Todo solidario 633

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, maio de 2013 - 1 a quinzena

Ano XVIII - Edição N o 633 - R$ 2,00

Evangelizar é ir onde o povo está

Mons. Romero: Vaticano reabre processo de beatificação CNBB

A informação foi dada pelo presidente do Pontifício Conselho para a Família, arcebispo Vincenzo Paglia, dia 22 de abril último. Segundo Vincenzo, “o Papa Francisco quer uma rápida conclusão da causa de beatificação de Dom Oscar Arnulfo Romero, conhecido como Monsenhor Romero”. Romero, então com 62 anos e arcebispo metropolitano de San Salvador, capital de El Salvador, foi assassinado no amanhecer de 24 de março de 1980 enquanto celebrava a missa na capela de um hospital da cidade. A morte havia sido contratada pela ultradireita porque o religioso defendia a causa dos pobres e oprimidos.

Não é feio mudar de ideia. Feio é não ter ideias para mudar. (Antônio M. Galvão)

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oticiar com competência e eficácia a Boa Nova deixada por Jesus e estar junto dos fiéis. Esta é a meta do verdadeiro discípulo missionário. E foi um dos principais temas que permeou o encontro dos 360 bispos brasileiros na 51a Assembleia Geral da CNBB (foto acima), encerrada no dia 19 de abril último. Para tanto, os bispos aprovaram um manual da boa comunicação, chamado Diretório da Comunicação, com ênfase ao bom uso das atuais tecnologias de informação. E refletiram muito sobre a inadiável descentralização e reorganização das paróquias. Segundo os prelados, o modelo paroquial vigente, com quase dois mil anos de existência, já não se mostra eficiente. As demandas pastorais exigem maior proximidade. “Ser pastor é sentir o cheiro das ovelhas”, disse o Papa Francisco na Missa do Crisma de Quinta-feira Santa. O modelo paroquial proposto é a formação de rede de comunidades. Páginas 2 (Editorial), 6, 7 e contracapa

12 de maio Dia das Mães Divina e humana é a maternidade. Por isso, é o sentimento capaz de se multiplicar para muitos filhos além dos limites da família. Pelo transcurso do Dia das Mães, os cumprimentos da Direção e funcionários do Solidário - O Jornal da Família.

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RTIGOS

Editorial

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ois temas centrais ocupam esta edição do Solidário: como evangelizar no espaço midiático e como transformar as atuais paróquias em comunidade de comunidades? Responder adequadamente a estas duas questões torna-se crucial para a Igreja no Brasil e para o viver cristão de hoje. Milton Nascimento nos ajuda a responder. No texto da canção “Nos bailes da vida” aparece uma frase com grande sentido comunicativo, uma verdadeira pedagogia evangelizadora: “Todo artista tem que ir onde o povo está”. Poderíamos dizer que todo o cristão tem que ir, como discípulo missionário, onde o povo está. Isso é ainda mais imperativo quando se trata do sacerdote, do bispo, do religioso/a, das lideranças leigas das diferentes pastorais, ministros da Eucaristia, catequistas, coordenadores de círculos bíblicos, ministros dos enfermos. Ir onde o povo está é cumprir a ordem do Senhor Jesus, quando envia seus discípulos: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”. Na canção de Milton Nascimento “ir onde o povo está” é entendido como ir ao encontro do outro, ter contato com a gente, cantar para e com o povo, ser presença física, corpo-a-corpo. Aqui não fica difícil entender que Jesus, ao encarnar-se, ao “tomar um corpo”, quis estar “no meio dos filhos dos homens”, viver com eles, comer com eles, alegrar-se com eles, chorar com eles, ser um deles. “O Filho do Homem não veio para condenar, mas para salvar”. E toda salvação passa por este ser e viver com o outro e, como bom pastor, “sentir o cheiro das ovelhas” (Papa Francisco), viver em comunidade de fé, de oração, de vida. A verdadeira evangelização passa, sempre, por uma comunidade com rosto, nome, alma e coração, com vida presencial e partilhada. Uma comunidade, onde a comunicação é a ponte e são as veias por onde corre o sangue animador de um corpo que torna visível a presença do Senhor, reconhecido “no partir o pão”. A pergunta que não quer calar, mesmo porque nunca foi suficientemente respondida: as modernas mídias e tecnologias de informação e comunicação (TICs) são um espaço suficiente e adequado para uma verdadeira evangelização? Ou levam para um consumo, puro e simples, dos bens da fé, sem compromisso real com uma comunidade, sem formar discípulos missionários transformadores da sociedade atual? Será o espaço midiático um caminho para “ir onde o povo está”, no sentido dado pela canção de Milton Nascimento!? Não temos respostas definitivas, obviamente. Preocupa-nos a virtualização das relações. E somos dos que acreditamos que comunicação, como a arte do encontro com alguém, é, necessariamente, presencial, física, corpo. É nesta presença que ganha alma, ganha coração, ganha verdadeira vida. (attilio@livrariareus. com.br)

CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Ir onde o povo está

Fundação Pro Deo de Comunicação

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Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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Assistência social

Igreja de Cristo se distingue por três dimensões: é Igreja da palavra, anunciando uma boa nova da salvação à humanidade, provinda do próprio Deus; é Igreja da santificação, transmitindo vida divina através de suas celebrações e sacramentos, instituídos por Cristo; e é Igreja da caridade, indo ao encontro dos mais necessitados, na certeza de encontrar e socorrer neles o próprio Cristo: o que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que o fazeis.

O governo fala de filantropia para caracterizar algumas entidades, incluindo a Igreja, como altamente sociais. Concedelhes, por isso, certas facilidades e isenções a fim de possibilitar-lhes o melhor exercício de suas atividades, que, afinal, são de sua competência, principalmente no campo da educação, da saúde e da assistência social. Sabe-se que o Estado, por mais que seus governantes tenham boa vontade e se empenhem neste campo, não tem coração, ou seja, não possui uma mística de ação. Restringe-se à técnica. Daí, no dizer de Péguy, tudo começa na mística, ou seja, com altos ideais de beneficência, e termina na política, que significa uma administração técnica sem alma, que logo cansa e cai na rotina. Para não dizer que esclerosa. A Igreja tem uma mística que lhe provém de Cristo, de atender a crianças e jovens, doentes e pobres, idosos e desamparados, através da educação, transmitindo-lhes mais que conhecimentos técnicos, valores de vida. Leva-os assim à felicidade e à realização pessoal, bem como a uma convivência familiar e comunitária mais sadia. Ampara-os na saúde, velando pelos doentes e apoiandoos no seu sofrimento, mas, acima de tudo, proporcionando-lhes esperança, paz e segurança, numa perspectiva que só ela consegue transmitir, de eternidade. Tem a certeza de que 35% de sua melhora depende da fé, do aconchego e da oração de pessoas queridas. Mas sabe também que não basta educação e saúde para promover o bem comum e de cada um. É também preciso saber conviver para ser

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

feliz e sentir-se realizado. Daí o empenho pela promoção humana. Diz-se, com razão, que o pobre mais pobre é quem não tem alegria nem fé. Desde seus primórdios a Igreja está empenhada na obra social. Faz parte de seu DNA. Cristo uniu indissociavelmente o amor a Deus e o amor ao próximo. Mostra que a fé em Deus providente e criador está relacionada à fé no mundo criado por Ele e à fé no homem, feito à sua imagem e semelhança. Por isso, o cristianismo assume, como seu símbolo máximo, a cruz. Com a haste vertical aponta para Deus, como transcendente a tudo o que existe no mundo, e com a haste horizontal indica o homem, como imanência no mundo. S. Bento concretizou este símbolo na cruz e no arado, como oração e trabalho, qual binômio a caracterizar a vida cristã. A Arquidiocese de Porto Alegre, além das paróquias, onde se administram a catequese e os sacramentos, e se reúnem os fiéis para a convivência fraterna, dispõe de uma animação missionária para levar a boa nova da salvação às pessoas que ainda se encontram afastadas; e organiza diaconias, para o exercício da caridade, como coordenação das pastorais sociais, que são muitas. Gostaríamos de chegar, entre nós, à verificação da verdade das comunidades cristãs primitivas, que garantia que entre eles não havia necessitados. Na verdade, também na comunidade católica, não passa fome quem realmente participa dela. Os cristãos na fé não permitem. A solidariedade, baseada na fé em Cristo, leva ao compromisso social.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

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Polêmicas com minha filha (meu filho) adolescente Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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osso grupo de famílias estava reunido para reflexão, a partir dos fatos cotidianos e à luz do Evangelho, como costuma fazer mensalmente. Foi então que uma das jovens presentes (17 anos) trouxe ao grupo o seu descontentamento em relação ao tratamento que lhe dava a mãe, e esta, por sua vez, revidou que a menina era muito agressiva. Após análise, concluímos que as duas queriam ter a última palavra. E veio a inevitável pergunta: Quem, afinal, deve estancar a discussão, a mãe ou a filha?

Outra mãe presente, também com filho adolescente, comentou: “Quando percebo que meu filho não vai parar de contestar, eu, como mais madura e mais vivida, calo (porque é difícil o adolescente calar) e deixo para tratar o assunto numa hora de calma, se vejo que o tema e/ou a forma da discussão merece tal retorno”. O grupo então comentou: “Não seria este comportamento uma humilhação para a mãe? Seria dar razão ao filho e deseducar?” Perguntei, então: Por que um adulto não pode ceder e estancar a discussão, quando esta se torna insuportável e sem previsão de um final razoável? Por que ceder seria humilhante? Li que, na atualidade, talvez mais do que antes, temos falta de “adultos” para lidar com crianças e adolescentes, tanto em casa como na escola, e que é de suma importância que eles encontrem um “adulto” para educá-los. Por vezes, os pais ou professores são mais crianças ou adolescentes que os próprios.

Ponderações necessárias

O espírito de contestação de seu filho lhe dá a prova de que ele se sente sólido e confiante para opor-se e afirmar sua diferença. Seria muito mais alarmante para o seu equilíbrio psicológico se ele aceitasse todos os desejos parentais sem jamais reclamar ... Mesmo que seja cansativo, não tente evitar os conflitos, seja sensato, tome posição e aplique as sanções, caso ele (ela) esteja descumprindo combinações estabelecidas em conversas anteriores. Na condição que estas sanções continuem justas, evidentemente. Não é agradável bancar a mãe que reclama, que coloca limites. O papel da mãe é aportar amor. Mas, ela tem o direito, e mesmo o dever, de dar limites e de ter exigências em relação ao filho, à filha. Por sua vez, o filho tem o direito de contestar e de tentar impor seus desejos. É a poderosa dialética que todos os pais de adolescentes devem afrontar.

Para o adolescente, o problema é a bronca

A sugestão é escolher a forma certa de cobrar. A cobrança precisa ser intercalada com carinho, diversão, momentos descontraídos e diálogos. Muita pressão cansa os dois lados: adolescentes e pais. Use o bom humor para quebrar o clima de

Divulgação

tensão. Não leve tudo a ferro e fogo, não tome cada palavra que ele (ela) diz como ameaça, como uma verdade absoluta. Seu filho tem necessidade de ter diante de si pais confiáveis e seguros, mas suficientemente sensatos para reconhecer e não aplicar uma severa sansão ocasional. Uma atitude madura, a fim de evitar bate-bocas eternos, seria dizer a seu filho: “Tu tens 10 minutos para me convencer ! Depois eu tomarei minha decisão e então a farei cumprir”. Ameaçar cortar a mesada, caso o filho não obedeça, é muito comum. Assim como dizer que, enquanto ele viver às suas custas, não poderá fazer determinadas coisas. Isso é uma chantagem e não educa. Os pais devem explicar as razões que os levam a proibir determinados comportamentos. Com ameaças, o jovem apenas obedece para não perder um benefício, não internaliza o valor subjacente.

Pais que querem ser sempre amigos não estão sendo bons pais

A relação precisa ser hierárquica. Isso não significa que tenha de ser ruim. A diferença é que, com amigos, temos relações de igual para igual. Os pais podem ser bacanas, compreensivos, divertidos, mas são pais. No caso do episódio que introduz este texto, percebia-se que a jovem tinha um sentimento de que não era tratada como a irmã, que tudo o que vinha dela era mal visto. Averiguamos que sua história pessoal, a história de seus pais, sua própria química, eram fatores a concorrer para este sentimento. A sugestão foi de que procurasse comunicar isto como um sentimento seu, que era verdadeiro, e que a mãe também procurasse respeitar este real sentimento, e ambas buscassem maneiras de entender a própria história, aceitar o que não podiam mudar, e buscar melhorias onde fosse possível, num clima de paz, tanto quanto possível. A colocação do fato ao grupo já foi meio caminho andado para a libertação.


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4 Cinthya Nunes Vieira da Silva

Antônio Mesquita Galvão

Advogada*

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Nem sei direito do que ou de quem a saudade me tocou nessa manhã, mas o fato é que em meu coração, em minha alma, eu a encontrei. De um jeito como quem não quer ser incomodada, como quem não quer ser vista, mas que fica sussurrando baixinho, na esperança de ser sentida, a saudade fez pouso em mim e, agora, escorre pelos meus dedos, em busca do papel. O que sei da saudade? Não muita coisa, mas muita gente. Sei que funciona como uma máquina do tempo, que sem que eu perceba, leva-me para longe, para ontem ou para um abraço de um segundo atrás. Sei também que é possível sentir saudades do que não foi, daquilo que deveria ter sido, saudades da esperança ou da ilusão do possível, do sonhado. O contrário dessa saudade se chama realidade e ao seu vetor podemos chamar o tempo... Não muito mais sei desse sentido, muito embora, com frequência, ele me inunde por completo. Sei que dói demais a saudade daqueles que já se foram, aqueles para os quais eu poderia ter sido mais ou aos quais eu poderia ter conhecido melhor. Sinto saudade de vozes, de olhares, de risadas, de conversas e fico pensando que é muito injusto haver despedidas eternas, mesmo que terrenas. Sinto saudades de amigos que se foram cedo demais, que deixaram hiatos impreenchíveis, desoladores. Hoje, sobretudo, tenho saudades dos meus avós, aos quais não posso mais abraçar, com os quais não posso mais aprender, para os quais não há mais endereço ou telefone... Sinto saudades dos meus animais de estimação, com os quais vivi momentos incríveis, únicos e que não posso reviver exceto em minhas lembranças e sonhos. Fecho os olhos e posso sentir o calor de seus pequenos corpos e constato que eu também não sou mais a mesma que habitou essas recordações. Sei da saudade é que ela é irmã do tempo e com ele anda de mãos dadas. Mestres da vida, são donos da história, daquela que já não nos pertence. Sei da saudade é que ela me ensina que não há ensaios ou tecla que nos permita voltar. Por isso, a todo tempo, sei do tempo que me foge e que me presenteia com o hoje, mas que nunca me devolverá o ontem, por mais que ele me preencha de saudades... Hoje, em que a saudade me domina, só posso deixá-la fluir de mim, pois sei que, nessa vida, ainda irei acumulá-la muito mais do que gostaria... *A autora é também mestra em Direito, professora universitária e escritora em São Paulo

PINIÃO

A reconstrução de Francisco

Saudades uita gente gabaritada, poetas, filósofos, já escreveram sobre esse sentimento, traduzido, na língua portuguesa, por uma palavra única, que não encontra sinônimo em lugar algum do mundo. Assim, embora um tanto sem jeito para falar sobre isso, tendo em vista as vozes que já me antecederam e entre as quais não me ombreio, acordei hoje com saudades e não consegui pensar em outra coisa para escrever.

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Escritor, filósofo e doutor em Teologia Moral

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verbo reconstruir aponta para a necessidade de melhorar alguma coisa que sofreu alguma avaria. É sinônimo de restaurar e reformar. Certa vez, São Francisco orava quando escutou, vinda do crucifixo, uma voz que lhe disse:“Francisco, reconstrói a minha Igreja!”. Imediatamente, o santo se pôs a reformar a pequena capela da Porciúncula, que permanece de pé até hoje, situada atualmente dentro da basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis. Mais tarde, ele descobriu que o que precisava ser reconstruído era a Igreja, que se achava em vias de ruptura por conta da falta de fé, corrupção, culto desmedido ao poder e às riquezas. Reconstruir é agir em favor, é dar sequência à obra da criação. Quando Francisco e seus irmãos foram a Roma pedir o placet do Papa Inocêncio III para sua congregação, este recordou um sonho que tivera, onde um homem simples (Francisco) ajudava a suster colunas da basílica (a Igreja) que ameaçava cair. Hoje, as mesmas coisas ameaçam internamente a nossa Igreja; o laxismo, a indiferença, o excesso de hierarquia (poder), a corrupção (apego às riquezas), o corporativismo, a incapacidade de dialogar, os deslizes morais e as vacilações de fé de alguns padres, etc. Tudo isto inflete contra a fé do povo, a perseverança dos fiéis e sua inserção no apostolado. Há tempos fui a um encontro eclesial onde escutei de uma religiosa, inserida em lutas feministas, que era preciso desconstruir a ideia – segundo ela, machista – de um Deus, homem, pai e todo-poderoso. Ora, desconstruir é o oposto de construir, um juízo mais aproximado de destruir do que criar. Ora, quando se escuta afirmações desse

jaez, somadas a atitudes e fatos, aqui e acolá, onde certos descaminhos da cúria romana e os luxos das cortes vaticanas revelam que é preciso um outro Francisco para efetuar uma reforma para a reconstrução da Igreja. Pois, de repente, um novo Pentecostes começa a soprar sobre a nossa Igreja, com a eleição do cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio que, sintomaticamente adotou o nome de Francisco, em homenagem ao poverello reformador de Assis. Ao que parece, o sopro renovador do Espírito, o mesmo que escolheu Bergoglio para o cargo máximo da Igreja, murmurou nos ouvidos do cardeal argentino, o mesmo que disse ao santo: “Francisco, reconstrói a minha Igreja!” Ao novo Papa ficam vários desafios: há questões morais como o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a eutanásia e o uso de células embrionárias que são inegociáveis. Mas há outros temas, como celibato do clero, aproveitamento de padres casados, novo papel da mulher na Igreja e reforma da liturgia que, por estruturais, comportam um diálogo e uma busca de melhores soluções. De fato, constata-se que há muita coisa a reconstruir...

Ressurreição: evento central da fé cristã Pe. Renato dos Santos Salesiano

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aquele tempo, os discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.E dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” Deram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele o tomou e comeu diante deles. Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso”. A Ressurreição é o evento central da nossa fé de batizados. Se não acreditarmos na ressurreição, nossa fé e nosso batismo perderiam completamente o sentido. Sem a ressurreição nossa fé seria vazia

de sentido. A ressurreição de Cristo não foi um conto de fadas. Não foi um teatro. Não é uma poesia. Ressurreição é o acontecimento substancial que dá sustentabilidade ao edifício do nosso ato de crer. Como o próprio Jesus afirma, fantasma não se comunica, não se expressa, não tem carne e nem ossos. Não come... Nem Jesus precisava disso enquanto ressuscitado. Jesus ressuscitado está completamente livre das nossas condições humanas. Mas chega até a pedir comida para afastar as dúvidas de seus primeiros interlocutores, que estavam vivendo um misto de alegria e de surpresa. Não devemos ser tímidos em afirmar que é justamente pela força da ressurreição, agindo em nossas vidas, que nos esforçamos por sermos mais justos, solidários, fraternos e comprometidos com a defesa da vida. A força e o poder da ressurreição comprometem nosso ser e nosso agir em sociedade. (Facebook: Renato dos Santos II)


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

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O que é o melhor para os filhos Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia

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ais amam seus filhos e querem o melhor para eles. A questão e o desafio é saber o melhor em cada circunstância. Como responder ao repto? Hoje, é bastante comum pais se preocuparem em evitar toda e qualquer frustração ou sofrimento aos filhos, na expectativa de que sejam felizes. O objetivo “felicidade’ é legítimo, mas existirá um mundo em que não existam as decepções do cotidiano e frustrações oriundas de expectativas que não se realizam, de um trânsito engarrafado e lento, de relações por vezes permeadas de incompreensões e mal-entendidos, de chefias mal-humoradas com solicitações descabidas em prazos exíguos e impossíveis de serem atendidas?, e por aí vai.

Então, querer evitar todo e qualquer sofrimento aos filhos significa aliená-los do mundo e colocá-los em redoma para torná-los inatingíveis e invulneráveis aos desgastes do dia-a-dia, fragilizando-os sobremodo para viverem no mundo real. Esquecemo-nos da Canção do Tamoio?: “...A vida é luta renhida, viver é lutar”. A terra não é nenhum céu, mas espaço de esforço, disciplina e dedicação para atingirmos objetivos maiores como capacitação profissional, constituição de família saudável, sustentabilidade financeira, vivência de valores morais e espirituais, desenvolvimento de amizades, construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Trabalhar e buscar essas metas implica em garra, sem esmorecimentos e sem o abandono do campo de luta.

A arte de educar

Educar significa promover a capacidade de superação pessoal, a busca de objetivos cada vez mais altos e altruístas, sem se contentar com o mínimo, querendo o máximo, inspirado no mandamento do Senhor: “Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito” (Mateus 5,48). Jesus, ao iniciar a vida pública, começou com jejum de 40 dias (Mateus 4,1-11), quer dizer, renunciando e privando-se, dentro dos limites possíveis de algo fundamental como a alimentação. Jejum, aqui, significa privação, sacrifício, renúncia, abraçar as dificuldades sem esmorecer e sem escamoteá-las. Ele se preparava para os embates oriundos de sua missão, especialmente para sua Paixão. Impossível viver uma vida digna e valiosa sem renúncia, sem sacrifícios. Sem estas dimensões, somente a mediocridade. Mas, atenção!, não é a renúncia pela renúncia, nem o sacrifício por ele mesmo: são instrumentos e meios para alcançarmos objetivos maiores que realizam o ser humano e lhe dão a sensação de felicidade.

Tipos de Objetivos na Educação

Em educação, é preciso distinguir os objetivos imediatos dos objetivos visados a longo prazo. Há também necessidades que precisam ser atendidas e não podem ser des-

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Guloseima para acabar com o choro...

leixadas: alimentação saudável, higiene pessoal e familiar, afeto, jogos e recreação, sono... A criança está no horizonte dos objetivos imediatos que lhe proporcionam satisfação agora: se vê uma guloseima, quer comê-la, não interessando a hora nem o valor nutritivo. Aqui entra o trabalho paciencioso dos pais que explicam que o momento não é adequado porque dentro de uma hora ocorrerá o almoço, ou porque ela já comeu naquele dia um bombom, e dois não seriam recomendados, em vista de uma alimentação balanceada. Os pais olham, além do momento presente, para objetivos e valores que se atingem no longo prazo como saúde e disciplina, indispensáveis para construir vida produtiva e feliz. Esta postura, no início, produzirá frustração na criança, pequeno desgaste emocional, quem sabe até choro, mas na medida em que os pais perseverarem na prática, o filho com o tempo achará normal e aceitará o regramento: no futuro, será agradecido aos pais. Por outro lado, se os pais

não quiserem que o filho viva essa frustração, ou se quiserem acabar com o choro da criança, dar-lhe-ão a guloseima. A criança atingiu o objetivo imediato e a satisfação, os pais se livraram das reclamações e das lágrimas do filho, mas os objetivos de longo prazo, a educação e o processo de personalização foram para o lixo. Se a prática dos pais seguir essa trilha, terão um filho com seus caprichos e com dificuldades para enfrentar frustrações, sumamente fragilizado do ponto de vista emocional, com dificuldades de conviver: quererá que os demais sejam como seus pais que lhe fazem todas as vontades. E não serão. Na adultez, sofrerá para se reeducar, ou para conviver com a pessoa que é. E os outros também! Pais e educadores distinguem objetivos imediatos e de longo prazo: quando possível, harmonizá-los; caso contrário, prevaleçam os de longo prazo. Não se arrependerão e, no futuro, terão um filho agradecido e feliz!


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EMA EM FOCO

Evangelizar no sexto continente: é possível? A

propriadamente assim denominado, há um ‘sexto continente’ de seres humanos apenas virtuais. Que se ‘relacionam’, se comunicam entre si à velocidade da luz. Em tempos de rede mundial de computadores, a carta eletrônica dá duas voltas ao redor do mundo em um minuto. São milhões e milhões de pessoas que trocam mensagens, fotos, vídeos por meio eletrônico em sites, blogs e miniblogs. Somente o facebook tem próximo de um bilhão de ‘associados’.

Pergunta-se: que intensidade de interesse, efeito ou poder de convencimento terão essas mensagens se os receptores nunca viram ou conheceram pessoalmente os emissores? Como deve se situar o evangelizador nesse sexto continente? Jesus usaria desses meios? Com certeza. Mas como complemento. Porque, se tivesse intenção de apenas fazer conhecer sua "Boa Nova" ter-lhe-ia bastado se cercar de alguns escrevedores a quem teria ditado e depois mandado multiplicar as cartas a serem distribuídas a quem Ele escolhesse. Mas, não: Jesus privilegiava o presencial. Qual bom pastor, era essencial andar no meio de suas 'ovelhas'. "O bom pastor volta com cheiro de ovelhas', no dizer do Papa Francisco.

Solidário

Arquivo pessoal

Qual, então, o papel das redes sociais na evangelização?

Para a arquiteta Nilza Colombo, "as redes sociais, por si, têm a função de difusão de informações. Quando aliadas à evangelização, possuem a missão de propagar a palavra de Deus, a vida dos santos, dogmas da Igreja, assuntos da atualidade, como a Jornada da Juventude, por exemplo. Inseridas no mundo virtual, essas informações terão a mesma linguagem das redes. E assim deve ser, sob pena de perder o público que não se limita apenas a católicos. Mas, curtir, compartilhar são palavras que devem estar juntas à amor e perdão expressos presencialmente. Trazer o evangelho para o cotidiano, através das redes sociais, é uma maneira contemporânea de comunicar a diversos públicos". Para o Pe. Jacques Rodrigues, pároco da Igreja Menino Deus “A própria Escritura nos pede: “Proclama a Palavra, insiste oportuna e inoportunamente, convence, repreende, exorta, com toda a paciência e com a preocupação de ensinar” (2Tm 4,2). Assim, se os meios eletrônicos de comunicação social nos oferecem a oportunidade de evangelizar, devemos aproveitá-la. Em nosso tempo, as redes sociais fazem parte do dia-a-dia de grande parte da população. Desconsiderar seu uso para anunciar a Boa Nova é desconsiderar os meios nos quais as pessoas buscam informação e formação”.

Com que linguagem apresentar a Boa Nova para não praticantes e não cristãos?

“Penso que a linguagem deve ser objetiva, clara e simples. Não se pode pressupor que os

gai o evangelho’. (Marcos 16.15). Porque pregar o Evangelho é muito mais que apenas transmitir informação. Não basta distribuir informação. Notícias nos são passadas durante 24 horas ao dia por diversos meios de comunicação. Hoje sabe-se tudo de todos através das tecnologias de informação. Evangelizar é algo mais. Além de informar, deve-se interagir, contextualizar. E mais ainda: além de noticiar e interagir, evangelizar é vivenciar e dar o testemunho pessoal da mensagem através de gestos concretos de solidariedade e de zelo pelo próximo. Somente assim, na conquista de um discípulo e seguidor, completa-se o ‘ide’ previsto por Mateus 28.19-20 “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”.

Valioso complemento

Nilza Colombo

Pe. Jacques Rodrigues

não praticantes ou os não crentes entendam, por exemplo, o significado de certos termos teológicos e eclesiásticos. Assim, sempre que algum artigo é escrito em vista de atingir um não praticante ou um não cristão, aquele que escreve deve se perguntar se tal público-alvo entenderia o que está escrito ali”, explica Pe. Jaques. “Aos que creem mas não frequentam a comunidade paroquial, pode-se pressupor o dado da fé na argumentação daquilo que vai escrito. O mesmo já não acontece em relação aos que não creem. Por exemplo: argumentar a contrariedade ao aborto partindo do quinto mandamento da Lei de Deus é algo que não funciona - por questão de lógica - para um não crente; se a pessoa não crê em Deus, não acreditará na fundamentação dos Dez Mandamentos também. Portanto, diante de um não crente, o mais eficaz é usar de uma argumentação ética, filosófica, antropológica, etc., sem precisar recorrer ao dado da Revelação. Certo é que não se pode ter medo do diálogo com os não praticantes, com os não cristãos ou com os não crentes. O cristão deveria sempre saber dar as razões da própria esperança (cf. 1Pd 3,15).

Evangelizar é muito mais que informar

Então, é possível evangelizar no seu verdadeiro sentido pelas redes sociais? Não! Não, porque as redes sociais e a internet como um todo representam apenas importantíssima ferramenta para auxiliar na missão do ‘ide por todo mundo e pre-

Na vida de Jesus e seus apóstolos, o anúncio de suas mensagens estava muito relacionado ao ser de quem anunciava. Estava em jogo algo mais que apenas informar: as pessoas observavam a firmeza do olhar, a postura corporal, o amor e a humildade representados nos gestos e nas palavras, a autoridade espiritual que emanava de um viver piedoso. Enfim, todo um contexto de envolvimento presencial que a ciência está apenas começando a explorar por meio de estudos de linguagem corporal. Se pensamos que transmitir informações bíblicas é sinônimo de pregar o evangelho, todos os suportes de comunicação bastariam. Já fazer discípulos vai além das tecnologias de comunicação: pressupõe vivência e envolvimento com a mensagem da salvação. Cabe à internet o papel de divulgação e ensino dentro de comunidades já formadas e iniciar, estreitar e manter relacionamentos.

A internet não substitui o abraço e o olhar

“A presencialidade, a viva voz, na liturgia da palavra e na animação da comunidade não tem preço. A internet, de modo algum substitui a presença, o abraço, o olhar. É diferente ler a palavra de Deus no monitor do notebook, do desktop, do smartphone. Nada como celebrar a palavra de Deus na comunidade reunida. O padre deve fazer-se presente nas comunidades virtuais, usar as TIs. Mas apenas como ferramentas. Do contrário, vira padre de gabinete, monta uma ilha de edição para vídeos e textos e fica sem contato com as pessoas e mostraria que não entendeu nada ainda do que é o sacerdócio”, reforça o pároco da Igreja Menino Deus, em P. Alegre.


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A S S

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ÇÃO OLIDÁRIA OLIDARIEDADE

Reorganização paroquial: processo em construção P

aróquia: rede de comunidades. A proposta consta nas diretrizes elaboradas durante a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano - V CELAM, realizado no Santuário de Aparecida em maio de 2007. E, desde então, a Conferência dos Bispos do Brasil realiza encontros e seminários para sua viabilização na prática, tendo-a escolhido como tema central da 51a Assembleia Geral da CNBB, encerrada em 19 de abril último. Embora toda a boa vontade e compreensão da necessidade de uma renovação da estrutura eclesial para a eficácia pastoral, até hoje, com raras exceções, ainda não é praticada. Por quê? Apontam-se várias causas. Imagens: Solidário

Dom Orlando Brandes

Primeiro, sabe-se o que não se quer, isto é, a estrutura atual que já não responde às necessidades. Mas não se tem ideia clara do que se quer. Há quem pensa em descentralização, com o que desapareceria a figura de ‘igreja matriz’. E há quem pensa em permanência de administração centralizada na ‘matriz’. Há quem pensa deixar em níveis iguais as atuais ‘matriz’ e ‘capelas’, sendo a matriz apenas mais uma comunidade, compondo a ‘rede de comunidades’.

Modelo bi-milenar

O modelo paroquial vigente tem quase dois mil anos é está profundamente incorporado na cultura ocidental. Foi adotado no século IV após o período das perseguições e o reconhecimento do cristianismo pelo poder temporal. No início do cristianismo, a "casa" era a estrutura social básica da sociedade greco-romana de então. O mundo era entendido sob o modelo da "casa" e como sua extensão. Vivia-se o cristianismo a partir de atitudes para com a "casa". O livro dos Atos dos Apóstolos evidencia isso. O lugar do contato com a Palavra, da oração, da partilha da Eucaristia e dos bens e do apoio aos que se dedicavam à missão evangelizadora era a "casa". Antes de tudo, os cristãos sentiam-se "um só coração e uma só alma" e começaram a se organizar e a servir a comunidade segundo os dons que cada um recebia.

Igreja edificada no coração humano

Reiventar a vida comunitária para além da territorialidade paroquial, sendo presença onde as pessoas, por várias razões, estão radicadas, é o desafio atual e abre novas possibilidades de ser igreja, de fato, missionária. Na prática, novas comunidades territoriais já estão nascendo em condomínios fechados, edifícios, conjuntos habitacionais e bairros, independentes de proximidade de alguma igreja ou capela: são os novos espaços de catequese, círculos bíblicos, grupos de oração. Também já existem comunidades formadas por interesses afins

Dom Canísio Klaus

em torno de carismas e atividades específicas. São comunidades religiosas distintas de outras comunidades com características sociais, étnicas e econômicas diferenciadas. Igualmente, a comunidade que até agora se aglutinava em torno do que se denominava matriz, pode ter traços distintos e que deseja incluir em suas vivências religiosas. Também são igreja, pois a palavra, no Novo Testamento é empregada para designar a assembleia dos cristãos. "Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18,20). Pelo que, a Igreja está, de fato, edificada no coração das pessoas.

Novas formas de evangelizar

É como preconiza o bispo diocesano de Santa Cruz do Sul, RS, Dom Canísio Klaus: “A renovação paroquial e a revitalização das comunidades exigem novas formas de evangelizar tanto o meio urbano como o rural. Apesar de as comunidades rurais estarem distantes dos centros geradores da nova cultura urbana, em vista do fácil acesso às informações, também nessas áreas crescem os problemas de vínculo comunitário. Assim, se multiplicam os grupos religiosos novos, por atenderem às demandas imediatas dos indivíduos. É urgente pensar novas estruturas pastorais, inclusive em meios rurais, de modo que cuidem das pessoas na atual cultura. O valor da paróquia é inquestionável. Contudo, ela precisa urgente renovação. As mudanças da realidade clamam por uma nova organização, especialmente articulada em pequenas comunidades, capazes de estabelecer vínculos entre as pessoas que convivem na mesma fé”.

Aprovação do documento final ficou para 2014 A proposta do novo modelo paroquial, apreciada na recente Assembleia da CNBB, não foi concluída. Todos os bispos levaram o texto com capa verde – o texto final terá capa azul – para suas dioceses, suas bases, onde será avaliado, discutido e feitos os destaques por agentes de pastoral, padres, diáconos, etc... Em outubro próximo serão recolhidas todas as contribuições para a elaboração de um novo documento que deverá ser aprovado na 52ª Assembleia.

Dom Anuar Batisti

Será um texto construído por muitas mãos. Por enquanto, é documento de estudo.

Mais amor

“Temos que fazer uma verdadeira reviravolta no nosso sistema de organização paroquial. Quais são as paróquias que hoje que têm atendimento à noite? Como é que vamos atender aquele povo de Deus que trabalha o dia inteiro? Qual o espaço que temos na paróquia para atender os separados, os desquitados, os de segunda união? Temos muita lei, muita norma. Para ser uma igreja acolhedora que integra e não afaste ninguém desse caminho da evangelização, temos que colocar mais amor na nossa pastoral, nas nossas comunidades, nas nossas igrejas. Também é urgente a desburocratização das nossas estruturas paroquiais. Não se pode ter estruturas para criar dificuldades e, sim, para facilitar o contato com as pessoas e vida da Igreja”, resume Dom Anuar Batisti, arcebispo de Maringá, PR.

Superar paroquialismo

É o que sugere Dom Orlando Brandes, bispo de Londrina, PR. “O texto-base está muito mais voltado para a paróquia e a teologia da paróquia, aliás, muito bem feita. Mas falha nessa dimensão mais prática. Quais são e como são essas pequenas comunidades? Lá em Londrina são os grupos bíblicos de reflexão. E para muitas dioceses do Paraná também são. Em outras dioceses são as comunidades eclesiais de base que não divergem muito e coincidem com os grupos de reflexão bíblica. Para outros, as comunidades são os diversos movimentos. Torcemos para que não se volte a fazer mais um livro sobre a teologia da paróquia que aliás já temos bastante. Mas de a gente enfrentar com mais coragem a renovação da paróquia, superando um certo paroquialismo que impede muito um plano diocesano de pastoral. Não vai ser fácil por conta desse paroquialismo e da estrutura que temos. Vemos que muitas de nossas paróquias são muito fracas e já não estão mais respondendo à pastoral. Por tratarse de um tema tão urgente, tão necessário e tão renovador e por seu conteúdo mais calcado no teológico e menos no pastoral, a Comissão Central resolveu adiar a conclusão para o ano que vem.”


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ABER VIVER

Reumatismo em foco

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entrevistado, médico Fernando Appel da Siva, é especialista em Reumatologia, exercendo atendimento com foco no diagnóstico e tratamento e engajado em diversos projetos de educação e prevenção das doenças reumáticas. Coordenou a Comissão de Estudos da Coluna Vertebral da Sociedade Brasileira de Reumatologia e foi professor e orientador de Médicos-Residentes em Reumatologia da PUCRS. O que caracteriza o reumatismo? A expressão “reumatismo” engloba mais de uma centena de enfermidades que podem acometer, por exemplo, o sistema músculo-esquelético e os diversos órgãos que tenham tecido conjuntivo. Além das articulações, alguns tipos de reumatismos podem trazer repercussões na pele, coração, sistema circulatório, sistema nervoso, pulmão, aparelho digestivo, urinário e até nos olhos. As queixas mais comuns dos pacientes são a dor e a dificuldade em realizar movimentos de articulações ou da coluna e isto pode acontecer em pessoas de qualquer idade ou sexo, desmitificando a ideia popular de que “quem gosta de reumatismo é o velho”.

de cerveja ou outras bebidas alcoólicas, tais produtos devem ser avaliados pelo médico que deverá orientar quantidade ou recomendar alguma restrição.

Arquivo pessoal

Pode-se fazer alguma coisa para impedir ou retardar a doença reumática? Ainda não há vacina para impedir que este grupo tão diverso de doenças ocorra. Por este motivo é que, aos primeiros sintomas, os pacientes procurem orientação médica para saber o melhor caminho de investigação.

Qual a relação entre artrose e artrite? Ambas as situações acometem articulações. Estas podem ser pequenas, como as das mãos, ou grandes, como os joelhos e quadris. As articulações da coluna verComo se diagnostia se uma tebral também podem estar pessoa sofre de reumatismo? acometidas por essas formas de reumatismos e constituem O diagnóstico das diver- uma das causas mais comuns sas doenças reumáticas sem- de consultas médicas. pre é baseado nas queixas dos Quais os danos que o pacientes, nos achados do seu reumatismo pode causar exame clínico e, em muitos no organismo, e quais os casos, com a complementatratamentos utilizados? ção de exames laboratoriais As limitações e os trataou de imagem. mentos dependem de cada Reumatismo tipo de doença reumática. As e alimentação? Na grande maioria das mais comuns são as dores doenças reumáticas não há as- agudas ou crônicas e que tem sociação direta da sua origem intensidades variáveis. Quase ou desencadeamento com a sempre estarão acompanhaalimentação. No entanto, na das por limitação de moviGota, que é uma das formas mentos. Por este motivo, a de reumatismo, a ingestão de incapacidade poderá ser tanto carne vermelha, assim como para realizar tarefas simples,

Médico Fernando Appel da Silva

como vestir sua própria roupa, banhar-se, pentear-se, quanto para fazer os movimentos que são necessários para o paciente deslocar-se, como o caminhar, correr, ou até para subir-descer escadas. Em outros tipos pode haver alteração da força muscular, febrícula e até emagrecimento. Considerações finais Sinais de alerta para alguns tipos de doenças reumáticas:  Dor músculo-esquelética  Dificuldade para realizar movimentos da coluna ou outras articulações  Inchaço e vermelhidão em uma ou várias articulações Podendo estar associados com:  Manchas ou nódulos cutâneos  Febre, febrícula ou sensação de desconforto físico  Olhos vermelhos ou com a “sensação de areia” ao piscar Alguns tipos de doenças reumáticas: Artrose, Artrites diversas, Febre Reumática, Osteoporose, Gota, Bursites, Tendinites, Lúpus, Fibromialgia, Espondilite, Hérnia de Disco.

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Fuja das noites mal dormidas Fique por dentro de algumas dicas indispensáveis para a saúde e o bem-estar. Que tal encostar a cabeça no travesseiro e pegar logo no sono? A prática parece ser muito simples, mas, e se o sono não vem? Ou melhor, por que não vem? A correria do dia a dia, o estresse, as preocupações profissionais e pessoais, a alimentação desregrada e a falta de exercícios físicos são fatores que têm sido apontados por diversas pesquisas como as principais causas de distúrbios e síndromes do sono. Isso tem transformado num verdadeiro pesadelo o que deveria ser uma boa noite de descanso. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% da população mundial apresenta algum tipo de distúrbio ou síndromes do sono, dentre eles, apneia obstrutiva, ronco, insônia, bruxismo, e muitos outros. No Brasil, os indivíduos que não conseguem ter um repouso de qualidade totalizam 43%. Poucas pessoas se dão conta, mas um sono adequado tem papel essencial na vida dos indivíduos, sendo importante para o desenvolvimento normal do cérebro, para os processos de memória, aprendizado e regeneração celular. – Enquanto dormimos são produzidos alguns hormônios que desempenham papéis vitais ao organismo, como exemplo, o hormônio do crescimento, também conhecido como GH, presente na primeira fase do sono profundo, aproximadamente meia hora após uma pessoa dormir; a serotonina, hormônio responsável pela sensação de prazer; e a leptina, hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade – afirma Renata. Para ter um repouso de qualidade, Renata dá algumas dicas que podem garantir noites de sono mais tranquilas: • Procure ir para a cama com a mente relaxada e sem pensar nos problemas do dia a dia. Por mais difícil que seja, este hábito ajuda, e muito, a ter um descanso merecido. • Deite de lado. Esta é a posição mais indicada para o sono, já que mantém a coluna sempre alinhada com o tronco, melhora a circulação sanguínea e facilita os estímulos elétricos enviados pelo cérebro aos demais órgãos do corpo. Utilize um travesseiro em altura que se encaixe perfeitamente entre a cabeça e o colchão, formando um ângulo de 90 graus no pescoço. Já existem no mercado os modelos que podem ser facilmente adaptados para cada biótipo, como os travesseiros de altura regulável. • Evite assistir televisão deitado na cama antes de dormir. Algumas pessoas acreditam que ver TV até ajuda a adormecer, porém isto é um engano. O que acontece é que a pessoa cochila, mas não adormece profundamente, despertando vez ou outra. O ideal é assistir TV na sala. Se o sono chegar, vá para o quarto, apague a luz, deite e durma. • Refeições próximas ao horário de dormir podem provocar refluxo e atrapalhar o sono. Além disso, quanto maior a refeição noturna, maior dificuldade de digestão e pior o sono. Alguns alimentos ajudam a relaxar, entre eles: alface, maçã, pepino, salsão e alimentos ricos em triptofano, como leite, iogurte desnatado, banana, abacate, lentilha, legumes, mel, e outros. • Antes de dormir evite tomar café, refrigerantes a base de cola, chá preto ou chá mate. Estes alimentos contém cafeína e prejudicam o sono. • Tome um banho morno antes de dormir. Tira todas as impurezas do corpo acumuladas durante o dia, ajuda a refrescar e principalmente, relaxar. • Uma boa noite de sono exige um ambiente arejado. Para isso, durma em locais bem ventilados, em ambientes escuros e com travesseiros adequados ao seu biótipo. Foi comprovado cientificamente que a luz prejudica os ciclos biológicos e a produção hormonal, já que quando dormimos na claridade as produções de cortisol e melatonina são interrompidas, dando uma sensação de cansaço pela manhã.

Psicosul Clínica

Albano L. Werlang - CRP/07-00660 Marlene Waschburger - CRP/07-15.235 Jôsy Werlang Zanette - CRP/07-15.236 Alcoolismo, depressão, ADI/TIP Psicoterapia de apoio, relax com aparelhos Preparação para concursos, luto/separação, terapia de crianças, avaliação psicológica Vig. José Inácio, 263/113, Centro, P. Alegre 3224-5441 // 9800-1313 // 9748-3003


A mulher gritou para o marido: - Horácio! Esse dicionário que você me deu não presta. Faltam as palavras “istória”, “ífen” e “ierarquia!” xxx Na lua-de-mel é tudo muito lindo: “Meu bem” pra lá. “Meu bem” pra cá. No final do casamento: “Meus bens” pra lá. “Meus bens” pra cá ! xxx

O Livro do Papa A Editora Paralela lançou, recentemente, o livro do Papa Francisco: Sobre o céu e a terra – O que pensa o Papa Francisco sobre a família, a fé e o papel da Igreja no século XXI, escrito por ele, Jorge Bergoglio, e pelo rabino Abraham Skorka. Em Sobre o céu e a terra, o Papa Francisco apresenta aquilo que pensa intimamente a respeito de temas espirituais como Deus, a fé, a religião, a oração, a culpa e a morte. Assim como o que ele pensa sobre as questões de grande relevância para a humanidade como a política, a pobreza, a preservação ambiental, a liderança, a educação e a ciência; além de suas reflexões mais profundas sobre assuntos polêmicos como o aborto, a eutanásia e o casamento de duas pessoas do mesmo sexo. Os encontros do ainda cardeal Jorge Bergoglio com o rabino Abraham Skorka são exemplares na procura de entendimento pelo diálogo. Ao longo dos anos, em conversas de coração aberto que não evitaram os assuntos mais difíceis , os dois líderes compartilham a fé na capacidade de suas religiões em tornar as pessoas melhores. São diálogos entre dois homens simples e eruditos, estudiosos do catolicismo e do judaísmo, que acreditam que as igrejas precisam “sujar os pés” para ajudar a quem precisa de ajuda.

Leigos Scalabrinianos engajados na Paróquia

Uma mulher para a outra, numa festa: - Você está com a aliança no dedo errado! - Eu sei! Me casei com o homem errado. xxx Uma mulher estava andando quando um homem a parou e disse: - A senhora viu algum policial por aí? - Não... - Então passa a bolsa que isso é um assalto!! xxx O cúmulo da sorte é ser atropelado por um carro de funerária. xxx Uma menininha perguntou ao papai noel: -Papai Noel você roe as unhas? E ele respondeu: -Rou rou rou!!!

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SPAÇO LIVRE

“Muitos dos problemas que surgem da mobilidade dos povos não podem ser resolvidos sem a colaboração dos leigos. Os Leigos Scalabrinianos da Paróquia São João Batista de Campos Novos, Santa Catarina, junto com a Paróquia de Abdom Batista, celebraram na Usina Garibaldi, na cidade de Abdom Batista, a missa de Páscoa no dia 13 de abril. Grande participação dos trabalhadores jovens, migrantes que trabalham nesta usina. A missa estava bem animada, com muita concentração e comoção. O engenheiro Pedro se fez presente nesta celebração. Nesta missa foi celebrada também a semana da Segurança (SIPAT). E assim, os Leigos scalabrinianos acompanhados pelos padres da paróquia, em especial o Pe. Luigi Mansi, se esforçam para corresponder às necessidades pastorais dos migrantes e se fazem presente para acolher, animar e encorajar as pessoas.

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Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on

Humor

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Lições de solidariedade

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nfelizmente, a grande imprensa pouco noticia sobre ações positivas que procuram auxiliar os semelhantes,embora elas existam, mas, pouco a pouco, vai-se tomando conhecimento de que, por diferentes lugares e países, as pessoas se preocupam umas com as outras e, vivenciam uma solidariedade não só entre pessoas, como também entre pessoas e animais e, entre os próprios animais. Numa rede social uma pessoa relatou um fato que lhe chamara a atenção na rua. Estava chovendo e dois rapazes caminhavam apressadamente, cada um com seu guardachuva. Pouco atrás, caminhava uma senhora com uma criança no colo e andava rapidamente, pois, sem guardachuva estavam ficando ambas molhadas. Um dos rapazes parou, conversou com o outro, ficaram ambos com um guarda-chuva e, ofereceram o outro à senhora, que o recebeu comovida. Um grupo de rapazes e moças curtiam uma praia brasileira jogando bola, quando um grupo expressivo de golfinhos veio nas ondas até a praia e,os peixes começaram a ficar encalhados, sem poder retornar ao mar. Os jovens deixaram as brincadeiras , entraram no mar e, um a um foram recolocando os golfinhos no caminho de volta ao seu habitat. Sem ajuda teriam morrido na praia. O jornal Zero Hora publica em fevereiro uma matéria sobre a Antártica, descrevendo a visita ao paraíso em preto e branco, e afirmando que a colônia de pingüins-demagalhães, no sul do Chile,tem cotidiano de solidariedade. Lar de milhares de pinguins-de-magalhães, a pinguineira da ilha Magdalena,próxima a Punta Arenas, é uma ilha que merece ser visitada. Ao chegar por mar, logo se cruza com grande número de pinguins, que surfando nas ondas voltam para casa. Em fila indiana, percorrem uma trilha em busca de seus ninhos, escondidos na terra, que os protege do frio e das tempestades, comuns naquela região. Quando um companheiro fica pelo caminho, o líder do grupo para a caminhada e, aguarda a sua recuperação. O biólogo Jair Putzke , da Universidade de Santa Cruz do Sul,informa que os pingüins são sociáveis, andam em grupos e, defendem juntos seus ninhos. Chegam a criar creches, nas quais as fêmeas ficam em terra para proteger os filhotes contra as aves de rapina enquanto os machos saem para buscar comida. Se as pessoas e animais nos dão lições de solidariedade por que a humanidade continua a cultivar um individualismo anti-cristão? (geralda.alves@ufrgs.br)

José Carlos Salgado Abreu - 01/05 Romeu Garrafiel - 04/05 José I. P. Maciel - 12/05 Yara Pires de Miranda - 15/01


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GREJA &

COMUNIDADE

Solidário Litúrgico 5 de maio - 6o Domingo de Páscoa Cor: branca

1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 15,1-2.22-29 Salmo: 66(67),2-3.5.6 e 8 (R/.4) 2a leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 21,10-14.22-23 Evangelho: João (Jo) 14,23-29 Comentário: Deus não precisa de nosso amor; Ele não fica nem maior, nem menor, nem mais, nem menos amoroso, se não o amamos. Somos nós que precisamos do amor de Deus, para, na escola do divino amor, aprendermos a nos amar uns aos outros. E amamos a Deus quando escutamos sua Palavra, que é seu próprio Filho, e, acolhendo esta Palavra com o coração, a transformamos em prática de vida. De que serve a Palavra de Deus ouvida numa missa, numa celebração, num grupo bíblico, se, depois, não praticamos ou, até, fazemos o contrário daquilo que ouvimos e meditamos? É como o sal que perde sua força e para nada mais serve do que ser jogado fora como algo inútil. A Palavra de Deus ganha sentido e se torna amor a Deus e aos irmãos quando,

ofendidos e machucados, caluniados e agredidos, humilhados e esquecidos, oramos e rezamos por aqueles que nos ofendem e machucam, caluniam e agridem, humilham e desprezam. E oramos por eles, mesmo quando quase tudo em nós pede vingança, quer pagar mal com mal, dente por dente, pedra com pedra, quer responder com violência e agressão a cada violência e agressão sofrida. Somente o perdão é capaz de transformar o ódio em amor, o mal em bem, a maldição em bênção, a pedra em coração, a agressão em abraço solidário de irmão. A espiral de violência que nos cerca somente é rompida quando o amor que confessamos a Deus se transforma em generoso e imenso perdão. Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada (14,23). Nós nos tornamos morada de Deus e do seu Cristo, quando, abertos ao seu Espírito, vivermos, concretamente, a utopia do perdão em nossa vida.

12 de maio - FESTA DA ASCENÇÃO DO SENHOR Cor: branca

1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 1,1-11 Salmo: 46(47), 2-3.6-7.8-9 (R/. 6) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef 1,17-23 Evangelho: Lucas (Lc) 24,46-53 Comentário: Que a bênção de Deus todo-poderoso desça sobre vós, sobre vossa família, sobre vossa comunidade, sobre vosso trabalho e permaneça para sempre. Quantas vezes ouvimos esta invocação e recebemos esta bênção ao longo de nossa vida!? Ao final de cada celebração eucarística esta invocação se transforma no prolongamento do mistério que celebramos e comungamos em presença da bênção de Deus em nosso dia-a-dia. Celebramos, neste domingo, a Ascensão do Senhor Jesus. A narração de Lucas conclui dizendo que Jesus, enquanto abençoava seus discípulos, foi levado para o céu (24,51). Esta última bênção de Jesus deu força e ânimo aos discípulos para se tornarem apóstolos da Boa Nova da salvação. No Livro do Gênesis, quando Deus terminou sua obra

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criadora, abençoou o sétimo dia. Isaac e Jacó, despedindo-se, abençoaram a sua descendência. Em nossa cultura é uma bela tradição, cheia de significado, pedir a bênção aos pais quando os filhos vão dormir ou viajar. Jesus subiu ao céu. Muitas vezes, imaginamos o céu como um lugar físico, um espaço em algum “sítio cósmico”, reservado àqueles que foram bons e justos em sua vida. Não foi para este céu que Jesus subiu, porque ele não existe. Céu é sinônimo de realização plena, de felicidade definitiva, de prazer e alegria sem fim. Foi para o céu do Pai que Jesus subiu. E subiu para este céu a fim de “preparar-nos um lugar” para estarmos, eternamente, com Ele. Não procuremos Jesus lá no alto, entre as nuvens; ele é presença de bênção, de paz, de perdão e de amor solidário em cada coração que o acolhe e faz da sua vida uma bênção de carinho, de ternura, de compaixão, de vida para todos aqueles e aquelas que o Pai colocar em sua vida. (attilio@ livrariareus.com.br)

Catequese Ainda sobre a importância do grupo O Diretório Geral para a Catequese é quem sugere a grande importância do grupo, porque contribui no processo de desenvolvimento das pessoas: • na catequese infantil favorece a boa socialização; • na catequese dos jovens vem a ser uma necessidade vital na formação de sua personalidade; • na catequese de adultos promove o diálogo, a partilha, a entre-ajuda, a co-responsabilidade... (DGC 159). A finalidade do grupo: • Aprender a conviver com os outros. • Respeitar as diferenças de idéias, pensamentos..., mas também de culturas, raças, gênero... • Compreender que a fé passa pela convivência em comunidade. • Organizar ações transformadoras para mais justiça e paz. • Aprender a ir ao encontro do outro, próprio de quem vive o amor. • Educar para valores, hábitos e atitudes. • Construir o sentido da cidadania, compreendendo em conjunto quais os direitos e deveres próprios de cada ser humano. • Partilhar as riquezas que cada um (a) tem e sentir-se valorizado(a). Metodologia do grupo Em princípio, o catequista necessita lembrar que Catequese não é escola, portanto, também, não é aula, mas encontro. O grupo ideal, neste sentido, não pode ultrapassar de 12 catequizandos. O catequista é o animador do grupo que favorece o entrosamento, a partilha. Mas, o método sustenta-se sobre: • uma acolhida carinhosa e festiva entre os membros, destruindo qualquer preconceito; • uma comunicação aberta que favorece o diálogo com cada participante; • o sentido de que nos educamos, aprendemos e crescemos quando há um relacionamento igualitário; • a importância de que todos sabem algo para partilhar; • momentos de confraternização, passeios, gincanas, teatros, competições esportivas; • momentos fortes de reflexão, aprofundamento, tendo no centro a Palavra de Deus; • a adaptação adequada à faixa etária. É de suma importância para o catequista que, no início de Catequese, não se preocupe em passar doutrinas mas, trabalhe os membros do grupo para que se aceitem mutuamente, possam sentir-se à vontade e gostem de estar juntos. Extraído de texto Ir. Marlene Bertoldi


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RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Seminaristas candidatos ao diaconato participaram de retiro Além da caminhada no Seminário, é preciso um momento forte de silêncio e oração para fortalecer a vocação nas busca pelo diaconato. Com este objetivo, os nove seminaristas maiores, candidatos às ordens sacras desse ano de nossa arquidiocese, realizaram retiro em preparação ao diaconato, cuja ordenação será no dia 05 de maio. O retiro aconteceu na Casa São Bernardino, em Viamão. A orientação do encontro ficou a cargo do padre Márcio Andrade, pároco da Igreja Auxiliadora, que norteou os dias de encontro através de pregações, orações e missa. O retiro foi considerado positivo e proveitoso. Um dos participantes do encontro foi o seminarista Diego Jobim Garcia. Ele classificou o retiro como um grande despertar espiritual: ”Também conversamos sobre vários aspectos da vida do ordenado, onde pudemos conhecer, através da experiência sacerdotal do pregador, a melhor maneira de trabalhar e lidar com a vida após nossa ordenação diaconal. Foi uma grande graça de

Deus realizar este momento de retiro tão oportunamente”, disse. Também o seminarista Luiz Barros, destacou as meditações do retiro: “Meditamos e refletimos durante o retiro, principalmente o rito de ordenação e a partir disso chegamos ao dia-a-dia de um ministro ordenado, à aplicação na vida de cada um de nós. Foi um momento realmente de muita graça, onde partilhamos também as alegrias e as fraquezas que acompanha sempre todos os que Deus chama”, enfatizou. O bispo auxiliar de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, encontrou os seminaristas durante o retiro e manifestou a a acolhida do presbitério para com todos e ressaltou que os futuros diáconos precisam ser pessoas que amem o que são e o que fazem. Participaram do retiro os seminaristas: Diego da Silva Correa, Diego Jobim Garcia, Fabiano Glaeser dos Santos, Gustavo André Haupenthal, Joel Nievinski Costa, KauêAntonioli Pires, Lucas Matheus Mendes, Luiz Maria de Barros Coelho Neto e TalisPagot.

Pastoral Vocacional da Província Eclesiástica de Porto Alegre As coordenações da Pastoral Vocacional das dioceses de Osório, Montenegro, Novo Hamburgo, Caxias do Sul e Porto Alegre realizaram o seu encontro semestral de estudo, partilha e convivência no Seminário São João Vianney, em Bom Princípio. Como a reunião foi sediada pela diocese de Montenegro, os traba-

lhos foram coordenados pelo Pe. Neimar Schuster, animador vocacional diocesano. Houve um estudo no período da manhã com Márcio Amaral, do Núcleo de Assessoria Juvenil Betânia de Porto Alegre, que refletiu com o grupo sobre a “nossa ação pastoral e as juventudes contemporâneas”. Em

seguida foi celebrada a Santa Missa e o almoço, onde todos puderam conviver e rezar com os jovens seminaristas da casa. Na parte da tarde fez-se uma partilha dos diversos serviços e realidades das dioceses presentes. O próximo encontro será na diocese de Caxias do Sul, no dia 24 de setembro do corrente ano.

Diáconos do Vicariato de Canoas Os diáconos permanentes e pré-diáconos (foto acima) do Vicariato de Canoas participaram de reunião de formação no dia 6 de abril, na sede do Vicariato de Canoas. O vigário episcopal, Dom Agenor Girardi, acolheu os participantes e acompanhou o encontro. A formação teve como motivação o uso do Missal nas Celebrações Eucarísticas. O tema foi facilitado pelo vigário paroquial da Igreja São Vicente, de Cachoeirinha, Pe. Rodrigo Wegner Costa. Também Pe. Darley José Kummer, padre referencial dos Diáconos Permanentes do Vicariato de Canoas, auxiliou na dinamização do encontro. Encontro das Comunidades Eclesiais de Base - A Rede de Comunidades da Paróquia Jesus de Nazaré acolherá o 27o encontro das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), que acontecerá 18 e 19 de maio, na festa de Pentecostes. O 27o encontro de CEBs começa dia 18, pela manhã, a partir das 8 horas e para a tarde estão previstas cinco oficinas, para as quais cada delegado poderá se inscrever com duas opções, ao receber a ficha de inscrição: 1- CEBs e Juventudes; 2- CEBs e a Cidade: Reforma urbana e ecologia; 3- CEBs e engajamento político e social; 4- CEBs e Missão a partir das Comunidades proféticas da Bíblia e 5- CEBs e vivência comunitária da fé.


Porto Alegre, maio de 2013 - 1a quinzena

Diretório da Comunicação da CNBB

O que e como comunicar

“J

esus usou os métodos que ele tinha: subiu ao monte, pegou uma barca para ir ao mar da Galileia para ser melhor visto e melhor ouvido. Temos uma Boa Nova para comunicar. E temos o dever de comunicá-la e reparti-la. E, para isso, nós agora temos que utilizar toda esta moderna tecnologia que a inteligência colocou à disposição do coração humano”, disse Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador, ao comentar sobre o Diretório. A comunicação é essencial na vida do ser humano e a Igreja é obrigada a fazê-la bem feita, seja ao informar e/ou defender a Instituição, seja ao transmitir o Evangelho, seja na catequese, seja na liturgia. Contar com orientações seguras para a comunicação é um sonho antigo da CNBB.

Texto final aprovado

O Diretório da Comunicação foi um dos importantes temas tratados na 51a Assembleia Geral da CNBB, encerrada em 19 de abril último, no Santuário de Aparecida do Norte, SP, e que contou com 360 bispos – entre titulares e eméritos – oriundos das 212 dioceses brasileiras (atualmente, há 361 bispos e arcebispos no Brasil, dos quais 299 bispos na ativa e 160 bispos eméritos, segundo publicação da Igreja). O documento é inspirado na experiência italiana e, para sua adequação, recebeu contribuições de todo o Brasil, resultando em texto completamente novo. O texto final, depois de vários anos em gestação, foi finalmente aprovado e conta com 10 capítulos, em que aborda os desafios para a comunicação da Igreja num mundo em mudança, a comunicação nas redes sociais, teologia da comunicação, comunicação e vivência da Fé, ética e comunicação, a Igreja e a cultura da mídia, educar para a comunicação e pastoral da comunicação, não apenas uma pastoral entre outras.

Antes tarde do que nunca

"Estamos atrasados nessa área. Temos a comunicação mas não temos um diretório de comunicação. Há tempos está sendo formatado, estudado. Sabemos da importância da comunicação na vida e no mundo da Igreja. Por isso, um diretório que contemple, que oriente é essencial. Por vezes se tem os meios, tem-se a vontade, tem-se a necessidade, mas peca-se por falta de informação e de como nos comunicar bem, de como entrar e competir nesse mundo", comentou Dom Pedro Brito, arcebispo de Palmas, Tocantins.

O lucro do investimento é a evangelização

"Nós, como Igreja Católica, precisamos acreditar mais nos meios de comunicação.Temos que investir mais. Temos dinheiro para tanta coisa. Arrumamos para construções como estamos arrumando agora para a obra da catedral em Foz do Iguaçu. Assim também deveríamos investir em meios de comunicação. Ah, mas esses meios

Dom Murilo Krieger

Dom Pedro Brito

não dão grande lucro. Fiz essa experiência como padre. Qual lucro esperamos na aquisição de uma rádio ou de uma tv a serviço da evangelização? Financeiro?Certamente não. O lucro que esperamos é a própria evangelização. É fazer ecoar a palavra de Deus. Fazer com que a palavra de Deus entre na casa das pessoas, chegar até o coração do homem e da mulher lá onde eles estão", refletiu Dom Dirceu Vegini, bispo diocesano de Foz do Iguaçu, PR ao comentar o novo Diretório.

Dom Dirceu Vegini

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