12 respostas sobre a pandemia do século
> Págs. 16, 17 e 18
COVID-19
#FIQUEEMCASA
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Ano 5 - n.º 60 - março 2020
Preço 0,01€
Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
Contacte-nos em: geral@vivadouro.org - www.vivadouro.org
Luís Pedro Martins: Um ano à frente do Turismo Porto e Norte de Portugal
> Págs. 6, 7 e 8 Vila Real
5 anos VivaDouro Reportagem
Fontainhas Fernandes, Município quer fechar pai e reitor ciclo do plástico a tempo inteiro com projeto inédito
VivaDouro comemora quinto aniversário
Médicos estrangeiros exercem na região
> Pág. 12
> Pág. 20
> Págs. 26 e 27
> Pág. 28
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VIVADOURO
MARÇO 2020
Editorial
SUMÁRIO Entrevista Páginas 6, 7 e 8
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivaciade, S.A. Economista e Docente Universitário Caros leitores, O VivaDouro faz cinco anos. É ainda uma criança irreverente e por vezes obstinada, mas que vai fazendo a divulgação da informação regional do Douro com muito brio, profissionalismo e competência. Foram cinco anos em que fizemos a nossa parte pela consolidação da região a que corresponde a CIM Douro, tornando-nos no órgão de comunicação social de referência na região. Mantendo-nos sempre fiéis ao mote que sempre defendemos: “factos são factos, mas a opinião é livre”; que deveria ser o guia de todos os jornais e publicações noticiosas. O mundo mudou muito nos últimos anos e voltou a mudar muito nos últimos meses. O VivaDouro saberá acompanhar as mudanças e estar presente em todos os canais em que a sua voz é lida e ouvida. Os nossos anunciantes sabem que estamos permanentemente a inovar e a procurar que os seus produtos, serviços, resultados ou eventos tenham o maior impacto na população, que tanto precisa de ser acarinhada e animada. As edições on-line, o facebook, o site e o jornal impresso e distribuído de forma gratuita por toda a região expressam bem que queremos chegar aos nossos leitores, que são a população Duriense, pois são também eles que nos dão a força e a motivação para continuar. Um agradecimento muito especial, neste quinto aniversário, a todos os que fazem este jornal. Sim, porque sem os fabulosos colaboradores que fazem o VivaDouro e que o promovem junto da população não teríamos qualquer impacto. O impacto que provocamos é por causa dos colaboradores que provocam, desenvolvem e levam até todos o nosso jornal. Seria impensável escrever um editorial com a pandemia provocada pelo vírus habitualmente designado “CORONA VIRUS” a decorrer sem lhe fazer qualquer referência. Todos devemos proteger-nos e proteger as outras pessoas. Aplicar regras simples como manter sempre uma distância de segurança e conforto de 2 metros em relação a todas as outras pessoas; evitar o toque direto de superfícies lisas, como maçanetas, corrimões, vidros, etc.; evitar o contacto físico entre pessoas, quaisquer que sejam os envolvidos e a razão, nomeadamente cumprimentos ou outras saudações e desinfetar constantemente as mãos, evitando que estas entrem em contacto com a boca, nariz ou ouvidos. Cuidem-se e cuidem dos seus evitando todos os contactos desnecessários.
PRÓXIMA EDIÇÃO 15 ABRIL
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
Santa Marta de Penaguião Página 9
POSITIVO
Região Páginas 10
A maioria dos municípios da região já têm instalados postos de carregamento elétrico para automóveis, uma medida que em breve abrangerá toda a região
São João da Pesqueira Página 11 e 25 Vila Real Página 12 e 28 Carrazeda de Ansiães Página 13 Torre de Moncorvo Página 14 Alijó Página 15 Destaque Páginas 16, 17 e 18 Freixo de Espada à Cinta |Região Página 19 5 anos VivaDouro Página 20
NEGATIVO Devido à situação de pandemia já decretada pela OMS devido ao Covid-19, toda a região está em suspenso com diversos serviços encerrados e avultados prejuízos para inúmeros negócios
Armamar Página 21 Sabrosa Página 23 Vila Nova de Foz Côa Página 24 Reportagem Páginas 2w6 e 27 Nacional Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31
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Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
"A pandemia há-de passar. E depois?" Ao longo da História da Humanidade houve muitas pandemias que se fizeram sentir de forma descontrolada. Hoje, com os avanços civilizacionais da Ciência e das organizações internacionais, interrogamo-nos com é possível acontecer o que se está a verificar com o corona vírus. Tenho na memória o testemunho dos meus avós sobre o impacto da pneumónica, que fez mais de 50 milhões de vítimas há cerca de 100 anos. Mas os tempos eram outros, com muito menos conhecimento científico e menor capacidade de reacção. Como em todas as crises, reclama-se acção por parte dos governos. Sendo uma questão global e de segurança, a União Europeia não terá vislumbrado a pandemia como oportunidade de intervenção politica e de ação solidária. Cada estadomembro actuou por si no seu território nacional. Mais uma vez, faria sentido reforçar a competência europeia em temas transversais que reclamam soluções concertadas e cuja intervenção não fique circunscrita a medidas de mitigação económica. Quanto a Portugal, estamos a seguir recomendações avisadas para nos resguardarmos. O interesse colectivo reclama que se atrase a fase de expansão da epidemia. Assim, garantiremos que o dispositivo de emergência não entre em rotura e se salvem vidas. Mas, para
que fiquemos em estado de "protecção", alguns tem de cuidar do que não pode ficar em estado de "congelação". Há serviços básicos que têm de ser mantidos para garantir a aprovisionamento de bens e serviços essenciais: de saúde, de abastecimento, de segurança. Esta crise, como todas as outras, vai ter o seu fim, com o regresso a uma nova normalidade. Para o antecipar, urge cooperar nas fases de contenção e de mitigação, fazendo apelo ao civismo, á responsabilidade e ao altruísmo. Mas também desenvolver um sentimento de reconhecimento e de gratidão para com todos os que, correndo riscos, asseguram a continuidade dos serviços que nos permitem sobreviver. A situação está a ser complexa e levanta legítimas apreensões. Muitas organizações tomaram decisões para proteger os seus trabalhadores e para não comprometer a sua actividade, os seus negócios. Fazem planos de contingência e adoptam formas inovadores para continuarem activas até o pesadelo passar. Mas uma coisa é certa: depois da crise, as coisas não ficarão como dantes. A História ensinanos que depois de uma epidemia há zonas geográficas que tiram vantagem disso para encarar melhor o futuro. Durante a Peste Negra (que, no século XIV, vitimou um terço da população da Europa), o reino de Castela foi menos exposto do que as regiões com portos marítimos e, aproveitando a sua capacidade para prover o comércio de bens alimentares, impôs o seu domínio à nível Peninsular. Temos de aproveitar a "quarentena" para reflectir sobre a nossa forma de viver, de produzir e de consumir. O que tem de mudar a nível pessoal e colectivo? Rever hábitos individuais, mas reclamar mais e melhor regulação nacional, europeia e mundial e de pugnar por uma organização global mais justa, solidária e inclusiva.
Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 | Paginação: Rita Lopes |Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto Editorial: http://www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda e Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede da Redação: Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Sede do Editor: Travessa do Veloso - 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Arcozelo - Vila Nova de Gaia | Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, Ângela Vasques, António Fontainhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Freire de Sousa, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Paulo Costa, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Sílvia Fernandes | Impressão: Unipress | Tiragem: 10 mil exemplares
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VIVADOURO
MARÇO 2020
Entrevista
Luís Pedro Martins:
Depois de 80 000 quilómetros percorridos e cerca de mil reuniões realizadas, o presidente do TPNP faz o balanço do primeiro ano de mandato
Texto e Fotos: Carlos Almeida
Começo por lhe pedir um balanço deste primeiro ano à frente da Entidade Regional de Turismo do Porto. O primeiro ano podemos dizer que foi um ano para organizar a casa. Era necessário estruturar de forma diferente a nossa organização que, como se sabe, está dispersa pelo território: temos a sede em Viana do Castelo e delegações em Chaves, Vila Real, Lamego, Bragança, Braga e ainda um espaço em Guimarães. Era também necessário dar uma motivação a todos uma vez que vínhamos de uma situação que deixou os colaboradores desmotivados. É isso que temos feito, organizar, motivar e começar a trabalhar. Como é que se fez essa motivação? Essa motivação fez-se cativando os colaboradores para aquele que era o nosso plano de ação e também uma relação que existe de proximidade com todos, de porta sempre aberta e tentando valorizar as suas competências, que eram muitas e que em alguns casos estavam a ser mal aproveitadas. Acho que se pode dizer que esse trabalho está concluído. Neste momento está tudo identificado, o que tínhamos que mudar, o que tínhamos que fazer para voltar a motivar… Diria que essa questão está ul-
trapassada. Depois foi preciso fazer também um trabalho que chamamos de diplomático ou seja, volta a estabelecer contactos com um conjunto de entidades com as quais o TPNP estava de costas voltadas ou com quem não tínhamos a melhor relação. Estou a falar desde a CCDR-n, o Aeroporto do Porto, a ATP… um conjunto de entidades importantes. Houve necessidade de voltar a credibilizar o TPNP? Eu não gosto de falar do passado nem estar a enumerar o que estava mal e agora está bem, mas também não fujo à pergunta. Eu senti que havia necessidade, por razões óbvias, por toda a exposição que foi feita na comunicação social, de voltar a credibilizar. Essa credibilização fez-se à medida que os nossos interlocutores iam ouvindo as nossas ideias e propostas para a região e isso foi sendo conseguido. Hoje, com todas as entidades que mencionei, temos já uma relação muito boa e julgo que daí haverá frutos muito em breve. A título de exemplo, com a ATP estamos neste momento a construir uma solução que seja uma espécie de fusão entre as duas entidades ficando o presidente do TPNP a presidir a essa entidade. Está a ser falado e trabalhado com os associados dos dois lados e eu acredito que se chegarmos a uma solução será muito
bom para a região e para todos os associados dos dois lados, sejam eles públicos ou privados. Portanto, esta pare diplomática podemos assumir que também está já concluída ao final deste primeiro ano. Estamos agora numa fase diferente, a estruturar produto e identificar alguns problemas que têm os nossos sub-destinos, nomeadamente aqueles que estão mais afastados da porta de entrada que é a Área Metropolitana do Porto. Uns porque não têm ainda empresas que possibilitem
"São coisas que achamos que têm valor e às quais consideramos que faltava promoção como é o caso de Trás-os-Montes e do Douro, onde os números estão ainda muito abaixo daquilo que consideramos que é o potencial desses sub-destinos" esse crescimento, nomeadamente de animação turística ou hotelaria. O que estamos a fazer é identificar todos os problemas da região e ver de que forma nós podemos colaborar… Há uma que é óbvia e que depende exclusivamente de nós, a promoção, ou seja, promover
mais aqueles que têm tido menos. São coisas que achamos que têm valor e às quais consideramos que faltava promoção como é o caso de Trás-os-Montes e do Douro, onde os números estão ainda muito abaixo daquilo que consideramos que é o potencial desses sub-destinos. Estamos a privilegiar estes sub-destinos enviando para lá as nossas Press Trips e as Fam Trips mas também estamos a dar apoio a algumas iniciativas e alguns eventos, como nunca foi feito. A título de exemplo podemos falar das Sextasfeiras 13, em Montalegre, um evento importante naquele território e que já atrai muita gente, com um grande potencial de internacionalização, que capta muitos turistas espanhóis. Outro exemplo foram os Caretos de Podence, que têm tido um forte apoio do TPNP, quer seja em toda a nossa comunicação, quer seja em apoio financeiro como aconteceu já no Carnaval deste ano. Temos agora também a perspetiva de trazer a final das 7 Maravilhas para o norte e se assim for iremos, uma vez mais, privilegiar um sub-destino que não seja a Área Metropolitana do Porto porque essa felizmente tem um conjunto muito alargado de outros motivos de atração. Estamos a trabalhar no nosso Plano de Marketing Regional com novo material de promoção, estruturação de tudo que seja redes sociais. Este ano vamos trabalhar muito no campo digital, uma área essen-
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Entrevista cial nos dias de hoje. Estamos também a planear, com outras entidades, para não nos andarmos a "canibalizar" uns aos outros, uma série de ações, como por exemplo as rotas dos vinhos. Estamos a criar as rotas e a fazer cross-seling entre essas rotas e o enoturismo, mas também cruzar com as rotas já existentes das comissões vitivinícolas, do IVDP, por exemplo. Não queremos várias rotas, queremos sentar à mesa todos os parceiros e delinear a rota da região. É assim que nós vemos que o trabalho tem que ser feito. O que estamos também a fazer é ver oportunidades de cruzar produtos, por exemplo, apoiamos o festival Mimo mas não chega, é preciso tirá-lo de Amarante e levá-lo para outros concelhos mas isso também não chega, é preciso cruzá-lo com outras ofertas que temos na região como a Rota do Românico e isso é fácil, basta colocar concertos do festival a acontecer dentro de monumentos que faça parte desta rota, valorizando os dois. Um outro grande exemplo é o Wine & Music Valley que nasceu com o TPNP lado a lado com os promotores, onde conseguimos influenciar (julgo que muito positivamente), o conceito e transformar aquilo que podia ser apenas mais um festival de música num evento que une, pela primeira vez, música e vinho. Acho que é um excelente exemplo de um evento que teve efeito imediato no território, esgotando completamente o alojamento, mas também atraindo turistas para esta questão do vinho com a presença de mais de 80 produtores. Com o Turismo de Portugal temos conseguido realizar algumas coisas, conseguindo trazer para o Douro, por exemplo, o programa Wine Show, um programa que será transmitido em 110 países e com um share de audiência de cerca de 80 milhões de espectadores. Um fator também importante, em especial para o Douro, é o trabalho que temos estado a realizar com a Junta de Castelo e Leão e como quem já tivemos um conjunto de reuniões trazendo também ou-
"Esta relação baseia-se em duas ideias, desde logo a defesa da Linha do Douro, onde temos sido uma voz muito ativa. Queremos criar um novo canal de comunicação entre o Porto e Salamanca"
tras instituições como a CCDR-n, do nosso lado, ou o governo regional do lado espanhol. Esta relação baseia-se em duas ideias, desde logo a defesa da Linha do Douro, onde temos sido uma voz muito ativa. Queremos criar um novo canal de comunicação entre o Porto e Salamanca. Encontramos uma série de pontos muitos positivos e inclusivamente fazer uma coisa que será excecional, promover em conjunto alguns produtos como uma rota de do vinho Douro-Duero ou a rede de Patrimónios da Humanidade que existem dos dois lados. Queremos vendar a ideia de uma só linha,
dois países, “x” monumentos ou pontos de interesse. Uma das suas grandes bandeiras tem sido uma maior distribuição dos turistas que chegam ao Porto por toda a região. Ao fim de um ano já consegue afirmar que esses números estão a mudar? Tentarmos mudar a direção dos turistas para outros sub-destinos é possível, dá trabalho, mas é preciso pensar que é a mesma coisa que tentar virar um petroleiro, começamos a virar hoje e ele fica com-
pletamente virado muito tempo depois, não é como virar um pequeno iate. Aqui essa imagem acho que se aplica bem. A questão da mobilidade é aqui muito importante porque as pessoas chegam aqui ao Porto e precisam de ter meios para se deslocarem no território e aqui a Linha do Douro teria um papel muito importante. O Minho cresceu porque a mobilidade até Braga ou Guimarães, por exemplo, é fácil, e tem também motivos de atração muito fortes, como a Semana Santa de Braga, por exemplo, o Bom Jesus ou o centro histórico de Guimarães.
figura central de tudo isto, o Dr. Francisco Sampaio que estava em Viana do Castelo. Este é um projeto que todos os que se seguiram continuaram, como eu estou a fazer, porque na verdade consegue unir um conjunto muito grande de interesses. Na edição deste ano temos mais de mil restaurantes a participar com cerca de duas centenas de receitas. Foi editado também um guia que possibilita às pessoas saberem sempre o que temos para oferecer na região nesta matéria. É um produto bem conseguido e que merece ser continuado. O TPNP tem-se associado a grandes eventos no Douro como são exemplo a Meia Maratona do Douro Vinhateiro, o Wine & Music Valley ou algumas romarias. São estes eventos, agregadores e transversais como nos disse na primeira entrevista no cargo, que podem atrair mais gente à região? Nós não temos a menor dúvida disso. Os eventos ganham maior atração à medida que ganham escala. Quanto mais abrangente for em termos de território mais força terá até mesmo na sua comunicação. Há pouco falei do Mimo, este é um evento muito interessante que está baseado em Amarante e eu não tenho a menor dúvida de que, quando estiver em outros concelhos ganhará maior escala. A Estrada Nacional 2 é outro exemplo de um projeto que conseguiu reunir cerca de 30 municípios e, a partir daí também ganhou notoriedade. Temos a ideia de desenvolver um projeto semelhante a este na Estrada Nacional 222, uma estrada muito bonita que atravessa paisagens fantásticas e que possibilita o cruzamento com outros produtos, seja natureza, gastronomia ou património. Aqui está tudo por fazer mas ainda bem, significa que temos muito para fazer. Este é um bom exemplo de um produto transversal ao território e que ao apoiarmos não estamos só a apoiar o município A, B ou C.
Ainda recorrendo à primeira entrevista que nos deu, 24 horas após assumir o A continuação na aposta nos fins-de-se- cargo, afirmou nessa conversa que o promana gastronómicos foi assumida por jeto da EN2 era uma projeto para apoiar si logo desde o início do seu mandato, é pela importância que já demonstrava. uma aposta vencedora? Podemos dizer que é um projeto à imaSim, essa aposta mantemo-la por duas gem da sua ideia para o turismo da rerazões. Desde logo porque foi através dos gião, agregador e internacionalizável? fins-de-semana gastronómicos que se Sim, queremos, tal como em outros proconseguiu por a gastronomia regional no jetos em que estamos a trabalhar, que sirmapa. Este programa existe desde os pri- vam para internacionalizar o destino. mórdios da promoção regional ainda nem Daí também fazer parte da nossa estratéhavia o Turismo do Porto e Norte, eram gia levar todos estes pontos de interesse pequenas instituições distribuídas pelo connosco nas feiras em que participamos, território mas houve uma pessoa que foi a muitos deles até organizados por enti-
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Entrevista
> Parte da equipa do Turismo Porto e Norte de Portugal dades privadas. Ao levarmos um evento destas dimensões connosco estamos não só a promover o evento em si como a criar pontos de interesse que serão fundamentais na atração de mais turistas. Já falou um pouco sobre a Linha do Douro mas temos uma questão sobre este tema que não podemos deixar de colocar. O TPNP tem também estado ao lado das autarquias, instituições e populações que pedem a reabertura da Linha do Douro até Espanha. Tem a convicta esperança que esta obra seja uma realidade? Eu acredito que esta é a oportunidade. Nós estamos na linha da frente de braço dado com a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial, a CIM-Douro, o Museu do Douro, um conjunto de autarquias, entre outros. Inclusivamente fomos todos juntos à Assembleia da República apresentar a petição e, sempre que temos oportunidade, nas nossas intervenções, levantamos esta questão. Eu acho que esta é a oportunidade porque estamos num bom momento na região em termos turísticos e temos aqui interesses concertados dos dois lados da fronteira. A Junta de Castela e Leão manifestou a mesma vontade, a criação desse canal, e daí nós afirmarmos que não defendemos a Linha do Douro como um ramal que termina em Barca D’Alva mas sim como uma linha para ligar a Salamanca. Temos uma vantagem, uma consultora
"Sabendo nós que há esse interesse e que existe a possibilidade de uma candidatura a fundos europeus com um apoio na ordem dos 75%, eu considero que este é o momento"
alemã identificou, para a Comissão Europeia, um conjunto de 42 linhas transfronteiriças desativadas e dessas afirmou que duas tinham rigorosamente tudo para dar certo e que deveriam ser urgentemente revitalizadas, uma delas é a Linha do Douro. Sabendo nós que há esse interesse e que existe a possibilidade de uma candidatura a fundos europeus com um apoio na ordem dos 75%, eu considero que este é o momento. Não podemos adiar mais ou andar a discutir o que já foi milhares de vezes discutido,: o interesse da linha, o interesse da mobilidade, o interesse para o ambiente, até porque se trata de um transporte coletivo… Há a noção que é agora ou nas próximas décadas não haverá oportunidade igual? Isso é futurologia mas eu quero acreditar que tem que ser agora e acho difícil que volte a haver um conjunto de interesses tão grande em torno de um tema como existe agora sobre a Linha do Douro. Recentemente foi apresentado, pelo Turismo de Portugal, o Plano de Ação para o Enoturismo, que vantagens trará esta medida para o Douro? Para o Douro, para o Minho, para o Porto e inclusivamente para Trás-os-Montes. O enoturismo, até muito recentemente, não era um produto turístico, quer para a região quer para o país. Quem tem como função estar atento a estas dinâmicas, também tem que perceber quais são as tendências e hoje é óbvio que o enoturismo é uma tendência a nível mundial. Há os que sabem da tendência e não têm nada para oferecer, depois há os que sabem da tendência e têm muito para oferecer, e aqui, o Porto e Norte tem uma grande vantagem, nesta matéria temos muito para oferecer, quer seja em experiências ligadas ao vinho e à vinha, quer seja num conjunto de infraestruturas que vão desde unidades hoteleiras até provas
de vinhos, de grande qualidade. Aliados a isto tudo, temos ainda as nossas paisagens que são, para nós, as melhores do mundo. Voltando a referir o programa Wine Show, quando os levamos ao Douro os comentários era de estarem perante algo verdadeiramente arrebatador. Há uma célebre frase de Miguel Torga que faz sempre sentido usar quando vemos alguém olhar pela primeira vez para o Douro: “O Douro, esse excesso da natureza”. Quando vemos alguém que olha pela primeira vez o Douro, percebemos essa afirmação. Não nos faltam os bons vinhos, nem a boa gastronomia, nem as boas paisagens, agora temos que trabalhar em novas experiências, por isso também incentivarmos a criação de novas empresas de animação turística. Esta entrevista não podia terminar sem o tema da atualidade, o Covid-19. Que implicações pode este momento ter no turismo do Douro? Bem, para começar registe-se que esta reposta é dada na manhã do dia 11 de março. Nós temos apelado à responsabilidade com a certeza que responsabilidade não é alarmismo, é sinal de inteligência. Portugal e o Porto e Norte tem-se assumido como um destino seguro e isso faz-se à conta de vários fatores: segurança por não haver violência, por não haver roubos, por o turista se sentir confortável a qualquer hora do dia ou da noite no território mas também, neste caso, e num momento em que estamos a atravessar esta crise, porque é uma crise, segurança também por se confiar nas autoridades, nomeadamente nas da área da saúde. O apelo que fazemos a todos é exatamente esse: responsabilidade. Para continuarmos a manter o destino seguro. Ao dia de hoje, 11 de março, não há
um único caso de contaminação dentro de nenhuma unidade, infraestrutura ou equipamento ligado ao turismo, sejam hotéis, barcos, restaurantes, ou qualquer outro. Pode amanhã haver e estas minha palavras poderem ser contrariadas. Eu acho que até ao dia de hoje não houve por uma razão, nós tivemos tempo para nos precavermos, outros também o tiveram e não agiram em conformidade, eu acho que nós, todos, agimos e aqui uma palavra muito importante não só para a Direção Geral da Saúde mas também, no setor do turismo, através das diferentes entidades, associações e agentes. Estamos a acompanhar a par e passo tudo o que se passa, temos estado a servir de conselheiros a transmissores de informação do que se passa no nosso território à nossa tutela. Tudo o resto é futurologia. O território está a tomar medidas mais apertadas como o encerramento de alguns espaços públicos mas acho que vale a pena tomar estas medidas porque é a melhor forma de minimizarmos o risco. Como planeia o TPNP debelar os efeitos desta situação? O plano neste momento passa por um alinhamento todas entre as entidades regionais de turismo, o Turismo de Portugal e a secretaria de estado. Obviamente estamos a sensibilizar para quando ultrapassarmos esta crise, que será necessário um reforço, financeiro e de promoção. Mas também quero dizer, e isto é uma crença muito grande, que eu tenho a certeza absoluta, até pela forma como estamos a conseguir estar a trabalhar sem pânico, que o setor do turismo vai estar na linha da frente da recuperação das perdas que o nosso país regista neste momento. O turismo será uma peça muito importante do motor da recuperação na região e no país. ▪
RAIO X Livro que está a ler neste momento “Memórias de Adriano” de Marguerite Yourcenar Último Filme que viu no cinema 1917 de Sam Mendes Música preferida Garota de Ipanema – António Carlos Jobim Destino de férias nacional Caminha Destino de férias internacional Itália Cidade ou Campo? Sou fruto dessa simbiose, o meu pai é de Bragança e a minha mãe de Aveiro Local onde gosta sempre de regressar? Itália País preferido Itália Prato preferido São muitos… Posta à Mirandesa Cor preferida? Azul Clube de futebol? Benfica Político que mais admira? Tenho vários… Willy Brandt, Olof Palme, Mário Soares e António Guterres
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Santa Marta de Penaguião
Loja Social interage com crianças do 1º ciclo
Encerramento de equipamentos municipais
No passado dia 5 de março, os colaboradores da Loja Social do Município de Santa Marta de Penaguião deslocaram-se às escolas primárias do concelho para transmitir, partilhar, ouvir e aprender. Numa conversa simples e próxima, as crianças do 1º ciclo ouviram falar de solidariedade, igualdade de género, direitos das crianças e respeito. Entre jogos e palavras, os serviços disponibilizados pela Loja Social, foram apresentados às nossas crianças, para que
Na sequência do Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novo Coronavírus (Covid-19), e tendo em conta o Plano de Contingência do Município de Santa Marta de Penaguião e as orientações da Direção-geral da Saúde para diminuir a evolução epidemiológica, a Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião tomou as seguintes medidas temporárias, com vista a reduzir os riscos de exposição e contágio: Encerramento temporário ao público, dos espaços municipais onde se façam
estas saibam que quer elas quer as suas famílias podem contar, quando precisarem, com a ajuda da loja social. Um encontro rico em partilha de mensagens de solidariedade e entreajuda. A autarquia fez ainda questão de deixar um agradecimento ao Agrupamento de Escolas por ter permitido a realização deste encontro em tempo letivo e bem como a todas as crianças que ouviram e se fizeram ouvir, partilhando o verdadeiro sentido da palavra solidariedade. ▪
atividades de lazer, desporto e cultura: o Pavilhão Municipal, as Piscinas Municipais, o Fórum Municipal, Auditório Municipal, e a Biblioteca Municipal. Estas medidas estão sujeitas a avaliação permanente definindo-se, para já, a sua vigência a partir do dia 12 de março. Face às circunstâncias e ao trabalho em curso, apela-se ainda à serenidade de todos os Penaguienses, e que se realizem tão-somente as deslocações estritamente necessárias dentro ou fora do concelho. ▪
Município participa em Campanha de Solidariedade Dia Mundial do Teatro cancelado No seguimento de todas as medidas de prevenção decretadas e recomendadas pela Direção-Geral de Saúde relativamente ao Coronavírus (COVID-19), e de acordo com o Plano de Contingên-
cia Municipal no que diz respeito a evitar situações de possível exposição ao referido vírus, a comemoração do Dia Mundial do Teatro prevista para dia 28 de março está cancelada. ▪
A Associação Douro Histórico, através de um projeto de cooperação que tem estabelecido com Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, promoveu uma Campanha de Solidariedade de recolha de bens variados. Santa Marta de Penaguião, no âmbito do protocolo de geminação existente com Lembá – São Tomé e Príncipe, associou-se à Campanha, e doou roupas, livros e brinquedos, materiais estes que seguiram de Sabrosa, no dia de hoje, em direção ao seu destino final.
Envolvidos no processo de doação estão os sete municípios representados na Associação Douro Histórico, algumas das delegações da Cruz Vermelha Portuguesa da região duriense, entidades e particulares que se associaram a esta iniciativa. Estes bens serão entregues ao seus beneficiários no dia 18 de abril, em Caué, pelos representantes da associação, que contam, com esta entrega, ajudar na melhoria das condições de vida dos habitantes locais. ▪
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Região
Festival de caminhadas no Tua arranca em maio O Tua Walking Fest, um festival de caminhadas, vai percorrer nos próximos meses o Vale do Tua para dar visibilidade aos percursos pedestres que nos últimos anos se tornaram no principal atrativo desta zona de Trás-os-Montes. O primeiro Tua Walking Festival arranca em Maio, no fim-de-semana de 16 e 17, em Vila Flor, e até Outubro vai passar por todo o território, com cada mês dedicado a um dos cinco municípios, concretamente Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça, Alijó e Vila Flor. A organização é do Parque Natural Regional do Vale do Tua. Os percursos incluem a passagem por aldeias
para envolver as populações e passar a mensagem de que o potencial natural deste território tem impacto na economia local. “Os autarcas perceberam que o turismo de natureza é uma alavanca fundamental para o desenvolvimento”, defende Artur Cascarejo, o diretor do Parque, o único com o estatuto de regional em Portugal e que resultou de uma contrapartida da construção da barragem de Foz Tua. O financiamento do parque é assegurado por 75% de 3% da faturação anual de produção de energia da barragem, que são geridos localmente. Os restantes 25% destinam-se ao fundo ambiental criado para projectos de desenvolvimento na área de abrangência. O parque foi criado há seis anos e desde então criou dois percursos para passeios pedestres em cada um dos cinco municípios, que permitem observar o património natural, cultural e edificado do Vale e que têm atraído turistas a
este território. “A estratégia do parque é promover o capital natural no território do Vale do Tua”, salientou o diretor. A procura pelos percursos pedestres impulsionou a criação do festival anual de caminhadas, que acontece este ano pela primeira vez, e que inclui pas-
seios, seminários, workshops, locais para visita, gastronomia e produtos regionais. Vila Flor é o município que abre o festival e o presidente, Fernando Barros, destaca que os percursos pedestres são “o produto com mais visibilidade” do parque. ▪
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São João da Pesqueira
Município reforça oferta cultural com Filandorra A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira assinou, no passado mês de fevereiro, um Protocolo de Cooperação com a companhia Filandorra – Teatro do Nordeste com vista a reforçar a sua oferta cultural, aproximando a comunidade das artes teatrais.
sublinha o presidente do Executivo, Manuel Cordeiro. A Filandorra – Teatro do Nordeste é uma das mais conceituadas companhias do território e conta já 34 anos a “fazer” teatro nos palcos da região
– com 76 produções, cinco mil espetáculos e a caminho de um milhão de espectadores. No nosso concelho, a companhia já levou ao palco do Cineteatro as peças “Farsa de Inês Pereira” e “Auto da Barca do Inferno”, inspira-
das no legado literário de Gil Vicente e voltadas para o Ensino Secundário e 3.º ciclo, respetivamente. O regresso a S. João da Pesqueira da companhia sediada em Vila Real estará brevemente em cartaz. ▪
O Protocolo de “Itinerância Organizada” prevê a realização, em S. João da Pesqueira, de cinco espetáculos selecionados do reportório anual da companhia. Três das peças encenadas no concelho são dedicadas ao público estudantil, duas são abertas ao público e todas são de acesso gratuito, demonstrado a vontade do Município de «garantir momentos culturais às diferentes camadas da população», como
Serviços municipais encerrados O Presidente, Vereadores e Dirigentes do Município de S. João da Pesqueira estão a monitorizar em permanência a evolução da situação relacionada com o COVID-19, em especial no que se refere ao seu impacto nos serviços e na saúde dos trabalhadores e utentes. Neste sentido, foram reforçadas algumas das medidas que já tinham sido anteriormente adoptadas com as seguintes determinações: 1 - Encerrar, com efeitos imediatos, o atendimento ao público de todos os serviços do município; 2 - Salvaguardar, para resposta a casos urgentes, o atendimento aos munícipes por meios alternativos, designadamente os seguintes: Telefone: 254489992 E-mail: bua@sjpesqueira.pt 3 - No caso de haver necessidade de realização de pagamentos ao municí-
pio, deverá utilizar os seguintes meios: a. Através da Entidade e Referência Multibanco constante da fatura enviada; b. Através de transferência bancária para os seguintes IBANS: • PT50 0035 0738 0000 0143 3302 8 – CGD • PT50 0045 2140 4001 0725 3951 4 – CCAM Nota: No caso de pagamento através de transferência bancária deverão enviar comprovativo de transferência com indicação da fatura ou outro documento a que se refere o pagamento para o e-mail: teresa@sjpesqueira.pt 4 - Proibição da entrada de pessoas nas diversas instalações que não sejam trabalhadores/colaboradores do município; 5 - Encerramento dos WC'S públicos que são da responsabilidade do município; 6 - Os serviços ficarão encerrados aos utentes por tempo indeterminado e até que sejam dadas instruções das autoridades competentes em sentido contrário; 7 - Suspensão de prazo para a prática de ato processual ou procedimental, no âmbito da suspensão de atendi-
mento presencial nestas instalações, com fundamento no risco de contágio do COVID-19; 8 - São suspensos os prazos de cujo decurso decorra o deferimento tácito pela administração de autorizações e licenciamentos requeridos por particulares. Consulte o documento na versão integral em www.sjpesqueira.pt Recomenda-se que, caso os munícipes tenham a necessidade de recorrer aos serviços municipais utilizem preferencialmente o contacto telefónico 254 489 992 ou o endereço de e-mail:
bua@sjpesqueira.pt A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira apela mais uma vez à serenidade e sentido de responsabilidade de todos. Até ao momento, continuamos a não dispor de qualquer informação sobre a existência do COVID-19 neste território. O período de suspensão durará até 27 de março, salvo se houver indicações em contrário das autoridades de saúde, podendo ser reduzido ou prolongado; CUIDE DE SI E DOS OUTROS! #fiqueemcasa ▪
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VIVADOURO
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Vila Real
Fontainhas Fernandes: “O Diogo é um dos meus grandes esteios na vida pessoal” É reitor da Universidade de Trás-os-Montes e presidente do Conselho de Reitores, perdeu a mulher, por doença bastante cedo, ainda o seu filho Diogo tinha apenas 6 anos mas garante que essa ausência só os uniu ainda mais. Neste mês em que se celebra o Dia do Pai, o VivaDouro falou com Fontainhas Fernandes, um homem de trabalho mas também de família.
em Vila Real? Eu costumo dizer que Vila Real é um excelente local para se educar filhos porque, não há problemas de trânsito, a escola é segura e confiável, há um bom sistema de ensino e há contextos que vão além da família, nomeadamente os amigos, que nos ajudam em situações imprevisíveis. Eu costumo dizer que no caso de ter que me descolar a Lisboa por motivos profissionais eu colocava-o no “parcómetro” (risos), ou seja, havia sempre um amigo que ficava com o meu filho e eu compensaria numa outra altura. Por outro lado não me posso esquecer que eu vivo no centro da cidade onde tudo se faz a pé, portanto, mesmo as atividades extra curriculares (natação, inglês, etc) eram fáceis e rápidas de chegar.
O seu filho tinha 6 anos quando a sua mulher faleceu, como tem sido o trajeto ao longo destes 13 anos? Quando se desempenha um cargo público é necessário ter estabilidade e isso passa por ter um backoffice, que neste caso está centrado no meu filho, que me apoia nas grandes decisões. O que aconteceu é que a partir dos 6 anos ele começou a iniciar um processo de coresponsabilização na tomada das decisões normais do quotidiano de uma casa.
Hoje em dia, tendo o seu filho 19 anos, esse processo talvez seja mais fácil mas, com 6, 7 ou 8, foi fácil substituir a figura maternal? Em termos práticos, de organização familiar, foi diferente. Eu passei a organizar a minha vida, em especial os horários, de acordo com os horários dele. Ou seja, eu almoçava com ele todos os dias e levava-o à escola, depois, fora do horário escolar, se fosse para brincar eu brincava com ele, se fosse para estudar, ele estudava e eu trabalhava. No dia em que ele estivesse doente ou de férias eu tinha que adaptar a minha vida. É evidente que a mãe é uma figura incontornável e insubstituível e é natural que o género feminino tem determinadas qualidades que o género masculino não tem mas, as outras mulheres da família souberam ajudar nesse papel, mesmo dando-me conselhos que me ajudaram, como as avós e as tias. Por outro lado, o facto dele ser filho único levou-me a optar por fazermos férias juntos com a minha família toda. Não só o Natal e a Páscoa mas mesmo as férias de verão. Mesmo não tendo mãe o meu filho tem mais backoffice familiar do que muitas crianças de uma família dita normal. Tornou-se um jovem muito mais aberto até porque sempre viajou imenso com os primos, os avós e os tios, criando nele um maior sentido de responsabilidade para ele criar os seus próprios meios. Ainda há pouco tempo tive que ir aos
Foi fácil ser pai sozinho? De um enorme orgulho. Neste momento ele é um dos meus grandes esteios na vida pessoal. Mais do que um filho é um conselheiro, um amigo, percebendo sempre que há uma hierarquia a respeitar que é o pai. A família é muito mais do que um filho e a minha é bastante alargada, entre irmãos, primos, etc, somos muitos e há uma grande entreajuda. Sempre que eu tenho que me ausentar há sempre alguém que o apoie quando ele necessita. Tudo isto se tornou mais fácil por residir
"Mais do que um filho é um conselheiro, um amigo, percebendo sempre que há uma hierarquia a respeitar que é o pai"
Estados Unidos e ele no fim de semana foi ter com a família pelos seus meios, utilizando os transportes públicos, sem precisar que o pai o fosse levar. Contudo há uma coisa que é preciso entender, o Diogo tem mãe, não nasceu de gestação espontânea e a mãe enquanto esteve presente deixou um legado e um conjunto de regras que ainda hoje são respeitadas. Digo isto não do ponto de vista religioso mas há um legado que ela deixa e deve ser respeitado. O mais importante é que os pais devem ter tempo de qualidade com os filhos e dar-lhes ferramentas o mais cedo possível. Vivemos numa sociedade muito paternalista, muito protecionista e, numa sociedade cada vez mais global e digital isso é preocupante. Vou-lhe dar um exemplo: se nós tivermos mais tempo e de qualidade com os nossos filhos vamos evitar os problemas futuros da sociedade digital. Ainda um destes dias vimos um filme juntos em que eu lhe expliquei o contexto histórico mas quando fomos ver o filme de Churchill ao cinema foi ele que me explicou esse mesmo contexto histórico porque estava mais avançado do que eu no conhecimento dessa época, há uma partilha. Muitas vezes as famílias até são mais numerosas e estão todos na mesma casa mas os filhos estão no mundo virtual e não no presencial. O importante é o tempo de qualida-
de e saber estar no momento certo. Agora que ele já tem 18 anos é um jovem preparado para o que aí vem? Eu acho que os jovens de hoje estão mais preparados do que na minha geração. E digo isto porque ainda recentemente estive em duas iniciativas públicas envolvendo estudantes da universidade e senti um enorme orgulho ao ver a qualidade das perguntas que esses mesmos estudantes colocavam. Por exemplo, quando o ministro da defesa esteve na UTAD tivemos três questões colocadas por jovens, de grande dimensão. Nós é que achamos que eles não estão preparados. Estarão mais preparados que nós para enfrentar os vários desafios como as alterações climáticas, domínio das línguas e questões geoestratégicas. Nós é que podemos não estar preparados para os acompanhar. O Diogo já está no ensino superior, não na UTAD. Gostava de ver o seu filho estudar na universidade onde é reitor? Neste caso, dado o grau de proximidade julgo que é melhor para ele estudar noutra universidade por dois motivos: primeiro para não existir qualquer tipo de ralação endogâmica, que me parece de todo evitável e em segundo porque era importante para ele testar se está preparado para estudar fora de casa. ▪
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VIVADOURO
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Carrazeda de Ansiães
Inauguração da porta de entrada do Parque Natural do Vale do Tua No passado dia 21 de fevereiro foi inaugurado o espaço da Porta de Entrada do Parque Natural do Vale do Tua no Município de Carrazeda de Ansiães. No âmbito da parceria entre o Parque Natural e Regional do Vale do Tua e cada um dos municípios que o integram, o município foi dotado de um equipamento que funcionará como Porta de Entrada do PNRVT, adequado à sua realidade local. A Porta de Entrada do PNRVT de Carrazeda de Ansiães, localizada em Foz Tua, num edifício recuperado na estação ferroviária, trata-se de um espaço interativo e de estímulo sensorial, de desenvolvimento e aquisição de conhecimento, bem como de promoção do Vale do Tua e do concelho em que se insere. Funcionará como um ponto de partida para os visitantes se familiarizarem com o território, com especial enfoque na preservação e valorização ambiental, paralelamente com a divulgação da herança cultural e patrimonial do concelho de Carrazeda de Ansiães. A cerimónia de inauguração foi presi-
dida pela Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira e contou ainda com a presença do Presidente do Município de Carrazeda de Ansiães João Manuel dos Santos Lopes Gonçalves, que assume em simultâneo a presidência da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua. Neste dia 21 de fevereiro de 2020, assinalou-se ainda o segundo aniversário da abertura ao público do CIVT - Centro Interpretativo do Vale do Tua. O CIVT recebe visitantes das mais diversas proveniências, tanto nacionais como estrangeiras, desde a data inaugural, e durante os dois anos em que se encontra aberto ao público, já visitaram o espaço mais de 10800 pessoas. O discurso expositivo do CIVT assenta em diversos conteúdos, com enfoque nas temáticas referentes ao Vale do Tua, à linha ferroviária do Tua bem como à Central de Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua, e que pretendem estabelecer uma ligação entre o visitante e as gentes locais, preservando, através de conteúdos temáticos e interativos, a memória do Vale do Tua.▪
Passeio pedestre de Linhares Foi no dia 8 de março que se realizou o Passeio Pedestre de Linhares. Foram 10 km num percurso onde os participantes usufruíram das paisagens do vale do Alto Douro Vinhateiro, no Concelho de Carrazeda de Ansiães, zona Demarcada e Classificada Património da Humanidade pela UNESCO. Ao longo do percurso os participantes encontraram um vasto património,
Peça de teatro Frei Luís de Sousa no CITICA O Município de Carrazeda de Ansiães em parceria com a Associação Filandorra Teatro do Nordeste exibiu a peça Frei Luís de Sousa para os alunos da Escola EB 2,3/S de Carrazeda de Ansiães, como forma de comemorar o mês do teatro que decorre durante o mês de
Regulamento para instalação no parque empresarial A Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, no seguimento do projeto da Construção do Parque Empresarial de Carrazeda de Ansiães, tornou público que vai dar início à elaboração do regulamento para a atribuição e instalação de novas empresas. Aos interessados em participar na elaboração do regulamento, a autarquia informa que devem proceder à entre-
ga do Requerimento para Constituição como Interessado e Apresentação de Contributos. O requerimento deve ser entregue ao responsável pela direção do procedimento, Chefe de Divisão de Obras e Urbanismo, ou no Gabinete de Atendimento ao Munícipe na sede da Câmara Municipal, ou, ainda, para o correio eletrónico para geral@cmca.pt. ▪
como exemplo: os fornos de secar figos, um colmeal, um conjunto de moinhos de água, igreja de S. Miguel, capelas, pontes, o Solar de Sampaio e o Pelourinho de Linhares. O passeio pedestre contou com a organização da CMCA, com o apoio da Junta de Freguesia de Linhares e da Associações Cultural e Recreativa de Linhares. ▪
março. O CITICA abriu as portas aos alunos do 10 ao 12º para a representação teatral da obra do dramaturgo português Almeida Garrett que faz parte do Plano Nacional de Leitura, complementando assim o aprendido em sala de aula. ▪
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VIVADOURO
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Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos | Emília Sarmento | Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária
A importância do Sono A 15 de março comemora-se o dia Mundial do Sono. Existem mitos e convicções erradas, e uma delas é a de que o sono não serve para nada, de que é uma perda de tempo. Pelo contrário o sono é um ganho de tempo intelectual, emocional e físico. É durante o sono que as funções essenciais à cognição, à memória, à aprendizagem, à criatividade, ao equilíbrio emocional e ao equilíbrio do corpo são repostas e reorganizadas. Dormir é uma necessidade básica e o sono está intrinsecamente ligado à vida. O sono é fundamental para a nossa recuperação física e psíquica, cumprindo várias funções importantes e necessárias para a sobrevivência humana. O facto de não dormirmos prejudica gravemente os processos cognitivos, nomeadamente, a atenção, a concentração, o raciocínio e a resolução de problemas. A insónia é o distúrbio de sono mais comum em Portugal, e pode ser definida como uma experiência subjetiva de Sono inadequado ou de qualidade limitada, com prejuízo para o funcionamento profissional, social e execução de atividades diurnas no geral. É o distúrbio de sono mais frequente no adulto e está associado a graves consequências, como o aumento da mortalidade, causada por doenças cardiovasculares, distúrbios psiquiátricos, acidentes e absentismo laboral. Diversos estudos indicam que 45% da população mundial é afetada por distúrbios de sono. O presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono (APCMS), Miguel Meira e Cruz (2017) refere que, segundo dados da Associação Mundial de Medicina do Sono, 21% dos adultos dorme menos de seis horas por dia. Estima ainda que 25% dos portugueses sofre de insónia crónica, com especial incidência nas mulheres e idosos. Teresa Paiva (2019) refere os últimos dados nacionais, produzidos pelo estudo Epi-Reuma, que apontam numa amostra de mais de 5 mil indivíduos (5436), uma média de horas de sono inferior a sete horas (6,6h) – dado preocupante – e uma percentagem de pessoas que dorme menos de 5 horas muito elevada (20,7%). Relativamente às crianças e jovens, um estudo recente da responsabilidade da Universidade do Minho revelou que das mais de quinhentas crianças e adolescentes participantes, dos 9 aos 17 anos, cerca de 72% dormia menos do que seria recomendável para as suas idades. Umas das principais causas apontadas é a presença de aparelhos como computadores, tablets ou smartphones no quarto. Outro trabalho, realizado nos Estados Unidos, no qual foram seguidos durante seis anos cerca de 11 000 crianças mostrou uma forte relação entre alterações no sono e a emergência de diversos problemas no comportamento das crianças, sobretudo em contexto escolar (sonolência, distração, comportamentos de irrequietude ou instabilidade e, naturalmente, a emergência de problemas no rendimento escolar). Neste sentido, e para que o sono seja reparador, a Associação Mundial de Medicina do Sono, recomenda: • Deve estabelecer um horário de dormir e acordar regular • Se tem o hábito de fazer sestas, estas não devem exceder os 45 minutos • Evite a ingestão excessiva de álcool quatro horas antes da hora de dormir • Evite o consumo de cafeína seis horas antes da hora de dormir. Isto inclui café, chá e vários refrigerantes, e também o chocolate • Evite comidas pesadas, picantes ou doces, quatro horas antes da hora de dormir, uma refeição pequena e ligeira antes de se ir deitar é aceitável • Faça exercício regular, mas não imediatamente antes de se ir deitar • Utilize roupa de cama confortável e agradável • Encontre um nível de temperatura agradável e mantenha o quarto bem ventilado • Bloqueie todo o ruído que cause distração e elimine a luminosidade ao máximo • Reserve o quarto para dormir, evite utilizá-lo para trabalho Bom descanso e bons sonhos!
Torre de Moncorvo
Arranque da 1a fase da exploração das Minas de Ferro A Aethel Mining, empresa concessionária das minas de ferro promoveu, no passado dia 13 de março, um ato simbólico, no Cabeço de Mua, que marcou o arranque da 1ª fase da reabertura das minas de ferro, situado no Carvalhal, concelho de Torre de Moncorvo.
O ato decorreu na presença de vários convidados da empresa, entre eles o Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, sendo que Aba Schubert, co-fundadora da empresa, protagonizou o momento de início dos trabalhos com a partição de uma pedra de minério, no local onde será
iniciada a exploração. Ricardo Santos Silva, também fundador da Aethel Mining, deu as boasvindas a todos os presentes e Carlos Guerra, consultor da empresa explicou como se realizará a primeira fase de exploração e os locais onde irá ser extraído o minério de ferro. ▪
Concurso Reis Por um Dia envolve Comunidade Escolar na Feira Medieval O Município de Torre de Moncorvo está a promover o concurso “Reis Por Um Dia”, junto dos alunos do ensino secundário do agrupamento de escolas Dr. Ramiro Salgado, no âmbito da Feira Medieval de Torre de Moncorvo. A autarquia convidou os alunos a regressarem à idade média, vestindo
o papel do Rei D. Dinis e de D. Isabel de Aragão, para uma sessão fotográfica. Os participantes tinham depois de colocar uma das fotografias no seu instagram com a #moncorvomedieval, entre 20 e 29 de Fevereiro. Os vencedores do concurso serão escolhidos por um júri composto por três
membros do Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo e dois da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo. Os protagonistas das duas fotografias mais votadas interpretarão o papel de rei e rainha no primeiro dia da Feira Medieval, dia 24 de Abril, dia no qual a escola participa ativamente na feira. ▪
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VIVADOURO
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Alijó
Assinado contrato de requalificação Dia da Proteção Civil da área envolvente ao Plátano no Agrupamento de Escolas O Presidente da Câmara Municipal de Alijó, José Rodrigues Paredes, assinou a 3 de março, o contrato de adjudicação da empreitada de requalificação da área envolvente ao Plátano, no centro da Vila de Alijó. Esta obra pretende requalificar este espaço nobre de forma a modernizar o centro histórico de Alijó, que inclui ainda a Igreja Matriz, o Chafariz e o Tribunal. A intervenção vai exigir um investimento superior a 450 mil euros, comparticipados em 85% por fundos comunitários. “Este espaço necessitava, há já vários anos, de uma requalificação profunda que valorize a imagem urbana da vila e privilegie o seu uso pelo peão”, explica o Presidente da Câmara de Alijó, José Rodrigues Paredes.
A obra vai permitir requalificar o espaço público, melhorando a acessibilidade pedonal e promovendo a valorização ecológica, estética e funcional desta área. A intervenção prevê ainda a criação de uma zona de proteção em redor do Plátano de Alijó, árvore centenária classificada como Monumento Nacional de Interesse Público. “Será realizado um arranjo urbanístico, de forma a permitir que a circulação automóvel seja afastada do Plátano e que aquele espaço passe a ser aproveitado pela população”, acrescenta o Presidente da Câmara. O contrato de adjudicação será agora submetido a visto do Tribunal de Contas, após o qual será feita a consignação. A partir desse momento, a obra tem um prazo de execução de um ano. ▪
O Município de Alijó celebrou a 2 de março, o Dia da Proteção Civil com um simulacro de evacuação no Agrupamento de Escolas D. Sancho II e com uma palestra dedicada à atuação da Proteção Civil. As atividades envolveram o Município de Alijó, através do Serviço Municipal de Proteção Civil, os Bombeiros, a GNR e o Centro de Saúde de Alijó. O quartel dos Bombeiros Voluntários de Alijó recebeu uma palestra dedicada à Proteção Civil com intervenções do Vice-Presidente da Câmara Munici-
Comissão de Acompanhamento do Sistema de Mobilidade do Tua reuniu em Alijó O Presidente da Câmara de Alijó, José Rodrigues Paredes, foi o anfitrião de uma reunião da Comissão de Acompanhamento do Sistema de Mobilidade do Tua que se realizou a 3 de março, em Alijó. A reunião contou com a presença de au-
tarcas e técnicos dos cinco municípios envolvidos (Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor) e técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que estão a colaborar com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) neste processo. ▪
pal, Vítor Ferreira, e ainda da GNR e do Centro de Saúde de Alijó. Seguiu-se uma atividade no Agrupamento de Escolas D. Sancho II, que recebeu um simulacro de uma catástrofe para serviu para treinar a evacuação ordenada dos alunos. A atividade teve como objetivo envolver a comunidade escolar e levá-la a adoptar comportamentos de segurança em caso de uma catástrofe. Recorde-se que o Dia Internacional da Proteção Civil assinala-se todos os anos a 1 de março. ▪
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Destaque
COVID - 19 Texto e Fotos: Carlos Almeida
Vivemos uma situação sem precedentes com a declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde e o VivaDouro foi à procura de respostas sobre o Covid-19 para lhe esclarecer as dúvidas. Falamos ainda com quatro empresários ligados ao setor do turismo, um dos mais afetados pela atual crise. O que é o novo coronavírus (Covid-19)? Cientificamente chamado de 2019-nCoV, também conhecido como coronavírus de Wuhan, ou mais recentemente Covid-19, trata-se de um vírus de pneumonia que foi detetado pela primeira vez no final do ano passado em Wuhan, na província chinesa de Hubei, que tem mais habitantes do que Portugal inteiro. Não há, ainda, tratamento específico para o vírus, que já fez mais de 4.500 mortos. Pertence à família “coronavírus”, que engloba todos os vírus que estão na origem de várias doenças de cariz respiratório, que vão desde a gripe até à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) — que, em 2002, fez cerca de 800 mortes, mas foi rapidamente controlada —, ou à Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS) — que também fez cerca de 800 vítimas mortais, mas da qual ainda hoje se continuam a registar casos. O novo coronavírus é uma nova estirpe que, até agora, não tinha sido detetada em humanos. Os coronavírus são vírus transmissíveis entre animais e humanos: o SARS, também com epicentro na China, era transmitido de gatos selvagens para humanos, e o MERS de camelos dromedários. Há ainda outras estirpes de coronavírus que são conhecidas por circularem entre animais, mas nunca chegaram aos seres humanos. O paciente-zero, Zeng, de 61 anos, foi a primeira vítima mortal desta nova estirpe de coronavírus, que até aqui só tinha sido identificada em animais: nunca tinha sido detetada em humanos. De onde veio o vírus?
Não se sabe. Os primeiros casos de infeções surgiram num grupo de 41 pessoas que tinham visitado um mercado de marisco e animais selvagens em Wuhan, daí que se tenha começado a olhar para o mercado de Wuhan como o epicentro do surto, embora haja outras teorias que duvidam de que tenha sido apenas esse o início da propagação do vírus para humanos. Foi, contudo, a partir desses 41 pacientes iniciais que a comunidade científica começou a sequenciar o material genético do vírus. A informação permitiu descobrir duas coisas: a primeira, que o vírus era muito semelhante ao SARS; a segunda, que era geneticamente parecido a um vírus que existe numa espécie de cobras da China, as Twain, que são muito venenosas, mas com as quais os chineses fazem espetadas. Essas cobras estavam à venda no mercado onde o surto parece ter começado, daí que a comunidade científica tenha começado por fazer essa ligação. Contudo, o aspeto físico do vírus revelouse depois semelhante a um agente infecioso que já tinha sido detetado em morcegos. Segundo a Universidade da China, isso podia indiciar que os morcegos infetaram as cobras e que as cobras, através das fezes, transmitiram o vírus aos humanos pelo ar que circulava no mercado e que os doentes respiraram. A verdade é que havia muitos morcegos e cobras no mercado em questão. A hipótese da cobra, contudo, começou a perder força, mas a do morcego não. O morcego é o que a maioria dos especialistas aponta como fonte primária, já que os genomas do novo coronavírus são 96% iguais aos que circulam no organismo dos morcegos. Não é a primeira vez que estes mamíferos são apontados como “reservatórios naturais” das últimas grandes epidemias. Acredita-se que tanto o Ébola, a epidemia que matou, entre 2013 e 2016, mais de 11 mil pessoas na África Ocidental, como o vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV) tenham tido também origem nos morcegos. Como é que o novo coronavírus infeta os humanos? O COVID-19 tem uma proteína que, quando se aproxima de uma célula humana, une-se a outra chamada ACE2. Quando isso acontece, o vírus introduz o seu material genético (o ARN) na célula humana, que, confundindo-o com o próprio mate-
rial genético, começa a produzir proteínas virais por engano. Uma vez dentro da célula, o material genético do vírus começa a replicar-se e os novos exemplares ficam encapsulados por uma espécie de “bolsa” proteica — algo que acontece com muita facilidade porque o vírus toma como refém o sistema metabólico da célula para que trabalhe apenas a seu favor. Depois, os novos coronavírus furam a membrana celular e escapam para infetar novas células. A proteína ACE2 existe nos pulmões, rins, coração e intestinos. É a mesma à qual o vírus do SARS se ligava para contaminar os humanos. Mas há uma diferença: o COVID-19 consegue fazer isso com ainda mais eficiência do que o coronavírus de 2003, porque há uma maior compatibilidade entre os aminoácidos que compõem estas proteínas, o que pode justificar a facilidade com que o novo coronavírus se espalha. Que sintomas são mesmo relevantes? Os sintomas mais comuns do Covid-19 são febre, cansaço e tosse seca, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a que a DGS acrescenta ainda a dificuldade respiratória (falta de ar). Muito poucas pessoas espirram ou têm congestão nasal, mas alguns doentes podem ter dores musculares. Apesar disso, a DGS destaca congestão nasal,
dores de garganta e diarreia como possíveis sintomas, lembrando ainda que há pessoas que podem estar infetadas e não desenvolver qualquer sintoma. Os sintomas costumam surgir de forma leve e gradual. Nos casos mais graves, refere a DGS, a doença pode levar a “pneumonia com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte”. As pessoas que cheguem de algum dos locais referidos como focos de contágio, mas que estejam assintomáticas, devem estar, ainda assim, atentas aos 14 dias seguintes, uma vez que podem desenvolver sintomas. Isto porque se estima que o período de incubação — isto é, o tempo entre contrair o vírus e começarem a surgir sintomas — seja de um a 14 dias. No entanto, na maioria dos pacientes, os sintomas aparecem ao fim de cinco dias. A DGS recomenda que a temperatura corporal seja medida duas vezes por dia e que os valores sejam registados. Como devo proteger-me? São várias as recomendações da Organização Mundial de Saúde para agir de forma preventiva face à possibilidade de infeção: • Se visitar mercados de animais, evitar contacto direto com eles e superfícies em contacto com animais;
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Destaque nas. Para a OMS, apenas um fármaco parece ter eficácia real. Depois de ter sido usado, com sucesso, no primeiro doente nos EUA, o Remdesivir vai ser usado nos doentes italianos.
• Evitar consumo de carne crua ou mal passada; • Lavar regularmente as mãos com água e sabão ou produtos à base de álcool; • Manter distância (pelo menos um metro) de pessoas que estejam com sintomas visíveis, como tosse, espirros ou febre; • Usar máscara respiratória para evitar a propagação de qualquer doença respiratória. O uso isolado da máscara, contudo, não garante nada, uma vez que o vírus também se transmite através do contacto com superfícies infetadas. O conselho é usar máscara por precaução apenas se tiver sintomas de doença respiratória (tosse ou espirros). • Mas também há regras para usar a máscara devidamente: lavar as mãos antes de colocar a máscara, evitar tocar na máscara enquanto a usa, e, quando a tirar do rosto, deve ter atenção para não tocar na parte da frente. Uma das dúvidas mais frequentes é se é seguro receber uma encomenda vinda da China, mas a Organização Mundial de Saúde tranquiliza neste ponto: “É seguro. As pessoas que recebam encomendas da China não correm risco de ser infetadas pelo novo vírus, uma vez que, a avaliar pela experiência com outras estirpes de coronavírus, o vírus não permanece muito tempo neste tipo de objetos, como pacotes ou cartas”, lê-se no site da Organização Mundial de Saúde.
É possível recuperar da doença? A esmagadora maioria dos infetados recupera do vírus sem precisar de um tratamento específico. Uma em cada seis pessoas fica gravemente doente e tem dificuldades respiratórias, sendo que os idosos e as pessoas que já tenham problemas de saúde como hipertensão, problemas cardíacos ou diabetes são os que têm uma maior probabilidade de ficarem gravemente doentes. Apenas uma pequena percentagem de doentes morre devido ao Covid-19. Quem não esteja ou não tenha viajado para uma zona com casos confirmados, ou não tenha tido um contacto próximo com alguém que tenha estado num desses países e não se esteja a sentir bem, tem uma probabilidade baixa de contrair este vírus, refere ainda a OMS. Há algum tratamento ou vacina para o Covid-19? Não. Tanto a DGS como a OMS referem o mesmo: atualmente não existe uma vacina, embora estejam a decorrer várias investigações para a desenvolver. Também não há nenhum tratamento específico para o novo coronavírus, havendo apenas tratamento para os sintomas que o doente possa apresentar (tosse, febre, entre outros). A OMS reforça ainda que os antibióticos não servem para tratar vírus, uma vez que só têm efeito em infeções bacteria-
Em caso de uma suspeita de infeção, qual é o processo? Em primeiro lugar, é preciso que um caso seja validado como suspeito. Para isso, de acordo com a mais recente orientação da DireçãoGeral de Saúde (DGS), a pessoa tem de ter uma infeção respiratória (febre ou tosse ou dificuldade respiratória), que pode levar ou não à hospitalização, e tem de ter estado em “áreas com transmissão comunitária ativa” — isto é, China, Coreia do Sul, Japão, Singapura, Irão e Itália — nos últimos 14 dias antes de começar a ter sintomas. Doentes que apresentem os critérios clínicos acima mencionados e tenham estado em contacto ou com um doente infetado ou com um caso suspeito duas semanas antes de aparecerem os sintomas ou então com um profissional de saúde que tenha estado a tratar pacientes com Covid-19 também são considerados casos suspeitos. Se tiverem alguns dos sintomas associados à infeção, as pessoas devem — e antes de irem a qualquer unidade de saúde — ligar para o SNS24 e é através deste número que irão receber as devidas orientações. Cabe à DGS, juntamente com um médico de um dos três hospitais de referência, validar o caso como suspeito, tendo por base o relato do paciente. Se for considerado suspeito, é acionado o INEM para fazer o transporte do doente. Quais são os hospitais que já estão preparados para receber doentes? Há três hospitais que estão “permanentemente preparados” para receber doentes com coronavírus ou casos suspeitos de infeção, segundo a diretora-geral da Saúde, Graças Freitas: o Hospital de São João, no Porto — que admite tanto adultos como crianças —, o Hospital Curry Cabral e o Hospital Dona Estefânia, ambos em Lisboa. O primeiro recebe apenas adultos enquanto que o último só pode internar crianças. Entretanto, com o avançar do crescimento da epidemia, foram entretanto ativados alguns hospitais de segunda linha, que estão agora preparados para receber doentes infetados com Covid-19. São eles: • Hospital de Braga • Hospital de Santo António (Porto) • Hospital Pedro Hispano (Matosinhos) • Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (incluindo o hospital pediátrico) • Hospital da Guarda
• Hospital de Santa Maria (Lisboa) • Hospital de Faro • Hospital Dr. Nélio Mendonça (Madeira) • Hospital Santo Espírito (Açores) “Em última análise, se houver uma escala e se evoluirmos para epidemia no nosso país, no futuro todos [os hospitais] estarão preparados para receber doentes“, afirmou Graça Freitas, Diretora Geral de Saúde. Devo evitar hospitais e outras áreas públicas? Sim. A recomendação da DGS é a de ligar para a linha Saúde 24, antes de qualquer outra coisa, no caso de ter os sintomas já descritos, de tiver viajado para algum país onde haja foco de infeções ou se tiver tido contacto com alguém infetado. Quanto a outras áreas públicas, o Governo já anunciou o encerramento de espaços como escolas, discotecas e bares. Os centros comerciais passarão a ter um número limite de pessoas que podem entrar. Quanto aos restaurantes, terão de limitar a sua capacidade a 1/3 do habitual. A que outros objetos devo estar atento? China e Coreia do Sul têm estado a desinfetar notas bancárias, por receio de que o vírus possa sobreviver na superfície, enquanto a Organização Mundial de Saúde aconselha uso de tecnologia contactless nos pagamentos. Mas há mais objetos do nosso dia a dia que contribuem em larga medida para a propagação do vírus, depois deste alerta dirigido ao uso do dinheiro: • Comandos de televisão ou ar condicionado; • Puxadores de portas; • Copas do escritório; • Máquinas Multibanco e bilheteiras automáticas; • Corrimãos; • Superfícies de casas de banho públicas; • Apertos de mãos em hospitais; • Telefones; • Lugares de avião; O isolamento, é obrigatório? Não é obrigatório. Contudo, tendo em conta o evoluir da situação, o Governo decretou estado de alerta, o que significa que os contactos sociais serão mais reduzidos e que os ajuntamentos devem ser evitados. Várias empresas começaram já a adotar planos de contingência para que alguns funcionários trabalhem a partir de casa. O mesmo está a ser aplicado na função pública. Múltiplas autarquias decidiram encerrar espaços como piscinas municipais, salas de espetáculos e museus. Vários instituições de ensino superior fecharam também portas. ▪
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Destaque
Rui Paula Restaurante DOC É um problema muito grande, os grupos foram todos desmarcados, pelo menos até julho. Não temos gente a comer e portanto é uma catástrofe. Estamos a cumprir com todas as nossas obrigações até ao final do mês e depois temos de ver como vai ser, organizar o negócio. A quebra é de 90%, não só no DOC mas em todos. Um negócio destes para ser sustentável tem que ter clientes, não havendo clientes não há muito a fazer. Poderá haver medidas que ajudem durante um mês ou dois mas depois disso, não havendo clientes não há nada que se possa fazer, vai tudo por água abaixo. As medidas mais imediatas seriam,
Manuel Osório Restaurante Castas e Pratos Encaramos esta situação com muita preocupação. No início, como quase toda a gente, olhamos para isto com alguma leviandade mas agora com muita preocupação. Desde logo por uma questão de saúde pública, por isso também já fechamos o restaurante. É a primeira vez que fechamos em 12 anos,
por exemplo, que os senhorios não cobrem renda durante este período, que não se pague água e luz, ou pelo menos não a totalidade, o mesmo com os impostos, que haja uma linha de ajuda, que o layoff seja simplificado… um conjunto de situações para as quais devemos estar todos no mesmo barco, todos a ajudar. Isto é transversal a toda a gente, não só na restauração mas também na hotelaria, os hotéis também estão a sofrer como nós. Esta situação pode ter implicações sociais porque só eu tenho à minha responsabilidade mais de 90 postos de trabalho, é muita gente. Mesmo a nível de fornecedores, isto é como um baralho de cartas, quando cai a primeira carta o castelo desmoronase. Não há hipótese, isto é uma calamidade. Ninguém estava preparado para isto até porque nem os nossos pais ou avós passaram por algo semelhante. Ninguém tem culpa disto, só nos resta tentar minimizar os estragos. Neste momento ainda estamos abertos até que tenhamos as nossas obrigações cumpridas, depois vamos fechar até porque temos autorização para atender um terço da capacidade do restaurante mas já nem esses clientes temos. era a única coisa que se impunha. Havia uma preocupação com os nosso colaboradores, clientes e fornecedores, por isso tomamos esta decisão, que foi muito difícil. No futuro acho que vamos ultrapassar isto mas vejo aqui uma questão económica muito grave. No nosso caso estamos a falar de 20 colaboradores, 20 famílias que dependem de nós. Depois de janeiro e fevereiro, que são meses que sabemos que são fracos e que usamos para outras situações como formações, férias, etc, os próximos meses seriam de recuperação até pelo período de Páscoa que se avizinha mas, com tudo isto, não sei como será o futuro. É uma situação muito grave que ainda não sabemos como vamos combater. O cancelamento de reservas foi exponencial, fomos deixando de receber reservas para começar a receber cancelamentos e, o que me preocupa é que já foram canceladas reservas para abril e maio. Isto perspetiva um futuro muito complicado para o turismo, mais especificamente para o Douro.
Carlos Monteiro CM Tours Estamos a encarar esta situação como uma situação dramática visto que 99% do nosso core business são os passeios turísticos e de há uma semana para cá as nossas reservas desapareceram. Já paramos de laborar até porque para nós é mais importante olhar para os nossos funcionários, para os nossos clientes e, sobretudo, para a população em geral. Na noite em que Donald Trump anunciou o fecho do espaço aéreo tivemos cerca de 150 cancelamentos. Nós
Alice Carneiro Original Douro Hotel Inicialmente temos que perceber quanto tempo isto se vai prolongar, é tudo muito imprevisível e não sabemos os
trabalhamos muito o mercado norte americano e partir desse momento foi uma limpeza geral a nível de reservas. As nossas preocupações agora são inúmeras, desde logo a partir do momento em que paramos deixamos de ter fonte de receitas, temos 20 famílias para alimentar, não sabemos quando é que isto vai voltar a uma normalidade. Do meu ponto de vista o ano de 2020, em termos turísticos está perdido até porque, no final disto as pessoas vão ter que ganhar novamente confiança para poder viajar. Estou bastante preocupado deste hoje até à incógnita até porque temos bastantes responsabilidades e muitas famílias a depender de nós. reais efeitos que vai ter. Os cancelamentos não param de chegar, são diários… Entretanto temos já os funcionários em casa sem uma resposta para lhes dar para que eles se sintam seguros por exemplo ao nível de salários. Principalmente esta questão gera uma enorme preocupação. Os cancelamentos são diários, o pico foi na sexta-feira quando o Governo anunciou diversas medidas. A partir desse momento refletimos sobre o que íamos fazer e acabamos mesmo por fechar. Em 24 horas ficamos com o hotel a zero quando a previsão era de ter 100% de ocupação. Falta perceber o que poderá vir daqui, se depois desta quarentena como é que o país se vai reerguer a nível de turismo. Neste momento a incógnita é o maior inimigo, não saber quanto tempo esta situação vai durar e como é que as pessoas irão reagir no depois.
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Freixo de Espada à Cinta
Requalificação do Castelo O Município de Freixo de Espada à Cinta candidatou ao Património Cultural, no âmbito do NORTE 2020 - Programa Regional Operacional Norte, a operação “Requalificação e Valorização do Castelo de Freixo de Espada à Cinta e sua Envolvente” num total de 1.867.893,00€, cofinanciada pelo FEDER em 1.587.709,05€. Com este projeto, a Autarquia pretende “requalificar uma importante parcela da zona histórica, garantindo
a preservação e, obviamente, melhoramento”, referiu Maria do Céu Quintas, Presidente da Câmara. O projecto de requalificação, que une o medieval com a modernidade, contempla quatro torres com alturas que oscilarão entre os 9,65m (Torre N) e os 27,70m (Torre S), concebidas em aço, a que se acrescenta um passadiço que permitirá a circulação pedonal na envolvente das muralhas, bem como um Centro Interpretativo do Castelo de Freixo de Espada à Cinta. ▪
Região
Palestra “Mão-de-Obra no Douro Vinhateiro” adiada devido ao Covid-19 Marcada para o próximo dia 20 de março, a palestra “Mão-de-Obra no Douro Vinhateiro”, organizada pela Prodouro foi adiada para data ainda a determinar devido à pandemia Covid-19 Contactado pelo VivaDouro, Rui Soares, presidente da associação Prodouro agradece a todos os interessados em participar no evento, contudo afirma “ser de maior interesse para a região do Douro” adiar.
O responsável afirma ainda que a palestra será remarcada “para data ainda a indicar”, sublinhando o interesse do tema para a região. Relembramos que para o evento estavam já confirmados dois nomes, Miguel Martinho Afonso e José Sanfins, dois portugueses de sucesso em França e que darão o seu testemunho à plateia, bem como Manuel Carvalho, diretor do jornal Público, que seria o moderador. ▪
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VIVADOURO
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5 anos VivaDouro
Alberto Júlio da Silva Fernandes
Manuel Cabral Ex - presidente do IVDP
Co-fundador do VivaDouro Um jornal regional, coincidente com a área geográfica dos dezanove concelhos que integram a CIMDOURO, de distribuição gratuita e fiel ao princípio básico de que "...os factos são factos, mas a opinião é livre". Assim foi apresentado, em Novembro de 2014, nas IX jornadas Cooperativas, em S. João da Pesqueira. Assim continua. Estivemos na génese do Projeto, cujo primeiro número foi editado em Abril de 2015, e acompanhamos, com orgulho, o êxito do seu percurso ao longo destes cinco anos. O VIVADOURO preencheu uma lacuna, servindo a Região e o País, sendo hoje uma referencia na comunicação social duriense. Em meu nome pessoal e da Associação dos Amigos de Pereiros, o nosso agradecimento e as mais vivas felicitações, com votos de longa vida e redobrado sucesso.
Cinco anos é, simultaneamente, pouco e muito tempo, dependendo da perspetiva. Para a terra é quase nada, para o homem é pouco, para um jornal é muitíssimo. Solicitado, desde a primeira hora, para colaborar regularmente com o VivaDouro, fi-lo com o maior gosto durante cerca de 4 anos, convencido que estou da importância que tem a imprensa regional para a identidade dos territórios. O Douro Vinhateiro , "património cultural evolutivo e vivo", será o que forem as suas gentes, cientes e ciosas da responsabilidade herdada e que querem transmitir aos vindouros. Só mantendo o equilíbrio entre a ligação às origens telúricas e a inelutável globalização, conseguiremos defender a diversidade e a multiculturalidade, determinantes para a nossa sobrevivência coletiva. A capacidade que o VivaDouro tem tido de manter a relação entre as instituições e personalidades da região com os nossos concidadãos, residentes e da diáspora, permitindo um verdadeiro diálogo com o leitor, fazem com que este se sinta em casa nestas páginas. E esse é, sem dúvida, o principal objetivo de qualquer órgão de comunicação social, mesmo daqueles que vivem principalmente no mundo digital: convocar as instituições, convocar os leitores, enfim, convocar os cidadãos para o diálogo cultural e identitário. Viva o VivaDouro, com quem espero um reencontro constante nos próximos anos.
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> Edição nº 0 do VivaDouro
anos
Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD Numa época marcada pela imprevisibilidade e pela globalização da informação e do conhecimento, os meios de comunicação social de âmbito regional continuam a desempenhar um papel muito importante ao informar, mas também ao aproximar os cidadãos em causas comuns. O percurso do VivaDouro tem sido pautado por um forte envolvimento com a região, privilegiando dinâmicas coletivas que capacitem e envolvam os durienses e as suas instituições, sem prejuízo da sua autonomia, numa envolvente cada vez mais global. Indubitavelmente, o VivaDouro tem promovido o debate de temas que preocupam a região, como o esvaziamento demográfico, o elevado índice de envelhecimento e os baixos níveis de rendimento médio da população baixo em relação à média nacional. Mas, também tem publicado interessantes textos de opinião sobre temas determinantes para a sustentabilidade da região. No específico do Douro, para que seja mais inovador, competitivo e sustentável, face aos desafios e oportunidades com que se defronta, bem identificados em determinados artigos, o VivaDouro tem representado um espaço de debate e avançando mesmo com ideias e propostas de ações, no sentido de potenciar a capacidade e competitividade do território. Tem sido claro que na época da economia do conhecimento, as regiões tornam-se competitivas se possibilitarem a atração de trabalhadores do conhecimento, que o criem e apliquem no desenvolvimento de atividades que propiciem crescimento económico e atraiam talentos para a região. Esta é uma mensagem que tem estado presente no VivaDouro. Neste tempo complexo e de incerteza, espera-se que o VivaDouro continue proactivo, coeso e plural, mantendo o seu firme compromisso na diversidade de pensar e agir, de forma a manter vivas as causas do Douro.
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Ano 5 - n.º 60 - março 2020
Preço 0,01€
Mensal
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
Contacte-nos em: geral@vivadouro.org - www.vivadouro.org
Emídio Gomes
Ex - presidente da CCDR/N
Luís Pedro Martins: Um ano à frente do Turismo Porto e Norte de Portugal
> Págs. 6, 7 e 8 Vila Real
5 anos VivaDouro Reportagem
Fontainhas Fernandes, Município quer fechar pai e reitor ciclo do plástico a tempo inteiro com projeto inédito
VivaDouro comemora quinto aniversário
Médicos estrangeiros exercem na região
> Pág. 12
> Pág. 20
> Págs. 26 e 27
> Pág. 28
> Edição nº 60 do VivaDouro
A imprensa regional e a sua sustentabilidade são sempre um forte desafio, em especial num momento em que jornais e revistas sofrem uma forte pressão dos mercados e se tentam adaptar aos novos desafios do acesso digital. O VIVADOURO é, por isso mesmo, sobretudo um enorme sinal de esperança neste domínio. Dentro dos objetivos que traçou acredito que o VivaDouro tem cumprido a missão para que foi criado. Em espacial pelo cuidado nas temáticas que aborda. Esse é o maior e mais difícil dos desafios: Tentar informação global, mas com impacto regional. É um caminho longo e difícil, mas o único que vale a pena percorrer. Algumas melhorias podem sempre acontecer, em especial centrando o seu foco no acompanhamento da concretização efetiva dos sucessivos anúncios, promessas, que vão acontecendo sobre medidas para a dinamização económica e social do interior, neste caso centrado no Douro. Esse acompanhamento em permanência é fundamental.
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Armamar
Crianças premiadas no Correntes D’Escritas A turma A do quarto ano da Escola Básica José Manuel Durão Barroso viajou até à Póvoa de Varzim para receber mais um prémio literário. O Espelho do Xavier, trabalho dos pequenos Armamarenses, foi distinguido com uma Menção Honrosa pelo júri do concurso Prémio Conto Infantil Ilustrado, atribuído no âmbito encontro Correntes D’Escritas 2020, que se realizou este fim de semana no Casino da Póvoa.
Pelo quinto ano consecutivo as crianças de Armamar vêem o seu talento reconhecido e premiado num concurso nacional. Agora segue-se a publicação deste trabalho literário em livro. O Correntes D’Escritas é um encontro de escritores de expressão ibérica que se realiza anualmente na Póvoa de Varzim desde o ano 2000, quando se assinalou o centenário da morte do escritor Eça de Queirós, nascido naquela cidade em 1845. ▪
Encerramento de equipamentos municipais e serviços Devido à situação presente relacionada com a pandemia do COVID-19, a Câmara Municipal de Armamar tomou decisões relativas ao funcionamento dos equipamentos municipais e serviços que resultam na necessidade de encerrar, desde o dia 13 de março e por tempo indeterminado, os seguintes espaços: Biblioteca Municipal, Edifício Sede do Município, Espaço Cidadão, Espaço Internet, Gabinete de Inserção Profissional, Gabinete Técnico Florestal, Loja Interativa de Turismo, Pavilhões Gimnodesportivos, Piscinas Municipais e ginásio. Em caso de manifesta necessidade e urgência de contacto com os serviços municipais, nomeadamente os disponibilizados no edifício sede, devem os munícipes e demais públicos contactar pelo telefone número 254 850 800 ou através do endereço de correio eletrónico atendimento@cm-armamar.pt. A autarquia informa ainda que estão
também suspensas a Feira Quinzenal e a cedência de viaturas municipais a entidades externas ao município. A Câmara Municipal continua a acompanhar de perto a evolução da situação no nosso país e no território do concelho. No entanto, reforça-se o apelo para que estejam atentos às recomendações das autoridades de saúde e de segurança competentes, seguindo as indicações transmitidas num espírito de serenidade, sentido de responsabilidade e sentido cívico. Relativamente ao funcionamento dos equipamentos municipais e serviços, conforme a evolução desta situação novas informações serão veiculadas quando existirem. Edifício sede do município Os contactos serão feitos por telefone e/ou correio eletrónico. O atendimento presencial só será possível mediante prévia marcação.
Espaço Cidadão Seguindo as orientações a nível nacional, encontra-se encerrado. Todos os restantes equipamentos municipais estão encerrados desde o dia 14 de março. O serviço de mobilidade Armamar Sim está suspenso. Nas próximas horas será apresentada solução alternativa. A leitura dos contadores de água e a respetiva cobrança feita ao domicílio pelos trabalhadores do município está suspensa. Os pagamentos de serviços prestados pelo município como água, refeições escolares e outros ao balcão estão suspensos. Esses pagamentos, feitos fora do prazo, não sofrerão qualquer tipo de agravamento, nomeadamente cobrança de juros de mora ou processos de execução fiscal. Estão interditados os parques infantis, zonas de lazer, parque geriátrico e similares em todas as freguesias do concelho.
Prevenção do Burnout nos Professores Teve lugar esta semana no Agrupamento de Escolas de Armamar uma sessão relacionada com a “Prevenção do Burnout nos Professores”. A ação, conduzida por Lurdes Neves em parceria com o Projeto Oportunidade, Promoção e Transformação na Ação (OPTA), teve por objetivo ouvir os docentes participantes e dar a conhecer uma síndrome que vem afetando o setor profissional dos professores. A síndrome de Burnout é um distúrbio emocional que se manifesta pela exaustão extrema, elevado stress e esgotamento físico e psicológico, resultantes de contextos de trabalho muito desgastantes. Os docentes expuseram as suas dúvidas e ficaram a conhecer exercícios de relaxamento que podem fazer ao longo do dia para prevenir a acumulação de stress. ▪
Conforme disposto no artigo 16 do Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de março, a Câmara Municipal de Armamar aceita, para todos os efeitos legais, a exibição de documentos suscetíveis de renovação cujo prazo de validade expire a partir da data de entrada em vigor do citado decreto-lei ou nos 15 dias imediatamente anteriores ou posteriores. O cartão do cidadão, certidões e certificados emitidos pelos serviços de registos e da identificação civil, carta de condução, bem como os documentos e vistos relativos à permanência em território nacional, cuja validade termine a partir da data de entrada em vigor do presente decreto-lei são aceites, nos mesmos termos, até 30 de junho de 2020. A Câmara Municipal discutiu e analisou outras medidas a implementar, em conjunto com outras entidades locais, que serão divulgadas logo que estejam reunidas as condições necessárias para a sua execução. ▪
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Eduardo Graça
Domingos Nascimento
Presidente da Direção da CASES
Presidente da Agência Social do Douro
Economia Social – na primeira linha do combate às crises A Economia Social contemporânea é herdeira de uma tradição histórica longa e pujante que muito tem contribuído, ao longo do tempo, para a coesão social, em particular nos períodos de maiores dificuldades do país, das comunidades e do povo português. Foi assim no período da crise iniciada em 2008 e assim será, estamos certos, face à presente pandemia. Este setor constitui-se, indubitavelmente, como um conglomerado económico/social com peso relevante na economia e na sociedade portuguesa a todos os níveis, em particular na produção de bens e serviços transacionáveis e na ação social comunitária, integrando no seu perímetro um vasto conjunto de entidades de natureza jurídica diversa, autónomas, que a Conta Satélite da Economia Social (CSES), produzida pelo INE com apoio da CASES, permite conhecer nas suas variadas dimensões, quantitativas e qualitativas. Segundo dados de 2016 da última versão da CSES, face a 2010 o número de entidades da Economia Social aumentou 29,8%, cifrandose em mais de 61.000 entidades, o VAB aumentou 13,1%, (3% do VAB total), o emprego remunerado 3,5% (6,1% do emprego remunerado total), registando neste período, em todos os indicadores macroeconómicos, um desempenho significativamente mais favorável que a economia nacional, mostrando a sua resiliência a situações de crise contribuindo, de forma relevante, para a coesão social. A Economia Social é, pois, uma realidade consolidada em Portugal, consagrada na Constituição da República e na Lei de Bases da Economia Social - Lei n.º 30/2013 de 8 de maio - que “estabelece, no desenvolvimento do disposto na Constituição quanto ao sector cooperativo e social, as bases gerais do regime jurídico da Economia Social, bem como as medidas de incentivo à sua atividade em função dos princípios e dos fins que lhe são próprios.” No período que decorreu de meados de 2010 até ao presente, no plano institucional, com a criação da CASES, do Conselho Nacional para a Economia Social (CNES) e, mais recentemente, da Confederação Portuguesa de Economia Social (CPES), assistiu-se a um assinalável progresso do setor, contribuindo para assegurar a continuidade e previsibilidade de políticas visando o desenvolvimento da Economia Social, favorecendo a confluência de interesses e vontades entre o poder público (através do Governo) e os parceiros privados, através das suas entidades representativas. Cooperativas, mutualidades, associações, fundações, misericórdias e todas as entidades com estatuto de IPSS, estão sempre na primeira linha, pela sua proximidade às comunidades locais, natureza e experiência adquirida, de combate a todas as situações que ponham em risco a segurança e bem-estar dos cidadãos. Sempre assim foi e assim será.
O abraço no Douro! Escrever nesta altura de desassossego planetário é um exercício de frustração. Frustração face ao contexto concreto, provocado por um vírus muito discreto. Discreto mas galopante. Sem fronteiras nem barreiras. Que dizer do nosso Douro neste momento de confronto com as vulnerabilidades do ser humano? Será que importa continuar a dizer que o Douro é fruto da força de homens e mulheres que nunca acreditaram nem pensaram na finitude. Será que importa continuar a falar na sua beleza extraordinária, na sua indiscritível e paradoxal leveza, num contraste de montes e vales e rios, parecendo um desenho numa plana folha de papel. Será que importa referir a sua heterogeneidade, demográfica, orográfica, cultural, agrícola, de tecido empresarial, de produtos e suas transformações, de níveis de vida e de ambições. Será que importa ainda falar das suas inconsistências, injustiças e deficiências. E será que importa falar do seu passado, das oportunidades do presente e dos desafios para o futuro. Não sei a resposta. Não sei se nesta crise biológica que condição nos será imposta. Mas sei que do desassossegante contexto, sairemos mais fortes e unidos. Para uma estratégia clara e inclusiva. Neste Grande Douro fantástico! Há, certamente, sempre, lugar a um grande abraço!
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Sabrosa
Espaço Miguel Torga contou com mais de noventa e nove mil visitantes online em 2019 O sítio oficial na internet do Espaço Miguel Torga (EMT) foi visitado no ano de 2019 por 99 300 pessoas, número que corresponde a um aumento de 57,3% relativamente ao ano de 2018. Inaugurado em junho de 2016, o site conta com um total de mais de 240 mil visualizações, sendo o ano 2019 o melhor ano de sempre neste aspeto. É de salientar que estes números são reflexo do desenvolvimento das estratégias de comunicação desenvolvidas pelo Espaço Miguel Torga de forma a oferecer aos visitantes mais e melhor informação aos seus visitantes, tendo neste sentido conseguido uma disseminação positiva assente na premissa de que todos tenham acesso a toda a informação partilhada pelo Espaço Miguel Torga, quer ao nível da vida e obra de Miguel Torga, que ao nível das notícias, eventos, fotografia, vídeo, informações
gerais e outras que o EMT disponibiliza. Para além do site, o EMT está também presente em várias redes sociais, como o Facebook, Twitter e recentemente o Instagram, onde está a desenvolver a sua estratégia de comunicação de forma segmentada e com linguagens próprias, de forma a chegar ao maior
número de pessoas, em todas as faixas etárias e todos os pontos do mundo falado em português. O Espaço Miguel Torga, situado em São Martinho de Anta e projetado por Eduardo Souto de Moura, uns dos arquitetos mais reconhecido da atualidade internacionalmente, com obras pre-
miadas a nível mundial, abriu as suas portas ao público em outubro de 2014 e divulga e estuda a obra poética e literária de Miguel Torga. É através de eventos culturais, a nível da literatura, poesia, pintura, música, e outras, que dá ênfase a este tão grande nome a nível internacional. ▪
São Pedro apresentou-se em concerto inédito no EMT
Oito toneladas de bens para ajudar São Tomé e Príncipe
S.Pedro Banda, o projeto do músico Pedro Pode, que também é MC de hip-hop e baterista, apresentou-se, no passado dia 07 de março, num concerto de formato especial no Novas Canções da Montanha - NCM do Espaço Miguel Torga. Neste que foi o segundo espetáculo da edição de 2020 do NMC, o público presente teve oportunidade de assistir ao vivo às versões em quarteto das músi-
A Associação Douro Histórico, através de um projeto de cooperação que tem estabelecido com Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, promoveu uma Campanha de Solidariedade de recolha de bens variados, como materiais escolares, roupas, livros e jogos, para ajudar a Câmara Distrital de Caué, em São Tomé e Príncipe, que resultou num total de oito toneladas de bens que partiram no dia 06 de março de Sabrosa em direção ao seu destino final.
cas do mais recente álbum do projeto e onde não foram esquecidos os maiores êxitos de S. Pedro. Em entrevista ao EMT, no final do concerto, a banda revelou algumas curiosidades sobre o projeto, o concerto realizado e outros pormenores, que poderá descobrir brevemente nos nossos meios de comunicação. O próximo nome do Novas Canções da Montanha será anunciado brevemente. ▪
Envolvidos no processo de doação estão os sete municípios representados na Associação Douro Histórico, algumas das delegações da Cruz Vermelha Portuguesa da região duriense e entidades e particulares que se associaram a esta iniciativa. Estes bens serão entregues ao seus beneficiários no dia 18 de abril em Caué pelos representantes da associação, que contam com esta entrega ajudar na melhoria das condições de vida dos habitantes locais. ▪
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Vila Nova de Foz Côa
As amendoeiras entre dois patrimónios Vila Nova de Foz Côa encerrou, no passado dia 8 de março, a “Festa das Amendoeiras em Flor e dois Patrimônios Mundiais”, com um desfile etnográfico que reuniu mais de 350 participantes. O dia solarengo convidou milhares de visitantes, nacionais e estrangeiros, para aquela que é já um ex-libris das celebrações locais, a “Festa das Amendoeiras em Flor”, naquela que foi a sua 39ª edição. A fechar um longo cartaz de um mês de celebração com dezenas de eventos (atividades, feiras, exposições e concertos, etc), o desfile etnográfico é um dos momentos mais esperados por todos, pela sua grandiosidade e envolvimento das gentes foz-coenses, com a participação de cerca de 50 carros alegóricos. Para João Paulo Sousa, vice-presidente da autarquia e responsável pela organização deste desfile o balanço experimental é positivo. “Só neste desfile, diretamente, participaram mais de 380 pessoas, por isso acho que estamos todos de parabéns.
Todos os anos é um ano novo o que nos obriga a ser mais ativos e mais criativos. Este ano tivemos cerca de 50 carros que fizeram o desfile completo sem qualquer tipo de incidente. O balanço é claramente positivo. Este é um desfile etnográfico, não se vê aqui praticamente nenhum carro mais “carnavalesco”, é muito ligado aos nossos usos, costumes e tradições”. Olhando para todo este mês de celebração o responsável autárquico faz o mesmo balanço sublinhando o número de visitantes que chegam ao concelho ao longo destes dias e o envolvimento de toda a comunidade local. “Este ano ultrapassamos todas as expectativas em termos de adesão, só no primeiro fim-de-semana eu próprio recebi pessoalmente mais de 2500 pessoas. Esta é uma festa de um mês e verifica-se que está muita gente. O balanço global é muito positivo. Esta festa é para grandes massas e conta com a participação das diversas associações e juntas de freguesia do concelho, das mais diferentes formas, seja na organização de algumas atividades, seja na participação neste desfile. O retorno é sempre muito agradável e isso fica bem patente na opinião que os comerciantes nos fazem chegar, sejam os da área da restauração sejam aquelas lojas que vendem os produtos
típicos da nossa região. De facto Foz Côa é a capital da amendoeira em flor, mesmo os concelhos nossos vizinhos que realizavam também uma festa com este tema acabaram por optar por outras soluções, e por isso dou-lhes os meus parabéns. Desde o início, e já lidero este processo há 12 anos, a ideia sempre passou pri-
meiro por envolver as pessoas de cá, os foz-coenses e depois então chamar o público, não só para estes dias mas que estes momentos sirvam para que essas pessoas voltem depois ao longo do ano com mais calma para conhecerem melhor o concelho de Foz Côa, e este objetivo eu considero que foi conseguido”. ▪
> João Paulo Sousa, vice-presidente da CM Foz Côa
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São João da Pesqueira
Saberes e sabores contam história do concelho Durante três fins de semana, em São João das Pesqueira, os saberes e sabores locais ajudaram todos quantos visitaram aquele concelho duriense, a conhecer as suas tradições e os seus costumes.
“O município de S. João da Pesqueira dedica muito do seu esforço à criação de condições e promoção vitivinícola e enoturística no concelho, e não podia descurar, também, outras atividades que vêm reclamando alguma merecida visibilidade, de acordo com a sua importância e excelência crescentes, nomeadamente a produção de frutos secos, a maçã, os produtos da terra, ou o mel, as compotas, o azeite, o fumeiro, entre tantos outros. Este certame, permitiu aumentar a sua visibilidade, indo ao encontro dos legítimos interesses dos produtores que se dedicam a estas atividades, que pretendemos valorizar dando a conhecer, para além do seu impacto económico significativo, cumprindo, assim, a Festa dos Saberes e Sabores do Douro uma dupla função de divulgação e de apoio económico destes agentes. Se o município aposta muito em eventos como a Vindouro, no patamar de excelência reconhecido em que já está, mas num perfil e orientação diferentes, este certame é, porventura, o evento mais singelo, o mais genuíno, que o município promove, porque serve e chega exatamente à base, ao seu produtor mais direto, e que, nessa perspetiva e alinhamento, atrai facilmente produtores locais e de toda a região do Douro, num número muito significativo, a maioria até com carater quase de fidelização, e de ano para ano vem atraindo outros novos operadores atentos a estes eventos e à sua repercussão. A Festa dos Saberes e Sabores constitui um importante certame no nosso concelho em que procuramos aliar a gastronomia, a cultura, o artesanato, o turismo e a valorização dos nossos produtos, sendo importante a componente económica e a valorização da nossa cultura, mas também a criação
de uma marca identitária deste concelho duriense, no conjunto de eventos desta natureza”, afirma o autarca Manuel Cordeiro à nossa reportagem. Por essa razão o edil afirma que esta XIII Edição da Festa dos Saberes e Sabores do Douro chegou ao fim “com um saldo muito positivo, foram 3 fins de semana em que divulgamos não só a nossa cultura e as nossas tradições, mas também os nossos produtos, o artesanato e a gastronomia”. Da extensa programação ao longo dos três fins de semana destacam-se os
fins de semana gastronómicos, com especial incidência nos pratos confecionados da forma mais tradicional de Javali e de Peixe do Rio, as já habituais Montarias ao javali (este ano promovidas pelos Clubes de caça e pesca de Ervedosa do Douro e de S. João da Pesqueira), o III concurso de Pesca na fantástica pista da Ferradosa, a animação exclusivamente à base de musica tradicional, de grupos locais, o I encontro de Bandas Filarmónicas, o I encontro de Universidades Seniores, e ainda a caminhada da amendoeira em flor. ▪
Corina Vilareal Temos aqui azeite que é uma produção nossa e compotas que também são feitas com os produtos que temos nas nossas hortas e pomares, é tudo feito com o que temos. Nós somos da Pesqueira e para nós é importante estar aqui não só para vender diretamente mas também para divulgar. Como sou fornecedora de diversas lojas essa promoção que aqui faço é importante, nesta feira já fechei acordo com mais duas lojas que irão passar a vender os nossos produtos.
Mónica Pacheco Nós temos um forno a lenha onde a minha tia faz estes produtos, desde o pão, as bolas de azeite, os biscoitos… de tudo um pouco. Tem dias em que se levanta às 3 da manhã para fazer isto tudo. Nós já fazemos esta feira há cerca de 12 anos e é praticamente a única que fazemos por uma questão de proximidade e de conseguirmos ter sempre produto a chegar quente. Todos os anos notamos que há mais gente a vir aqui, em especial de fora da Pesqueira.
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VIVADOURO
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Reportagem
Medicina com sotaque no Douro O número de médicos estrangeiros a exercer em Portugal atingiu, em 2019, o valor mais alto da última década situando-se atualmente nos 8% dos total dos clínicos em exercício. A região do Douro não escapa a estes números e a nossa reportagem falou com três médicos estrangeiros para perceber o que os trouxe até ao nosso país. Texto e Fotos: Carlos Almeida
Cecília Peirone chegou a Portugal em agosto de 2016, vinda da Argentina. Chegada a Portugal tirou o mestrado em farmácia, na Faculdade de Farmácia do Porto, tendo depois concorrido para o Hospital de Vila Real onde atualmente é farmacêutica no serviço de oncologia. Como foi a decisão de vir para Portugal? Foi um projeto pessoal, foi uma mudança muito grande na minha vida porque eu tinha uma farmácia aberta ao público no meu país. Tive de mudar a minha profissão toda porque não tem nada a ver o trabalho da farmácia enquanto espaço físico com o trabalho de farmácia hospitalar, mas pronto, vendi a minha farmácia e vim cá. Apesar de alguns contratempos, profissionalmente a mudança correu muito bem, fiz muitos amigos e os meus filhos também se adaptaram bem a esta realidade. Mas, já tinha filhos quando veio para Portugal? Sim, eu já não podia ter filhos quando vim, tive cancro do colo do útero. Os meus filhos já vieram feitinhos (risos),
o Facundo com 15 anos e a Maria com 6. Tenho outro que ficou na Argentina que já é mais velho, mas quis ficar lá, mas agora esta a pensar vir, pois ele trabalhava na Fiat, na área de comercio exterior e como o país esta assim um bocadinho complicado, ficou sem trabalho e já me perguntou “oh mamã que é que acha de eu ir para Portugal?” e eu respondo “a tua mãe esta à tua espera, podes vir quando quiseres (risos). Vem da argentina para o porto, fazer um mestrado, porquê depois Vila Real e não o Porto? Porque o senhor que fazia o projeto de vida comigo tava aqui a trabalhar num hospital, e então viemos para cá, tivemos um ano em Gaia porque eu estava a fazer especialidade e agora estou a acabar o doutoramento na UTAD, na área da oncologia. E como é estar em Vila Real? Eu gosto muito desta terra, é muito sossegada para educar e criar os filhos, é muito bom, é uma paz de alma, uma pessoa tem a certeza absoluta que os filhos estão bem, que não há perigo. Eu acho que para criar os filhos não há sitio melhor que esta terra.
Nunca sentiu que por falar uma língua diferente que as pessoas estranhavam? Agora já não. Toda a gente me conhece, além disso eu canto para os doentes, eles já sabem que eu acabo a quimioterapia e começo a cantar para eles, outras vezes trago a viola para ajudar. Têm uma relação especial? Sim, mas no principio não falava nada português só falava castelhano, inglês e italiano, porque os meus pais são italianos, e custou-me um bocadinho, sobretudo na universidade. Sente-se então completamente integrada aqui? Sim, completamente. Com os doentes não tenho dificuldade nenhuma, até porque eu já fui doente de cancro tenho uma conexão, eu sei o que eles estão a sentir. E com os colegas? É assim, no meu serviço sou a única estrangeira e também tive alguns episódios menos felizes, aquela coisa de “uma argentina a dizer-me como fazer as coisas” mas eu não ligo a nada disso, problema não é meu, porque eu não sou racista, estou integrada, eu já sou do mundo, portanto eu não ligo e tento que as pessoas também não liguem a isso. O racismo é assim se a ti te afeta o racismo do outro tu também és racista, é tal e qual, portanto eu não, paz de alma e faço o meu trabalho, tenho pena que as pessoas não consigam ultrapassar... porque a diferença enriquece as pessoas, aprendendo umas com as outras, só que há gente que vê aquilo como uma ameaça. Mas sente mais isso por parte de colegas ou sentiu isso muito por parte de doentes também? Não. Os doentes aqui são maravilhosos, pessoas são muito humildes, são muito... por vezes até eu gostava que eles se revoltassem um bocadinho e que reclamassem e eu digo a eles quando realmente a coisa é mesmo que ultrapassa todos os limites da humanidade eu digo “vocês são mesmo ovelhas, têm que reclamar, é o seu direito, você não esta a pedir nada de especial é só reclamar quando tiverem as condições que devem ter” da minha parte só tive uma reclamação de um rapaz que estava na medicina, um toxicodependente que chegou ao serviço e disse que tinha esquecido da receita, e eu quando entre
no computador dei conta que ele tinha faltado e que faltava regularmente as consultas e eu confrontei-o com a mentira e disse “Olhe é assim você faltou à consulta, começamos mal, não pode faltar pois tem que fazer o controlo, e isto não é brincadeira”, só que o senhor estava num mau dia e, tinha que fazer queixa, que não deu em nada pois quem tava incorreto era ele. Foi o único problema assim que me lembre que eu tive com um doente. Neste momento o projeto é ficar por Vila Real? Sim, sim. Gosto muito disto, isto é qualidade de vida eu moro aqui na aldeia, a 5 minutos a pé e isso em Lisboa, por exemplo, não existe. Não entendo como é que as pessoas não querem vir para aqui, não entendo. António Teira também é médico no hospital de Vila Real, o clínico espanhol chegou a Portugal em 2005. Natural da Galiza, Vila Real surge pela proximidade geográfica e pela relação que já tinha com alguns colegas do tempo da universidade. O que é que o fez vir para Portugal? Eu sou da Galiza que é muito perto de Portugal, e no meu curso havia uns colegas que eram de Portugal, eles fizeram o curso lá na Galiza e foram eles que falaram de que o exame de acesso à especialidade era mais cedo aqui do que seria em Espanha e foi um bocado nesse sentido, fiz o exame e correu bem, depois fiquei aqui. E logo aqui em Vila Real? Não, eu fiz a especialidade no IPO de Coimbra e depois é que vim para cá para Vila Real que era um bocadinho mais ao norte e muito mais perto (de casa)... Quando é que veio para Vila Real? Em 2010 10 anos aqui em Vila Real, como é que tem sido esta experiencia por aqui? A experiencia tem sido boa. Comparativamente com Coimbra aqui a população é diferente, está mais disseminada no território o que acaba por fazer com que tenhamos que abranger um território mais alargado. Aqui é também uma zona um bocado mais rural com menos transportes públicos o que coloca outras dificuldades. Nota essa diferença entre Coimbra, onde trabalhou, e Vila Real?
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Reportagem Sim, mas os doentes desta zona reclamam menos informações, são um bocado mais práticos, pragmáticos, não tentam complicar. O que acontece muitas vezes é que as pessoas acham que nos grandes centros é que tudo se faz bem e quando optam por ir a um hospital num grande centro e percebem que vão fazer o mesmo que fazem aqui então entendem que essa diferença não existe. É um bocado aquela coisa de “santos da casa não fazem milagres”… O ser estrangeiro nunca foi uma barreira no relacionamento com o doente? Para mim não, os doentes às vezes o que perguntam se sou brasileiro, embora, por exemplo, em Chaves, porque o nosso centro hospitalar também abrange Chaves, os pacientes dão conta que sou da Galiza pelo meu sotaque, mas não, dificuldades de comunicação eu para eles e eles para mim, não. Percebo-os perfeitamente, a duas línguas são muito semelhantes mesmo ao nível da fonética, depois é uma questão de hábito. Basicamente é como aqui em Portugal, de Vila Real para Coimbra há diferenças na forma de falar. É um país pequeno mas com muitas diferenças. Quer dizer que eu consigo diferenciar esses sotaques e não tenho problemas de comunicação. Algumas pessoas por vezes dizem que não percebem isto ou aquilo que eu digo e atribuem ao sotaque mas a verdade é que, mesmo que fosse em português não entendiam. É mais uma questão do vocabulário técnico que às vezes usamos do que propriamente o sotaque. Disse-me que era bom estar mais próximo de casa, com que frequência é que vai à Galiza?
Eu vou todos os fins de semana. Como normalmente trabalho às terças em Chaves venho direto de lá e na sexta feira regresso. Acabo por passar 3 noites em Portugal e 4 na Galiza. Mas ainda se sente mais galego do que português? Sim. É como muita gente desta zona que é imigrante há 20 anos… eles sentem-se sempre portugueses, mas gosto muito de estar aqui. Por agora o objetivo passa por continuar a fazer esta vida de andar entre Portugal e Espanha? Sim, para já sim, até porque embora seja outro país, é quase como se fosse uma província da Galiza, como se estivesse sei la, se eu estivesse a trabalhar noutro sitio de Espanha. Se, por exemplo, estivesse a trabalharem Madrid estaria mais longe de casa do que propriamente aqui em Vila Real. Galyna Mendes é natural da Ucrânia, chegou a Portugal em 2003 e atualmente é uma das médicas do Centro de Saúde de Torre de Moncorvo, local onde também reside Em 2003, e começou logo a trabalhar como medica? Não, não foi logo mal cheguei, ainda foi um processo um pouco longo. Inicialmente não estava nos meus planos vir para Portugal mas o meu marido é dos Palop, veio para cá trabalhar e a ideia era eu vir com ele, foi essa a razão da minha vinda. E quando chegou a Portugal é que começou a estudar medicina? Eu já tinha curso de medicina, já tinha especialidade em pediatria, na minha terra. Aqui não consegui exercer logo, porque a especialidade para ser válida, Temos que fazer uma avaliação, eu precisava de três anos para eu conseguir essa aprovação que não me foi logo
atribuída. Primeiro por causa da burocracia, depois porque a minha licenciatura não era reconhecida aqui, apesar de o meu curso ser muito semelhante ao europeu. Durante esse tempo, não pode exercer aqui em Portugal. Poder, podia mas primeiro tinha que saber falar português, que era zero, eu comecei a aprender o alfabeto (risos). O reconhecimento da licenciatura foi o mais complicado, muitos obstáculos em termos burocráticos e ministério da educação. Depois acabou por ser reconhecida a nossa licenciatura, e já foi mais fácil. Reconheceram as licenciaturas de três países: Ucrânia, Rússia e Moldávia. A partir dai já pode exercer à vontade? Não, a partir daí o percurso foi igual ao dos alunos que terminam o curso em Portugal, fiz o ano comum igual, concurso, prova nacional de seriação, escolher a especialidade, passar pela Ordem dos médicos, Ministério… tudo igual aos alunos de cá. A diferença é que ainda tive uma prova de aptidão de português, o que demorou mais um pouco. Depois quando começou a trabalhar foi logo em Moncorvo ou não? Não, o ano comum fiz em Bragança, e depois a especialidade. Há quatro anos que sou especialista de medicina geral e familiar. Neste momento está só a exercer aqui em Moncorvo? O meu local de trabalho é Moncorvo, sou medica de família em Moncorvo. Como medica estrangeira, que dificuldades sentiu ao exercer a profissão? Agora já não é difícil. Eu acho que já somos reconhecidos por parte dos portugueses, eu não sinto grandes dificuldades.
Sentiu-se bem acolhida pelas pessoas daqui? Sim, muito bem. Como já fiz a minha especialidade aqui na zona já conhecia mais ou menos o ambiente, por isso é que também sempre quis ficar pelo norte de Portugal e acabei por ter sorte em conseguir uma vaga aqui em Moncorvo. É difícil, é uma zona rural e com uma população muito envelhecida, se não estou em erro este é um dos concelhos com a população mais envelhecida do distrito e nesse sentido foi um pouco diferente do que eu estava habituada no meu país. Já passou por alguma situação menos agradável aqui no consultório? Nem por isso, eu acho que senti um bocadinho à parte por ser diferente, não é por ser estrangeira, mas por ser diferente na maneira de atuar E o objetivo é permanecer por aqui? Não sei dizer quais os objetivos, também não era meu objetivo sair do meu país e vir para Portugal (risos). Sempre tive o objetivo de experimentar a medicina nos outros países, para ver como funciona, mas a ideia seria sempre regressar a casa, nunca sair definitivamente. Nota muita diferença de ser médica aqui ou na Ucrânia? É diferente até porque eu lá exercia pediatria e aqui faço medicina familiar, é muito diferente. Mas na forma de praticar a medicina, é muito diferente da Ucrânia para Portugal? Já passou muito tempo, eu terminei em 2000 já estamos em 2020, muita coisa mudou mas sim, é sempre diferente. Eu digo sempre que a União Soviética nos ensinou a estudar e nós na União Soviética aprendemos a estudar, e isso ajudou-me neste percurso. ▪
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Vila Real
Autarquia apresenta projeto para reduzir consumo de plástico Em Vila Real a autarquia quer “fechar o ciclo do plástico”, como afirma Mafalda Vaz de Carvalho, vereadora do ambiente, à nossa reportagem, criando um projeto inédito que irá desde a recolha deste material até à construção de um parque infantil com plástico reciclado. Com a crescente preocupação em torno deste material, a Câmara Municipal de Vila Real lançou o projeto “Para cá do Marão embalagens Não!" que começa na recolha de plástico em algumas das grandes superfícies comerciais da cidade, à qual se junta um conjunto de outras ações que pretendem diminuir o consumo de embalagens de utilização única. “A existência de máquinas que, em troca de depositarmos latas ou garrafas de plástico nos dão talões de desconto não são uma novidade, aqui sim mas no nosso país isto já é uma realidade. O inédito deste projeto não é nenhuma das ações de forma individualizada mas sim o facto de conseguirmos fechar o ciclo do plástico. É óbvio que isto começou pela colocação das máquinas mas isto despertou uma preocupação: não estaremos a potenciar a utilização do plástico para a utilização dos vales de desconto? A forma de combater este receio foi dar às pessoas a ideia da quantidade de plástico utilizado, ou seja, quantificada a quantidade de plástico recolhido iremos adquirir material reciclado para construir um parque infantil. Como é que vamos reduzir o consumo de plástico? Nos supermercados nossos parceiros vamos distribuir sacos reutilizáveis para frutas e legumes para que as pessoas possam usar. Vamos também distribuir garrafas reutilizáveis, em especial nas escolas, mas isto não chega porque hoje em dia já não existem bebedouros por isso vamos adquirir alguns para colocar precisamente nas escolas, onde os alunos poderão encher as suas garrafas”.
O público escolar é, para a vereadora, “muito importante neste processo porque os queremos formar para esta preocupação desde muito cedo mas vamos também adquirir alguns bebedouros para colocar em espaços públicos, de acesso a toda a gente”. A ideia é colocar a população a repensar os seus hábitos e a refletir sobre a sua contribuição para a pegada ecológica do planeta. “A nossa ambição é que as pessoas entendam que o consumo de plástico tem que ser reduzido, assumindo nós, desde logo que ver o plástico como inimigo não é o caminho. O objetivo não é estigmatizar quem usa o plástico, temos que, cada vez mais, dar alternativas a esse material às pessoas para que deixem de o usar mas sem nunca apontar o dedo aos mais reticentes que continuam a usar o plástico. Queremos aumentar a consciência. Estamos a colocar em prática a política
dos 5 r’s: reciclagem, redução, reutilização, repensar e recusar. Portanto, reciclamos nas máquinas, reduzimos através da instalação de bebedouros, reutilizamos na construção do parque infantil, repensar através de ações de sensibilização e o recusar com os sacos e as garrafas reutilizáveis que oferecemos”. O projeto contempla também a implementação de estruturas para a recolha de chicletes e de pontas de cigarro, cujo destino final é a reciclagem com vista, por exemplo, à produção de novos materiais como os “e-tijolos”. “A par desta candidatura foi feita outra para os ecopontos castanhos, para a redução de lixo em aterro. Também vamos distribuir compostores. A política ambiental não se resume ao pelouro do ambiente nem podia ser assim, senão continuaríamos no campo dos estudos e das hipóteses”. Mafalda Vaz de Carvalho revela ainda que, desde a apresentação do projeto,
> Mafalda Vaz de Carvalho, vereadora do Ambiente
este tem suscitado a curiosidade de diferentes entidades da região com interesse em fazer parte desta mudança. “Desde que anunciamos a candidatura têm chovido dezenas de contactos de empresas e instituições que querem ser parceiras, é um projeto com o qual as pessoas se sentem bastante identificadas”. Promovido pelo município, o projeto envolve ainda a Resinorte, empresa responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos sólidos urbanos, a Associação Douro Histórico, as cadeias de supermercados da cidade (Jumbo, Continente, Pingo Doce e Intermarché), a Águas do Interior Norte e ainda a Associação Douro Histórico. O projeto representa um investimento global de 750 mil euros e terá a duração de 2 anos. A candidatura foi submetida ao Programa Ambiente financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu – EEA Grants 2014-2021. ▪
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Nacional
Ministério da Agricultura anuncia medidas para o sector no âmbito do Covid-19 O Ministério da Agricultura apresentou, no passado dia 13 de Março, as medidas dirigidas ao sector, que decorrem da aplicação do aprovado em Resolução do Conselho de Ministros (RCM) de 12 de Março de 2020, e de gestão, que se entendem como necessárias, em complemento, para minimizar os eventuais impactos económico-financeiros que possam advir da situação epidemiológica do novo Coronavírus – Covid-19. Isto sem prejuízo do que se encontra vertido na Resolução do Conselho de Ministros, nomeadamente no que respeita às medidas destinadas aos cidadãos e às empresas, para entidades públicas e privadas, e de modo a reforçar a capacidade de reação e contenção da propagação da doença. PDR 2020 Assim, no contexto das medidas do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 (PDR 2020), da medida de Promoção de Vinhos em Mercados de Países Terceiros e dos Programas Operacionais Frutas e Hortícolas, estão a ser tomadas todas as diligências para agilizar a liquidação dos pedidos de pagamento, através da atribuição dos incentivos a título de adiantamento, com regularização posterior. São elegíveis para reembolso as despesas comprovadamente suportadas pelos beneficiários em iniciativas ou ações canceladas ou adiadas por razões relacionadas com o Covid-19, previstas em projetos aprovados pelo Portugal 2020, em que se inclui o PDR 2020,ou outros programas operacionais, nomeadamente nas áreas da internacionalização e da formação profissional, bem como pelo Instituto do Vinho e da Vinha, no âmbito da medida de apoio à promoção de vinhos em países terceiros.
Seguros de crédito à exportação Relativamente aos seguros de crédito à exportação com garantias de Estado, no âmbito do apoio à diversificação de clientes, em particular para mercados fora da União Europeia, o Ministério da Agricultura determina o aumento de 250 milhões de euros para 300 milhões de euros, para o plafond da linha de seguro de crédito à exportação de curto prazo. Linha de Crédito Capitalizar No que diz respeito à Linha de Crédito Capitalizar 2018 | COVID-19: • As empresas do sector do agroalimentar têm acesso à linha de crédito Capitalizar 2018 | COVID-19 para fazer face às necessidades de fundo de maneio e de tesouraria; • As operações de crédito concedidas neste âmbito beneficiam de uma garantia até 80% do capital em dívida, sendo a comissão de garantia integralmente bonificada.
de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Sectores Agroalimentar e do Retalho em Virtude das Dinâmicas de Mercado determinadas pelo Covid-19, a área governativa da Agricultura “está empenhada em contribuir positivamente para encontrar as adequadas soluções para os desafios que ali sejam identificados, em prol da adoção das medidas preventivas ou corretivas que deste grupo resultem, destinadas a manter ou restabelecer as normais condições de abastecimento. Foi também constituído um grupo para acompanhamento do funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar, visando ainda assegurar uma monitorização efetiva da evolução da situação económica das empresas do sector. Neste grupo partici-
pam as entidades representativas dos sectores e atividades que, pela sua relevância em termos sectoriais, têm contacto direto com os operadores e detêm um conhecimento mais efetivo da situação. Por último, “importa reforçar que estas medidas procuram dar resposta imediata às situações já identificadas. Contudo, encontram-se em estudo outras ações, podendo este pacote ser atualizado a todo o momento”, refere o Ministério liderado por Maria do Céu Albuquerque. E sublinha ainda que, no âmbito do sector agroalimentar, “os dados atualmente disponíveis permitem-nos reafirmar a nossa total confiança na capacidade de resposta do sistema de abastecimento, estando garantida a segurança e a qualidade dos produtos alimentares”. ▪
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Pedido Único 2020 No âmbito das ajudas do Pedido Único 2020, será prorrogado o prazo inicialmente estabelecido para submissão das candidaturas. Relativamente ao Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 (PDR 2020), anunciam-se ainda as seguintes medidas: • Alargamento dos prazos de execução contratualmente definidos para finalizar a execução físico-financeira dos projetos; • Autorização para apresentação de maior número de pagamentos intercalares com faseamento da submissão de despesa e respetivo reembolso. Apoios à Promoção de Vinhos em Mercados de Países Terceiros Em complemento, quanto aos Apoios à Promoção de Vinhos em Mercados de Países Terceiros, não serão penalizados os projetos de promoção que, devido aos impactos negativos decorrentes do Covid-19,não atinjam o orçamento ou a taxa de execução financeira prevista na concretização de ações ou metas. Abastecimento de Bens No âmbito do Grupo de Trabalho
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Opinião António Fontaínhas Fernandes Reitor da UTAD
O mundo vive circunstâncias extraordinárias que mudam a todo o momento, face à evolução do quadro epidémico da COVID-19 (coronavírus), o principal tema da atualidade noticiosa e da agenda politica mundial. Qualquer que seja o cenário futuro, é claro que esta pandemia vai conduzir a uma crise financeira do país. Desde a primeira hora, o Ministro da Economia tem alertado para a necessidade de os portugueses optarem pela compra de produtos portugueses, caso dos
Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
No final deste ano, vamos assistir a um acontecimento que se revelará marcante pelo evidente desígnio inclusivo de toda a região Demarcada do Douro. Trata-se do Congresso Douro & Porto 2020 – Memória com Futuro, uma iniciativa que mereceu o apoio expresso dos 21 Municípios que integram a Região Demarcada do Douro, dos Municípios do Porto e de Vila Nova de Gaia, que se somou ao dos agentes económicos, da produção e do comércio, bem como das associações ligadas ao setor. Este evento decorrerá durante os dias 10 e 11 de novembro de 2020, no Porto e a 12 de novembro de 2020, no Douro. O programa integra a realização de conferências temáticas, comunicações científicas e de divulgação, bem como visitas técnicas na região.
Célia Ramos Vice-Presidente da CCDR-N
O reconhecimento do Valor Universal Excecional do Alto Douro Vinhateiro e a sua inscrição na Lista do Património Mundial foi o culminar de um desejo coletivo e início de um novo ciclo de planeamento e gestão, marcado por inúmeros desafios. O primeiro decorre do compromisso assumido, junto da UNESCO, de elaborar um plano de gestão para a paisagem classificada. A figura adotada foi a de Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território do Alto Douro Vinhateiro (PIOTADV), o primeiro do nosso país e aprovado em 2003. Esse plano articulou estratégias de desenvolvimento, coordenou iniciativas intermunicipais e estabeleceu orientações de gestão visando a valorização da paisagem e a salvaguarda dos atributos que
A dimensão estratégica da agricultura do Douro produtos agroalimentares. Efetivamente, a agricultura enquanto atividade económica pouco relevante e sem futuro, ganhou uma especial dimensão estratégica, pelo que o país deve manter a ambição de alcançar o equilíbrio da balança agroalimentar. Se olharmos para o que se passa à nossa volta, as projeções sobre o mercado de trabalho na União Europeia até 2025 revelam novas oportunidades de emprego na agricultura, sendo uma oportunidade para os jovens e, os dados da FAO mostram que a população mundial deverá atingir 9,6 biliões em 2050, exigindo um aumento significativo da produção alimentar. A agricultura é cada vez mais uma atividade tecnológica e de conhecimento, em especial em
regiões como o Douro, cuja sustentabilidade depende da capacidade de harmonizar as questões produtivas, tecnológicas e ambientais, sem descurar a sua estrutura económica e social. Neste cenário, é fundamental fomentar a aposta em investigação, em parceria com as empresas, visando dar resposta aos principais desafios do sector, que passam pelas alterações climáticas, os custos de energia, as necessidades de recursos hídricos, a escassez de terra cultivável e ainda o despovoamento das áreas rurais. O alcance desta ambição exige uma nova visão para a agricultura, recorrendo a meios tecnológicos modernos e sustentáveis, serviços de informação geográfica e sistemas de decisão,
com recurso às tecnologias de comunicação. Esta agenda exige empresários com competências em soluções tecnológicas, envolvendo a robótica, a imagem assistida por computador, a sensorização, a monitorização ambiental, no quadro da chamada agricultura de precisão. É neste contexto que deve ser desenvolvida a estratégia de investigação e inovação, alinhada com a sua localização geográfica e o sistema empresarial e científico, contribuindo para a ambicionada convergência do Douro. Deste modo, a massa crítica e as competências de instituições de ensino superior como a UTAD são um ativo valioso que Portugal não pode desperdiçar, mas antes incentivar.
Um Congresso, uma Memória, um Futuro O Congresso projeta-se como um acontecimento científico e cultural que lança no futuro as memórias seculares da Região – inigualável bem cultural que encerra uma espessura histórica única e um vasto repositório de saberes – cenário que o Homem habita desde sempre, o Alto Douro Vinhateiro – desde 2001 Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Num território marcado por enormes desafios edafoclimáticos, o Homem, com grande determinação e capacidade, foi capaz de otimizar os recursos naturais e conseguir cultivar vinha e fazer vinho, secularmente reconhecido pelos seus atributos. Serão aqui protagonistas as Gentes do Douro Vinhateiro, que em seu tempo conseguiram o primeiro modelo institucional de organização de uma região vinícola, que solidificou uma das Regiões mais consagradas do universo vitivinícola mundial. Os desafios do presente e o desígnio de configurar e projetar um Futuro próspero, leva-nos a revisitar os alicerces da Memória. Desta forma, uma
ponte entre a Memória e o Futuro guiará este Congresso. Será, em última análise, um momento único de convergência entre a História, a Sociologia, o Direito, a Viticultura, a Enologia, a Economia, com olhares sobre a biodiversidade, as alterações climáticas, a sustentabilidade e os desafios tecnológicos e digitais que manterão a RDD com vitalidade, dinamismo e capacidade de resposta a constantes mutações. Assim, sustentados na Memória, com os olhos no Futuro, queremos traçar novos rumos. Os destinatários serão gestores das empresas vitivinícolas, viticultores, enólogos, juristas, sociólogos, historiadores, economistas, e todos os cidadãos interessados e implicados nas áreas temáticas assinaladas. Além de intervenções com vincado cariz científico, haverá espaço para apresentações breves, com carácter de divulgação, orientadas para a prática quotidiana das empresas, ou para a apresentação rápida de projetos em desenvolvimento,
em que se mostre o que de mais promissor se faz para o progresso do setor vitivinícola. As visitas técnicas a empresas na Região Demarcada do Douro constituirão uma oportunidade para um contacto direto com a realidade vitivinícola. O Congresso contará com um conjunto de eventos paralelos, concretamente, a Hackathon Douro & Porto, o Concurso internacional de fotografia Douro Património Contemporâneo memória com futuro, a realizar em parceria com o Museu do Douro, o Concerto das Vindimas, cujo programa, pela forma como foi idealizado, permite a confrontação ou diálogo entre estéticas opostas, e sobretudo estabelecer ligações entre o passado e o presente, perspetivando o futuro. Haverá ainda lugar a uma edição especial do my PORT WINE day, a 10 de novembro. Estamos certos de que este evento constituirá uma oportunidade de progresso, de diálogo, de inclusão, um momento para um novo olhar sobre o Futuro.
O caráter evolutivo e vivo do Alto Douro Vinhateiro: desafios do seu ordenamento e gestão conferem a esta região autenticidade e integridade. Foi pioneiro na conciliação das dinâmicas próprias de uma região antiga, produtiva e de elevado valor cultural com um setor económico focado na modernização e na competitividade. Decorridos 10 anos, a Comunidade Intermunicipal do Douro aprovou nas respetivas Assembleias Municipais um novo Plano, adequando-o às novas dinâmicas socioeconómicas, sempre visando o desenvolvimento sustentável do território. A sua elaboração foi muito participada e contou com o contributo dos principais atores públicos e privados do território, num exercício que evidencia a importância do trabalho em rede, em particular, quando se está perante um Bem com a dimensão e complexidade do Douro Vinhateiro. O PIOTADV é um instrumento fulcral para a gestão integrada e adaptativa do ADV Património
da Humanidade, em consonância com seu caráter evolutivo e vivo. Merecem destaque as intervenções para a plantação ou replantação da vinha, a reconstrução dos socalcos, dos muros de xisto, a valorização dos matos e matas, das culturas mediterrânicas, das galerias ripícolas, dos mortórios, entre outros. Este enquadramento tem permitido, na última década, investimentos que ascendem aos 300 milhões de Euros proporcionando a plantação e reconversão de aproximadamente 19.000 hectares de vinha. Também o investimento na salvaguarda dos valores patrimoniais vernáculos como muros de pedra, “cardenhos”, calçadas e mortórios permitiu, a título de exemplo, a recuperação de mais de 200 casebres e a manutenção de 5000 km de muros. Para o sucesso desta gestão contribui, decisivamente, a apropriação crescente do valor pa-
trimonial e económico da chancela UNESCO pelos atores regionais, em grande parte resultante das ações de sensibilização efetuadas pela equipa da Missão Douro da CCDR-N em parceria com a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, no contexto de uma monitorização proativa e continuada. Sublinha-se que, em termos de Ordenamento do Território, e num momento em que se discute a necessidade de acautelar os termos em que se opera o uso, ocupação e transformação do solo rústico e da paisagem, interessa salientar o caráter inovador e criativo com que, desde 2003, se ordena e gere o Douro Vinhateiro, num desafio constante que procura respostas estruturadas e adaptativas, que assegurem o caráter do mosaico desta paisagem, a sua rentabilidade e só assim, a sua salvaguarda, boa resposta social e a adequada resiliência.
MARÇO 2020
VIVADOURO
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Lazer RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego Pão-de-ló com Noz
INGREDIENTES 5 Ovos 15 Gemas 250 gr açúcar 190 gr farinha 100 gr miolo de Noz
PREPARAÇÃO Bater as gemas com os ovos juntamente com o açúcar até duplicar a quantidade. De seguida juntar a farinha envolvendo com cuidado. Juntar o miolo de Noz. Numa forma de barro própria forrar com papel de almaço. Verter o preparado e levar ao forno a cozer durante 40 minutos a 220º
Piadas de bolso: Diz ele para ela: - Posso não ser rico, não ter dinheiro, apartamentos e carros de luxo, ou empresas, como o meu amigo Anastácio, mas amo-te muito, adoro-te, eu sou louco por ti! Ela olhou-o com lágrimas nos olhos, abraçou-o como se o amanhã não existisse e disse baixinho ao seu ouvido: - Se me amas assim tanto de verdade, apresenta-me o Anastácio! SOLUÇÕES: Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora
210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: Predisposição para namoriscar ou reavivar um amor, através do qual irá exprimir os seus sentimentos de uma forma muito sincera. Saúde: Poderá passar por uns dias de grande nervosismo sem que consiga definir muito bem a sua origem. Dinheiro: Será um bom período para fazer algumas alterações profundas na sua vida. PUB
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