Tudo solidario 636

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, junho de 2013 - 2a quinzena

Ano XVIII - Edição N o 636 - R$ 2,00

O que move a religiosidade popular Imagens constantes dos sites das Paróquias São João e S. Antônio do Partenon

Impertinência versus mansidão Psiquiatra analisa a questão impertinência x mansidão. Para César Vasconcellos de Souza, “Mansidão é um poder. O maior líder que já existiu, Jesus Cristo, era manso. Ele mesmo disse: ‘... Sou manso e humilde de coração’. (Mt 11,29). As pessoas com falta de mansidão, no entanto, assevera o psiquiatra, podem aparentar fortaleza, mas é só aparência”. Página 3

Compartilhando tarefas e sentimentos

“As novas regras trabalhistas das empregadas são um marco civilizatório para o Brasil, e um sinal de que em breve as tarefas domésticas serão divididas entre toda a família”. Quem adverte é a doutora em Psicologia Juracy C. Marques em artigo na página 5.

Quando um animal vira pet?

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Vivemos em plena cultura da aparência. O contrato de casamento importa mais que o amor. O funeral mais que o morto. As roupas mais que o corpo. A Missa mais que Deus.

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Fiéis festejam São João com procissão

religiosidade popular – não confundir com religião, que é organização religiosa institucionalizada – subsiste em todo mundo e se expressa segundo contextos históricosociais próprios de cada lugar. No Brasil, onde a matriz principal da piedade popular é o catolicismo, há centenas de eventos e santos não necessariamente reconhecidos oficialmente, e que chegam a arrastar multidões a exemplo do Pe. Cícero, em Juazeiro do Norte, no Ceará. No RS, em junho, celebra-se Santo Antônio e São João, que são santos da Igreja Católica e também de grande popularidade, e cujas festas são eivadas de folclore, em que se destacam dois aspectos: liturgia oficial com novenas, procissões, trezenas, etc. E as expressões populares, representadas por provas, danças e fogueiras, não sendo exagerado afirmar que são festas repletas de crendices e superstições. Páginas centrais

Eduardo Galeano

Jornal Solidário na internet:

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Devotos recebem a Bênção da Saúde de Capuchinhos da Paróquia S. Antônio do Parte-

Nossos telefones: (51) 3093.3029 e (51) 3211.2314

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RTIGOS

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Editorial

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Religiosidade popular

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eligiosidade popular. Muitos, em só ouvir falar de religiosidade popular, já ficam ouriçados: alguns veem subversão da ortodoxia, coisa de esquerda, protestos, uso da religião para fins não religiosos e não da “sua igreja”; outros, pelo contrário, afirmam que a religiosidade popular é coisa piegas, fundamentalismo religioso, pagamento de promessas, procissões, romarias, numa palavra: folclore religioso. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não se busque rastros de anjos por onde passam homens. Exageros sempre houve, sempre haverá. De fato, há aqueles que fazem destas manifestações de fé popular, verdadeiros motins políticos e político-partidários; e há os que manifestam sua fé apenas e somente nestas expressões religiosas. A participação comunitária, com seus naturais desafios, compromissos e estímulos para uma vida de uma fé que se traduz em obras, em amor solidário, não lhes diz muita coisa, não sentem apelo real para engajar-se num processo de vida comunitária. Nestes casos, a religiosidade popular pode tornar-se um espaço de alienação da verdadeira fé, sempre um compromisso com a construção do Reino. Aceitamos a definição da professora Paula Simon Ribeiro, especialista em expressões de fé popular (centrais desta edição do Solidário). Para Paula, “religiosidade popular é aquela que o povo cria sem interferência da igreja oficial. Como o povo nada inventa de graça, cada aspecto da religiosidade popular tem sua razão de ser. E a principal é que os santos `oficiais´ geralmente estão muito distantes da sua realidade. Quando surge um santo popular, este está muito próximo do povo, foi gente, teve problemas e pode ajudar a resolver os nossos”. Então, surge a pergunta: os santos “oficiais” estão, mesmo, longe da realidade da gente? Sim e não. Talvez os santos “clássicos”, os santos bíblicos, os santos canonizados por razões outras, até mesmo aqueles cujos seguidores “compraram” sua canonização, mas que nunca tiveram um “apelo” popular... talvez estes não encontrem eco no coração do povo. O verdadeiro santo é aquele que assume sua fé com todas as suas consequências, com uma vida dedicada à caridade e ao amor solidário e, em muitos casos, pagando com a própria vida sua coragem de lutar, profeticamente, pela justiça, pela paz, por um mundo melhor. O povo sabe distinguir entre o santo “imposto” e o verdadeiro santo. E é óbvio: toda religiosidade, também a popular, deve levar sempre para uma vivência comunitária da fé. Para não se tornar alienação, para não se tornar apenas uma expressão externa, festiva, folclórica. (attilio@livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Junho de 2013 - 2a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

A distinção entre o essencial e o acidental

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filosofia se empenha no discernimento entre o essencial e o acidental. Garante, assim, uma vida mais segura e objetiva. S. Agostinho chegou a formular o grande princípio: nas coisas necessárias, unidade; nas secundárias, liberdade; em tudo, caridade.

A Igreja tem a incumbência de orientar os fiéis na vida cristã. Insiste, por isso, na distinção entre culpa grave e leve, que responde, respectivamente, a pecado mortal e pecado venial. A modernidade tenta escamotear a questão do pecado, porque envolve fé em Deus e, consequentemente, relacionamento com ele. Mas não consegue fazer a menos da problemática da droga, da violência, da corrupção, da sonegação, da falsificação... Todos se dão conta de que existe algo muito errado na sociedade atual. Se continuar nesta espiral, risca-se pior. Neste contexto de distinção entre o bem e o mal, urgindo que o primeiro deve ser feito e o segundo, evitado, como norma suprema da ação, volta a questão da gravidade. Sabemos que todos somos humanos, o que se identifica com fragilidade. Corre o provérbio de que todos são bons até que deixem de sê-lo. Quem faz o bem recebe o nome de benfeitor, ao passo que quem pratica o mal é definido como malfeitor. O princípio é que o bem provém da íntegra causa e o mal surge por qualquer defeito. Contudo, é preciso estabelecer uma escala de valores, bem como uma escala de males. Muitas coisas são imperativas. Atingem o âmago da vida humana. Tornam quem as pratica bom ou mau. Outras, ao invés, não têm esta profundidade. Situam-se no plano dos conselhos. Podemos qualificá-las para melhor ou pior, como mal menor ou maior, como tentativa de redução de danos... A Igreja põe, como sanções para a prática do mal, que atinge a radicalidade da decisão humana, o inferno. É a morte da moralidade. Para que aconteça, é preciso que a matéria seja grave, haja perfeito

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

conhecimento e plena liberdade. Não deveria ser comum entre os homens, que fundamentalmente são bons. Por isso estes atos são considerados excepcionais. Mas ocorrem. Infelizmente, os meios de comunicação diariamente apontam não poucos casos, classificados como crimes hediondos. Existem também desvios menores. Não tornam o homem mau em si, mas põem nele alguma nódoa. São como a doença ou algum ferimento. Os mortais acabam com a vida; os leves exigem alguma cura especial. Por isso, a Igreja fala de uma sanção para estes defeitos como purgatório. Uma espécie de hospital. Atinge aqueles que não estão condenados à morte porque nada cometeram de grave ou porque foram perdoados, mas necessitam de uma purificação para se apresentarem imaculados diante de Deus para o gozo da felicidade plena. Esta situação, do céu, do purgatório e do inferno, já começa nesta terra. A prática do bem ou do mal leva a ela e já a antecipa. Quando a Igreja dá orientações a seus fiéis, deseja que sejam felizes aqui e ali, no céu. Não pretende evitar todos os desvios, principalmente os não fatais. Mas adverte que há algo melhor a escolher. Na moral se distingue entre grave e leve. Na teologia se apresentam notas teológicas para garantir a firmeza das verdades enunciadas: dogmas de fé, verdades certas, opiniões, dúvidas, suspeitas, hipóteses... Volta o princípio agostiniano: nas coisas necessárias, unidade, ou seja, nos dogmas de fé não se duvida; nas verdades certas se procura entendimento, e nas demais continua a pesquisa e se pode livremente discutir.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


Junho de 2013 - 2a quinzena

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AMÍLIA &

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OCIEDADE

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Impertinência x Mansidão Cesar Vasconcellos de Souza Psiquiatra

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ansidão é um poder. O maior líder que existiu – e jamais existirá outro igual –, chamado Jesus Cristo, era manso. Ele mesmo disse: “… Sou manso e humilde de coração.” ( Mt 11,29). As pessoas com falta de mansidão podem aparentar fortaleza, mas é só aparência. Reprodução da obra prima de Carl Heinrich Bloch

“Sou manso e humilde de coração”.

Mansidão é um estado de espírito, uma postura comportamental de alguém que tem controle e domínio sobre seu temperamento e atitudes. É uma pessoa calma, paciente, que tem o controle da situação e domínio próprio. Ela é possuída de inteligência emocional. Infelizmente não é fácil encontrar pessoas assim, num mundo cada vez mais violento em que a competitividade agressiva e perversa é aplaudida, desejada e anunciada nas chamadas para candidatos a um emprego. Podemos citar, como sinônimos de mansidão, a brandura, afabilidade, delicadeza, docilidade, meiguice, moderação, ternura, suavidade. Já impertinência é um estado mental, comportamental, em que a pessoa geralmente fala de maneira dura, ríspida, “bronca”. É uma pessoa facilmente ofensiva, rabugenta, insolente, áspera, arrebatada, desarazoada. Não é fácil lidar com pessoas assim. Geralmente são chefes, o que é diferente de ser um líder. Um chefe pode ser um bom líder. Mas não necessariamente a liderança atrativa é praticada por chefes (de família, de departamentos de uma empresa, de uma igreja, etc.).

Domínio das emoções e sanidade

É importante compreender que uma pessoa mansa não é obrigatoriamente passiva, não produtiva, influenciável, não proativa. De novo uso o mesmo exemplo da pessoa mais mansa que existiu e existirá nesta Terra, Jesus Cristo, que na Sua vida aqui em pessoa, foi a mais produtiva,

não influenciável, proativa que existiu e existirá! Ter o domínio de suas emoções faz parte da sanidade, do equilíbrio emocional, do bom convívio nos relacionamentos familiares e sociais. Saúde mental tem muito que ver com ter as emoções, sem deixar que elas tenham você. Entretanto, no mundo e na filosofia pós-moderna, o principal é você fazer o que seus sentimentos querem, o que dá prazer, custe o que custar. Nessa filosofia o que vale é a relatividade nos princípios, é a busca de satisfação pessoal de qualquer maneira. Isso é o domínio dos sentimentos, o que é extremamente perigoso, e diferente de viver os sentimentos de maneira equilibrada.

É possível desenvolver a mansidão

Se você é uma pessoa impertinente, é possível desenvolver a mansidão. Primeiro admita que você não é uma pessoa mansa. Não busque justificar suas atitudes costumeira e naturalmente ásperas procurando um “bode expiatório” para desculpar sua falta de autocontrole, sua falta de suavidade e de autopercepção. Em segundo lugar, decida querer se tornar uma pessoa mansa. Não confunda mansidão com passividade. Você pode continuar a ser uma pessoa ativa, só que mansa (se é que é ativa). Em terceiro lugar, reconheça sua impotência diante da atitude

impulsiva pela falta de mansidão. Deve ser algo tão natural e tão entranhado em sua personalidade que pode ser difícil mudar. Mas quando reconhecemos, sem desespero, sem auto-depreciação, nossa impotência diante de qualquer coisa, apenas aceitando a realidade e a verdade de como temos funcionado como pessoa, algo ocorre para nos ajudar. Quando o aluno está pronto, o professor aparece. E ele lhe ensina a lição. Tudo depende se você fará o dever de casa e se fará esforços para praticar o que lhe será ensinado. “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom comportamento as suas obras repassadas de docilidade e sabedoria” (Tiago 3,13). www.portalnatural.com.br


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4 seus pobres Advogado

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bservações do diretor-geral assistente da FAO em Roma, Jomo Kwanme Sundaram, ao Jornal Valor, em publicação do dia 23 de maio, questiona, com absoluta razão, a metodologia consubstanciada em frios dados estatísticos para a verificação da fome no mundo, fundados em critérios de ordem monetária. Há três décadas, o estudo está a cargo do Banco Mundial. Sundaram questiona sua metodologia e propõe acertadamente uma séria mudança epistemológica. No início de 2012, Robert Zoellick, presidente da instituição, em fim de mandato, anunciou que tinham sido atingidas as metas do milênio. O articulista coloca em dúvida, com razão, o critério empregado: um ou dois dólares e algumas frações por dia e por pessoa para determinar a indigência ou a pobreza. Um erro de método. Pobreza se afere à luz da verificação das reais qualidades de vida de cada grupo social nas mais diversas sociedades e países. Será pobre alguém que tenha celular, porém defeque a céu aberto, como recentemente denunciou o jornalista Washington Novais em O Estado? Verificar se a moradia é refratária às agressões naturais, se o povo veste roupas dignas, se faz as alimentações diárias necessárias, se tem saneamento básico, se não está sujeito a doenças endêmicas e provenientes de ambientes insalubres, qual o índice de mortalidade infantil e de idosos, se a sociedade é de castas ou propicia a mutações evolutivas etc, esse o novo método que consideramos adequado. A moeda é um mero instrumento de aquisição de bens, não raro mal empregado, inclusive na aquisição de armas e substâncias entorpecentes, não simboliza a garantia de vida humana qualificada, e mais ainda, a moeda tão escassa, nos limites da indigência ou da miséria. É certo que preocupação da ONU em medir a miséria é louvável, mas sem um método correto é inútil. O que dizer de um Brasil que não tem mais de 60% dos lares com água encanada e saneamento básico e cujos habitantes são considerados de "classe média", os quais, em países como os EUA, estariam bem próximos da linha de pobreza? Pelos critérios atuais, favelados podem ser incluídos na classe média baixa ou média média. Tudo isso nos parece um grande engodo, uma enorme hipocrisia. Um africano que tem um computador pode ser considerado de classe média, mas o utiliza sob uma árvore que o protege de um sol escaldante. Na outra ponta, temos um número reduzidíssimo de milionários, multimilionários e bilionários. Nada contra a riqueza, as naturais discrepâncias sócio-econômicas entre os indivíduos, até porque a igualdade absoluta já demonstrou ser utópica. Mas tudo contra as injustiças. Não falamos de injustiça social, porque no conceito de justiça, desde as mais priscas eras do direito, já se encontra imbricado o social. Não há justiça que não seja social. Essa discrepância enorme entre classes sociais é um dos mais sérios elementos predatórios da vida no planeta, sem falar da violência cotidiana que o atormenta. Se pensássemos em outro planeta dotado de vida inteligente, pensaríamos num povo racional e justo ou numa população a exemplo do que habita a terra? Por esta periferia cósmica, habita uma gente que já deu demonstrações de extrema inteligência, por um lado, mas, por outro, paradoxalmente, cava o seu próprio fim, ao mostrar-se incapaz de remover as mazelas que embrutecem metade da população mundial. A ONU, o Banco Mundial, o FMI e todas as organizações internacionais e nacionais preocupadas com o destino do "homo sapiens" sobre a terra a longo prazo, têm de rever urgentemente seus conceitos e propulsionar políticas efetivas de combate à miséria, que, diga-se, não passa pelo simples assistencialismo, mas exige formulações que imprimam equidade e racionalidade na convivência entre homens que conseguiram dispor sua inteligência para realizar conquistas inimágineis em outros campos das relações humanas, e dirijam a reversão dos bens naturais para dar aos seres humanos condições razoáveis, não simplesmente mínimas, de viver em integração com este planeta raro no universo.

PINIÃO

Um Papa

O mundo não conhece Amadeu Garrido

Junho de 2013 - 2a quinzena

diferente

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Antônio Estêvão Allgayer Advogado

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pergunta é um truísmo. Todo ser vivente é único. Nos seres humanos é visível a disparidade estrutural. Basta olhar para o rosto de alguém para constatar que as características faciais diferem de uma pessoa a outra.

Com relação aos bispos de Roma, detentores do primado, a diversidade é observável de imediato. Compare-se Pedro, que Lucas diz indouto e iletrado e a Escritura revela como impetuoso e repentista, escolhido por Jesus para o exercício do primado, com Joseph Ratzinger, exímio teólogo e escritor, que assumiu o papado sob o nome de Bento XVI, após sua eleição num conclave de cardeais. A escolha do arcebispo de Buenos Aires para a investidura máxima da Igreja aconteceu com geral agrado. Ao que tudo indica, uns e outros, cristãos e não-cristãos, viram nele capacidade incomum para desempenhar encargos de dimensão telúrica e derrubar muralhas de exclusão social. . O nome escolhido pelo novo Papa revela intenção de tomar por modelo o amor aos pobres e à pobreza radical do filho de Pedro Bernardone, abastado, mercador de sedas e de púrpuras de Assis. E por certo o fez louvado neste dito de Jesus pronunciado no aramaico de sotaque galileu: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9, 58). Francisco papa, por vocação “servo dos servos de Deus” posto a serviço da Igreja “santa e sempre necessitada de purificação” ( LG 8), por sua vida simples e amor à humanidade, reúne condições para conduzir terráqueos rumo ao Reino de Deus “já presente em mistério aqui na terra”(GS 39). E cabe admitir que o novo Papa haja optado pela escolha do nome seguindo os passos dos que nada tendo

tudo possuem (nihil habentes omnia possedentes). Com perdão do latinório, é admissível que Francisco de Assis nada tinha e tudo possuía. Descobriu a democracia cósmica ao compor, na exuberante paisagem da Úmbria, o hino ao irmão Sol e como vate inspirado se declarou irmão das estrelas faiscantes no firmamento, dos vermes da terra, das aves canoras, da água, do fogo e da própria morte corporal. Acontecimentos assim auspiciosos sinalizam o amanhecer de novos tempos. Feliz de quem decide compartilhar a riqueza espiritual do despojado vate de Assis. E de um viver autêntico em cumplicidade com pessoas envolvidas na construção de um futuro em que não haja crianças morrendo de fome, ou atiradas ao lixo, ou nascituros assassinados no ventre materno. Permito-me acrescentar a estas mal traçadas o que disse em Porto Alegre Viktor Emil Frankl, autor da logoterapia e fundador da terceira escola de Psicologia de Viena: “Nós, judeus, não costumamos usar a palavra santo. Mas depois que a Igreja Católica canonizou Maximiliano Kolbe, o padre que deu a vida para salvar a de um pai de família jurado de morte num campo de extermínio nazista, eu não hesito em usar esta palavra.” Tais fatos são de molde a despertar em nós, que somos a Igreja, o anseio por colocar em prática o diálogo interreligioso preconizado pela Declaração Nostra Aetate do Concílio Vaticano II. Maranatha...!

Francisco - um novo jeito de ser Papa Sandro Magister Jornalista e criador do site www.chiesa.it

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a pregação diária do Papa, Francisco frequentemente fala sobre o demônio, como sujeito que quase desapareceu da pregação da Igreja. Toda vez que o evangelho do dia fala de demônio, o Papa faz seu comentário. Para muita gente, isso é uma surpresa, porque, com as suas constantes alusões ao diabo, o Papa Francisco mostra novidades e faz sobressair a figura do diabo que quase foi reduzida a uma pura metáfora. A minimização do diabo se tornou tão comum que essa ideia de minimização provoca uma curiosidade sobre as palavras do Sumo Pontífice. A opinião pública, católica e laica, está atenta a esse aspecto da pregação e catalogando-o como um descuido ou desatenção na sua linguagem. Uma coisa é certa. Para o Papa Francisco o diabo não é um mito, mas uma pessoa real. Em uma das suas homilias, ele afirmou que "não existe apenas o ódio do mundo contra Jesus e a Igreja, mas que dentro do espírito mundano se esconde o príncipe deste mundo". "Através de sua morte e ressurreição, Jesus nos resgatou do poder do mundo, do poder do demônio, do poder do príncipe deste mundo". "A origem do ódio é esta: fomos salvos, mas o príncipe deste mundo, que não nos quer salvos, nos odeia e suscita a perseguição que desde o tempo de Jesus não parou de agir". "É necessário enfrentar o diabo - afirma o Papa - do jeito que fez Jesus, respondendo com a palavra de Deus. Não se pode dialogar com o príncipe deste mundo. O diálogo deve existir ente nós, é necessário para construir a paz, é um sentimento que devemos cultivar para nos entendermos entre nós. O diálogo deve manter-se sempre porque ele nasce da caridade. Com aquele príncipe não se pode dialogar; apenas se pode responder com a palavra de Deus que nos defende" (Chiesa 13 de maio). O Papa Francisco fala sobre o demônio com absoluta clareza de conceitos bíblicos e teológicos. Ele quer chamar a atenção dos cristãos sobre a ideologia hoje inserida na realidade comum da vida. Enfim, o Papa não quer colocar na sombra a existência do demônio porque é a partir dele que emerge com maior grandeza a paixão e a morte de Jesus. O Papa não quer restaurar a ideia antiga sobre o demônio quando era entendido como algo doentio e repressivo. Ele quer chamar a atenção para a compreensão bíblica do que ele significa como enganador e subversivo da verdade e da dignidade humana. De vez em quando ele também faz referência ao pecado como aliado do demônio.

Mas o Papa Francisco traz outra novidade, não em suas palavras, mas nos seus gestos nas celebrações. Nas celebrações públicas, depois de comungar e dar a comunhão aos servidores do altar, ele se senta. Ao povo ele não dá a comunhão como era costume no modo de celebrar dos outros Papas. Quando um Papa se aproximava de alguma personalidade para lhe dar a comunhão, imediatamente apareciam as máquinas fotográficas, particulares e de comércio. Papa Francisco ainda não se deixou fotografar dando a comunhão a personalidades ou peregrinos. Ele não deu nenhuma explicação para isso, mas podemos supor que essa atitude corresponde ao que ele escreveu em 2010 num dos seus livros: "não quero que certas pessoas se aproximem de mim para simplesmente fazer uma foto". Quando o Papa cita o caso do Rei Davi, mostra que deve haver uma coerência entre vida real e o compromisso com o sacramento. "Davi era adúltero e mandou matar para se juntar a uma mulher, contudo nós o veneramos como um modelo de vida porque teve a coragem de dizer ao povo: "eu pequei". Ele se humilhou diante de Deus. É verdade que podemos cometer erros graves, mas devemos mudar de vida e reparar o que se fez de errado". "É verdade que no meio de paroquianos podem estar pessoas que mataram fisicamente ou intelectualmente ou indiretamente com uma abusiva administração do bem público ou pagando salários injustos. Há também aqueles que são membros de organizações de beneficência, mas não pagam aos seus servidores aquilo que deveriam e os fazem trabalhar duplamente". (Livro sobre a família) Enfim, o Papa não quer se envolver em polêmicas que são muito fortes nos Estados Unidos quando se vê irem à comunhão pessoas envolvidas, sobretudo, na defesa do aborto.


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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

Compartilhamento de tarefas e sentimentos Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia

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chamada de capa da revista Veja (Edição 2315, 3 de abril de 2013) aponta para as consequências da Lei que se refere ao regramento do trabalho doméstico: “As novas regras trabalhistas das empregadas são um marco civilizatório para o Brasil – e um sinal de que em breve as tarefas domésticas serão divididas entre toda a família”.

A Lei tem origem numa PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que se inicia numa comissão da Câmara dos Deputados, é aprovada pelo Senado e sancionada pela Presidência. Embora ainda não esteja devidamente regulamentada já está em plena validade. Seus pontos básicos são: As empregadas domésticas têm de cumprir 44 horas semanais, oito horas por dia, com até duas horas de descanso. Se exceder este número de horas terão direito a receber pagamento por hora extra. Portanto, os serviços domésticos são atribuições dos membros da família: Mãe, Pai e Filhos, na maioria dos casos.

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Dividindo as tarefas

Heloisa é chefe em uma enfermaria em um hospital de grande porte e seu esposo é contador com escritório próprio, embora trabalhe muitas vezes em casa. Têm dois filhos, um menino de cinco anos e uma menina de dois anos. Têm os serviços de uma diarista, uma vez por semana, que se encarrega da limpeza da casa e de passar a ferro as roupas que foram usadas durante a semana e lavadas pelo pai na máquina. Não tem carteira de trabalho, nem horário fixo, cumpre suas tarefas e é paga ao final de cada expediente, pois não se enquadra na Lei das Domésticas, provavelmente paga INSS como autônoma. A mãe se encarrega de manter a casa em ordem e providenciar as refeições, muitas vezes usando congelados previamente preparados ou comprados prontos. Os filhos são cuidados e atendidos por ambos os pais, conforme as conveniências de horário de trabalho de cada um. Às vezes deixam a menina de dois anos na casa da vó, pois o menino já está na Escolinha - Educação Infantil, em horário integral: das 8 às 17 horas, sendo que o pai, Heitor, a leva e a traz todos os dias. Os filhos são ensinados a colaborar: guardando seus brinquedos, após sua utilização, bem como suas roupas usadas no lugar que lhes é designado.

Troca de ideias sobre sucessos e frustrações

Sempre que possível, fazem pelo menos uma das refeições com toda a família em torno de uma mesa. Aí as crianças aprendem regras simples de cortesia como ‘por favor’, ‘obrigado’, aguardando que todos estejam sentados para começar a comer. O menino frequentemente pergunta: “e a Oração?”, uma vez que os pais costumam fazer uma reza de agradecimento e louvor, diariamente (algumas vezes na pressa tendem a esquecer). Falam sobre o que está

acontecendo no trabalho dos pais ou nas atividades das crianças na Escola. Surgem naturalmente os sucessos e as frustrações, aí trocam seus sentimentos, incentivando e respeitando o ponto de vista dos filhos ou gentil e sutilmente corrigindo-os quando necessário. Entretanto, é no quarto que o casal discute sobre os problemas e as possíveis soluções, combinando e tentando harmonizar suas atitudes e comportamentos, tanto nas suas próprias interrelações quanto em relação aos filhos, sempre procurando entender e respeitar a individualidade de cada um, dando espaço para que se afirmem como pessoas autônomas e responsáveis, sempre em busca de novas aprendizagens que fortaleçam não apenas sua autoestima, mas também sua responsabilidade social.

Uma família ideal?

Tem-se por óbvio que esta é uma família idealizada e fictícia, no entanto, em nossa cultura não está muito distante de nossas experiências no cotidiano, como terapeutas, orientadores educacionais, professores ou mesmo como cidadãos das comunidades nas quais estamos comprometidos na construção de um modo melhor baseado nos valores cristãos.

Tarefas que antes eram só de domésticas terão que ser compartilhadas entre os membros da família


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devoção popular é tão antiga quanto a humanidade. O homem sempre viu naqueles que detinham algum poder ‘sobrenatural’ a esperança de ajuda para as situações difíceis. Na antiguidade, encontrava nos deuses mais humanos a melhor identificação com seu dia a dia. E era a quem apelava para o socorro nas dificuldades, especialmente quando se tratava de saúde. O que explica por que o mais humano e mais famoso deus da mitologia greco-romana conviveu ainda por vários séculos do início do cristianismo. Asclépio para os gregos ou Esculápio para os romanos encarnava a última esperança e em sua honra foram erguidos grandes templos-hospitais a que acorriam os pobres na última esperança de cura. Ainda hoje, Esculápio/ Asclépio é lembrado no dia da formatura de novos médicos ou no símbolo estampado nos seus jalecos de trabalho. A religiosidade popular - não confundir com religião, que é organização religiosa institucionalizada - subsiste em todo mundo e se expressa segundo contextos histórico-sociais próprios de cada lugar. No Brasil, onde a matriz principal da piedade popular é o catolicismo, há centenas de eventos e santos, não necessariamente reconhecidos oficialmente, que chegam a arrastar multidões, a exemplo de Padre Cícero em Juazeiro do Norte, Ceará.

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EMA EM FOCO

Junho de 2013 - 2a quinzena

O que move a reli Religiosidade popular e folclore “Para mim, a religiosidade popular é aquela que o povo cria sem interferência da Igreja oficial. Como o povo nada inventa de graça, cada aspecto da religiosidade popular tem sua razão de ser. E a principal é que os santos “oficiais” estão muito distantes da sua realidade. Quando surge um santo popular, este está muito próximo do povo, foi gente, teve problemas e pode “ajudar” a resolver os nossos”. É o que defende a professora católica e especialista em expressões populares Paula Simon Ribeiro, pós-graduada em folclore e história das artes, com larga experiência em sua área, além de pesquisas feitas em diversas regiões do Brasil e Portugal. Pelo reconhecimento de sua atuação, Paula esteve ou está ligada à Comissão Gaúcha e Comissão Nacional de Folclore, ao Instituto Histórico Geográfico de São Luís Gonzaga, à Associação de Trovadores Luis Muller, à Sociedade Araruna de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas (Natal/Rio Grande do Norte), ao 35 Centro de Tradições Gaúchas (35 CTG), à Academia Ibérica da Máscara (Bragança/Portugal), ao Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul, ao Conselho Nacional de Política Cultural e ao Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre, entre outros. Paula também é autora ou co-autora de mais de uma dezena de livros e coletâneas na sua área. Solidário - Como se criam os santos populares? Paula - Baseada nos diversos estudos de caso realizados aqui no Rio Grande do Sul, o mecanismo de surgimento de um santo popular é mais ou menos semelhante. Geralmente assim: uma pessoa, que teve morte violenta ou traumática (independente da religião que professava), é motivo de piedade e consternação e logo surge o pensamento “tão bonita/o, tão jovem, era tão bom” etc. Daí a rezarem por sua alma e logo a seguir fazer pedidos é um passo. O atendimento dos pedidos pode ou não acontecer, como poderia o desejo se realizar, mesmo sem interferência, quando se tem fé e se conta com o nosso próprio pensamento positivo. Como ninguém vem por vela ou fita quando não é atendido, não existe estatística do “não atendimento” dos pedidos ou promessas feitas.

Fé simples

Para Paula, a fé funciona “como muleta para o povão. Os santos oficiais estão muito longe, muito distantes em seus altares, não passaram os trabalhos e problemas que no dia a dia ocorrem. Sem contar que as histórias das vidas dos santos oficiais são contadas nos conventos e em cerimônias também oficiais das quais o povo não participa”. Solidário - Onde se manifestam e quais são as principais expressões de religiosidade popular no Rio Grande do Sul? Paula - No Estado existem inúmeros “santos populares”. Tenho um texto “Santos Negros de Bagé”, onde relato o caso de dois santos populares, Preto Caxias e Mãe Luciana, para quem a população faz pedidos e coloca placas de ex-votos e fitas coloridas nos túmulos, bem próximos um do outro. Logo Bagé, que é cidade bastante elitista e racista. Mas seus santos populares são, paradoxalmente, dois negros. Há pouco tempo a Igreja beatificou o “Padre e o Menino” (Manuel Gonzales e Adílio Daronch) que foram mortos em emboscada por motivos políticos, cujos túmulos em Três Passos são muito visitados. Lembro ainda o caso do Monge João Maria, dos Afuzilados de São Gabriel, da Menina Elizabete em Passo Fundo e de muitos outros. Solidário - Sabemos que do Estado de S. Paulo para cima a cultura lusitana, no período colonial, legou expressões da religiosidade popular mais fortes. E no Rio Grande do Sul, onde ocorrem e quais das manifestações religiosas locais têm influência ou são herança portuguesa? Paula - Da cultura lusitana herdamos a língua, a religião, usos e costumes. Dela também recebemos a grande maioria das manifestações religiosas tradicionais, como as Festas do Divino Espírito Santo, com procissão, quermesses, coroação do imperador etc. E, dentro do ciclo natalino, as Festas dos Reis Magos com apresentações de Ternos de Reis. São festas do calendário religioso oficial com traços da cultura espontânea. As congadas com cortejo e dançantes e coroação do Rei Congo e Rainha Ginga são expressões de cultura espontânea de origem afro, vigentes no litoral norte e se realizam em data de santo católico e com a anuência da Igreja. Entretanto, atualmente inúmeras religiões pentecostais tem estendido sua influência nas manifestações populares de massa. Solidário - E as festas de junho? Paula - Referimo-nos especialmente a Santo Antônio e São João que são santos da Igreja Católica e também santos de grande popularidade no sentido que abordamos aqui e cujas festas estão eivadas de folclore. Nas festas desses dois santos há dois aspectos. Primeiro: liturgia oficial com novenas, procissões, trezenas etc. O outro aspecto são as expressões populares, representadas por provas e adivinhações juninas, a dança de quadrilhas, o pular da fogueira etc. Por isso não é exagerado afirmar que são festas repletas de crendices e superstições. Solidário - E certas manifestações em romarias populares e procissões de massa que também ocorrem em nosso Estado? Paula - Tudo que for manifestação espontânea, não prevista pela Igreja, tais como pagamento de promessa das mais diversas, acompanhar descalço a procissão, vestir criança de anjinho, ex-votos (peças como perna, braço, cabeça em cera, gesso, madeira etc.), placas alusivas como agradecimento de graça alcançada, velas, fitas alusivas, muletas já descartadas porque o doente não precisa mais, cadeira de rodas e outras manifestações semelhantes são expressões genuinamente folclóricas.

Pe. Manoel Gonzales e co

Santo Antônio d


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ÇÃO OLIDÁRIA OLIDARIEDADE

igiosidade popular “Da cultura lusitana herdamos a língua, a religião, usos e costumes. Dela também recebemos a grande maioria das manifestações religiosas tradicionais”.

Mais que devoções populares Ser cristão não é só ter devoções particulares. Os santos são sacramentos que visibilizam o amor de Deus para com as pessoas. E a Igreja os declara santos para dizer que estão no céu e podem ser venerados. Mas sempre como meios, embora para muitos sejam fim em si. Não se os despreza ou menospreza. Mas não pode o cristão ficar nessa veneração. Há que passar da devoção para uma ação a partir do exemplo de vida dos santos. Nesse sentido, cabe tentar posicionar-se um pouco além das meras comemorações populares e folclóricas, relativizando-as para focalizar mais por quem e para quem eles - os santos viveram e morreram. Se o santo falasse diria, ‘olha, obrigado por me venerar aqui, mas não preciso disso, vai e cuida dos teus irmãos’.

Os santos juninos

S. Antônio foi grande missionário e pregador e exemplo de abnegação e dedicação para os pobres. Por isso, ser seu devoto e não se preocupar com seu irmão que sofre é ser incoerente. S. João Batista, que batizou Jesus no Rio Jordão, é o fogo que anuncia, ilumina os passos, é homem justo e correto. E que acabou decapitado na prisão ao admoestar Herodes Antipas porque este repudiou sua legítima esposa para se juntar com Herodiades, esposa de seu irmão Herodes Filipe I. Os verdadeiros santos nunca buscaram a santidade para serem venerados. A Igreja os declara santos - os canoniza - para servirem de modelos e meios para um fim maior: levar a Jesus e seu projeto. Pelo que, cabe perguntar: ter devoção muito especial a algum santo ou santa faz mudar minha vida para melhor, sendo mais justo, mais solidário, mais honesto no dia a dia? Eis a questão.

Santo Antônio

Na festa de S. Antônio, cujo dia é 13 de junho, destacam-se manifestações baseadas mais em crenças populares como a de quem dá sorte e fartura. E que, para obtê-las, tem que levar para casa o pão bento distribuído após as missas e colocá-lo no pote de guardar arroz: é garantia de abundância o ano todo. Também é venerado às terças-feiras, quando se reza a trezena e se faz a entrega do pão bento, que é colocado entre os mantimentos para nunca faltar. Conta-se que, certo dia, no convento, o santo distribuiu todos os pães aos mendigos e o frade que cuidava da padaria foi queixar-se com ele. Antônio o mandou verificar novamente o baú que, agora, de tão cheio, não podia nem ser fechado. O santo tem também a fama de ajudar a achar objetos perdidos ou arrumar casamento.

Casamenteiro

A intimidade do povo com o santo é tanta que, quando ele não corresponde aos pedidos, os crentes costumam castigá-lo, colocando sua imagem de cabeça para baixo ou mesmo “afogando-a” em água, até o pedido ser cumprido. Na passagem da meia-noite para o dia de sua festa, é tradição, em vários pontos do Brasil, as mulheres tirarem a sorte para ver qual a idade de seu futuro marido. Dentro de uma caixa são colocados três limões: um verde, outro meio verde e outro bem maduro. A caixa é deixada num quarto bem escuro. Mais tarde, a mulher entra no quarto e pega um limão da caixa. Se o limão escolhido for o verde, o futuro marido será bem jovem; se for o limão meio verde, o noivo não será tão jovem; se o limão sorteado for o bem maduro, o marido será também maduro, ou seja, com boa idade...

oroinha Adílio Daronch

de Pádua

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São João Batista

Frade pregador da Palavra de Deus

Mas o verdadeiro S. Antônio - de Lisboa ou de Pádua - filho de ricos comerciantes portugueses, nasceu Fernando de Bulhões e Taveira, entre os anos de 1192 e 1195. Fez o noviciado com os cônegos de S. Agostinho e foi ordenado padre. Mais tarde entrou na Ordem franciscana, sendo designado para as missões no norte da África, de onde teve que retornar para Lisboa por causa de uma doença. Uma tempestade, porém, obrigou o navio a atracar na Itália, onde se curou, fixando-se, mais tarde, em Pádua, onde ficou até morrer, em 13 de junho de 1231. Sua canonização ocorreu no dia 30 de maio de 1232. A principal atividade de S.Antônio foi a pregação da Palavra de Deus em várias regiões da Itália, assim como em Tolosa e Montpellier, no sul da França. Várias construções decorrentes da devoção antoniana foram erguidas em Portugal. A devoção foi trazida pelos descobridores do Brasil. Pádua, na Itália, tem a mais conhecida basílica em sua homenagem e onde também se encontram seus restos mortais.

São João Batista

Pe. C íc

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No aniversário de Herodes, a filha de Herodiades, conhecida como Salomé, dançou perante o rei e seus convidados. Sua dança agradou tanto a Herodes que, bêbado, prometeu à jovem qualquer coisa que desejasse, limitando a promessa à metade de seu reino. Quando a filha perguntou à mãe o que deveria pedir, Herodiades mandou que pedisse a cabeça de João Batista numa bandeja. Mesmo chocado com o pedido, Herodes, relutantemente, concordou e mandou executar João na prisão. Na Igreja, a comemoração litúrgica da Decapitação de São João Batista, em 29 de agosto, é quase tão antiga quanto as comemorações de seu nascimento, que é uma das festas mais antigas, se não a mais antiga, a serem introduzidas nas liturgias do oriente e do ocidente para homenagear um santo. O que se celebra em 23 de junho é o nascimento de João Batista.


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ABER VIVER

“Pets” e cachorros

Celulares: mitos e verdades ¡Que vengan Eduardo Levy los cubanos!

Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista

Engenheiro, diretor-executivo do SindiTelebrasil e da Febratel*

Antônio Mesquita Galvão

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oramos numa casa rodeada de um terue o brasileiro não vive sem celular não é Escritor reno amplo. Temos quatro cachor ros: dúvida para ninguém, mas existem muitos mundo inteiro sabe que a não sei se eles se classificariam como mitos em torno desse serviço, que é um dos medicina de Cuba é uma “pets”. Aliás não sei exatamente quais são mais utilizados pela população. Mais que uma ferdas mais adiantadas e efi- os critérios pelos quais um animal vira “pet”. ramenta de comunicação, o celular se transformou cazes do planeta, seja no aspecto em acesso à internet, meio de diversão, instrumen- da clínica quanto na produção de Nossos cachorros correm por todo o terreno. Três deles não têm to de trabalho e em uma infinidade de funções. medicamentos, vacinas, etc.

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No Rio Grande do Sul, são cerca de 16 milhões de celulares e os serviços estão presentes em todos os 496 municípios, cumprindo a exigência de cobertura de 80% da área urbana do distrito-sede. A banda larga móvel já conta com 5 milhões de acessos e um tráfego de dados cada vez mais intenso. E como atender a essa demanda diante dos obstáculos das legislações restritivas, especialmente de Porto Alegre? Não faltam às prestadoras vontade e recursos para investir, mas essa expansão está engessada pelos mitos criados em torno do tema. O mais importante talvez seja a questão da saúde. Todos queremos ter um sinal de celular perfeito, mas não queremos saber das antenas perto de nós. Sem elas, porém, não há telefonia celular. E, para a instalação dessas antenas, as prestadoras seguem rigorosamente a Lei Federal 11.934/2009, com padrões estabelecidos internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde. A OMS já publicou estudos que mostram que não existe evidência de que o celular faça mal à saúde e classificou a telefonia móvel no mesmo grupo em que está o cafezinho e o talco e com menos probabilidade de causar câncer do que a luz solar. A telefonia celular também não polui o meio ambiente. Pelo contrário, em muitos casos substitui os transportes, grandes emissores de gases de efeito estufa. Então, por que o licenciamento de antenas é tão demorado e enfrenta tanta burocracia? Em Porto Alegre, são exigidos mais de sete tipos de licenciamento. E agora, com o 4G, será exigido um número ainda maior de antenas. Na capital gaúcha, cidade-sede da Copa do Mundo, serão necessárias 665 antenas de 4G até o fim do ano. A CPI em curso é uma oportunidade para que as dúvidas da população sejam esclarecidas. E o setor se coloca à disposição para participar do debate, assim como vem participando de discussões em todas as esferas municipais e estaduais e com a sociedade civil. O setor espera que esses debates resultem em benefício da população, permitindo a expansão dos serviços, com cobertura adequada e atendimento da crescente demanda, acelerando o desenvolvimento sustentável e a inclusão social dos gaúchos na moderna sociedade da informação e do conhecimento. *O autor é também integrante do Conselho Consultivo da Anatel e conselheiro do CGI.br

Visa e Mastercard

A indignação do CFM (Conselho Federal de Medicina) contra a intenção do governo brasileiro trazer 6000 médicos de Cuba, situa-se mais na linha do corporativismo do que do interesse do povo, especialmente daquelas pessoas que vivem nas regiões ínvias do norte e nordeste, onde o atendimento médico é uma piada. Enquanto a demografia médica do Brasil é de 1,8 médicos por 1000 habitantes (dados 2011), em outros países, como Argentina e Chile, esses números beiram os 4/1000. Enquanto no Rio há 3,6/1000 o índice no Pará e Amazonas é inferior a 1/1000. A questão sobre os médicos cubanos é mais ideológica do que outra coisa. Sabemos que as elites brasileiras tem um medo-pânico com relação a tudo que se refira a Cuba. Elas temem uma “cubanização”, como se os médicos fossem agentes comunistas que viriam se infiltrar no Brasil para desestabilizar o sistema. Se a medicina cubana é de má qualidade, como se explica a saúde daquela população apresentar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), índices bem melhores que os do Brasil e comparáveis aos dos EUA? Na Europa e Oriente Médio, perto de 34% dos médicos são estrangeiros. A vinda dos médicos cubanos deveria ocorrer sob contrato. Viriam prestar serviços nas regiões tais e tais. Caso contrário, os contratos seriam rescindidos e os vistos cancelados. Hoje, temos uma distorção gritante dos que se formam em universidades gratuitas, e o governo não tem como obrigá-los a atender as necessidades nacionais, criando cinturões de médicos nas capitais, em detrimento do interior. Eles ganham o estudo de graça e não admitem ser lotados onde haja reais necessidades. Há no Brasil uma grande “injustiça orçamentária”: a formação de médicos nas faculdades públicas, que custa muito dinheiro aos brasileiros, e não presume nenhuma retribuição social, pelo menos enquanto não se aprova o projeto do senador Cristovam Buarque, que obriga os médicos recém-formados que tiveram seus cursos custeados com recursos públicos a exercerem a profissão, por dois anos, em municípios com menos de 30 mil habitantes. Cuba, especialista em medicina preventiva, exporta médicos para 70 países. Graças a essa solidariedade, a população do Haiti teve amenizado o sofrimento causado pelo terremoto de 2010. Enquanto o Brasil enviou tropas, Cuba remeteu médicos treinados para atuar em condições precárias e situações de emergência. Como ressalta Frei Betto, em um artigo recente, quem dera que, um dia, o Brasil possa expor em suas cidades este outdoor que vi nas ruas de Havana: “A cada ano, 80 mil crianças do mundo morrem de doenças facilmente tratáveis. Nenhuma delas é cubana”.

raça definida, um é “boxer”. Fomos buscar um deles no canil da Prefeitura: é o mais carinhoso de todos. Eles comem de tudo, até casca de mamão e de verduras; são muito saudáveis, latem só o necessário. Atracam-se com ouriços, recebem pedradas e, portanto, requerem veterinário. Mas, não creio que sejam “pets”: não publicamos suas fotos em revistas, contando suas gracinhas, não postamos seus banhos nas redes sociais. Como nós não somos celebridades, eles não aparecem em programas de TVs. Não comemoramos seus aniversários, convidando os “amiguinhos” da redondeza. Não providenciamos seus túmulos em cemitérios especiais. Nossos cachorros tomam banho no pátio, são vacinados, recebem todos os cuidados necessários à sua saúde, sofrem até cirurgias para extirpar tumores etc. E é claro, não os carregamos no colo, chamandoos de “filhinhos”. Aliás, muitas vezes, tenho até pena de certos cachorros, embonecados, engessados em mil adereços estranhos à sua natureza e tendo de suportá-los! Entretanto, gostamos de nossos cachorros, eles nos saúdam com alegria, sacodem o rabo quando chegamos. Cumprem, ainda, uma importante função de vigia: estão sempre alertas a cheiros e barulhos estranhos e dão sinal. Os cachorros e outros animais que se constituem em “pets” (Seg. dic.; animal de estimação) têm seu papel na família. Eles canalizam carinho e afeto, tornam-se companheiros para crianças e, em especial, para idosos solitários. Compreendemos muito bem essa questão afetiva, fundamental para os seres humanos e tão valorizada por alguns setores da medicina, que um dos maiores hospitais de São Paulo liberou, sob certas condições, a visita de animais a doentes até na secção de terapia semi-intensiva! Entretanto, é preciso que a gente considere animal como animal por mais engraçadinho que seja e inspire a seus donos frases como: “A S....é uma cachorrinha muito especial é a nossa nenezinha” – “Pitucha tem 13 aninhos, porém nunca deixará de ser a nossa belezinha” – “A S... é a razão da minha felicidade. Esta cadelinha me faz ser feliz” – “minha cachorrinha A... de 11 anos, se foi e deixou um vazio imenso em nossas vidas”. E por aí seguem as pérolas! Esse assunto pode até, suscitar polêmicas, porque o mercado “pet” está faturando bilhões. É preciso, porém, haver um certo equilíbrio; animal deve ser bem tratado, mas como animal e não como gente, ocupando o lugar de um ser humano carente, solitário, que poderia receber aquela dose tão grande de afeto reprimido e reservado para os “pets”. (litamar@ig.com.br )

Psicosul Clínica

Albano L. Werlang - CRP/07-00660 Marlene Waschburger - CRP/07-15.235 Jôsy Werlang Zanette - CRP/07-15.236 Alcoolismo, depressão, ADI/TIP Psicoterapia de apoio, relax com aparelhos Preparação para concursos, luto/separação, terapia de crianças, avaliação psicológica Vig. José Inácio, 263/113, Centro, P. Alegre 3224-5441 // 9800-1313 // 9748-3003


INFAMES P: Qual o vinho que não tem álcool? R: O vinho de codorna. xxx P: Qual o sonho de toda cobra? R: Ser pente. xxx P: Como um elétron atende o telefone? R: Próton! xxx Num restaurante, o garçom chega correndo para o gerente e pergunta: - Seu João, um freguês se engasgou com uma espinha de bacalhau e está se asfixiando. O que eu faço? - Leva logo a conta antes que ele morra! xxx Mascarados, dois ladrões resolvem assaltar uma conceituada livraria. Com o revólver na mão, um deles ameaçou o gerente da livraria: - O dinheiro ou a vida! E o gerente: - Quem é o autor? xxx O cara pergunta para a mulher: - Querida, quando eu morrer você vai chorar muito? - Claro, querido. Você sabe que eu choro por qualquer coisinha. xxx P: O que a banana suicida falou antes de morrer? R: Macacos me mordam.

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SPAÇO LIVRE

Movimento de Educadores Cristãos promove encontro de formação O MOBREC – Movimento Brasileiro de Educadores Cristãos –, através do núcleo de Porto Alegre, está promovendo e quer convidar os educadores que atuam nos diversos níveis de ensino, a participarem do Encontro de Formação cujo tema será “Ética do Cuidado”, a ser desenvolvido pela psicóloga e mestre em educação Olga Vieira. O evento acontecerá no dia 22 de junho corrente, às 10h30min, na Casa Nossa Senhora da Divina Providência, situada na Rodovia Cel. Martins Acrisio Prates, 215, Bairro Fiuza, em Viamão. Tal Movimento foi idealizado pelo monsenhor Henrique Salman, do Chile, e é ligado à Confederação Latino-Americana de Educadores Cristãos, cuja história foi feita com o intercâmbio e o estímulo dos países do CONESUL e o apoio das Igrejas locais através da Pastoral da Educação. No Brasil, o MOBREC iniciou suas atividades em 1978, através de um grupo de professores de Santa Maria/RS, que acolheram a ideia apresentada no 1o Encontro de Educadores Leigos Latino-Americanos. Este Movimento desenvolve uma ação comprometida com a Educação Popular e a inclusão social; de formação permanente dos educadores através de Congressos, Seminários, Cursos e Sessões de Estudos; Intercâmbio dos componentes dos Núcleos Regionais do MOBREC com os demais países integrantes da Confederação Latino-Americana de Educadores Cristãos através de Jornadas e Assembleias e ainda, publicação de boletins periódicos, anais de congressos e site do MOBREC. O Movimento possui, atualmente, 13 núcleos em atividade. Sua sede está localizada em Santa Maria. Em Porto Alegre, o núcleo reúne-se mensalmente na Paróquia São Francisco de Assis, no bairro Santana. A coordenação encontra-se sob a seguinte composição: coordenação - Geny Bolzan; vice-coordenação - Rafael Padilha Ferreira; secretária - Maria Helenita Nascimento Bernál; tesoureira - Rosane Cervo Cervo; Conselho Deliberativo: Gasparina Otília Leal Paz e Mary Inês da Rosa Vivian. Contatos com o MOBREC através dos e-mails: genybolzan@yahoo.com.br e helenitanb@yahoo.com.br ou ainda pelo telefone (51)3217-7409

Eduardo A. Dias - 17/06 Adalberto Antônio Bortoluzzi - 18/06 Paróquia São Luís Gonzaga - 21/06 Ophelia T. Vieira da Cunha - 29/06

Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on

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Imersão no passado

o chegar à Turquia, em uma visita que incluía a Capadócia, a impressão que nos atinge de súbito é de que entramos num túnel do tempo e, chegamos à pré-história do mundo em que vivemos. Uma região com muitas lembranças de séculos que precederam a era cristã e ruínas, que registram a passagem dos primeiros cristãos, vai-se, pouco a pouco, vivenciando o que teria sido a pregação dos apóstolos cruzando montanhas e levando os ensinamentos de Cristo aos povos da região. Visita-se o túmulo de São Felipe, que, como os demais túmulos cristãos, eram construídos fora dos muros das cidades dominadas pelos romanos. Em Éfeso visitam-se as ruínas do túmulo de S. João Evangelista, que teria também sido construído fora dos muros da cidade e hoje é um centro de peregrinação de cristãos e de turistas curiosos pela beleza do lugar. No alto de uma montanha em Éfeso, encontra-se a casa de Maria. Após a crucificação, quando Jesus entregou a S. João os cuidados de sua mãe, S. João levou Maria para Éfeso para escondê-la dos romanos. A casa perdida no alto da montanha foi vista em sonhos por uma Irmã alemã, paralítica, que pediu que a fossem procurar. Na primeira vez que isto foi feito nada encontraram e julgaram que a Irmã houvesse sonhado. A Irmã continuou insistindo e, novamente uma missão foi estruturada para procurar a casa. Na segunda vez a casa foi encontrada e restaurada e, hoje é um centro de peregrinação de cristãos do mundo inteiro. Ao lado da casa existe um pequeno anfiteatro com um altar onde são rezadas missas para os peregrinos em dias de festas marianas. João Paulo II celebrou uma missa no local e uma grande foto registra a cerimônia. Na Capadócia, nas cavernas existentes nas montanhas de calcário, várias igrejas, segundo os habitantes do local, encontram-se espalhadas pela região. Segundo os moradores, mais de 3 mil igrejas ou pequenas capelas existem, todas decoradas com pinturas da época, algumas restauradas, e dedicadas a vários santos, com nomes muitos dos quais desconhecidos por nós. Os moradores da região, muçulmanos, curdos, etc., que vivem envolvidos pela história cristã, afirmam que um dia muçulmanos e cristãos vão-se unir pois ambos tem um só e mesmo Deus. (geralda.alves@ufrgs.br) pt.dreamstime.com

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GREJA &

COMUNIDADE

Junho de 2013 - 2a quinzena Divulgação

Solidário Litúrgico 16 de junho - 11o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: 2o Livro de Samuel (2Sm) 12,7-10.13 Salmo: 31(32),1-2.5.7.11 (R/.cf. 5ad) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Gálatas (Gl) 2,16.19-21 Evangelho: Lucas (Lc) 7,36-8,3 Comentário: O episódio narrado por Lucas no Evangelho deste domingo nos traz uma grade lição: não é o cumprimento de normas e leis que nos torna mais ou menos justos aos olhos de Deus, mas o amor solidário que sempre está disposto a perdoar e a pedir perdão. Jesus é o sacramento do perdão de Deus para a humanidade e para cada pessoa, a partir da realidade de cada uma. Não é um perdão teórico, no ar, mas é prático e concreto. Inclina-se sobre cada pessoa e a acolhe com amor. O perdão de Deus, por Jesus, sua Palavra perdoadora, é gratuito, amplo e irrestrito, que apenas quer encontrar um coração aberto, humilde, sincero, uma coração que queira perdoar e ser perdoado. Quem é a mulher que entra na casa de Simão, um fariseu cumpridor de todas as normas e leis judaicas, e que se ajoelha diante de Jesus para perfumar seus pés, lavando-os com suas lágrimas e enxugandoos com seus longos cabelos!? Quem é ela?

Simão e os fariseus convidados a definem em suas mentes “puras” e “justas”: é uma prostituta! E, em seus corações, julgam e condenam a Jesus por permitir tamanha agressão às leis “sagradas”, por permitir que uma mulher pecadora pública e, por isso, impura, não apenas o toque, mas tenha um gesto de carinho íntimo para com ele. A mulher assume sua fragilidade e enfrenta o desprezo dos “homens da lei”, invadindo, sem mais, aquele recinto onde ninguém a queria. Somente Ele, Jesus, o sacramento do perdão do Pai, a acolhe com carinho amoroso, valoriza-a, devolve-lhe a dignidade e lhe diz com o olhar e com o gesto: fica em paz, minha filha, você está perdoada, minha irmã. O risco de agirmos como Simão é uma realidade à qual estamos todos expostos: julgar e condenar a quem nós chamamos de pecador, de pecadora. Para não incorrermos neste pecado, o pecado da presunção e do preconceito, o pecado do orgulho de achar-nos perfeitos, sem necessidade de perdão, é bom e salutar reler e meditar esta passagem de Lucas. E fazer da arte de perdoar o verdadeiro sinal de nossa adesão a Jesus e seu Projeto de vida, de ternura, de perdão, de amor solidário.

23 de junho -12o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: Livro de Zacarias (Zc) 12,1011; 13,1 Salmo: 62(63), 2abcd.2e-4.5-6.8-9 (R/.2) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Gálatas (Gl) 3,26-29 Evangelho: Lucas (Lc) 9,18-24 Comentário: No texto de Lucas deste domingo, Jesus pergunta a seus discípulos sobre quem o povo diz que ele é. As respostas são muitas: João Batista, Elias, um Profeta. Mas Jesus não se dá por satisfeito com esta resposta genérica, descomprometida e descomprometedora. Ele quer uma adesão pessoal, uma resposta que gere um real compromisso com seu Reino, com seu Projeto religioso. Então, a pergunta direta: E para vocês, quem sou eu (9,20)?. Em meio a um silêncio constrangedor, Pedro toma coragem e responde: Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo (9,20). A pergunta dirigida aos discípulos, vale, hoje, para cada um de nós: quem é mesmo Jesus para mim? A resposta a esta pergunta identifica a maior ou menor adesão e seguimento de Jesus, da maior ou menor vivência do projeto de quem o segue pelos caminhos do mundo, nas contradições da vida, nos perdões pedidos e oferecidos, na

ternura que alimenta a esperança, no amor que se faz solidário ao assumir a realidade de cada irmão, de cada irmã de caminhada. Sem distinção. Sem distinção. E aí já começa o problema para muitos cristãos. Nossa sociedade faz distinções e nós vivemos nesta sociedade, ela nos afeta, nos estimula de muitas formas a fazermos distinções entre as pessoas, entre aquelas que são mais importantes e aquelas que são menos “importantes”, segundo o conceito estabelecido por esta mesma sociedade: riqueza, poder econômico, político e religioso, fama e status social. Mas isso não nos desculpa, antes deve estimular-nos para sermos um “espinho na carne” de maioria das pessoas que fazem estas distinções. Ser “espinho na carne”, no conceito evangélico, é seguir a um Jesus real, Jesus do Evangelho, filho de Maria na história, Cristo do Pai, pela fé... é assumir um compromisso, também real, concreto, que implica em muitas renúncias, em tomar a cruz de cada dia, em denunciar corajosamente as distinções injustas, em anunciar alegremente a um Deus, Pai/Mãe que, em Jesus, se faz nosso irmão de caminhada. (attilio@livrariareus.com.br)

Dom Romero

Dom Oscar Romero, um mártir incômodo que se mantém atual Dom Gregório Rosa, amigo e colaborador do arcebispo Oscar Romero, assassinado em El Salvador há 33 anos, disse à Agência Ecclesia que o prelado foi um "mártir" que incomodou poderes, em defesa dos Direitos Humanos, e mantém a sua atualidade. "Romero é um santo incômodo, os profetas são incômodos. Não é Madre Teresa de Calcutá, é outra coisa, por isso é um profeta que, como Jeremias, é incômodo e querem acabar com ele", afirma o bispo auxiliar de San Salvador. O responsável está em Portugal, a convite dos Missionários da Consolata, para falar sobre o pensamento e espiritualidade do arcebispo salvadorenho, assassinado há 33 anos. "Os jovens de hoje estão conhecendo Romero e entusiasmam-se com ele, porque veem um homem coerente com as suas convicções, um homem que é fiel ao ser humano e defende os Direitos Humanos, que é fiel a Jesus Cristo, que é fiel à Igreja e dá a vida por esses ideais", afirma. Para Dom Gregório Rosa, Romero é "um líder, um modelo para os jovens de hoje, para as pessoas, e por isso é um santo muito atual". "É espantoso que mesmo no mundo dos não crentes, Romero seja uma inspiração, pelo que estamos em muito boa companhia e com o Papa Francisco temos, penso, o melhor momento para que o processo de canonização possa avançar até ao final", acrescenta. O bispo auxiliar recorda alguém que estava no interior do país (Tambeae, ndr) e veio a descobrir, na capital salvadorenha, "de forma brutal o que é a violência estrutural, o que chama de injustiça institucionalizada". "(Romero) descobre que tem uma vocação, a de acompanhar o povo que está esmagado pela violência, pela repressão, pelos esquadrões da morte, e ser voz dos que não têm voz", observa. Dom Gregório admite que a causa de beatificação tem encontrado obstáculos, a começar pela situação política após a morte do arcebispo, em El Salvador, país da América Central. "Romero é assassinado por um grupo preparado por um militar (Roberto D'Aubuisson, ndr) que fundou um partido político (ARENA), e esse partido chegou ao poder, governando durante 20 anos. Nunca nesses 20 anos se interessou por Romero, pelo contrário, interessou-se em ir contra ele, já que tinha morrido por causa deles", acusa. As dúvidas e hesitações têm dado lugar, segundo Dom Gregório Rosa, a uma corrente "cada vez maior" em favor do arcebispo assassinado, com destaque para João Paulo II (1920-2005). "O Papa entendeu Romero a partir do ano de 1983, quando visitou o seu túmulo pela primeira vez, e acabou por compreendê-lo bem a partir dos anos 2000 e 2001, quando disse que era um mártir da Igreja", comenta Dom Gregório. “João Paulo II, acrescenta, chegou à convicção de que Romero é um mártir". (Fonte: www.agencia.ecclesia.pt)


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Junho de 2013 - 2a quinzena

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SPAÇO LIVRE

A fofoca e a difamação Dom Hélio Adelar Rubert Arcebispo de Santa Maria

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Papa Francisco está surpreendendo o mundo com suas pregações abordando assuntos práticos, concretos e bem fundamentados. No dia 19 de maio último, em sua exortação, destacou que a fofoca e a inveja fazem muito mal à comunidade cristã e não se pode dizer somente a parte que nos convém. O Papa Francisco faz sua reflexão partindo do episódio em que Pedro tinha se metido na vida de outro discípulo. Pedro se fez de “bisbilhoteiro”, como se diz vulgarmente. O Papa comentou: “Como se fofoca na Igreja! Quanto fofocamos, nós cristãos! A fofoca é precisamente esfolar-se. É maltratar-se mutuamente. Como se se quisesse diminuir o outro. Em vez de eu crescer, faço com que o outro seja diminuído e me sinto bem. Isso não está bem! Parece agradável fofocar... Não sei por que, mas a pessoa se sente bem. Como uma bala de mel! Você come uma – Ah, que bom! – E depois outra, outra, outra, e ao final fica com dor de barriga. E por quê? A fofoca é assim: é doce no começo e depois acaba contigo, acaba com a tua alma! As fofocas são destrutivas na Igreja, são destrutivas... É um pouco como o espírito de Caim: matar o irmão, com a sua língua; matar o seu irmão! Seguindo este caminho, - disse, - nos transformamos em cristãos de boas maneiras e maus hábitos”. Mas como é que a fofoca se apresenta? O Papa Francisco afirmou que fazemos três coisas: 1º) Desinformamos, isto é, falamos só a metade que nos convém. A outra metade não a dizemos porque não é conveniente para nós. 2º) Em segundo lugar está a difamação: quando uma pessoa realmente tem um defeito e errou. Então contamos... e a fama da pessoa acaba. 3ª) A terceira é a calúnia, i. é, dizer coisas que não são certas. Isto também é matar o irmão. Todas essas três coisas – a desinformação, a difamação e a calúnia – são pecados. “Isso é dar um tapa em Jesus na pessoa dos seus filhos, dos seus irmãos”. Disse ainda o Papa: “A fofoca não te fará bem, porque te levará a este espírito de destruição da Igreja. ‘Siga-me!’ É bonita esta frase de Jesus, que é tão clara, é tão amorosa conosco. Como se quisesse dizer: ‘Não façam fantasias, acreditando que a salvação está na comparação com os outros ou na fofoca. A salvação é ir atrás de mim’. Seguir Jesus! Peçamos ao Senhor que nos dê esta graça de nunca meter-nos na vida dos outros, de nunca nos converter em cristãos de bons costumes e maus hábitos, de seguir a Jesus, para ir atrás de Jesus, no seu caminho. E isso é suficiente!” (Cfr ZENIT, 19/05/2013). Na sua homilia, o Papa Francisco lembrou um episódio na vida de Santa Terezinha, que se perguntava por que Jesus deu tanto para um e tão pouco para outro. A Irmã superiora pegou um dedal e um copo e os encheu de água. Depois perguntou para a Terezinha qual dos dois estava mais cheio. Terezinha respondeu: “Ambos estão cheios”. “Jesus, disse o Papa, faz assim conosco. Não se importa se você é grande ou se é pequeno. Ele está interessado em que você esteja preenchido com o amor de Jesus”. Que esta mensagem do Santo Padre nos ajude a viver a caridade no controle de nossa língua, do pensamento, dos julgamentos e da fala. O cristão faz todo esforço para não difamar, não caluniar, não julgar, não invejar. Assim se constrói a paz.

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Jornada da Juventude deixará legado ambiental Nas últimas décadas, muitos têm sido os esforços da humanidade em prol do meio ambiente. Com as recentes notícias de cientistas sobre o rápido derretimento das geleiras e a intensificação do aquecimento global, em escala alarmante, já são numerosas as ações de instituições e pessoas pela reversão deste processo e de tantos outros que afligem a existência de vida no planeta. É aí que a Igreja também está engajada. Neste cenário, a Jornada Mundial da Juventude Rio2013 promete deixar um legado ambiental para a cidade do Rio, para o país e para o mundo. Por isso, no dia 3 de junho foi lançado, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o Guia Ecológico da JMJ, que vai fazer parte do kit que os peregrinos receberão na Jornada. O lançamento do guia fará parte da Semana do Meio Ambiente da PUC, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. Elaborado pelo reitor da PUC-Rio, Pe. Josafá Siqueira, e pelo diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC (NIMA), Luiz Felipe Guanaes, a pedido da Arquidiocese do Rio, o guia tem duas versões, uma em Língua Portuguesa e outra em Língua Inglesa. Ele foi inspirado em diversos documentos da Igreja sobre o meio ambiente, entre eles o documento “Curar o mundo ferido”, um relatório especial sobre ecologia produzido pelo Secretariado de Justiça Social e Ecologia da Companhia de Jesus. Segundo Pe. Josafá, o guia vai despertar os jovens para que usem a fé na preservação da Criação de Deus. “O objetivo do Guia Ecológico para a JMJ consiste em enfatizar a importância de ações sustentáveis nos grandes eventos; mostrar que a questão ecológica está relacionada com a fé; lembrar a responsabilidade teológica com a criação e a nossa missão de cuidar daquilo que Deus colocou em nossas mãos; e mostrar a preocupação ética da Igreja com o meio ambiente”, explicou.

Catequese Toda a comunidade é catequista Marina Zamberlan Professora e catequista

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omo afirma “leninha” em seu blog, até há não muitos anos, a catequese era uma tarefa do pároco e de algumas piedosas velhinhas. Mas era ele quem fazia quase tudo. Agora, podemos afirmar que a catequese se tornou um trabalho do pároco e dos catequistas. Mas não seria isso o mais importante. Também não basta que os pais se interessem pela catequese dos filhos. É toda a comunidade cristã, a paróquia inteira que tem o dever de educar na fé os seus pequeninos e todos os que se espera que tenham fé. Para colocar esta convicção na cabeça dos nossos cristãos, mesmo os chamados praticantes, é preciso que a catequese paroquial os envolva de todos os modos possíveis. Uma catequese que envolve e compromete a paróquia inteira provoca necessariamente um forte arejamento nela própria e obriga-a a renovar-se. Só uma paróquia assim sacudida e renovada está em condições de fazer catequese autêntica. Esta paróquia aprimora cada vez mais o diálogo, sabendo que este não é apenas uma metodologia, mas compreende um modo de entender o ensino-aprendizagem. Diálogo e catequese O diálogo sempre foi importante para o desenvolvimento das potencialidades humanas tanto no nível pessoal, como no cultural e social. Feita à imagem e semelhança de Deus, a pessoa descobre-se como ser dialogante, como o é o próprio Deus. Mas, que vem a ser diálogo? Diálogo não é... - conversa para legitimar resoluções já tomadas; - um meio de “dobrar“ o outro; - só ouvir ou só falar; - uma conversa que pode ter um só resultado final; - dar bons conselhos a quem não sabe nada; - algo que só é considerado bem sucedido quando convencemos o outro; - conhecer a opinião do outro para poder combatê-lo melhor. Diálogo é… - um ato de mútua aprendizagem; - uma oportunidade para conhecimento do outro; - uma conversa cujo resultado não se prevê; - um exercício de respeito; - uma comunicação horizontal; - algo que pode ter sucesso mesmo quando as opiniões divergentes são mantidas; - crer na boa vontade do outro, mesmo se discordamos. Portanto, usar o diálogo é fundamental, tanto na catequese, como na administração de todas as atividades da paróquia.


Porto Alegre, junho de 2013 - 2a quinzena

Papa: “Corruptos fazem muito mal à Igreja. Santos são a luz.” CNBB

Uma devoção que se repete há mais de 50 anos Site da Paróquia S. Antônio

“Pecadores, corruptos e santos”. O Papa Francisco centrou neste trinômio a homilia da missa celebrada no dia 3 de junho corrente, na Casa Santa Marta. O Papa ressaltou que os corruptos fazem muito mal à Igreja porque são adoradores de si mesmos. Os santos, ao contrário, fazem muito bem: são a luz na Igreja. A homilia foi inspirada, como sempre, na leitura do Evangelho que narra a parábola dos vinhateiros maldosos, o que deu a ocasião ao Papa para aprofundar a questão dos “três modelos de cristãos que existem na Igreja: pecadores, corruptos e santos”. “Não precisamos falar muito dos pecadores, porque sabemos bem como são, já que todos nós o somos. Se algum de nós não se sente pecador, procure um bom ‘médico espiritual’, porque alguma coisa está errada”. Em seguida, Francisco definiu os corruptos, citando novamente a parábola: “Ela – prosseguiu – nos fala daqueles que querem tomar conta da vinha e perderam o relacionamento com o dono dela, aquele que nos chamou com amor, que zela por nós e nos dá a liberdade. Estas pessoas se sentiram autônomas de Deus. Estes eram pecadores como todos nós, mas deram um passo avante como se fossem acostumados no pecado, que não precisassem de Deus! E como não podem negá-lo, criaram um Deus especial: eles mesmos. São os corruptos”. Para o Papa Francisco, os corruptos são os mais perigosos para as comunidades cristãs: eles são os grandes ‘esquecidos’, os que cortaram a relação com o Senhor e se tornaram adoradores de si mesmos. “Que o Senhor nos livre de cair neste caminho de corrupção!”. Na sequência, o Papa falou dos santos, lembrando que também a 3 de junho decorrem 50 anos da morte do Papa João XXIII, “modelo de santidade”: “Os santos obedecem ao Senhor, adoram o Senhor e nunca perderam a memória do amor com o qual o Senhor plantou a vinha. Dos santos, a Palavra de Deus nos fala como luz, ‘como aqueles que estarão diante do trono de Deus, em adoração’”. Concluindo, o Papa pediu “a graça de nos sentirmos pecadores, de não sermos corruptos e de trilharmos o caminho da santidade”. (Texto: site da Rádio Vaticano)

União homoafetiva não é sacramento Sacramento é um sinal visível de algo que é invisível. Visibiliza algo que é invisível, que é o amor. O sacramento é dispensado pela Igreja com base bíblica de que o Criador de toda a natureza 'os fez homem e mulher segundo Sua imagem e semelhança'. Pelo que, mesmo não podendo impedir o casamento civil entre homossexuais, a Igreja não pode dizer que Deus abençoa esses casamentos. A bênção sacramental é dizer que Deus abençoa a união entre homem e mulher para a continuidade da espécie e para o crescimento mútuo. É o referencial teológico bíblico da Igreja. Diferente há de ser a atenção da Igreja quando se trata de batizar uma criança criada por um casal homoafetivo, especialmente feminino: a criança tem o direito de ser batizada e de lhe ser viabilizada a possibilidade de crescer na fé cristã. Nesse caso, assume papel importante a figura do padrinho. Mas não se sacramentaliza uma união homoafetiva.

Para encerrar as atividades do mês de maio da Paróquia Santo Antônio e da Escola Rainha do Brasil, foi celebrada no dia 31 a coroação de Nossa Senhora. A cerimônia repete-se há mais de 50 anos na Igreja Santo Antônio do Partenon. Pais e filhos entraram em procissão na Igreja carregando a imagem da Mãe de Deus. A celebração foi marcada pela proclamação da Palavra de Deus pelas mães e a encenação do Evangelho com a participação de mães e filhos. A centralidade litúrgica esteve na figura da mãe.

Brasil e as distâncias salariais Um gerente ou diretor de departamento de empresa no Brasil costuma ter um salário 14 vezes maior que um subalterno de nível operacional, como um operador de máquinas, por exemplo. E já foi bem pior. Hoje, o País ocupa o décimo lugar nos países com a maior diferença entre um nível e outro, segundo estudo que analisou salários em 75 países. A maior diferença entre o maior e menor foi encontrado no Vietnã: 30 vezes entre um nível e outro.

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