Regresso às Aulas

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SER PROFESSOR Ser professor é ser artista, malabarista, pintor, escultor, doutor, musicólogo, psicólogo… É ser mãe, pai, irmã e avó, é ser palhaço, estilhaço, É ser ciência, paciência… É ser informação, é ser acção. É ser bússola, é ser farol. É ser luz, é ser sol. Incompreendido?… Muito. Defendido? Nunca. O seu filho passou?… Claro, é um génio. Não passou? O professor não ensinou. Ser professor… É um vício ou vocação? É outra coisa… É ter nas mãos o mundo de AMANHÃ AMANHÃ os alunos vão-se… e ele, o mestre, de mãos vazias, fica com o coração partido. Recebe novas turmas, novos olhinhos ávidos de Cultura e ele, o professor, vai despejando com toda a ternura, o saber, a Orientação nas cabecinhas novas que amanhã luzirão no firmamento da Pátria. Fica a saudade… a Amizade. O pagamento real? Só na eternidade. Desconhecido

SER ALUNO Ser aluno é querer saber, É estar com os olhos abertos, bem despertos! É ter curiosidade, saber ocupar o tempo com o olhar fixo no momento. Ser aluno é não ter idade, é ser menino, homem, velho… Não interessa! O que importa é estar desperto É querer saber mais É saber dispor as coisas Saber navegar pelo Universo É saber ser marinheiro saber andar, em diferentes marés Um dia… águas calmas mas depressa entra em mares revoltos. Surgem angústias, raivas vozes engasgadas medo de perder o leme. Não pode esquecer a bússola a orientação Aquela que o vai pôr em acção. Ser aluno é saber jogar fintar na hora certa Ter visão do jogo Saber fazer a jogada. Às vezes falha-se… Falta de conhecimento? Jogada mal passada? Má orientação de jogo? Ser aluno é crescer começa de pequenino Depois é a vontade que fica se for bem orientada. Pode até não dar logo certo. Mas um dia… Um dia surge a saudade daqueles bancos de escola E até da sacola! Dos berros dos professores e de todos os colegas… que depois são uns amores… Mas há uma coisa que nunca vai esquecer É o olhar de ternura Daquele que foi aluno se tornou um doutor e soube ser Professor! José Nuno Oliveira

Regresso Especial

às Aulas


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31 de Agosto 2010

Calendário Escolar Pré-escolar Início – 13 de Setembro de 2010 Encerramento – 5 de Julho de 2011 Interrupções 2010 Natal - 17 a 31 de Dezembro de Carnaval – 7 a 9 de Março de 2011 Páscoa – 15 a 21 de Abril de 2011 Do 1º ao 3º ciclos Início – 13 de Setembro de 2010 Junho Encerramento – 22 de Junho (9 de para 9º ano) Interrupções 2010 Natal – 20 a 31 de Dezembro de 2011 de o Març de 9 a 7 – Carnaval Páscoa – 11 a 21 de Abril de 2011

Agrupamento de Escolas de Vagos em números Jardins-de-Infância -16 estabelecimentos (20 salas) lec- 405 alunos (menos 15 que no ano tivo passado) EB 1º ciclo - 17 estabelecimentos - 869 alunos (menos 35 alunos)

Fonte: Agrupamento de Escolas de Vagos

EB 2º e 3º ciclos no 3º - 551 alunos (283 no 2º ciclo; 246 CEF) em 22 e ; ciclo

Escolas que encerram - EB1 Areão - EB1 Vagueira Norte - EB1 Sanchequias - JI Sanchequias - JI Gândara

EB1 e JI já não abrem mais as portas No próximo dia 13 há algumas escolas que não irão abrir portas. Por falta de número suficiente de alunos (menos de 21 alunos), a tutela encerrou, no concelho de Vagos, três escolas do 1º ciclo e duas salas do pré-escolar. Deste modo, não reabrem as EB1 de Sanchequias (19 crianças passam para a EB1 da Vigia), EB1 do Areão e da Vagueira Norte (os 19 e 20 alunos respectivamente foram transferidos para o estabelecimento da Gafanha da Boa Hora). Encerram, igualmente, as salas do Jardim-de-Infância (JI) de Sanchequias (as 14 crianças passam para a sala de Santo André) e do JI da Gândara (as 10 crianças são transferidas para a sala de Fonte de Angeão). A medida foi discutida entre Agrupamento, Câmara, instituições particulares de solidariedade social e encarregados de educação, entendendo-se ser a «mais benéfica» para as crianças, como afirmou à nossa redacção Júlio Castro. «Mais importante que o fecho das escolas são as condições que vamos criar nas escolas que vão receber os alunos», acrescentou o director do Agrupamento. Uma situação que culminará com a abertura dos cinco centros escolares previstos para o concelho. Recorde-se que o centro das Gândaras (em Fonte de Angeão) e o das Gafanhas (na Gafanha da Boa Hora) já se encontram em fase de concurso público, prevendo-se o início da sua construção em Novembro próximo.

1,7 milhões de investimento nas escolas vaguenses Nos preparativos para o próximo ano lectivo, que está aí à porta, a Câmara Municipal de Vagos investe anualmente cerca de 1,7 milhões de euros, um valor que tem vindo a ser gradual desde 2002. As contas são efectuadas pelo edil Rui Cruz: para além do apoio do Ministério da Educação, que ronda os 38% em média, a autarquia dispensa 180 mil euros para o programa de expansão e desenvolvimento de educação pré-escolares, 235 mil euros para colocação de auxiliares de educação no ensino pré-escolar e no 1º ciclo, 200 mil euros para programa de fornecimento de refeições às crianças que frequentam o 1º ciclo no município e 280 mil euros para Actividades de Enriquecimento Curricular.

Livraria e Papelaria JOTA Rua Carvalho e Maia,114 - VAGOS


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Cristina Silva

Albina Rocha

É de pequenino… que se aprende a aprender

O adulto de amanhã inicia-se no 1º ciclo

Para a esmagadora maioria das crianças, a entrada no Jardim-de-Infância (JI) é o primeiro contacto com o meio escolar. Razão pela qual foi deixando de ser visto e classificado como um mero local onde se guardam e se brinca com as crianças há já alguns anos; as pessoas passaram a ter formação e, consequentemente, começou-se a ser-lhes exigida uma resposta adequada para a formação que tinham. Com dois/três anos até aos cinco/seis anos, as crianças tomam, portanto, contacto pela primeira vez com o meio escolar e, cada vez mais, de forma gradual. «Como é fácil de entender, a um menino de dois anos não pode ser exigido aquilo que vai ser exigido aos de seis; aquilo que se pretende é que gradualmente as coisas se vão adequando e que as aprendizagens sejam aproximadas ao formal, para que a transição do pré para o 1º ciclo não seja um choque», explica à nossa redacção Cristina Silva. A coordenadora do departamento de educação do pré-escolar e também educadora de infância defende mesmo que «já não é tão grande» o choque aquando da entrada no 1º ciclo, porquanto tem sido fulcral o “Ano Zero” promovido pelo Agrupamento de Escolas de Vagos [ver caixa]. É nesta primeira etapa que as crianças tomam contacto com os números e as letras/palavras. «Há pessoas que criticam que as crianças são pouco ensinadas, outras que são ensinadas a mais; o que nós tentamos ensinar é que, por exemplo, a escrita é muito ditadora e que não se escreve como quer, ou seja, que se escreve por uma sequência própria (de cima para baixo, da esquerda para a direita e que se trocarmos as letras as palavras já não fazem sentido, têm que ter espaço entre elas). E é aqui que têm a percepção de que as palavras têm tamanhos diferentes do que pensavam, como por exemplo: formiguinha pensam que é uma palavra pequena e leão uma palavra grande», adianta. Perante o choque da criança que “corta” com o meio familiar, a educadora aconselha os pais e encarregados de educação a ter «coragem». «A ligação afectiva que tinha com a família vai continuar a existir, mas na cabeça de um menino de três anos, que era o centro das atenções e que vai passar a partilhar tudo com os outros meninos, a situação surge como um abandono», explica Cristina Silva, aconselhando que «apesar de ser muito difícil, expliquem ao menino que o deixa ali bem entregue, mas que mais logo o vai buscar, para que o sentimento de abandono não surja». GP

Do lúdico e dos jogos no pré-escolar, ao entrar para o 1º ciclo, as crianças são confrontadas com novos desafios. Continuando igualmente com os jogos e as brincadeiras, aos alunos são-lhes exigidas determinadas aquisições e aprendizagens, para o qual é «necessário um comportamento diferente daquele que já existia, embora, em termos pedagógicos, tenham começado na etapa anterior, no pré-escolar». As explicações são da docente Albina Rocha, que coordena o departamento do 1º ciclo do Agrupamento de Escolas de Vagos. Actualmente, ingressar na escola acaba por ser o “trabalho a tempo inteiro” das crianças. Entrando às 9h e saindo às 17h30 (as últimas duas horas são destinadas às actividades de enriquecimento curricular), para além das disciplinas habituais, há já alguns anos que os jovens alunos aprendem ainda música, inglês e desporto a brincar. «Estas actividades devem ter um carácter lúdico, porque se as estratégias não forem diferenciadas ou adequadas, é evidente que tornar-se-ão cansativas para as crianças», defende Albina Rocha. Por tal, alerta todos os novos alunos de que «a escola é a serio e não é só para brincar, mas sem o “bicho papão” que toda a gente fala». «Têm que se consciencializar que têm que trabalhar, porque o grande problema dos dias de hoje é que às crianças é-lhes tudo facilitado e a escola não pode ser fácil. Aprender dá trabalho e este é o trabalho das crianças», acrescenta, comparando a escola como sendo o emprego das crianças tal como os pais também têm o seu emprego. Porquanto «aprender exige esforço». Aos pais, e sobretudo aos que se angustiam mais nos primeiros dias de aulas dos seus filhos, a docente garante que a escola já não tem nada a ver com aquilo que era antes. «Os conceitos e representações mentais que têm da escola primária são a deles e não a dos filhos e nestes dias relembram-se da sua experiência traumatizante, sentindo-se angustiados, mas é preciso passar a ideia de que os filhos estão bem e protegidos, apesar de lhes serem incutidas mais responsabilidades». Deste modo, aconselha aos pais a ter «confiança» de que esta é a continuação de um percurso que os filhos já iniciaram no pré-escolar, mas adverte que «têm que estar presentes para os ajudar a crescer, a serem autónomos e responsáveis para que sejam o adulto de amanhã devidamente apoiados e capacitados para as funções que a sociedade hoje exige». GP

Coordenadora do departamento de educação do pré-escolar

Coordenadora do departamento do 1º ciclo

Manuel Nogueira

Coordenador das expressões do 2º e 3º ciclos

Escola maior, mas de fácil adaptação Mais um ciclo conseguido com sucesso, mais uma transição. Aos nove ou dez anos, o jovem estudante dá mais um passo no seu currículo escolar ao transitar para o 2º ciclo. Uma escola maior com mais professores, mais alunos, mais valências e oportunidades é o que espera o aluno. No entanto, perante tamanhas novidades, para Manuel Nogueira, professor de Educação Física e Coordenador das expressões do 2º e 3º ciclos do Agrupamento de Escolas de Vagos, «os alunos têm facilidade em adaptar-se» à nova realidade, até porque «a própria escola arranja estratégias no sentido de colmatar esse género de “handicaps”». Tendo em conta que os alunos passam de um regime em que existe apenas um professor para outro em que têm 10 a 12 docentes nas mais variadas disciplinas, cabe à escola promover reuniões com os pais/encarregados de educação e com os novos alunos para «explicar muito bem aquilo que vão encontrar» e, sobretudo, para «organizar visitas guiadas a toda a escola», de forma a que «conheçam todas as valências» do estabelecimento. «É das melhores formas para os adaptar a esta nova realidade que é o 2º ciclo». Um dos obstáculos por que terão que passar os alunos são as aulas de 45 ou 90 minutos. Manuel Nogueira é um dos docentes que defende as aulas de 60 minutos. «Para algumas disciplinas, 45 minutos de aula é pouco, mas para outras os 90 são em demasiado», diz, acreditando que, com a proposta de reajustamento, seja uma realidade as aulas de 60 minutos. Para quem ingressa pela primeira vez no 2º ciclo, Manuel Nogueira aconselha a que todos os directores de turma expliquem o funcionamento da escola, quer aos pais, quer aos alunos, para uma «melhor e fácil adaptação». GP

“Ano Zero” para atenuar choque de transição Transitar do pré-escolar para o 1º ciclo, no concelho de Vagos, já não é traumatizante como antigamente. O trabalho que vinha sendo feito pelo Agrupamento de Escolas de Vagos de forma informal passou a formal e permite que os meninos que frequentam os Jardin-de-Infância visitem e conheçam por dentro as escolas do 1º ciclo e o seu futuro professor e colegas. No âmbito do intitulado “Ano Zero”, os professores destes dois níveis de ensino reúnem e fazem uma programação por forma a que haja um contínuo em termos pedagógicos e de aprendizagem, tanto ao nível das letras como dos números. «Por vezes, as actividades podem desenvolver-se na própria escola, uma forma encontrada para não haver o tal choque derivado da passagem de um estabelecimento para outro», explica Cristina Silva. «Este é um trabalho que estava a ser feito informalmente e passou a ser prática do Agrupamento para aliviar e atenuar as diferenças e o choque entre os diferentes ciclos», acrescenta Albina Rocha. GP


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