24 O JOVEM [Dezembro2009]

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Nº 2 4 | An o X XI V | D e ze m b ro de 20 0 9

Juventude Popular da Maia www.jpmaia.org imprensa@jpmaia.org

Juntos distribuímos sorrisos

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NATAL SOLIDÁRIO Entrevista a José Eduardo Azevedo, novo p. 8 Presidente do CDS-PP da Maia | p. 4 Carlos Pinto fala sobre o flop de Copenhaga | p. 6 Opinião de Manuel Oliveira e Rita Magalhães e Silva | p. 8


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p r ime ir a pá gina

post@s virtu@is Os meninos à volta da fogueira Um dos chavões do reformismo é a necessidade de fazer reformas com, e não contra, o que precisa de ser reformado. Parece uma fórmula sentata mas fazer "reformas com" significa que a cada passo é preciso pagar a alguém para se poder avançar. Fazer "reformas com" transforma as reformas em distribuições de dividendos. É uma ideia peregrina que resulta no facto de 90% da despesa corrente do Estado ser intocável. O que vale é que parece que está finalmente a chegar o tempo de fazer "reformas contra".

Tomás Belchior

http://acampanhapermanente.blogspot.com/

apontamentos Tratado de Lisboa Teve lugar no início do mês de Dezembro a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Os líderes dos 27 países da União Europeia estiveram reunidos na capital portuguesa, para participar na cerimónia que marcou o arranque da nova Europa.

Buscas na Câmara Municipal da Maia A Câmara Municipal da Maia foi alvo de buscas da Polícia Judiciária do Porto, disse à Lusa fonte da presidência da autarquia. As buscas da Polícia Judiciária tiveram por base "processos no âmbito de obras particulares", segundo revelaram as fontes.

Salário Mínimo O primeiro-ministro anunciou ao Parlamento e fez aprovar em Conselho de Ministros, um novo aumento do Salário Mínimo, agora para 475€. Em época de crise, as dúvidas sobre a oportunidade desta medida levantam-se na cabeça de empresários e trabalhadores.

Editorial Tiago Loureiro Editor d’O Jovem 1. É pena que tal coisa aconteça apenas como consequência destes tempos de crise, mas a verdade é que, finalmente, se ouvem, por cá, vozes – tímidas, muitas vezes – que reclamam uma descida de impostos como meio para uma animação económica. Quem o tem posto na prática, ou defendido na teoria, não deixa, no entanto, de enunciar a necessidade de se recorrer simultaneamente a um forte programa de investimento público. Tudo isto não pode deixar de compor um estranho paradoxo, uma que vez que, como disse Hazlitt, “public works mean taxes”, logo mais investimento público representará um peso maior em cada contribuinte. Deve ser por isso que, por cá, ainda se vai acreditando exclusivamente na superior eficácia do investimento público, seguindo o axioma muito socialista de que as pessoas ou empresas não sabem utilizar a folga na sua disponibilidade financeira, logo, o Estado omnisciente e, como sempre, omnipresente trata de gastá-lo de forma inquestionavelmente correcta. O dinheiro dos 2. Mas se a obra pública é contribuintes gasto algo que emana da para criar um emprego necessidade inequívoca em no âmbito das obras relação a determinada estrutura, por parte da maioria públicas, é dinheiro dos contribuintes – que a que deixa de ser pagam –, então justificar a sua utilizado para gerar construção com a necessidade de criação de emprego noutra área qualquer. Bastiat emprego, por exemplo, é subverter a ideia de partida. explica isso muito bem. Normalmente, a desculpa da criação de de emprego emprego aparece aparece para esconder a duvidosa utilidade da construção de determinado empreendimento. Mais do que isso, acreditar que os empregos criados pelas obras públicas representam um aumento linear no número de pessoas empregadas é falsa. O dinheiro dos contribuintes gasto para criar um emprego no âmbito das obras públicas, é dinheiro que deixa de ser utilizado para gerar emprego noutra área qualquer. Bastiat explica isso muito bem. Esse tal princípio muito em voga de que a obra pública, bem como a intervenção do Estado sob outras formas, é boa para a criação de emprego, acaba por ser disseminada pela totalidade das forças políticas quando recorrentemente colocam o ónus do aumento ou diminuição do emprego directamente do lado do Estado. Assim, quando a oposição acusa o governo de ser o culpado da alta taxa de desemprego e o governo promete criar um determinado número de empregos, a ideia de que o Estado é um dos principais motores da criação de emprego ganha força. Legitimam-se, dessa forma, as obras públicas como prática não só aceitável como inevitável, em vez de se lembrar que o dever do Estado não é ser um agente activo, mas antes tornar-se passivo, dando mais liberdade de movimentos às empresas, elas sim, parte importante quando se trata de impulsionar a economia.


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p r ime ir o pl an o

Juntos distribuímos sorrisos

A Juventude Popular da Maia entregou à Instituição Particular de Solidariedade Social “A Causa da Criança”, o resultado da sua recolha de Natal que realizou junto dos jovens maiatos. Esta segunda edição da campanha “Juntos Por 1 :)” excedeu

em muito as expectativas, tendo-se registado um espírito solidário muito grande para com aqueles que mais necessitam de um sorriso. À semelhança da campanha do ano passado, cuja recolha reverteu

integralmente para a IPSS “SOCIALIS”, a recolha deste ano, de roupas e brinquedos para rapazes e raparigas dos 0 aos 16 anos, prolongou-se durante quase todo o mês de Novembro e Dezembro. Registou-se em todas as datas de recolha uma forte adesão, tendo-se felizmente superado, em grande escala, a quantidade do material recolhido o ano passado. De registar ainda, que foram recebidas doações de quase todos os pontos do concelho mostrando assim que esta campanha merece o apoio e a confiança dos jovens maiatos. Com estes fantásticos, visíveis e inspiradores resultados, é firme intenção da Juventude Popular da Maia fazer perdurar anualmente esta onda solidária destinada sempre a uma IPSS maiata que apoie os jovens mais carenciados do nosso concelho.

JP Maia ignorada em Moreira Com o intuito de continuar a série de visitas que pretende realizar às freguesias do concelho da Maia, a Juventude Popular da Maia agendou, há uns meses atrás, uma reunião com o Presidente da Junta de Moreira, Albino Maia, para o passado dia 18 de Dezembro. No entanto, à hora marcada, a delegação da Juventude Popular da Maia que se deslocara às instalações da Junta de Freguesia acabou por ser recebida por um outro elemento do executivo que,

demonstrando não ter conhecimento do que fora combinado, marcou, por uma segunda vez, uma reunião que, conforme constatou, estava marcada com a antecedência suficiente. A Juventude Popular da Maia manifestou a sua mágoa e indignação perante os procedimentos que o executivo da Junta de freguesia tomou, realçando a falta de respeito institucional que tal acto demonstrou, e esperando que tal não volte a suceder.


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ent rev ist a josé eduardo azevedo presidente da comissão política concelhia do cds-pp maia

A nova vida do CDS na Maia Após as últimas eleições autárquicas, o CDS Maia mudou de presidente. José Eduardo Azevedo foi o escolhido pelos militantes maiatos do partido para o liderar nos próximos dois anos. O novo presidente esteve à conversa com “O Jovem”, e falou do presente, do passado e do futuro.

Após algum tempo de afastamento da política activa, regressou para se candidatar à liderança do CDS Maia. O que o levou a assumir esse desafio? O convite e desafio proposto por alguns militantes e apoiantes do partido. A saudade de participação activa na vida política. E o sentimento de poder contribuir para o desenvolvimento do partido nos seus desígnios locais e nacionais. Como caracteriza a herança que lhe foi deixada pelos anteriores responsáveis pelo partido? Não gostaria de caracterizar como “herança” o trabalho feito pelos meus antecessores. Foi com toda a certeza um trabalho desenvolvido no sentido de contribuir para o crescimento e implementação do partido no

concelho, com o objectivo de representar e dignificar o CDS/PP e os seus militantes. Os meus antecessores levaram a cabo um projecto, o melhor que puderam e souberam, mas que no entanto terminou. Iniciando-se agora um novo projecto de uma nova equipa que tenho a honra de liderar. A sua CPC é composta por alguns elementos recentes e outros com mais experiência. Que características procurou na formação da nova equipa? Procurei essencialmente pessoas que, quer pelo seu passado e experiência quer pelo seu dinamismo e carácter inovador, pudessem ajudar-me a cumprir este mandato com os

melhores êxitos e resultados que todos desejamos. Para os próximos dois anos, o que podem os maiatos esperar do CDS? Da Comissão Politica Concelhia podem esperar uma estrutura politica local de representação de todos os militantes apoiantes e simples cidadãos comuns, disponibilizandonos para os ouvir e esclarecer sempre que desta Comissão Politica se socorrerem. Não iremos esquecer também todos aqueles que, embora não se façam ouvir, também padecem dos mesmos problemas que afectam actualmente o país e que, como é óbvio, não são excepção no concelho da Maia. Refiro-me concretamente aos problemas ligados ao desemprego, à economia,


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ent rev ist a

Podem esperar uma estrutura política local de representação de todos os militantes apoiantes e simples cidadãos comuns. Não iremos esquecer também todos aqueles que, embora não se façam ouvir, também padecem dos mesmos problemas que afectam actualmente o país e que, como é óbvio, não são excepção no concelho da Maia. educação, justiça, à dificuldade de integração dos jovens na vida profissional, entre inúmeros outros que a seu tempo iremos identificar, discutir e trabalhar no intuito de lhes encontrar uma solução. O partido vive ainda na ressaca de uma derrota eleitoral nas últimas autárquicas. Que análise faz dos resultados de 11 de Outubro? A análise que faço é a de um enormíssimo resultado do Eng.º Bragança Fernandes. Resultado esse que, na minha opinião, foi de tal forma avassalador que impede que se tirem quaisquer conclusões, positivas ou negativas, dos últimos resultados eleitorais. No entanto, o facto de termos perdido representantes ao nível do Executivo Camarário, respectiva Assembleia e Juntas de Freguesia, não deixa de ser uma menos valia para o partido, e como é óbvio, na nossa óptica, para o concelho. Acha que o partido terá dificuldades acrescidas agora que viu o seu peso autárquico diminuído? Isso é uma pergunta que só o tempo irá responder. Mas não nego que a

falta de representatividade nos órgãos autárquicos do concelho limita consideravelmente a capacidade de intervenção política.

Que análise lhe merece a actual realidade política do concelho, agora que é marcada por um domínio ainda maior do PSD? Não concordo que exista um maior domínio do PSD. O PSD teve, isso sim, um resultado nestas eleições autárquicas que foi muitíssimo bom. Resultado esse que, humildemente reconheço, foi, em muitos dos seus aspectos, justo. Foi justo não só pelo que este executivo veio fazendo nos últimos anos, mas também pela falta de oposição credível que se apresentou a estas eleições. E refirome inclusive, com as devidas excepções, às listas apresentadas pelo CDS/PP para os vários órgãos autárquicos. Não pelo facto de os militantes que se apresentaram a sufrágio não terem categoria ou capacidade suficiente para fazer mais e melhor do que os seus opositores, mas sim pelo facto de o CDS/PP Maia não estar, após 12 anos de coligação, preparado para enfrentar sozinho estas eleições.

No entanto, não nos podemos esquecer que nos outros sufrágios que antecederam as autárquicas o PSD não foi dominante. Isso demonstra que a realidade política do concelho que foi mostrada pelos resultados destas eleições autárquicas é bem diferente da verdadeira orientação política da maioria dos munícipes. Não descartando o seu passado pessoal na JP (antiga JC), que expectativas tem o CDS em relação à acção da Juventude Popular da Maia durante o próximo mandato? As expectativas são elevadas. Não só porque reconheço a qualidade dos actuais dirigentes e apoiantes da JP Maia, demonstrada pelo trabalho apresentado, mas também pelo facto de entender que estes serão os nossos sucessores. Ou seja, o papel da Comissão Politica Concelhia deverá ser o de acolher e ajudar a preparar os actuais dirigentes e militantes da “jota”, para que mais tarde ocupem o devido e merecido lugar na estrutura concelhia. Até porque acredito que a renovação das estruturas deve ser sempre feita aliando a experiência daqueles que já alguns anos andam nestas lides com o dinamismo e sentido inovador próprio dos mais jovens. Que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores e militantes? Antes de tudo mais os votos de um bom ano de 2010 cheio de sucessos pessoais, profissionais e políticos. E a certeza que esta Comissão Politica tudo fará para dignificar e honrar este nosso partido, o grande CDS/PP.

As expectativas são em relação à JP Maia são elevadas. Não só porque reconheço a qualidade dos actuais dirigentes e apoiantes da JP Maia, mas também pelo facto de entender que estes serão os nossos sucessores.


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op in iã o

Conspiração climática? Carlos Pinto Vice-Presidente da Juventude Popular da Maia

Esperava-se muito da Conferência de Copenhaga ocorrida este mês mas na realidade, registou-se muito pouco debate climático. O debate centrouse essencialmente nas ajudas financeiras que 127 países em vias de desenvolvimento obterão dos 38 países que o Protocolo de Quioto classifica na categoria de países desenvolvidos. Relembremos os princípios adoptados aquando da criação da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CCNUCC) em 1992, e o seu aditamento com o Protocolo de Quioto, assinado em 1998, com entrada em vigor em 2005. Nestes dois tratados, os Estadosmembros acordavam a coresponsabilidade, mas diferenciada das Nações no aumento constante da concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera, e, consequentemente, segundo o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (GIEC), no aquecimento global. Todos os Estados-membros dizem-se prontos a unificar esforços no sentido

de lutar com o efeito de estufa e, assim, favorecer a adaptação dos homens e da natureza ao suposto aumento da temperatura. Mas, porque a sua industrialização começou há 100 ou 200 anos, e que os seus habitantes consomem muita energia, os países desenvolvidos seriam os principais responsáveis pela acumulação de dióxido de carbono na atmosfera. O Protocolo de Quioto impunha assim uma redução das suas emissões de C02 de 5,2% entre 2008 e 2012 (comparativamente às emissões do ano de 1990), e punha em prática mecanismos penalizando financeiramente os agentes económicos desses países desenvolvidos que emitem excedentes de gases com efeito de estufa. Pelo contrário, o Protocolo não impunha nenhum constrangimento aos países ditos em desenvolvimento. A conferência de Copenhaga tinha portanto por objectivo dar um seguimento ao Protocolo de Quioto, em vigor até final de 2012. Pretendiase endurecer consideravelmente as reduções de gases com efeito de

estufa, e sobretudo, criar uma conta comum, alimentada por contribuições financeiras dos 38 países ditos desenvolvidos e destinada a financiar países ditos em desenvolvimento, no seu esforço para uma modernização ecologicamente necessária das suas economias. As etapas de preparação da conferência de Copenhaga colocaram o princípio de contribuições situando-se entre 0,5% e 1% do PIB dos países desenvolvidos. Desde então, a China, maior emissor de CO2 do planeta, não deixou de lutar pelo máximo deste intervalo. Tinham o apoio da Índia, Brasil, México, África do Sul e todos os países cuja indústria está em forte crescimento. Embora este constituísse um esforço demasiadamente intenso, foi o que os representantes desses 38 países desenvolvidos, aceitaram ver escrito no comunicado final da conferência de Poznan, em 2008. Logicamente, agora na cimeira de Copenhaga, esses países lutariam pelo aligeiramento desse sacrifício. Como se poderia prever, a fractura avizinhava-se e materializou-se pelas seguintes posições : os países subdesenvolvidos fizeram reconhecer que o desenvolvimento económico e a irradiação da pobreza são para eles prioritários. Como consequência, não se podiam comprometer na mínima redução das suas emissões de gases com efeito de estufa. A China por seu turno, queria continuar a aproveitar a benevolência dos Europeus, assegurando-se uma fonte de rendimentos importante com a venda dos certificados de redução de emissões. Por exemplo, construindo um parque eólico suposto substituir a


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op in iã o construção de uma central eléctrica poluente, pode-se agora emitir um certificado de redução de uma determinada quantidade de toneladas de CO2 e o vender a uma empresa europeia, após a sua aprovação e sem controlo no local, por uma agência da ONU. Neste campo, os EUA insistiam num controlo sério para verificar essas reduções pretendidas mas a China, obviamente recusou. Assim, a China e outros, poderão continuar a aproveitar dessa benevolência. Os EUA queriam desembolsar o mínimo possível aos países subdesenvolvidos, nomeadamente a África. Sabe-se que grande parte dessas contribuições cai directamente em contas dos dirigentes desses países e que a prioridade deveria ser a luta contra a corrupção. Limitaram assim, a sua fatia a 12% da contribuição global de 30M milhões de dólares nos 3 anos 2010-2012. Os Europeus e Japoneses assegurarão o resto do bolo. Tanto quanto se sabe, não constituirá totalmente uma nova despesa para nós já que, parte da quantia terá como fonte as ajudas previstas para o desenvolvimento dos países do terceiro mundo (programas alimentares, de higiene e saúde, alfabetização, etc). Assim, filosofia do destino, a busca de metas climáticas leva a sacrificar as necessidades elementares dos mais pobres habitantes da Terra. Quanto às economias dos países desenvolvidos que contribuem com estas subvenções, todo este esquema resulta num golpe à economia, já que, estas reduções drásticas das obtidas emissões de CO2 parcialmente pela deslocalização para os países menos desenvolvidos das indústrias mais poluidoras, originarão uma perda no PIB, sem qualquer contra-partida. Esta perda leva directamente a uma diminuição equivalente de rendimentos e emprego, o que gera por seu turno novas perdas, entrando-se num processo cumulativo de recessão. Quanto aos outros princípios obtidos da cimeira de Copenhaga, são absolutamente simbólicos. O que significa comprometer-se numa

redução das emissões para o ano 2050, isto daqui a 40 anos? O que significa comprometer-se numa limitação de 2ºC no aumento da temperatura média da atmosfera? Porque não se comprometer também no número de dias de chuva no deserto do Saara ou de dias sem chuva em Londres? A ciência do clima está longe de ser exacta. A evolução do clima depende de diversos factores, ainda não totalmente conhecidos, como a actividade do sol, a camada nebulosa ou mesmo a actividade vulcânica. O próprio escândalo do “Climategate” vem corroborar todas as dúvidas sobre a real evolução da temperatura média à superfície da Terra. E então, o que são feitas das dúvidas que começam a aumentar acerca do fundamento científico do efeito de estufa, cujos défices explanatórios começam a ser cada vez mais evidentes? Ainda sobre o recente

escândalo do “Climategate” que expos as práticas de falseamento de dados científicos (nomeadamente dos registos históricos de temperaturas) e das manipulações visando impedir a publicação de estudos científicos refutando as teses do GIEC, qual foi a conclusão na cimeira de Copenhaga? Bem, os dirigentes mundiais não o tiveram em conta, exceptuando um protesto aceso de um Delegado da Arábia Saudita, na primeira terça-feira de conferência. Então, os líderes mundiais, impávidos, ignorando a inutilidade das medidas que estavam a discutir sobre os objectivos climáticos, prosseguiram com o seu diálogo desligado da realidade… Antes de se discutir medidas resolutivas, deveríamos ter a certeza dos problemas e consequências reais. Senão, que legitimidade é esta de se aprovarem e aplicar leis e taxas antieconómicas à luz de uma ciência tão abertamente tendenciosa?

Quanto às economias dos países desenvolvidos que contribuem com estas subvenções, todo este esquema resulta num golpe à economia, já que, estas reduções drásticas das emissões de CO2 obtidas parcialmente pela deslocalização para os países menos desenvolvidos das indústrias mais poluidoras, originarão uma perda no PIB, sem qualquer contrapartida. Esta perda leva directamente a uma diminuição equivalente de rendimentos e emprego, o que gera por seu turno novas perdas, entrando-se num processo cumulativo de recessão.


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Foi o nosso ano! Manuel Oliveira Presidente da Juventude Popular da Maia

O ano que agora termina foi inquestionavelmente fértil em termos políticos. A raridade de três sufrágios num único ano – europeias, legislativas e autárquicas – foi para todos um desgaste imenso. Para os portugueses, que foram confrontados em praticamente meio ano com três dimensões de poder claramente distintas e com objectivos diferentes, e para os próprios agentes políticos, uns mais do que outros claro, que se viram em frentes de batalha um bocado duras, tendo sido, sem dúvida, a campanha legislativa aquela que fez suar mais. E apesar de os portugueses terem conhecido, por vezes, as mesmas caras em mais do que uma das batalhas – recordo-me, por exemplo, do caso de Elisa Ferreira, candidata socialista ao Parlamento Europeu e à presidência da Câmara Municipal do Porto – não podemos, de forma alguma, esconder que foi um ano político verdadeiramente emocionante, cheio de pequenas e

grandes aguerridas disputas onde brilharam – manifestamente, mais uma vez, uns mais do que outros - as principais personagens da nossa praça e até outras novas que deram um ar da sua graça. Alguns pensam que juntos conseguiram, outros pensam que a verdade foi e continuará a ser asfixiada. A abstenção, essa, continua lá. O drama foi o mesmo de sempre, o desinteresse. Mas, alguém acredita mesmo em desinteresse com três eleições no mesmo ano? O desleixo também não é resposta. Fico-me, então, pela falta de opções. Calma, opções tradicionais. Não fechemos os olhos ao seguidismo no centrão que reina por estas zonas. E o problema foi – com grande surpresa!... - mesmo esse. Se um não era bom, o outro não era melhor. Conclusão: um ou outro, tanto faz. E arranca mais um (novo) ciclo. Até aqui, nada de novo. E saliente-se, mais uma vez, que foi um ano marcado por três eleições.

Foi pessoalmente um orgulho fazer parte de um dos episódios que vão com certeza marcar a história desta casa por muitos e muitos anos e que traz a cada um o claro sentimento de fazer mais, gritar mais!

O que foi realmente bom? Bem, muito ao estilo francamente inspirador de Goscinny-Uderzo, eis que os irredutíveis defensores da direita democrática, baseada nos verdadeiros princípios da Liberdade, sobrevivem ao que para muitos, pouco crentes talvez, parecia a morte certa. Ainda que sem poção mágica e dispensando, como sempre, qualquer outros truques de trazer por casa – diplomas de domingo, cursos por fax e outras coisas que tais –, mas alicerçados por um grande espírito de servir os seus, de alargar a influência, de mostrar soluções e até de criar debate útil, esses irredutíveis conseguem de Norte a Sul, de Este a Oeste passar uma mensagem de compromisso com a realidade e de confiança com o futuro. Foi diferente. Foi único e cativou. Por mim, este ano não acabava se me prometessem que esta experiência perdurava. Foi pessoalmente um orgulho fazer parte de um dos episódios que vão com certeza marcar a história desta casa por muitos e muit os anos. O sentimento de que este ano foi o do arranque que há muito era desejado, traz a cada um o claro sentimento de fazer mais, gritar mais! Não tenham dúvidas. Foi isso que os portugueses sentiram. Isso, e a certeza de que agora está lá alguém para se preocupar com aquilo que realmente interessa, batalhando por um presente sempre melhor, não podia mais do que trazer a firme e segura contratualização de um projecto indiscutivelmente bonito e promissor. Se há cada vez mais pessoas a pensar como nós? Não sei. O que sei é que há cada vez mais pessoas a acreditar em nós. E em política isso é um sentimento fenomenal e raro.


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2009 Rita Magalhães e Silva Militante da Juventude Popular da Maia Estando no fim de mais um ano e fazendo uma retrospectiva política da Nação, que conclusões poderemos tirar? Tivemos um ano marcado por uma crise económica que veio encobrir um longo período de recessão que há muito atravessámos. Um ano marcado pela diminuição do consumo, despedimentos colectivos, inúmeras greves quer do sector público, quer do sector privado, fecho de empresas. Enfim, um ano conturbado e agora pergunto-me: mas porquê? A meu ver, Portugal continua a ser um país sustentado por figuras políticas (nem todas) que têm a vertigem do poder, alimentam-se dele e, mais tarde, definharão sem ele. Usam-no para fins egoísticos e próprios, em vez de o usarem de forma altruísta em nome do bem comum. Como Maquiavel descreveu na sua obra “O Príncipe”, vêem-no como um meio para atingir os seus fins. Não diria que temos o exercício de um poder ilegítimo, ma s não há dúvida que este se tem pautado por ambivalências e dualidades. É quase como se estivéssemos numa oligarquia: um poder que tem dois rostos. Por um lado, temos a “tentativa” de prover matérias do interesse geral e objectivamente fazer coisas úteis. Por outro lado, temos um poder tendente à concentração e distribuição em círculo fechado das benesses. Verifica-se uma descrença política inadmissível, contudo provocada por quem assume de forma errónea uma responsabilidade tão grande como

governar um país. Há uma queda do prestígio do governo motivada por escândalos, corrupção, despotismo, profunda incapacidade na resolução de problemas, respostas lentas, promoção da burocracia, entre outros problemas que tanto nos apoquentam. Há uma tentação periódica em cair no exagero: hoje temos uma mão dura autoritária, amanhã temos uma luva de cetim leviana. Há instabilidade política e um enorme descontentamento que teve corpo nos vários actos eleitorais decorrentes: perdeu-se uma maioria absoluta e o número de votos à direita incrementou. O povo está farto de mentiras e obscuridade e 2009 teve um balanço mínimo positivo

porque se manifestou a sua revolta. Neste sentido, chegou o nosso momento. Chegou o momento de provar que estamos do seu lado, que queremos viver numa sociedade estável, sem défices orçamentais, sem desemprego, sem pobreza. Queremos promover o investimento, o consumo, assegurar o acesso a bens e serviços necessários às exigências naturais do homem e melhores condições de vida e subsistência para todos. Queremos melhor educação e saúde. Queremos o melhor para o povo de Portugal. Será fácil? Não, não será. Existem inúmeros obstáculos vencer, mas juntos conseguiremos até porque “há cada vez mais pessoas a pensar como nós”.

Portugal continua a ser um país sustentado por figuras políticas (nem todas) que têm a vertigem do poder, alimentam-se dele e, mais tarde, definharão sem ele. Usam-no para fins egoísticos e próprios, em vez de o usarem de forma altruísta em nome do bem comum.


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