43 | Julho/Agosto 2011

Page 1

[4]

É sob o mote que Miguel Pires da Silva lançou na sua caminhada até à liderança da Juventude Popular, que a estrutura se prepara para viver os próximos dois anos. Fica a saber todos os pormenores sobre o Congresso Nacional da JP, realizado em Lamego, em especial as novidades com mais impacto na concelhia da Maia.

[10]

Este texto é um clássico de Frédéric Bastiat, economista francês do século XIX, e que desmonta uma das maiores falácias económicas. Um boa oportunidade para aprenderes e reflectires.

[12]

Nuno Silva assina mais um Relatório Internacional, com todas as novidades sobre o que de mais importante se passa no panorama político por todos os cantos do mundo, com especial destaque para a situação na Líbia.

[22]

Nesta edição poderás encontrar três artigos de opinião com a marca de qualidade habitual das palavras de Luís Miguel Ribeiro, Manuel Oliveira e Carlos Pinto. Opiniões atentas e pertinentes para ler com atenção.


PÁGINA 3

PÁGINA 4

PÁGINA 10

PÁGINA 12

PÁGINA 14

A moda das petições veio para ficar. Ultimamente, a classe política tem-se habituando a promover petições mais ou menos pífias, mais ou menos inoportunas e, por norma, completamente irrelevantes. Foi a vez da JSD, ao lançar a "Petição Pela Afirmação e Valorização do Jovem Atleta Português". Estava capaz de sugerir que, em vez de se preocuparem com um jovem atleta que não consegue vingar profissionalmente porque há clubes que exercem o seu natural direito de preferir contratar atletas estrangeiros (melhores ou piores, não interessa), se preocupassem com os jovens que não conseguem entrar no mercado de trabalho porque a legislação dá preferência à perpetuação de incompetentes só porque possuem um contrato sem termo, mesmo quando o merecem menos do que um jovem mais motivado e qualificado. Parece-me que a Assembleia da República seria melhor aproveitada ao resolver os problemas e a debelar as limitações que o estado impõe aos cidadãos, do que ao dar palco a este tipo de debate completamente irrelevante e que em nada deve ser responsabilidade do estado.

Continuando no campo das irrelevâncias, não faz sentido levar a discussão para a típica demagogia do colocar os "ricos" a pagar a criste. O problema não está em saber se este paga mais ou menos do que aquele, ou se este devia pagar mais ou menos impostos do que paga. A realidade é que todos pagamos mais impostos do que devíamos pagar. E se o fazemos é porque o estado chegou a um nível de irracionalidade e de irresponsabilidade

se este devia pagar mais ou menos impostos do que paga. A realidade é que todos pagamos mais impostos do que devíamos pagar. E se o fazemos é porque o estado chegou a um nível de irracionalidade e de irresponsabilidade só ao nível do tamanho da própria gordura, que urge eliminar e não perpetuar. Sugerir que a solução para os problemas consiste em usurpar o que é dos outros e criar mais receitas, oferece aos estados incompetentes um belo balão de oxigénio e um tapete para debaixo do qual podem varrer as suas obrigações de emagrecimento. Por isso, é imoral pedir a quem quer que seja, independentemente do volume da sua conta bancária, que pague sequer um cêntimo a mais em impostos enquanto a cultura despesista do estado não for posta decisivamente em causa. É o estado quem tem a obrigação de zelar pelo bem estar da carteira das pessoas e não as pessoas que têm de sustentar os caprichos deste estado de coisas.

Em vez de exigirem ao estado a criação de mais um imposto para sacar uns euros extra a quem mais ganha, os “Buffetts” desta vida poderiam propor que o mesmo crie (se é que eles já não existem) certos mecanismos para que os interessados façam doações ao estado voluntariamente. Quem quer aumentar a sua contribuição deve fazê-lo sem arrastar consigo quem não quer contribuir mais. Ser altruísta com o dinheiro dos outros é sempre muito fácil.


Por terras de

Lidador

A concelhia da Maia da Juventude Popular vai ficar representada nos novos órgãos nacionais da estrutura. A eleição decorreu no fim-de-semana de 23 e 24 de Julho, durante o XVIII Congresso Nacional da Juventude Popular, que decorreu em Lamego, Viseu. A concelhia da Maia da Juventude Popular esteve representada com quinze congressistas e viu assim três dos seus militantes receberem a confiança do novo Presidente da Comissão Política Nacional para estarem presentes em três órgãos nacionais. O presidente da concelhia da Juventude Popular da Maia, Manuel Oliveira, vai fazer parte da equipa de Miguel Pires da Silva na Comissão Política Nacional. Já o vice-presidente da estrutura maiata, Tiago Loureiro, vai assumir a liderança do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha e por inerência terá também assento na nova Comissão Política

Silva na Comissão Política Nacional. Já o vice-presidente da estrutura maiata, Tiago Loureiro, vai assumir a liderança do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha e por inerência terá também assento na nova Comissão Política Nacional; também vice-presidente da JP Maia, Nuno Silva, continua como Conselheiro Nacional da Juventude Popular. Este configura o momento mais importante da história da Juventude Popular da Maia, pois nunca ntes a concelhia tinha visto tantos dos seus militantes chamados para assumir responsabilidades tão elevadas no seio da estrutura nacional.

Todos sabemos que umas das medidas impostas pela Troika para o financiamento a Portugal foram a redução de custos com o mapa autárquico e o sector empresarial público associado a este. A pressão do triunvirato para que executemos uma reforma séria sobre este tema prevaleceu sobre o susto dos paladinos do caciquismo. Há que eliminar com urgência. A grande dúvida recairá sobre todos os vícios e opulência que se foram construindo: o que fazer aos modernos edifícios de junta?; o que fazer com os funcionários que aí trabalham?; o que fazer com as dívidas das empresas municipais?; como promover a nova organização territorial e incorporação das empresas municipais nos pelouros das respectivas autarquias? Aparentemente o Município da Maia tem encarado estes problemas com determinação e coragem. Numa terra adepta de empresas municipais e palco de freguesias irrelevantes, só podemos dar graças quando nos chega aos ouvidos que a mentalidade está a mudar e que se todo este resgate não servir para muito, pelo menos despertou consciências de que o sector público se deve reger por normas e formas de estar tão ou mais rigorosas que o sector privado. Não é mau que todos tenham agora medo pelo seu posto de trabalho. Mesmo que não trabalhem mais, pelo menos esforçamse mais.



Unir para

crescer!


A Juventude Popular esteve reunida em congresso nacional no passado fim-desemana, em Lamego. Perto de 400 congressistas decidiram o futuro da estrutura, tendo como opções as candidaturas de Miguel Pires da Silva e Luís Chiti Dias, à sucessão do deputado Michael Seufert. Apresentaram também as suas ideias, um conjunto de militantes de Coimbra e o aveirense Carlos Martins, autor de um dos discursos mais decisivos de todo o Congresso. A vitória de Miguel Pires da Silva foi confirmada já durante a madrugada de Domingo depois de um período de discussão que se prolongou por mais de doze horas com as intervenções de inúmeros congressistas. A concelhia da Maia esteve representada com quinze congressistas e viu três dos seus militantes receberem a confiança do novo Presidente da Comissão Política Nacional para estarem presentes em três órgãos nacionais da Juventude Popular. Manuel Oliveira, Presidente da concelhia da Maia, fará parte da equipa de Miguel Pires da Silva na Comissão Política Nacional, Tiago Loureiro, Vice-Presidente maiato, ficará à frente do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha e por inerência terá também assento na nova Comissão Política Nacional, na qualidade de Vice-Presidente, e Nuno Silva, também Vice-Presidente da Juventude Popular da Maia, continua

Michael Seufert deixou a liderança da Comissão Política Nacional da Juventude Popular, assumindo agora a presidência da Mesa do Congresso.

Os maiatos Manuel Oliveira e Tiago Loureiro, foram eleitos para a Comissão Política Nacional e para o Gabinete de Estudos, respectivamente. O também maiato Nuno Silva, foi eleito Conselheiro Nacional.


nova Comissão Política Nacional, na qualidade de Vice-Presidente, e Nuno Silva, também Vice-Presidente da Juventude Popular da Maia, continua como Conselheiro Nacional da Juventude Popular.Para Manuel Oliveira, este foi o “momento mais alto e histórico” da concelhia da Maia da Juventude Popular pois “nunca a concelhia tinha tido dois militantes com representação na direcção nacional e a coordenação de um órgão tão exigente e fundamental como o Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha”. Ainda nas palavras do Presidente da JP Maia, “este congresso foi mais um grande momento para a Maia depois de um ano em que já fomos distinguidos com o prémio de melhor estrutura concelhia da JP. A maior prova de meritocracia dentro da JP vê-se nesta confiança por parte do novo Presidente nacional. Os militantes da Maia merecem fazer parte deste novo projecto e tudo farão para continuar a zelar pela qualidade do trabalho político da estrutura”. Ficou ainda a garantia de que este comprometimento exigente com a nova representação nacional em nada prejudicará a continuidade do empenho na actividade política a nível concelhio: “gostamos de mais da nossa concelhia e da nossa cidade para que ela seja posta em segundo plano. Sentimos um enorme orgulho quando na JP usam a concelhia da Maia para exemplos de qualidade e competência. De forma alguma vamos abdicar desse reconhecimento e deixar de trabalhar ainda mais.” Quanto à nova direcção da CPN, Manuel Oliveira considera Miguel Pires da Silva “uma pessoa dinâmica e

um órgão tão exigente e fundamental como o Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha”. Ainda nas palavras do Presidente da JP Maia, “este congresso foi mais um grande momento para a Maia depois de um ano em que já fomos distinguidos com o prémio de melhor estrutura concelhia da JP. A maior prova de meritocracia dentro da JP vê-se nesta confiança por parte do novo Presidente nacional. Os militantes da Maia merecem fazer parte deste novo projecto e tudo farão para continuar a zelar pela qualidade do trabalho político da estrutura”. Ficou ainda a garantia de que este comprometimento exigente com a nova representação nacional em nada prejudicará a continuidade do empenho na actividade política a nível concelhio: “gostamos de mais da nossa concelhia e da nossa cidade para que ela seja posta em segundo plano. Sentimos um enorme orgulho quando na JP usam a concelhia da Maia para exemplos de qualidade e competência. De forma alguma vamos abdicar desse reconhecimento e deixar de trabalhar ainda mais.” Quanto à nova direcção da CPN, Manuel Oliveira considera Miguel Pires da Silva “uma pessoa dinâmica e com um projecto de união e crescimento para a JP muito forte.” Remata com “a certeza de que o Miguel fará um grande mandato e conseguirá, com o empenho da restante equipa, colocar a JP na frente de batalha por uma juventude com mais liberdade na Economia e na Educação, rica em valores e consciente do enorme potencial do seu país”.

Maia merecem fazer parte deste novo projecto e tudo farão para continuar a zelar pela qualidade do trabalho político da estrutura”. Ficou ainda a garantia de que este comprometimento exigente com a nova representação nacional em nada prejudicará a continuidade do empenho na actividade política a nível concelhio: “gostamos de mais da nossa concelhia e da nossa cidade para que ela seja posta em segundo plano. Sentimos um enorme orgulho quando na JP usam a concelhia da Maia para exemplos de qualidade e competência. De forma alguma vamos abdicar desse reconhecimento e deixar de trabalhar ainda mais.” Quanto à nova direcção da Comissão Política Nacional, Manuel Oliveira considera Miguel Pires da Silva “uma pessoa dinâmica e com um projecto de união e crescimento para a JP muito forte.” Remata com “a certeza de que o Miguel fará um grande mandato e conseguirá, com o empenho da restante equipa, colocar a Juventude Popular na frente de batalha por uma juventude com mais liberdade na Economia e na Educação, rica em valores e consciente do enorme potencial do seu país”. De salientar ainda a presença do presidente da JSD, Duarte Marques, na sessão de encerramento do Congresso, bem como a do Vice-Presidente do CDS-PP e eurodeputado, Nuno Melo. De salientar ainda a presença do presidente da JSD, Duarte Marques, na sessão de encerramento do Congresso, bem como a do


Presidente: Miguel Pires da Silva Vice-Presidentes: Francisco Peres Mota Manuel Aranha André Araújo Correia Fernando Neves Manuel Caiado Figueiredo Secretário-Geral: José Miguel Lello Vogais: Pedro Pinto Lopes Daniel Pinto Pedro Vidal Ana Castro António Gomes Pereira Vítor Vicente Frederico Pimentel Paulo Pereira José Rosas Brandão Ricardo Marques Manuel Oliveira Abel Baptista Duarte Salgado Bucho Marco Rodrigues Rafael Souza-Falcão

Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha Coordenador: Tiago Loureiro Vice-Coordenadores: Lúcia Santos Luís Pedro Mateus Vogais: Diogo Pascoal Francisco Ancede Joana Martins Rodrigues Rafael Borges


Comissão de Fiscalização e Disciplina Presidente Hugo Nunes

Mesa do Congresso Nacional

Vice-Presidentes: Pedro Morais Vaz Vogais: Marta Carvalho Esteves

Presidente Michael Seufert Vice-Presidentes: Rodrigo Lobo D’Ávila Patrique Alves Vogais: Carlos Martins Susana Garcia

Mesa do Conselho Nacional Presidente Vera Rodrigues Vice-Presidentes: André Rodrigues Barbosa Miguel Garcez Vogais: Miguel Guedes Cardoso Mafalda Laranjo


Será que alguém presenciou o ataque de raiva que acometeu o bom burguês Jacques Bonhomme*, quando seu filho partiu uma janela? Quem assistiu a esse espectáculo seguramente constatou que todos os presentes, e eram para mais de trinta, foram unânimes em hipotecar a sua solidariedade ao infeliz proprietário da vidraça quebrada: "Há males que vêm para o bem”, diziam. “São acidentes

deste tipo que ajudam a indústria a progredir”. Continuavam: “É preciso que todos possam ganhar a vida. O que seria dos vidraceiros, se não houvesse janelas partidas?” Ora, há nessas fórmulas de condolência toda uma teoria que é importante captar-se, pois é exactamente igual àquela teoria que, infelizmente, rege a maior parte de nossas instituições económicas. Supondo-se que seja necessário

gastar seis francos para reparar os danos feitos, pode dizer-se, com toda a certeza, e estou de acordo com isso, que o incidente faz chegar seis francos à indústria vidraceira, provocando o seu desenvolvimento na proporção de seis francos. O vidraceiro virá, fará o seu serviço, ganhará seis francos, esfregará as mãos de contente e abençoará, do fundo do seu coração, o miúdo que jartiu a janela. Isto é o que se vê. Mas se, por dedução, chegamos à conclusão, como pode acontecer, de que é bom que se quebrem vidraças, de que isto faz o dinheiro circular, de que daí resulta um efeito impulsionador do desenvolvimento da indústria em geral, então eu serei obrigado a exclamar: alto lá! Essa teoria pára naquilo que se vê e não tem em consideração aquilo que não se vê. Não se vê que, se o nosso burguês gastou seis francos numa determinada coisa, não vai poder gastá-los noutra! Não se vê que, se ele não tivesse nenhuma janela


para substituir, teria trocado, por exemplo, os seus sapatos velhos ou posto um livro a mais na sua biblioteca. Enfim, teria aplicado seus seis francos em alguma outra coisa que, agora, não poderá mais comprar. Façamos, pois, as contas da indústria em geral. Tendo sido partida a janela, o fabrico de vidros foi estimulado em seis francos; é o que se vê. Se a janela não tivesse sido partida, o fabrico de sapatos (ou de qualquer outra coisa) teria sido estimulada na proporção de seis francos; é o que não se vê. E se tivéssemos em consideração o que não se vê por ser um facto negativo, como também o que se vê, por ser um facto positivo, compreenderíamos que não há nenhum interesse para a indústria em geral, ou para o conjunto do trabalho nacional, o facto de janelas serem partidas ou não. Façamos agora as contas de Jacques Bonhomme. Na primeira hipótese, a

da janela partida, ele gasta seis francos e não tem mais nem menos prazer do que antes; apenas tem uma janela nova. Na segunda hipótese, aquela na qual o incidente não ocorreu, ele teria gasto seis francos em sapatos e teria tido ao mesmo tempo o prazer de possuir um par de sapatos e também uma janela. Ora, como Jacques Bonhomme faz parte da sociedade, deve concluir-se que, considerada no seu conjunto, e fazendo-se o balanço dos seus trabalhos e dos seus prazeres, a sociedade perdeu o valor relativo à janela partida. Daí, generalizando-se, chega-se a esta conclusão inesperada: a sociedade perde o valor dos objectos destruídos inutilmente. E chega-se também a este aforismo que vai arrepiar os cabelos dos proteccionistas: partir, estragar, dissipar não é estimular o trabalho nacional ou, mais sucintamente, destruição não é lucro. É preciso que o leitor aprenda a

constatar que não há somente dois, mas três personagens no pequeno drama que acabei de apresentar. Um deles, Jacques Bonhomme, representa o consumidor reduzido a ter, por causa da destruição, um só prazer em vez de dois. O outro, sob a figura do vidraceiro, mostra-nos o produtor a quem o incidente estimula o negócio. O terceiro é o sapateiro (ou outro industrial qualquer) cujo trabalho é desestimulado também pelas mesmas razões. É esse terceiro personagem que se mantém sempre na penumbra e que, personificando aquilo que não se vê, é peça fundamental do problema. É ele que nos faz compreender o quanto é absurdo afirmar-se que existe lucro na destruição. É ele que nos ensinará que não é menos absurdo procurar-se lucro numa restrição, já que esta é também, no final das contas, uma destruição parcial. * Jacques Bonhomme, em francês, representa o homem comum do povo, probo, responsável.


A “Primavera Árabe” será, com certeza, objecto de estudo científico para os académicos durante largos anos. Mas haverá sempre a “Primavera Árabe” de revolta e manifestação que deu novo rumo à Tunísia e ao Egipto e que, actualmente, ainda se prolonga na Síria, e uma guerra civil que dura há mais de meio ano nas areias da Líbia. Certamente a mais sangrenta das revoltas, esta Primavera na Líbia durará pelo Outono dentro, até que o líder derrotado seja encontrado. Faria dia 1 de Setembro 42 anos de poder, que tomou no longínquo Setembro de 1969, mas Kadhafi está em fuga, dentro do seu país, com dois dos seus filhos (tomando a informação disponível como fidedigna).

dizer que o Coronel chegou ao fim da sua carreira como o excêntrico líder líbio e passará para outro papel. Um de quatro cenários aparece: Kadhafi será capturado e levado para o exílio; Kadhafi será capturado e entregue ao Tribunal Penal Internacional; Kadhafi será capturado e julgado na Líbia pelos seus crimes; ou Kadhafi será morto no momento da captura. Se o primeiro cenário que coloco é manifestamente mais complicado de acontecer, já os outros três tem as suas hipóteses mais elevadas. A entrega de Kadhafi à comunidade internacional para responder aos mandatos de captura do Tribunal Penal Internacional é um gesto importante que o Conselho Nacional de Transição daria à comunidade internacional mas é legitimo que os líbios o queiram julgar. Quem me conhece sabe que sou contra o Tribunal Penal Internacional pois acredito que os acusados não devem

líbios o queiram julgar. Quem me conhece sabe que sou contra o Tribunal Penal Internacional pois acredito que os acusados não devem responder por crimes cometidos num país por outra entidade que não a justiça desse país. O terceiro cenário, que acho o mais provável, é que Kadhafi seja capturado e julgado na Líbia pelos crimes cometidos. Uma solução como a de Saddam Hussein. Além disso, parece-me a solução mais sensata e racional serem os Líbios a julgarem-no como já expliquei. Já o quarto cenário, terá quase a mesma probabilidade do julgamento na Líbia. É possível que, um qualquer soldado rebelde, ou patente com uma ganância de vingança possa premir o gatilho fora de tempo, e executar o Coronel. Para o futuro da própria Líbia, era bom que não acontecesse.


“ o futuro da própria Líbia, era bom que não acontecesse.

Em quinze dias, os rebeldes conseguiram aquilo que tentavam há meses: chegar à capital líbia. O dia 28 de Julho é chave neste processo. Foi neste dia que os soldados rebeldes conseguiram capturar o chefe do exército rebelde, Abdul Fatah Younis, que foi morto por um soldado rebelde durante a ordem de prisão que o Conselho Nacional de Transição tinha ordenado. Com a possibilidade de ser agente duplo, Abdul Fatah Younis seria preso e acabou morto e substituído na frente do exército rebelde. Nesse mesmo dia, os rebeldes do ocidente líbio começaram a avançar, e os rebeldes de Benghazi fizeram o mesmo até que dia 13 de Agosto, cercam Tripoli. Entretanto, os bombardeamentos da NATO foram dando uma ajuda e aberto caminho

fizeram o mesmo até que dia 13 de Agosto, cercam Tripoli. Entretanto, os bombardeamentos da NATO foram dando uma ajuda e aberto caminho aos rebeldes.

A Batalha de Tripoli, sangrenta e citadina, exige das tropas outro tipo de engajamento. A guerra citadina é bem diferente de uma guerra nas estradas líbias no meio do deserto. Em três dias, a capital foi tomada e a 23 de Agosto, a sua quase totalidade controlada pelos rebeldes que festejaram nas ruas de Tripoli e transferiram o governo para lá. Nesse dia o complexo de Kadhafi foi tomado e o mundo viu o “socialismo árabe” do destronado líder líbio. Desaparecido e em fuga, as tropas rebeldes deram 4 dias para os fieis ao antigo ditador se renderem, enquanto que a vizinha Argélia confirmou que a

Desaparecido e em fuga, as tropas rebeldes deram 4 dias para os fieis ao antigo ditador se renderem, enquanto que a vizinha Argélia confirmou que a esposa do Coronel e três dos filhos passaram a fronteira e estão no país. Para um actor neutro, a Argélia tomou, de certo modo, partido na guerra civil que o Conselho Nacional de Transição (CNT) já entendeu ser uma grave afronta ao novo regime da Líbia. Sendo por razões humanitárias ou não, Argel devia ter contactado o CNT e negociado a estadia de parte da família na Argélia, principalmente da esposa e filha grávida do ex ditador. Setembro mostra-se como um mês decisivo no futuro do país e que volta a ser o mês de mudança de regime, 42 anos depois.


No último congresso nacional da Juventude Popular

competitividade da economia, não posso deixar passar

que

fomos

em branco estas novas correntes de pensamento que

contemplados com exposições de opinião contendo

visam a defesa de grupos de interesse isolados e que

premissas,

em nada abonam a favor da população em geral, isto

se

realizou que

em

de

Lamego,

forma

todos

leviana,

povoam

o

pensamento de muitos jovens portugueses – e não só.

é, dos consumidores.

Falo nomeadamente das correntes de opinião que se

Perante estas situações fico sempre intrigado quando

revelam a favor de uma união dos indivíduos para o

vejo alguém a comentar ou incentivar sobre medidas

consumo apenas e só de produtos nacionais com o

de consumo exclusivo de produção nacional, pelo que

intuito de proteger o mercado nacional, e assim,

me questiono sobre o que é que entendem como

garantir postos de trabalho.

produção nacional.

De forma mais explícita ou em forma de lobby, sempre

Vamos supor um exemplo: Um investidor de

existiram tentativas de proteccionismo de mercado

nacionalidade estrangeira e com uma conta bancária

por parte dos estados, instituições e grupos de

estrangeira, decide abrir uma exploração agrícola com

interesse de indivíduos, no entanto com o passar dos

100% de mão-de-obra nacional, mas recorrendo a

anos com o abandono de políticas de autarcia

matéria-prima 100% estrangeira (sementes, adubos,

económica, nomeadamente com a integração na união

maquinaria) ou vice-versa. Consideremos isto como

europeia,

de

tarifas

aduaneiras

e

produção nacional?

uma

maior

exposição

e

Agora, vamos supor um outro exemplo: Uma

mais

empresa que importe exclusivamente produtos

globalizado, obrigou o relaxamento desse tipo de

agrícolas, embale e distribua em território nacional

proteccionismo com vista a aumentar as quantidades

para consumo é considerado produção nacional? Se

produzidas, transaccionadas e consumidas entre os

apontarmos ao critério da escolha de produtos

países (ver artigo de opinião da edição anterior, sobre

nacionais pelo seu código de barras, então este

mercado internacional).

último exemplo seria considerado nacional. Se

Assim, no sentido da preservação e manutenção das

atendermos aos critérios da AEP com a campanha

liberdades individuais como factor primordial para a

“compre o que é nosso” nos critérios de adesão

condição de um mercado livre e concorrencial, que

podem-se diluir os efeitos da nacionalidade da mão-

sempre defendemos e é altamente desejável para a

de-obra com os consumos intermédios, com o rácio

abolição

consequentemente interdependência

num

mundo

cada

vez


*

[(VAB+INCI)/Valor da Produção] . Referido no exemplo anterior, pode-se já apontar uma instituição que se apropriou desta corrente de pensamento de se consumir exclusivamente aquilo que é nacional, como é o caso da AEP, que por cada atribuição de autorização do seu “compre o que é nosso” cobra uma taxa pelo seu serviço, obrigando produtores que queiram ver os seus produtos reconhecidos como “nacionais” a adquirirem o seu serviço impondo-lhes custos, que ficam a cargo do consumidor ou reduzindo as margens de lucro dos produtores. Desta forma, não posso deixar passar a crítica a esta ideia que cada vez mais se encontra mais em voga. * Nota: VAB - Valor Acrescentado Bruto INCI – Incorporação Nacional de Consumos Intermédios


A par da expectável renovação de equipas dos órgãos nacionais, Lamego trouxe ainda curiosas interpretações sobre o futuro e desfechos sobre o passado da Juventude Popular. Naquele que foi o meu quarto Congresso Nacional, suspeito seria se não dissesse que foi o melhor. Ainda que do ponto de vista material e logístico, a JP deu neste congresso um passo em frente na dignidade do momento. Nunca foram dadas tão boas condições de trabalho aos congressistas num espaço que perdurará durante muito tempo na memória de muitos. Foi óptimo, finalmente, ter um espaço com verdadeiro espírito de congresso que possibilitou sem grande esforço acompanhar a longa maratona dos trabalhos. Também nunca será em demasia salutar as quatro Moções de Estratégia Global e as quatro Moções de Estratégia Sectorial. Independentemente das suas ideias, a JP vive da discussão coerente e interessada que possa alimentar a sua posição política num Portugal cada vez mais complexo e com urgência de mudança. Dos resultados mais notórios, surge a expectativa em torno da nova Comissão Política Nacional e do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha. Se o novo Coordenador do GEGB conheço na perfeição e não tenho dúvidas que fará um trabalho sem precedentes no que respeita a enorme qualidade e compromisso com a formação da JP, o novo Presidente da CPN dá-me garantias de união e empenho na construção de uma estrutura solidária com os seus. Há muito trabalho pela frente, todos somos necessários e capazes de fazer crescer ainda mais uma JP que por vários motivos tem tido dificuldades em manter-se de pé. Nos últimos anos a JP tem sofrido, como nenhuma outra associação juvenil partidária, o fenómeno do afastamento dos jovens da política activa. Com muito

menos recursos e sentido de organização que a Juventude Socialista e a Juventude Social-Democrata, a JP tem sentido particulares dificuldades, na última década, em conseguir manter um nível de exigência, resistência e comprometimento que a caracterizam desde a reunião do Teatro S. Luís em 1974. Num cenário macro, que condiciona todas as nossas atitudes e tomadas de posição, a JP não tem sabido aproveitar da melhor forma todas as oportunidades que a constante mudança proporciona. No entanto, é óbvio que nem só dos factores externos pode a JP queixar-se. Se pensarmos que a mudança começa por dentro, a JP tem cometido (sinto e defendo isso desde que conheço a estrutura) erros crassos quando não se alavanca no poder e margem de exposição das suas concelhias e distritais - uma velha questão na estrutura, um constante problema que dificilmente se dissocia de específicos momentos de oportunidade. Embora não se exija heróis nem fórmulas mágicas, a verdade é que este problema tem travado imenso o crescimento qualitativo da JP, tornando-a muitas vezes permeável a más intenções e outras que, sem orientação e estratégia, se perdem em “boa vontade”. Consequência ou não deste mar de intenções, na última década, também o perfil do novo militante da JP mudou categoricamente. Pressente-se um sentimento unânime que o militante da JP é hoje um espelho da Educação e da vida familiar e social em Portugal. Muitos caracterizam-no como “incapaz de escrever duas frases sem um erro ortográfico”, outros como “irresponsável, incapaz de saber-estar e criticar fundamentadamente o que o rodeia” e ainda outros como “alguém que não consegue distinguir socialismo de liberalismo”. Embora eu concorde com a generalidade destas críticas, todos sabemos que é um passo recorrente, em qualquer que seja a situação, a geração presente criticar a futura. Temos de ser especialmente cuidadosos quando, mesmo que inconscientemente, colocamos filtros sobre quem


geração presente criticar a futura. Temos de ser especialmente cuidadosos quando, mesmo que inconscientemente, colocamos filtros sobre quem deve estar ou não na JP. Temos de ser inteligentes ao ponto de compreender que todas as organizações são afectadas pela sociedade que a rodeia e que estas serão alvo dos vícios e costumes dessa. A JP não tem sabido harmonizar esta questão e aprender a viver com ela, retirando partido dos pontos fortes e apostar numa melhoria dos pontos fracos. A JP não é de um grupo do Norte ou de uma rebelião do Sul; não é uma colectividade com fins desportivos e culturais e, certamente, não é uma agência de emprego. A JP é uma instituição com quase quarenta anos de história, actriz e espectadora de importantes mudanças sociais e económicas do nosso país, palco onde já militaram (e militam!) actuais Ministros, Secretários de Estado e Deputados, voz da indignação dos jovens contra um Estado omnipresente e estrangulador. Saibamos, mais do que permanecer assim, fazer perceber que é assim que tem de continuar. Vamos a isto!


Neste mês, carrega-se uma esperança verde lusa, de que o virar de página político do mês passado possa nos propulsar para fora da linha vermelha em que estamos financeiramente inseridos. Como em todas as crises financeiras que a história conheceu, existiu a oportunidade da transformação e da superação de esforços. Mas este fenómeno que aglutina em si já algumas potências europeias tem, na sua génese, uma falha do Euro. Vejamos. A moeda única implica uma política monetária também ela única e uma situação consolidada dos desempenhos financeiros dos países que a compõem. Em consequência, devem ser respeitadas regras e responsabilidades comuns. As vantagens da moeda única são obviamente numerosas como cada um de nós as terá percebido desde a criação do Euro. No entanto, esta moeda única implica para cada país, uma disciplina comum a respeitar. Tal não significa uma perda da soberania nacional pois esta manifesta-se nas modalidades escolhidas para atingir essa disciplina. Mas de facto, esta sempre foi uma barreira que a vertente histórico-cultural de cada país invocou para manter o rumo divergente em matéria de políticas económicas e financeiras na UE. Em consequência dessa barreira inultrapassável, a zona Euro pôs “os carros à frente dos bois.” Trágico erro! Assim, esqueceu-se do manual para direccionar os bois: não há política cambial comum, não existem emissões de títulos de dívida comum. Podemos ainda citar a ausência de fiscalidade coordenada e a inexistência de um modelo económico comum e de uma política comum de crescimento… A União Europeia tem, evidentemente, muito a ganhar em proteger e conservar uma moeda única. No entanto,

chegadas às condições dos mercados actuais, é necessário ir mais longe. Não faz sentido continuar a deixar os países da zona Euro financeiramente mais vulneráveis de se apresentarem nos mercados com títulos de dívida para financiar a sua dívida pública. Do ponto de vista dos mercados, existindo o Euro, a dívida dos países da zona Euro apenas pode constituir um risco representado pela potência económica global da zona Euro. Deve ser redireccionada a política cambial, destinada a assegurar um crescimento económico satisfatório, pivotado pelo BCE cujo papel deixaria de ser apenas o do controlo da inflação. Deve ainda ser redefinida a função da banca, separando as actividades de crédito, de trading para conta própria e as actividades ligadas a seguradoras. Isto poderia levar a uma restrição nas actividades para conta própria dos bancos. Interesses económicos à parte, e porque não? Ainda é importante a implementação de um modelo económico global, coerente, onde cada país oriente a sua economia em coordenação com a dos outros em termos de níveis de crescimento, inflação e fiscalidade. Se decisões que rumem neste sentido não forem tomadas rapidamente, a situação actual verá países da zona Euro em recessão enquanto outros estiverem em crescimento. Provocará certamente um fosso ainda mais profundo e um efeito inadaptado para os países de fraca produtividade, taxas de juro divergentes entre países endividados e ainda uma fiscalidade disparatada que levarão a que se ponha em causa a sua continuação na moeda única. Ao não encontrar uma resposta proteccionista à escala europeia que colmate as falhas da construção europeia e


assim elimine o suco do oportunismo e da pressão dos mercados, a pressão que recai sobre a zona Euro e que anestesia as atenções sobre a dívida dos EUA, transformará a opção de saída do Euro dos membros incumpridores no único escape possível para a sobrevivência de todos. Claro que, à partida, uma saída do Euro seria instantaneamente catastrófica para países sobrendividados, que sofreriam uma forte desvalorização das suas novas moedas e teriam que se declarar em incumprimento nas suas dívidas em euros. O custo de produtos importados seria imediatamente acrescido e uma forte inflação esmagaria o já fraco poder de compra. O ajustamento seria brutal, mas a termo a competitividade poderia seria reencontrada, permitindo de novo o crescimento mediante uma execução orçamental sólida. Este cenário traçaria ainda consequências dramáticas para os restantes países credores como a Alemanha ou os países do Norte mas esta passividade das instâncias europeias culminará inevitavelmente num ponto sem retorno…


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.