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| 18 a 23 de fevereiro de 2021 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7
Fé e Cidadania
lapa
Dom Martinho Adilson Fábio Furtado professa os votos monásticos perpétuos Tiago Donizeti Bueno
Benigno Naveira
COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO
No dia 10, aconteceu a festa de Santa Escolástica, irmã gêmea de São Bento, no mosteiro beneditino de São João Gualberto, Setor Pastoral Pirituba. Durante as comemorações, Dom Martinho Adilson Fábio Furtado, OSB, professou os votos monásticos perpétuos e recebeu a solene consagração monacal pelas mãos do Prior, Dom Robson Medeiros Alves, OSB. A celebração eucarística contou com a presença de diversos amigos do professando e religiosos, e também foi acompanhada ao vivo pelas redes sociais. Dom Robson, na homilia, ressaltou o chamado de Deus ao professando, primeiramente o da santidade, depois o chamado particular à vida monástica. Destacou, também, a vida de comunhão com Deus, e lembrou que agora, consciente e maduro, sabendo tudo o que comporta o chamado comunitário, Dom Martinho deve persistir na vocação, e exortou-o à
Padre Alfredo José Gonçalves, CS
Dom Robson preside a solene consagração monacal de Dom Martinho Adilson
fidelidade à vocação que recebeu de Deus. A Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Lapa conversou com o Irmão Matias Moraes de Barros, OSB. Ele explicou que a profissão dos votos monásticos solenes inaugura um tempo de maior vivência e experiência da vida comunitá-
ria. A missão do monge, o próprio rito acentua, é “ressoar nos seus lábios o louvor a Deus e orar sem cessar pela salvação de todo o mundo”. O Irmão ressaltou, ainda, que o sentido de uma comunidade monástica é ser, na Igreja e com a Igreja, um instrumento de oração pela salvação de todas as almas.
Comportamento Como ajudar os irmãos a crescerem na amizade Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Em algum momento da vida, todos os pais têm esta preocupação: medo de que os filhos não se entrosem, não consigam estabelecer vínculos sólidos nem manter uma amizade pela vida afora. É comum essas preocupações tomarem conta do imaginário, especialmente das mães, a cada briga, a cada dificuldade no trato de um para com o outro. Como podemos trabalhar essa questão? Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que os comportamentos e as virtudes são formados com o tempo, não são inatos. Ao contrário, todos nascemos com tendência a buscar facilidades, prazer e comodismo. Sair dessa posição é fruto de exercícios, e, por isso, precisamos exercitar os nossos filhos a crescerem na capacidade de amar os outros, de modo especial seus familiares. Vou enumerar a seguir algumas atitudes que os pais podem ter para formar os filhos nesse aspecto: 1. Sempre falar com alegria da chegada de mais um irmãozinho – estar convencidos de que sempre é um ganho a chegada de um irmão e jamais o contrário. Já ouvi, inúmeras vezes, mães lamentando o fato de que o filho vai sofrer pois terá que
Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021
dividir tudo: a atenção dos pais, dos avós, o quarto, os brinquedos. Esse é um grande equívoco. Ele ganhará muito – ganhará uma companhia para brincar, conversar, viajar, ajudar nas tarefas e projetos futuros, enfim, é preciso olhar sempre o lado positivo da situação. Aliás, precisar dividir todas as coisas e a atenção das pessoas é um grande presente, pois, quando se tem tudo para si, o resultado é desastroso: forma-se uma pessoa mimada e incapaz de servir aos demais. 2. Cuide de cada um em suas necessidades – não é porque são irmãos que tudo precisam fazer juntos. Cada um tem um temperamento, uma necessidade, um tempo. Cabe aos pais cuidar desses aspectos sem estimular a competição ou o espírito de crítica entre eles. A justiça consiste em tratar de modo diferente os que são diferentes; portanto, não tema agir assim. Quando os filhos se sentem atendidos em suas necessidades, ficam mais felizes e se relacionam melhor com os outros. 3. Exercite-os desde pequenos para que se ajudem, que agradeçam um ao outro o apoio que recebem, que identifiquem virtudes no irmão para elogiá-lo – como as críticas costumam brotar mais facilmente
do que os elogios, ajude-os a enxergar os aspectos positivos dos irmãos. 4. Quando há uma reclamação, ajude-os a identificar como podem contribuir para que o irmão melhore naquele aspecto. É uma excelente oportunidade de trabalhar com a capacidade de ajuda mútua no crescimento pessoal; afinal, somos responsáveis pelos que amamos, não é mesmo? 5. Outro aspecto que ajuda bastante é conhecer os diferentes temperamentos e ajudar os filhos a crescerem no conhecimento próprio e no dos irmãos, pois pequenos desentendimentos podem ser frutos dos diferentes modos de perceber e se manifestar diante das situações. Quando compreendem melhor isso, acabam se entendendo melhor. Como se pode ver, o caminho para crescerem na capacidade de serem amigos verdadeiros e se amarem é longo e exige trabalho da parte dos pais. Há uma tendência natural de se quererem bem pelos próprios laços familiares, mas com certeza serão mais amigos e companheiros se forem formados para isso! Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Site: www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro
Num Brasil política e ideologicamente polarizado, a Campanha da Fraternidade de 2021, que será ecumênica, “cai como uma luva”. O debate político, se e quando levado adiante de forma aberta, responsável e transparente, é reciprocamente enriquecedor e saudável. A polarização exacerbada dos últimos anos, entretanto, tende a gerar tensões e atritos que empobrecem o processo democrático. No fim da linha, não raro tem nutrido as fake news, a difamação e, até mesmo, a agressão. Nesse contexto conflagrado, as Igrejas ligadas ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), em sintonia com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promovem a CFE 2021. Esta tem como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, acompanhado pelo lema bíblico “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14a). A reflexão remete ao objetivo das campanhas dos anos anteriores: à luz da Palavra de Deus e por meio de um diálogo franco, buscar unir o que está disperso e causa discórdia. Somente desse modo podemos reencontrar a harmonia e a paz que nos pede o Evangelho. Desta vez está em jogo o amor que gera compromisso social diante das assimetrias, injustiças e disparidades socioeconômicas. Historicamente, a CF no Brasil tenta atualizar a dimensão transformadora da Boa-Nova do Evangelho, de acordo com os desafios do contexto em que vivemos. Daí decorre a escolha do tema e do lema, bem como o rosto ou a situação concreta de determinados destinatários. É ainda uma forma de retomar, anualmente, a “questão social”, linha mestra da Doutrina Social da Igreja, desde seus primórdios. Esse olhar atento, sensível e solidário para com os “rostos feridos” mergulha suas raízes nos livros da Sagrada Escritura. Representa o olhar do pastor sobre a “ovelha perdida”. Nas páginas bíblicas, não é difícil tropeçar com diversas listas que indicam os prediletos do Pai. “Eu vi, ouvi, conheço e desci para libertar o meu povo escravo no Egito” (Ex 3,7-10); o carinho com o trinômio “órfão, viúva e estrangeiro” (Lv 19, 9-14); o anúncio de Jesus sobre sua missão voltada para os pobres, os presos e os oprimidos, extraída do livro de Isaías (cf. Lc 4,16-21; Is 61,1-3); e ainda, na parábola do juízo final, desfilam “os famintos e sedentos, os nus e prisioneiros, os doentes e migrantes (Mt 25,31-46). Igual solicitude se encontra nas assembleias episcopais da América Latina e Caribe. No Documento de Puebla, lê-se: “Esta situação de extrema pobreza generalizada adquire, na vida real, feições concretíssimas, nas quais deveríamos reconhecer as feições sofredoras de Cristo”. E seguem os rostos: crianças, jovens, indígenas, camponeses, operários, subempregados e desempregados, marginalizados e anciãos (Documento de Puebla, 31-39). O número dessas feições marcadas pelo sofrimento será posteriormente ampliado pelos documentos de Santo Domingo e de Aparecida. Este último, por exemplo, dedica um subtítulo a esses “rostos sofredores”, destacando as pessoas que vivem nas ruas das grandes cidades, os migrantes, os enfermos, os dependentes de drogas e os prisioneiros (Documento de Aparecida, 407-430). Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).