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valor e partilhá-lo de forma justa!

gueiro, foi, durante décadas, dinheiro, bom dinheiro em caixa para os agricultores.

Na minha infância, carregando cestos de histórias ouvidas, imaginei-me muitas vezes a subir e a descer os socalcos do Douro. Ao vivo senti a importância da baga para as pessoas. Acreditavam em quem os incentivava a plantar um arbusto que dava o fruto negro e nem sabiam sequer para que servia e, por isso, a razão de o pagarem tão bem.

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Estes contextos, certamente, plantaram em mim uma particular identificação com estas duas plantas, o sabugueiro e a vinha, e com as pessoas que trabalham realmente as coisas, e as produzem.

Quanto à baga do sabugueiro, atualmente está numa regularidade inquietante, suportada num circuito de baixo valor acrescentado. A baga não pode continuar num processo de zero industrialização, já nem a desidratamos por cá, sendo exportada em camiões que, naturalmente, transportam uma grande quantidade de água, (ou seja, baga madura esmagada congelada). Processo com imensos custos que, obviamente, acabam por diminuir e muito o preço pago ao agricultor. O processo simplificou as tarefas mas retirou valor ao trabalho dos agricultores.

O que fazer?

Precisamos continuar a tudo fazer para que se passe para os agricultores mais valor, ou então, será uma cultura em desaparecimento. O segredo está no aproveitamento do sabugueiro como grande fonte de produtos de muito valor( diversidade no aproveitamento da baga – em particular como produto gourmet, farmacêutico, corante alimentar, etc. mas também da flor, da folha, da casca).

Quanto às uvas, nestas terras mais altas do lado sul do Douro, há séculos a vinha foi sendo uma cultura privilegiada para o aproveitamento da terra e da sua exuberância. Mais nas localizações de menos altitude ou com melhor exposição solar, mas era a cultura mais relevante.

Na minha ingenuidade, tinha para mim de que o trabalho na vinha não era trabalho, era um ritual de criação.

Sem ingenuidade, fomos todos assistindo ao abandono da vinha. Claudicaram algumas estruturas que faziam bons vinhos, muito particularmente brancos, por exemplo a cooperativa do Vale do Varosa. Os viticultores ficaram com a procura reduzida e muito incerta.

Atualmente, na vinha, nas uvas, vivemos um tempo de expectativas.

Este território tem uma região demarcada de DO - denominação de origem, de espumantes e vinhos tranquilos, Távora Varosa!

A autóctone Murganheira, que me fazia em miúdo, nas tantas vezes que passava na Abadia Velha, ficar incrédulo pelo buraco que estavam a escavar por lá para fazerem viver, no seu interior, milhões de garrafas, (nas caves de granito), e também a ficar tempos infinitos a ver as explosões fantásticas (agora sei que essa operação se dorf, são uma grande montra mundial constituindo, por isso, um palco privilegiado para a realização de negócios. O interesse demonstrado pelo setor em participar nestes certames torna-o num dos maiores investimentos do IVDP, IP em termos de promoção internacional, procurando trazer mais-valias para os agentes económicos da Região Demarcada do Douro e para a sua notoriedade e prestígio além-fronteiras. Desta forma valorizam-se as marcas Douro e Porto potenciando Portugal no mundo. ○ apelida de degorgement, no caso, à lá volée), é a grande referência de criação de valor, económico, social e reputacional. Para mim é a estrutura identitária deste território e vejo a Murganheira como a bandeira da excelência. A bandeira que devia, em todas as dimensões do desenvolvimento, estar bem presente para corretas opções estratégicas.

Outros agentes económicos que vinificam e engarrafam, a já incontornável Terras do Demo, por exemplo, também com excelência, são já certeza. E deseja-se que apareçam outros para se reforçar a esperança.

O que fazer?

Há uma premissa relevante, o futuro estará na confiança e previsibilidade que consigamos dar aos viticultores. O futuro será certamente de consolidação da qualidade, de abertura ao novo, ao diferente, mantendo a qualidade, de saltar barreiras de comunicação. Estará também na sustentabilidade ambiental e, muito muito, na garantia de que se passará para os agricultores a parte justa do valor acrescentado. Felizmente altíssimo valor acrescentado.

A região precisa de crescer, ganhar relevância no contexto nacional e internacional, e, para isso, precisa de mais, e sempre melhor, vinha. O interior, estas terras pobres em almas, são ricas de oportunidades. E se quisermos podem ser terras de muita excelência.

Para lhes darmos futuro, precisamos de Acrescentar Valor e partilhá-lo de forma justa! ○

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