Manaus, julho 2013 – Edição 82 – Ano 7
Dentro do Organismo
Mensagem ao Leitor
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Prezados Prevencionistas, Os agentes químicos geram uma mistura de conhecimentos que afastam alguns profissionais de segurança do trabalho. Como um verdadeiro alquimista o Segurito deste mês tem por objetivo ser uma FISPQ destes conhecimentos e apresentar várias informações relacionadas a agentes químicos, tentando controlar os IPVS e identificando os de maior Concentração Letal 50. Então iniciemos as reações! Prof. Mário Sobral Jr.
Número CAS
A ssim como nós temos a digital que nos identifica em relação às demais pessoas, a Chemical American Society atribui uma numeração para cada novo produto químico que surge. Atualmente temos mais de 23 milhões de produtos cadastrados. Esta identificação chamada de Número CAS (Chemical Abstracts Service) é importante, pois é comum determinado produto químico ter várias denominações. Por exemplo, o tolueno pode ser chamado de fenilmetano ou metilbenzeno ou toluol ou C6H5CH3. Mas todos estes nomes podem ser identificados pelo número CAS 108-88-3.
e forma simplificada podemos entender o processo de exposição e possível adoecimento aos contaminantes químicos de acordo com as seguintes etapas. Teríamos o início do processo com a exposição do trabalhador ao agente químico, para esta etapa é necessária a atuação da segurança do trabalho realizando a avaliação ambiental para identificar qual a concentração a que os trabalhadores estão expostos ao agente químico. Em consequência desta exposição poderia haver a penetração no organismo por via cutânea, digestiva ou respiratória. Nesta fase conhecida como toxicocinética o organismo faria a distribuição do agente com consequente eliminação ou biotransformação. Nesta fase o setor de saúde ocupacional atuaria por meio da avaliação biológica para monitorar a presença do agente no organismo do trabalhador por meio de exames de urina, sangue, etc. Em uma próxima etapa (toxicodinâmica) as reações e interações internas poderiam ocorrer levando a última etapa com possíveis efeitos adversos no organismo em função da toxicidade do agente. Nesta etapa o Estado entra com a vigilância em saúde para realizar o levantamento epidemiológico e efetuar as ações de controle. É lógico que em todas as etapas a empresa estaria atuando no monitoramento e/ou controle do agente no ambiente do trabalho e caso necessário no tratamento do trabalhador afetado.
OMISSÃO DE USO
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e acordo com a concentração dos agentes químicos poderá ser necessário realizar o controle com uso de proteção respiratória. Porém, em função do incômodo (principalmente nos primeiros dias quando ainda não há uma adaptação à máscara) alguns trabalhadores acabam não a utilizando em tempo integral. Como consequência, a proteção proporcionada acaba não sendo completa.
Professor, é possível estimar em quanto diminui esta proteção? Sim senhor, podemos verificar pelo FPE – Fator de Proteção Efetivo, por meio da expressão: FPE =
T . Tuso/ FPT + Tomissão
Onde: T = tempo total de exposição Tuso = tempo de uso do respirador Tomissão = tempo de omissão de uso do respirador FPT = fator de proteção total Os tempos são autoexplicativos, mas o FPT precisa de um comentário. O FPT deveria ser obtido no ambiente de trabalho, avaliando a concentração no interior da máscara e na área externa à máscara. Porém, em função da dificuldade de equipamentos específicos para esta análise, podemos ter uma estimativa
substituindo o FPT pelo FPA.
Professor, agora complicou mais! Te acalma e continua lendo. O FPA é o fator de proteção atribuído à máscara, ou seja, em condições ideais, 95% dos usuários terão proteção estabelecida por este fator. Conseguimos estes valores na Instrução Normativa 01 de 1994, a qual criou o Programa de Proteção Respiratória. Este fator indica o número de vezes que a máscara reduz a concentração do ar externo, ou seja, para um FPA = 10 em um ambiente com concentração de um produto “z” igual a 20 ppm, teremos no interior da máscara apenas 2 ppm. Para concluir vamos a um exemplo da fórmula apresentada. Imagine que um trabalhador tem jornada de 6 horas exposto a determinado agente químico e por 25 minutos não utiliza a máscara (um purificador de ar não motorizado com peça semifacial), para esta máscara de acordo com tabela da IN01/94 teremos FPA = 10. Jogando os valores na fórmula: FPE =
360 335/ 10 + 25
Boa Leitura! Já indiquei este livro em outra edição, mas como é uma obrigatoriedade na biblioteca de um profissional de segurança, principalmente caso tenha de trabalhar com proteção respiratória, volto a divulgar.
Manual de Proteção Respiratória Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais – ABHO Maurício Torloni e Antonio Vladimir
Piadinhas – Juquinha, é impossível que uma baleia engula um homem porque a sua garganta é muito pequena. - Mas Jonas foi engolido por uma baleia. Juquinha então diz para a professora: - Quando eu morrer e for ao céu, vou perguntar ao Jonas. A professora, sem querer perder a discussão, lhe perguntou: - E o que vai acontecer se Jonas tiver ido para o inferno? - Então a senhora pergunta! A mulher era tão feia que quando passava na frente da obra os pedreiros começavam a trabalhar.
Espírito de Porco
.= 6,15
Concluindo, a máscara ao invés de reduzir a concentração em 10 vezes estará reduzindo apenas 6,15 vezes.
Para sugestões ou críticas : Prof. Mário Sobral Jr. sobraljr27@ibest.com.br