação de perucas, beneficiando na autoconfiança e no amor próprio de pessoas durante o tratamento de doenças. Os serviços prestados pelas empresas do transporte público não estão suprindo as necessidades dos curitibanos, principalmente pelo valor elevado da passagem. Este também é um tema abordado nesta edição. E como matérias especiais, muitas pessoas, como professores, estão oferecendo seu tempo para ouvir e atender aqueles que estão com depressão. E também de que maneira as famílias atuam na educação infantil referente às religiões. E saiba porque o xadrez que vem ganhando mais adeptos na capital paranaense. Boa leitura!

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter Coordenadora do Curso de Jornalismo: Guilherme Carvalho Professor responsável: Roberto Nicolato

Diagramação: Aliana Machado Artur Neves Kevin Capobianco Larissa Oliveira Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

Uninter - Campus Tiradentes Rua Saldanha Marinho 131 80410-150 |Centro- Curitiba PR E-mail comunicacaosocial@grupouninter.com.br

Telefones 2102-3377 e 2102-3380.

Larissa Oliveira

Qual sua opinião sobre as condições das estações-tubo em Curitiba? “Acho que as estações-tubo são boas, mas a segurança deixa a desejar. Bruna Schimdt O que eu acho muito legal são as Tubotecas, pois é uma forma muito bacana e diferente de incentivar a leitura. ” “Trabalho como cobrador porque gosto das pessoas. Mas as condições de trabaJoão Vinicius lho não são as dos Santos, melhores. Não 25 anos temos segurança, no inverno passamos frio e não temos banheiros. Isso é muito ruim não temos nada. ” “Os tubos deveriam ser maiores, para acomodar mais passageiros e mais seguros também. Acho horrível quando tenho Thais Vascão, que desembar28 anos car na Estação Eufrásio Correia, pois são três linhas de embarque e desembarque, aquilo vira um inferno.” “Nunca tive problemas com o transporte, acho que as estações-tubo facilitam a vida da gente, quando está chovendo ficamos mais proteLetícia Santos, gidos.” 19 anos

“A linha que uso funciona bem, gosto das estações-tubo. Adiantam a cobrança da pasNeusa Abraão, sagem. Não de57 anos mora tanto.” Erramos

As fotos da matéria “Porque andar de bike em Curitiba é legal”, da edição nº 52 do MZ, são da aluna Rafaela do Imaral e não de Letícia Costa.


Número 53 – Maio/Junho de 2017

MARCO

3

ZERO

PERFIL

Estudante quer levar a visão que lhe falta

Após terminar a graduação, Emília quer voltar para Angola para auxiliar pessoas que também possuem deficiência e que precisem de acessibilidade no país africano Letícia Costa

Letícia Costa

Entre todos os tipos de deficiência, a cegueira é a mais comum entre os brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 40 a 45 milhões de pessoas são cegas no mundo todo. A falta de visão para alguns pode ser tratada como uma limitação, mas para outros pode significar um incentivo, como é o caso da angolana Emília Cussama, 25, que ficou cega aos três anos de idade em decorrência do sarampo. A Angola passava por uma guerra civil que já vinha durando 26 anos e acabaria por deixar ao menos 2 milhões de pessoas mortas. Neste cenário, o governo angolano em parceria com o governo brasileiro, em 2001, enviou crianças cegas para o Brasil para que tivessem acesso à saúde e educação. Nascida na cidade de Huíla, região sul de Angola, Emília achava-se entre estas crianças. “Na época quando o país estava em guerra, estavam mais preocupados em acabar com a guerra do que com outras doenças que existiam. Então direta ou indiretamente a maioria de nós ficou cego pelo sarampo”, recorda. A chegada ao Brasil com outras 10 crianças aconteceu quando ela tinha 9 anos de idade. Os quatro primeiros meses, na cidade de Juiz de Fora (MG), foram marcados por lembranças ruins. A primeira instituição que os obrigou tratava-os com descuido e crueldade, conta Emília. “Lá nós sofremos maus tratos. Nos batiam por qualquer coisa que a gente fizesse. Uma vez bateram tanto que alguns de nós chegaram a desmaiar”. Castigos sem qualquer motivo aparente aconteciam com frequência até

Emília nasceu em Angola e veio para o Brasil quando tinha apenas 9 anos de idade. Foram muitos desafios até chegar ao curso de Jornalismo

que alguém denunciou o lar e as crianças foram transferidas. Ao se mudarem para Curitiba, as crianças que tinha idades entre 7 e 11 anos passaram a morar no Instituto Paranaense de Cegos (IPC). Frequentaram escola normal, formaram um grupo musical e conheceram pessoas novas. “Algumas pessoas ouviram a gente cantando e falaram: ‘Vocês podem formar um grupo musical’. E assim a nossa vida começou”, conta Emília Cussama. O grupo foi intitulado “Cegos da Angola”. Em 2010, o consulado Angolano passou a pagar a moradia e despesas deles, e assim segue até hoje. Leomar Marchesini é coordenadora do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais EspeLetícia Costa

ciais (Sianee), do Centro Universitário Internacional Uninter. O primeiro contato de Leomar com o grupo de angolanos aconteceu através de Ênio Rosa, presidente do Instituto Paranaense de Cegos. Ele procurou Leomar para que o grupo ingressasse no ensino superior. O incentivo da coordenadora e a acessibilidade que acontece através do Sianee possibilitaram que Emília iniciasse no curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. “Assim que os conheci, incluindo Emília, me encantei com eles, pela sua alegria, pelo lindo sotaque, pela cor, pelo modo como se vestiam. Daí nasceu uma forte amizade, além da relação aluno e instituição. Admiro muito Emília, uma guerreira, esforçada e pessoa sensível. Muito querida e de caráter ”, diz a coordenadora Leomar. Hoje, no quinto período, e ciente da importância do curso, a estudante expõe que a preferência pelo Jornalismo foi para que pudesse falar mais sobre a sua deficiência e sua cultura à população. “Eu pretendo falar sobre a deficiência, principalmente a deficiência visual. As pessoas não têm tanto conhecimento e tem mais preconceito”, comenta. Sua maior inspiração na área é a jornalista e repórter Glória Maria, a par de que são poucas as mulheres negras que chegam à posição de Glória, Emília acompanha seu trabalho e se inspira.

“Sofri preconceito pela cor negra e por ser cega”, diz a estudante A estudante conta que já sofreu preconceitos tanto por ser negra como por ser cega. “Já sofri preconceito tanto pela cor, como por eu ser cega. Uma vez eu estava com uma amiga que também é cega e estávamos comtemplando brincos e acessórios. Daí a moça achou que a gente estava roubando e queria chamar a polícia. Quando vou procurar emprego, as pessoas falam que não vai dar, que as vagas acabaram ou acham que terão que fazer um grande número de adaptações na empresa e acabam por não me chamar”. Para Emília, o que de melhor lhe aconteceu na vida foi retomar o contato com sua família que ficou em Angola. Através de ligações, ela conversa com sua mãe e, via redes sociais, com primas e sua única irmã. Vivendo hoje no bairro Bom Retiro, região leste de Curitiba, a estudante vai de ônibus todos os dias para a aula. A viagem dura cerca de 25 minutos. Acessibilidade é a qualidade de ser acessível, facilidade na aquisição e aproximação para a utilização com autonomia e segurança de

Quando se trata de pessoas com deficiência visual, muitos têm o desejo de ajudar, mas não sabem como. todos os espaços. Entre os sonhos que Emília guarda para quando terminar a graduação, também está o de voltar ao seu país de origem para ajudar os que lá ficaram. “Penso em ajudar a Angola por que lá não tem acessibilidade”, explica. Quando se trata de pessoas com deficiência visual, muitos têm o desejo de ajudar, mas não sabem como. Emília fala pontos importantes para os que têm essa vontade. “As pessoas têm que procurar conhecer mais, perguntar mais. Se o deficiente visual precisa de ajuda, o que ele precisa, ou se não quer. O que a pessoa faz no dia a dia e procurar conhecer sobre a deficiência também é importante”, finaliza.


4

MARCO

ZERO

Número 53 – Maio/Junho de 2017

COMPORTAMENTO

Solidariedade e atitude na cabeça

Projeto de doação de perucas ajuda na autoestima de pacientes Edgar Araújo

Edgar Araújo

Lutar e sobreviver são exercícios diários para quem é diagnosticado com câncer. No mundo, anualmente, cerca de 8 milhões de pessoas morrem devido à doença e 14 milhões são diagnosticadas com algum tipo de câncer. Além da autoestima estremecida, lidar com o medo da morte e os efeitos cruéis da quimioterapia e radioterapia não são tarefas fáceis. Uma das principais preocupações dos pacientes é a perda de cabelo, efeito colateral desses tratamentos. Pensando nisso, Suely Maria Baldan, 58 anos, criou em Curitiba o Instituto Atitude na Cabeça (IAC). O projeto, idealizado em 2013, tem como finalidade a arrecadação de perucas, lenços, turbantes, bonés, boinas e cabelos, para pessoas que estão pasMarinês Ribeiro recebeu a peruca do Instiruto Atitude na Cabeça, em novembro de 2016 sando por esse desafio. “ Certa vez, uma amiga por- bairro Bigorrilho e, ao todo, já peruca fez eu me sentir igual às fiança, pois para uma mulher o tadora de alopecia precisou de são mais de 600 perucas doadas. outras pessoas”, desabafa. cabelo é a moldura do rosto e uma peruca, anunciei nas redes Marinês Ribeiro, 56 anos, diagO uso de perucas se torna muitas não admitem uma vida sociais, mas nos três nosticada com o modo mais fiel de ter o seu sem cabelos”, comenta Suely. primeiros dias não câncer, é uma cabelo de volta, mais próximo A instituição doa e recebe obtive sucesso. Po- Admiro a das donatárias do do “normal”. O cabelo é parte doações de todo Brasil e tamrém, continuei insisprojeto. Ela rece- fundamental para a autoestima. bém do exterior. O objetivo de tindo e conseguimos, coragem das beu uma peruca Perdê-los, acrescentado ao qua- Suely é criar um banco de doadaí pra frente o pro- pessoas em novembro de dro delicado pelo qual os pa- ções de perucas no Paraná, atenjeto começou a ser 2016 e virou uma cientes passam aumenta ainda dendo hospitais da rede pública idealizado e aconte- em doarem admiradora da mais a dor. que tratam de pessoas que, por ceu. Algumas vezes seus cabelos.” instituição. “O IAC devolve não só a au- alguma doença, perderam os capensei em desistir, “Admiro a toestima, e sim a vontade de vi- belos. Além do câncer, o IAC mas quando abri os coragem das pes- ver às pacientes que após rece- atende também pacientes de ouolhos percebi que soas em doarem berem uma peruca voltam a ter tras patologias como, lúpus, pós não dava mais pra parar”, conta seus cabelos. O câncer a gente um convívio melhor em socie- bariátrica e diabetes. O projeto Suely. não vê e quando você percebe dade. Temos casos de mulheres fica localizado na rua Francisco A organização não gover- que está perdendo os cabelos que perderam o companheiro. Rocha 1544 - Bigorrilho. Contanamental (ONG) funciona no é uma coisa muito marcante. A A peruca traz segurança e con- to: (41) 99146-1383.

Saiba quais são os tipos de Alopecia Existem vários tipos de alopecia porque suas causas são diferentes. Os tipos de alopecia existentes são: • Alopecia areata: causada por fatores autoimunes ou sistema emocional abalado, caracterizada por intensa queda de cabelo em determinadas áreas. • Androgenética: também chamada de calvície, é causada por fatores genéticos, associados à taxa de testosterona na corrente sanguínea, e por isso é mais frequente nos homens; • Traumática: causada pelo fato do indivíduo ter o hábi-

to de arrancar os fios de cabelos constantemente ou por traumatismos na cabeça; • Devido ao efeito colateral de medicamentos, como, por exemplo, os utilizados no combate ao câncer; • Seborreica: causada por uma dermatite, que pode ser tratada com o uso de medicamentos; • Eflúvio: o eflúvio é um período normal em que o cabelo cai naturalmente, mas quando este mecanismo encontra-se desregulado, pode haver um período maior de queda de cabelo, que geralmente responde bem aos tratamentos clínicos.

Entenda porque os cabelos caem com a quimioterapia Após as náuseas e vômitos, a queda de cabelo é um dos principais efeitos colaterais da quimioterapia. Isso ocorre porque o tratamento atua tanto nas células cancerígenas quanto nas saudáveis, e atinge principalmente as células que se multiplicam com mais rapidez, como os folículos pilosos, responsáveis pela produção dos cabelos. Além da perda dos cabelos, a quimioterapia também faz com que os pelos do corpo também caiam. A queda dos cabelos não é imediata e começa a acontecer entre 14 a 21 dias depois da primeira sessão de quimioterapia. Eles voltam a nascer cerca de 90 dias após o fim do tratamento, em alguns casos, um pouco mais crespos. A utilização de xampus e loções especiais não evita que os cabelos caiam. Apesar de preocupar mais as mulheres, a perda dos cabelos ocorre da mesma forma para os homens e a idade também não influencia na queda. É importante lembrar que nem toda quimioterapia faz com que ocorra a queda de cabelo. Essa diferença acontece, pois há um grupo de compostos químicos que provoca esse tipo de efeito colateral.

Radioterapia

A radioterapia, tipo de tratamento bastante comum para combater o câncer, também pode ocasionar a perda de cabelo, mas a queda é localizada. Isso ocorre porque o tipo de tratamento feito na radioterapia é diferente. A forma de combate é feita por meio da exposição da área doente através raios de alta energia. Isso quer dizer que somente a área próxima ao tumor, que terá contato com a radiação, sofrerá a queda. A exemplo da quimioterapia, os cabelos voltam a nascer com o fim do tratamento.

Você sabia?

- O dia 8 de abril é considerado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. - O dia 27 de novembro é considerado o Dia Nacional de Combate ao Câncer.


Número 53 – Maio/Junho de 2017

MARCO

5

ZERO

CIDADE

De volta ao preço do transporte público

Curitibano reclama dos serviços prestados pelas empresas e quer saber o que está pagando com uma das tarifas mais altas do país Jaqueline Deina

Everaldo Weber, cobrador há oito anos, reclama da falta de estrutura adequada das estações-tubo.

Jaqueline Deina

valor irá de fato baixar. Um exem- te o tempo em que trabalhou nas plo é Nataly Azevedo, que mudou linhas interurbanas, foi vítima de a pouco para São José dos Pinhais seis assaltos. Chegou até a citar e ainda não tem o cartão transpor- que existem as “linhas do terror”; te; ela teria que pagar a passagem território demarcado pelos bandiem dinheiro, o que não é mais pos- dos, onde acontecem roubos e dessível devido à falta de cobradores truição dos tubos e veículos. Locais onde ninguém quer trabalhar nas linhas da região. Everaldo Weber, que traba- ou ter que esperar por um ônibus. O cobrador tamlha atualmente nas bém comentou estações tubo da Praça Tiradentes e Existem ônibus que, a representante de uma empresa Praça Rui Barbosa, conta sobre uma rodando com a de transporte púsérie de irregula- licença vencida blico de São Paulo esteve avaliando ridades que tem há muito as estações-tubo e presenciado nos tempo o funcionamento últimos oito anos de nosso sistema como cobrador. de transporte em “Existem ônibus rodando com a licença vencida geral. Segundo ele, o sistema foi há muito tempo”, afirma. A li- considerado inviável pela emprecença dos ônibus é válida pelo sa interessada, devido aos altos período de dez anos, mas os custos para implantação e o baixo motoristas afirmam que existem retorno. Para a empresa, o custo veículos rodando há muito mais benefício não valeria a pena. tempo na cidade, cerca de mais de quinze anos. Insegurança Ainda assim, Everaldo diz Para a estudante Pricila Oliveiacreditar que o que tem encare- ra (21), que é moradora de Rio cido o valor da passagem, são os Branco do Sul, Região Metropo“fura-catracas”, aqueles que não litana de Curitiba, a sensação de pagam a passagem, invadem os medo e insegurança é frequente, ônibus e acabam fazendo com pois já testemunhou assaltos no que os pagantes tenham que ar- trajeto de ônibus para a faculdacar com os custos. de. Mas, para ela, o transporte “É muita falta de segurança público tem uma boa qualidade dentro dos ônibus. Aí tem tam- se comparada a outras capitais bém as torcidas organizadas, do país, que têm ônibus bem a maioria pagantes, mas que mais precários e em condições vivem brigando e quebrando muito piores. Como é o caso de tudo”, comentou. Ele também Cuiabá, capital do Mato Grosso, diz que, além do quebra-quebra onde, segundo pesquisas, para no final dos jogos, acontecem 83% dos usuários o conforto dos assaltos frequentes dentro dos ônibus é “ruim ou péssimo”. coletivos e estações-tubo.DuranO turista Ualeson Marques (23),

da cidade de Santana-AP, esteve visitando Curitiba e também diz que, se comparado a sua cidade natal, nosso transporte é muito mais organizado. Ele concorda que a passagem seja cara, mas acredita que temos qualidade. Além disso, contamos com horários de ônibus fixos, o que para ele é novidade. Apesar disso, ainda comparando com a região onde ele mora, os ônibus que têm tarifa acima de quatro reais contam com poltronas reclináveis, wi-fi e até mesmo ar condicionado. Jaqueline Deina

dobrou. Para o pesquisador e urbanista Juciano Martins RoJaqueline drigues, que elaborou um relatóDeina rio sobre a frota de veículos no país, a falta de investimentos e O transporte público de Curi- melhorias no transporte público tiba é considerado modelo para é um fator que contribuiu grantodo o país. Na teoria, com o demente para que esse número valor da passagem que pagamos crescesse. Com o aumento de hoje, esse título deveria signifi- carros e motos nas ruas, o trâncar mais para o usuário. sito está cada vez mais lento e Um transporte referência no caótico; o que dificulta a vida país inteiro e em outros países não somente de quem depende do mundo deveria ser modelo de do transporte público todos os segurança, qualidade, rapidez e dias, mas dos motoristas que praticidade. Deixando a teoria de precisam cumprir horários. Holado, o que a maioria dos passa- rários esses, que não se alterageiros afirma é que, na prática, o ram ao longo dos anos, portanto, sistema de transporte é cheio de não acompanharam a mudança falhas e deixa a desejar em mui- no trânsito das capitais. tos pontos. Curitiba é uma das capitais Segundo dados das estatísticas com a tarifa de ônibus mais de transporte público, fornecidos cara do Brasil, mas, avaliando pela Urbs, mais ônibus, ruas, de 1,5 milhão de O número de veícu- canaletas, estapassageiros são ções-tubo, tert r a n s p o r t a d o s los nas ruas não minais e pontos diariamente (os supre a necessidade de parada, não dados se baseiam dos passageiros é difícil perceem dias úteis), ber, conforme com uma média os passageiros, de 320 mil quilômetros rodados que a estrutura oferecida não por dia, em cerca de 1.200 veícu- justifica o valor pago todos os los das frotas operantes nas 250 li- dias. Nós não pagamos qualinhas de ônibus distribuídas pela dade. Então, o quê exatamente grande Curitiba. estamos pagando? Apesar de parecer uma quanSeguindo modelos de outros tidade grande, este número de países, a extinção dos cobradores veículos disponíveis já não tem nas linhas de ônibus tem gerado suprido a necessidade dos pas- polêmica e divide opiniões entre sageiros há muito tempo. Não usuários e trabalhadores. O presisomente pela quantidade mas, dente da Urbs, José Antônio Anprincipalmente, pela qualidade dreguetto, declarou que a redução dos ônibus. do número de cobradores está senNos últimos dez anos, o nú- do estudada como uma saída para mero de automóveis nas 12 me- a diminuição da tarifa, mas muitos trópoles do país praticamente passageiros não acreditam que o

*Dados fornecidos pelo site URBS


6

MARCO

ZERO

Número 53 – Maio/Junho de 2017

ESPECIAL Gabrielle Brito (Ponto Zero)

Professora Andressa Troian conversando

Você não está sozinho

Muitas pessoas disponibilizam seu tempo, para ouvir quem está com problema, e se sentem bem ao fazer isso. Barbara Nunes

“Oi, é a Hannah. Hannah Baker. Não ajuste seu seja lá o que estiver usando para ouvir isso. Sou eu, ao vivo e em estéreo”. Se essa frase te remeteu a alguém, é porque você assistiu à série 13 Reasons Why (Os 13 Porquês), e sabe bem do que estou falando. Não, relaxa! Eu não vou falar sobre a série, e nem vou dar a minha opinião sobre ela. Até porque muita gente está fazendo isso ultimamente.

Eu quero falar sobre algo importante que talvez uma grande parte das pessoas não tenha reparado nisso. Será que se a Hannah Baker tivesse sido ouvida, ela não teria mudado de ideia? Talvez seja essa a solução? Ouvir as pessoas? Poderia ser simples assim, não é mesmo? Para quem não sabe, Hannah Baker é a personagem de um livro escrito por Jay Asher que virou uma série da Netflix. Por vários motivos, Hannah acabou tirando a própria vida. Ok! Por que se basear em uma série, sendo que isso acontece todos os dias na vida de pessoas comuns? É exatamente neste assunto que quero Foto:Barbara Nunes

Tiago Silva conversando com o seu amigo.

chegar. A série mostra uma realidade tomaticamente". Segundo ela, os muito próxima de nós e, por isso, de- alunos a procuram para desabavemos tomar cuidado. far. "Pela falta de presença fami Poderia ser alguém extre- liar, eles veem o professor como mamente próximo de você que tives- um norte, alguém que pode dar se feito isso. É preciso estar atento a uma orientação e, assim, se sentodos os detalhes e as todas as pes- tem um pouco mais aliviados”, soas. Você já parou para ouvir algum explica. amigo? Alguém que esteja passando Segundo o professor por problemas séPaulo Rogério rios. Não é necesda Silva, que sário ser um espeleciona a discicialista para ajudar plina de Históas pessoas. Há vária, também no rios exemplos de Colégio Shirley quem, apesar de Catarina, se o seus problemas aluno vai prodiários, tiram um curá-lo é porque tempinho para dar Professor Paulo Rógerio confia e acrediatenção ao outro. ta nele. “Eu sou mais uma opção de socorro que ele está pedindo Quem escuta Muitos professores servem para a sociedade". Sendo assim, como psicólogos aos estudantes. os professores como mediadores A convivência diária faz com que devem estar atentos a todos os os alunos se sintam íntimos a pon- sinais dos alunos, pois, muitas to de contar seus problemas. É o vezes, eles estão indisciplinados que afirma a professora Andressa e geralmente só precisam ser esTroian, da disciplina de Geografia, cutados. "Como professor, me do Colégio Estadual Shirley Cata- sinto na obrigação de tentar ourina Tamalu Machado. "No dia a vi-lo, não vou poder fazer tudo, dia com a convivência, você acaba mas pelo menos tento ajudar". Quem frequenta algutirando isso meio que de letra, já faz parte do cotidiano, pois a gente ma instituição religiosa, sempre acaba se tornando psicólogo au- busca alguém para desabafar. Esse é

Não vou poder fazer tudo, mas pelo menos tento ajudar os meus alunos

o papel de Zulmira Capucho, coordenadora da Pastoral da Família na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em São José dos Pinhais, que, juntamente com outros casais, atendem o programa SOS Família. Ela afirma que as pessoas vão procurá-la para conversar. "Isto talvez porque eu acolho bem a pessoa e ela sente que eu posso ouvi-la pelo menos. Posso até não resolver o problema dela, mas eu ouço e acolho assim como gostaria que me acolhessem e que me ouvissem". Muitas vezes quem vai te ouvir não é um professor, não é alguém da sua igreja, mas sim um amigo. "Normalmente meus colegas me procuram porque costumo ouvir todos, e geralmente sou muito sincero. Sendo assim, quando é preciso dar um tapa na cara, metaforicamente falando, eu dou, e quando precisar vou ser bonzinho e aliviar a tensão da pessoa", afirma o designer Tiago Silva. Já a estudante Maria Eduarda Moura diz que os amigos a procuram porque ela é muito paciente. "Consigo compreender os problemas deles, sempre busco dar uma possível solução para o momento”. A maioria, de certa forma, acha que não vai conseguir dar ajuda, mas acredita que o fato de ouvir já é uma contribuição, conforme explica Zulmira. O seu trabalho no SOS Família consiste em buscar a solução em forma de questionamentos. “A gente não fala o que a pessoa tem que fazer, vamos fazendo perguntas e levando a pessoa a entender como vai solucionar o problema, porque a solução ninguém pode dar, só a própria pessoa, mas às vezes ela se sente cega e não vê saídas", conta. Tiago se sente lisonjeado e com um pouco de medo quando alguém vai procurá-lo para desabafar, porque, segundo ele, "dar conselhos para uma pessoa não é igual a dar um presente que a pessoa pode trocar, pois às vezes


Número 53 – Maio/Junho de 2017

MARCO

Foto:Barbara Nunes

o com os alunos do Colégio Estadual Shirley Catarina

pode mudar a vida dela". Isto porque, na sua opinião, quando se está lidando com um assunto muito sério, a pessoa vai procurar uma resposta para que no final se sinta bem.

Recompensa e gratidão

A melhor parte, para quem ouviu, é saber que realmente ajudou alguém. "Sempre tem um retorno, principalmente quando já estão no ensino superior e conseguiram aliar o que a gente falava com o que estão vivenciando no momento", afirma a professora Andressa. Muitos alunos que foram ouvidos por ela sempre lhe agradecem posteriormente, seja pessoalmente ou por redes sociais. Isso faz com que nunca desista de tentar ajudar seus alunos. A mesma coisa acontece com o professor Paulo Rogério. "Eu ajudei o aluno, aconselhando-o a tomar tal atitude e ele fez isso. E, consequentemente, melhorou sua relação com a mãe, com o pai e ele gostou. Até veio me agradecer. Então para mim, isso é gratificante". Já Tiago Silva percebeu isso quando conversou com uma pessoa que estava desesperada e queria mudar de profissão. "Mostrei que deveria ponderar bem os dois lados. Pensar o que seria bom, e se aquela profissão não a fazia bem, era melhor trocar. Mas, se era apenas um momento de decepção, ela tinha que olhar com outros olhos e buscar as coisas boas". Logo após, esta pessoa pensou melhor e, segundo ele, hoje está muito feliz na mesma profissão. Para Zulmira, o melhor é ajudar alguém e depois vê-lo participando da comunidade. "Temos dois casos maravilhosos de casais que participam do movimento da pastoral familiar. Eles estão envolvidos em atividades da igreja e sempre agradecem muito. Isso já dá uma sensação de vitória.

CVV presta apoio emocional O Centro de Valorização da Vida, o CVV, é uma ONG fundada em 1962 que presta apoio emocional e prevenção do suicídio gratuitamente. A finalidade é ajudar pessoas que se sentem solitárias, angustiadas e precisam desabafar. É como se fosse um pronto-socorro emocional. Sendo assim, qualquer pessoa pode entrar em contato por telefone (141), e-mail, chat ou skype (os três pelo site cvv.org.br) ou pessoalmente num dos 76 postos de atendimento em todo o Brasil. O atendimento é feito só por voluntários preparados (são cerca de dois mil) que conversam com a pessoa de forma sigilosa, acolhedora e sem críticas. “Nesse processo, a pessoa desabafa, tira aquela pressão interior e clareia os sentimentos e pensamentos”, afirma o responsável pela parte da comunicação do CVV, André Lorenzetti. O CVV realiza um milhão de atendimentos ao ano em todo o país e a iniciativa veio de um grupo de pessoas preocupadas com os altos índices de suicídio que resolverem se mobilizar para fazer algo em benefícios dessas pessoas. Quintino Dagostin, aposentado, é voluntário do CVV há 21 anos. “Comecei a ouvir mais e falar menos, ser tolerante, acolher mais as pessoas sempre me colocando no lugar do outro, entendendo melhor as diferenças. Entendi que tenho de contribuir sobre o que aprendi e apreendo, caso contrário, não teria valor meus conhecimentos recebidos sem compartilha-los”, relata. Serviço: Ponto de atendimento em Curitiba Rua Carneiro Lobo, 35 - Água Verde - Tel.: (41) 3342-4111 / Horário: 24 horas

7

ZERO

DEPOIMENTO

“Ter alguém do seu lado é muito importante”

C.R, educadora da educação infantil, passou por momentos difíceis. Nessa fase, o que ela queria era tirar a própria vida. Mas, no seu dia a dia haviam pessoas que buscavam ouvi-la e tentavam ajudá-la. No depoimento a seguir, ela conta como isso a fez pensar melhor e, consequentemente, mudar de ideia. “As fases difíceis não escolhem momento exato para dar as caras. De repente você está passando por uma e, na maioria das vezes, não sabendo lidar com esse período. Eu, particularmente, passei por momentos difíceis no trabalho, o que acarretou dificuldades em outras áreas como relacionamentos, estudos e família. Tenho a dizer que ter alguém que se importa do seu lado se mostrando disposta a ouvir seus desabafos é de extrema importância. É complicado falar sobre o que nos deixa atordoados, qualquer coisa que mexa com nosso emocional torna-se mais vulnerável, uma carga mais pesada que não conseguimos carregar e, mesmo assim, nos vemos tentando carregar sozinhos, pois não queremos compartilhar esse fardo com outras pessoas, sendo algo mais difícil de lidar, logo, é mais difícil de ser trabalhado e até superado. São em pequenos momentos e situações onde ter alguém para desabafar se faz essencial. Claro que é necessária uma confiança para que isso aconteça tranquilamente e, tendo essa base, o desabafo passa a ser um momento de exposição de pensamentos conflitantes e se ver falando sobre tal coisa em voz alta faz com que a força que aquilo tinha sobre você diminua. Eu só tenho a agradecer por ter alguém assim ao meu lado, que aguenta meus desabafos e sempre demonstra o quanto eu posso confiar e contar com o apoio a qualquer momento. Foi e é essencial para mim, tornando mais fácil passar por tudo que eu não sei lidar sozinha e, de fato, nem precise, pois posso contar com uma pessoa incrível ao meu lado sempre.”

Se expressar pode ajudar a evitar doenças, diz especialista A psicóloga psicodramatista Melissa Armênio explica que, segundo as teorias psicológicas, desde que estamos sendo gerados no ventre materno, são desenvolvidos desejos e afetos, é isso que nos forma quanto ser humano. Quando começamos a crescer, o olhar do outro começa a ser captado sobre nós mesmos. "Isto é, a nossa construção vai acontecendo através da percepção do outro. Por isso, muitas vezes o que nos falam quando somos pequenos é tido como verdade absoluta. E isso nos acompanha ao decorrer da vida. Até que chega a um ponto que passamos a ter um olhar próprio que, na maioria das vezes, não é o mesmo que o das outras pessoas" afirma. É nesse momento que entra a aceitação e a compreensão do outro. "Por que é uma coisa inerente do ser humano, relacionado à saúde emocional. Se sentir aceito, amado e aprovado, é algo intrínseco". Melissa relata que muitas pessoas vão ao seu consultório com esse problema: a falta de aceitação. E isso acaba atrapalhando completamente a vida do paciente. "Porque essa busca pode se tornar muito doentia em função da importância que isso tem na vida da pessoa. É uma necessidade, ser ouvido e se sentir compreendido". E para ela, deve existir uma troca, para que isso ocorra. "Não adianta nada só ser ouvido, isso não é o bastante para o ser humano. A gente precisa se sentir compreendido e aprovado. Por isso, lidar com a crítica e a desaprovação é muito difícil para uma grande parte das pessoas". E completa que entre amigos essa escuta pode vir cheia críticas, boas ou ruins. E elas só são aceitas porque existe um vínculo de confiança entre duas pessoas. "A escuta só vai ser efetiva se existir essa ligação de confiança que você tem com aquela pessoa que vai escutá-la. Então, depende muito dessa confiança. Ela é muito importante na questão da escuta", relata a psicóloga. Os benefícios para quem ouve estão muito ligados à capacidade que a pessoa tem de lidar com a frustração e com o controle da ansiedade. "Porque uma pessoa muito ansiosa e que tolera pouca frustração não consegue ouvir. Ela não presta atenção direito e isso vai fazer com que ela desenvolva relações superficiais. Justamente porque um vínculo de confiança

é feito de trocas". Então, é aí que entra a importância da psicologia como uma escuta saudável e livre de expectativas. É o que vai ajudar as pessoas se curarem de doenças, estabelecendo vínculos mais saudáveis. "Porque na sua terapia, vai haver uma escuta livre de preconceitos e julgamentos. Os chamados ‘atrapalhos da escuta”, que levam as pessoas a não falar’. Melissa afirma que a pessoa que não fala tem uma grande probabilidade de ficar doente em algum momento de sua vida, com as chamadas doenças psicossomáticas. Que mostram o que pode acarretar a não expressão. “Quando você está falando está se expressando. E na escuta a pessoa também precisa falar, por que se ela só escutar, consequentemente, vai adoecer. Então, é necessária essa troca". E Melissa continua: "O papel do psicólogo não é resolver o problema, mas sim ajudar com que a pessoa resolva os seus problemas. Baseando-se em seus próprios recursos". Para que isso ocorra, o psicólogo deve trabalhar com o desenvolvimento do potencial pessoal, fazendo com que o paciente crie a própria força. "Na maioria das vezes, o paciente não está no tempo de conseguir resolver o problema, e não encontrou seu caminho ainda". Porque, segundo ela, esse é um processo extremamente particular. "E só vai ter efeito se o paciente em questão conseguir escutar. Mas, nem sempre ele consegue. Às vezes, o psicólogo fala uma coisa e essa pessoa só vai escutar daqui a três meses ou um ano. Nem sempre estamos prontos para escutar determinadas coisas e tomar uma atitude em relação a isso", explica a psicóloga Melissa Armênio.

Psicóloga Melissa: a falta de aceitação é muito comum


8

MARCO

ZERO

Número 53 – Maio/Junho de 2017

ESPECIAL

Como a família influencia as crianças

O ensino das crenças é diferente entre as comunidades religiosas em todo o mundo, Ana Elize de Souza

Mais uma manhã de domingo na casa dos irmãos Samuel e Erick. Enquanto os meninos ainda dormem, os pais já levantaram por volta das sete e meia da manhã. Adriano e Gisele estão arrumando algumas coisas na casa e preparando o café da manhã das crianças. Lá por oito horas, eles acordam os meninos, os pequenos tomam café, escovam os Segundo dados do IBGE do ano de 2010: 20,2% da população da dentes, trocam de roupa e vão região sul do Brasil se consideram evangélica para a igreja. Quando chegam, os irmãos Erick, de doze anos certo e possam ir para a igreja e Samuel, de nove anos, vão tranquilos e felizes. brincar com as outras crianças Samuel, de nove anos, conta que enquanto não começa a EBD gosta muito de ir à igreja aos do(Escola Bíblica Dominical). mingos e que tem muitos amigos Quando começa o trabalho, lá. Para o menino, Deus é aquele em dado momento as crianças que o protege e Samuel gosta muito A pedagoga Luciana Cipelli se retiram e vão para uma sala dos cultos. Já para seu irmão mais Barbosa, de 39 anos, trabalha enfeitada, onde há mesinhas e velho, a concepção de Deus é um com crianças desde 2001. Ela é cadeiras e um quadro negro. Na- pouco diferente: “Deus para mim é coordenadora do ministério inquela sala Samuel e Erick terão, o senhor de todas as coisas, o prin- fantil em sua igreja e comenta assim como as outras crianças, cípio e fim”, comenta. sobre a importância de um trataum momento espiritual preparaOs irmãos falaram com a mento especial para as crianças. do para elas. equipe do Marco Zero sobre Ao voltar para casa, por volta como eles encaram as questões Marco Zero: Qual a parte mais de meio dia, os irmãos seguem de religião e qual a visão deles gratificante deste trabalho? a vida sabendo que mais à noiti- sobre Deus. Luciana: Ver as crianças conhenha eles voltaram para a igreja, cendo a Jesus e se tornando amipara o culto. E assim acontece: Marco Zero: Como é a rotina gas dele. ainda no domingo, por volta nos domingos antes de ir pra das dezessete e trinta, a casa da igreja pela manha? Conta um E quais são as maiores dificulfamília se agita novamente, é pouquinho. dades do trabalho no ministéhora de se arruErick: Eu acordo rio infantil? mar para voltar à por volta das sete Manter a equipe de facilitadores igreja. horas, s vezes voluntários treinados e animaDeus para mim No culto, apeoito. Tomo café, dos sempre. nas as crianças é Senhor de escovo os dentes pequenas são todas as coisas, o me troco e vou Qual a importância da igreseparadas dos pra igreja. ja ter um ministério para as adultos para ter princípio e o fim crianças? um momento de Erick, 12 anos. Qual é a coisa O ministério infantil existe para aprendizado exque você acha reforçar o que os pais ensinam clusivo para elas. mais legal na em casa para as crianças sobre Crianças na idade de Samuel e igreja? Deus e a Bíblia. O Ministério Erick contiuam a participar do Erick: A escola dominical, acho oferece aos pais suporte para culto juntamente com os adul- interessante o assunto! edificação da fé e fortalecimento tos. da amizade de toda a família com A família de Gisele e Adria- Quem é Deus para você? Cristo. No Ministério infantil há no é uma entre tantas famílias bra- Erick: O Senhor de todas as atividades onde as crianças se sileiras que são evangélicas. Se- coisas, o princípio e o fim. relacionam com outras crianças gundo dados do IBGE, no censo e suas famílias que professam a demográfico levantado no ano de E você Samuel o que omais mesma fé e assim elas se apoiam. 2010, 20,2% da população da re- gosta de fazer na igreja? gião sul do Brasil se consideram Samuel: Gosto do culto. evangélicas. Segundo outro censo levantado no mesmo ano, havia no Você tem muitos amigos na Brasil cerca de 28.918.55 crianças igreja? de zero a nove anos. Samuel: Sim. Tenho Para Gisele, a parte mais difícil no domingo é a organização, Samuel, quem é Deus para pois eles são cinco pessoas na você? casa e precisam de muito “jogo Samuel: É aquele que cuida de de cintura” para que tudo saia mim.

As imagens de santos são representações de fé para os católicos

Com as bênçãos da igreja católica A importância do ministério Numa pequena cidade no in- um pouco de como é esse trabalho. terior do Paraná já é tarde de doinfantil nas igrejas mingo.Vinicius e Livia brincam Marco Zero: Quais são as maiofelizes em casa e, para seus pais, res dificuldades do trabalho com isso é uma parte fundamental crianças? para uma criança e a religião Ana Paula: Os adultos reconhecerem a necessidade e importância também. Depois do almoço de domin- da evangelização infantil. go, os irmãos sempre brincam muito e, por volta das dezessete Qual a melhor parte de trabalhar horas quando o amiguinho de Vi- no ministério para crianças? nícius chega na casa dele, as três Ver as crianças crescerem não só crianças já se preparam para ir à em estatura, mas também em graça e sabedoria diante de Deus e missa. A igreja da cidade fica no dos homens, como o Menino Jesus centro de uma pracinha e de ma(Lc 2, 52). neira aconchegante vai acolhendo a todos os que buscam a paz. A noi- Qual a importância das igrejas te já começa a cair e o padre faz o terem um ministério especial seu sermão. Livia e Vinicius aten- para as crianças? tos ouvem cada A criança precisa ser vispalavra. ta como presente e não O pai das O caráter e como futuro da Igreja, é crianças, o fun- os valores são preciso encontrar seu lucionário públi- formados na gar. É sabido que o caráco Maristelvio ter e os valores pessoais infância Tenedini, busca são formados na infância e no início da adolescênsempre passar aos Ana Paula de cia. A Bíblia nos ensifilhos a importân- Oliveira na: “Educa a criança no cia de agradecer a Deus pelas bênçãos do dia. Ele caminho em que deve andar; e até comenta sobre a importância da ca- quando envelhecer não se desviará tequese para as crianças: “Serve de dele” (Pv 22.6). Nelson Mandela base para a caminhada na vida cris- disse que “é possível julgar a alma tã”. Tal como o batismo e a crisma de uma nação pela forma como ela que, para ele, são a confirmação da trata as crianças”. As palavras dele também valem para a igreja. caminhada cristã na Terra. Maristelvio também comenta Qual a importância de uma educaque não há na igreja um costume ção religiosa na vida das crianças? de separar as crianças dos adultos. A criança que cresce experimen“É muito difícil manter eles sempre tando o amor de Deus, conhequietinhos (risos) mas tentamos”. cendo os valores do Evangelho,

Evangelização

Ana Paula de Oliveira Brito Generoso, de quarenta e cinco anos de idade, trabalha com o ministério para crianças na igreja católica há quinze anos. Ana Paula comenta

com certeza será um adulto sarado, consciente e que transforma o mundo ao seu redor. Não podemos deixar que as crianças cresçam sem receberem a graça de uma evangelização na linguagem delas, de maneira simples e eficaz.


Número 53 – Maio/Junho de 2017

MARCO

9

ZERO

no contato com as religiões mas todas buscam ensinar a fé e o respeito ao próximo

Material utilizado para ensinar as crianças espíritas

A educação infantil no espiritismo Os pequenos, na umbanda, batem a cabeça no chão para cumprimentar as entidades

As crianças nos rituais na umbanda É sábado à tarde, as crianças Marco Zero: O que é ponto ? chegam para mais uma aula no ter- Daniele: Na umbanda existem reiro de Umbanda. Entre as tantas, dois pontos. O ponto cantado e algumas já participam das giras e o ponto riscado. O ponto cantaoutras ainda estão na escolinha para do são as músicas que cantamos conhecer como funcionam os rituais. para nos conectarmos às energias Ao chegarem, elas batem cabeça. de trabalhos, com os espíritos. Ele Esse ritual serve para comprimentar funciona como mantras, aumenas entidades. Sentadas em colchões, tando a vibração energética e faaprendem sobre o andamento da gira. cilitando os trabalhos mediúnicos. A importância de cada momento, de O ponto riscado são desenhos que cada fala, de cada ponto.… representam a energia que o espíOs pais também acompanham rito utiliza para trabalhar. Seria a a aula e interagem com as crianças marca do espírito na Terra. e professores. A aula ocorre de uma maneira leve, tranquila e descontraQual a importancia da Educaída perto de um fogão à lenha. Eles ção infantil na Umanda? também estão ali por A importância da eduum motivo: os “pretos cação infantil na umvelhos” usavam esse A aula na Um- banda: nós acreditatipo de fogão para coque a escolinha banda ocorre mos zinhar. Na época cotem a sua importância lonial do Brasil quan- de uma manei- pois desmistifica o rido, obviamente, não ra leve e tran- tual e conceitos que, havia fogão à lenha. por ser algumas vezes quila, quase Depois de ouvirem sincretizado com ousobre a Umbanda, as um bate papo. tras religiões, podem crianças são levadas ser entendidos de maneira difeaté o local que ocorre as giras. Lá, rente daquelas que acreditamos. os professores explicam como se Por exemplo, no nosso primeiro dá cada ritual e qual a importância ano trabalho a questão dos orixás. de cada um para a crença. Explicamos que para a umbanda, Elas aprendem, por exemplo, Iemanjá não é uma moça de vestique para entrar precisam tirar os do azul, mas sim a energia do mar calçados para que a energia delas e tudo o que ela pode transmitir de se conecte com as entidades e, as- sentimento. sim, não haver nenhum empecilho para o mometo sagrado. Também é Qual a parte mais gratificante necessário o ritual de bater cabeça, em trabalhar com crianças na pois o procedimento serve para cum- Umbanda? primentar as entidades e assim poder O que considero mais legal nesse continuar com a gira. trabalho é ver como algumas crianDanielle Cristine Martins . tem 29 ças que antes tinham medo hoje anos. e é professora na Escolinha de frequentam o terreiro, respeitam e Umbanda. Ela comenta o quão im- praticam os ensinamentos fora do portante é o ensino para as crianças. terreiro também

As entidades

Os Erês

São espíritos que têm atitudes de crianças porque, em sua última vida, desencarnaram muito novinhos, então eles brincam muito, gostam de doces e de histórinhas infantis E não é por ser criança que eles têm algum demérito, pelo contrário eles são muito respeitados, pois representam a pureza.

Caboclo Quando há giras de caboclos na Umbanda há também muita alegria. O termo Caboclo denomina qualquer indígena habitante de qualquer lugar da Terra. Eles agem como conselheiros, ensinando aos seres humanos alguns valores que, muitas vezes, estão perdidos em nossa sociedade atual, como a importância do respeito com o próximo e com a fauna e a flora.

Preto velho Os pretos velhos são negros escravos que viveram no Brasil colonial. Não é novidade para ninguém que os escravos, nessa época, eram tratados da pior maneira possivel, tanto por seus senhores como pela sociedade em geral. A reação deles a isso era fugir das mãos dos grandes senhores, criando pequenas vilas chamada quilombos Após muitos anos sofridos e de extrema humilhação esses seres têm a misão de ajudar as pessoas que precisam de conselhos e os fazem com amor.

Todo o domingo pela manhã, No próximo estágio de aprendias crianças têm ensino prioritário zado, essas crianças estarão junno centro espírita. Ao chegarem to com os adolescentes e jovens em uma antessala com uma gran- e precisam estar preparadas para de escadaria e vários painéis. Elas acompanhá-los. são levadas a uma sala específica para sua idade. Assim funciona o Orientação cristã ensino prioritário dominical. Os Elisabeth Martin Bianco Mapais também têm um momento chado tem 60 anos de idade e para eles, em um auditório na parte é pedagoga. Ela trabalha com de cima do salão, onde aprendem crianças há 43 anos, dos quais mais sobre a doutrina. 20 são com a Evangelização EsMas o foco é nas crianças. pírita Infanto juvenil. Ela conHá no local várias salas para a versou com o Marco Zero sobre a faixa etária mais adequada para importância da educação infantil as crianças. No jardim um, por no espiritismo exemplo, crianças de três e quatro anos aprendem um pouco mais Marco Zero: Qual a sua função sobre a doutrina espírita de uma na Evangelização Espírita para maneira bem divertida, com ativicrianças? dades lúdicas e cheias de imagiElisabeth: Sou evangelizadora e nação. Essa regra também vale para o também responsável pelo Deparjardim dois, que atende crianças de tamento de Orientação à Infância e Juventude da Federação cinco e seis anos. Há Espírita do Paraná no local vários brin- A evangequedos e as crianças lização in- Qual a parte mais desenham. Já no chamado pri- fantil ajuda gratificante desse trabalho? meiro ciclo, que cuida a formar Acompanhar e presendas crianças de sete e pessoas de ciar a evolução de cada oito anos, os pequecriança e sua postura bem. nos têm atividades cristã diante das diverdirigidas. Há no meio da sala uma mesa onde podem re- sas situações de sua existência. alizar o que é proposto pelos professores. Há na sala um projetor, E quais são as maiores dificuldaem alguns momentos as crianças des desse trabalho? também assistem a filmes que as Comprometimento e valorização das famílias, da tarefa de evangeensinam. O segundo ciclo é responsável lização. pelas crianças de oito e nove anos. Agora, elas estão em uma sala re- Qual a importância de uma donda com um quadro negro. Nes- educação religiosa na vida das se estágio, as atividades são com- crianças? Acho primordial a Evangelizapletamente dirigidas. Por fim, andando mais um ção Espírita Infanto juvenil para pouco, chega-se à sala do terceiro a formação de pessoas de bem ciclo. Agora as atividades deixam e, consequentemente, para um completamente o lado lúdico e mundo melhor, mais feliz e mais passam a ser mais sérias e focadas. cristão.


10

MARCO

ZERO

Número 53 – Maio/Junho de 2017

COMPORTAMENTO

Xeque mate na Curitiba do xadrez

O jogo vem ganhando cada vez mais espaço na capital do Paraná

Um jogo onde cada movimento precisa ser calculado a fim de deixar o rei do adversário sem saída. Basicamente é essa a finalidade do xadrez. São muitas as histórias sobre a origem desse jogo tão simples e ao mesmo tempo complexo, inclusive com citações até na mitologia grega. Em Curitiba, vários nomes se destacam nessa modalidade. Um deles é o da jovem de 21 anos, Kim Souza, considerada a melhor enxadrista do estado do Paraná pelo terceiro ano consecutivo. Na entrevista abaixo para o Marco Zero, ela fala sobre suas vitórias, dificuldades e um pouco sobre o próprio jogo.

Sua irmã Bruna Garcia era atual campeã do torneio Paranaense Feminino de Xadrez. Esse fato influenciou a sua carreira? Nós duas começamos a treinar xadrez em 2009, em Joaçaba-SC, cidade onde morávamos na época. Eu fui campeã paranaense em 2014, pela primeira vez. No ano de 2015, minha irmã foi campeã. E hoje, eu sou a atual campeã Paranaense de Xadrez Feminino. De quantos campeonatos você já participou? É difícil contabilizar a quantidade de torneios, pois foram vários. Mas, em geral, já joguei torneios locais, estaduais e nacionais. Participei de

Qual é a melhor parte de jogar xadrez? O que ele te desperta? Para mim, a melhor parte de jogar é o desafio. Desafio para fazer o melhor lance, a melhor partida, o melhor torneio... Qual foi a sensação de quando você ganhou seu primeiro prêmio no xadrez? Foi indescritível, porque isso não aconteceu de um dia para o outro. Eu já havia sofrido muitas derrotas e derramado muitas lágrimas (sim, eu chorava a cada derrota e foram várias, no ínicio), e quando finalmente eu consegui ganhar, foi incrível para mim, senti que realmente havia evoluído e tinha capacidade para vencer os torneios que participava. Explica um pouquinho do jogo pra gente Xadrez é um esporte, um jogo de estratégia e tática, onde há 32 peças em um tabuleiro de 64 casas. As casas são divididas alternando em cores claras e escuras. No início de uma partida, cada jogador dispõe de 16 peças: oito peões, dois cavalos, dois bispos, duas torres, um rei e uma dama. Cada uma das peças possui um valor e segue um movimento diferente. Vence a partida o jogador que realizar o xeque mate. Qual é a dica que você dá para aqueles que estão começando a jogar? E para aqueles que acham o jogo difícil ou complicado, o que você aconselharia? Persistência em ambos os casos, pois no início o jogo pode parecer difícil, chato e monótono. Porém, com o tempo, torna-se apaixonante.

Apesar de suas origens incertas, o xadrez se impõe através do tempo

A importância do xadrez na capital A capital paranaense também conta com o Clube de Xadrez de Curitiba de onde saem muitos nomes de importância no xadrez nacional. Murilo Gimenez Salustiano é Diretor Escolar e de Relação com a Comunidade no Clube de Xadrez de Curitiba . Ele conta que o corpo de associados é composto por diversos ex-campeões estaduais, Mestres Internacionais e da Federação Internacional, professores de xadrez e voluntários abnegados à divulgação e consolidação do xadrez como marca cultural da cidade e do Estado. Murilo comenta que Curitiba pode humildemente ser considerada a Capital Brasileira do Xadrez. Devido a presença de campeões Brasileiros que residiam em Curitiba o Xadrez se fortaleceu muito na Cidade como referência a partir da década de 80, mas seus prede-

Curitiba pode humildemente ser considerada a Capital Brasileira do Xadrez” Murilo Gimenez, diretor do Clube de Xadrez de Curitiba cessores foram extremamente importante em anos anteriores, construindo e moldando os caminhos do Xadrez Curitibano e Paranaense. Ele comenta que no ano de 2016 houveram em Curitiba três Torneios de Xadrez com média de 1000 jogadores cada. Por essas e outras que realmente Curitiba pode ser considerada a Capital do Xadrez.

Jogo é uma ferramenta educadora Segundo Murilo o xadrez do ponto de vista cognitivo é uma ótima ferramenta, pois o jogo permite interação, disciplina, estratégia, concentração, avaliação e decisão. Vários desses tributos colaboram para o desenvolvimento e aprendizado das crianças, futuras cidadãs que poderão exercer as matrizes do jogo em qualquer fase da vida. Em Curitiba o Sesc Paraná promove anualmente um Grande Torneio, Esses eventos são abertos e gratuitos e perto de 80% dos participantes são crianças de 1º a 5º ano.” Para enxadrista Kim, que é a melhor do Paraná outro fator importante que o jogo melhora é a concentração e a tomada de decisão para solucionar problemas.

Nataly Rocha

Marco Zero: Como começou a jogar xadrez? Quais foram suas dificuldades? Kim: Eu comecei a jogar xadrez por causa da minha irmã Bruna Garcia de Souza. Eu tinha que levá-la aos treinos, por ser a irmã mais velha, mas não gostava. Então, posso dizer que a barreira inicial foi o desinteresse pelo esporte. Por estar em contato direto com os treinamentos, toda a semana, o interesse pelo jogo foi surgindo ao longo do tempo.

Nataly da Rocha (Ponto Zero)

Ana Elize de Souza

campeonatos escolares por alguns anos, Jogos da Juventude do Paraná, Jogos Abertos do Paraná (que participo até hoje, representando a cidade de São José dos Pinhais, atualmente), Jogos Abertos de São Paulo (onde representei a cidade de Franca, por três anos seguidos, consagrando-me campeã, juntamente com a minha equipe no ano passado) e Abertos do Brasil em várias cidades, além de torneios locais e regionais.


Número 53 – Maio/Junho de 2017

MARCO

11

ZERO

EVENTOS

Crédito: Felipe Boiczuk

Uninter no Prêmio Sangue Novo

@TÁ NA WEB Aliana Machado

Nerdologia e a cultura pop

digital brasileiro” e “Um guia para o jornalismo investigativo”, ficando na 2ª e 3ª colocações, respectivamente. O Prêmio Sangue Novo incentiva alunos dos cursos de jornalismo a desenvolver e apresentar seus trabalhos, incentivando os estudantes e premiando os melhores de todo o estado. Ao todo, são 23 categorias e, só neste ano. contou com 554 trabalhos inscritos. Esse é o único evento no estado em que reúne alunos só do curso de Jornalismo. Silvia Valim, diretora de cultura do Sindijor, ressalta que “o prêmio é de fundamental importância para todos os estudantes de jornalismo porque abre portas para o mercado de trabalho”.

Crédito: divulgação

Mas, afinal, para que serve o Spinner?

Crédito: Jeniffer Jesus

A 21º edição do Prêmio Sangue Novo ocorreu no dia 03/05 e a Uninter marcou presença sendo finalista em quatro trabalhos, em três categorias. O evento envolveu alunos dos cursos de Jornalismo de todo o estado do Paraná. O Comunicarte concorreu na categoria “Importância do Jornal Mural no Ambiente Acadêmico” e ficou em 3º lugar. O jornal Marco Zero também disputou ao prêmio, na categoria “Jornal Laboratório Impresso”, levando o 2º lugar. Essa foi a 6º vez em que o jornal da Uninter ficou em um dos três primeiros lugares. Já na categoria “Pesquisa em Jornalismo”, a Uninter concorreu em dois projetos: “Jornalismo alternativo

Crédito: divulgação

Equipe de Jornalismo da Uninter fazendo a cobertura do evento

Tudo começou com um singelo blog referente a lançamentos de Star Wars Episódio II. Com o passar do tempo, ele se contemplou em um grande portal de notícias e entretenimento que contém podcasts, vídeocasts e central de notícias. A Nerdologia é uma produção original da Amazing Pixel, sendo assim uma análise científica e histórica de variados pontos da cultura pop. A denominação Jovem Nerd existe há aproximadamente 15 anos, e faz muito sucesso na web, sendo uma parceria dos amigos Alexandre Ottoni, o Jovem Nerd e Deive Pazos, o Azaghal.

O Fidget Spinner, ou como também é conhecido, Hand Spinner, é um brinquedo que ajuda a combater ou amenizar a ansiedade e o stress. Também é um equipamento muito útil para ajudar aqueles que desejam largar algum tipo de vício como roer unhas. Ele funciona como um objeto de distração e é considerado, até mesmo, como uma técnica de relaxamento. Ele consiste em um objeto que, quando é impulsionado, passa a girar continuamente na ponta dos dedos.

Conheça o blog Bolsa de Mulher (Vix) e fique por dentro da moda

Alunos da Uninter recebendo o prêmio na categoria Pesquisa em Jornalismo

Pofessor Nicolato (à direita) e alunos sendo premiados na categoria Jornal Laboratório Impresso

outros caminhos. Já para quem gosta de televisão, o blog mostra os filmes e séries que estão em alta. Sem falar

nas receitas gastronômicas maravilhosas e as dicas na cozinha. Ficou curioso? Acesse lá. Crédito: divulgação

Crédito: Felipe Boiczuk

Crédito: Jeniffer Jesus

Professor Eugênio (à direita) e os estudantes recebendo o prêmio na categoria Jornal Mural no Ambiente Acadêmico

O blog Bolsa de Mulher é ideal para aquelas que querem ficar por dentro dos diversos assuntos do universo feminino. É possível ler conteúdos relacionados a moda, relacionamento, beleza, mães e bebês e poder feminino. É claro que fofocas e os estilos das celebridades também compõe o blog. Além de ter notícias relacionadas a entretenimento, política, cultura pop, comportamento, sexo e até mesmo inspirações para viagens. O blog também tem uma parte reservada para a saúde, com dicas de dietas, mundo ftness, gravidez, enxaquecas, etc. Ciência, mundo e tecnologia são opções para quem quer sair um pouco dos mesmos assuntos e explorar


12

MARCO

ZERO

Número 53 – Maio/Junho de 2017

ENSAIO FOTOGRÁFICO

A arte desacelera o caos urbano A rua é o lar dos carros, das pessoas, da cidade. Na rua está a arte, a cultura, a sociedade em uma visão literal. O teatro de rua quebra o caos urbano, quebra o cotidiano. A rotina, o rush. E rouba alguns minutos, segundos, ou até a passagem das pessoas. É reunir gente de cores, tribos, religiões e classes, fazer com que coexistam em paz e harmonia. É o brilho no olhar, o riso do público, os aplausos e assobios vindos da multidão.

Clarissa Casagrande


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.