A História da empresa de camionagem passageiros Setubalense

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CADERNO APONTAMENTOS

A História DA EMPRESA CAMIONAGEM PASSAGEIROS SETUBALENSE (João Cândido Belo & Cª ldª)

O AUTOR

JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)


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Titulo: A História Da Empresa Camionagem Passageiros Setubalense (João Cândido Belo & Gª Ldª) Tipo de Texto Caderno de Apontamentos: Forma de Encadernação: Brochado Autor: Gameiro, José Agosto: 2021 Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 64 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704

************************ O Autor não segue o Acordo Ortográfico de 1990 ************************


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O MEU CONTRIBUTO No verão daquele ano de 1957, quando entrei para o serviço da setubalense tinha acabado, em abril, de fazer 13 aos de idade. Fui ocupar o lugar na central das carreiras, em Salvaterra de Magos, Era um serviço de mercadorias, que a firma ainda mantinha, com os Caminhos de Ferro (CP), através da estação de Muge e, estava incluído na compra, em 1948, do alvará do transporte colectivo de passageiros, à família Anastácio de Benavente. Aos mais velhos, motoristas e cobradores, e mesmo ao fiscal; Fábio Pedro Branco, que já tinham servido a Benaventense e transitado para o serviço da empresa da família Belo, de Vila Fresca de Azeitão (Setúbal), ouvia entre várias histórias, uma mais consistente; o João Cândido Belo, tinham começado a sua vida de empresário, nas carreiras, com um pecúlio amealhado quando ainda tinha vida ligada ao transporte de peixe no porto de Setúbal, e não esqueceu os irmãos nesta nova actividade. Estive ao serviço, daquela empresa cerca de 15 anos, e sempre me interessou saber a origem das carreiras em Salvaterra, e lá registei as pesquizas feitas, no meu livro, Os Transportes Públicos de Passageiros “Da Diligência ao Automóvel - viagens


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até ao Cabo”. Anos depois, sempre acompanhei de perto em saber desta empresa, que um dia foi a minha entidade empregadora, até que o PREC, uma fase decorrente do processo, do 25 de Abril de 1974, lhe trouxe a nacionalização e pós-nacionalização, até que levou ao desaparecimento da Setubalense, no mercado da oferta no serviço de passageiros. Li autores e compilei vários textos, até que deixo o meu contributo, neste Caderno de Apontamentos. Agosto 2021 José Gameiro


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A ORIGEM DA TRANSPORTADORA SETUBALENSE (João Cândido Belo & Cª Ldª)

*A SUA HISTÓRIA* A origem da Empresa de Camionagem de Transportes Colectivos de Passageiros Setubalense, ao longo dos anos, despertou o interesse de alguns autores, e foi descrita de forma diferente entre eles, destaco: Eduardo Vasco (1), e José Leite (2), que se debruçaram na recolha de elementos para compilarem documentos desta firma que tendo poucos alicerces quando aparece no mercado do transporte colectivo de passageiros, numa área restrita como Setúbal, e era a maior do país quando das nacionalizações desta industria, em 1975, através do Decreto-lei 280-C/75, de 5 de Junho daquele ano.


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No nosso caso, como na adolescência iniciamos a vida laboral, nesta empresa, em 1957, em Salvaterra de Magos, era voz corrente entre alguns empregados mais antigos que, João Cândido Belo, iniciou em 1925, com a Transportadora Setubalense, o trabalho de transporte numa carroça, de caixas de peixe na praia de Setúbal. Outros dizem, que seu pai; José Sertório Belo, é que fazia aquela exploração, e seus filhos; João Belo, José Belo, António Belo e Luís Belo, procediam ao transporte de mercadorias entre Sesimbra e Lisboa. Depressa João Belo, na posse de algumas economias, compra um carro mecânico, em 28 de Julho de 1928, dá sociedade aos seus dois irmãos; José e António Belo, e altera o nome da empresa para “A Transportadora Setubalense” de João Cândido Belo & Cª Ldª. e sediou a mesma em Vila Fresca de Azeitão (Setúbal). Em 1932, inicia a expansão da empresa no transporte colectivo de passageiros,


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comprando parte da “Empresa Auto Cars Setubalense”, pelo valor da divida que esta tinha para com João Cândido Belo. aceitando como sócio Humberto da Silva Cardoso, que ficou com a parte restante da daquela pelo mesmo motivo, que estava falida. Humberto Cardoso, era proprietário da “Empresa Auto-Cars Piedense”. Em 1938, inicia o alargamento da Empresa Setubalense, comprando a Empresa Setúbal-Outão, de Olímpio Moreira dos Santos. Em 1940 dá-se a grande expansão para o Alto Alentejo, para explorar a carreira Barreiro-Évora, uma concessão da CP, consegue obter o alvará.


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Entusiasmado e empolgado com a ideia, consegue que em Lisboa – a C Santos, firma conceituada no ramo automóvel, lhe conceda apoio num Carro de transporte de passageiros, que quando aparece em Setúbal pintado de verde e branco faz furor entre os utentes. A SUA CHEGADA AO RIBATEJO Em 1948, comprou o alvará da “Empresa Viação Benavente”. uma pequena firma, que também servia o concelho de Salvaterra de Magos e chegava a Coruche. Tal negócio, tinha em vista esperar a construção da Ponte sobre o rio Tejo, em Vila Franca de Xira. Com a inauguração daquela passagem sobre o rio, a 30 de dezembro de 1951, deixou de ser o velho pontão de embarque que servia as duas margens, ficando assim criadas condições para o início das viagens directas dos passageiros, desde Coruche até Lisboa (Avª Defensores de


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Chaves), uma vez que Salvaterra estava ligada a Santarém. capital do distrito ribatejano, no transbordo na estação do caminho de ferro em Muge, com a empresa Ribatejana.

No Ano de 1952, as 133 viaturas da setubalense fizeram 4.687.564 quilómetros. Em 1956, 28 anos depois os seus carros percorriam cada ano mais de seis milhões de quilómetros por ano, possuindo 167 viaturas, abrangendo a sua área, seis províncias, oito distritos e 380 localidades. Por esta altura tem 542 empregados. Foi a primeira empresa da camionagem a realizar um circuito turístico – a famosa volta dos 3 castelos! Com uma ta número de colaboradores, que para a época recebiam vencimentos mensais acima da média então pagos, pelas outras empresas sediadas no pais. A Transportadora Setubalense, aproveitava o tejadilho das viaturas, transportando


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mercadorias (pequenos volumes), e as bagagens dos passageiros, além, das bicicletas, transporte muito usual nas terras

da Lezíria ribatejana. Em 1971, a Empresa Setubalense, entra finalmente em grande extensão, com a compra da Ribatejana. Ld*, de Santarém, Camionagem Vilela, de Marinha Grande, e Empresa Claras, de Torres Novas. A Setubalense vinha por dentro das zonas do Alentejo e Ribatejo, onde ligada diariamente, as populações desde Lisboa/ Coruche/ Mora e Évora. Especialmente aos sábados, eram feitos desdobramentos, tal era a procura a determinadas horas pelos passageiros.


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O CONVIVO SOCIAL A empresa realizava anualmente uma iniciativa social, uma forma de convivo que mantinha num dia da semana. Dezenas e dezenas de autocarros da empresa, vindos desde o Algarve, Alentejo e Ribatejo, com os seus trabalhadores e familiares, visitavam zonas de Monumentos e Praias do Centro do país, chegando mesmo ao Santuário de Fátima. As leis das nacionalizações – a lei; constitucional 6/75, de 26 de março, e a lei 280-C/75, de 5 de junho em 1975, que foram o embrião da RN-Rodoviária Nacional, E.P., que entrou ao serviço com exploração publica em 1 de junho de 1976, incluiu as empresas dos transportes colectivos de passageiros, que operavam em Portugal. A Setubalense (João Cândido Belo ª Cª Ldª), também estava incluída entre as cerca de 94 empresas (incluindo as de carga), o seu património imobiliário foi rolado com mais


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577 viaturas e mais de 2.000 empregados, ficando integrados na (RT) Rodoviária do Tejo, SA – CEP 4, e (RA) Rodoviária do Alentejo, SA – CEP 8 NO APÓS-PRIVATIZAÇÃO Com o processo da alineação da RN, que decorre de 1992 a 1995, a Rodoviária do Alentejo tornou-se na Belos Alentejana, Belos Ribatejana e Belos Setubalense, depois da família Belo ter deixado o consórcio com a Barraqueiro (no início de 2000), a Belos Alentejana tornou-se novamente na Rodoviária do Alentejo (na sua frota é identificada simplesmente como Rodoviária), a Belos Ribatejana tornou-se na Ribatejana e as operações da Setubalense fazem agora parte dos TST. *José Gameiro


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BIBLIOGRAFIA USADA: ***** Nota: (1) – José Leite (Restos de Colecção) 10.11.2016 (2) Blogue: Henrique Canallis Pereira Crónica Nº 5 de Eduardo Vasco (3) Livro: José Gameiro * “A Transportadora Setubalense” de João Cândido Belo & Cª Ldª – Uma presença no Ribatejo (2007) * edição em José Gameiro Issuu (4)*www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt 30,09.2009 – Os Transportes Públicos de Passageiros – Da Diligência ao Automóvel – viagens até ao Cabo

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