37 | Janeiro 2011

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Teresa Caeiro é uma das grandes figuras do actual CDS, sendo sua Vice-Presidente e deputada à Assembleia da República. Nesta entrevista, Teresa Caeiro fala das suas posições polémicas, da sua relação de confiança com Paulo Portas e do futuro do CDS e de Portugal, para além de outros temas de interesse e que marcam a ordem do dia. Uma entrevista para ler e reler.

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Tomás Belchior corta com a unanimidade reinante e assina mais um dossier temático em que desmonta os mitos construídos sobre um tema cada vez mais em voga: a independência energética.

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Conheces a história do CDS nas corridas a Belém? O Jovem dá-te a conhecer as posições que o partido tomou em cada eleição Presidencial. Fica a saber todos os pormenores e enriquece o teu conhecimento.

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Fica a saber a opinião dos nossos militantes sobre temas que marcam a actualidade política. Nesta edição contamos com textos de opinião da autoria de Nuno Silva e Rita Magalhães e Silva.


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José Manuel Coelho, autoproclamado “Mourinho da política portuguesa”, alterna a sua manifesta propensão para o disparate e o ridículo com momentos em que a honestidade, essa característica rara enquanto adjectivo de político, se manifesta clara como água. Um desses momentos aconteceu numa entrevista na RTP quando este antigo militante do PCP assumiu que, embora filiado e reconhecido militante de um partido dito de direita, é ainda hoje, como sempre fora, de esquerda. E qual a motivação de uma atitude aparentemente tão incompreensível? Segundo o próprio, precisava de um partido para ter actividade política relevante. Em tudo isto, o mais degradante é perceber que a sua atitude, embora despida de coerência ideológica, se reveste de uma coerência prática com o sistema. De todos os actos eleitorais, as Presidenciais, na teoria, deveriam ser uma disputa entre indivíduos. Na prática, não passam de mais um palco para o confronto entre partidocratas e seus rebanhos. Se a necessidade dos partidos num regime democrático é uma verdade proverbial mas que não merece grande contestação, o domínio da mesma pela reles dinâmica emanada pelos donos das “m|quinas” por usurpação de um número significativo de consciências alheias, é uma deturpação abusiva do conceito. Esta campanha está aí para o provar. Cavaco e Alegre empatam nos apoios partidários, que correspondem em ordem de grandeza: ambos são apoiados por um grande partido, um partido marginal e um partido cujo apoio, no máximo, quer-se discreto, para evitar embaraço. O desempate tenta fazer-se através da contagem de

apoiados por um grande partido, um pequeno partido e um partido cujo apoio, no máximo, quer-se discreto, para evitar embaraço. O desempate tenta fazer-se através da contagem de bandeiras ou mesas cheias, nesse maravilhoso aparato feito à custa dos aparelhos partidários e daqueles que, de forma mais ou menos acrítica, se limitam a responder com um sim pavloviano à convocatória de um pequeno mundo onde querem garantir a sobrevivência e aprender a crescer, tendo, para isso, de evitar por em causa os caprichos comportamentais dos donos da “máquina”, no fundo, donos das suas consciências. Francisco Lopes protagoniza uma candidatura em que o “nós” do partido se ouve com mais insistência do que o “eu” desej|vel numas eleições que se querem não-partidárias. Com um discurso gasto e demagógico, usando o rótulo de operário apesar de viver há anos escondido no Parlamento, ele é o PCP em forma de gente. Alguém, no seu perfeito juízo, acredita que um sujeito com o carisma e o poder de oratória que, portanto, o candidato Lopes, portanto, exibe, consegue encher o Campo Pequeno sem ter os súbditos do Comité Central por trás? Perante a falta de outras, a candidatura de Fernando Nobre tem pelo menos uma virtude: a de lembrar que a política devia ser, antes de mais, um exercício de cidadania e que, infelizmente, está demasiadas vezes amarrada aos formalismos e às regras partidocratas. Houvesse um Fernando Nobre de qualidade. Só um.


Por terras de

Lidador

Quatro meses depois de ter estado reunido em Lisboa, o Conselho Nacional da Juventude Popular realizou-se em Coimbra. Sob o signo das próximas eleições para a Presidência da República, a sala foi esteve cheia para debater a posição a tomar relativamente à postura a adoptar na presente campanha. O Conselho Nacional decidiu, por larga maioria, dar o apoio logístico ao CDS na campanha eleitoral, promover o contacto da Comissão Política Nacional com a direcção de campanha do Professor Cavaco Silva, e a proceder à informação e mobilização das estruturas locais para, no âmbito da sua liberdade de acção, intervirem nesta campanha. Perante a proximidade do XXIV Congresso do CDS-PP, o órgão máximo da estrutura entre congressos aprovou o regulamento de designação da composição da delegação da Juventude

Popular à próxima reunião magna do partido. Vários orgãos nacionais, desde logo a Comissão Política Nacional, sofreram alterações na sua composição, por força da eleição de novos elementos, também durante a realização do Conselho Nacional de Coimbra. Paulo Portas, presidente do CDS-PP, esteve presente para falar aos conselheiros da “jota” sobre a actualidade política que marca o país, com especial incidência para a entrada em vigor do novo Código Contributivo, que trará consigo inúmeras dificuldades à economia em geral, e aos jovens em particular. Por último, referir que a Juventude Popular da Maia se fez notar, mais uma vez, com a presença de dez conselheiros nacionais, tendo estado representada em Coimbra na máxima força, para constribuir para uma melhor JP.

Penso ser do conhecimento de todos que a Juventude Popular da Maia se empenhou no último ano num contacto mais presencial com os órgãos executivos que estão mais próximos das pessoas: as freguesias. Partimos para esta missão com o desejo claro de conhecer o melhor possível a realidade do concelho, juntar todas as peças, compreender a terra, a sua gente, as dificuldades, os casos de sucesso e as oportunidades. Sabíamos que este objectivo era essencial para a segunda parte de um projecto que verá a luz do dia daqui a muito pouco tempo e promete, além de causar como sempre incómodo, ter ideias claras sobre o futuro do concelho e a exploração das suas potencialidades. Fazemos isto, como tudo, por gosto. Ocupando o nosso tempo pessoal, porque gostamos. Aturando muitas situações bizarras e contra-natura, porque… tem mesmo de ser. Nunca a Juventude Popular da Maia esteve tanto no terreno, a conversar com quem sabe, vê e ouve todos os dias os maiatos. E não foi em ano de eleições, muito pelo contrário. É possível que neste momento, esta humilde juventude partidária, que num primeiro momento não passa de um simples grupo de amigos, conheça neste momento melhor a Maia do que muitos pretendentes ao trono e outros aspirantes a adjuntos, conselheiros ou simplesmente a aspirantes de aspirantes. O que, naturalmente, nos enche de orgulho e incentiva ainda mais esta forma de ser. Esta forma de ser que para reunir com estes executivos mandou emails, telefonou, enviou cartas e, em muitos casos, solicitou pessoalmente. Das dezassete freguesias que o concelho da Maia tem, apenas fomos recebidos por seis. Mensagem recebida!


O MITO DA

INDEPENDÊNCIA ENERGÉTICA


A auto-suficiência foi uma bandeira de regimes tão recomendáveis como o da Itália de Mussolini ou a da Coreia do Norte actual. A substituição das importações também foi tentada com resultados conhecidos em países da América Latina e de África. Mas há quem teime em recuperar este proteccionismo. Mais recentemente chamando-lhe independência energética. É bom ser independente. É bom poder dizer ao mundo que não precisamos de ajuda. Faz bem ao ego. O problema é que a independência tem um custo: a miséria. Uma condição que em Portugal nos é tristemente familiar. Porque é que nos condena à miséria? Porque a miséria é a consequência natural de prosseguir políticas baseadas em teorias económicas totalmente desacreditadas, em populismo e em ignorância. A única vantagem desta sucessão de erros é que nos permite redescobrir o caminho certo, um caminho com 250 anos que teimamos em ignorar.

O conceito de independência energética é apenas a última encarnação de uma ideia que nos assombra pelo menos desde os tempos do mercantilismo (séc. XVI - séc. XVIII). Foi nessa altura que Estados armados com a teoria de que importar bens de outros países era basicamente deitar dinheiro para o lixo e necessitados de ouro para financiar guerras e expansão territorial, resolveram começar a tentar moldar fluxos comerciais em nome do interesse nacional. Isto traduziu-se em restrições às

guerras e expansão territorial, resolveram começar a tentar moldar fluxos comerciais em nome do interesse nacional. Isto traduziu-se em restrições às importações, em todo o tipo de regulamentações do comércio e na criação de monopólios privados, sancionados pelo Estado. Ou seja, nas mãos do poder político, o tal interesse nacional deixou de coincidir com o interesse da generalidade da população e passou a confundir-se com o interesse das indústrias exportadoras que permitiam aos países europeus arrecadar receitas para financiar as suas aventuras coloniais. Este cinismo político tinha, apesar de tudo, um fundamento teórico. O comércio era considerado como uma actividade de soma nula em que, para um lado ganhar, o outro lado teria forçosamente de perder. Daí a lógica da intervenção pública para garantir que as exportações eram superiores às importações: o excedente em ouro corresponderia a um défice dos outros parceiros comerciais, isto é, representaria simultaneamente uma fonte de recursos e uma arma de defesa contra possíveis ataques. E assim continuámos até que, em 1776, Adam Smith publicou “A Riqueza das Nações”.

fonte de recursos e uma arma de defesa contra possíveis ataques. E assim continuámos até que, em 1776, Adam Smith publicou “A Riqueza das Nações”.

O que o livro de Adam Smith fez foi desmontar os alicerces do mercantilismo. Provou que o comércio livre não era um jogo de soma nula mas sim uma relação em que ambas as partes ganham, provou que as economias cresciam quando se especializavam e que o conluio entre os Estados e algumas indústrias empobrecia os países que se dedicavam a esses arranjos. Estas ideias tornaram-se consensuais e patrocinaram o maior período de desenvolvimento da história da humanidade. No entanto, olhando para a reciclagem que é feita das ideias mercantilistas e das suas derivações proteccionistas, ninguém diria. A auto-suficiência foi uma bandeira de regimes tão recomendáveis como o da Itália de Mussolini, ou o do Cambodja dos Khmer Rouges, ou a da Coreia do Norte actual. A substituição das importações como via para o desenvolvimento também foi tentada com resultados conhecidos em múltiplos países da América Latina e de África. Mas, apesar deste currículo, há quem teime em recuperar este proteccionismo. Mais recentemente chamando-lhe independência energética.

Parece que agora o argumento não são as guerras, nem o ouro. São a segurança nacional e o défice externo. Quais são as diferenças entre estas duas justificações? Não se sabe, mas há quem diga que existem. Há também quem diga que a solução


externo. Quais são as diferenças entre estas duas justificações? Não se sabe, mas há quem diga que existem. Há também quem diga que a solução para deixarmos de importar energia barata de zonas instáveis do globo é o Estado usar dinheiro dos nossos impostos para pagar a algumas empresas para encontrarem petróleo nos quintais portugueses ou, em alternativa, para suportar os custos adicionais na nossa factura da electricidade que essas mesmas empresas nos cobram pela energia renovável que fornecem. O que estas pessoas não percebem é que importações baratas, sejam de gás natural, camisas, ou computadores, são o que permite tornar as nossas exportações competitivas. O que estas pessoas não percebem é que ao produzirmos localmente algo que podia ser importado por muito menos dinheiro estamos a aumentar o custo de vida da generalidade dos consumidores e em especial aos mais pobres. O que estas pessoas não percebem é que é normal os países em crescimento precisarem de recursos externos para financiar esse crescimento. O que já não é normal é endividarmonos para alimentar o orçamento de Estado e algumas empresas que vivem à sombra desse orçamento. O que já não é normal é não crescermos há 15 anos. O que já não é normal é, ao fim de 250 anos, insistirmos em erros que já foram cometidos vezes sem conta e, no final deste processo, darmos por nós a tentar vender o que os chineses vendem em vez de, como os alemães, vendermos o que eles compram. Talvez fosse altura de deixarmos de usar desculpas como a independência energética para evitarmos fazer as reformas que precisamos de fazer.

O que estas pessoas não percebem é que ao produzirmos localmente algo que podia ser importado por muito menos dinheiro estamos a aumentar o custo de vida da generalidade dos consumidores e em especial aos mais pobres.



De cinco em cinco anos, os portugueses são chamados às urnas para decidirem quem ocupa o lugar de mais alto representante do país. Apesar de, na teoria, as candidaturas à Presidência da República terem um carácter individual, o hábito diz-nos que os partidos marcam presença nas campanhas eleitorais de uma forma mais ou menos visível. A indicação de apoio é apenas o

gesto básico que cada partido, normalmente, assume. O CDS tem a sua própria história nas corridas a Belém, marcada por três fases distintas: um conjunto de três eleições em que o protagonismo do partido foi visível; um “apagão” em que o partido decidiu ver estes momentos de fora; e uma fase mais calma de apoio a um candidato emanado pelo PSD.

A 7 de Dezembro de 1980, o Portugal democrático foi chamado pela segunda vez às urnas para escolher o Presidente da República. Entre os seis candidatos que então constavam dos boletins de voto, a disputa fazia-se, essencialmente, entre dois: o General Ramalho Eanes, que concorria a uma reeleição e contava com o apoio de amplos sectores do PS e da generalidade da extrema-esquerda, e o General Soares Carneiro, lançado pela Aliança Democrática, então no Governo, para tentar cumprir o sonho de Francisco Sá Carneiro de dar a Portugal “um governo, uma maioria e um presidente” da AD. O caminho da coligação rumo às eleições presidenciais nem sempre foi o mais fácil. De resto, o perfil a que devia obedecer o candidato presidencial nem sequer era pacífico dentro de ambos os partidos. Se havia quem, imbuído no espírito da época, apoiasse a escolha de um militar, outros preferiam indicar um candidato civil, como era o caso de Francisco Sá Carneiro que chegou a ponderar a hipótese de se apresentar a votos. Perante as dificuldades na definição do


candidato civil, como era o caso de Francisco Sá Carneiro que chegou a ponderar a hipótese de se apresentar a votos. Perante as dificuldades, Sá Carneiro cedeu e seguiu o conselho de Amaro da Costa, indicando o General Soares Carneiro como candidato, não obstante a insatisfação de alguns sectores do PSD, que não gostavam da conotação excessivamente à direita do General. A trágica morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa, quando se deslocavam para uma acção de campanha de apoio a Soares Carneiro, no Porto, escassos dias antes das eleições, acaba por marcá-las irremediavelmente, embora sem grandes resultados práticos. Como se previa, Eanes foi reeleito, com 56% dos votos, contra os cerca de 40% de Soares Carneiro

Em 1986 ocorreram aquelas que a História ainda recorda como as eleições presidenciais mais emotivas e disputadas do pós-25 de Abril. Apesar de a AD estar já formalmente extinta, CDS e PSD uniram esforços no apoio ao mesmo candidato presidencial, Diogo Freitas do Amaral. Como principais adversários, o antigo presidente do CDS

de a AD estar já formalmente extinta, CDS e PSD uniram esforços no apoio ao mesmo candidato presidencial, Diogo Freitas do Amaral. Como principais adversários, o antigo presidente do CDS encontrou dois socialistas: Mário Soares, candidato oficial do PS, e Francisco Salgado Zenha que, após graves desentendimentos com Soares, moveu uma candidatura que contou com o apoio do PRD e, após a desistência de Ângelo Veloso, do PCP. Maria de Lourdes Pintassilgo, que alguns anos antes se tornara a única mulher a ocupar o cargo de primeiroministro em Portugal, fechava o leque de candidatos. É provável que, tal como Soares e Pintassilgo, Diogo Freitas do Amaral tenha começado a preparar o “ataque” à Presidência da República com bastante tempo de antecedência. Em 1982, aquando da crise de sucessão de Francisco Pinto Balsemão na chefia do Governo da AD, Freitas do Amaral demitiu-se de todos os cargos que desempenhava no governo e no partido. Tal atitude é, ainda hoje, olhada como o primeiro acto de uma caminhada que viria a culminar com a candidatura presidencial em 1986. Assim sendo, os apoios começavam a definir-se: o PS aprovou a candidatura de Soares,

primeiro acto de uma caminhada que viria a culminar com a candidatura presidencial em 1986. Assim sendo, os apoios começavam a definir-se: o PS aprovou a candidatura de Soares, alguns movimentos sociais católicos e forças de esquerda moderada promoveram Maria de Lourdes Pintassilgo e o CDS manifestou apoio a Freitas do Amaral. Faltava saber o que faria o PSD. No frenesim da indefinição interna nos tempos do Bloco Central, os socialdemocratas viviam com a aparição de possíveis candidatos presidenciais, de entre os quais se destacavam Proença de Carvalho, o General Altino de Magalhães, tendo surgido também, como possibilidades mais ténues, o madeirense Alberto João Jardim e até Cavaco Silva. No entanto, com a chegada deste último à liderança do partido, o PSD declarou o seu apoio a Freitas do Amaral que, desta forma, se tornava inequivocamente no candidato do centro-direita. Apesar do início tímido, fragilizada pela força da candidatura da direita unida e pelo clima de guerrilha com Zenha que dividiu e levantou dúvidas no eleitorado socialista, a candidatura de Mário Soares começou a tomar forma e chegou aos 25% de votos que, juntamente com os 20% de Salgado


umas eleições que prometiam ser um desfile de Soares à sombra da unanimidade arrogante dos partidos do “centrão”. Com um resultado que rondou os 14% (três vezes e meia a votação do CDS nas Legislativas anteriores) e lhe permitiu ficar em segundo lugar, Basílio Horta soube ocupar o seu espaço com dignidade, apesar dos quase 70% com que Mário Soares venceu esmagadoramente. dividiu e levantou dúvidas no eleitorado socialista, a candidatura de Mário Soares começou a tomar forma e chegou aos 25% de votos que, juntamente com os 20% de Salgado Zenha e os 7% de Maria de Lourdes Pintassilgo, arrastou o processo eleitoral para uma segunda volta, pela única vez na História. Assim, três semanas depois, e com apenas dois candidatos na corrida, a esquerda uniu-se em torno da candidatura socialista de Soares, para evitar que Freitas do Amaral chegasse a Belém. Por escassos 140 mil votos, os intentos da esquerda foram alcançados e Mário Soares saiu vitorioso. Apesar da derrota, estas terão sido as eleições presidenciais em que a ideia de “direita vs. esquerda" mais esteve presente, com um claro contributo do CDS. A História regista estas eleições como sendo aquelas em que um candidato oriundo do CDS mais perto esteve de se tornar Chefe de Estado.

As eleições presidenciais de 1991 ameaçaram passar completamente despercebidas à História pois pareciam querer escrever ser uma história enfadonha, carregada de marasmo, contada pelo "centrão". Se a reeleição de Mário Soares era previsível, ficou quase certa após o então primeiroministro anunciar o apoio tácito do PSD à sua candidatura - de registar, a título de curiosidade, que nas duas eleições

de Mário Soares era previsível, ficou quase certa após o então primeiroministro, Cavaco Silva, anunciar o apoio tácito do PSD à sua candidatura - de registar, a título de curiosidade, que nas duas eleições presidenciais que viveu como líder do PSD, Cavaco Silva nunca lançou e apoiou um militante do seu partido na corrida. Para além da candidatura de Soares, Carlos Marques da UDP e Carlos Carvalhas, escolhido para personificar a habitual presença do PCP em presidenciais, preparavam as respectivas candidaturas. Perante tal cenário, era urgente a emergência de um candidato que fosse capaz de representar o centro-direita. O tal candidato, por força da lógica, acabaria por ser uma figura do CDS. Fundador do partido e, à época, seu Secretário-Geral, o ex-ministro da AD, Basílio Horta, assume a responsabilidade, e assumiu o contraditório com Soares em representação da direita. No entanto, mesmo dentro do partido, Basílio Horta não teve vida fácil. Se o presidente do CDS, Freitas do Amaral, lhe garantiu o apoio formal do partido, algumas figuras, com Sá Machado à cabeça, preferiam que o partido apoiasse Mário Soares. Apesar da escassez de apoios e de meios, Basílio Horta ajudou a animar umas

As eleições de 1996 tiveram como grande cenário de fundo a queda do “cavaquismo”, ainda bem fresca na memória de todos, após a vitória do PS de Guterres nas Legislativas do ano anterior face a um fragilizado PSD liderado Fernando Nogueira, na ressaca das maiorias absolutas laranja. Foi precisamente o protagonista dos dez anos de hegemonia socialdemocrata, Cavaco Silva, o primeiro a avançar para a corrida à Presidência da República, apoiado pelo PSD. Pelo PS, avançaria Jorge Sampaio, antigo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Jerónimo de Sousa, pelo PCP, e Alberto Matos, pela UDP, fechavam o conjunto de candidatos, tendo, no entanto, apresentado ambos a sua desistência. O CDS, então na jovem liderança de Manuel Monteiro, colocouse à margem destas eleições. Jorge Sampaio acabaria por ganhar a corrida a Cavaco Silva por cerca de 400 mil votos. Em 2001, percebendo a regra tácita que diz que qualquer Presidente da República é reeleito para um segundo mandato, e com a escassez de trunfos fortes, o PSD indica o antigo ministro cavaquista Joaquim Ferreira do Amaral para uma candidatura


praticamente condenada à derrota. Repetindo o que se passara em 1996, o CDS decidiu não dar apoio à candidatura emanada pelo PSD. No entanto, e a nível meramente pessoal, algumas figuras do partido, nomeadamente o seu líder, Paulo Portas, endereçaram o seu apoio àquele que viria a ser derrotado por Jorge Sampaio, como se previa, na primeira volta.

As Presidenciais de 2006 viriam a ficar para a História como as primeiras em que o vencedor não saiu do lado esquerdo do espectro político. Concretizando algumas previsões de longa data, Cavaco Silva regressa à actividade política e volta a assumir uma candidatura a Belém, dez anos depois da primeira tentativa. Apoiado naturalmente pelo PSD, o antigo Primeiro-Ministro acabaria por receber também o apoio do CDS liderado por Ribeiro e Castro. Para além de Cavaco, apresentaram-se a eleições dois socialistas, Mário Soares, apoiado pelo PS, e Manuel Alegre, que viria a mostrar-se a mais séria concorrência ao candidato da direita; para além destes, a esquerda radical desmultiplicava-se em três candidaturas. Perante a eminente segunda volta, Cavaco Silva acaba por garantir a maioria absoluta por escassas décimas. Não será abusivo concluir que o apoio e os votos vindos do CDS foram decisivos para a sua eleição, sem se preocupar com a exigência e a incerteza que uma segunda ronda implicaria. Desta forma, a direita colocou pela primeira vez alguém em Belém, e o CDS, parte fundamental da conquista, pôde finalmente celebrar uma vitória presidencial.

Freitas do Amaral e Basílio Horta foram os dois militantes do CDS que se aventuraram numa candidatura presidencial. O primeiro esteve perto de uma vitória, em 1986, tendo mesmo vencido a primeira volta, perdendo, no entanto, à segunda para Mário Soares. Cavaco Silva é o primeiro candidato presidencial apoiado pelo CDS a tornar-se Presidente da República


Ainda não sabemos o resultado do referendo, mas não será surpresa para ninguém adiantar que o “Sim” à independência do Sudão do Sul sairá vencedora com uma margem confortável sobre o “Não”, e criará o 193º pais do Mundo. E isto trará um problema enorme para a comunidade internacional, não haja dúvida. Dando por garantido que Omar al-Bashir deixe que o Sudão do Sul se torne independente (o que é pouco provável), o problema maior é que cerca de 85% da produção de petróleo do Sudão vem da região que se quer tornar independente, e é uma fonte considerável de rendimento para o Estado sudanês, e um argumento de peso para que a comunidade internacional faça vista grossa aos problemas humanitários no Sudão. Recorde-se que Omar al-Bashir é acusado de genocídio e crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional. A China, por exemplo, vê no Sudão uma fonte de petróleo considerável e quererá mante-la. Se essa fonte deixar o Sudão e passar

a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional. A China, por exemplo, vê no Sudão uma fonte de petróleo considerável e quererá mante-la. Se essa fonte deixar o Sudão e passar para o Sudão do Sul, a China não terá tanta vontade para “proteger” Bashir. E isto serão alguns dos problemas internos. A questão ganha também, um “sabor” regional. Em África, este precedente fará com que muitos países da União Africana tenham dificuldade em reconhecer um novo Estado. A questão de luta pela independência não é única no Sudão, existe o caso da Somalilândia, região da Somália que luta pela independência; o Saara Ocidental ou Cabinda, em Angola. A Nigéria e a África do Sul, de longe líderes africanos no panorama internacional, também têm problemas separatistas dentre de portas e o reconhecimento internacional do Sudão do Sul manda uma mensagem problemática e abre precedente sobre autonomia. Mesmo na comunidade internacional, como em alguns países europeus e asiatícos, as questões separatistas

problemática e abre precedente sobre autonomia. Mesmo na comunidade internacional, como em alguns países europeus e asiatícos, as questões separatistas mantêm-se vivas e haverá esforços para bloquear um reconhecimento.

Sempre houve um sentimento geral de que, porque eram um destino frequente de férias no Mediterrâneo, por ter grandes cadeias hoteleiras internacionais, e por ter acesso fácil a visitantes, a Tunísia era um país diferente do “mainstream” norte africano. Assim não o é, e os recentes protestos na Tunísia são o exemplo perfeito de como se perde controlo do “status quo” de um momento para o outro. O desemprego crescente, a inflação dos preços da comida, a corrupção, liberdade de expressão e as condições de vida muito más são as razões da contestação pública, mas o rastilho que fez explodir este barril de pólvora foi um jovem, Mohamed Bouazizi. Quando viu o seu carrinho de vendas ser confiscado pela policia,


razões da contestação pública, mas o rastilho que fez explodir este barril de pólvora foi um jovem, Mohamed Bouazizi. Quando viu o seu carrinho de vendas ser confiscado pela policia, sem razão, e no caminho de mais um acto de corrupção, Bouazizi pegou fogo a si mesmo (morrendo dias mais tarde) e assim começou esta onda na Tunísia. Ben Ali, presidente tunisino, foi o alvo das contestações, tentando por longos dias virar a situação a seu favor até que foi obrigado a deixar o pais para o exílio na Arábia Saudita, não sendo recebido no seu primeiro destino, França. Quando o problema parecia acalmar, e o Primeiro Ministro tinha assumido o poder e marcar eleições num prazo de 60 dias, o governo de transição apresenta uma composição que tinha, nos cargos de maior relevo, membros do partido do presidente deposto (numa clara tentativa de reaver o status quo). E os protesto continuam diariamente. Alem disso pede-se o fim do RCD, partido de Ben Ali, e a não participação de membros no governo. É louvável que protestos por este

protesto continuam diariamente. Alem disso pede-se o fim do RCD, partido de Ben Ali, e a não participação de membros no governo. É louvável que protestos por este motivo impludam em países com governos autoritários, e ja foi contagiando alguns pelo Norte de África. A questão é que, para atingir os objectivos que o povo quer, este é o pior caminho. As autoridades internacionais tem feito declarações neste sentido, e elogiado o povo tunisino por não se deixar levar mais por uma classe politica que os explora, mas os protestos devem ser pacíficos.

A violência não se cinge ao Norte de África. Já não havia um atentado politico nos EUA desde o atentado de 1981 ao Presidente Reagan. O jovem de 22 anos, Jared Lee Loughner, quis acabar com essa data como o último acto violento contra políticos e atentou contra a vida da congressista democrata Gabrielle Giffords, que se encontra em coma depois de um tiro na cabeça, mas Jared consegui matar

acto violento contra políticos e atentou contra a vida da congressista democrata Gabrielle Giffords, que se encontra em coma depois de um tiro na cabeça, mas Jared consegui matar 6 pessoas, ferindo 20 no atentado que é acusado de ter cometido. Isto prova que actos aleatórios de violencia estão em todo lado, e não é cor política, raça, religião ou preferencia sexual que vai acabar com este tipo de acções. Infelizmente há pessoas que não são tão saudaveis mentalmente como se quer, e actuam com violência como resposta a problemáticas que só existem na sua cabeça. E o mundo passava bem sem isso.


É uma das grandes e mais reconhecidas figuras do actual CDS, sendo sua Vice-Presidente e deputada à Assembleia da República, onde tem é das deputadas com mais experiência e provas dadas. Longe de ser consensual, diz preocupar-se mais com a opinião daqueles que preza e admira do que com a de quem a julga injustamente por causa de certas opiniões que não tem medo de dar. Crente que o CDS vive um momento de harmonia como há muito não se via, entende que o país vive um momento completamente inverso, muito por culpa dos governos socialista. Diz-se impaciente por defeito, mas apresenta como qualidades o facto de ser fã da escrita de Marguerite Yourcenar e da obra cinematográfica de Woody Allen. Amante de cidades tão cosmopolitas como Lisboa, Nova York ou Londres, ela é a "Senhra CDS". Eis Teresa Caeiro.



Alguma vez se sentiu indesejada ou injustiçada dentro do CDS devido a certas posições que assume como, por exemplo, nas questões do casamento entre pessoas do mesmo sexo e do aborto? Confesso que me sinto injustiçada por estar sempre a ser confrontada com essas matérias! Em primeiro lugar, porque me custa que toda a minha actividade política, parlamentar e governativa seja constantemente resumida a isso. E, segundo lugar, porque me limitei a chamar a atenção para o facto de se tratar de matérias sensíveis, para as quais não há soluções fáceis. Mas, respondendo à sua pergunta, nunca me senti indesejada ou injustiçada por parte daqueles que prezo e admiro no CDS. Dito isto, tenho consciência de que poderei ter sido criticada por certos sectores, mas provavelmente porque não me terei sabido explicar bem. Pergunto-lhe em jeito de provocação: faz sentido que o CDS, conhecido pela defesa inequívoca do direito à vida, tenha como responsável pela área da Saúde alguém que defende abertamente a descriminalização do aborto?

conhecido pela defesa inequívoca do direito à vida, tenha como responsável pela área da Saúde alguém que defende abertamente a descriminalização do aborto? Que não haja confusões: sempre disse que a interrupção voluntária da gravidez é a interrupção voluntária do desenvolvimento de um ser humano. E, como tal, um acto terrível sob todos os pontos de vista. Considero que enquanto houver um único aborto voluntário que seja, nos devemos preocupar. Mas sempre me pareceu que o facto de ser considerado um crime não reduzia o número de abortos, mas apenas promovia o aborto clandestino. Por outro lado, e de um ponto de vista mais jurídico, por que razão manter a criminalização de um acto se a censura da sociedade (no geral) não corresponde à de um ”acto criminoso”? A via para acabar com o aborto voluntário é a educação, a prevenção e o apoio incondicional para as mulheres que prossigam com uma gravidez apesar de inesperada e indesejada. Acha que faz falta uma visão mais aberta e “desempoeirada” em certas temáticas dentro do partido? Com franqueza, não sinto essa falta. O

Acha que faz falta uma visão mais aberta e “desempoeirada” em certas temáticas dentro do partido? Com franqueza, não sinto essa falta. O CDS é um partido de direita, com correntes mais conservadoras, outras mais democratas cristãs e outras mais liberais, se quiser. Todas elas coabitam naturalmente e o CDS vai fazendo o seu aggiornamento também com toda a naturalidade. As preocupações dos portugueses estão, hoje em dia e legitimamente, em questões muito mais prosaicas como o desemprego, como evitar a contínua fuga de jovens qualificados para o estrangeiro, o acesso à saúde, uma educação de qualidade, a recuperação da economia, a sustentabilidade de um modelo de protecção social que está em risco, etc Falando do CDS, que vai passar por eleições directas e mais um congresso muito em breve, que balanço faz dos últimos dois anos da vida do partido? Estes dois anos foram particularmente bem sucedidos para o CDS: desde logo, o melhor resultado eleitoral em 25 anos com uma bancada parlamentar de 21 Deputados; uma pacificação interna sem sobressaltos; a consolidação do CDS como um partido credível, responsável e prestigiado; e o CDS estar na vanguarda da denuncia de problemas e na apresentação de soluções consistentes. Neste momento, desencadeamos a Petição “Código Contributo, Nem Obrigado!”, com a qual pretendemos continuar a resistir è entrada em vigor de um verdadeiro confisco contributivo, sobretudo para os jovens que trabalham a recibos verdes ou empresários em nome individual. Só para ter uma ideia, a taxa contributiva de um jovem que tenha começado agora a trabalhar e que emita recibos verdes, passa de 24,6% para 29,6%, um aumento de mais 20%. Um jovem que ganhe cerca de 1.000€ e que pagava { Segurança Social 154,69€, vai passar a pagar 237,28€ no primeiro ano e 296,60€ no terceiro ano.


aumento de mais 20%. Um jovem que ganhe cerca de 1.000€ e que pagava { Segurança Social 154,69€, vai passar a pagar 237,28€ no primeiro ano e 296,60€ no terceiro ano. Em suma, penso que o CDS nunca foi tão sólido, tão pacificado e tão incontornável na política portuguesa. E como perspectiva o futuro? Perante a crescente perspectiva de eleições antecipadas, o CDS deve manter-se como oposição construtiva ou tomar parte do corpo governativo que dirigirá o país nesse novo ciclo político? O CDS sempre fez o seu caminho e julgo que deverá continuar a fazê-lo, sem se deixar distrair por tacticismos. O CDS nasceu e cresceu debaixo de fogo; temos uma matriz própria, e não dependemos de ninguém: Somos, felizmente, mais ideológicos, mais livres e menos acomodados do que o Bloco Central. E somos, certamente, mais imunes aos interesses instalados do que o PSD. O único interesse que representamos e que defendemos é o interesse do País, o que nos coloca numa posição privilegiada para apresentar e defender as medidas de que Portugal precisa. Mas temos experiência de Governo e demonstramos ser parceiros credíveis e fiáveis, pelo que se for do interesse do País participarmos na governação, estaremos preparados. Mas não deve ser a nossa prioridade. A nossa prioridade e a nossa única obrigação é a do melhor interesse de Portugal. A sua relação com Paulo Portas parece ser de uma confiança e uma cumplicidade plenas. Esses sentimentos foram alguma vez abalados por posições discordantes que possam ter tido em matérias? Paulo Portas é, sem sombra de dúvidas, a pessoa com mais capacidade de liderança que conheço. Tem a capacidade de ouvir, quando é o

certas matérias? Paulo Portas é, sem sombra de dúvidas, a pessoa com mais capacidade de liderança que conheço. Tem a capacidade de ouvir, quando é o momento de ouvir; e decide, quando é o momento de decidir. O CDS tem a enorme sorte de ter um presidente como Paulo Portas: mesmo não concordando, ele tem a grandeza de nunca rejeitar ou prejudicar pessoas por terem opiniões divergentes das suas, desde que haja lealdade. É uma das figuras que há mais tempo faz parte do grupo parlamentar do

por terem opiniões divergentes das suas, desde que haja lealdade. É uma das figuras que há mais tempo faz parte do grupo parlamentar do CDS. Como classifica o trabalho que a bancada tem feito na oposição aos governos socialistas e na construção de soluções para Portugal? Os dados são inequívocos: a bancada do CDS é, constantemente, a mais produtiva, a mais acutilante e a mais oportuna nas questões que levanta. A defesa do contribuinte, as políticas sociais, o apoio à natalidade, as alterações ao estatuto do aluno, a


produtiva, a mais acutilante e a mais oportuna nas questões que levanta. A defesa do contribuinte, as políticas sociais, o apoio à natalidade, as alterações ao estatuto do aluno, a protecção dos doentes e a denúncia da falta de fiscalização do sistema financeiro, entre outras, são marcas inconfundíveis do CDS. É um grande orgulho pertencer a este Grupo Parlamentar. Como parte desse grupo parlamentar encontramos Michael Seufert, Presidente da Juventude Popular.

Grupo Parlamentar. Como parte desse grupo parlamentar encontramos Michael Seufert, Presidente da Juventude Popular. Que avaliação faz da sua competência e do seu trabalho dentro e fora do Parlamento? O Michael é um dos Deputados mais jovens do Parlamento, mas certamente o mais activo, experiente e competente da sua geração de Deputados. Tem a garra que um jovem deve ter, mas tem a lucidez que falta a tantos outros!

o mais activo, experiente e competente da sua geração de Deputados. Tem a garra que um jovem deve ter, mas tem a lucidez que falta a tantos outros! Depois de, na última legislatura, ter sido a única mulher no grupo parlamentar do CDS, conta agora com a companhia de mais três deputadas, num total de 21 elementos (20%). No total dos 230 deputados as mulheres representam apenas 27%. Parece-lhe que as mulheres ainda são menosprezadas


deputadas, num total de 21 elementos (20%). No total dos 230 deputados as mulheres representam apenas 27%. Parece-lhe que as mulheres ainda são menosprezadas no meio político? Em que aspecto uma mulher pode fazer a diferença mais facilmente do que um homem? Tendo a afastar cada vez mais as ideias pré-concebidas sobre as mulheres. Dizse tradicionalmente que as mulheres são mais vocacionadas para questões sociais e os homens para questões financeiras ou técnicas. Isso é um disparate: conheço homens com muita sensibilidade social e mulheres com enorme aptidão para matérias tradicionalmente “masculinas”. Na nossa bancada, é uma mulher, a Assunção Cristas, que lida com as questões orçamentais e financeiras. E fá-lo muito bem! Mas se tivesse que destacar uma característica genérica das mulheres, diria que são mais perfeccionistas, mais empenhadas e com maior propensão a encontrarem consensos. E não me parece nada que as mulheres sejam menosprezadas no meio político. O que acontece é que as mulheres acumulam mais responsabilidades familiares, o que significa que têm de gerir melhor o seu tempo! Não é evidente que uma mulher tenha sempre disponibilidade para estar em reuniões intermináveis que acabam de madrugada… Apesar de ser Vice-Presidente do CDS e Vice-Presidente da Assembleia da República, não falta quem lhe aponte uma discrição exagerada. O que falta para que a Teresa Caeiro tenha mais protagonismo sob as luzes da ribalta da política portuguesa? Ficaria preocupada se dissessem que tenho falta de competência ou de empenho no meu trabalho. Mas falta de protagonismo não me incomoda nada! Confesso que gosto mais de estar a fazer o meu trabalho sossegada, fora das luzes da ribalta.

de protagonismo não me incomoda nada! Confesso que gosto mais de estar a fazer o meu trabalho sossegada, fora das luzes da ribalta. Cavaco Silva merece-lhe um apoio convicto ou apenas o apoio que se dá a alguém que representa um mal menor? Cavaco Silva é, sem dúvida, o melhor candidato à Presidência da República nestas eleições. Eu diria mesmo que é o único candidato credível, pois os outros 5 são meros candidatos “contra” Cavaco Silva. Tendo em conta os factos que apontam a eminência do colapso, torna-se evidente que a situação política e social do país é cada vez mais sensível. Genericamente, que causas se lhe podem diagnosticar e que soluções e atitudes tomar? Essa pergunta é tão inteligente quanto complexa! A causa imediata da crise é económica e financeira, pois Portugal gastou muito mais do que aquilo que produziu. Mas a origem da crise e da descrença generalizada são muito mais profundas e remotas. Em síntese, diria que Portugal está a pagar por anos de faltas. Falta de liderança, falta de visão estratégica, falta de uma cultura de excelência, falta de exigência na Educação, falta de qualificação profissional, falta de igualdade de oportunidades, falta de produtividade

estratégica, falta de uma cultura de excelência, falta de exigência na Educação, falta de qualificação profissional, falta de igualdade de oportunidades, falta de produtividade e falta de responsabilização. As soluções a adoptar, passam, antes do mais por uma mudança de atitudes em todas as áreas. Desde logo, e em termos imediatos, é urgente estancar a dívida colossal que estamos a deixar em herança para as gerações vindouras. É necessário conter a despesa cortando no desperdício (por exemplo em mais de 13.000 empresas públicas, institutos públicos, empresas municipais e fundações que esbanjam recursos públicos sem terem razão de existir; ou sendo absolutamente rigorosos na atribuição do Rendimento Mínimo Garantido) para não ter de penalizar os cidadãos. Ora, o Governo Sócrates fez exactamente o contrário: aumentou impostos, contribuições e taxas indiscriminadamente; restringiu apoios sociais (como o abono de família) mesmo aos mais desfavorecidos; e dificulta a criação de emprego. Mas continua a esbanjar dinheiro, a distribuir Rendimento Mínimo a quem não quer trabalhar e a deixar os jovens (mesmo os mais qualificados) saírem de Portugal em busca de oportunidades que aqui não encontram. A longo prazo, é mesmo necessário mudar as atitudes de todo o País. E não me ocorre melhor receita


qualificados) saírem de Portugal em busca de oportunidades que aqui não encontram. A longo prazo, é mesmo necessário mudar as atitudes de todo o País. E não me ocorre melhor receita do que aquela deixada pelo Professor Ernâni Lopes: estudar, estudar, estudar; trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. E fica a sua cábula: em vez de facilitismo, exigência; em vez de vulgaridade, excelência; em vez de moleza, dureza; em vez de golpada, seriedade; em vez de videirismo, honra; em vez de ignorância, conhecimento; em vez de malandrice, trabalho; em vez de aldrabice, honestidade.

debandada geral. Ao degradar a qualidade do SNS, forçou muitos portugueses a socorrerem-se de seguros de saúde. Ao não reduzir as listas de espera para consultas e cirurgia, criou uma injustiça tremenda entre os que podem pagar serviços fora do SNS e os que não podem. Mais: recusa-se a aprovar as iniciativas do CDS que permitiram cortar no desperdício sem prejudicar os doentes, como a prescrição obrigatória dos remédios pelo princípio activo ou a contratualização para reduzir listas de espera. O Governo PS prefere ser forte com os fracos e fraco com os fortes!

Recentemente fez notar que a irresponsabilidade socialista nas contas públicas também tem repercussões na Saúde, ao considerar que o Governo fez “batota orçamental” no sector. A extinção do Alto Comissariado da Saúde, fê-la criticar o Governo por ter criado um organismo que não devia ter existido. Parece-lhe que os governos PS têm tratado a Saúde com a dignidade e o sentido de responsabilidade que ela merece? A Saúde é, compreensivelmente, uma das principais preocupações da população. E garantir o acesso de todos os cidadãos a cuidados de saúde, independentemente da sua condição sócio-económica, deve ser uma preocupação central na actuação dos políticos. É chocante que o PS, que passa a vida a “encher a boca” com o Estado Social, tenha sido o Governo que mais prejudicou o acesso dos portugueses à Saúde. Ao não fazer as reformas necessárias nesta área, penhorou o futuro do Serviço Nacional de Saúde. Ao não criar condições para os profissionais, levou a uma debandada geral. Ao degradar a qualidade do SNS, forçou muitos portugueses a socorrerem-se de seguros de saúde. Ao não reduzir as

As lutas pela criação de uma Rede Nacional de Cuidados Paliativos e pela manutenção das parcerias com as Misericórdias, bem como a aprovação de medidas como a prescrição de medicamentos por princípio activo e a dispensa de

fármacos em “unidose” ou o reconhecimento do Alzheimer como prioridade nacional, são marcas reconhecidas do CDS na área Saúde.O que mais tem feito nesta área que, apesar de pouco visível, é manifestamente uma das suas grandes paixões? O CDS conseguiu, pela persistência, algumas vitórias para a saúde dos portugueses. Para além das que referiu, lembro-me que foi graças ao CDS que a vacina contra o cancro do colo do útero entrou no Plano Nacional de Vacinação, que a comparticipação de medicamentos em áreas sensíveis se tornou realidade ou que uma nova abordagem para o cancro foi discutida. Gostaria de deixar alguma mensagem aos leitores d’O Jovem e aos militantes da Juventude Popular? O que quer que façam, tentem ser os melhores! E mais: é possível o sucesso sem prejudicar ninguém.


Um país: Portugal. Uma cidade: Sou incapaz de indicar só uma. Lisboa, Nova York, Rio de Janeiro, Londres... Uma viagem: uma que ainda não fiz: uma volta ao Mundo. Falta-me conhecer tantas coisas! Um livro: Memórias Marguerite Yourcenar.

de

Adriano,

de

Um filme: toda a obra de Woody Allen… não consigo escolher só um. Uma música: Concerto para Piano, n.º 2, de Rachmaninov. Um político: Benjamin Franklin, Winston Churchill, Konrad Adenauer… e Paulo Portas, claro! Uma bebida: Coca-Cola Zero e champanhe. Uma qualidade: não sei bem explicar, mas, resumidamente, estou constantemente a auto-analisar-me a ver se agi bem. Digo que é qualidade porque cheguei à conclusão que temos sempre opção entre tomar a atitude correcta ou incorrecta do ponto de vista ético e humano. E que temos obrigação de nos escrutinarmos. Um defeito: são vários, mas o que mais prejudica os outros é a minha impaciência.



O interesse real da patente pode ser visto de vários prismas. Em termos políticos, o sistema de patente europeia vai ao encontro do relatório Monti à Comissão Europeia em que se pede maior aprofundamento do mercado único. Vamos mais longe ao afirmar que, num mercado que quer ser único, o sistema de patenteação tem de ser obrigatoriamente único. A conclusão que o relatório Monti faz é fácil de se chegar. Este é um dos muitos problemas que Mário Monti aponta ao mercado único europeu. Os próprios Estados membros, ao fim de quase uma década de negociações tem essa noção, estando presos por questões de tradução e não de arquitectura económica. Em termos políticos também é interessante para a Comissão Europeia ter este trunfo porque vai trazer mais competências para Bruxelas. Estas competências podem fazer com que, o Instituto Europeu das Patentes sob alçada da UE melhorem a governação deste órgão e beneficie o próprio, como a própria UE. Ou seja, a possibilidade de ter esta instituição na União Europeia faz com que a coordenação de políticas seja efectivamente uma realidade. Se o objectivo de um sistema de patente europeu é estimular a inovação, este objectivo liga directamente com muitas das directivas da Comissão Europeia no Europa 2020 no campo da competição, industria, emprego, ciência e tecnologia. Do ponto de vista de gestão de jurídica, a patente europeia permite as empresas e indivíduos não ter de lidar com sistemas jurídicos diferentes. Com o sistema que hoje vigora, é possível que uma empresa que pretenda patentear um produto em Portugal e Espanha, ganha a patenteação num e seja rejeitada no outro. Repara-se que a argumentação jurídica é a mesma mas é possível, devido ao facto de serem sistema jurídicos diferentes, acontecer um cenário como o que apresentamos. Assim, de um ponto de vista de facilitação à vida das empresas e ao seu desenvolvimento, é natural que interesse que no campo da patenteação o sistema jurídico na UE seja comum, com um Tribunal Europeu de Patenteação que terá o Tribunal de Justiça da União Europeia como instância superior natural. Do ponto de vista da economia interna, esta proposta tem o valor de facilitar a vida as empresas europeias. Os preços das taxas de patenteação baixam ao submeter uma proposta que cobrirá 27 mercados nacionais; uma melhoria da qualidade de serviço não tendo de trabalhar com diferentes entidades para patentear um produto; havendo um único tribunal europeu que

que cobrirá 27 mercados nacionais; uma melhoria da qualidade de serviço não tendo de trabalhar com diferentes entidades para patentear um produto; havendo um único tribunal europeu que tratará deste em nome de todos os 27 Estados membros, os custos em processos jurídicos baixa consideravelmente. Para que o mercado interno funcione da melhor maneira, é então necessário que seja criado este sistema. Uma única politica de taxação de patenteação é também um objectivo que vem de arrasto ao sistema de patente europeia. De um ponto de vista da economia externa, a patente europeia ajudará a UE. A competição internacional da União Europeia, os Estados Unidos da América e o Japão tem taxas de patenteação muito mais baixas que as taxas médias da União Europeia. Segundo dados oficiais, citados pelo Secretário-geral da Eurochambres, Arnaldo Abruzzini, é impensável que uma empresa europeia tenha de gasta cerca de 70000€ para patentear um produto em toda a Europa, quando esse valor nos EUA é de cerca de 20000€ e ainda menor no Japão. Uma empresa que tem pela frente este tipo de diferença de quase quatro vezes maior que a sua competição, não quer se instalar na União Europeia, e com razão. Mais grave é que, os grandes “clientes” dos institutos de patenteação são pequenas e médias empresas, que, com estes custos tem dificuldades em competir com as empresas das economias rivais e as emergentes. Assim, perante o mercado extra União Europeia, a Europa precisa de combater a fragmentação económica e aprofundar o mercado único. A continua necessidade de patentear várias vezes o mesmo produtos, em mercados nacionais e não único, em sistemas jurídicos diferentes, com instituições diferentes, faz com que o mercado não possa ser considerado único na perspectiva de garantir num mercado de 500 milhões de potenciais consumidores aquilo que os EUA garantem no seu mercado de 300 milhões, e que o Japão garante no seu mercado de 127 milhões. Por outro lado, a Europa está a perder para os EUA em termos de aumento percentual de submissões de patentes de ano para ano. Além disso a Europa tem acordos com os EUA no campo das patenteações que podem, neste actual estado de fragmentação do sistema, não ser benéficas para o mercado europeu.


O ano de 2011 começa com grande agitação política, em concreto, refiro-me às eleições presidenciais. Várias candidaturas foram apresentadas, contudo só considero existir dois candidatos: Cavaco Silva e Manuel Alegre. Não são, de todo, ideais, mas são aqueles que se apresentam como verdadeiros candidatos. Para mim, Fernando Nobre deve deixar-se de política e continuar a sua acção no sector social, uma vez que fundou a AMI em Portugal e sempre teve um contributo bastante acentuado em missões de estudo, coordenação e assistência médica humanitária associada a conflitos humanos. O candidato apoiado pelo PCP, Francisco Lopes, continua a seguir uma ideologia marxista em que já está mais que provado, pelos exemplos ao longo da História, que é uma ideologia que falha. Portugal precisa de alguém que dê uma reviravolta positiva ao país, não precisa de alguém que ponha ainda mais em declínio o futuro dos portugueses. José Manuel Coelho é um indivíduo polémico e instável, com actos deveras imaturos e extremos. Não nos esqueçamos das diversas vezes que ele se apresentou na Assembleia Regional com um relógio de parede ao pescoço como forma de protesto às alterações ao Regimento e ainda a apresentação da bandeira nazi ao líder parlamentar Jaime Ramos. Quanto a Defensor Moura é mais um candidato de esquerda, visivelmente ligado ao PS, apesar de não ter o seu apoio. Posto isto, a luta será entre Cavaco Silva e Manuel Alegre. Cavaco Silva, no meu entendimento, foi um Presidente da República que cumpriu com as suas obrigações, embora sendo muito passivo na sua actuação. Um pouco de firmeza não lhe fazia mal, mas de todas as hipóteses que temos será ele a

melhor escolha. Manuel Alegre, por sua vez, tem feito uma campanha que se baseia no ataque pessoal a Cavaco Silva, em vez de se preocupar em fazer política. Veja-se o caso da escritura da casa de férias de Cavaco. Foi feito um ataque sem lógica com o intuito de o desacreditar perante os eleitores, mas esqueceram-se que Manuel Alegre nem sempre declarou o seu património nas declarações de rendimento, ou seja, temos um candidato desonesto. Isto é um reflexo daquilo que Portugal terá caso ele ganhe. Não é surpreendente este tipo de atitude, uma vez que os partidos de esquerda só sabem criticar, mas nunca apresentam uma solução para o problema. Veja-se José Sócrates que ainda há dias afirmou que "A História julgará quem semeou a dúvida num momento crítico para o país”. Pergunto-me: referir-se-ia a Cavaco Silva ou falaria de si próprio? O momento crítico do país que ele enuncia foi criado por ele e apoiado pelo mesmo partido que apoia Manuel Alegre. É esse mesmo partido que apoia a venda dos títulos de dívida nacional no mercado internacional. Será essa a solução mais adequada? Talvez sim, talvez não. Portugal precisa de dinheiro, seja de que forma for. Porém, a sensação que tenho é que esse dinheiro não será para cobrir a dívida que temos, mas sim para se investir, novamente, em grandes obras públicas que não são essenciais. Diz Alegre que a Direita mutilou a democracia, que a Direita quer acabar com o Estado Social. Caso ele não perceba, o Estado Social já foi destruído há muito tempo e foi pelo seu partido. Os objectivos do Estado Social de Direito há muito que foram destruídos e foram-no pelos ideais esquerdistas. O que a Direita pretende com a reforma do Estado Social é repor a ordem, repor o seu fim, repor a justiça.




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