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entrevista [10]
Michael Seufert O Jovem esteve à conversa com o presidente da Juventude Popular e deputado do CDS à Assembleia da República, Michael Seufert. Nesta entrevista ele fala-nos de tudo da forma a que habituou todos os que o conhecem: franca e honesta. Após pouco mais de metade do mandato cumprido, falamos da sua eleição para presidente da JP, as expectativas em relação à eleição como deputado, da situação política actual e até das questões mais triviais de que é feita a sua vida. Uma entrevista a não perder.
notícias [3]
cds-pp [4]
especial [8]
JP Maia elege novos orgãos concelhios
O CDS comemora 36 anos de existência
A distrital de Braga sob o signo da plenitude
A JP Maia foi a votos. Manuel Oliveira foi reconduzido na liderança da Comissão Política e o ex-presidente, Júlio Marques, foi eleito como novo responsável pela Mesa do Plenário Concelhio.
Fundado em Julho de 2009, o CDS completa neste mês 36 anos de existência. Esta edição contém resumo da história do partido, com alguns dos momentos mais relevantes e as personalidades mais marcantes da sua história.
Com pouco mais de um ano de actividade, a Distrital de Braga virou moda e cresceu até atingir a plenitude de concelhias eleitas no distrito. Destacamos os momentos principais do sucesso e falamos com Sérgio Lopes.
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julho 2010 | o jovem
EDITORIAL Tiago Loureiro
| Editor d’O Jovem
A anatomia do verme Por estes dias, a propósito da sua provável expulsão do PS, ouvi Narciso Miranda falar das poucasvergonhas que minam as estruturas partidárias, com os aparelhismos e o jogo dos tachos e das influências a marcar o ritmo do seu funcionamento. Não é que ele me mereça o papel de exemplo imaculado da luta contra o sistema. Afinal, também ele veio abrir a boca apenas no momento em que já não pode fazer aquilo que acusa os outros de lhe fazerem. Na verdade, esta vida de verme “apparatchik” obedece muito a um jogo de grandes conveniências. Quem está calado vai ganhando; quem abriu a boca já perdeu. As estruturas partidárias, longe de serem organismos perfeitos, ganham retoques de uma imperfeição perversa à conta desses vermes que nela se sustentam e crescem à custa de conhecimentos pessoais variados e suspeitos, da posse de um bom punhado de votos e do controlo dos crânios ocos de uma série de idiotas úteis, enfileirados como carneiros que funcionam pelo impulso dos interesses e das lutas de poder pelo poder. Ideias, essa gente tem poucas que interessem àqueles que motivaram o nascimento das forças políticas. Ao contrário, são eles que oferecem às pessoas a visão de uma política suja e com objectivos calculistas que nada lhes interessa e que as repugna. As suas habilidades jogam-se nos tabuleiros internos; os seus interesses também. Esses vermes vegetam na classe dos parasitas. Colados como lapas ao espelho que lhes reflecte o ego, vão calculando, manipulando e servindo para chegar ao ponto onde vêm um fim, enquanto outros
viram um meio para fazer melhor pelo país e pelos que em si confiaram. A natureza do verme é diversa e motivada por uma série de interesses distintos. Eles podem vir de Gaia, de Paredes, de Braga ou outra qualquer paragem mais ou menos exótica. Eles podem querer dinheiro, status, protagonismo ou apenas uma boa forma de passar o seu tempo. Mas todos rastejam na lama da sua ignorância, respiram o ar sujo da sua inconsequência e passeiam sob o cheiro fétido da sua vaidade, cheios de si próprios, pequeninos como só eles conseguem ser. É provável que Narciso Miranda nunca tenha sido mais do que um verme. Mas traindo a espécie ou não, veio relembrar que o meio em que muitos optaram estar de boa fé está infestado de seres que teimam em querer ser mais do que os vermes que serão para toda a vida.
Michael Seufert Mas nem só de trevas vive a política. Ao contrário dos diversos vermes que pululam certas estruturas partidárias, existem aqueles que apenas levam em conta as ideias que interessam e os problemas que realmente importam. Um desses que não precisam de calculismos obscuros para chegarem a certo sítio, porque basta-lhes merecer lá estar, é o Micha, nosso entrevistado nesta edição. Ao fim de pouco mais de um ano, a JP está forte e recomenda-se, muito por causa da competência da sua chefia. O desânimo de ver os vermes respirarem sai largamente compensado quando vemos pessoas como ele no lugar certo.
NESTA EDIÇÃO primeira página Editorial por Tiago Loureiro
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Michael Seufert
ser jp na maia Manuel Oliveira reeleito Nasce o Núcleo do Castêlo da Maia
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especial 36 anos do CDS-PP 100% Braga
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opinião Nuno Silva Manuel Oliveira Rita Magalhães e Silva
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ser jp na maia
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MANUEL OLIVEIRA REELEITO REELEITO PRESIDENTE DA JP MAIA MAIA Na quarta-feira 28 de Julho, a Juventude Popular da Maia foi a votos para a eleição ordinária dos seus órgãos concelhios. Com listas únicas à Comissão Política Concelhia e à Mesa do Plenário Concelhio, os militantes da estrutura votaram esmagadoramente na reeleição de Manuel Oliveira para mais um ano de mandato. Com uma aposta clara na continuidade de um projecto que iniciou com o primeiro mandato, a Comissão Política da Maia continua a ser representada pelos Vice-Presidentes Carlos Pinto, Nuno Silva e Tiago Loureiro. A secretaria-geral da estrutura fica a cargo de Vânia Peres enquanto como Vogais foram eleitos Rita Magalhães e Silva, Tiago Oliveira, José Miguel Maia, Marianna Pimenta, Renato Ribeiro e Márcio Aguiar. Já a Mesa do Plenário Concelhio apresenta uma cara nova, Júlio Marques,
ex-presidente da estrutura e militante de longa data da Juventude Popular. Nesta equipa está também Tiago Fonseca Oliveira, como Vice-Presidente, e Miguel Moreira, como Secretário. Como Conselheiros Nacionais, eleitos em listas uninominais, temos Carlos Pinto, José Miguel Maia, Eric Rodrigues, Vânia Peres, Tiago Oliveira e Rita Magalhães e Silva. Quanto aos Conselheiros Distritais, foram eleitos José Miguel Maia, Tiago Oliveira, Renato Ribeiro, Vânia Peres, Rita Magalhães e Silva e Márcio Aguiar. O Gabinete de Estudos da Juventude Popular da Maia continuará a cargo de Carlos Pinto. A tomada de posse dos novos órgãos, assim como a apresentação do caderno de encargos para este mandato, está prevista para o mês de Setembro, após as férias e a habitual rentreé política do CDS-PP e da Juventude Popular. | Vânia Peres
NASCEU O NÚCLEO DO CASTÊLO DA MAIA
Foi no passado dia 18 de Julho que a Juventude Popular da Maia fez história com a criação do seu primeiro núcleo territorial, o Núcleo do Castêlo da Maia. Com o objectivo de abranger as freguesias de Barca, Santa Maria de Avioso, São Pedro de Avioso e Gemunde, esta será uma oportunidade para a estrutura estar mais perto dos jovens, dos seus problemas e ambições. Para marcar este acontecimento, a iniciativa foi celebrada com um convívio no Katus Academic Bar, na
vila do Castêlo da Maia, e contou com imensos militantes da Juventude Popular – quer do recém-criado núcleo, quer de várias concelhias e outras estruturas – e muitos outros jovens que tiveram oportunidade de conhecer este projecto de futuro para Juventude Popular da Maia. Alguns dos elementos deste recémcriado núcleo, foram recentemente eleitos para os orgãos concelhios da JP Maia, nomeadamente José Miguel Maia, Marianna Pimenta e Renato Ribeiro. | Manuel Oliveira
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Era uma vez um partido... O partido do Centro Democrático e Social nasceu no dia 19 de Julho de 1974, através do impulso e do trabalho de dois homens: Freitas do Amaral e Amaro da Costa. Nascido para ir de encontro “ao apelo de amplas correntes de opinião pública, abrindo-se a todos os democratas do centro-esquerda e centro-direita", o CDS percorreu vários caminhos. Hoje, quando passam 36 anos da sua fundação, vale a pena, como sempre, relembrar os momentos marcantes da sua história.
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A fundação O Partido do Centro Democrático e Social (CDS) foi fundado em 19 de Julho de 1974, "correspondendo ao apelo de amplas correntes de opinião pública, abrindo-se a todos os democratas do centro-esquerda e centro-direita", segundo as palavras do fundador, Diogo Freitas do Amaral. Para além dele, entre as personalidades que subscreveram a sua Declaração de Princípios contavam-se o eterno Adelino Amaro da Costa, Basílio Horta, Vítor Sá Machado, Xavier Pintado, João Morais Leitão e João Porto. Os primeiros meses de actividade caracterizaram-se por um esforço de implantação e esclarecimento, dificultado e impedido pelo clima de instabilidade, violência e anarquia que se vivia no país, que culminaria nos assaltos à sede do partido em 4 de Novembro de 1974 e em 11 de Março de 1975. Em 13 de Janeiro de 1975, cumprindo a lei dos partidos políticos, o CDS entregou ao Supremo Tribunal de Justiça a documentação necessária à sua legalização. Durante a realização do seu I Congresso, no Palácio de Cristal, na cidade do Porto, em 25 e 26 desse mesmo mês de Janeiro, o CDS foi vítima dos distúrbios da extrema-esquerda, que cercou o edifício e tentou a sua invasão, tendo as forças militares permitido o sequestro dos congressistas – entre os quais alguns destacados membros das maiores democracias-cristãs europeias – durante 15 horas. Nesse congresso, foi eleita a primeira Comissão Política, que teve como Presidente e VicePresidente, Diogo Freitas do
Amaral e Adelino Amaro da Costa, respectivamente. Em 11 de Março de 1975, na sequência de nova viragem política, que teve como vectores principais a intervenção colectivista na vida económica e a tutela militar do regime, o CDS declarou-se partido da oposição, atitude que manteria até à formação do II Governo Constitucional, em 1978. Em Abril de 1975, o CDS elegeu os únicos 16 Deputados não socialistas da Assembleia Constituinte, que haveriam de votar sozinhos contra o texto final da Constituição, em 2 de Abril de 1976, sendo esse facto, ainda hoje, um registo ímpar da história do partido. Entretanto, o CDS foi admitido em finais de 1975 como membro da UEDC – União Europeia das Democracias Cristãs. O grande objectivo do CDS foi alcançado em 1976, nas eleições legislativas: ultrapassar o PCP e colocar-se, ao lado dos socialistas e sociais-democratas, entre os grandes partidos democráticos portugueses, com 42 Deputados.
Um parceiro privilegiado O I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares com maioria relativa, passava por dificuldades dramáticas na Assembleia da República, fruto de uma moção de censura. Face a este cenário, e à hesitação do Presidente da República Ramalho Eanes, surgiu um ac ordo improvável entre o CDS e o PS, de modo a viabilizar “um governo de base PS, integrando personalidades do CDS” que vigorasse até 1980. É assim que, três anos e meio após a sua fundação, o CDS chega ao poder, colocando no governo três
ministros centristas – Rui Pena, Sá Machado e Basílio Horta, nas pastas de Reforma Administrativa, Negócios Estrangeiros e Comércio e Turismo, respectivamente, além de cinco Secretários de Estado. No entanto, em meados de 1979, o CDS propôs ao PSD e ao PPM a constituição de uma frente eleitoral que deu origem à AD – Aliança Democrática. A AD venceu as eleições legislativas de 1979 e de 1980, com maioria absoluta. Nos Governos da AD, o CDS esteve representado por cinco ministros e dez secretários de estado. O fundador e Presidente do partido, Diogo Freitas do Amaral, foi então vice-primeiroministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1980) e Vice Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa Nacional (1981-1982). Nesse mesmo período, outro fundador do Partido, Francisco Oliveira Dias, foi Presidente da Assembleia da República. O CDS ocupou, alternadamente, os ministérios dos Negócios Estrangeiros, Defesa Nacional, Presidência, Finanças e Plano, Agricultura, Comércio, Indústria, Obras Públicas, Assuntos Sociais e Cultura, imprimindo uma marca de qualidade, doutrina e moderação às políticas do seu governo. Em Março de 1981, realizou-se o IV Congresso – "Pela Democracia Cristã, com a AD renovar Portugal" – que, uma vez mais, reelegeu como líder do Partido Diogo Freitas do Amaral, desta vez já sem Adelino Amaro da Costa que morrera num trágico desastre de avião juntamente com Francisco Sá Carneiro, em
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Camarate, desastre que o sistema judicial português nunca esclareceu, ainda que a tese do atentado tenha ganho ainda mais força na última Comissão de Inquérito. Em Dezembro de 1982, após desinteligências no seio da AD, Freitas do Amaral demitiu-se do Governo e da presidência do Partido. Passados 22 anos, nas eleições legislativas de Março de 2002, na sequência da demissão do Primeiro-Ministro António Guterres, o CDS obtém um resultado eleitoral de 8,75% e estabelece com o Partido Social Democrata (PSD) um acordo de coligação que viabiliza a constituição do XV Governo Constitucional. Nesse Governo o CDS esteve representado por três ministros e seis secretários de Estado. O Presidente do CDS ocupa a pasta de Ministro de Estado e da Defesa Nacional, Maria Celeste Cardona a pasta da Justiça e António Bagão Félix a do Trabalho e Segurança Social. Após a saída do então PrimeiroMinistro Durão Barroso para presidir a Comissão Europeia, no XVI Governo, liderado por Pedro Santana Lopes, são quatro os ministros indicados pelo CDS/PP: Paulo Portas tutela agora também os Assuntos do Mar, para além de continuar a ser Ministro de Estado e da Defesa Nacional; Luís Nobre Guedes é Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território; Telmo Correia assume a pasta do Turismo; António Bagão Félix, é Ministro das Finanças e da Administração Pública. O CDS conta ainda com cinco Secretários de Estado.
Adelino Amaro da Costa discursa numa acção de campanha da Aliança Democrática.
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Por estes motivos, fruto do sentido de Estado e de compromisso que o CDS sempre assumiu pelos interesses de Portugal, os maiores partidos do arco da governabilidade sempre viram no CDS um companheiro responsável e de qualidade. Em suma, um parceiro privilegiado.
As evoluções doutrinais e o fim do “Freitismo” Com a saída de Freitas do Amaral da presidência do partido, o CDS experimenta pela primeira vez algumas evoluções doutrinais que o afastam da matriz democrata-cristã preconizada pelo até então presidente. Ao V Congresso, realizado em Lisboa em Fevereiro de 1983, apresentaram-se dois candidatos à liderança do Partido – Francisco Lucas Pires e Luís Barbosa, ex-ministro da AD, tendo saído vitorioso o primeiro. Francisco Lucas Pires ganha visibilidade no CDS por ser conotado com uma ruptura com o estilo centrista e vocacionado para a democracia-cristã de Diogo Freitas do Amaral. As suas ideias eram claramente menos viradas para a doutrina democrata cristã, encontrando maior identificação na direita liberal. Com pouco tempo de liderança, enfrenta o primeiro desafio eleitoral, conseguindo 12% dos votos e 30 deputados. Com uma queda nas eleições seguintes, em 1985, Lucas Pires sai da liderança do partido. O seu sucessor foi o Prof. Adriano Moreira. Com um discurso virado, mais do que nunca, para uma filosofia conservadora, o CDS atinge o seu pior resultado numas eleições legislativas, conseguindo eleger apenas 4 deputados em 1987, ficando conhecido na época como o “partido do táxi”. No mesmo dia realizaram-se as primeiras eleições para o Parlamento Europeu, tendo o CDS, através de uma campanha autónoma de Francisco Lucas Pires, candidato do partido nessas eleições,
conseguido 15,4% dos votos. Como consequência do mau resultado eleitoral, Adriano Moreira sai da liderança do partido, abrindo a porta ao regresso de Diogo Freitas do Amaral. Com o fundador do CDS voltou a ideia de vincar a marca democrata-cristã, estando tal objectivo bem patente no nome da moção com que vence o VIII Congresso: “Um Projecto Democrata Cristão para Portugal”. Apesar de uma ligeira subida nas legislativas seguintes, o projecto de Freitas do Amaral culmina em fracasso, levando novamente à sua saída, desta vez definitiva.
De CDS a Partido Popular Em 1992 uma nova geração tomou conta do CDS. Em Março desse ano, no X Congresso do partido, foi eleito o ex-presidente da Juventude Centrista, Manuel Monteiro. Um ano depois, um congresso extraordinário adiciona a expressão "Partido Popular" ao nome do partido. A denominação actual foi fixada no XIII Congresso, em Fevereiro de 1995. Rompendo com a ideia da equidistância relativamente a PS e PSD que o CDS deveria adoptar, apresentada por Freitas do Amaral em 1991, o CDS de Manuel Monteiro assume-se como um partido de direita. A ruptura com o passado fez-se também ao nível das questões europeias, manifestando-se o
CDS Partido Popular frontalmente contra o federalismo e a favor de uma Europa das nações onde a soberania de cada Estado deveria ser preservada. Nessa linha, o partido mostrou-se céptico em ralação ao Tratado de Maastricht e à União Económica e Monetária, acabando por ser expulso do Partido Popular Europeu (no qual foi, entretanto, readmitido). Nas legislativas de 1995 o CDS Partido Popular apresenta uma enorme recuperação eleitoral. Paulo Portas entra na ribalta do partido e é eleito deputado, entrando num grupo parlamentar que triplicava a anterior bancada do CDS e qual constavam nomes como Manuela Moura Guedes, António Lobo Xavier e Maria José Nogueira Pinto. No entanto, em 1997 após fracasso eleitoral nas autárquicas, Manuel Monteiro apresenta a sua demissão.
O aparecimento de Paulo Portas A “revolução” operada por Manuel Monteiro, teve o condão de iniciar a rota ascendente de uma das principais figuras da história do CDS. Paulo Portas, conhecido pela sua actividade jornalística no célebre “O Independente”, jornal que não poupou os governos de Cavaco Silva, entrou na vida parlamentar ao ser eleito deputado em 1995. Em 1997, após a demissão de
Manuel Monteiro da liderança do partido, Paulo Portas concorre contra Maria José Nogueira Pinto, num congresso realizado em Braga, saindo vencedor. O seu “reinado” à frente do CDS apenas foi interrompido entre 2005 e 2007, quando José Ribeiro e Castro comandou o partido.
2009 A história recente do CDS é marcada, inevitavelmente, por 2009, o ano de todos os sucessos. Iniciando o ano com sondagens francamente negativas, a rondar os 2% e que previam a extinção do partido, o CDS enfrentou as eleições para o Parlamento Europeu, as primeiras de um ciclo eleitoral exigente, lançando dois dos seus melhores parlamentares – Nuno Melo e Diogo Feio. O resultado dificilmente podia ser melhor. Contra sondagens que previam que o CDS não elegeria um único deputado, ambos os ex-líderes da bancada parlamentar foram eleitos, com um resultado superior a 8%. Embalado por este sucesso eleitoral contra ventos e marés, o CDS chegou às eleições legislativas com a ambição de se colocar como terceiro partido. Tal objectivo foi largamente alcançado e, finalmente, o partido alcança um resultado com dois dígitos. O CDS elege uns inesperados 21 deputados. | Tiago Loureiro
A partir dos inícios da década de 1990, o CDS acrescenta ao seu nome a expressão “Partido Popular”.
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Imagens que marcaram a hist贸ria
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oi eleita nos inícios de Maio de 2009 e hoje é um sucesso. Tem-se vindo a destacar como uma estrutura distrital dinâmica, cujo trabalho crescente não passa despercebido, nomeadamente no que diz respeito à implementação. Pouco mais de um ano depois de ter iniciado actividade, a Distrital de Braga da JP conseguiu atingir o pleno de concelhias activas no distrito. O trabalho começou com a realização do I Conselho Distrital de Braga, aproveitado
para promover a formação política dos novos militantes e das concelhias recentes eleitas um pouco por todo o distrito, com a presença de figuras como o eurodeputado Nuno Melo, o deputado eleito por Braga, Altino Bessa, o exPresidente da Juventude Popular, Pedro Moutinho, e os dirigentes nacionais da JP, João Ribeirinho Soares e Vera Rodrigues. Por ocasião das campanhas para as eleições legislativas e autárquicas, a estrutura da Juventude Popular do distrito
Com pouco mais de um ano de actividade, a Distrital de Braga da Juventude Popular virou moda e cresceu até atingir a plenitude de concelhias eleitas no distrito. Destacamos os momentos principais que marcaram o sucesso da estrutura bracarense e falamos com o seu Presidente, Sérgio Lopes.
teve oportunidade para mostrar mais uma vez a sua força e saiu à rua ajudando a eleger dois deputados à Assembleia da República, Telmo Correia e Altino Bessa, e vários elementos do CDS e da própria JP para diversos orgãos autárquicos espalhados pelo distrito. As campanhas de solidariedade foram uma marta das iniciativas concelhias por todo o distrito de Braga, através da recolha de consideráveis quantias de roupa e alimentos, bem como a participação na campanha “Limpar Portugal”. Um dos momentos altos do ano para a Distrital de Braga chega com a atribuição do prémio Adelino Amaro da Costa, que distingue a melhor concelhia da JP a nível nacional, a uma das suas concelhias: Fafe.
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S érgio L opes
Presidente da Comissão Política Distrital de Braga
A Distrital de Braga celebrou um ano de mandato, que balanço fazes deste percurso? Extremamente positivo! Depois de quase 20 anos sem estrutura distrital, quando a nossa equipa aceitou este desafio, tínhamos apenas dois concelhos eleitos e um distrito com pouca iniciativa por parte das juventudes partidárias. Um ano depois, esta equipa conseguiu superar todas as expectativas, implementando, com esforço e dedicação, uma “Moda JP” no nosso Baixo Minho. Neste nosso primeiro ano de mandato, formamos jovens autarcas e por todo o distrito temos agora “jotas” nas Assembleias Municipais e de Freguesias dos principais concelhos e fomos pioneiros e interventivos nas principais temáticas que actualmente preocupam os minhotos. Temos no distrito concelhos que necessitam de mais actividade, concelhos onde há uma clara escassez de políticas atractivas e inovadoras que provocam o afastamento dos jovens e que tornam estes pólos envelhecidos. Neste panorama temos conseguido inverter a tendência e o resultado é extremamente gratificante. A plenitude em termos de concelhias eleitas foi um marco recente da Distrital. Como explicas este sucesso? Foi difícil? Na verdade, atingir a plenitude não foi difícil pois foi o resultado do bom trabalho que temos desempenhado no distrito e também do esforço de promoção da JP por todos os cantos do Minho. Fizemos um esforço em percorrer todos os concelhos e fazer campanhas de rua mesmo nos sítios onde não tínhamos estrutura e reconheço que foi difícil conseguir chegar aos jovens com as nossas ideias e iniciativas em concelhias mais afastadas como Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto, onde existem desigualdades enormes, onde as Câmaras Municipais são a principal entidade empregadora e onde existe também uma população muito envelhecida. Por tudo isto, o desinteresse dos jovens pela política local é mais relevante do que nos outros sítios, porém foi onde mais batalhamos para conseguir criar essas mesmas estruturas. Como avalias a prestação da Juventude Popular no distrito de Braga e no contacto com os jovens? O Baixo Minho é a região mais jovem de Portugal e isso facilita muito o nosso trabalho de divulgação da JP e das nossas iniciativas no distrito. Ao contrário do que se fala, a Juventude não está afastada da política. A Classe Política é que cria barreiras á participação dos jovens. Temos desde o 25 de Abril sempre os mesmos partidos, as mesmas pessoas a liderar as autarquias e sinto que as barreiras se criam porque não querem dar lugar às novas gerações. É nossa missão ultrapassar essas barreiras e exigir fazermos parte dos orgãos de decisão. E o contacto que fazemos com os jovens vai nesse sentido, tentar despertar o
interesse em fazer algo pelos seus concelhos, integrando as listas para os orgãos autárquicos e dotar os jovens das ferramentas necessárias para que as suas ideias sejam ouvidas. Os jovens identificam-se cada vez mais com a JP, pois presenciam que de facto é a estrutura com mais actividade e iniciativa do distrito. Pois as propostas que tentamos implementar nos concelhos, têm um efeito prático e visível na vida de todos nós. A Distrital de Braga da JP é conhecida pelo seu dinamismo e entrega, quais os objectivos a curto/médio prazo? O objectivo para o 2º ano do nosso mandato é, agora que temos todos os concelhos do distrito em pleno funcionamento, implementar certos projectos que vão ao encontro das problemáticas da nossa região. Temos várias propostas que tiveram sucesso e continuam a ser bandeiras do Minho e que queremos agora implementar em todos os concelhos do distrito. Na problemática do desemprego, algo que está já agendado na Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão, a Bolsa de Emprego e Feira de Emprego que protege e promove a empregabilidade dos jovens e que garante o futuro da nossa região enquanto região inovadora e criativa, e criadora de riqueza para o país; A protecção da representatividade do associativismo jovem nas Autarquias através dos Conselhos Municipais da Juventude, algo que a JP no distrito batalha desde o primeiro dia e em especial em Fafe e Braga onde a JP tem um papel importantíssimo. Queremos agora criar em todos os concelhos do distrito. A criação de oportunidades para os jovens poderem criar os seus próprios projectos dentro dos seus respectivos concelhos com criatividade e inovação sem depender de terceiros, através de propostas de isenção de taxas e impostos para jovens empreendedores com menos de 35 anos e com a criação de gabinetes de empreendedorismo nas autarquias. Iniciativas que sentimos já são fundamentais para a revitalização do nosso tecido económico. Esperamos que com a boa promoção e visibilidade das nossas iniciativas consigamos aumentar a nossa massa crítica e que cada vez mais jovens se juntem à JP.
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Que papel julgas ser o mais eficaz para uma Distrital? Concordas com aqueles que lhe atribuem um papel meramente de implantação? De maneira nenhuma. Implantar uma estrutura é fácil, o difícil é acompanha-las e manter essas mesmas estruturas. Uma Distrital não é nada mais do que a representação dos concelhos todos e tem como objectivo gerir todo esse projecto, pois a cooperação entre os concelhos faz toda a diferença e é fundamental na organização local. No nosso distrito, felizmente, sempre tivemos uma tradição de muita união e cooperação entre todos, uma vez que temos uma região onde partilhamos os mesmo valores culturais os mesmo interesses e as mesmas preocupações, e nesse sentido tentamos sempre implementar projectos comuns que unam o Vale do Ave e o Vale do Cávado. E não esquecendo também toda a formação necessária e o apoio logístico aos militantes, é a distrital quem consegue realmente, no terreno, acompanhar e incentivar as estruturas.
Esta equipa conseguiu superar todas as expectativas, implementando, com esforço e dedicação, uma “Moda JP” no Baixo Minho. Neste primeiro ano de mandato, formamos jovens autarcas e por todo o distrito temos agora “jotas” nas Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesias dos principais concelhos.
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SEUFERT, MICHAEL SEUFERT Cerca de um ano depois de termos sido os primeiros a entrevistar o novo presidente da Juventude Popular, reencontramo-nos com o homem do nome difícil, que agora veste também a pele de deputado.
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ichael Seufert, ou simplesmente Micha, 27 anos, natural da cidade do Porto, apesar do nome pouco comum vindo de terras germânicas, foi eleito presidente da Comissão Política Nacional da Juventude Popular há pouco mais de um ano em Guimarães. O homem do nome difícil – Jaime Gama que o diga – vai-se destacando como figura de proa e cara mediática da JP. É um dos deputados mais jovens da Assembleia da República e tem dado nas vistas pelo seu trabalho no âmbito da Educação, um dos temas
que mais impacto directo tem na vida dos jovens. Antes de chegar à presidência da estrutura, Michael Seufert era uma das vozes mais respeitadas na Juventude Popular, fruto do seu excelente desempenho ao leme do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha, dos seus discursos notáveis em Conselhos Nacionais, ou da sua participação blogosférica, onde era respeitado e tido como um dos melhores. Dono de valores e princípios vincados e opiniões muito próprias, nem sempre é consensual na partilha das ideias que tem, mas alcança uma quase
unanimidade no respeito e atenção dos outros que o ouvem com atenção. Não há experiencia mais interessante na JP do que falar com o Micha. Porque ele sabe ouvir e responder; concordar e desafiar; questionar e convencer; aprender e ensinar. Nestas páginas o Micha fala-nos de tudo da forma a que habituou todos os que o conhecem: franca e honesta. Desde a sua eleição para presidente da JP, as expectativas em relação à eleição como deputado, da situação política actual e até das questões mais triviais de que é feita a sua vida. Uma entrevista a não perder.
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SER ELEITO DEPUTADO SUPEROU SUPEROU TODAS AS MINHAS EXPECTATIVAS EXPECTATIVAS
Já entraste na segunda metade do teu mandato enquanto presidente da Juventude Popular. Até agora, como classificas a experiência? Extraordinária. A ligação diária com os militantes de todo o país e a participação activa na realidade política nacional – as duas vertentes do meu mandato – representam um engrandecimento pessoal que me satisfaz imenso. Ao mesmo tempo, poder servir esta organização que aprendi a adorar em todos estes anos que cá ando, é duma
enorme responsabilidade que espero não trair. Sentes que o que foi feito até aqui correspondeu às expectativas, ficou aquém delas ou, de alguma forma, as superou? Como o mandato ainda vai praticamente a meio, o que ainda não foi feito lá chegará. Mas naturalmente que o facto de ter sido eleito deputado superou todas as expectativas que tinha há um ano atrás. Acho que foi um passo
importante para JP e que permite um trabalho meu completamente diferente do que era antes. Tentando por a parcialidade e a modéstia de lado, consideras que a JP está, hoje, com a fasquia mais elevada? Sim. A JP hoje está presente em mais locais que antes, está mais activa que nunca e tem uma presença mediática melhor que nunca. Cada dia mais jovens se juntam a nós. Estamos todos os dias a elevar a fasquia.
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Quais os planos para o que resta deste mandato? Que objectivos ainda há a atingir e que sonhos há a concretizar? Temos que continuar a partilhar a nossa ideia de Portugal com mais e mais jovens. Temos muito sucesso no Facebook e as pessoas discutem e questionam em conjunto os problemas do país. É nessa forma de política que acredito. Não podemos esquecer certos temas como o aborto ou a liberdade de escolha e o papel da família na educação. Mas há mais a explorar: a herança que a nossa geração receberá de 36 anos de várias formas de Socialismo representa um enorme problema para os jovens de hoje. É por eles que estamos aqui e que temos de continuar o nosso caminho. Como é viver na capital? Já pedes uma imperial em vez de um fino? Viver em Lisboa não é tão mau como temia – mas o Porto é muito melhor. E não, não peço Imperial. Peço finos e Super Bock, de preferência! Resignado ao lugar de passageiro ou a carta de condução está para breve? Prefiro não dar uma resposta definitiva a isso. Vivo bem esse handicap, para já.
O que consideras ter sido o melhor do teu mandato até ao momento? As Universidades JP em Cascais: rebentámos com todas as expectativas e tivemos que andar a inventar salas e hotéis para alojar toda a gente. É impressionante que tenham conseguido isso para um evento de formação política, supostamente “seca” para a nossa geração. Foi um grande trabalho do Gabinete de Estudos mas que deve orgulhar toda a JP. E o pior? Ter perdido algumas pessoas que se distanciaram do projecto que ganhámos em Guimarães. São coisas normais na política mas que não deixo de lamentar. Mas como se vê a JP continua e continuará.
Qual o teu pior aperto quando vestes o “uniforme” de deputado: o nó da gravata ou dos atacadores dos sapatos? Normalmente os meus sapatos não têm atacadores, por isso será o nó da gravata. Mas a verdade é que já estava habituado
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a usar fato antes – não sofro muito com isso. De entre todas as amizades que fizeste no grupo parlamentar do CDS, quem destacas como pessoa mais próxima de ti, o teu principal amigo? Isso é complicado de responder... Tenho passado mais tempo com outros nortenhos: o Altino Bessa de Braga (com quem partilho o gabinete) e o Raúl Almeida de Aveiro, com quem acabo por jantar com alguma regularidade. A Cecília Meireles, o João Almeida e o Filipe Lobo de Ávila já partilharam comigo bons momentos na JP. O José Manuel Rodrigues é o meu colega e coordenador na 8ª Comissão e acabamos por sofrer em conjunto o peso dessa que é a mais trabalhosa das comissões. Mas globalmente passo bons tempos com todos os deputados do CDS – o grupo não é assim tão grande (ainda!) – pelo que nos vemos a todos com regularidade. Destacava só aqui o Henrique Borges que é o assessor do grupo parlamentar na Comissão de Educação e sem o qual nenhum do nosso trabalho nessa área era possível. E no seio das restantes bancadas, já houve tempo de fazer boas amizades? Sim, dou-me bem com deputados de esquerda à direita. Quer porque no interior da Comissão de Educação o trabalho é bem feito e apesar de tudo amistoso, quer porque todos os partidos têm bons deputados com quem dá gosto trabalhar.
As Universidades JP foram o ponto mais positivo do mandato até ao momento: rebentámos com as expectativas e tivemos que inventar salas e hotéis para alojar toda a gente, num evento de formação política, supostamente “seca” para a nossa geração. Foi um grande trabalho do Gabinete de Estudos mas que deve orgulhar toda a JP.
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A JP TEM UMA CARA MAIS MEDIÁTICA MEDIÁTICA DO QUE TERIA NOUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS CIRCUNSTÂNCIAS O QUE, ACHO, AJUDA A “ V ENDER” A SUA IMAGEM Ao ser indicado para o quarto lugar na lista do CDS no círculo eleitoral do Porto, que expectativas criaste relativamente a uma eventual eleição? Nenhumas. Sempre achei poder vir à Assembleia da República alguns meses por rotatividade dos membros acima de mim, mas nunca achei que fosse mesmo eleito. Com que sentimentos recebeste a noticia da eleição como deputado à Assembleia da República? Exactamente por não ter nenhuma expectativa, quando se começou a desenhar essa possibilidade (nas últimas sondagens internas do CDS e nas projecções do dias das eleições), fui atacado pelos nervos. Não há nada pior que vermos uma coisa que queremos muito mas sabemos ser impossível (e antes sabia ser impossível), prestes a tornar-se possibilidade – mas fora do
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nosso controlo. Quando – foi o João Ribeirinho, não me esqueço – anunciou naquela sala de hotel em que estávamos todos reunidos que o número de eleitos do Porto passou de 3 para 4 (andávamos três ou quatro nos portáteis a fazer refresh nos vários sites que apresentavam resultados) foi uma gritaria na sala e caiu-me tudo em cima. Foi fantástico. Que papel teve a JP na tua eleição? A JP foi fundamental na campanha do distrito do Porto onde fui eleito mas também em todo o país onde fez campanha com o CDS. Vale a pena dizer que o resultado das eleições tem que ser avaliado como um todo. Vejo a eleição de qualquer deputado como o resultado do excelente trabalho feito pela direcção do partido e a forma como conduziram a campanha – dos temas escolhidos aos meios usados. Mas é evidente que sem o
A JP foi fundamental na campanha do distrito do Porto onde fui eleito mas também em todo o país onde fez campanha com o CDS. É evidente que sem o apoio da JP as campanhas teriam sido muito mais pobres. Da Madeira ao Alto Minho e de Vila Real ao Algarve tínhamos jovens que se levantavam de madrugada para se deitarem de noite alta por causa da campanha e porque acreditavam nos seus ideais. Há muitos anónimos que suaram muito para eleger os 21 deputados do CDS.
apoio da JP as campanhas teriam sido muito mais pobres. Da Madeira ao Alto Minho e de Vila Real ao Algarve tínhamos jovens que se levantavam de madrugada para se deitarem de noite alta só por causa da campanha do CDS e porque acreditavam nos seus ideais. Há muitos anónimos que suaram muito para eleger os 21 deputados do CDS. Que principais vantagens a JP encontra ao ter um deputado eleito na Assembleia da República? A maior vantagem é que se consegue um acompanhamento mais constante do dia-a-dia político que se desenrola em torno da AR. Assim estamos em condições de reagir melhor. É também melhor o acesso a informação. Quando uma concelhia pede informação sobre determinado tema, ou ajuda por determinada coisa, é mais fácil arranjar informação. Por fim a JP tem uma cara mais mediática do que teria noutras circunstâncias o que, acho, ajuda a “vender” a imagem da JP. Quais os principais desafios que tiveste de enfrentar na pele de deputado nesta tua primeira sessão legislativa? Inicialmente o mais importante era estudar. Apesar das eleições muitos dossiers transitavam da anterior legislatura. Aliás, a minha primeira acção como deputado foi entregar um pedido de apreciação parlamentar dos Estatuto das Carreiras Docentes do Ensino Superior. Eram matérias que eu conhecia mas não dominava propriamente. E portanto foram precisas reuniões e muito estudo para me inteirar da matéria. Foi algo que ganhámos em toda a linha e onde podemos corrigir algo que o governo PS tinha sucessivamente adiado e depois mal feito.
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NÃO VOTAREI CAVACO NUMA NUMA PRIMEIRA VOLTA E JULGO QUE ELE ELE GANHARÁ SEM O MEU VOTO O governo insiste em reforçar o seu apego a um estado que gasta claramente mais do que pode. Onde vamos parar? Era óptimo dizer que vamos parar a melhor, mas duvido. Gastar mais dinheiro público quando a dívida pública cresce sem, é assassino para a nossa economia. Temos que começar a poupar e é já. E vai doer com certeza. O país é como uma família que está há anos a viver de empréstimos para férias, restaurantes e carros novos. Só que agora chegou o banco. Não vai ser fácil cortar com certas mordomias a que o socialismo nos habituou, mas temos que o fazer. É a nossa geração que vai pagar ao banco. Na hora de encontrar responsáveis pela situação de crise, concordas com quem as divide entre governo e Presidente da
Republica, por este ter sido muitas vezes pouco assertivo e peremptório nos avisos que enviou? O Presidente da República não tem um papel fácil. Por um lado não tem efectivos poderes, por outro parece que se lhe exige que aja como se os tivesse. O PR tem que saber enviar “recados” sem que interfira directamente na agenda do governo, afinal este é que é eleito para governar. Não estou em condições de avaliar o papel do PR por trás dos bastidores, mas julgo que no plano público, não tem revelado muita astúcia. Deixo o exemplo da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O PR fez um enorme discurso em que explicava porque não concordava e apresentou todos os seus argumentos para no fim… dizer que promulgava à mesma. Se era para promulgar, então que não
fizesse um drama disso e avançasse. Em relação à questão concreta da crise, no entanto, a sua gestão é da inteira responsabilidade do governo. Não vejo que o PR pudesse “ajudar” um governo ideologicamente cego como este na procura de outras soluções. Falando nas Presidenciais: alguns candidatos já são conhecidos, a recandidatura de Cavaco Silva é mais que provável e existe uma aparente vaga de fundo para encontrar outra candidatura à direita. Como vês esta questão a alguns meses das eleições? Antes de mais vale a pena dizer que o único candidato minimamente de direita que pode ganhar é Cavaco Silva. Mas o sistema a duas voltas tem muito que se lhe diga. Creio que há duas maneiras de ver as
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coisas: uma é pensar que Portugal tem uma maioria sociológica de esquerda (como as eleições legislativas parecem demonstrar) e que por isso a direita só tem hipótese de ganhar à primeira volta concentrando o seu eleitorado. Qualquer candidato de direita, numa segunda volta, é esmagado pela tal maioria (vide Freitas do Amaral). Outro ponto de vista é achar que Cavaco não mobiliza a direita e que por isso é preciso termos um candidato que vá à primeira volta motivar o eleitorado de direita descontente com Cavaco, para depois, numa segunda volta, poder contribuir com a sua plataforma para a eleição de Cavaco. No primeiro cenário uma candidatura à direita de Cavaco beneficia a esquerda, no segundo prejudica-a. A minha opinião pessoal é de que não votarei Cavaco numa primeira volta. E julgo que ele ganhará nessa primeira volta sem o meu voto, se não houver mais nenhum candidato. Se no entanto houver segunda volta, votarei Cavaco, independentemente de ter havido outro candidato ou não. Os poderes do Presidente da correspondem a apenas um dos vários pontos quentes da proposta de revisão constitucional do PSD. Que avaliação é que essas propostas te merecem? Como uma mão cheia de nada. A direcção do PSD quis se afirmar radicalmente diferente do PS (PS sem o qual não muda a Constituição), e lançou uma série de propostas que não correspondem ao PSD das bases e dos barões. Como tal teve de voltar atrás e vai-se a ver e fica tudo igual. Entretanto PS e PSD passam o Orçamento de Estado para 2011 onde se vão selar aumento de impostos e código contributivo. Perde Portugal… Com uma mudança governativa cada vez mais eminente e o PSD a liderar as sondagens, achas que o CDS se deve disponibilizar para reforçar um governo liderado por Passos Coelho? O CDS ganhou nas últimas eleições um eleitorado que tem que fixar. E só fixaremos eleitorado se mantivermos o rumo seguido até agora: discurso claro e promessas cumpridas. Assim sendo o CDS só deve ir para o governo – com quem quer que seja – se estiver em condições de cumprir o que promete em campanha eleitoral. Qualquer apoio governamental tem que ser assim negociado.
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EUROPA 2020 Nuno Silva
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energia renovável em 2005 contra 1,3% do Reino Unido), no entanto pedir a países com a República Checa, o Chipre ou a Eslováquia que abdiquem de uma percentagem tão grande de emissões de carbono como a França ou a Alemanha é surreal. Estes países precisam destas mais-valias para desenvolverem a sua economia, quer em termos de competitividade dentro da UE como para fora dela. E não esqueçamos que a UE espera que, caso seja possível, aumentar para 30% os cortes. Sem dúvida que, teoricamente é uma ideia muito boa, e de longe o maior corte de emissões de carbono da história, mas a aplicabilidade da medida parece-me, no mínimo, duvidosa e a complicada de atingir. O aumento da taxa de empregabilidade entre as faixas etárias dos 20 aos 64 anos parece muito depender do motor das economias dos Estados, e não propriamente de Bruxelas. Certo é que haverá sempre programas e pacotes de incentivo ao emprego provenientes de Bruxelas mas passa muito mais pelo desenvolver das economias, que depois criaram por si estes empregos, do que uma politica directa de criação de emprego como, por exemplo, o governo português faz com os estágios de administração pública. Ideologicamente, para mim o melhor caminho para a criação de emprego passa pela baixa de impostos para as empresas, baixando assim a carga fiscal e aumentando a possibilidade de aceleração do motor económico que trará emprego, do que politicas directas de criação de emprego. No entanto, Bruxelas ainda não tem o poder de imposição de medidas fiscais sobre os Estados
Europe faces a moment of transformation. The crisis has wiped out years of economic and social progress and exposed structural structural weaknesses in Europe's economy. In the meantime, the world is moving fast and longlong -term challenges - globalization, pressure on resources, ageing - intensify. The EU must now take charge of its future. [Europe 2020 Strategy (2010)] Este parágrafo que abre o resumo da Estratégia Europa 2020 revela bem o actual estado da União Europeia (UE). A crise que nasceu nos Estados Unidos da América (EUA) e que atravessou o Atlântico e ainda cá continua devastou aquilo que foi conseguido pelos Estados membros nos últimos anos, desde o 1992 com a criação da União e o seu aprofundamento em 2002 com a entrada da em vigor da moeda única. Muitos políticos e economistas dizem que foi exactamente com este passo de criação de uma união não só económica mas também monetária que colocou a UE tão vulnerável face a esta crise que assolou o mundo. Para salvar o Euro, e os países da Zona Euro, a UE tem de trabalhar arduamente para recolocar-se no patamar onde estava até 2008 como bloco económico forte e consolidado. A ideia da UE passa neste momento por uma nova estratégia económica que relance a UE, e que devolva aos Estados membros a posição que tinham até 2008, nomeadamente quando falamos das suas contas públicas. Dentro dos casos mais graves na Zona Euro e na própria UE no seu todo, um é o nosso país. Juntamente com a Grécia, a Hungria, a Espanha e, até certo ponto, a Itália, Portugal está em risco de perder ainda mais a sua credibilidade (em parte fundada pela entrada na moeda única) e o seu prestigio nos mercados através da perda da confiança no pagamento da sua dívida pública. Assim sendo, a Comissão Europeia, juntamente com a aprovação do Conselho e do Parlamento Europeu, desenhou uma nova estratégia chamada Europa 2020. O objectivo é cumprir um caderno de encargos e de implementar as medidas até ao ano 2020 que ponham de volta a UE no caminho certo. Compreendendo que o objectivo máximo é o crescimento, seja ele económico, social, intelectual dos europeus, desde já afirmo as minhas dúvidas para com a viabilidade de algumas das propostas em questão. Concretizo: em primeiro lugar, parece-me que o objectivo de implementação da chamada politica “20/20/20” demasiado complicada para alguns dos membros da UE, nomeadamente os mais recentes, que não tem uma economia suficientemente desenvolvida para lidar com este tipo de cortes ambientais. É certo que a politica de aumento do uso de energias renováveis e de maior eficácia na retenção energética são de saudar, e onde muitos dos novos membros batem os mais antigos e desenvolvidos (como por exemplo a Eslovénia com 16% de
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membros que obrigue ao que quer que seja. Mas mesmo assim, o aumento que a Estratégia Europa 2020 apresenta é tímido. A Comissão pede somente um aumento de 6%, ou seja para 75% de empregabilidade neste sector, reconhecendo assim pelo menos um quarto da facha etária com desempregada, precária ou em reforma antecipada. A medida para a educação proposta pela Estratégia Europa 2020 de fixação abaixo dos 10% da taxa de abandono escolar parece-me que não tem nada de criticável sendo um número muito perto do ideal. No entanto, a UE quer que pelo menos 40% dos jovens desta geração tenham finalizado o ensino secundário peca por ser baixo. Um países, neste caso um bloco,
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que queira ter cidadãos preparados para enfrentar um mundo globalizado e de segurança de emprego muito diminuta, tem de formar jovens com qualidade. Não querendo dizer com isto que a UE precisa de ter só licenciados, mestres e doutores, precisa de apostar fortemente que os seus jovens cidadãos estejam preparados com cursos gerais de secundário e valorizar o equivalente curso profissional que muita falta faz para qualificar algumas profissões que o mercado exige. Um excelente objectivo nesta Estratégia Europa 2020 é a canalização de 3% do Produto Interno Bruto para R&D (Research and Development, ou em português Pesquisa e Desenvolvimento). Os fundos para a pesquisa são fundamentais para resolver problemas actuais e facilitar a resolução de problemas futuros. Além disso, diz muito de um Estado o nível de desenvolvimento, nomeadamente
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P ara mim o melhor caminho para a criação de emprego passa pela baixa de impostos para as empresas, baixando assim a carga fiscal e aumentando a possibilidade de aceleração do motor económico que trará emprego, do que politicas directas de criação de de emprego. No entanto, Bruxelas ainda não tem o poder de imposição de medidas fiscais sobre os Estados membros que obrigue ao que quer que seja. tecnológico, e da captação e capacidade de manutenção dos investigadores que tornam esses desenvolvimentos reais. Daí também a aposta da UE de reforçar o ensino superior europeu, de modo a ter a capacidade de competir por potenciais “génios”, se me permitem a expressão. É bem sabido que, em termos de captação de bons alunos para o ensino superior, ninguém bate os EUA que, tendo graves problemas na sua educação até ao ensino secundário, no ensino superior tem instituições que batem qualquer instituição europeia. Somente, a Universidade de Oxford entra no top ten das melhores do mundo, onde as outras nove universidades são norte americanas. Concluindo, embora tenha tido o apoio do Conselho Europeu e, depois de alguns sustos, o apoio do Parlamento Europeu que chegou a ameaçar bloquear este documento, estas medidas são, no mínimo, ambiciosas para atingir num espaço de dez anos. Marcará por certo o segundo mandato da Comissão Barroso e a que se seguirá, tendo também os Estados membros muito trabalho pela frente, e muitos sacrifícios para o seu tecido empresarial para poder atingir os patamares que Bruxelas espera.
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ALGUNS APONTAMENTOS ANTES DA “SILLY “SILLY SEASON” SEASON” Manuel Oliveira
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s portas da silly season, e porque o ano passado não a tivemos, retiro alguns apontamentos da actualidade:
profundamente acertado, ainda mais quando vejo que representantes nacionais das Associações de Estudantes criticam e alertam para o afastamento do aluno da escola. Tretas. Assim como estes senhores que prestam um péssimo serviço à educação portuguesa e aos jovens que lutam pelo seu futuro conquistado por mérito próprio.
1. Para quem não se lembra ou simplesmente não liga a estes pormenores, em 1976, aquando da aprovação da actual constituição da República Portuguesa, o CDS, na altura liderado pelo Prof. Freitas do Amaral, foi o único partido na Assembleia Constituinte que 3. A trapalhada à volta das Scut continua. Perder ou não perder votos, votou contra. Fê-lo porque esta limitava em muito a democratização beneficiar autarquias amigas ou não, eis as questões. Onde já toda a gente necessária das instituições, condenava os portugueses a um modelo percebeu que só teremos portagens no início de 2011, muita palermice e exclusivo de sociedade, atropelava direitos, deveres e a livre escolha. desconhecimento tem alimentado esta certeza e parece que, de uma Curiosamente, volvidos trinta e quatro anos, o PSD propõe uma revisão forma ou outra, voltamos sempre ao cerne da questão: a gratuitidade. Sou constitucional, no mínimo polémica, que não só profundamente a favor do conceito O Governo liberalizou o questiona o acesso gratuito aos serviços de utilizador/pagador, acredito que não devo nem educação e saúde, como propõe um reforço de tenho que pagar auto-estradas em que não horário das grandes poderes do Chefe de Estado. A faceta liberal de circulo, pontes que não preciso. Não acredito no superfícies. A demagogia Passos Coelho, que ao que parece ainda respira, vai argumento da ausência de alternativas entende que o comércio certamente causar-lhe alguns dissabores num país simplesmente porque uma alternativa a uma via que desde a revolução das flores se habituou à rápida seria… uma via rápida. Pelo menos para tradicional será prejudicado. gratuitidade. Se por um lado entendo que a Defesa, mim o conceito de alternativa representa sempre Deve ser o mesmo que não a Segurança e as Relações Internacionais devem ser uma saída, não exactamente igual, mas que abre aos domingos e que os únicos deveres exclusivos do Estado, por outro ofereça basicamente as mesmas condições. É considero que podiam poupar a totalitária possível ir de Alfena ao Aeroporto de Pedras nunca percebeu a evolução Constituição desta nobre República a mais uma Rubras sem ser pela A41, é possível chegar a dos mercados e das revisão. O caixote do lixo seria um lugar muito mais Viana do Castelo sem ser pela A28. Demora mais necessidades de consumo. Já digno. tempo, causa mais stress, desgasta mais os não lhe chamo hipocrisia, veículos, mas é possível. Daí, das duas uma: meter 2. Aí está o novo estatuto do aluno e não fosse a portagens e construir vias rápidas paralelas e chamochamo-lhe estupidez. Educação das áreas que no nosso país concentram gratuitas que serão as apregoadas “alternativas”, mais polémicas e reformas, diria que finalmente se fez alguma coisa. O ou então pagar para usufruir de um serviço especial, mais cómodo e empenhamento do grupo parlamentar do CDS foi essencial para que, em rápido. Que me lembre, quando chego à fronteira de Valença/Tui, assim conjunto com o PS, fosse aprovado um novo regime que privilegia o que entro em via-rápida espanhola, pago portagem. Pois... mérito, condena o insucesso, culpa os irresponsáveis e procura diferenciar potencialidades. Há muito que as escolas reclamam por mais autoridade, 4. Este mês o Governo liberalizou o horário das grandes superfícies há muito que o desleixo e a insubordinação se têm vindo a instalar. O permitindo assim que estas possam estar abertas aos Domingos até às regime de faltas fica mais apertado, aqueles que têm mérito são 24h. Uma boa notícia que apenas peca por tardia. Cabe agora às premiados, os professores ganham mais autoridade. Parece-me autarquias decidir em conformidade com os responsáveis por este sector. Inquestionavelmente esta permissão trará não só a criação de postos de emprego, mas também um aumento do consumo e uma competitividade mais justa e séria. A demagogia entende que o comércio tradicional será mais uma vez prejudicado. Deve ser o mesmo que não abre aos domingos e que nunca percebeu a evolução dos mercados e das necessidades de consumo. Já não lhe chamo hipocrisia, chamo-lhe estupidez.
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5. Uma última palavra para a Juventude Popular da Maia neste mandato que agora termina. Foi um ano intenso e realizável. Novas metas vêm aí, novas conquistas. Obrigado a todos, mesmo aqueles que nem que tenha sido apenas num minuto contribuíram para este projecto. Venha mais um ano com a consciência de que em primeiro lugar estará sempre a Maia.
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EDUCAÇÃO 1 - GOVERNO 0 Rita Magalhães e Silva
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ste mês ficará marcado pela vitória da educação Deixa de se atribuir o mesmo valor a faltas por doenças e faltas perante uma política esquerdista que só a tem por lazer. Quanto aos crimes contra o património da escola ou colocado em crise, através duma perseguição desavenças escolares que exijam processos disciplinares, terão incessante e irracional aos professores em proveito da prazos mais céleres, contribuindo para um ambiente escolar irresponsabilidade atribuída aos alunos. melhor, com mais segurança e garantia. Analisando o papel do professor, foi-lhe retirada grande parte Embora seja uma pequena mudança, esta é importante, mas da sua autoridade, privilegiando aquele que é considerado um outras urgem, nomeadamente é preciso fazer uma apreciação mau aluno. Esta perda de autoridade reflectiu-se noutras dos requisitos para se atribuírem bolsas de estudo, uma vez que medidas implantadas pelo Governo, refiro-me, em concreto, ao a contagem dos membros do agregado familiar não está a ser sistema de avaliação dos professores. A educação e a formação feita como a matemática o exige. Não se pode admitir que num profissional são condições essenciais no agregado familiar com quatro pessoas, se desenvolvimento pessoal e profissional de contem meias pessoas. Para além da Reclamo atenção para a cada um, aliás uma vida bem sucedida atribuição do subsídio ser irreal, temos outro possibilidade de de os deriva duma boa educação e esta problema. Na eventualidade de existirem resultados escolares se educação é transmitida, precisamente, mais filhos com bolsas de estudo atribuídas, repercutirem no valor dos pelos professores. Agora deve ser uma tal consubstancia um impedimento a que o avaliação com base no mérito, na outro receba a bolsa de estudo. Parece-me apoios sociais que os qualidade e na aptidão do professor, não tutores dos alunos recebem. injusto e viola a igualdade de oportunidades. devendo a avaliação dos alunos interferir Reclamo ainda a atenção para a possibilidade A queles que obtêm com esta ou o contrário. Note-se que de os resultados escolares se repercutirem no resultados positivos devem sendo uma das carreiras que mais valor dos apoios sociais que os tutores dos ser premiados; premiados ; os negativos contributo oferece à sociedade, devem alunos recebem, ou seja, aqueles que obtêm devem ser repensados. repensados . ser proporcionadas conjunturas resultados positivos devem ser premiados motivadoras e encorajadoras ao seu com um aumento desse apoio e os apoios exercício, o que resulta de um consenso e não de decisões sociais daqueles que têm resultados negativos devem ser arbitrais como se verifica na maior parte dos casos. O trabalho repensados, pois não está a haver aproveitamento escolar. dos professores deve ser enaltecido, não lhe retirando o seu Apesar de tudo, esta alteração ao Estatuto do Aluno revela um prestígio social e profissional. claro triunfo sobre alguns erros cometidos ao longo do tempo, Quanto ao aluno, após lhe ter sido retirada disciplina e motivados pelo anseio de um sucesso estatístico a todo o custo. responsabilidade, repercutindo-se num estatuto de “balda” Sucesso esse fictício e que se repercute nas taxas elevadas de (consequências duma política de esquerda), regressamos desemprego. Não nos iludamos: esta taxa não se deve só a falta novamente a uma política que se revela mais adequada. Desde de emprego, mas também à formação insuficiente provocada logo, a assiduidade passa a ser importante no momento de pelo declínio do sector educativo. passagem do aluno para o ano seguinte, o que significa que vão ser consideradas as faltas justificadas e injustificadas no momento de avaliação, o que revela um excelente progresso.
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