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Murça Casa Museu Soldado Milhões inaugurada em Murça

Foi inaugurada, dia 10 de abril, a Casa-Museu Soldado Milhões, um espaço de homenagem ao herói português da Primeira Guerra Mundial que o Presidente da República classificou "não só como um espaço de homenagem, mas também como um espaço de futuro".

As cerimónias começaram na vila de Murça, junto ao busto do Soldado Milhões com uma homenagem aos mortos e a deposição de uma coroa de flores por Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado do autarca murcense e do Chefe de Estado-Maior do Exército.

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Em seguida a comitiva deslocou-se para Valongo de Milhais, freguesia de onde era natural Aníbal Augusto Milhais que há 105 anos, em La Lys, França, assegurou a retirada das tropas que estavam sob intenso fogo inimigo. Na época, recebeu a mais alta condecoração militar.

“Ele foi um herói único e singular que felizmente foi possível fazer a sua história”, afirmou o Chefe de Estado, no discurso durante a inauguração da Casa Museu, criada na habitação onde viveu.

O Comandante Supremo das Forças Armadas disse que fez questão de se associar à homenagem, e de, através do soldado herói transmontano, homenagear também as Forças Armadas.

“Muitas vezes nós não somos justos em relação aos nossos heróis, não é só os nossos heróis militares, os heróis todos, não somos, distraímo-nos, mas em relação às Forças Armadas às vezes distraímo-nos na homenagem que lhes prestamos”, salientou.

Aníbal Augusto Milhais foi, salientou, “tão excecional” que até foi condecorado com a Ordem Militar de Torre e Espada, a mais importante condecoração portuguesa, “imposta à frente de 15 mil soldados no campo de batalha pelo futuro Marechal Gomes da Costa”. “Isto é raríssimo”, frisou.

Milhais, que passou a ser conhecido como Milhões após a expressão do Comandante Ferreira Amaral “Tu és Milhais, mas vales milhões”, foi um soldado raso que combateu na Primeira Guerra Mun- dial e ganhou fama quando se bateu sozinho contra os alemães para ajudar à retirada das forças aliadas, durante a Batalha de La Lys.

Após a guerra e a condecoração, o soldado regressou à sua terra natal, tornou-se agricultor, casou e teve nove filhos, sete dos quais chegaram à idade adulta.

A sua casa na aldeia de Valongo de Milhais, cedida pela família à autarquia, foi recuperada para ser transformada num centro interpretativo onde se pode conhecer a sua história, a vida da época na localidade e momentos da Grande Guerra.

Para o autarca murcense, Mário Artur Lopes, a Casa-Museu tem como "missão perpetuar a memória do herói Soldado Milhões".

O edil referiu ainda que esta obra "era um desejo antigo da população local, da família e da autarquia, tornando-se importante para a autoestima e respeito do sentir mais profundo das mulheres e homens do nosso concelho".

Mário Artur Lopes afirmou ainda que espera que o espaço sirva "para dar nota aos vindouros de outros aspetos, bem vastos e preenchidos da vida e labuta pessoais de um homem simples do interior transmontano que iam muito para além dos seus conhecidos feitos militares".

"Quando utilizamos a expressão: Murça, Terra de Heróis, estamos implicitamente e obviamente, a projetar em todos e em cada um de nós a vida e obra do mais condecorado soldado português de todos os tempos", explicou o autarca.

A concluir a sua intervenção, Mário Artur Lopes afirmou que o dia foi "de alegria. Esta casa renasce tal como Fénix para continuar a perpetuar a história de Aníbal Augusto Milhões e através dele os 127 militares murcenses e os milhares de portugueses que combateram nesta guerra".

Presentes nas cerimónia estiveram ainda dezenas de populares, militares e familiares do Soldado Milhões.

Aníbal Augusto Milhais morreu aos 75 anos em Valongo, a aldeia do concelho de Murça que adotou o nome de Milhais em sua homenagem.

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