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Lima
from Gazeta Rural nº 364
by Gazeta Rural
Inclui o Centro de Interpretação da Mesa dos 4 Abades
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Foi apresentado em Ponte de Lima o Projeto das Aldeias da tem um enorme potencial do ponto de vista do patriMesa dos 4 Abades, uma iniciativa do Município local, que inclui mónio cultural, rural, paisagístico e imaterial, referiu o novo Centro de Interpretação da Mesa dos Quatro Abades, loo autarca de Ponte de Lima, acrescentando que “se calizado em Vilar do Monte, nas Freguesias de Labrujó, Rendufe pretende melhorar e apoiar um conjunto de infraese Vilar do Monte, sendo que só esta última pertencia à ancestral truturas e equipamentos ligados aos caminhos pedestradição da Mesa dos 4 Abades. tres, BTT, Downhill, bem como requalificar as pistas e sinaléticas, ou seja criar uma dinâmica que tem como
Esta tradição, que se mantém desde o século XVIII, consta de objetivo futuro classificar esta área como património uma mesa em granito que se apoia no marco divisório das natural e cultural, e neste sentido irá ser elaborado um freguesias de Bárrio, Cepões, Calheiros e Vilar do Monte, realiza- estudo que caracterize este território” adiantou Victor -se no terceiro domingo do mês de Junho. Atualmente, com alMendes. gumas alterações, os abades das quatro freguesias foram substiO Centro de Interpretação da Mesa dos 4 Abades vai tuídos pelos presidentes das Juntas que debatem os problemas permitir descobrir trilhos, atividades de natureza, obque afetam as respetivas freguesias, os seus anseios e projetos servação de animais selvagens, participar em atividades futuros. agrícolas e descobrir sabores únicos produzidos por mãos
Na apresentação do projeto, o presidente da Câmara de genuínas das gentes das Aldeias da Mesa dos 4 Abades. Ponte de Lima afirmou que foram apresentadas “um conjunApoiado pelo PROVERE - Programa de Valorização Econóto de ações que representam um investimento global de meio mica de Recursos Endógenos, o projeto resultou de um milhão de euros e esperamos o respetivo retorno para este investimento total de 119.698,32 euros, com uma taxa de território”, referiu Victor Mendes. Trata-se de um significativo comparticipação de 75,13%. Neste contexto, o Município investimento, cujo valor total do conjunto das candidaturas de Ponte de Lima apresentou várias candidaturas, algumas ascende aos 557.549,49 euros, o que representa um finanjá aprovadas e outras em fase de conclusão. ciamento de 448.916,99 euros e um investimento municipal No âmbito da Linha de Valorização Turística do Interior no valor de 108.632,50 euros. do Turismo de Portugal, o Município apresentou mais duas
O futuro Centro de Interpretação da Mesa dos Quatro candidaturas, estando já aprovada e em fase de execução Abades está “integrado num conjunto de ações complemena ação ‘Aldeias do Alto Minho - Walking Cycling’; e ainda a tares que tem como objetivo dinamizar este território, que ação denominada ‘Conservação, Valorização e Divulgação do
Viseu com máquina para devolução de garrafas de bebidas em plástico
Oprojeto-piloto de reciclagem de garrafas de bebidas de plástico PET chegou a Viseu, onde foi instalada uma máquina O projeto “Quando do Velho se Faz Novo, Todos Ganham. Ganha o Planeta!” é gerido por um conautomática para devolução deste tipo de embalagens. sórcio composto pela Associação Águas Minerais e de Nascente de Portugal, Associação Portuguesa
Esta é uma iniciativa integrada no projeto “Quando do velho se das Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas (PROBEB) faz novo, todos ganham. Ganha o planeta!” que teve início a e a Associação Portuguesa de Empresas de Distribui13 de Março deste ano com a instalação de máquinas de recolha ção (APED) e tem como objetivo incentivar os cidaautomática de garrafas de bebidas em plástico PET não reutilizádãos a adotarem comportamentos sustentáveis para veis, de águas, sumos, refrigerantes ou bebidas alcoólicas, em 23 que o material recolhido seja reciclado e incorporado grandes superfícies de norte a sul do país. como matéria-prima na produção de novas garrafas.
O projeto premeia os adeptos da reciclagem e da sustentabiEste projeto-piloto, ativo até Setembro de 2021, é relidade. O valor que os consumidores recebem com a devolução levante para a preparação da implementação do futuro de garrafas pode ser doado a uma instituição social ou utilizado sistema de depósito de embalagens de bebidas, que depara compras no espaço comercial onde está instalada a máverá suceder a este sistema de incentivo a partir de 1 de quina. Janeiro de 2022.
Por essa devolução os consumidores recebem o valor de A localização das máquinas pode ser consultada no site dois cêntimos por cada unidade entre 0,1 e 0,5 litros, e cinco https://dovelhosefaznovo.pt/ cêntimos acima de 0,5 e até dois litros. Caso assim o desejem podem optar por doar essa quantia em vez de a utilizar em compras nos espaços comerciais onde estão localizados os equipamentos.
Por Luís Serpa
A minha Palma
Aqui vai então o seguimento do meu artigo sobre Palma. Coo café mais francês de Palma (o facto de o dono ser meço por ter de desapontar os meus leitores, que estavam defrancês ajudará talvez a explicar esta deslocalização). certo ansiosos por uma descrição pormenorizada e vivida da Fica à frente da primeira casa onde vivi em Palma. Tem Catedral de Palma. Infelizmente, devido ao vírus que decidiu um menu radicalmente diferente de todos os outros paralisar o globo a Catedral tem estado fechada. Reabriu há cafés, organiza tertúlias literárias, poéticas, musicais e dias, ainda com horários bastante reduzidos. Ficará para ou– seja Deus louvado – fica ao lado da livraria Biblioteca tros tempos, menos virulentos. de Babel, para mim a melhor de Palma (escolha que de resto se manifesta e comprova facilmente).
O artigo de hoje versará sobre «a minha Palma». Eu explico: Ainda hoje, oito anos (interrompidos várias vezes) decomo tenho amigos de várias partes do mundo que me visitam pois de o ter feito pela primeira vez, comprar um livro e por vezes (poucas vezes, sempre poucas), ganhei o hábito de fair folheá-lo para a esplanada do café, acompanhado por zer um itinerário sobre a cidade onde estou tal como eu a vivo. um copo de tinto ou um tinto de verano é um dos sustenAs igrejas, museus – as catedrais, onde as há – estão nos guias. tos do meu amor por Palma. Toda a gente os lê e sabe onde «deve» ir. José Luís, o dono, é um apaixonado por Portugal e diz-
As minhas versões das cidades onde estou são diferentes, -me frequentemente que trocaria a sua cidadania catalã baseadas nas geografias pessoais, nos meus quotidianos. São pela portuguesa. Estou parcialmente de acordo com ele, visões forçosamente redutoras e incompletas, mas têm a vanmas não lho digo: há coisas que não devem sair da família. tagem sobre as dos guias de serem «fatias de vida», parte do Um dia, uma namorada que desaprovava a minha maneira bolo. Incidem particularmente sobre restaurantes, bares, cade viver ouviu-me dizer que o Antiquari «é a minha segunfés e livrarias, ruas, passeios – a minha Palma dos meus dias. da casa» e perguntou-me, zangada: «qual é a primeira?»
Não sei que ordem dar a isto. Ou seja: vai na desordem. Para Mojitos, deve escolher-se Lo Divino, um restauranOu antes, naquela estranha ordem que a mistura de mete e vinoteca que os prepara deliciosos (sem açúcar, para mória e afectos produz. Começo, portanto, pelo Antiquari, mim). A Núria é catalã – mas não o lamenta, antes pelo con-
trário – e o Roberto italiano. Ele faz uma cozinha que mistura elementos dos dois países e ela serve-a com o sorriso mais bonito do Mediterrâneo. A escolha de vinhos é vasta e tem saber.
Foi no Lo Divino que organizei a minha primeira noite literária em Palma, em torno do livro ‘O Zen e a Arte da Manutenção das Motocicletas’ e só por isso ficar-me-á para sempre no coração e na memória.
À frente fica a Bodeguita del Centro, um restaurante pequenino que me faz pensar naqueles restaurantes gregos onde antigamente se entrava pela cozinha e discutia com o cozinheiro, se provava das panelas e se escolhia a seguir. Hoje isso não existe e na Bodeguita tão pouco, na Chinchila é um restaurante pequeno onde se come bem, sofisticado, mas a cozinha está ali, aberta, entrando à com bons vinhos e bons presuntos. Os pratos mudam frequentemente, direita, a senhora atarefada e simpática. O mas podem escolher-se de olhos fechados: são todos bons, todos maiorarroz negro é um portento, o bife tártaro quinos, todos feitos na minúscula cozinha (desta feita à esquerda quando não é sublime, mas não desmerece, o pisse entra, mas também aberta). car de olhos do nome – aquilo que primeiro Chegou a altura de falar no Abrakadabra, dantes uma crêperie – coisa me atraiu – está perfeitamente justificado. que deixo de boa vontade para os bretões – e hoje pertença de um sul-
Daqui, para onde vamos? Temos de esco-africano esguio, excelente profissional. A decoração é exuberante e foi lher entre o Bar España, mas a esta hora está agora enriquecida com uma escultura minha, feita de velas (de igreja, fechado, de certeza, e a Ca na Chinchilla (no não de barco). feminino porque ‘Ca’ significa casa: casa da No dia 25 de Junho vamos lá organizar uma festa em celebração do Chinchilla, diminutivo tradicional de Isabel. dia do marinheiro, com rhum punch preparado como deve ser, a graCasa da Isabel). nel, canções de marinheiros e leitura de excertos do The Nigger of the
Se tivesse de escolher, escolheria esta, mas Narcisus, um título que hoje levantaria talvez alguns sobrolhos mas felizmente não tenho: vamos beber um copo à que é um dos melhores livros que li sobre a vida no mar. É o «livro- Chinchilla hoje – está aberta até à meia-noite -testamento» do Conrad sobre a sua vida no mar – escreveu-o quando – e amanhã vamos ao España, «antiga Casa Videcidiu casar e ir para terra – e não vejo melhor forma de celebrar o nagre». É um daqueles bares a que chamo “os dia dos que, como eu, fizeram do mar a sua terra. resistentes”: não mudaram. Ainda não falei do Bar Rita, pois não? Não. Foi de propósito: hesito
A idade média do dono e dos empregados sempre em incluí-lo nos meus passeios turísticos por Palma. Faz as passa bastante dos setenta anos, a dos clientes melhores croquetas de sépia do universo (isto não é exagero), fica anda lá perto. Fica na calle Oms, uma rua pedesnuma daquelas praças de Palma das quais se sai diferente do que tre na qual qualquer pessoa que queira conhecer nelas se entrou. Quando se está sentado na esplanada é fácil imaPalma se deve sentar pelo menos uma hora por ginar como seria a vida nesta cidade há cinquenta anos: crianças a dia, todos os dias. Todas as classes sociais estão brincar na rua sem um único adulto a olhar para elas, calma, árvorepresentadas – a rua Oms liga a Rambla ao Carres, gente a conversar animadamente (em mallorquin, regra geral). rer Sant Miquel mas está cheia de lojas de chineÉ um ponto de encontro para locais, amigos da casa e sinto-me ses, indianos, paquistaneses, restaurantes baratos com sorte por ter sido aceitado no grupo. Só lá levo os amigos prómai-la incontornável Drogueria Olmos Pinturas, ximos, os que merecem e quase peço desculpa por isso ao Joan, um monumento para quem queira comprar tudo o dono. para a casa. Ainda a minha Palma vai a meio e já o espaço que tenho acabou.
Na rua Oms passa Palma toda, a de cima e a de Há mais sítios, mais pessoas. Ficam para a próxima, vale? baixo, e vê-la com a perspectiva temporal que o Bar España nos fornece enriquece a visão e o pensamento. N.R. Como te invejo meu amigo! A questão, Luís, é que me dei
Vamos à Chinchila? Fica na Rambla, tem o melhor xaste com água na boca e eu, que não sou um notívago militante, empregado de café a Norte do Equador (chama-se fiquei com vontade de me meter num avião e… Angel e nunca vi nome mais bem posto, mais bem Eu e todos quantos irão ler esta tua prosa! recebido, com tanta graça e tanta adequação). A Ca José Luís Araújo