Nยบ 1 8 | An o XX IV | Jun h o de 20 0 9
Juventude Popular da Maia
jpmaia.org
Primeira entrevista do Presidente da JP | p. 4
MICHAEL SEUFERT
o j ov e m | junho 09 | 1
p r ime ir a pá gina
Editorial Tiago Loureiro
o jovem junho 09
primeira página 1 tiago loureiro primeiro plano 2 especial 3 xvii congresso juventude popular entrevista 4 michael seufert opinião 8 andré ribeiro pedro souza-cardoso nuno silva
Editor d’O Jovem
1. Feitas as contas do primeiro acto de um ano repleto de momentos eleitorais, os balanços surgiram com natural velocidade e para todos os gostos. O CDS manteve os dois eurodeputados: objectivo cumprido. Desceu, ainda assim, para quinta força política, nomeadamente atrás dos trotskistas albaneses, cujo peso, há quatro q anos, tanto escandalizou Paulo Portas. O aumento da votação da extremaextrema esquerda deve preocupar o país, é certo, mas não pode deixar de alarmar em primeiro lugar aqueles que ideologicamente mais se lhe opõem, abrindo espaço a uma reflexão séria e profunda. 2. Continuando nas Europeias, e quanto a derrotados, o PS caiu do pedestal em que há algum tempo se encontrava. Embalado pela presunção do seu próprio líder, após o “tombo”, os socialistas vêem-se, vêem no póseleições, numa posição fragilizada perante um m PSD que já não vale ridicularizar. O PCP viu-se se finalmente ultrapassado pelo Bloco que, juntamente com o PSD, se destacam como os mais bem sucedidos da noite eleitoral. 3. Caminhando rumo às eleições autárquicas, a Maia surge no distrito do
Porto como um caso singular para os eleitores do CDS. Contrariando a tendência do restante distrito, os maiatos poderão ver no seu boletim de voto um CDS que exclui coligações com o PSD. Álvaro Braga Júnior, homem de reconhecidos méritos na sociedade portuguesa, apresenta-se apre com a força de uma candidatura que acrescentará à corrida ao executivo camarário uma qualidade e uma emoção inquestionáveis, ameaçando baralhar seriamente as contas dos restantes candidatos. No entanto, à medida que caminhamos para o clímax eleitoral eleito – com dois actos eleitorais praticamente juntos – fica a dúvida: entre coligações e candidaturas próprias, até à dúvida de coligações pré-eleitorais pré nas eleições legislativas, até que ponto a confusão em tons laranja poderá afectar certos resultados eleitorais eitorais do CDS? 4. Na viragem de ciclo, como qualquer organização madura e onde o espírito democrático reina sem medo, a Juventude Popular soube discutir pontos de vista e limar arestas, elegendo uma nova equipa para os próximos anos, sendo agora tempo de e juntar armas para enfrentar as próximas lutas. Ao Micha, os votos de uma sorte à imagem da sua competência: grande!
apontamentos Eleições Europeias
Calendário definido
Crise no Irão
O ano eleitoral arrancou com as eleições Europeias, Feitas as contas, o PSD recolheu 32% dos votos, conseguindo 8 mandatos; o PS ficou-se pelos 27% e 7 eurodeputados; o BE conseguiu 3 mandatos com os seus 11%, pouco mais do que a CDS que elegeu 2 deputados. O CDS arrecadou 8,4% dos votos, mantendo os mandatos que detinha,
Muito se especulou acerca da data das eleições autárquicas e legislativas, chegando mesmo a ser aventada a hipótese de se realizarem em simultâneo (como, de resto, era da vontade do PSD). Ainda assim, o Presidente da República marcou as eleições legislativas para 27 de Setembro, após as autárquicas terem sido marcadas para 11 de Outubro.
Teerão em sobressalto! Foi este o resultado prático das últimas eleições iranianas. Entre acusações de fraude e proclamações de vitória, as ruas da capital viram-se viram palco de manifestações e de confrontos entre apoiantes do presidente – e tido como vencedor - Mahmud Ahmedinejad e do seu opositor, Mir-Hossein Moussavi.
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p r ime ir o pl an o
Formação autárquica Álvaro Braga Júnior avança pelo CDS na Maia O candidato à Câmara Municipal da Maia dos CDS Maia será o Dr. Álvaro Braga Júnior. O actual Presidente do Boavista e conceituado jornalista e comentador liderará a luta ao executivo maiato nas próximas autárquicas com o objectivo de eleger um vereador do CDS já que o partido não tem vereador desde poucos meses depois das últimas eleições autárquicas quando o então vereador do CDS se desfilou do partido. Foi comunicado à imprensa pela Juventude Popular da Maia o seu apoio ao candidato do CDS as autárquicas pelo seu valor e pela sua competência inquestionável demonstrada pelo próprio nos cargos profissionais que desempenhou até a data e que são motivo de orgulho da JP Maia, que espera muito do candidato do CDS e sabe que o candidato espera muito da JP Maia que fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar Álvaro Braga Júnior neste seu novo desafio, como aliás esta na génese da JP Maia. Entretanto, Álvaro Braga Júnior já foi apresentado oficialmente como candidato ao executivo maiato no dia 22 deste mês no Hotel Egatur e contou com a presença do Presidente da Concelhia do CDS Maia, David Tavares, do Presidente da Distrital do CDS Porto e Vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Álvaro Castelo-Branco, e com o Vicepresidente do CDS e da Assembleia da República e recém eleito eurodeputado, Dr. Nuno Melo. Na sua apresentação, Álvaro Braga Júnior falou sobre o actual executivo maiato tendo reafirmado a sua amizade com o Presidente da Câmara da Maia mas explicado que iria almoçar com ele todos os dias, mas não votaria nele nunca. Explicou ainda que, a seu ver, o maior problema da Maia é a segurança, ou nas suas palavras “a insegurança que se vive no concelho”, tendo dito, portanto, que se for eleito, o seu primeiro acto é pedir uma audiência ao Sr. Ministro da Administração Interna para lhe dar conta do que se vive na Maia. Também anunciou que irá pedir uma audiência com a Policia de Segurança Publica e Polícia Municipal da Maia para se inteirar melhor do problema durante a campanha. Álvaro Braga Júnior teve ainda elogios de Nuno Melo que diz ter a certeza que Álvaro Braga Júnior chegará a Presidente da Câmara e de Álvaro Castelo-Branco que realçou o trabalho de Braga Júnior com o partido e pelo partido. Além destes, estiveram presentes na apresentação vários elementos da JP Maia e do CDS local, vários candidatos do CDS a Juntas de Freguesia da cidade, o Presidente Concelhio do CDS Porto, o vereador do CDS na Câmara do Porto, Sampaio Pimentel, o Secretário-Geral da JP, João Ribeirinho, e o Presidente da Juventude Popular, Michael Seufert.
O dia 26 deste mês assinalou a primeira sessão de formação autárquica jovem que a Juventude Popular da Maia irá realizar até às eleições autárquicas do dia 11 de Outubro. Nesta primeira sessão a JP da Maia teve a honra de contar com os contributos de dois autarcas experientes do CDS da Maia, Joaquim Pacheco, deputado à Assembleia de Freguesia da Maia, e António Freitas, Presidente da Assembleia de Freguesia de Moreira. Sobre o tema “Como funciona uma Assembleia de Freguesia?”, estes dois autarcas foram respondendo às inúmeras perguntas colocadas pela audiência, recorrendo sempre a casos práticos fruto das suas longas experiências e participação na vida política do concelho da Maia. Abertas ao público, estas Sessões de Formação visam preparar qualitativamente os futuros autarcas da Juventude Popular no concelho da Maia e ao mesmo tempo aproximar ainda mais as duas estruturas democratas-cristãs do concelho, a JP e o CDS. A próxima sessão está já pensada sobre o tema das Assembleias Municipais.
Tudo por Pedrouços O CDS-PP Maia apresentou oficialmente o seu candidato à Junta de Freguesia de Pedrouços. José António Martins é a escolha do partido para disputar a Assembleia de Freguesia. Decorreu na Sede Concelhia uma sessão de apresentação à comunicação social que contou com a presença de vários elementos da Juventude Popular. José António Martins apresentou as linhas gerais do seu programa para a freguesia e contará para, além da sua coragem e determinação, com todo o apoio da Juventude Popular da Maia!
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es pec ial congresso jp
XII Congresso Nacional da Juventude Popular
© Amílcar Henriques
Ao fim de dois anos sob a liderança de Pedro Moutinho, a Juventude Popular reuniu em congresso na cidade de Guimarães para escolher Michael Seufert como seu novo presidente. Após uma sessão de amplo debate, a JP reúne agora esforços em torno da nova equipa eleita. No fim-de-semana de 23 e 24 de Maio, a Juventude Popular esteve reunida no seu órgão máximo, o Congresso Nacional, que decorreu na bela cidade de Guimarães. Com quatro moções de estratégia global a serem discutidas, debate foi coisa que não falto na reunião magna da Juventude Popular, tendo o cabeça de lista de cada uma das moções defendido as suas ideias em frente aos delegados ao congresso. Posteriormente foram discutidas as moções pelos delegados que assim o entenderam, culminando na retirada de duas das quatro moções antes da votação final que decorreu já depois das quatro horas da manhã no Auditório da Universidade do Minho em Guimarães, local onde se realizou o congresso. As moções a votação foram as moções “Juventude Definida”, cujo primeiro subscritor foi Miguel Pires da Silva e “Ideias de Direita, Ideais para Portugal”, de Michael Seufert. A moção subscrita por Michael Seufert ganhou com cerca de dois terços dos votos. No domingo, e último dia de congresso, procederam-se às votações para os órgãos nacionais da Juventude Popular para os próximos
dois anos, sendo que a concelhia da Maia acabou por ter uma grande representatividade nos ditos órgãos, a começar pelo Presidente da Comissão Política Concelhia da Juventude Popular da Maia, Eric Rodrigues que entra para a Comissão Política Nacional com primeiro vogal; Luís Santinhos Ribeiro, o vogal da CPC da Maia que será Secretário da Mesa do Congresso Nacional onde acompanhará nomes históricos da Juventude Popular como António Rocha, também Secretário da Mesa, António José Baptista e Luísa Magalhães nas vice presidências e Pedro Moutinho, o presidente cessante da Juventude Popular neste congresso
que será o Presidente da Mesa do Congresso Nacional; Tiago Loureiro, o vice-presidente da Juventude Popular da Maia, e editor do jornal “O Jovem”, é o novo vice-coordenador do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha que será liderado por Maria Luísa Aldim; Nuno Silva, também vicepresidente da Juventude Popular da Maia entrou em segundo lugar na lista ao Concelho Nacional da Juventude Popular acompanhado pelo também militante maiato Manuel Oliveira que entrou no décimo primeiro lugar, numa lista encabeçada por Rodrigo Lobo d’Ávila e que contou com Beatriz Soares Carneiro para a liderança da mesa respectiva.
© Amílcar Henriques
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ent rev ist a michael seufert presidente da juventude popular
Michael Seufert “
A esquerda oferece uma solução para quem não se quer responsabilizar e para quem acredita que tudo tem resolução com a mão humana.
Democracia-cristã, liberalismo, conservadorismo. O que é para ti a JP? Uma soma equilibrada de todos estes ingredientes ou algum deles em particular? Para muita gente isso significa quase a quadratura do círculo na política – como é que o CDS e a JP juntam três correntes que a priori se tocariam tão pouco? Mas eu acho que há muito mais em comum entre essas três do que muitas vezes as pessoas querem fazer parecer.
”
Nomeadamente em relação à democracia democracia-cristã, pois se olharmos para os países que a criaram, como a Alemanha, vemos que qu é muito de inspiração liberal e conservadora, e o liberalismo e o conservadorismo são correntes que estão juntas politicamente em muitos países e em muitos partidos. Acho que há que retirar a quintaquinta essência dessas três correntes e penso que é fácil fazê-lo fazê se estivermos todos de mente aberta. Para mim não é nenhuma
em particular, mas a soma do melhor de cada uma das três. Há muito a ideia de que a mensagem da direita tem mais dificuldade em fazer sucesso entre o público mais jovem. Achas que tal facto se s deve mais a uma certa atractividade demagógica do discurso da esquerda ou a um falhanço na abordagem de certas temáticas à direita? Um pouco das duas. Acho que, sobretudo, estamos perante o reflexo de uma cultura de desresponsabilização que existe na sociedade. soc As pessoas têm muita dificuldade em encarar que têm de ser responsáveis pelos seus actos e
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ent rev ist a que há certas coisas que não conseguem influenciar. E a esquerda oferece uma solução para quem não se quer responsabilizar e para quem acredita que tudo tem resolução com a mão humana. Isto não quer dizer que, por outro lado, não haja, de facto, uma falha da direita em transmitir as suas ideias – e estou a falar da direita conservadora e liberal, porque há uma extrema-direita nacionalista ou nacionalsocialista que dá a volta ao espectro político e já oferece novamente soluções muito fáceis e muito simples de compreender, embora muito demagógicas também. A direita que nós queremos representar tem que saber passar a sua mensagem para que ela seja entendida da melhor maneira. Como tornar, então, o nosso público-alvo mais receptivo às nossas ideias? É preciso fazer o tão falado combate cultural. Nós temos que ir aos temas que monopolizam mais os jovens e oferecer as nossas soluções. E temos que, por outro lado, saber contrariar as soluções que são apresentadas por aqueles que sabemos serem irresponsáveis. Sabemos, por exemplo, os problemas que o salário mínimo oferece à economia e aos trabalhadores. No entanto é uma solução muito fácil e que as pessoas gostam de ouvir. Nós temos que a saber desmontar e explicar com uma linguagem fácil por que não é assim. E como essa, todas as outras questões. Esta pergunta não é, de todo, inocente: que papel pensas que as novas tecnologias podem ter importantes na divulgação dessas ideias? Não tem falta de inocência, essa pergunta. É óbvio que hoje, no tempo dos blogues, das redes sociais e da internet, da Web 2.0, é certo e sabido que esses são veículos fundamentais para passar a nossa mensagem. De facto, a moção que nós levamos ao congresso focava muito isso, porque nós temos que entender que temos de estar juntos com os jovens onde eles estão. E os jovens hoje não estão em frente à televisão nem nos cafés. Estão em frente ao computador, na internet, no Facebook, estão a jogar os seus jogos, estão a comunicar a toda a hora. Hoje, os jovens provavelmente passam mais tempo a comunicar via internet do que presencialmente e mesmo via telemóvel. E são esses veículos que nós temos que saber atacar e onde temos de estar presentes, passando a nossa mensagem de forma apelativa, de forma a que ela possa ser lida e ouvida e, consequentemente, entrar na consciência das pessoas.
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Conseguir agregar todas as pessoas para que todas elas se sintam à vontade na JP, é também, sem dúvida, um desígnio desta direcção nacional.
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© Amílcar Henriques
Em jeito de avaliação da CPN anterior, liderada pelo Pedro Moutinho, que JP é esta que agora assumes como presidente? Só para situar as pessoas, tecnicamente eu não fazia parte da anterior CPN. O coordenador do Gabinete de Estudos é inerente à CPN mas não faz propriamente parte desse órgão. De resto, acho que a JP que o Pedro nos deixou é uma JP melhor do que a que ele recebeu, está mais implantada, tem uma excelente presença online através do site (faltam outras formas que vamos desenvolver) e teria apenas um único problema que identifico e que quero abordar e combater que é a presença nos media tradicionais, que não podemos descurar de maneira alguma e onde nós estamos com dificuldades em estar presentes. Mas, no geral, uma JP melhor do que a que recebeu é o legado que ele nos deixa, e que cumpre apenas com aquilo que quem conhece o Pedro sabe que ele executa: quando ele mete uma coisa na cabeça leva-a até ao fim com sucesso. O que te levou a avançar para a corrida à liderança da Juventude Popular? Era um sonho de há muito tempo ou uma decisão recente? Eu não sou, curiosamente, uma pessoa que tenha exercido muitos cargos de direcção. Normalmente era sempre vicepresidente, por exemplo, onde me sentia francamente mais à vontade porque não tinha tanto o peso da responsabilidade e porque gosto que me fixem objectivos para que depois possa trabalhar perante eles. Posso dizer, também, que não era um sonho de infância chegar à presidência da JP,
apesar de desde que entrei na JP e que fiz parte dos orgãos nacionais ter visto que era algo que podia estar ao meu alcance. Surgindo esta situação, para mim um pouco infeliz, de o Pedro não se ter recandidatado, achei que podia englobar as pessoas que estavam em conjunto com ele numa liderança que não partisse a JP e que pudesse continuar o trabalho que foi feito. E depois de me ter aconselhado com algumas pessoas que achei fundamentais, e ouvindo a boa disposição delas em aceitar esse projecto, decidi avançar e… cá estou! Há quem te projecte mais como um presidente de gabinete e não tanto como um presidente pragmático. Esta avaliação parece-te justa? Não a acho muito justa. Apesar de ser uma pessoa que tipicamente não foge ao debate de ideias e que, portanto, não tem medo de dizer e escrever o que pensa, de ter aquelas conversas chatas com as pessoas sobre ideias que muita gente não gosta de ter, não quer dizer que eu não seja uma pessoa de acção – já estive na Associação de Estudantes da minha faculdade, onde sou membro do conselho directivo, já fiz parte de direcções associativas, ou seja, sei o que é preciso fazer para que as coisas levem a um fim. E mais havia de faltar que as pessoas que pensem muito não tivessem também capacidade de acção. Eu reconheço em mim alguma capacidade de acção e reconheço-a também nas pessoas que escolhi para estar na direcção nacional e, portanto, não faltará à JP acção de rua e acção fora do gabinete.
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ent rev ist a
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O país não pode ser sempre do PS e do PSD porque as soluções que esses dois partidos apresentam são muito parecidas, muitas vezes diferindo na forma e não na substância.
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No último congresso, do qual saíste como presidente da JP, foram apresentadas quatro moções globais. Encaras isso como um sinal de vitalidade e abertura a um saudável debate de ideias ou preocupa-te uma certa imagem de desunião que a JP possa ter passado para o exterior? Discordo completamente de uma visão de desunião que possa haver se olharmos para um congresso em que quatro grupos de pessoas apresentaram projectos, mais ou menos completos, para a direcção e a liderança da JP. A pior coisa que há em política é quando as pessoas querem matar as oposições antes de elas nascerem, o que conduz ao afastamento e ao desencanto das pessoas. Politica é discutir, é fazer, e depois no fim é contar os votos, e quem ganha tem que conseguir agregar. Portanto, o maior desafio não é o de ter medo de alguma imagem negativa, mas é o de conseguir agregar todas as pessoas para que todas elas se sintam à vontade na JP. E esse é também, sem dúvida, um desígnio desta direcção nacional. O que achaste das ideias apresentadas nas outras moções? Achei que havia moções que abordavam a JP como um todo e o espectro político como um todo e
agradou-me ver ideias que não seriam tão diferentes das nossas, às vezes apenas na abordagem que delas se faz. Noutras moções que eram mais focadas num outro ou noutro aspecto penso que faltava uma visão global que é importante para a JP, mas que nem por isso deixavam de ser interessantes. Uma coisa que eu vi e que acho ser preciso evitar, é quando entramos num discurso demasiado tecnicista e muito virado apenas para uma classe profissional ou uma classe social. Acho que temos de
ter um discurso de abertura. Outra coisa que eu vi em todas as moções, felizmente, é o facto de a JP, para o futuro, querer repensar e avaliar a sua organização interna. É isso que nós também queremos fazer para levar uma JP de século XXI aos jovens. É algo que vamos fazer mal acabe este ciclo eleitoral. Num ano de exigência eleitoral enorme, qual vai ser o papel da JP nos diferentes combates que o CDS vai ter de travar? Na moção abordamos isso. Vai ser a três níveis: na elaboração de todos os programas eleitorais nos planos autárquico e nacional, em que a JP, como estrutura autónoma que é, deverá ter o papel de contribuir para esses programas com as suas ideias e as suas preocupações, tentando construir junto do partido canais de comunicação; temos uma participação importante também nas listas, tanto ao parlamento como aos orgãos autárquicos, em que a JP apresentará os seus candidatos que, uma vez eleitos, farão parte dos orgãos e continuarão a trabalhar junto das populações e dos orgãos políticos nos próximos quatro anos, para lhes fazer passar a sua mensagem; finalmente, fazer o trabalho de mobilização junto do CDS, para criar dinâmicas de campanha que são muito importantes porque é nas
campanhas que apresentamos as nossas ideias de uma forma mais forte e articulada. Que mais-valias substanciais a JP pode oferecer ao CDS que o partido não encontre já dentro de si? Acaba por ser um lugar-comum, mas a JP tem uma visão jovem sobre os problemas e essa visão que o partido naturalmente reconhece à JP. È a função e o trabalho da JP estar junto dos jovens e transportar a sua visão. Muitos militantes da JP são também militantes do partido, mas encontram na JP a forma de fazer passar a sua mensagem de maneira mais clara. A preocupação com o emprego, com a criminalidade, e outras áreas em que os jovens têm uma visão própria e em que vão fazer chegar a sua visão ao CDS. Já tiveste um acto eleitoral enquanto presidente da JP. Que balanço fazes das Europeias? Nós tivemos um resultado que não nos deve envergonhar. Portugal perdeu dois eurodeputados, tendo o CDS conseguido manter os seus e teve uma excelente votação em termos percentuais. Ainda assim, devemos olhar com preocupação para dois factos: primeiro, o facto de terem surgido partidos e movimentos à nossa direita que conseguiram, julgo eu, capitalizar alguns dos nossos votos junto do eleitorado conservador; segundo, a subida da extrema-esquerda e da esquerda comunista que lançou o CDS para quinta força política. Eu acredito que o PCP e o Bloco de Esquerda conseguiram nesta votação mobilizar totalmente o seu eleitorado e capitalizar desconfianças e desagrados com o PS e, portanto, eu acho que tiveram, em termos absolutos, em termos de número de votos, a maior votação que terão nos próximos anos. Ainda assim o CDS tem que lutar para compreender se mobilizou todo o seu eleitorado ou não, o que faltou para mobilizar o resto do seu eleitorado e continuar a trabalhar no sentido de aumentar a votação em termos relativos e não ficando atrás de ninguém, sendo a terceira força política que é o nosso lugar, e ser uma alternativa para o governo em Portugal para as pessoas que não se revêm no socialismo vigente no nosso país. O papel de um presidente da JP não é propriamente o de fazer previsões. Mas que feeling carregas contigo em relação aos resultados do CDS nas legislativas e autárquicas? Parece-te que o balanço dado pelas Europeias pode ser importante? Temos de fazer um balanço interno sobre as Europeias e tentar perceber o que
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ent rev ist a temos de fazer para não perder votos para outros movimentos conservadores que apareçam no espectro político. Se soubermos fazer bem esse balanço com certeza poderemos ter sucesso nas Legislativas e nas Autárquicas. Temos que nos mobilizar e oferecer soluções às pessoas, que têm de compreender – e acho que já o começaram a fazer nas Europeias – que o país não pode ser sempre do PS e do PSD porque as soluções que esses dois apresentam são muito parecidas, muitas vezes diferindo na forma e não na substância e, portanto, temos que trabalhar numa mensagem que permita que as pessoas compreendam isso e que vejam uma alternativa de poder, uma alternativa credível e uma alternativa que não envergonha o país no CDS. O voto no CDS é um voto útil, porque afasta do governo o PCP, afasta do governo o Bloco de Esquerda, e afasta também do governo o PS. Foram já apresentados os nomes dos cabeça de lista as legislativas em quase todos os círculos eleitorais. Parecem-te boas escolhas? Acho que se conseguiu um equilíbrio saudável entre nomes experientes e entre nomes novos que permitirão dar a conhecer novas caras ao eleitorado. As pessoas estão fartas de ver sempre as mesmas caras na política e penso que reagem bem a novas pessoas. O convite
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ao Dr. Ribeiro e Castro mostra que o CDS tem maturidade para esquecer quezílias antigas. Parece-te importante, nomeadamente em termos de motivação e reconhecimento, que a JP esteja representada em lugares cimeiros tanto nas legislativas como nas autárquicas? Isso é totalmente merecido, quanto ao nosso trabalho, e advém aliás do protocolo entre a JP e o CDS. A JP deve estar em lugares de destaque e isso ajuda-nos a chegar a mais pessoas, a dar-nos a conhecer a mais jovens e assim a crescer. A Maia será o único concelho do distrito do Porto em que não existirá uma coligação com o PSD nas próximas autárquicas. Achas que isso será prejudicial para a Maia? Não, de todo. Ao nível autárquico, onde houver espaço para haver coligações, acho que deve haver. Onde os partidos não têm suficiente afinidade não há. Se na Maia o CDS vai sozinho a votos, vai na sua forma natural e sem qualquer
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problema. Terá um óptimo resultado. O que achas do candidato do CDS na Maia, Álvaro Braga Júnior? Acho uma excelente escolha. É alguém que conhece muito bem o Concelho e é alguém que se empenha ao máximo quando aceita os desafios. Acho que será um grande vereador e tenho a certeza que vai sentir o que é ter ao seu lado uma JP tão forte como a da Maia. E para o resto do distrito? Lá está: onde as estruturas locais dos partidos se entenderem, acho que deve haver coligação. Reparem que o presidente de Câmara é sempre o eleito mais votado, logo as coligações póseleitorais não são tão úteis. Por fim, queres deixar alguma mensagem aos leitores d’O Jovem e aos militantes da JP? Que nunca desistam na nossa luta contra o Socialismo. É esse o nosso desígnio. Pode não parecer fácil e temos que aceitar contratempos, mas acreditar é um passo fundamental para ganhar.
Braga Júnior será um grande vereador e tenho a certeza que vai sentir o que é ter ao seu lado uma JP tão forte como a da Maia.
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A imposição do “voto livre” Pedro de souza-cardoso souza Militante da Juventude Popular da d Maia
No passado dia 7 de Junho, dia de eleições para o Parlamento Europeu, ouvi com espanto e curiosidade, um comentador político colocar a hipótese, quando confrontado com a elevada taxa de abstenção que sempre se verifica neste exercício de cidadania, de se alterar o regime do voto, passando este a ser obrigatório, ou de, pelo menos, levar esta hipótese à discussão pública. Na prática deixaríamos de ter o dever moral de votar para passarmos a ter um verdadeiro dever de votar, previsto e punível
por lei, em caso de incumprimento. Ora, todos sabemos bem o quão difícil foi a luta por um sufrágio universal livre. Aliás, ainda hoje país são invadidos em nome dessa países liberdade maior. Se tanto se lutou e se tanto ainda se luta pelo direito de votar livremente num verdadeiro exercício democrático de cidadania, como é que se pode colocar a hipótese de tornar esta bandeira maior da democraci que é o voto livre, num democracia, dever imposto ao cidadão? Que legitimidade tem um Estado de
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Se tanto se lutou e se tanto o ainda se luta pelo direito de votar livremente num verdadeiro exercício democrático de cidadania, como é que se pode colocar a hipótese de tornar esta bandeira maior da democracia, que é o voto livre, num dever imposto ao cidadão?
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sancionar alguém que não se acreditando nesse mesmo Estado ou na política em geral, decide absterabster se de participar activamente na sua vida política? política Claro que uma de democracia funciona tanto melhor quanto mais activos forem os seus cidadãos. Mas existe democracia quando o cidadão é obrigado a nela participar? E não será a abstenção um sinal de cansaço por parte dos cidadãos portugueses face a uma politica gasta por parte part de um Governo e de um “maior partido da oposição” que cada vez mais esquecem querelas e diferenças ideológicas e se aproximam amigavelmente havendo mesmo quem fale já num novo bloco central? Pelos vistos, aos olhos deste douto comentador, a abstenção não é sinal de desinteresse dos cidadãos pela política, não é sinal de campanhas políticas falhadas, não é sinal de que é preciso repensar o modo de fazer política. Ao invés, a abstenção é um “bicho papão” sendo a melhor solução para a eliminar, em nome de uma melhor democracia, sancionar os abstencionistas. É impor o “voto livre”. No fundo, o que é que separa um regime ditatorial de um regime democrático em que ao povo é imposto o direito de votar?
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O continuar da fasquia André Ribeiro Vice-Presidente Presidente da Juventude Popular da Maia
No passado fim-de-semana de 23 e 24 de Maio de 2009 a Juventude Popular disse um até já a um dos melhores presidentes que esta estrutura partidária teve. Pena foi que um presidente como o Pedro Moutinho tenha saído apenas com um mandato à frente da liderança da Juventude Popular quando o mesmo poderia ter continuado com o bom rumo que ele lhe estava a dar. Acerca do mesmo pouco mais me vou estender neste texto porque quem o conhece, e quem conhece a Juventude Popular, sabe o enorme empenho, dedicação e trabalho que ele sempre prestou a esta instituição, e os factos falam por si! Num congresso nacional organizado na bela cidade de Guimarães, assistiuse a uma batalha apelidada como o renascer de Portugal, e em que as moções e os seus subscritores tudo deram pelas mesmas em prol de uma JP cada vez melhor e mais forte! A disputa foi saudável e renhida mas no fim dos votos contados viu-se que afinal Portugal não renascia nesta bela cidade, mas sim continuava forte e determinado com uma “nova” JP onde o trabalho de esforço, dedicação, presença, humildade e determinação fazem cada um de nós acreditar que Portugal está a ficar cada vez mais preparado para as duras “batalhas” que se avizinham. A quem pela JP passou digo obrigado e até já, a quem agora vem digo que acredito nas suas ideias e todos nós podemos estar orgulhosos em ver a nossa JP reforçada com alguém de enorme valor, não com provas ainda por apresentar mas sim com provas já apresentadas! Ser JP não é andar arredado das discussões e opiniões internas, não é criticar destrutivamente, e não é gritar
mais alto; ser JP é sim estar no meio me dos problemas e ajudá ajudá-los a resolverem resolverem-se, é dar o melhor de si, é ter a coragem de dar a cara, é ter a disponibilid disponibilidade de ir para a rua não para gritar mas sim para trabalhar, mas acima de tudo é ter a humildade de dizer, independentemente das situações, eu QUERO, eu ACREDITO, eu SOU JP!!! A fasquia mantém-se mantém elevada e ao nosso amigo Michael Seufert, que com a Moção C venceu o XVII Congresso Nacional da Juventude Popular, apenas lhe pedimos uma coisa: coisa que continue com o empenho que tem demonstrado, e pela dedicação e força de vontade que tem demonstrado em cada projecto que a
JP continuará a seguir o seu rumo, um rumo de ideias de direita, ideias para Portugal! Às moções oções derrotadas é de agradecer o empenho e esforço que demonstraram, mas agora é altura de pegar nessa vontade e garra e transmiti transmiti-la a quem está no lugar correcto para levar a nossa juventude mais acima por po um Portugal melhor, porque afinal de contas “a juventude não é instalada”. Para finalizar, gostaria de apenas acrescentar umas breves palavras acerca da Juventude Popular da Maia… Quem a viu e quem a vê, cada vez mais forte, cada vez mais determinada, e cada vez mais por um país melhor!
© Amílcar Henriques
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Ser JP não é andar arredado das discussões e opiniões internas, não é criticar destrutivamente, e não é gritar mais alto; ser JP é estar star no meio dos problemas e ajudá-los ajudá los a resolverem-se, resolverem é dar o melhor de si, é ter a coragem de dar a cara, é ter a disponibilidade de ir para a rua, rua não para gritar, mas sim para trabalhar. trabalhar
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No convergir é que está o ganho Nuno Silva Vice-Presidente Presidente da Juventude Popular da Maia
Arrisco-me a dizer que todas as pessoas têm o seu quê de conservadores. Até os liberais. Até eu. Não é crime nenhum um liberal dizer que é um conservador, não é incompatível. No nosso partido e na nossa juventude, a dicotomia de ter liberais e conservadores não é compreensível para alguns. Para a esquerda ainda mais. Dizem alguns que somos liberais à segunda e terça, conservadores à quarta e quinta e democratas-cristãos à sexta e sábado. Mas esses, é escusado explicar porque nunca irão perceber. Um partido como o CDS, que pretende ser a grande casa da direita portuguesa, tem de saber integrar e viver com as suas diferenças e potencializar as suas convergências. Democracia-cristã fora do plano
porque é ideologia com a qual não me identifico mas respeito, faço fa aqui o paralelismo do conservadorismo / liberalismo e questiono os mitos da incompatibilidade. Afirmo Afirmo-me, e afirmar-me-ei liberal sempre. Não peço desculpa por isso, nem numa altura que o liberalismo é, erradamente, culpabilizado por todos os males do mundo m e mais alguns. Afirmo Afirmo-me conservador porque o conservadorismo acaba por ser mais uma filosofia do modo como encaramos a vida do que uma ideologia política. Sou conservador porque ainda acredito na família tradicional. Sou liberal porque não quero, nem admito que o estado promova qualquer tipo de família padrão, seja ela qual for. Sou conservador porque acredito que o estado não deve promover qualquer
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Ser liberal não é ser a favor das causas fracturantes. É querer um modelo de estado baseado na liberdade de opção de cada um. Ser conservador não é ser xenófobo ou racista. É admitir que provenho de uma cultura muito específica e que gosto de viver nela.
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tipo de experiências sociais que podem ser muito erradas, mas sou liberal porque acredito acima de tudo que o indivíduo deve estar acima do colectivo. Sou conservador porque acredito em valores menos experimentalistas e mais resguardados. Sou liberal porque sei que não devo nem posso impor esses mesmos valores a quem quer que seja. Gosto do meu país, mas nã não embarco em nacionalismos estúpidos de defesa do que é português só porque é português. Gosto da minha cidade mas não embarco em bairrismos. Gosto de viver em liberdade, liberdade essa onde não me impinjam aquilo que eu não quero. Ser liberal não é ser a favor das causas fracturantes. Ser liberal é querer um modelo de estado baseado na liberdade de opção de cada um. Ser conservador não é ser salazarista, é acreditar em valores muito próprios, sejam eles de fundamento religioso ou não, e viver segundo regras reg mais do que comprovados e não ser adepto da mudança desenfreada e mal pensada. Ser conservador não é ser xenófobo ou racista, é admitir que provenho de uma cultura muito específica e gostar de viver nela. Ser liberal não é querer matar a cultura com o abrir de portas a imigração, é perceber que a insegurança que se vive não tem razões culturais ou raciais, mas tem razões socioeconómicas. Perceber Perceber-se-á assim que, num partido com aspirações a acolher a direita portuguesa há que saber integrar e complementar complementar-se uns aos outros, convergindo na semelhança e divergindo na diferença, respeitosa respeitosamente, honestamente e lealmente.