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LAPA

Comportamento Fé e Cidadania

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Dom Martinho Adilson Fábio Furtado professa os votos monásticos perpétuos

BENIGNO NAVEIRA

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No dia 10, aconteceu a festa de Santa Escolástica, irmã gêmea de São Bento, no mosteiro beneditino de São João Gualberto, Setor Pastoral Pirituba. Durante as comemorações, Dom Martinho Adilson Fábio Furtado, OSB, professou os votos monásticos perpétuos e recebeu a solene consagração monacal pelas mãos do Prior, Dom Robson Medeiros Alves, OSB.

A celebração eucarística contou com a presença de diversos amigos do professando e religiosos, e também foi acompanhada ao vivo pelas redes sociais.

Dom Robson, na homilia, ressaltou o chamado de Deus ao professando, primeiramente o da santidade, depois o chamado particular à vida monástica. Destacou, também, a vida de comunhão com Deus, e lembrou que agora, consciente e maduro, sabendo tudo o que comporta o chamado comunitário, Dom Martinho deve persistir na vocação, e exortou-o à fidelidade à vocação que recebeu de Deus.

A Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Lapa conversou com o Irmão Matias Moraes de Barros, OSB. Ele explicou que a profissão dos votos monásticos solenes inaugura um tempo de maior vivência e experiência da vida comunitária. A missão do monge, o próprio rito acentua, é “ressoar nos seus lábios o louvor a Deus e orar sem cessar pela salvação de todo o mundo”. O Irmão ressaltou, ainda, que o sentido de uma comunidade monástica é ser, na Igreja e com a Igreja, um instrumento de oração pela salvação de todas as almas.

Tiago Donizeti Bueno

Dom Robson preside a solene consagração monacal de Dom Martinho Adilson

Como ajudar os irmãos a crescerem na amizade

SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO

Em algum momento da vida, todos os pais têm esta preocupação: medo de que os filhos não se entrosem, não consigam estabelecer vínculos sólidos nem manter uma amizade pela vida afora.

É comum essas preocupações tomarem conta do imaginário, especialmente das mães, a cada briga, a cada dificuldade no trato de um para com o outro. Como podemos trabalhar essa questão?

Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que os comportamentos e as virtudes são formados com o tempo, não são inatos. Ao contrário, todos nascemos com tendência a buscar facilidades, prazer e comodismo. Sair dessa posição é fruto de exercícios, e, por isso, precisamos exercitar os nossos filhos a crescerem na capacidade de amar os outros, de modo especial seus familiares.

Vou enumerar a seguir algumas atitudes que os pais podem ter para formar os filhos nesse aspecto: 1. Sempre falar com alegria da chegada de mais um irmãozinho – estar convencidos de que sempre é um ganho a chegada de um irmão e jamais o contrário. Já ouvi, inúmeras vezes, mães lamentando o fato de que o filho vai sofrer pois terá que dividir tudo: a atenção dos pais, dos avós, o quarto, os brinquedos.

Esse é um grande equívoco. Ele ganhará muito – ganhará uma companhia para brincar, conversar, viajar, ajudar nas tarefas e projetos futuros, enfim, é preciso olhar sempre o lado positivo da situação. Aliás, precisar dividir todas as coisas e a atenção das pessoas é um grande presente, pois, quando se tem tudo para si, o resultado é desastroso: forma-se uma pessoa mimada e incapaz de servir aos demais. 2. Cuide de cada um em suas necessidades – não é porque são irmãos que tudo precisam fazer juntos.

Cada um tem um temperamento, uma necessidade, um tempo. Cabe aos pais cuidar desses aspectos sem estimular a competição ou o espírito de crítica entre eles. A justiça consiste em tratar de modo diferente os que são diferentes; portanto, não tema agir assim. Quando os filhos se sentem atendidos em suas necessidades, ficam mais felizes e se relacionam melhor com os outros. 3. Exercite-os desde pequenos para que se ajudem, que agradeçam um ao outro o apoio que recebem, que identifiquem virtudes no irmão para elogiá-lo – como as críticas costumam brotar mais facilmente

do que os elogios, ajude-os a enxergar os aspectos positivos dos irmãos. 4. Quando há uma reclamação, ajude-os a identificar como podem contribuir para que o irmão melhore naquele aspecto. É uma excelente oportunidade de trabalhar com a capacidade de ajuda mútua no crescimento pessoal; afinal, somos responsáveis pelos que amamos, não é mesmo? 5. Outro aspecto que ajuda bastante é conhecer os diferentes temperamentos e ajudar os filhos a crescerem no conhecimento próprio e no dos irmãos, pois pequenos desentendimentos podem ser frutos dos diferentes modos de perceber e se manifestar diante das situações.

Quando compreendem melhor isso, acabam se entendendo melhor.

Como se pode ver, o caminho para crescerem na capacidade de serem amigos verdadeiros e se amarem é longo e exige trabalho da parte dos pais. Há uma tendência natural de se quererem bem pelos próprios laços familiares, mas com certeza serão mais amigos e companheiros se forem formados para isso!

Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021

PADRE ALFREDO JOSé GONÇALVES, CS

Num Brasil política e ideologicamente polarizado, a Campanha da Fraternidade de 2021, que será ecumênica, “cai como uma luva”. O debate político, se e quando levado adiante de forma aberta, responsável e transparente, é reciprocamente enriquecedor e saudável. A polarização exacerbada dos últimos anos, entretanto, tende a gerar tensões e atritos que empobrecem o processo democrático. No fim da linha, não raro tem nutrido as fake news, a difamação e, até mesmo, a agressão.

Nesse contexto conflagrado, as Igrejas ligadas ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), em sintonia com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promovem a CFE 2021. Esta tem como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, acompanhado pelo lema bíblico “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14a). A reflexão remete ao objetivo das campanhas dos anos anteriores: à luz da Palavra de Deus e por meio de um diálogo franco, buscar unir o que está disperso e causa discórdia. Somente desse modo podemos reencontrar a harmonia e a paz que nos pede o Evangelho.

Desta vez está em jogo o amor que gera compromisso social diante das assimetrias, injustiças e disparidades socioeconômicas. Historicamente, a CF no Brasil tenta atualizar a dimensão transformadora da Boa-Nova do Evangelho, de acordo com os desafios do contexto em que vivemos. Daí decorre a escolha do tema e do lema, bem como o rosto ou a situação concreta de determinados destinatários. É ainda uma forma de retomar, anualmente, a “questão social”, linha mestra da Doutrina Social da Igreja, desde seus primórdios.

Esse olhar atento, sensível e solidário para com os “rostos feridos” mergulha suas raízes nos livros da Sagrada Escritura. Representa o olhar do pastor sobre a “ovelha perdida”. Nas páginas bíblicas, não é difícil tropeçar com diversas listas que indicam os prediletos do Pai. “Eu vi, ouvi, conheço e desci para libertar o meu povo escravo no Egito” (Ex 3,7-10); o carinho com o trinômio “órfão, viúva e estrangeiro” (Lv 19, 9-14); o anúncio de Jesus sobre sua missão voltada para os pobres, os presos e os oprimidos, extraída do livro de Isaías (cf. Lc 4,16-21; Is 61,1-3); e ainda, na parábola do juízo final, desfilam “os famintos e sedentos, os nus e prisioneiros, os doentes e migrantes (Mt 25,31-46).

Igual solicitude se encontra nas assembleias episcopais da América Latina e Caribe. No Documento de Puebla, lê-se: “Esta situação de extrema pobreza generalizada adquire, na vida real, feições concretíssimas, nas quais deveríamos reconhecer as feições sofredoras de Cristo”. E seguem os rostos: crianças, jovens, indígenas, camponeses, operários, subempregados e desempregados, marginalizados e anciãos (Documento de Puebla, 31-39).

O número dessas feições marcadas pelo sofrimento será posteriormente ampliado pelos documentos de Santo Domingo e de Aparecida. Este último, por exemplo, dedica um subtítulo a esses “rostos sofredores”, destacando as pessoas que vivem nas ruas das grandes cidades, os migrantes, os enfermos, os dependentes de drogas e os prisioneiros (Documento de Aparecida, 407-430).

Frei Carlos Silva é ordenado Bispo na Catedral da Sé

RITO DE ORDENAçãO DO RELIGIOSO DA ORDEM DOS FRADES MENORES CAPUCHINHOS FOI PRESIDIDO PELO CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER, ARCEBISPO METROPOLITANO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

ROSEANE WELtER

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Na tarde do sábado, 13, na Catedral da Sé, Frei Carlos Silva, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap) foi ordenado Bispo pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, ordenante principal, e de Dom José Soares Filho, OFMCap, Bispo Emérito de Carolina (MA), e Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap, Arcebispo da Paraíba, também bispos ordenantes.

O Frade foi nomeado Bispo Titular de Summula e Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo pelo Papa Francisco em 16 de dezembro de 2020. Até então, era Conselheiro-Geral da OFMCap, em Roma, na Itália.

REPRESENtANtE DE CRIStO

No início da celebração, Dom Odilo lembrou que a ordenação de um bispo sempre recorda a todos que a Igreja é a comunidade reunida em torno de Cristo, conduzida concretamente e animada por pastores, por Ele escolhidos e sobre eles invocado o Espírito Santo. “Nós, bispos aqui presentes, repetiremos o gesto dos apóstolos, impondo as mãos no Frei Carlos, para, assim, invocar sobre ele a unção do Espírito Santo e fazê-lo mem-

Cardeal Odilo Pedro Scherer preside os ritos de ordenação do Frei Carlos Silva na Catedral da Sé

bro do Colégio Episcopal na sucessão dos apóstolos.” (Leia abaixo detalhes do rito.)

Dom Odilo, na homilia, falou da responsabilidade eclesial dos pastores que são os representantes de Cristo: “No Bispo, com os seus presbíteros, está presente na Igreja o próprio Jesus Cristo, Senhor e Pontífice eterno. Pelo ministério do Bispo, é Cristo que continua a proclamar o Evangelho e a distribuir aos que creem os sacramentos da fé”, disse. “O Bispo deve distinguir-se mais pelo serviço prestado do que pelas honrarias recebidas”, complementou.

Dom Odilo agradeceu a Dom Carlos Silva por ter aceitado a nomeação episcopal e ao Papa Francisco pelo carinho e solicitude em enviar o novo Bispo: “Frei Carlos veio para ser Bispo Auxiliar, como missionário desta Igreja, que chama, envia, e continua a impor as mãos para, assim, dar continuidade à missão apostólica, confirmando os irmãos na fé recebida dos apóstolos e de Jesus Cristo”.

A SERVIÇO DA IGREJA E A PERtENÇA A CRIStO

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Dom Carlos Silva manifestou o seu desejo de servir a Cristo, à Igreja e ao povo de Deus: “Sou um humilde servo à disposição de Cristo e a serviço da Santa Igreja. O ministério episcopal é um dom divino que me abre possibilidades para amar e servir a Cristo e ao povo de Deus sedento da sua Palavra. Que Deus me dê a graça necessária para viver bem o ministério episcopal. Que vocês rezem por mim, estejam comigo no exercício do meu mandato episcopal. Vamos caminhar juntos, em sintonia de fé e orações. Não estamos sozinhos. Somos de Deus”.

Ao comentar seu lema episcopal – “Domini Sumus” – (“Pertencemos ao Senhor”), Dom Carlos Silva explicou que “o senso de pertença ao Senhor, ressignificado e renovado a cada dia, na perspectiva da Nova Aliança, comunica a verdadeira alegria de ser povo de Deus e instrumento da sua paz”.

GRAtIDÃO E DISPOSIÇÃO PARA SERVIR

Após a comunhão, Dom Carlos abençoou a todos como bispo pela primeira vez, percorrendo o corredor central da Catedral da Sé.

Na sequência, o Cardeal Scherer o empossou no ofício de Bispo Auxiliar da Arquidiocese e foram lidos os decretos de nomeação como Vigário-Geral da Arquidiocese e Vigário Episcopal da Região Brasilândia, e do mandato especial de, nessa Região, nomear, provisionar, transferir e remover párocos, administradores e vigários paroquiais.

Ao fim da celebração, Dom Carlos Silva fez diversos agradecimentos: a Deus, pela vocação recebida; ao Papa Francisco, “pela missão confiada de apascentar o rebanho de Cristo na Arquidiocese de São Paulo”; a Dom Odilo, “pela acolhida paterna e solicitude fraterna”; e a todos os que participaram de sua caminhada religiosa e sacerdotal. Falou com emoção de seus pais e do ambiente de fé que viveu em família e saudou os parentes e amigos que participaram de sua ordenação episcopal.

“Conforme aprendemos de Santa Benedita da Cruz (Edith Stein), ‘é sempre um risco responder ao chamado de Deus’, diz ela, porém, Deus merece este risco, porque pertencemos ao Senhor, pois morremos com Ele e com Ele ressurgimos para a vida eterna. Pertencer a Cristo é anunciar a vitória da vida, mesmo em meio à transitoriedade, enquanto nos preparamos para receber Dele pessoalmente a caridade plena”, concluiu.

“Assumo esta missão com profunda gratidão, zelo apostólico e espírito missionário para conduzir o povo a Deus”, declarou em entrevista.

(Colaborou: Daniel Gomes)

Mistagogia é a ação de guiar e conduzir para dentro do grande mistério da salvação. A ordenação episcopal é dotada de um rito próprio e marcado por momentos solenes de oração e entrega.

O rito de ordenação começa após a proclamação do Evangelho, com a invocação ao Espírito Santo, momento em que os bispos e a assembleia suplicam a presença do Espírito, recordando Pentecostes e o sopro do Espírito sobre os apóstolos.

Na sequência, é feita a apresentação do eleito para o episcopado por meio da leitura do mandato apostólico, pelo qual o Papa nomeia o bispo da Igreja. A bula papal é o documento pontifício expedido pela Chancelaria Apostólica, no qual consta a nomeação e a missão do novo bispo. A bula confirma, ainda, as motivações para a escolha do eleito e os

Mistagogia da ordenação episcopal

desígnios da nova função, seguindo as normas da Igreja.

Conforme o costume dos Santos Padres, aquele que é escolhido para bispo é interrogado diante do povo, quanto à sua fé e sua futura missão. Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese, manifestou seupropósito de viver com fidelidade e amor os aspectos fundamentais da sua missão episcopal. Comprometeu-se a desempenhar a missão recebida até a morte; de anunciar o Evangelho com fidelidade; conservar o tesouro da fé recebida dos apóstolos; de edificar a Igreja e permanecer na comunhão com o colégio episcopal; viver a misericórdia para com os pobres, peregrinos e necessitados e a desempenhar com fidelidade a missão do sumo sacerdócio.

A manifestação do propósito adquire fundamental importância para que toda a Igreja esteja ciente do compromisso assumido e possa caminhar ao seu lado, demonstrando a graça da solicitude e da fraternidade, unidos numa grande corrente de oração e um só coração, confiando na intercessão de todos os santos e santas de Deus.

Com o eleito prostrado diante do altar, como sinal de humildade e entrega, a assembleia ajoelhada invoca a intercessão de todos os santos com a entoação da Ladainha de todos os santos.

O momento central da ordenação é a imposição das mãos, um rito milenar pelo qual a Igreja confere ao eleito o dom do Espírito Santo, para que, ungido, possa exercer sua missão de bispo; momento de grande mistério, em que a Igreja, por meio dos bispos presentes, manifesta o sentido de colegialidade episcopal.

Com o livro dos Evangelhos aberto sobre a cabeça do novo bispo, é proferida a prece de ordenação. O conteúdo da oração é um pedido ao Pai, para que o ordenando obtenha o mesmo Espírito de governo que Jesus recebeu e transmitiu aos seus apóstolos, para a edificação da Igreja.

A Unção da cabeça com o óleo do Santo Crisma é um gesto que significa a especial participação do bispo no sacerdócio de Cristo. Gesto que representa o bálsamo da unção e a fecundidade espiritual.

O novo bispo recebe o Livro dos Evangelhos, um gesto que representa o compromisso de viver e anunciar os ensinamentos de Jesus Cristo. Na oportunidade, recebe as insígnias episcopais próprias do múnus de santificar, governar e dirigir a Igreja: o anel, símbolo da sua fidelidade para com a Igreja; a mitra, símbolo de santidade; e o báculo, símbolo do serviço pastoral. (RW)

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