Todo solidario 634

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, maio de 2013 - 2 a quinzena

Ano XVIII - Edição N o 634 - R$ 2,00

Ser cristão é ser sal da terra Imagens: Divulgação

Formando consciência crítica

Duas oportunas iniciativas recentes Uma: ‘Alunos adolescentes - Inteligentes ou sem noção: assumam o seu lado no facebook’, foi o tema de palestra na rede de escolas S. Francisco, de P. Alegre, visando a suscitar e despertar neles atitude crítica sobre seus posicionamentos junto às redes sociais. Segunda: ‘A publicidade e o cérebro da criança’, simpósio promovido pela Famecos e Faculdade de Direito da PUCRS, visando a alertar para a influência que a publicidade pode exercer na personalidade em formação, e o desejo e o exagero pelo consumo de supérfluos por parte das crianças. Iniciativas similares deveriam ser praxe em todas as escolas. Sempre!

A sabedoria é como um rio: quanto mais profunda, menos ruído faz. (Antônio M. Galvão)

Jornal Solidário na internet:

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Guardado no depósito, o fertilizante não aduba o chão. Esperando sentado, não é possível ser discípulo missionário. Pensando nisso, a Igreja está mudando o atual modelo paroquial, estimulando e dando autonomia a pequenas comunidades eclesiais, fazendo-as também sujeito de sua caminhada pastoral. A sede ou matriz será apenas mais uma comunidade. A proposta está nas mãos dos párocos e agentes de pastoral de todo o Brasil. Quer-se ser Igreja presente lá onde está o povo, especialmente junto ao mais pobre e esquecido. E o Papa Francisco continua dando o exemplo para essa busca de simplicidade, despojamento e leveza de cristianismo. Páginas centrais

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RTIGOS

Editorial

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ocês são o sal da terra. Mas, se o sal perder o seu sabor, a sua força, não servirá para nada, senão para ser jogado fora e pisado pelos homens (cf Mt 5:13). Muito forte esta palavra do Senhor Jesus. Ela pode ser aplicada a cada cristão em particular e à Igreja como instituição que deve ser sacramento de salvação. Mas, da mesma forma como o sal tem que sair do saleiro para entrar em contato com o alimento e darlhe sabor, assim o cristão tem que penetrar este mundo e entrar em contato com as pessoas para viver sua fé e transformá-la em prática missionária. E a Igreja tem que viver o mandato do Senhor, transformando-se, mais e mais, em presença salvadora da humanidade. Para isso, tem que ser, sempre mais, uma igreja ad gentes, uma igreja para a gente e para o mundo. Ela deixa de ser sal, deixa de ser luz quando se enclausura em seus dogmas e ritos, em suas normas e leis e não vai aonde o povo está. Dogmas, ritos, normas e leis são meios, jamais podem transformar-se em fins ou objetivos. O fim, o objetivo, o que justifica e dá sentido à Igreja é um só: ser presença do Senhor Jesus e sua Boa Nova para toda a humanidade. Nesta edição do Solidário abordamos dois temas centrais: o tema da última Assembleia dos bispos brasileiros e algumas “proezas” do Papa Francisco. Igreja como sal e luz. Os bispos discutiram e acreditam que a Igreja, para ser sal e luz, deve transformar-se, mais e mais, em comunidade de comunidades. O que isso significa, e como viver esta proposta transformadora e renovadora, é o que todos os cristãos católicos são desafiados a compreender e assumir. Esta prática não é original, porque há dois mil anos, as primeiras comunidades cristãs viviam assim: era uma comunidade de fé e de coração, unida pelo Espírito do Senhor Jesus, mas vivendo em pequenas comunidades eucaristicamente celebrativas e de prática nas suas relações e no serviço do Evangelho. É esta Igreja, terna, fraterna, solidária, sal e luz para o mundo que o Papa Francisco sonha e quer contribuir para que assim seja. É o mesmo sonho de João XXIII, do Concílio Vaticano II, de tantos homens e mulheres que, por caminhos diversos, querem a mesma coisa: que a Igreja volte a ser a Igreja sonhada por Jesus, mais humana, mais despojada, mais pobre, mais alegre, mais gente com a gente, no meio da gente. Porque, assim como o artista, também a Igreja e cada cristão precisa ir aonde o povo está (cf Milton Nascimento, “nos bailes da vida”). (attilio@livrariareus.com.br)

CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

A Igreja sonhada por Jesus Cristo

Fundação Pro Deo de Comunicação

Maio de 2013 - 2a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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O Papa católico

a oração eucarística, em todas as missas, faz-se o memento da Igreja. Não só se reza por toda a Igreja, mas “em união com o Papa, o bispo local”, e em união com os santos que estão no céu e com nossos defuntos, dentro da assembleia dos fiéis presentes na celebração. A Igreja é una, santa, católica e apostólica. Trata-se de quatro propriedades que a caracterizam e, ao mesmo tempo, constituem compromissos: é preciso trabalhar pela unidade, empenhar-se pela santidade, abrir-se para a universalidade e buscar sempre as raízes da fé nos apóstolos. A Igreja tem, como garantia de suas propriedades, o Papa. Cabe-lhe confirmar os fiéis nesta fé e estreitar seus laços na comunidade eclesial. Ele é, por excelência, o mestre da fé, o pontífice das celebrações e o pastor do rebanho. Como sucessor de Pedro e Paulo, em Roma, cabe-lhe garantir a unidade da Igreja como Pedro, sobre cuja pedra ela foi edificada, e a missão de Paulo, enviado aos gentios para anunciar-lhes o Evangelho. Ficamos contentes com a eleição do Papa Francisco. É um dos nossos, porque vem do Hemisfério Sul, chamado Terceiro Mundo; vem da nossa América Latina, que já iniciou, com seu jubileu dos 500 anos de evangelização, em 1992, a era da nova evangelização, com novo ardor, novas expressões e novos métodos. Leva agora à cátedra de Pedro em Roma a opção pelos pobres, já preconizada por S. Paulo. Por ocasião de sua conversão, disse que os apóstolos lhe pediram que, com o entusiasmo pela causa de Cristo, não se esquecesse dos pobres, o que, confirma, já vinha fazendo desde que abraçou a fé, como algo inerente ao

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Evangelho. Corre o provérbio que ninguém se arrogue ser mais católico que o Papa. Invertendo, há pessoas que pretendem ser mais católicas do que ele, fazendo críticas ao pontificado. Como católicos, reconhecemos que ele é o mais católico de todos e modelo de vida cristã. Unem-nos a ele, em primeiro lugar, um grande carinho e afeto filial. Nós amamos o Papa porque nele, segundo Catarina de Sena, vemos o doce Cristo na Terra. Quem vai a Roma quer ver o Papa. Mas também nos alegramos todas as vezes que aparece nos meios de comunicação, como aconteceu abundantemente por ocasião de sua eleição. Não nos cabe, como católicos, contestar publicamente seus atos. Seria dar um tiro no pé. Não somos nós, mas ele quem conduz a Igreja. É nosso ponto de referência católico e nosso apoio nas questões mais graves. Nele e por ele a Igreja caminha unida. O nome Francisco, que o Papa escolheu, constitui um programa de pontificado. É o irmão universal, o amante da natureza, a expressão da alegria na fé, o testemunho de simplicidade de vida, de pobreza, de desprendimento dos bens materiais, de disponibilidade para os irmãos, expressos pelo “Pobre de Assis”. A pobreza, de que fala o Evangelho e que Francisco endossa, não é de dinheiro, mas de austeridade e simplicidade. Não por nada se diz que o pobre mais pobre é aquele que não tem alegria, que está afastado de Deus, que vive sem fé nem esperança, mas, acima de tudo, quem não ama e por isso não se sente amado. Quem, ao invés, ama conhece Deus e o tem no coração.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

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Casal: por que é tão difícil amar Isabelle Taubes Texto traduzido e adaptado por Deonira L. V. La Rosa

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ão há amor sem história. Inútil acusar a má sorte quando o casamento não dá certo: a impossibilidade de amar ou de ser amável é resultado dos impasses que marcaram o caminho psico-afetivo de cada pessoa desde sua infância. Nosso jeito de amar é o reflexo de nossas relações com nossa interioridade. É por isso que é possível romper a corrente do mal, tomando consciência e enfrentando os obstáculos que estão subjacentes à nossa incapacidade de viver o amor plenamente.

A nostalgia do amor maternal

Divulgação

“Eu quero que me aceitem como sou. Quem critica meu modo de viver não me ama”. É legítimo esperar que nos amem como somos, mas, a única pessoa que pode nos aceitar sem condições é nossa mãe. Continuar pensando que, na idade adulta, exista um outro ser capaz de nos oferecer um amor assim tão incondicional, nos expõe a nos sentirmos perpetuamente mal amados. E a imaginar que nenhuma pessoa é digna de nosso amor.

As feridas do passado

Estamos condicionados pelos primeiros amores da vida. A maneira como fomos amados determina, em grande parte, nossos comportamentos amorosos. Se a filha não recebeu amor, é provável que ela procure um companheiro que não seja tão afetivo, pois será esta uma maneira de ela reviver a primeira experiência que conheceu. Da mesma forma, o homem super protegido por sua mãe terá medo das outras mulheres. A repetição do sofrimento é um mecanismo psíquico muito frequente: no inconsciente, os sujeitos inscrevem uma forma de prazer masoquista da qual é difícil libertar-se. Em Arte de amar, Erich Fromm analisa casos de fixação nos pais que não se amavam, mas prontos a exteriorizar seus sentimentos hostis. A posição defensiva destes pais bloqueia toda relação espontânea com a criança que, em contrapartida, se refugia no seu mundo, atitude que continua a manter mais tarde em suas relações amorosas.

A necessidade infantil de ser centro de atenções

Diante de qualquer contrariedade, precisamos ser socorridos e mimados, mas nunca estamos presentes quando a outra parte pede apoio. Amar é estar lá quando o outro está em apuros, e isto é impossível quando, no inconsciente, nos vemos como uma criança a quem tudo é devido. Exigimos permanente atenção sem nunca nos colocarmos no lugar daquele que protege.

O medo do engajamento

Erich Fromm apresenta três tipos de medos que podem afugentar o amor: o “medo da intimidade”, que conduz à solidão a dois, o “medo dos conflitos” e o “medo do sofrimento”, que levam fatalmente à solidão, porque amar jamais pode acontecer sem dor. As crises, afirma ele, longe

de serem destrutivas, produzem uma catársis da qual as duas pessoas podem emergir com mais conhecimento e força.

As condutas de dependência

Podemos ser dependentes do álcool, da droga, do cigarro, mas igualmente do amor. O dependente amoroso fixa-se num estágio infantil do desenvolvimento psico-afetivo: ele ama com avidez, vive na nostalgia daquele corpo a corpo tão intenso que liga o bebê à sua mãe. Este fenômeno conduz à fusão com seu companheiro que rapidamente se sente mais devorado do que amado.

A mania da dúvida

No início há o entusiasmo, mas à medida que a história se torna séria, instala-se a dúvida. “Será

que eu o amo?” Simultaneamente, os hábitos de meu companheiro se tornam insuportáveis para mim. Eu procuro tornar-me odiosa para incitá-lo a deixar-me. As pessoas possuídas deste sintoma cultivam a indecisão. No seu inconsciente, elas amam duvidar.

Tanto dou, tanto preciso receber

Amar é dar e receber. O domínio do amor não é a superioridade. “Eu quero amar, mas na condição de que meu companheiro me ame mais, ou pelo menos tanto quanto eu o amo”. Querer ser amado na proporção do que eu dou é uma utopia. Raramente somos dois a amar ao mesmo tempo e com a mesma intensidade... Não pode haver amor sem um pouco de sofrimento, e é preciso aceitá-lo para ousar investir-se dele. (www.psychologies.com)


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PINIÃO

A terceira tentação de Jesus

Turismo, Templos e Fé Carmelita Marroni Abruzzi

Antônio Estêvão Allgayer

Professora universitária e jornalista

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Advogado

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as grandes cidades da Europa, com o incremento do turismo, será difícil encontrar silêncio e tempo para meditação nas igrejas e catedrais mais f amosas.

oseph Ratzinger, teólogo e escritor que atende pelo nome de Papa Emérito Bento XVI, em livro intitulado no original alemão “Jesus von Nazareth” (Jesus de Nazaré), declara que a terceira tentação sofrida por Jesus foi “o ponto mais elevado de toda a história, em que o diabo leva o Senhor a um alto monte para que veja tudo o que há em volta. Mostra-lhe todos os reinos da terra e o seu resplendor e oferece-lhe o domínio do mundo” (op. cit., p.49).

Notre Dame, de Paris, por exemplo, recebe milhões de turistas por ano. Durante as missas, observase um cenário interessante: as pessoas que pretendem assistir à missa, devem chegar pontualmente no horário. Então, a área dos fieis é rapidamente cercada e ninguém mais entra ali: os retardatários e os turistas ficam de fora da cerca. Num domingo, planejamos assistir à missa das 12h45min, mas chegamos enquanto era celebrada a missa internacional, das 11h30min. Não pudemos passar para a área dos fiéis. Para recebermos a comunhão, falamos com um segurança que trouxe até nós, na cerca, um ministro da eucaristia! Enquanto transcorria a missa internacional, co-celebrada por bispos e sacerdotes de vários países, os turistas se sucediam ao redor da cerca, visitavam a igreja, contemplavam as obras de arte e, silenciosamente, saíam em grandes grupos: parece que a cerimônia, com a belíssima música do órgão, os contagiava. Terminada a missa, as cercas são afastadas e um burburinho invadiu a catedral. Iniciou-se outra missa e todo o processo de cercar as áreas dos serviços religiosos se repetiu. É uma fórmula que alguns templos, com grande afluência de turismo, encontram, para preservar o significado do divino, a necessidade de silêncio e concentração que esses locais requerem. Hoje há toda uma vertente de turismo religioso: há muitas excursões, de diferentes países, organizadas com o objetivo principal de visitar igrejas e locais históricos, com forte apelo religioso. E esse fato deve ser levado em consideração. Se não se pode fechar as igrejas durante os ofícios religiosos, procura-se um jeito de minimizar os inconvenientes que esse turismo pode trazer. Aliás, de qualquer maneira, não me parece muito positiva essa avalanche de pessoas para a conservação desses grandes templos. Por mais seguranças e vigilância, creio que danos a médio ou longo prazo ocorrerão, ocasionando um desgaste natural desse patrimônio. Por outro lado, fechar as igrejas ou cobrar pela visita não seria uma alternativa muito simpática! Uma igreja, sendo a casa de Deus, não pode fechar suas portas para os que ali acorrem, independente dos objetivos que os movem. É provável que, num futuro próximo, questões relacionadas com esse grande fluxo de turismo sejam discutidas pelos governos e pela Igreja. Talvez, até, já tenham sido levantadas, pelos problemas que seu excesso ocasiona. Entretanto, é preciso considerar que essas visitas têm um significado muito grande para inúmeras pessoas, pois a fé também se expressa através de obras de arte: é um ver com sentimento, o espírito e a imaginação e muitos deram o melhor de si para concretizar a expressão dessa fé em obras que legaram para os séculos seguintes e que até hoje atraem e encantam cristãos de todo o mundo. Mas a fé se expressa de diferentes maneiras. Pessoalmente, para refletir e rezar, prefiro os templos menores e mais acolhedores. (litamar@ig.com.br)

As três tentações sofridas por Jesus aparecem na Bíblia estilizadas na forma de eventos relacionados com a sua estada de 40 dias no deserto. Todavia, Jesus, em tudo semelhante a nós menos no pecado, sentiu o impacto da proposta aliciadora do pai da mentira ao longo de toda a sua vida pré-pascal. A oferta do diabo compreendia o domínio absoluto de um planeta de incomensuráveis atrativos. Israel supunha que o Messias esperado viria restabelecer a glória e a pompa dos reinados de Davi e Salomão. A concepção de um Messias esmagado até hoje encontra tenaz resistência num devocionismo alienado e alienante. Ratzinger dá um desmentido a tais transvios de equivocada interpretação da Escritura. Esclarece que “o conceito de Messias deve ser compreendido tendo como base o conjunto da mensagem profética – que diz não ao poder mundano, mas sim à cruz e, portanto, a uma comunidade totalmente diferente que se origina a partir e através da cruz “ (op. cit, p.52). Em suma, descreve Jesus como o servo sofredor do segundo Isaías. Significativa é a escolha que o Papa sucessor de Bento XVI fez do nome do pobre de Assis, modelo de uma Igreja pobre e dos pobres. Ao tempo da derradeira caminhada de Jesus a Jerusalém, em companhia dos doze e de um séquito de bravas mulheres da Galileia, rente aos muros da cidade santa se situava o Monte da Caveira, lugar sinistro em que se implantara o madeiro da cruz, considerado por Cícero o mais horrendo dos suplícios (deterrimum supplicium).

Eis que então, “tomando Jesus à parte, começou a repreendê-lo dizendo: Deus te livre de tal, Senhor. Isso não há de acontecer”. Dura foi a resposta de Jesus: “Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um estorvo, porque os teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens” (Mt l6, 22 ss). Jesus não era indiferente ao fato de os seus discípulos terem renunciado ao doce aconchego da família biológica para o seguirem nas andanças da pregação do Reino de Deus. Merece ser lembrado o seu poético linguajar aramaico de sotaque galileu: “As raposas têm tocas, as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9, 58). . Ao enfrentar, de espada em punho, uma corte de soldados e esbirros do Templo e do Sinédrio, Pedro terá sentido pavorosa frustração ante a tétrica eventualidade de os inimigos de Jesus obterem de Pôncio Pilatos o “ibis in crucem”, fórmula ritualística da condenação à morte na cruz. Confidente direto do Ressuscitado, Pedro, em sua fala supostamente impetuosa e apaixonada, se pôs a difundir a saga redentora de Jesus sob açoites e em cárceres a mando de hostes adversas ao Evangelho. Pela tradição se sabe de seu martírio na perseguição de Nero em Roma. O seu apelido de Cefas ou Pedro lembra a consistência da pedra angular sobre a qual Jesus prometera edificar a sua Igreja. E veio a inaugurar a série dos bispos de Roma hoje denominados papas, detentores do primado, ora presentes na pessoa do Papa Francisco.

Os católicos e os livros Antônio Mesquita Galvão Teólogo leigo, biblista e doutor em Teologia Moral

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ma leitora me mandou um e-mail reclamando a falta de livros católicos, numa determinada “Feira do Livro” que ocorreu por aí. No ano passado, Carmen e eu lançamos em Pelotas, o revival de “A casa sobre a rocha”. E eu lancei em Canoas “Introdução ao Estudo da Bíblia”. Este ano, em face de compromissos anteriores, não sei se será possível chegar por lá, mas há planos de, em início, fazer um trabalho especial, um lançamento de algumas obras novas e recicladas. Pois a leitora se queixou de uma verdadeira enchente de livros espíritas, esotéricos e ocultistas, na feira, em oposição a quase nada de livros católicos. Fiz ver à atenta leitora, que este não é um problema localizado apenas em sua cidade. Em outras feiras, as editoras católicas preferiram lançar trabalhos de política, sociologia, medicina alternativa e contos infantis, mais do que matérias religiosas. Mais do evangelizar, elas visam a venda com lucro. Junte-se a isso o desconto que os autores têm de dar às livrarias, entre 30 a 40%, repassados em descontos aos adquirentes, o que, somado à baixa margem de lucro, praticamente inviabiliza a venda nessas feiras. Mas, dizia, a baixa performance de livros religiosos entre os católicos é um fato inconteste. A grande verdade é que nossos irmãos católicos não leem livros de formação doutrinária. Assim como não acreditam nos candidatos católicos, eles também não leem livros de formação, preferindo romances, autoajuda e até a ficção de Paulo Coelho e as abobrinhas de outros “psicografados”. É lamentável se chegar à essa conclusão, mas os católicos são os cristãos que detêm a pior formação religiosa, justamente por causa dessa

inapetência ao conteúdo dos livros. Isso tanto é fato que as principais editoras católicas, nacionais e multinacionais aqui instaladas, estão fazendo água, algumas trabalhando no vermelho, enfrentando sérias crises para fugir do “rebaixamento”, isto é, da falência. De 2000 a 2007 dei, baseado em um dos meus best-sellers, uns quarenta cursos de “Evangelização e marketing”, especificamente para padres, além de outros, para leigos, em que sacerdotes participaram. Desse convívio mais estreito adquiri a certeza: uma boa parcela de nossos padres, salvo exceções, talvez pela falta de tempo, leem muito pouco ou quase nada. Ora, não lendo não se atualizam e tornam-se incapazes de indicar boas leituras para os fiéis. Para o cristão não basta ler a Bíblia. Além disto, entre os católicos há muito poucas “escolas bíblicas”. E não vamos cair no fundamentalismo dos pastores evangélicos, que afirmam que só a leitura da Bíblia basta. Não! É preciso estudar mais, ler comentários, interpretações, aplicações práticas, etc. Quem não lê não pode recomendar, e sem leitura a formação fica prejudicada. Daí ocorre o que predisse o profeta: “Meu povo se perde por falta de conhecimento” (Os 4, 6).


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

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A novidade transforma conceitos e cria novas formas de pensar e agir Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia

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neurologista Iván Izquierdo e sua equipe do Centro de Memória (PUCRS), mais uma vez, dá uma contribuição de alta relevância à ideia de que uma novidade ajuda a superar um problema pontual. “A introdução de uma nova informação induz o hipocampo, a região cerebral mais envolvida com a formação da memória, a fixar o aprendizado e ‘apagar’ a lembrança do medo” (A cura pela novidade - Zero Hora, sábado, 16 Fev.2013). Isto tendo como pano de fundo a tragédia da boate Kiss, de Santa Maria. Mas a novidade tem outros efeitos que podem ser observados nas diversas modalidades de psicoterapia. Se uma novidade for apresentada ao paciente algumas horas antes da sessão de tratamento, minimiza a lembrança do trauma, do problema ou do comportamento indesejável, produzindo novas conexões neuronais que facilitam a mudança de comportamento, através de novas aprendizagens.

Mudança de foco

Num painel em que se discutiam as necessárias mudanças de currículo do ensino de graduação, particularmente das Licenciaturas (Formação de Professores para o Ensino Fundamental), uma professora participante do painel teve um incontrolável acesso de tosse. Uma psicóloga, também participante do painel, disse: “Marina, olha o que acabam de instalar no auditório” (um antigo sino de uma antiga igreja de uma região de colonização alemã no Rio Grande do Sul). “Observa, Marina, com toda atenção, e analisa os detalhes da cena do sino que podem despertar outras percepções relativas aos significados de um sino de igreja”, disse a psicóloga. Imediatamente, Marina parou de tossir e deu prosseguimento às análises e críticas que vinha fazendo sobre mudanças de currículo nas Licenciaturas. Vê-se, portanto, que uma mudança de foco altera o comportamento. A condição é que seja algo que é percebido pela primeira vez, portanto, uma novidade. Entretanto, há outras formas de novidade que, através de quebra de expectativas, transformam comportamentos, criando pela diferença, uma nova cultura.

O acontecimento eleição do Papa Francisco “De tendência moderada – Francisco, O Papa dos Pobres – é homem de poucas palavras, mas de grande prestígio por sua total disponibilidade e forma de vida distante de qualquer ostentação. Assim é o cardeal jesuíta Jorge Mário Bergoglio, o Papa Francisco, eleito em 13 de março de 2013 e empossado em 19 de março, dia de S. José, Protetor da Igreja. As revelações de seu passado de defesa e ajuda aos pobres e os exemplos de simplicidade dos primeiros dias de papado conquistaram o mundo. Uma mudança de rumo está em marcha no Vaticano” (Capa

do Solidário - O Jornal da Família, Edição no 631, Porto Alegre, abril de 2013 – 1a Quinzena). Seus primeiros pronunciamentos e suas atitudes, amplamente divulgados pela mídia, sedenta de novidades, veio a contribuir para reforçar a ideia de que um fato novo ajuda a esquecer ‘problemas menores’, aumentando sentimentos de confiança e afastando o medo que se espalha na sociedade. O medo e a desconfiança, muitas vezes, acentuam os conflitos entre diferentes ideologias e visões de mundo, outras vezes, não raro, redundam em individualismo e egocentrismo que propagam orgulho, vaidade e fascínio pelo poder. Estamos, portanto, em uma nova era que nos obriga e refletir sobre como e o quanto estamos impregnados de valores autênticos e construtivos em nossas ações no cotidiano de nossos relacionamentos. Leva-nos a questionar nosso pensar e nosso agir para contribuir, no limite de nossas possibilidades, para um mundo melhor, mais humano e mais cristão. .

Divulgação

O sino foi a novidade


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origem da palavra já não deixa dúvida: ‘catholicus’ = geral, universal, completo, inteiro, total, abrangente... Na teologia da Idade Média, referindo-se à Igreja, católica significa que esta - isto é, a Igreja - se encontra espalhada por todo o Mundo, abrangendo todos os povos. Pelo que, desde sempre, assumir-se cristão e católico é ser universal. É abrir-se para o mundo, é dialogar com todas as culturas e em todos os tempos com o objetivo de levar a todos a Boa Nova. Ser católico é renovar-se a cada dia e estar disposto a ser verdadeiro missionário que dialoga com o diferente a exemplo do que fizeram os apóstolos e primeiros seguidores de Jesus, que levaram às últimas consequências o ‘ide, evangelizei todos os povos’ e cumpriram à risca a missão de estar a serviço de uma igreja universal, sem qualquer vinculação étnica, geográfica, histórica. Uma igreja universal a serviço do ser humano, lá onde ele se encontra, sem distinção de ideologia, de raça, classe social – mas com atenção especial ao mais pobre e oprimido, como fazia Jesus.

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EMA EM FOCO

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Ser católico ser universa Comunidade de comunidades, um possível modelo de paróquia?

Ser essa igreja 'ad gentes', preconizada no decreto especial de Paulo VI em dezembro de 1965, sugere uma igreja aberta e que passa por uma oportuna e necessária renovação do atual modelo paroquial vigente há tantos séculos. Existe um quase consenso universal de que a atual estrutura das paróquias já não produz eficácia suficiente e não cumpre os objetivos de sua existência. Poderia a proposta de ‘paróquia comunidade de comunidades’ ser a fórmula de pôr em prática essa busca do ‘diferente’, indo lá onde ele se encontra em vez de esperá-lo numa sede, numa ‘matriz’ paroquial como até hoje? Poderia ser essa, então, uma igreja desvestida de luxos, leve, livre e solta, que deixaria o padre mais à vontade para ser mais verdadeiro pastor e menos administrador de bens e patrimônio? Seria essa a igreja como sugere, por gestos, palavras e atitudes, o Papa Francisco? Que teve a coragem de se expor abertamente ao diálogo com alguém de posições aparentemente irreconciliáveis, como registrado no livro Entre O Céu e a Terra, (foto) que revela convergências e pontos de vista sobre dezenas de valores entre Bergóglio e o rabino Abraham Skorka?

Ser presença real

E ter-se-ia então uma igreja que é presença lá no meio das pequenas comunidades de base, nos círculos bíblicos, nos grupos onde se discutem as coisas e se celebra a vida, etc. E não uma igreja que não quer simplesmente impor sua presença na vida das pessoas. Esse modelo já foi implicitamente proposto nas últimas quatro conferências do Conselho do Episcopado Latino Americano - CELAM, especialmente o de 2007 em Aparecida do Norte. E também foi tema central da última Assembleia Geral da CNBB, realizada em abril último, tendo os bispos adiado sua aprovação final, preferindo amadurecer 'ainda mais' a proposta junto às suas bases, avaliá-la com seus padres, agentes de pastoral e voltar a discuti-la e tomar a decisão final somente na Assembleia Geral de 2014.

Partilha em todos os momentos

O que se quer é uma igreja comunidade de comunidades, onde cada comunidade deve ser tão grande, que nela caibam todas as realidades existentes em seu território, inclusive afetivo. Mas que deve também ser tão pequena, que todos os membros se conheçam e ninguém fique escondido ou excluído. Mudar é preciso. Será fácil? Com certeza, não! Isto dá mais trabalho missionário, gerará natural partilha de vida, de solidariedade, partilha de bens, dons, carismas, talentos dentro dos grupos e resultará no exercício de caridade fraterna entre as pequenas comunidades, uma espécie de 'volta às origens' das primeiras comunidades cristãs em que nenhuma comunidade nem seus membros passem necessidade, e o Evangelho se faz serviço. Isso significa sair da rotina, desacomodação, vontade de renovação.

Resistências

Em recente entrevista à Folha de S. Paulo, midiatizado padre cantor defende o seu modelo de Igreja. "Acho as CEBs importantes, mas hoje nosso povo precisa de grandes espaços. Vejo nas missas do Santuário. Uma vela ilumina? E dez? E 20 mil? Os evangélicos erguem grandes locais, porque reúnem as pessoas". Concorda-se. Sim, 20 mil velas numa grande e passageira concentração de pessoas iluminam muito mais que 20 velas de um pequeno grupo de oração ou de estudos bíblicos. Por óbvio que o 'nosso povo', a massa, quer emoção que o espetáculo proporciona pelo contágio coletivo. Guy Debord já percebeu muito bem que a sociedade atual vive em função das representações e esquece de viver sua vida ativamente. Baudrillard dá a isso o nome de consumismo de signos e não coisas.

Ser discípulo missionário é mais

Cristianismo não é bem de consumo passageiro: exige ser discípulo missionário, lá onde for preciso. O espetáculo tem importante e necessária função de catarse coletiva e ajuda ao convívio no coletivo. E é obtida também – essa catarse – em grandes espetáculos bíblicos feitos por bons animadores/cantores populares do Brasil. Mas o que fica depois de soar o último acorde do show e a última vela se apagar? E quando voltarem para suas casas, talvez em arrabalde longínquo, que 'vela' lhes iluminará o caminho ou lhes animará para encarar as suas duras realidades? Que ombro amigo e solidário lhes estará do lado para o consolo e apoio para enfrentar um cotidiano 'nada a ver' com o ilusório 'espetáculo'? Não é, então, preferível a 'vela' votiva e sempre acesa do amigo, do companheiro de grupo de oração ou de estudos bíblicos, ou da comunidade de base com quem se possa contar nas horas boas e também nas ruins? Não era esse o exemplo que Jesus deixou?


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ÇÃO OLIDÁRIA OLIDARIEDADE

Papa Francisco: acenos para renovação E

m menos de dois meses, o despojamento e coerência com sua história de padre jesuíta e arcebispo de Buenos Aires do Papa Francisco fizeram retornar à tona a beleza e a simplicidade do cristianismo para os fiéis e para os que não acreditam. Menos teólogo e mais pastor, Francisco demonstra que quer a Igreja voltando à essência da mensagem de Cristo. Ele quer a descentralização do poder do Papa e a prática da colegialidade, a participação dos bispos nas decisões da Igreja. Encarregou oito cardeais dos cinco continentes de promover um cuidadoso estudo para as necessárias mudanças na estrutura administrativa da cúpula da Igreja. Enquanto isso, ele não deixa o peso do cargo lhe turbar o sorriso sempre pronto e viver como sempre viveu com bom humor, total espontaneidade, preocupação com os pobres e sofredores de todo o mundo, sempre pronto para o diálogo. E, de quebra, muita ‘quebra de protocolos’: um verdadeiro quebra-cabeças para a segurança. Notícias Latino MSN

Guarda-costas muito preocupados

Quando menos se espera, lá vai ele até as grades da praça S. Pedro, que separam o público, para saudar e abraçar fiéis, beijar crianças. "Os serviços de segurança estão à beira de um ataque de nervos, mas a multidão está entusiasmada", explica o jornal italiano 'Il Fatto quotidiano'. A Guarda Suíça e a Gendarmeria do Vaticano, que se ocupam da segurança dos pontífices, aos poucos estão se acostumando ao jeito do Papa que reafirmou não mudar seu passado e estar perto do povo. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, explicou que não podem ser impostas medidas de segurança a um Papa. "É preciso respeitar o estilo pessoal de cada Papa. Os responsáveis pela segurança sabem que não são eles que decidem, e sim o Papa, e que precisam se adaptar", explicou Lombardi, jesuíta como o novo pontífice. Mas no fundo, estão preocupados, haja vista os atentados sofridos na Praça S. Pedro contra João Paulo II.

Espontaneidade

Alguns gestos, pela sua situação inusitada, foram também percutidos pela grande mídia. Já começaram no dia da sua primeira aparição pública, no fim da chuvosa e fria tarde de 13 de março: quis ficar com seu crucifico de ferro e não trocar pelo de ouro; autodenominou-se de 'bispo de Roma'; pediu a bênção do povo antes de ele abençoar, recusou-se a se aparamentar como de praxe para a ocasião; chamou os amigos para aparecerem com ele na sacada e também não quis – e não usa até hoje – o sapato vermelho de grife. No dia seguinte à eleição, fez questão de pessoalmente pagar as diárias de hospedagem durante o conclave e também preferiu ir na van com seu companheiros para o primeiro compromisso oficial.

Papa quis que o guarda sentasse e fizesse um lanche

Os pretos de sempre

Por falar em sapato, os seus auxiliares o flagraram telefonando para o seu sapateiro em Buenos Aires, no final da madrugada, uma semana depois de eleito:"Olá, Samaria". O sapateiro ainda estava meio dormindo e não entendeu bem: “Quem?”. “Francisco, o Papa, Samaria”. Então Samaria lhe perguntou de que cor queria os sapatos e o Papa lhe respondeu que preferia “os pretos de sempre, nada de vermelho”. Samaria conhece Bergóglio desde que este era reitor do Colégio Máximo dos Jesuítas em San Miguel, e desde então fabrica e conserta os calçados de seu humilde amigo, o Pontífice. “Ele não quer sapatos novos, só que conserte os velhos, mas agora lhe preparo um par simples, mas novo, para quando me avise que o possa visitar, em maio”. Com emoção, o sapateiro do Papa recordou as solas gastas de Francisco, quando as mostrou ao ser consagrado bispo e depois cardeal. Na cerimônia, os consagrados devem deitar-se no chão, em sinal de humildade.

Uma cadeira e um lanche para o guarda

Há poucos dias, ao deixar seu apartamento em Santa Marta, encontrou um guarda suíço fora de sua porta. O Papa perguntou o que ele fazia ali, e se ele tinha ficado acordado a noite toda. - "Sim", respondeu o guarda. - De pé? perguntou o Papa Francisco. Você não está cansado? - "É meu dever, Sua Santidade, para a sua segurança". O Papa Francisco olhou para ele, voltou para o seu apartamento e, momentos depois,voltou com uma cadeira entre as mãos. - Pelo menos sente e descanse - disse o Papa. O guarda respondeu: - "Desculpe-me Sua Santidade, mas não posso, as regras não permitem isso." - "As regras? - disse Francisco" - "Meu capitão, Sua Santidade", disse o guarda - "Bem, mas eu sou o Papa e lhe peço para se sentar" Mais tarde, o Papa Francisco voltou com um pouco de pão e presunto, entregou-o ao guarda e disse: - "Bon apettit, fratello mio"


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8 AMIGOS DO JORNAL SOLIDÁRIO Adalberto Antônio Bortoluzzi Adelhardt N. Mueller Agenor Casaril Alberto F.Chaves Schlottgen Alberto Hoffmann Aloisio Jorge Holzmeier André Lauro Birck Ângelo Aladino Orofino Antônio C. Silveira Pires Antoninho Muza Naime Antônio Estevão Allgayer Antônio Parissi Arminda Rodrigues Pereira Carmem Cauduro de Oliveira Cláudio Carlos Fröhlich Cristina Maria Moriguchi Jeckel Dalci Carlos Matiello Dom Dadeus Grings Edite Quoos Conte Edith de Lima Xavier Edy Adegas Egon Roque Fröhlich Emilio Hideyuki Moriguchi Ernani M. Muniz Tavares Flávio José Zanini Gerolimo Carlos Adamatti Hiran Cunha Telles de Carvalho Hermenegildo Fração Homero Ferrugem Martins Hugo Hammes Irmandade Arcanjo São Miguel Jacqueline Poersch Moreira Jerônimo Braga João Carlos Nedel João Dornelles Junior João Manoel de Carvalho Pompeu Jorge La Rosa José Ernesto Flesch Chaves José Mariano Bersch José Izidoro Peirano Maciel

Kaoru Moriguchi Lauro Quadros Laury Garcia Job Luiz Carlos Tovo Marciana Maria Bernal Maria da Glória Martins Costa Beck Maria Isabel Hammes Rodrigues Maria Regina Freitas Ferreira Marilia Hoffmeister Caldas Marlena Biondi Martha Geralda Alves d´Azevedo Mercedes Adelina Bolognesi Miriam do Espirito Santo Vieira Heerdt Nadi Maria Dotto Nereu D´Avila Nelsa Maria Miola Odila Tereza Luzzi de Campos Olinda Tondo Costa Ophelia T. Vieira da Cunha Paulo D Vellinho Paulo Roberto Girardello Franco Pe. Attilio Ignácio Hartmann Pe. Pedro Alberto Kunrath Romeu Garrafiel Rosemarie Stein Santuário N.Sra. do Rosário Solange Medina Ketzer Susana Valle de Curtis Theresinha Alves Costa Therezinha C. de Azevedo Urbano Zilles Valdacyr Santo Scomazzon Vanir Perin Vergilio Perius Yara Pires de Miranda Yukio Moriguchi Walter A. Hommerding

Visa e Mastercard

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ABER VIVER

Envelhecimento expõe AL ao risco de câncer, diz estudo

O envelhecimento da população latino-americana, que tende a aumentar nos próximos anos, deve provocar também um grande crescimento no número de mortes pelo câncer. A conclusão é de um estudo feito por um grupo por mais de 70 especialistas no tratamento da doença na região, cujos resultados foram publicados pela revista médica “Lancet Oncology” e apresentados em uma conferência em São Paulo, em abril. Segundo estimativas usadas pelo estudo, a região deve ter mais de 100 milhões de pessoas acima de 60 anos já em 2020. Em 2030, os especialistas acreditam que o câncer vá matar cerca de 1 milhão de latino-americanos por ano. “As pessoas estão vivendo até a idade onde o câncer vai acontecer”, resumiu Carlos Barrios, professor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), um dos autores do estudo. A incidência de câncer na América Latina (163 casos para cada 100 mil pessoas) ainda não é tão grande quanto em regiões mais desenvolvidas, como a União Europeia (264 casos para cada 100 mil pessoas) ou os Estados Unidos (300 casos para cada 100 mil pessoas). No entanto, a taxa de mortalidade pela doença é mais alta na América Latina, o que é o maior motivo de preocupação dos especialistas do Grupo Cooperativo de Oncologia da América Latina (Lacog, na sigla em inglês). Na América Latina, 59% dos pacientes com câncer morrem, número que cai para 43% na União Europeia e para 35% nos EUA. Assim, a região precisa se adaptar ao envelhecimento da população e reduzir o número de mortes pelo câncer para evitar que a doença se torne um problema ainda mais grave para a sociedade. “Essa é uma epidemia particular, porque o câncer leva muito tempo para se desenvolver”, lembrou Barrios. “O que nós estamos tentando fazer aqui é chamar a atenção para alguma coisa que vai acontecer daqui a dez, quinze ou vinte anos de muito sério”, argumentou.

Divulgação

fazem parte da sociedade moderna: o álcool e, principalmente, o tabaco. Agentes infecciosos como vírus do papiloma humano (HPV) e o vírus da hepatite B também estão entre os fatores de risco registrados pelo estudo.

Diagnósticos Ainda que a América Latina jamais chegue aos números dos Estados Unidos, que têm de longe o maior gasto do mundo no setor, é preciso aplicar os recursos com inteligência. Segundo os especialistas do Lacog, a prioridade deve ser o investimento em novos diagnósticos de câncer. “O câncer é muito mais mortal nesta região que nos Estados Unidos ou na Europa Ocidental. Achamos que a principal causa para isso é que os pacientes apresentam câncer em estado avançado. Então, na verdade, já é tarde demais para curar ou fazer intervenções”, apontou Paul Goss, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos EUA, que liderou o trabalho. Para isso, a região precisa resolver um problema em relação ao número de especialistas – e à sua distribuição. O Peru é um caso emblemático. Para cada 100 mil habitantes, existe apenas 0,67 médico treinado para tratar um paciente com câncer; nos EUA, esse número é de 3,75 médicos para cada 100 mil pacientes. Além disso, 85% dos oncologistas peruanos estão concentrados na capital Lima, e 20 dos 25 departamentos do país não contam com nenhum especialista na doença. (Fonte: G1 (São Paulo) - Autor: Tadeu Meniconi - Revisão e Edição: de responsabilidade da fonte)

Causas O combate ao câncer, em longo prazo, passa, principalmente, pela prevenção da doença em suas diferentes formas. As principais causas de câncer na América Latina mostram uma região dividida internamente. De um lado, o Albano L. Werlang - CRP/07-00660 envelhecimento, a obesidade e o sedentarismo são resMarlene Waschburger - CRP/07-15.235 ponsáveis pelo aumento do Jôsy Werlang Zanette - CRP/07-15.236 número de casos. De outro, a fumaça liberada pelo uso de Alcoolismo, depressão, ADI/TIP lenha na cozinha e no aquecimento ainda é um causador Psicoterapia de apoio, relax com aparelhos importante de câncer, assim Preparação para concursos, luto/separação, como a bactéria H. pylori, terapia de crianças, avaliação psicológica prevalente em locais onde os alimentos não são devidamente refrigerados. Vig. José Inácio, 263/113, Centro, P. Alegre De toda forma, os prin3224-5441 // 9800-1313 // 9748-3003 cipais alvos dos médicos são velhos conhecidos e também

Psicosul Clínica


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Mater dolorosa

Humor INFAMES... Cerveja como são as coisas: você não me conhaque, não sabe de onde eu vinho, por isso não me campari com qualquer rum. xxx As nuvens são como os chefes, quando desaparecem o dia fica lindo. xxx O bom de usar dentadura é poder escovar os dentes e cantar. xxx A mulher tem a última palavra em qualquer discussão. Qualquer coisa que o homem diga depois disso é o início de uma nova discussão. xxx O trabalho enobrece o homem, mas depois que ele se sente nobre não quer mais trabalhar. xxx Cuidado com o stress, porque: “Mais vale chegar atrasado neste mundo, do que adiantado no outro...” xxx Empresário supersticioso não paga décimo terceiro. xxx Psicanalista não aceita conversa fiada.

Izar Xausa

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SPAÇO LIVRE

Psicóloga

tabat Mater dolorosa juxta lectulo lacrimosa. Junto ao leito de seu filho doente, em dolorosa fase final, encontrei a mãe que hoje desejo homenagear e mostrar como exemplo a todas as mães. Sim, mãe dolorosa junto ao leito de seu filho doente em triste sofrimento na fase final. Olhava-o em silenciosa atitude, com seus olhos claros cheios de esperança e afeto. Ao visitá-los no Hospital Santa Rita, ela apresentou-me este filho cuja expressão causou-me muita emoção. Um jovem bonito com grandes olhos transmitia pureza, fé e esperança. Mais do que dar algo com a minha presença, eu recebi.

Vendo Dona Maria Inês, que apesar de sofrida, era humildemente uma serva de Deus, percebia-se nela a esperança contra toda a esperança. Douglas, em seu leito, esperava ser sacerdote como seu irmão. Seu irmão, Pe. Jacques, humildemente, solicitava orações aos seus amigos e ao povo fiel e distribuía esperança para este povo quando estava fraco na fé. Nós ouvimos seus apelos e vimos suas lágrimas de dor manifestas na sua posse como pároco da Igreja Menino Deus. Os três, paciente, mãe e irmão, com o mesmo olhar expressivo, lembravam as luminosas colinas das plagas eternas. No último dia da vida de Douglas, fui visitá-lo mas nada falei, pois percebi a gravidade do momento. Com a graça de Deus, ele estendeu-me seu braço ligado por fios aos aparelhos e deu-me sua mão. Com sua mão entre as minhas mãos rezei somente um Salve Rainha e o entreguei à Mãe do Céu. Depois, abracei em silêncio a mãe dolorosa e me retirei. Na virada daquela noite, Douglas partiu para a Casa do Pai – Deus. Agora, quero completar com um abraço a minha pequena homenagem a Dona Maria Inês, que certamente já havia recebido a bênção de Raquel, com a proteção da Mãe do Céu. No guia da Arquidiocese de Porto Alegre, na página 20, Pe. Jacques escreveu trazendo as palavras do irmão Douglas, que transcrevo aqui: “Sua breve, mas intensa peregrinação nesta terra (nasceu em 09/09/1990) pode ser resumida na busca da união com Deus. Nas suas palavras:“Que o Bom Deus me permita o essencial para minha vida em Cristo, para minha vida de vocacionado ao sacerdócio, ou seja, que Ele me conceda a si próprio. E que assim, numa perfeita unidade com o Pai, eu possa lhe retribuir amando-o mais”. Sentindo-se chamado ao sacerdócio ministerial desde criança, entrou no Seminário em 2008, no Propedêutico. Nos seus últimos cinco anos de vida, dedicados intensamente à Igreja, foram anos de íntima e progressiva identificação com Cristo. Ao iniciar seus estudos de Teologia, escreveu em seu diário: “Estou entrando na última etapa do curso do Seminário. Não posso, não quero e não tenho o direito de brincar com esse tempo precioso que nem mesmo é meu – é de Deus”. A luta contra uma doença que lhe enfraquecia a visão e o combate para vencer o câncer lhe serviram de ocasião para alcançar seu anseio de união com o Senhor: “Meu ofício é ser doente. Simples. Não quero mais buscar um porque ou um como, mas quero servi-lo como ele quer ser servido. Só uma coisa peço ao Seu Divino Coração: que não esqueça jamais de mim, de minha pequenez, de minha pobre alma mendicante. Peço a Ele que tudo em mim seja por amor às suas chagas, santas, dolorosa, e gloriosas”. D. Maria Inês é exemplo de mãe inpsirada no Evanelho E eu acrescento: “O seu leito de dor foi o seu altar. Ele foi ordenado sacerdote eterno segundo a Ordem Melquisedeque, diretamente por Jesus”. Dona Maria Inês é exemplo de mãe inspirada no Evangelho.

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As dúvidas (tentações do capeta?) J.Peirano Maciel Médico

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uito difícil definir a dúvida.Podemos entendêla porque está presente em todos os fatos da vida,sempre em nossas decisões, faz parte de pensamentos, ideias, é determinante em qualquer encruzilhada (para a direita ou para a esquerda?). Luiz Francisco e Luíza formavam um casal dito perfeito por muitos, até o dia em que a senhora dúvida entrou em cena e destruiu aquela ilusão. João queria converterse,estudou, já formado, pesquisou, consultou autoridades, e acabou como um náufrago numa praia, corroído pela dúvida. Helena entrou para aquela ordem, feliz, risonha,mas chegou o dia de cruciante indecisão, acabou fugindo com um padre numa missa matutina.Afirma-se que a dúvida é fator de progresso, que impulsiona a Ciência e a Técnica, e isto parece incontestável. “Nossa vida, tanto de indivíduos como membros de uma raça perplexa e em luta, irrita-nos com a evidência de que ela não pode deixar de ter um sentido (Merton).” Será a evidência o oposto da dúvida? Pode ser. Mas, mesmo assim, a dúvida pode se introduzir na busca desse sentido. Onde ela não se imiscui? Somos admiradores da Ciência e da Técnica, referidas acima, pois vivemos no mundo e civilização por elas construído. Hoje, cada vez mais, se aproximam a Ciência e a Religião. Duas amigas, agora inseparáveis? Não, foi sempre assim, houve e ainda existem ferozes divergências. Por isso, tenho um amigo que entende que cada uma deve parmanecer em seu devido lugar, embora abertas ao diálogo. Terá ele razão, já que desconfia de amizades sólidas, admitindo-as, mas como sendo pouco comuns? Bem, é pouca teoria para chegarmos a uma conclusão. Porém, é tempo. A dúvida, tentação do capeta? Ou arma de dois gumes para uso criterioso?

Campanha do Agasalho da PUCRS em andamento A PUCRS está promovendo até o dia 4 de junho, a Campanha do Agasalho 2013. Com o objetivo de mobilizar a comunidade acadêmica para a prática da solidariedade, são incentivadas doações de roupas de inverno, cobertores e calçados em bom estado. As caixas coletoras estarão distribuídas nas Faculdades, no Centro de Pastoral e Solidariedade e na Gerência de Recursos Humanos. Cada unidade contará com um representante responsável pela campanha, para estimular os colegas. As doações serão divididas entre as instituições sociais conveniadas à Associação do Voluntariado e da Solidariedade (Avesol) e organizações sociais que solicitam atendimento à Universidade. A perspectiva é superar a arrecadação do ano anterior de três mil itens. No dia 7 de junho, às 11h30min, na Igreja Universitária Cristo Mestre, haverá ainda uma Missa em Ação de Graças, com a participação das organizações sociais atendidas pelo Núcleo de Voluntariado Avesol/PUCRS. Outras informações no site www.pucrs. br/pastoral ou pelo telefone (51) 3320-3576.


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GREJA &

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COMUNIDADE

Solidário Litúrgico 19 de maio - SOLENIDADE DE PENTECOSTES Cor: vermelha

Catequese Catequese e família, por quê? Pe. Mário Sérgio S. Baptistim

1 leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 2,1-11 Salmo: 103(104), 1ab e 24ac.29bc-30.31 e 34 (R/. 30) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,3b-7.12-13 Evangelho: João (Jo) 14,23-29 Comentário: Pentecostes, ou descida do Espírito Santo, é uma das três principais festas do cristianismo: Natal, Páscoa, a central e principal, e Pentecostes. Se, no Natal, celebramos o nascimento de Jesus e o início de sua presença histórica no mundo, em Pentecostes, celebramos a continuação desta presença e a confirmação da promessa de Jesus: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. No Evangelho deste domingo, Jesus aparece aos discípulos, reunidos, mas cheios de medo, e se coloca no meio deles. Antes que eles reagissem, talvez com gritos de espanto, Jesus os tranquiliza: A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio (14,21). E logo, como para dizer que, sem perdão não há nem pode haver paz, Jesus promete o Espírito Santo e o poder de perdoar os pecados uns aos outros como novo a

sinal da pertença a Ele: A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem não perdoardes, não será perdoado (14,25). Nos Atos dos Apóstolos temos o relato daquela manhã de Pentecostes. Os discípulos estavam reunidos, e, com eles, Maria, a mãe de Jesus. Um forte vento começou a soprar, línguas de fogo apareceram sobre cada um dos presentes e eles começaram a anunciar Jesus, já sem medo de nada e de ninguém. Por causa do ruído do vento, a multidão se aglomerou diante da casa onde se encontravam os discípulos e todos compreendiam o que eles estavam falando. Nada de especialmente “anormal”, muito menos, de mágico. As coisas de Deus não são nem anormais nem mágicas: quando acolhidas com boa vontade e com o coração aberto, se transformam em fonte de alegria, de paz, de perdão e levam a viver o mandamento referencial do Senhor Jesus: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos; se vos amardes uns aos outros”. O verdadeiro amor é feito de perdão, de bondade, de ternura, de acolhida de todas as pessoas que Deus coloca em nossos caminhos.

26 de maio - FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE Cor: branca

1a leitura: Livro dos provérbios (Pr 8,22-31 Salmo: 8,4-5.6-7.8-9 (R/. 2a) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm) 5,1-5 Evangelho: João (Jo)16,12-15 Comentário: Quando falamos na Santíssima Trindade, festa deste domingo, a primeira coisa e a mais importante não é tentar compreender Deus-Trindade, mas viver o que nosso Deus, uno e trino, significa nas nossas relações e na nossa vida de fé e missionária. Nunca é demais repetir: o Deus, que Jesus anuncia, é feliz porque vive em comunidade de amor. Isso é o mais importante, esse é o referencial para nosso viver. Como pessoa, como família, como comunidade de fé, como sociedade que se diz, majoritariamente, cristã. No livro do Gênesis se diz que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (cf Gn 1,28). Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – é feliz porque vive em comunidade, e comunidade de amor. Criados à imagem e semelhança de Deus, só seremos felizes se vivermos em comunidade de amor. É próprio da natureza humana viver em comunidade de amor e comunhão. Quem

vive só para si é destinado à frustração e infelicidade, pois está negando a sua própria natureza. O egoísmo é a negação de quem somos, pois nos fecha sobre nós mesmos. No mundo pós-moderno, onde o individualismo social, econômico e religioso é tido como critério fundamental da vida, a doutrina da Trindade nos desafia para vivermos a nossa vocação comunitária, criando uma sociedade de partilha, solidariedade e justiça, no respeito do diferente do outro. A festa do Domingo da Ssma. Trindade não é de um mistério matemático – como pode haver um em três!? – mas do mistério do amor de Deus, que nos criou para que vivêssemos comunitariamente. À sua imagem e semelhança (T. Hughes). Diante do mistério de Deus, Trindade de amor, a única atitude que cabe é a da aceitação deste mistério, é dizer, humildemente, “eu creio”, mesmo não entendendo. Este mistério não é para ser compreendido, mas para ser vivido; não é coisa da razão, mas do coração. Como são do coração todas as verdadeiras relações humanas. Na família, na comunidade, na sociedade. (attilio@livrariareus.com.br)

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família continua sendo, em qualquer das suas expressões, o melhor espaço e a mais oportuna realidade para formar e orientar os filhos rumo a uma vida verdadeiramente humana, cristã e feliz. A psicologia mostra seguramente que, desde o útero materno, a criança já vai assimilando e sentindo se é querida, se é amada e desejada. Portanto, desde esse tempo a mãe e o pai – a família – devem ajudar a nova vida a se desenvolver em todos os sentidos e aspectos, evitando trazer consigo problemas, complexos e traumas que irão desabrochar com o seu crescimento. Catequese já no ventre materno! Portanto, a educação da fé, que é um processo catequético, não começa na catequese de primeira Eucaristia, como é pensamento de muitas pessoas. A catequese deve, de fato, começar quando a criança ainda não veio à luz. Desde o nascimento, o bebê pode ser levado a sentir que é amado pelos seus pais e que estes estão felizes com a sua vinda, porque sabem que ele é um presente de Deus. Ao conversar com o bebê, os pais podem transmitir a experiência e o amor de Deus. Já vão dizendo para ele que Deus também gosta muito dele. Ninguém é mais responsável pela catequese das crianças, dos adolescentes e jovens que as suas famílias. Na intimidade do lar e no cotidiano das coisas da casa é que a prática da fé vai acontecendo e, à medida que as oportunidades vão surgindo, com o crescimento de cada filho, a catequese se desenvolve numa linguagem cheia de afetividade, carinho e certeza. O fundador da psicanálise afirma que nós somos o que fomos, ou seja, aquilo que foi mostrado e ensinado nos primeiros anos de vida. Tudo isso vai ser expresso nos anos em que a criança já usa a sua razão e o adolescente busca a sua identidade. Quanto mais a família for uma verdadeira escola de fé, mais a criança e o adolescente terão uma evolução tranquila, assumindo comportamentos positivos e conformes com o que a sociedade espera de cada indivíduo e com o que a Igreja necessita para continuar a sua missão evangelizadora. Família: Primeira escola de fé Família e catequese possuem entre si uma relação dialética. A família será cristã se, desde o seu início, for uma família que une fé e vida, e que, por tanto, catequiza a todos os seus integrantes. A catequese será eficaz e atingirá os seus mais importantes objetivos se acontecer de maneira viva e firme na vida familiar. A família é e sempre será a primeira escola de fé, porque nela o testemunho dos pais fala mais que qualquer outra palavra, qualquer gesto ou imagem. Não há melhor forma de catequizar do que as ações efetuadas pelos pais e que são percebidas, entendidas e assimiladas com interesse, curiosidade e amor pelos filhos. O amor a Deus é uma graça que precisa ser comunicada aos filhos, para que eles façam também esta experiência. Mas, o amor não se mostra com palavras ou com ideias e poemas, o amor é mostrado com e pela vida. “Quem fala de amor fala de Deus” (1Jo 4, 16). Na medida que há um real testemunho de amor na família e pela família, há igualmente uma positiva e verdadeira experiência de Deus. Resumo de artigo de Missão Jovem

Marília Hoffmeister Caldas - 20/05 Kaoru Moriguchi - 30/05 Em nossa edição passada publicamos erroneamente a data de aniversário da sra. Yara Pires de Miranda como sendo 15/01, quando na verdade seu natalício ocorreu em 15/05.


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SPAÇO DA

Ilustrações: Pascom

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RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Dom Dadeus Grings ordenou nove diáconos na Catedral Metropolitana

Patriarca maronita, cardeal Bechara Boutros El’Rai, visitou Porto Alegre Uma celebração eucarística em Porto Alegre abriu o programa de visita ao Brasil do patriarca maronita da Antioquia e de todo o Oriente, cardeal Bechara Boutros El’Rai. Na capital gaúcha, a acolhida aconteceu na Paróquia Nossa Senhora do Líbano. Durante a Santa Missa, rezada no rito Maronita, o purpurado pediu orações e a libertação de dois bispos das Igrejas ortodoxas síria e grega que foram sequestrados na Síria. O patriarca realiza Visita Pastoral pela América, quando chegou à Argentina. No Brasil, a primeira visita aconteceu em Porto Alegre, dia 28 de abril na Igreja Nossa Senhora do Líbano (Maronita), onde foi calorosamente acolhido pelo pároco, monsenhor Urbano Zilles e pelos fiéis. Nesta mesma ocasião, o cardeal também abriu as comemorações dos 40 anos de fundação do movimento Emaús na capital gaúcha.

A Arquidiocese de Porto Alegre está em festa. No domingo, dia 5 de maio, esta Igreja particular ganhou mais nove diáconos que reforçam o serviço da caridade na Igreja, e que até o final do ano serão ordenados padres. A Catedral Metropolitana ficou pequena para a quantidade de fiéis presentes à Missa de Ordenação Diaconal presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings. A Missa estava marcada para as 15 horas. Uma hora antes, a Catedral já estava tomada de fiéis das mais diversas paróquias. A alegria pela ordenação de nove seminaristas ganhou forma em faixas de saudação aos novos diáconos. Foram ordenados os seminaristas: Diego da Silva Correa, Diego Jobim Garcia, Fabiano Glaeser dos Santos, Gustavo André Haupenthal, Joel Nievinski Costa, Kauê Antonioli Pires, Lucas Matheus Mendes, Luiz Maria de Barros Coelho Neto e Talis Pagot. Dom Dadeus Grings disse que Igreja se alegra com a ordenação e envio dos novos servidores ordenados. Para o arcebispo, a presença dos novos diáconos “mostra Deus perto de nós”. Às comunidades presentes, Dom Dadeus convocou os fiéis a assumirem a vivência do batismo nas comunidades de acordo com três indispensáveis aspectos: liturgia, evangelização e caridade. “A liturgia é a comunidade que reza, a evangelização é o anúncio da boa notícia do Evangelho e a Caridade é a Igreja que acolhe e ama a todos”. Obedecendo a essas três dimensões, disse o metropolita, vivemos de modo pleno a Paróquia: “Estamos aqui para Ordenação Diaconal destes servidores que serão enviados para o Serviço na Igreja. São tão ricas as dimensões da comunidade para a qual nós enviaremos os nove para que Deus seja tudo em todos e a nossa alegria seja completa”, afirmou. A emoção tomou conta de todos

quando foi realizada a ordenação diaconal. Após prestar obediência ao arcebispo, os seminaristas prostraram-se diante do altar. Deitados no chão da Catedral, eles acompanharam a oração da comunidade com a Ladainha de Todos os Santos. Após este se seguiu um silêncio orativo. Era o momento da ordenação de candidatos a diáconos da Igreja. A imposição das mãos e oração do arcebispo metropolitano concretizou este ato. Familiares e padres vestiram os seminaristas com a estola e a dalmática, veste que representa o diaconato. Este foi o momento de forte emoção bastante aplaudido. Finalizando o ato de ordenação, os neodiáconos receberam o livro dos Santos Evangelhos, onde são enviados como mensageiros. Os bispos e vigários episcopais cumprimentaram a cada um dos diáconos. Os ordenados também receberam as saudações de boas vindas dos demais diáconos e de cada um dos padres da Arquidiocese. O seminarista Fabiano Glaeser dos Santos fez os agradecimentos em nome dos diáconos ordenados e enfatizou que a ordenação é um projeto de Deus, não se trata de um sonho, mas da concretização do projeto de Deus. O neo-diácono agradeceu aos familiares, comunidades, amigos, aos formadores do seminário e aos bispos auxiliares e ao arcebispo metropolitano: “Hoje estamos entrando para esta grande família, que é o presbitério da arquidiocese de Porto Alegre. Nós não somos colegas de trabalho, somos irmãos e como irmãos caminharemos lado a lado na construção do Reino de Deus na Igreja particular de Porto Alegre”, disse. Os novos diáconos já estão inseridos em diferentes comunidades e realidades pastorais, porém, como ordenados, viverão a caridade e auxiliarão na vida paroquial, através da celebração de alguns sacramentos, como batismo e matrimônio.

Paróquia N. Sra. do Líbano recebeu visita de patriarca

Monsenhor Urbano Zilles disse que a presença do cardeal El’Rai era motivo de alegria. Contando com 30 anos de trabalhos na paróquia Nossa Senhora do Líbano, Zilles destacou a presença fecunda do movimento Emaús, e a força das gerações na construção da Igreja: Em sua homilia, o Cardeal Bechara Boutros El’Rai saudou a todos e declarou-se feliz por iniciar sua Visita Pastoral a Porto Alegre. A alegria deste encontro também era acompanhada da preocupação com a Igreja no Oriente, especialmente à Igreja Ortodoxa, que

sofre perseguições com o sequestro do bispo Yohanna Ibrahim, responsável pela Igreja síria ortodoxa, e do o bispo Boulos Yaziji, responsável pela Igreja grega ortodoxa. A ação aconteceu em Aleppo, no Norte da Síria. “A Igreja ortodoxa inicia a Semana Santa e celebra com Jesus que sofre. Dois bispos da Igreja ortodoxa foram sequestrados e por isso a Igreja está sofrendo muito. A Igreja está comemorando a Páscoa e eles estão sequestrados. Daqui de Porto Alegre, em nome da humanidade, pedimos liberdade dos bispos”, enfatizou.

Ordenação de diáconos na Catedral

Casais em segunda união

No próximo dia 19 de maio, na Paróquia Menino Deus, em Porto Alegre, serão comemorados os 20 anos da Pastoral Familiar Casais em 2a União Grupo Bom Pastor. Haverá a celebração de Missa às 11h30min e almoço às 12h30 min. A Pastoral Familiar Casais em 2ª União Grupo Bom Pastor é uma atividade do Setor de Casos Especiais

da Pastoral Familiar para o acolhimento dos casais em segunda união, criada em 1993 pelo Pe. Luiz Francisco Ledur, aprovada por Dom Altamiro Rossato e, posteriormente, aprovada em 1996 pela Pastoral Familiar Regional e Nacional, estando hoje, presente na maioria das Dioceses do Brasil, em 23 Estados.


Porto Alegre, maio de 2013 - 2a quinzena

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos ‘Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei’.

F

oi este o mais belo legado deixado por Jesus, há dois mil anos. E toda a sua mensagem gira em torno do amor de Deus pelos homens. E, ao subir aos céus, ainda recomendou expressamente: fossemos todos um em Deus assim como Ele era um em Deus Pai e Espírito Santo. CNBB

A Semana na Capital

Em Porto Alegre, a Semana é organizada por CONIC/RS e SICA - Serviço Interconfessional de Aconselhamento, e se desenvolverá nas seguintes datas e igrejas:

Integrantes do CONIC reúnem-se sempre na semana que antecede Pentecostes

Mas parece que os homens não entenderam o recado. E, já poucos anos depois, começaram a discutir e a querer repartir os 'despojos' do Evangelho, dividindo-se em instituições para defesa de suas teses. Os Atos dos Apóstolos e as cartas de S. Paulo já advertem sobre esses desentendimentos. Ao que parece, esses primeiros pequenos desencontros não saíram dos limites das próprias comunidades e não foram percebidos pelos não cristãos. Contudo, ainda no século IV, outra grande discussão interna entre os bispos de então, foi resolvida – a seu modo – por Constantino, um rei que se disse convertido ao cristianismo. E que teve que tomar a primeira medida drástica reunindo todos os bispos em Nicéa, na atual Turquia, quando tomou e queimou as reivindicações e teorias de cada um e estabeleceu cânones e um Credo que até hoje vige.

Movimento ecumênico mundial

Passados mais quase 500 anos após a última separação, um grupo de cristãos de denominações diferentes, em missão na África, percebeu que juntos seriam mais fortes e convincentes. Nascia assim, em 1908, a Oitava da Unidade Cristã, promovendo a primeira Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e que foi o embrião do que hoje é o movimento ecumênico mundial, do qual participam organizações cristãs do mundo todo. No Brasil, este movimento está organizado em torno do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil - CONIC, com sede em Brasília. E que é constituído pela Igreja Católica Apostólica Romana - ICAR, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil - IEAB, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia - ISOA, Igreja Presbiteriana Unida - IPU. Já contou com a Igreja Metodista, Chagas abertas que se afastou em nível nacional, mas continua De ameaça em ameaça de divisão, chegou-se ao em P. Alegre. primeiro grande cisma no cristianismo, em 1054, formando a Igreja Ortodoxa e a Igreja Cristã Ca- Rezando para voltarem a ser um tólica do Ocidente, com sede em Roma. O outro É esta a proposta da Semana de Oração que ocorreu em 1517 e novamente dividiu o cristianismo do ocidente, divisão que resultou no que são é celebrada há 100 anos e a cada ano com mais adesões. Acontece na semana que antecede o hoje chamadas de igrejas cristãs históricas. Já não era mais possível se dizer 'vede como Pentecostes. No Brasil, em praticamente todas eles se amam', como acontecia nas primeiras comu- as dioceses, há programação nesse sentido. Neste nidades cristãs. Um verdadeiro escândalo e pecado: ano tem como lema 'O que Deus exige de Nós', não era nada disso que Jesus recomendou ao partir. Miqueias 6, 5-8.

12/05 - Domingo - 10 horas Catedral da Santíssima Trindade – IEAB - Igreja Episcopal Anglicana do Brasil Rua dos Andradas, 880, coord: Revda. Marinez Bassotto 13/05 – Segunda-feira - 18h30min Paróquia do Redentor - IEAB Rua José do Patrocínio, 570 - Cidade Baixa, coord: Revdo. Caio Lacerda 14/05 – Terça-feira – 15 horas Igreja Metodista Institucional IMB Av. Guido Mondin, 179, coord: Pastora Loane da Silva Rita 14/05 - Terça-feira – 19h30min Catedral – Madre de Deus ICAR – Igreja Católica Apostólica Romana Rua Duque de Caxias, 1047, coord: Pe. Carlos Gustavo Haas 15/05 - Quarta-feira – 10h30min Igreja Nossa Senhora do Rosário – ICAR Rua Vigário José Inácio, 402,coord: Cônego Irineu Aloysio Brand 15/05 - Quarta-feira – 18h30min Igreja São João - ICAR Av. Benjamin Constant, 76, coord: Pe. Luis Francisco Ledur 16/05 - Quinta-feira - 18h30min Igreja Universitária Cristo Mestre (Capela PUC) Av. Ipiranga, 6681, coord: Ag. Pastoral Rafael Rossetto 16/05 - Quinta-feira - 20 horas Igreja Nossa Senhora dos Navegantes Praça dos Navegantes, 12, coord: Pe. Luiz Remi Maldaner 18/05 - Sábado – l5 às 17 horas Colégio Marista Champagnat Av. Bento Gonçalves, 4314, coord: Movimento Focolares 19/05 - Domingo de Pentecostes – 19 horas Igreja da Reconciliação – IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil Rua Senhor dos Passos, 202, coord: Pastor Cláudio Kupka.


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