2ª Edição
Colecção “Recordar, Também é Reconstruir” Caderno Nº 07
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JSE GAMEIRO Caderno N
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FICHA TECNICA: Título: A ORIGEM DO CLUBE ORNITOLÓGICO DE SALVATERRA DE MAGOS - COSM *SUA HISTÓRIA ª Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR! Tipo de Encadernação: Brochado Data: Março de 2007 Data: MARÇO DE 2007 * Reeditado 2011 em PDF Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 505 178 * Telem 918905704 Editado : Papel Brochado – A5 - PDF “www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt” **************
O Autor não segue o Acordo Ortográfico de 1990 **************
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O MEU CONTRIBUTO A ornitófilia desportiva, vem do gosto de criar e manter aves em cativeiro, muitas das vezes ajudando a conservar as espécies em vias de extinção, introduzindoas depois no habitat natural. A selecção metódica entre “primus pares” leva a que se encontrem exemplares de uma beleza tal que, os criadores nos tempos modernos, através das suas associações todos os anos os mostram em exposições-concursos locais, nacionais e até mundiais. Em 1991, depois de algumas mostras de aves, realizadas no antigo edifício escolar, que depois foi biblioteca municipal, nasceu o Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos- COSM, colectividade, que em poucos anos veio ocupar um lugar de grande relevo na organização do desporto ornitófilo em Portugal. O autor, também ajudou no aparecimento da estrutura federativa-AOSP, organismo até aí desconhecida em Portugal, pois o hoby ornitófilo era apoiado pelos poucos clubes que existiam no país. Porque foi um trabalho de grande persistência de um punhado de criadores, a sua divulgação já fez parte do Caderno de Apontamentos, incluído na colecção” Recordar, Também é Reconstruir”. Agora, com um texto ampliado e actualizado, e porque os seus associados bem o merecem, vamos publicá-lo nas páginas seguintes em formato online, fazendo assim um registo histórico desta colectividade.- COSM, não deixando de registar num pequeno anexo, a minha passagem pela criação do canário Arlequim Português Maio: 2011
O Autor JOSE GAMEIRO
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Os Primeiros Tempos da Avicultura em Portugal ! Decerto que as descobertas de novas terras, levadas a cabo pelos navegadores portugueses, no séc. XVI, são um marco importante para a criação e estudo das aves exóticas em Portugal. A partir, daquela epopeia marítima, nós os portugueses contactamos pela primeira vez, com novas aves cheias de exotismo que, passaram a fazer parte dos carregamentos das caravelas, quando do seu regresso à Europa. De inicio apenas a realeza, tinha acesso a tão fascinantes aves, e outros animais de pelo, porque o povo, esse só muitos séculos depois a eles teve acesso mais directo, em exposições. Entre essas aves, os canários, aves da espécie dos Carduelios, vieram das ilhas oceânicas da Madeira e Açores, e das Canárias, cujo nome mais tem a ver por ser também lugar de habitação daqueles animais caninos. Em Portugal, o rei D. Manuel I, coleccionava animais de pena, e quando ofertava algum, tinha a delicadeza de informar – vieram das terras longínquas!
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Assim, este rei de Portugal, nos seus contactos políticos, com o Papa Leão X, enviou para Roma, como presente, em bem acondicionadas cestas de verga; Pavões, Faisões, Araras, Avestruzes e Canários, quando da embaixada portuguesa chefiada por Tristão da Cunha. Os galináceos de Timor e África, com os Palmípedes, eram as mais usadas nas amostras da corte portuguesa.
II AS PRIMEIRAS EXPOSIÇÕES EM PORTUGAL Considera-se que o ano de 1903, foi o marco inicial das exposições públicas de aves em Portugal, e que tiveram lugar na cidade de Lisboa, levadas a cabo pela rainha D. Amélia, com a colaboração da Real Sociedade de Horticultura. Algumas fontes, sustentam que foi D. Pedro V, que fez a primeira amostra de aves e, tudo indica que o modo regular destes eventos no nosso país, teve lugar em 1907. No Largo do Chiado, em Maio de 1911, a comissão de avicultura da Associação Central de Agricultura Portuguesa, fez a sua exposição de aves e na sua inauguração contou com a presença do ministro, Dr. Brito Camacho. Esta comissão de avicultores, era constituída por: Dr. José Freire Andrade, Carlos Zeferino Coelho, José Diniz, Luiz Vasconcelos, José Rumina, Dr. Carlos Almeida Afonso e Leopoldo Cardeira.
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A última exposição levada a cabo por esta comissão, teve lugar em Maio de 1936, na Tapada da Ajuda. Também em Outubro daquele ano, o Grémio de Canaricultores Portugueses, que foi fundado um ano antes, organizou a primeira exposição de aves canoras e de ornamentação. Naquele tempo estava instalado o hábito do “passarinheiros” criarem as suas aves sem selecção e em grandes viveiros. No campo da ornitologia, foi um dado novo o aparecimento de exposições – aves de canto e ornamentais - onde os exemplares tinham lugares individuais. Em 1957, o “Grémio”, dá lugar à Associação de Avicultores de Portugal (AAP), e esta recebe a honra de organizar em Lisboa, o V Campeonato Mundial, um certame da “Conferedation Ornithologique Mondiale”, organismo cúpula internacional da ornitologia desportiva. Pela pronta e boa organização deste certame, logo aos portugueses lhe são cometidos outros eventos internacionais, nesta área. O VII Campeonato Mundial da C.0.M., em 1959 e, o XII em 1966 que teve nos novos pavilhões da Feira Internacional de Lisboa – FIL.
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Um outro ainda, em 1970, foi realizado na capital, o XVIII – que deixou recordações, pelas novas mutações de exemplares ali expostos. Aos criadores do Norte do país, também foram solicitadas organizações a nível internacional., o I grande prémio Internacional do Porto (1960), Prémio Avícola do Porto (1960)., o II Grande Prémio Internacional do Porto (1962) e, o II Grande Prémio Internacional Avícola do Porto no mesmo ano. Por último na cidade da Maia, em Janeiro de 2001, teve lugar um outro campeonato mundial de ornitologia.
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III OS CRIADORES DE AVES EM SALVATERRA ! Por volta de 1950, na vila de Salvaterra de Magos, os passarinheiros ainda usavam as armadilhas, à base de duas palas de rede de pesca, que caíam uma sobra outra (depois de puxadas) – um método que vinham de à muitos anos atrás – para capturarem em terrenos abertos, onde faziam um pequeno buraco com água e, na sua volta colocavam alpista com outras sementes, como engodo. Os barqueiros mais jovens, dedicavam-se nos terrenos junto à Vala Real, a esta forma de apanhar as aves, da fauna europeia, especialmente o verdelhão, e o se primo, o pintassilgo, por serem pássaros canoras, que eram muito solicitadas pelas casas de venda de aves, existentes pela ribeira de Lisboa. No concelho de Salvaterra de Magos, naquele tempo a floresta, ainda aqui tinha grandes manchas, onde se viam muitos bandos, de Corvídeos como: Os Gaios, Corvos, Pegas e Gralhas. Por serem aves imitantes da voz humana, era tradicional, à porta de uma taberna ou de uma oficina de sapateiro, uma daquelas aves, já “domesticada”, respondendo aos insistentes pedidos dos clientes, ou de quem passa-se na rua. Uma pequena gaiola de madeira, era usual ver-se em qualquer residência, com um canário. O periquito, também tinha entrado
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nos hábitos domésticos à já muitos séculos, desde que o naturalista inglês John Golden, os estudou e os trouxe da Austrália. A indústria do plástico, ao revolucionar com o aparecimento de gaiolas naquele material, o criador passou a dispor destes acessórios mais funcionais e leves, também apropriados para a criação em sistema individual. Não sendo ainda um hábito, anilhar as aves, até para o seu estudo genealógico, em 1988, o autor deste trabalho, já com muita prática na columbofilia, filiou-se num clube existente em Lisboa – Associação de Avicultores de Portugal-AAP, e na Primavera desse ano, anilhou as primeiras crias nascidas. Depressa, em Salvaterra alguns criadores, se interessaram por estes sistema, pois sendo um método seguro, quer para a identificação permanente, quer no registo de pedigree.
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III AMOSTRAS DE AVES
em Salvaterra de Magos.
De 1988 a 1990, José Gameiro, António Pires Gomes e Jorge Manuel Marreiros, tomaram a iniciativa de organizar as primeiras mostras de aves
O espaço disponível, foi a biblioteca municipal, cedida pelo executivo camarário, para estes certames, pois era o prelúdio de uma grande “caminhada” da ornitologia desportiva nesta vila ribatejana. A participação de diversos pássaros como: Canários, Psitacídeos, Exóticos, Columbídeos e Palmípedes, e o grande número de visitantes, foram o mote para a constituição de uma associação de criadores.
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IV NASCEU O CLUBE ORNITOLÓGICO DE SALVATERRA DE MAGOS- COSM Em 21 de Março de 1991, José Rodrigues Gameiro, António Pires Gomes e Jorge Marreiros, reuniram um pequeno grupo de criadores, especialmente de canários, no cartório notarial de Salvaterra de Magos, assinam a escritura pública da fundação do COSM. SÓCIOS INICIAIS Por necessidade dos estatutos, e antes das primeiras eleições, aderiram como iniciadores deste hoby, os associados: “José Rodrigues Gameiro, Jorge Manuel Dâmaso Marreiros, António Manuel Pires Gomes, Carlos Alfredo T. Matias (Dr.), Maria Conceição da Silva Gameiro, Fernando Manuel Ferreira da Silva, António Miguel Rodrigues Gameiro, João Dias Cabral (Dr.), João Manuel Gomes Delgado, José Manuel Matias Coelho, João Luís Rodrigues e Ângelo Miguel da Silva Gameiro” A SUA IDENTIFICAÇÃO Esta associação, ao abrigo dos seus estatutos, possui um brasão
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(emblema) representativo: Usa o brasão municipal e, a encimar os lados da faixa em branco, o nome do clube: Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos-COSM, aparecem dois canários de cor amarela, no centro um falcão, ave emblemática da antiga arte de falcoaria real, em Salvaterra de Magos. SEDE DO CLUBE A sede da colectividade, foi inicialmente instalada na rua Alm. Cândido dos Reis, numa sala cedida no antigo edifício da creche paroquial, graças à colaboração do padre Agostinho de Sousa. Foi uma situação verificada durante quatro anos, e devido ao já elevado número de sócios que se vinha registando, o COSM deixou de utilizar aquele edifício paroquial. As gaiolas de exposição, património que as direcções, vinham enriquecendo anualmente o clube, e outro material acessório, foram recolhidos em instalações camarárias a titulo precário. O clube esteve longo tempo sem sede social, e numa iniciativa do associado Fernando Ferreira da Silva, foi alugada uma velha casa na Av. José Luís Brito Seabra (frente ao antigo palácio da falcoaria).
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Em 2001, a direcção eleita sob a chefia de José Luís Lamarosa Ferreira, num trabalho de grande entusiasmo, leva a cabo naquela velha habitação, as necessárias obras, instalando a sede da colectividade, até porque o elevado número de associados justificava-o. EXPOSIÇÕES A I Exposição de aves canoras e ornamentais, teve lugar em 1991, no pavilhão da escola secundária – Dr. Gregório Fernandes - situação que se verificou durante os três anos seguintes.
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Desde 1998, aqueles certames passaram a efectuarem-se nos celeiros da EPAC, local cedido pela câmara municipal, situação ainda verificada em 2001, A procura por centenas de criadores, vindos de todo o país, esgotavam os espaços com a presença de milhares de aves, quer em exposição, quer na secção da feira, pois o COSM, já era um marco credível na ornitologia nacional.
V PARTICIPAÇÃO ASSOCIATIVA No ano da primeira eleição, o presidente da direcção: José Gameiro, em sucessivas reuniões a nível regional e nacional, participou na criação de uma Federação Ornitológica, para Portugal, bem como na implementação de um Stam nacional para os criadores portugueses. Foram criadas duas Federações as: Associação Ornitológica do Norte de Portugal- AONP, e Associação Ornitológica do Sul de Portugal- AOSP, que se registaram na COM-MUNDIAL. A primeira passou a representar, os clubes existentes no norte do país, até Rio Maior. A segunda, todos os clubes desde aquela cidade até ao sul, e ilhas. Numa primeira fase, os criadores filiados no clube de Salvaterra – passaram a usar o Stam COSM - elemento de identificação, agora incluídos nas anilhas oficiais. Algum tempo depois, a associação do sul, mudou a sua sigla para FOSIP. Nos primeiros tempos, o abrigo
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dos estatutos do COSM, as direcções chefiadas por José Gameiro, levaram a acabamos várias iniciativas de carácter cultural. No auditório da Escola Profissional de Salvaterra de Magos, teve lugar um colóquio sob o tema “AVES EM CATIVEIRO UM HOBY DESPORTIVO”, onde foram convidados e participaram credenciados juízes portugueses, com crédito internacional. No edifício da Escola Preparatória, da terra, com a cedência de material para exposições e aves, o COSM, participou por intermédio do deu presidente, José Gameiro, numa palestra sobre o tema, “Comece pelo Principio !”, tentando ajudar os alunos num seu primeiro contacto com diversos pássaros. criados em cativeiro. RECUPERAÇÃO DE AVES O COSM, como consta nos seus estatutos, está disponível para o estudo e ajudar na recuperação de aves que sejam vítimas de acidente, o que já aconteceu muitas vezes, através da colaboração dos vigilantes da natureza, sediados em Coruche, as leva para o Centro de Recuperação de Aves – Boquilobo/Golegã. Aves como: Falcões, Tordos, Andorinhas, Pombos, Abatardas, Melros, Corujas e Mochos, são algumas das espécies recolhidas.
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Diário República * III Série * Nº 19 – 23.1.1992
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BIBLIOGRAFIA USADA. * Revistas da Associação dos Avicultores de Portugal (AAP) * Jornal do Vale do Tejo (JVT) * Texto O COSM e a Ornitologia em Salvaterra de Magos *Autor (historiasalvaterra.blogs.sapo.pt)) * em 3 de Maio de 2010 FOTOS USADOS: * pág. 6 – Edifício da Biblioteca Municipal, onde se realizou a primeira exposição/mostra de Aves * pág. 8 – Emblema/símbolo do Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos –COSM * Edifício, onde funcionou a primeira sede do Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos. * pág. 11 Aves Expostas na Mostra realizada na Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos e seus Organizadores * pág. 12 Cartaz da 1ª Mostra realizada que antecedeu a fundação do COSM - Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos Pág. 15 Um grupo de sócios do COSM, na preparação da 1ª exposição de aves, realizada no pavilhão da Escola Secundária de Salvaterra de Magos – 1991 * Directores do COSM e Juízes classificadores ,na Exposição de 1998 * Preparativos da Iluminação nocturna - 1ª Exposição de aves – Escola Secundária, 1991 *pág. 16 - Uma Águia Cobreira, encontrada na zona de Coruche, com uma asa partida - entregue nos Centros de Recuperação de aves
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ANEXO: UMA SINGELA HOMENAGEM A DIVULGAÇÃO E MOTIVAÇÃO NA CRIAÇÃO DO CANARIO ARLEQUIM PORTUGUES
Era eu, o Presidente do COSM e, vinha dando alguns passos importantes na criação do canário Arlequim Português, depois que li alguns trabalhos na Revista da AAP, procurei inteirar-me junto do Prof. Dr. Armando Moreno, um grande apaixonado pela Ornitologia, grande impulsionador no aparecimento do Arlequim, pois tinha em mãos o estudo que motivada à longos anos, e que mostrava à luz da divulgação publica, na década de 8. do séc. XX. Um dia, conheci-o pessoalmente, numa reunião onde se discutia a reorganização dos clubes existentes no país, e o Stam que cada colectividade passava a usar nas anilhas oficiais das aves. ficamos mais próximos nos nossos contactos pessoais. Tendo Armando Moreno, em mãos a fundação do CCCAP – Clube Criadores Canários Arlequim Português, tentou rodearse de criadores que já vinham mostrando gosto na criação do tipo de ave que tinha em vista ser uma realidade, tanto em Portugal, como no munto afecto a esta criação, pois aqueles anos de intensa pesquiza, e cruzamentos, iam mostrando-lhe uns novos “estalões”, na sua morfologia.
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A existência da colectividade, segundo ele, era o suporte para o trabalho de investigação, pois estava para breve agendada uma apresentação em exposição nacional, e haveria necessidade de existirem mais criadores, afim de se evitar a consanguinidade apertada e se conseguir outras selecções de tipos. Em correio que me foi endereçado, da sua morada de Carcavelos, foi-me atribuído o Nº 24, de associado, o que juntei ao Nº 139 da AAP – Associação de Avicultores de Portugal e ao Nº 001 do COSM – Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos, tal era o entusiasmo e gosto que vivia a causa ornitológica. O estudo e criação desta nova ave que estava motivando todo o mundo da canaricultura nacional e mundial, depressa viu aquela associação de criadores, transformar-se em Clube do Canário Arlequim Português. A sua nova estirpe de canários foi exposta, em 1997, na 43ª exposição da AAP, onde esteve presente perante um colégio de Juízos que a aprovou. * José Gameiro
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ARMANDO MORENO Nasce a 19 de Dezembro de 1932 na cidade do Porto, sendo baptizado na Igreja da Freguesia de Santo Ildefonso. Passa a viver com seus pais na Rua de Sá da Bandeira 111, Porto, por cima da Camisaria Porto, propriedade de seu pai, mesmo em frente ao Teatro Sá da Bandeira. As recordações desses anos marcam-no profundamente. É neste período que se procede à instalação da canalização e obras de saneamento dos esgotos da cidade, levantando o pavimento à sua porta. Assiste, com frequência da janela de casa à entrada e saída dos artistas do Teatro e aprecia, maravilhado, os cartazes na fachada. Fica com os olhos presos no sinaleiro do cruzamento da sua rua, convencido de que é ele que manda os automóveis seguir para onde ele quer. É o primeiro contacto com uma farda e com a autoridade. Passa, já com dez anos, a observar os carros de bois, os carrejões, os artistas que frequentam a Brasileira, Pedro Homem de Mello, Vasco Lima Couto de quem se faz amigo, António Pedro. Inicia as suas ligações literárias nos cafés da baixa do Porto. Terminado o Liceu, ingressa na Faculdade de Medicina do Porto e no Orfeão Universitário, fazendo parte da famosa Orquestra de Tangos que viria a reger. Toma parte em excursões pelo País, em Espanha, Angola e Moçambique onde casa. Toma parte, também, no Teatro Clássico
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Universitário do Porto. Terminado o curso médico, inicia o aperfeiçoamento da especialidade de Ortopedia. Chamado para o serviço militar, cumpre a recruta em Mafra e solicita o ingresso no Quadro Médico Comum do Ultramar, sendo colocado em Moçambique. Tem, nesta altura, 4 filhos, 3 raparigas e 1 rapaz. Faz exame da especialidade e ingressa como regente de Anatomia na Faculdade de Medicina de Lourenço Marques onde presta provas de doutoramento. É Director do Serviço de Ortopedia do Hospital Militar de Lourenço Marques. Regressado a Portugal, trabalha no Hospital de S. Lázaro, Lisboa e, seguidamente, toma conta da regência da cadeira de Fisiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, onde cria a cadeira e o respectivo Laboratório, o primeiro Biotério da Faculdade e de onde transita para regente de Anatomofisiologgia da Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa, sendo convidado para regente da Escola Superior do Alcoitão, do Instituo Superior de Ciências da Saúde Abel Salazar, no Porto e do Instituto Superior de Ciências Médicas Egas Moniz. Prossegue a sua actividade de investigador recebendo o Prémio Pfizer. Inicia o curso de Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras de Lisboa e, uma vez licenciado, inicia uma carreira de escritor que nunca mais abandonou. Assume a Presidência da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos, cria a União de Médicos
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Escritores e Artistas Lusófonos de que é o primeiro coPresidente. Divorciado, casa em segundas núpcias com Maria Guinot, artista de elevado gabarito nacional e internacional, de quem recebe incentivo e ambiente artístico que muito contribui para a sua evolução em Literatura * Faleceu no dia 24 de Maio de 1997 *********************
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