38 | Fevereiro 2011

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Ronald Reagan foi uma das mais decisivas figuras do século passado. Devolveu prosperidade e tranquilidade aos americanos e venceu a luta contra o comunismo e o seu terror. No mês em que se completam 100 anos sobre o seu nascimento, O Jovem passa os seus oito anos na Casa Branca em revista, numa justa e merecida homenagem.

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A Juventude Popular da Maia organizou as tertúlias “O Estado da Educação” e “Os Jovens e o Mercado de Trabalho”. Como oradores, estiveram presentes Michael Seufert, Cláudio Carvalho e Pedro Mora Soares.

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Raro é o dia em que não se ouve falar de obrigações do tesouro e respectivos juros ou de colocação de dívida pública. Carlos Martins explica tudo o que precisas saber sobre aquilo de que já nem podes ouvir falar.

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O governo socialista decidiu cortar o financiamento das escolas com contratos de associação, deixando muitos pais, alunos e professores indignados. Procuramos saber o que pensa o Movimento “S.O.S. Educação”.


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Durante as últimas semanas não se falou de outra coisa que não de uma música arrancada a ferros das piores entranhas do bom gosto a que a inspiração deve obedecer e, de repente, porque é assim que os espíritos se inquietam em Portugal, todos acordaram para a triste situação em que vivem os jovens portugueses. A classe política agitou-se com este pedaço de mau gosto musical como não se agita com as filas de desempregados à porta dos centros de emprego ou com as estatísticas que crescem a par da frustração dos que dela fazem parte. A letra da canção dos Deolinda mereceu uma ampla interpretação ao gosto da conveniência de cada um. Até o primeiro-ministro se sentiu na obrigação de (re)apresentar umas medidas avulsas de apoio ao “emprego jovem” como se fossem novas. Mas nada que incomode aqueles que sofrem na pele as agruras supostamente retratadas pela canção. A geração da “casinha dos pais” acordou para a vida quando alguém lhes voltou a propor a atitude alarve de pedintes, essa atitude tão fácil que cabe dentro de uma música mal parida. Para a semana, a canção já terá passado de moda e, embora os seus problemas continuem iguais, os jovens motivados a abrir a boca por esta espécie de protesto, vão voltar ao bocejo como única forma de a abrir com gosto, ignorando aqueles que lhes dão cabo da vida todos os dias, e os argumentos decentes que poderiam arranjar para os por na ordem. Depois da “geração rasca”, os Deolinda preparam-se para introduzir a “geração parva” – a parca categoria dos senhores não deu para expressão melhor. Concedo que uma geração que eleva tão

preparam-se para introduzir a “geração parva”. Concedo que uma geração que eleva tão reles e medíocre exemplo musical a hino geracional e motivação de uma atitude que, tal como o tipo de trabalho de que muitos se queixam, é tão temporária e precária, é parva o suficiente para merecer o título.

Mas a falta de oportunidades é só um dos menores defeitos da “geração parva”. Apesar de tudo, e se munidos do melhor da esperança e da boa vontade, podemos sempre acreditar que essa situação é circunstancial e que as coisas, um dia destes, até mudam para melhor. Aquilo que dificilmente muda é a parvoíce natural de alguns dos que se destacam como fiéis representantes da parvoíce da geração a que pertencem e, que no fundo, quando em comunhão, todos somados, lhe dão a terrível forma – e muito pouco conteúdo, claro está. Há pedaços de gente tão profundamente parvos, que não vislumbram mais do que a atitude rasteira e a cobardia desonesta para, tentando atravessar o caminho mais fácil, chegar onde o natural bom senso nunca deixará. No entanto, mais penoso é ver aqueles que, seguindo quem é parvo, de forma cega, conseguem ser parvos a dobrar. Deitamse no chão que outros querem lamacento, conspurcando a sua dignidade e ridicularizando a própria inteligência, para que outros o pisem e passem impolutos. Parvo mais parvo não há. Mark Twain disse que “devemos ser gratos aos idiotas pois, sem eles, o resto de nós não seria bem sucedido”. Valhanos isso.


Nuno Silva, Vice-Presidente da JP Maia, dirigiu os trabalhos do último Conselho Distrital

Durante todo o presente mês de Fevereiro, decorreram eleições para os delegados ao XXIV Congresso Nacional do CDS-PP a realizar em Viseu nos dias 19 e 20 de Março. Por inerências ou eleição, a Juventude Popular da Maia orgulha-se de ter oito militantes seus na reunião magna do partido que servirá, entre outros assuntos, para apresentar o novo projecto dos democratas-cristãos para o futuro. Manuel Oliveira, Nuno Silva e Tiago Loureiro farão parte da comitiva da Juventude Popular que aprovou no seu último Conselho Nacional em Coimbra um regulamento que permite aos militantes que façam parte dos órgãos nacionais da JP terem inerência directa como congressistas. Na concelhia maiata do CDS-PP, com

a realização das eleições directas de 12 de Fevereiro, que reelegeu Paulo Portas como Presidente do Partido para mais dois anos, na única lista a votos para delegados ao congresso figuravam três militantes do CDS/PP que também são militantes da Juventude Popular da Maia e membros dos respectivos orgãos: Vânia Peres, José Tiago Oliveira e Júlio Marques. Já na noite do último dia 15 de Fevereiro, reuniu o Conselho Distrital do Porto da Juventude Popular, cujos trabalhos foram conduzidos pelo VicePresidente da Juventude Popular da Maia e Vice-Presidente da Mesa do Plenário Distrital, Nuno Silva. O distrito do Porto teve direito a eleger quatro congressistas, de entre os quais se destacam maisdois militantes da Juventude Popular da Maia: Rita

Magalhães e Silva, a mais votada, e Carlos Pinto. Com oito militantes da Juventude Popular da Maia no próximo Congresso Nacional do CDS-PP, não só a estrutura dá um sinal claro de compromisso com o partido mas também com o debate que se propõe apresentar ideias de futuro que afectarão os jovens de hoje. Há mais de uma década que a concelhia da Maia da Juventude Popular não tinha um valor tão alto de representatividade na reunião magna do CDS-PP. O XXIV Congresso do CDS-PP está marcado para os próximos dias 19 e 20 de Março e reunirá em Viseu para discussão e aprovação dos Documentos de Orientação Política referentes aos próximos dois anos da vida do partido.


Continuando a senda de tertúlias destinadas a incrementar o nível político dos nossos jovens bem como proporcionar uma reflexão activa sobre temas da actualidade, a Juventude Popular da Maia organizou no dia 11 de Fevereiro uma tertúlia subordinada ao tema “O estado da educação”. Como oradores, estiveram presentes o Deputado do CDS/PP eleito pelo círculo do Porto e Presidente da Juventude Popular, Michael Seufert e ainda Cláudio Carvalho, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (AEFCUP). Foi feita uma reflexão sobre o porquê da Educação em Portugal, no sentido lato, estar em constante reforma, com Cláudio Carvalho a abordar a falta de políticas de continuidade, nomeadamente no domínio da rede de ensino superior. Por sua vez, o Presidente da JP, Michael Seufert lembrou que não é necessariamente negativo materializarem-se constantes reformas na Educação, para não se eternizarem eventuais erros implementados. Relativamente às bolsas de estudo, assunto que a JP não se tem cansado

reformas na Educação, para não se eternizarem eventuais erros implementados. Relativamente às bolsas de estudo, assunto que a JP não se tem cansado de levar a debate público, o Deputado Michael Seufert referiu-se aos tempos de espera demasiadamente extensos para aprovação das bolsas de estudo. De facto, segundo este, há quem chegue ao fim do primeiro semestre do ano lectivo e ainda não tenha recebido parecer sobre a sua candidatura. Esta situação leva a que muitos estudantes estejam a suportar do seu próprio bolso encargos, muitas vezes incomportáveis para os mesmos. Já o Presidente da AEFCUP, focou-se na nova fórmula de cálculo das bolsas de estudo. De facto, a nova fórmula assenta na linearização do cálculo da bolsa de estudo em função do rendimento do agregado familiar, em detrimento do cálculo por escalões. Associado a isto, o novo método contempla uma redução na atribuição de bolsas de estudo pela diminuição do rendimento máximo elegível do agregado familiar. Assim segundo o mesmo, ficam penalizadas as classes médias-baixas.

de bolsas de estudo pela diminuição do rendimento máximo elegível do agregado familiar. Assim segundo o mesmo, ficam penalizadas as classes médias-baixas. Foi ainda realizada uma reflexão sobre a qualidade do ensino superior, relacionando-a com a quantidade de instituições. De acordo com os dados apresentados pelo Presidente da AEFCUP, Portugal tem uma quantidade elevada de instituições de ensino superiores, acima da média europeia, o que poderá levar a uma relação inversa com a qualidade do ensino superior. Cláudio Carvalho sublinhou ainda que falta coragem política no controlo da rede de ensino superior. Com este tipo de iniciativas, a JP Maia contribui activamente, como organização política de juventude, no fomento do dever cívico que deve ser incutido aos nossos jovens, dando-lhes espaço para uma reflexão concreta sobre determinado tema.


Por terras de

Lidador

A fechar o mês de Fevereiro, mais uma tertúlia na sede, mais um deputado do CDS-PP. Para falar do tema "Os Jovens e o Mercado de Trabalho", a Juventude Popular da Maia convidou o líder parlamentar do partido e histórico da JC/JP - da qual foi presidente entre 1996 e 1999 - Pedro Mota Soares. O presidente e deputado da JP, Michael Seufert, e o presidente do CDS-PP da Maia, José Eduardo Azevedo, foram apenas dois dos militantes e amigos da JP e do CDS-PP que encheram a sala, e que possibilitaram uma conversa agradável que se prolongou pela noite fora. "Faço parte de uma geração que pode deixar um país pior do que aquele que os nossos pais nos deixaram", começou por dizer Pedro Mota Soares. O líder parlamentar do CDS-PP lamentou que as oportunidades que

foram dadas às gerações anteriores comprometam as oportunidades dos jovens de hoje, que vivem a penosa caminhada do desemprego qualificado e do trabalho mal remunerado e instável. Comentando as medidas do governo socialista, que impõem mais dificuldades a quem contrata a termo, Pedro Mota Soares confrontou, apresentando dados estatísticos, a redução do período dos contratos a termo com o aumento dos recibos verdes, mostrando que estão directamente ligados. Seguindo a linha das propostas conhecidas do partido, apresentou como soluções a redução de impost0s a quem emprega e a quem exporta, no sentido de promover políticas de emprego e o equilíbrio da nossa balança comercial.

A Maia é, em numerosos aspectos, um concelho igual a tantos outros. Por muito que doa a bastantes pessoas, a Maia não é seguramente metade das suas potencialidades ou apenas daquilo que mediaticamente se fala, escreve ou se ouve. Desenvolveu-se como um concelho urbanstica e economicamente desorganizado, em largos períodos da sua história com iguais vícios de um Estado super dispendioso e arrogante, dando a mão a uns e tirando a outros. É um facto que nesta terra também vigora o santo casamento “Autarquia-FreguesiasColectividades”, é um facto que tudo é solidificado nos bastidores um ano antes da ronda eleitoral, é um facto que ninguém pode com ninguém, é um facto que todos dão numa ou noutra altura jeito, é um facto que os que não dão mesmo jeito têm que ser aturados por uma ou outra razão, é um facto que esses todos são, neste momento, muitos. E isto é um grande problema. Não interessa perceber o porquê desta calamidade, talvez porque todos têm a mínima noção, e não interessa julgar este ou aquele porque todos chegam agora ao ponto de avaliar a sua própria importância. Eu só tenho profunda pena que isto aconteça por o pão começar a escassear. E quando já nem o circo entretém, não tenham ilusões. A factura, a verdadeira, será tão pesada como em tantos outros locais que promoveram a política em detrimento do bem comum. No essencial, no que deveria ser diferente, a Maia é igual. Igual na mediocridade.


que esse é um discurso para levar a

comprar petróleo à Noruega, e a culpa

sério. Numa família que detém e

de os recurso naturais estarem nas

controla tudo o que é vital na

mãos de ditadores não é do governo

economia líbia há cerca de quarenta

português. Portugal faz bem em não

Tunísia resolvido, Egipto a acalmar. A

anos é complicado deixar o poder nas

reavaliar ainda as relações com a

próxima peça no tabuleiro de xadrez

mãos de selvagens na rua que gritam

Líbia, é importante que não o faça em

muçulmano é a Líbia. Com a diferença

por Liberdade (que nem sempre bate

nome de um qualquer sentimento

que, na Líbia, o número de mortos

certo com a conceito ocidental) e

liberal e fraco de solidariedade.

passará largamente o total de mortos

querem controlar o seu próprio país. É

Fazemos bem em comprar gás à Líbia

nos outros países do Magreb e Médio

saudável, mesmo que inoportuno para

e petróleo a Venezuela e à Nigéria. E

Oriente juntos, incluindo os recentes

alguns, o desenrolar, no mundo árabe,

se der para pagar em Magalhães,

casos no Egipto. Ben Ali e Mubarak

de alterações no “status quo”.

tanto melhor!

eram, à falta de melhor expressão, uns

A situação complica-se para Portugal

A par da Líbia, os casos mais

“meninos”

que tem, em larga medida, capitais na

preocupantes

Muammar Kadhafi, cujo governo é

Líbia,

com

quem

tem

reduzida, serão o Bahrein e o Iémen.

incrivelmente mais feroz e tirano do

diplomáticas

algo

profundas.

À

O primeiro tem realmente hipóteses

que os dos vizinhos agora depostos. O

direita, os ataques ao governo por ter

de se tornar mais um caso de muita

segundo filho do líder líbio dizia na

na Líbia um parceiro estratégico

cautela internacional no que toca a

televisão do país que a luta vai ser até

continuam, mas não deviam. Nem

uma onda de protestos. É, de novo,

à última bala, e não tenho dúvidas de

toda a gente se dá ao luxo de poder

um local onde muitos investimentos

que esse é um discurso para levar a

comprar petróleo à Noruega, e a culpa

ocidentais estão sediados e onde a

sério. Numa família que detém e

de os recurso naturais estarem nas

prudência e o realismo político devem

controla tudo o que é vital na

mãos de ditadores não é do governo

falar mais alto do que o liberalismo

economia líbia há cerca de quarenta

português. Portugal faz bem em não

incontornável

comparados

com

relações

numa

dos

escala

corações

mais

do


Os protestos contra Kadhafi intensificam-se; a Bélgica bateu o record: está sem governo há mais de 249 dias

ocidentais estão sediados e onde a

Inglaterra é um “melting pot” de

prudência e o realismo político

francófonos

devem falar mais alto do que o liberalismo

incontornável

dos

corações do ocidente. Já do Iémen, no qual há uns meses falei por se tornar, rapidamente e a par da Somália, um paraíso terrorista, é menos preocupante para o Ocidente, e onde o nosso “double standard” e cinismo

clássico

nas

relações

diplomáticas pode ser usado para apoiar movimentos, um pouco como na Tunísia.

A Bélgica bateu o record do Iraque e já vai em mais de 249 dias sem governo. O impasse político não é novo – vem desde 2007 – mas desde Junho de 2010 que o país tem um governo de gestão, pois as partes não conseguem formar uma coligação sólida para garantir uma maioria no Parlamento. A questão de Bruxelas, a língua, uma espécie de norte versus sul faz com que, de facto, a capital

da União

Europeia tenha

assumido a presidência do Conselho Europeu sem ter um governo no seu próprio país. É triste num estado da União Europeia. Mas é a história da Bélgica. Como dizia Nigel Farage, este “non-country” criado no início do século XIV como tampão entre a Alemanha e a Inglaterra é um “melting pot” de francófonos e germânicos que tem tudo para

tornar

um

estado

inviável.

Ultrapassando as propostas estúpidas

e

germânicos

que

tem tudo para tornar um estado inviável. Ultrapassando as propostas estúpidas de uma senadora socialista de abstinência sexual por parte das mulheres

dos

políticos

para

forçar um acordo, este parece cada dia que passa ser uma exigência de uma juventude que quer fazer o país andar para a frente numa “Revolução

das

Batatas

Fritas”,

especialidade belga, e que parece ser a exigência também dos moderados de ambos as culturas.


Tudo o que precisas saber sobre aquilo de que jรก nem podes ouvir falar


Actualmente, raro é o dia em que não se ouve falar de obrigações do tesouro e respectivos juros ou de colocação de dívida pública. E, de facto, esta atenção só acontece porque as dificuldades para Portugal pedir dinheiro emprestado são cada vez maiores, e não por ser algo raro, ou seja endividarmo-nos no exterior. Importa explicar passo por passo a mecânica tanto dos instrumentos usados para contrair créditos como da forma como chegamos a este ponto dramático. A dívida pública é constituída por todos os créditos que a República Portuguesa tem junto de quem decidiu emprestar dinheiro a Portugal. Estas responsabilidades de pagamento podem ser directamente do Estado como de empresas públicas ou mesmo de garantias que o Estado tenha dado a outras entidades. Em geral, o Estado usa títulos de dívida pública – Obrigações do Tesouro (OT’s) ou Bilhetes do Tesouro (BT’s) para se endividar. As OT’s são títulos com vencimento superior a um ano e um juro (cupão) é pago normalmente uma vez por ano. Os BT’s são títulos com vencimento inferior a um ano e os juros são apenas pagos no momento da devolução do capital. Estes títulos são chamados “obrigações” j| que constituem um crédito que obriga o emitente (o Estado neste caso) a pagar um juro pré-estabelecido e a devolver o montante do empréstimo (capital ou notional) no final da período acordado e são a forma mais usual do Estado pedir dinheiro emprestado ao mercado. Em alternativa e em montantes substancialmente inferiores, o Estado recorre também aos aforradores internos (ou seja, pessoas que procurem um investimento alternativo aos depósitos a prazo com o objectivo de poupar) vendendo outro tipo de títulos de crédito: certificados de aforro e certificados do tesouro. Embora (inexplicavelmente) mais complexos que as OT’s ou os BT’s, o principio é o

poupar) vendendo outro tipo de títulos de crédito: certificados de aforro e certificados do tesouro. Embora (inexplicavelmente) mais complexos que as OT’s ou os BT’s, o principio é o mesmo: pedir dinheiro emprestado e pagar um juro por isso. Há ainda a acrescentar a tudo isto os empréstimos privados que o Estado possa contrair directamente junto de instituições de crédito, as obrigações emitidas por empresas públicas e as obrigações emitidas por entidades privadas com garantia explícita do Estado Português. Com mais ou menos detalhe, tudo isto significa que o Estado tem uma determinada quantidade de dinheiro que tem que devolver a quem lhe emprestou. Uma das ideias pré-concebidas nos cidadãos é de que o Estado é uma espécie de “poço sem fundo de dinheiro”. Ora, nada de mais errado. O Estado é tal e qual uma empresa ou uma família: tem activos dos quais retira proveitos (geralmente os impostos) e tem dívidas que têm que obrigatoriamente ser pagas. Um dos motivos que leva a maioria das pessoas a ter esse pensamento falacioso é o facto de até há bem pouco tempo o Estado pode cunhar moeda, isto é, quando havia falta de dinheiro simplesmente imprimia-se mais. Apesar de soar uma óptima solução, na verdade esse mecanismo é uma simples ilusão, um engodo. Ao imprimir mais dinheiro o Estado simplesmente fazia a moeda em circulação valer menos, o que implicava que seria mais caro importar bens e que a mesma quantidade de moeda servia para comprar menos bens; em suma, inflação e impostos dissimulados. Com a entrada na moeda única – o Euro – o Estado Português deixou de ter essa possibilidade, o que obrigava a maior rigor nas contas públicas (já que o recurso { “batota” de impressão de moeda tinha terminado). Esse rigor era importante já que o risco em caso de haver endividamento a mais era de que simplesmente não haveria dinheiro para

simplesmente imprimia-se mais. Apesar de soar uma óptima solução, na verdade esse mecanismo é uma simples ilusão, um engodo. Ao imprimir mais dinheiro o Estado simplesmente fazia a moeda em circulação valer menos, o que implicava que seria mais caro importar bens e que a mesma quantidade de moeda servia para comprar menos bens; em suma, inflação e impostos dissimulados. Com a entrada na moeda única – o Euro – o Estado Português deixou de ter essa possibilidade, o que obrigava a maior rigor nas contas públicas (já que o recurso à “batota” de impressão de moeda tinha terminado). Esse rigor era importante já que o risco em caso de haver endividamento a mais era de que simplesmente não haveria dinheiro para pagar dívidas. E quando uma empresa ou família não tem dinheiro para pagar dívidas, o resultado normalmente é a falência ou a entrega de bens. E no caso do Estado não é diferente: Portugal actualmente deve sensivelmente 100% a 120% de toda a riqueza que produz anualmente (tendo em conta todas as responsabilidades assumidas). Neste cenário, os investidores que tinham emprestado dinheiro a Portugal começam a recear que o País possa não conseguir devolver os créditos contraídos e como consequência decidem que para emprestar mais tem que ser devidamente remunerados pelo risco, ou seja, tal como qualquer empresa ou família, quanto menos provável é a devolução de um empréstimo, maior é o juro cobrado. No anofoi passado, Teixeira dos Santos Como referido, o Estado contrai empréstimos vendendo títulos de dívida referiu que o recurso ao FMI começaria a com variados prazos de maturidade. No colocar-se se os juros da dívida momento da venda (mercado primário) pública se aproximassem dos 7%. Já o juro é definido conforme o risco ultrapassaram os 7,5% percepcionado pelo mercado, ou seja, é a procura que define que juro deve ser cobrado e o Estado decide que montante quer pedir emprestado nesse nível. Naturalmente, um emitente que esteja com enorme necessidade de


créditos contraídos e como consequência decidem que para emprestar mais tem que ser devidamente remunerados pelo risco, ou seja, tal como qualquer empresa ou família, quanto menos provável é a devolução de um empréstimo, maior é o juro cobrado. Como foi referido, o Estado contrai empréstimos vendendo títulos de dívida com variados prazos de maturidade. No momento da venda (mercado primário) o juro é definido conforme o risco percepcionado pelo mercado, ou seja, é a procura que define que juro deve ser cobrado e o Estado decide que montante quer pedir emprestado nesse nível. Naturalmente, um emitente que esteja com enorme necessidade de pedir dinheiro emprestado facilmente se interessará menos pelo juro a pagar, desde que consiga o crédito. E tal como as famílias sobreendividadas tendem a pedir novos créditos para pagar os actuais, também o Estado se vê na contingência de contrair mais empréstimos para poder pagar os antigos (já que não houve crescimento económico, poupança orçamental ou subida de impostos suficiente). E assim se entra num ciclo vicioso de sobreendividamento, já que cada vez sai mais caro pagar os juros dos empréstimos para pagar empréstimos anteriores. Depois de emitido em primário, o título de dívida pode circular livremente no mercado pelos investidores, isto é, pode ser revendido a qualquer outra entidade vezes sem conta. Naturalmente, essas transacções são feitas com um determinado preço dado ao título de dívida. Grosso modo, se há uma deterioração do risco do emitente (neste caso do Estado), o juro que teoricamente seria cobrado – se houvesse um crédito novo contraído – seria superior ao que fora estabelecido no momento da emissão inicial, pelo que o título transaccionado em mercado secundário vale menos. Na prática, numa obrigação é possível a todo o

seria superior ao que fora estabelecido no momento da emissão inicial, pelo que o título transaccionado em mercado secundário vale menos. Na prática, numa obrigação é possível a todo o momento calcular o juro implícito através do preço a que é cotada ou revendida, e assim surgem os cabeçalhos dos jornais que os juros da dívida pública subiram cada vez que os preços das obrigações descem nas trocas que são efectuadas diariamente por investidores e especuladores, mesmo sem qualquer nova emissão de dívida. Portugal tem neste momento cerca de 140 mil milhões de Euros em dívida nestes títulos (OT’s e BT’s), distribuídos por vários prazos, em média a maturidade rondará os 5 anos e também em média os juros pagar rondarão os 3,6%. Não sendo valores assustadores, é fácil perceber que substituir a actual dívida por outra em que os juros rondam os 6 a 7% é incomportável. Por outro lado, é

igualmente fácil de entender que para poder fazer face a juros de 3,6% as soluções são gastar menos, cobrar mais impostos e/ou crescer mais; tendo em conta que os impostos cobrados dificilmente poderão subir mais, que há 30 anos que não se consegue cortar despesa e que nos últimos 10 anos não conseguimos crescer, o resultado só podia ser explosivamente grave. Independentemente da eventual ajuda externa, a solução para Portugal passa inevitavelmente pela mudança de paradigma na concepção do Estado Social, pelo incentivo à produtividade, pela racionalização de gastos públicos, pela moderação salarial, pela substituição de importações, pelo aumento de exportações e pelo aumento da idade de reforma. Em suma, a solução é crescimento sustentado por finanças públicas saudáveis, em vez de usar o modelo keynesiano de crescimento suportado por gastos do Estado que se comprovou ser pura ilusão eleitoralista.

No passado dia 10 de Fevereiro, o BCE, presidido por Jean-Claude Trichet, foi ao mercado comprar títulos de dívida portuguesa para conter a galopante subida dos juros



Aventuras na educação O governo socialista decidiu, recentemente, embarcar numa aventura complicada, ao implementar cortes no financiamento das escolas com contratos de associação. Sem demora, alunos, pais, professores e pessoal nãodocente destas escolas saíram à rua, em protesto, contra aquilo que dizem ser um ataque ao serviço público de qualidade na educação em Portugal. O Jovem foi falar com o membro do Movimento S.O.S. Educação, Luis Marinho, e pediu ao presidente da Juventude Popular, Michael Seufert, o seu depoimento com base na experiência que tem na matéria.


[O Jovem] O “Movimento S.O.S. Educação” reclama que os cortes propostos pelo Governo no financiamento das escolas com contrato de associação são excessivos. Quais as consequências dessa nova insuficiência de verbas? [Luis Marinho] A melhor forma de responder a essa pergunta é dando exemplos. Veja-se o que está a acontecer na Escola Pedro Teixeira em Cantanhede, pela primeira vez na história de Portugal uma escola está em auto-gestão, com todo o corpo docente e não docente demitido, a trabalhar em regime de voluntariado na esperança que tudo se resolva e com os pais, maior parte de parcos rendimentos, a juntarem umas moedas para ajudarem aos custos de alimentação e transporte dos professores. Qualquer seme-lhança entre isto e terrorismo não é coincidência. Sejamos claros, o objectivo desta legislação é acabar com estas escolas. Um país como a Holanda (70% em contratoassociação) é o maior pesadelo da Parque Escolar e dos amigos do betão de José Sócrates.

A ministra da educação disse que o Governo não vai “financiar privilégios e lucros de algumas instituições”. Qual o sentimento de quem vive a realidade destas escolas ao ouvir tais afirmações? Pertenço à Associação de Pais do Externato de Penafirme, que é uma IPSS, os valores lá vividos e o projecto educativo que se sente nessa escola é um enorme privilégio realmente, mas a Sra. Ministra quer acabar com isso? Como IPSS é uma escola que não visa o lucro. De inicio existiu revolta face às declarações, mas depois passou a

a Sra. Ministra quer acabar com isso? Como IPSS é uma escola que não visa o lucro. De inicio existiu revolta face às declarações, mas depois passou a anedota. Isabel Alçada é uma enorme comédia, daria muito que rir, não fosse ao mesmo tempo uma tragédia.

Sabemos que este Ministério da Educação não é particularmente dado a uma comunicação fácil e franca. A que nível tem sido complicado estabelecer diálogo para a resolução deste problema? A única vez que falámos com a Ministra foi praticamente à força, pois aparecemos numa inauguração de um infantário em Dezembro do ano passado. Reinou a farsa por parte da Ministra e ficamos com a noção clara que ela não tem noção do que é a realidade destas escolas. Na verdade sabemos que Isabel Alçada é uma figurante neste governo. Um dia escrever| o livro “Uma Aventura no Ministério”

escrever| o livro “Uma Aventura no Ministério”.

Qual é o sentimento dos alunos e dos professores destas escolas neste momento tão decisivo quanto sensível? Angústia e ao mesmo tempo de grande cidadania em defesa da sua escola. O mais preocupante é que se trata de um ano de total instabilidade, existem alunos, sobretudo do 5º ano, que choram, existem casos de depressão, existem casos de alteração de comportamento, as notas estão a baixar, a concentração é mínima. O que se está a passar nas escolas é muito grave. Saberemos no futuro, mas poderemos estar perante um caso de “ano perdido” para muitos.

O vosso movimento teve uma visibilidade significativa aquando da campanha eleitoral para as últimas eleições presidenciais, na qual marcaram presença em diversas iniciativas do Presidente da República, com quem contactaram. Que preocupações lhe manifestaram e que receptividade tiveram?

«Existem alunos que choram, casos de depressão e de alteração de comportamento, as notas estão a baixar, a

Qual é o sentimento dos alunos e dos professores destas escolas neste momento tão decisivo quanto sensível?

Angústia e ao mesmo tempo de grande cidadania em defesa da sua escola. O mais preocupante é que se trata de um ano de total instabilidade, existem alunos, sobretudo do 5º ano, que choram, existem casos de depressão, existem casos de alteração de comportamento, as notas estão a baixar, a concentração é mínima. O que se está a passar nas escolas é muito grave. Saberemos no futuro, mas poderemos estar perante um caso de “ano perdido” para muitos.

As preocupações manifestadas foram as decorrentes do potencial fecho das escolas e do facto da portaria recorde (lançada em menos de 24 horas do DL) não respeitar o espírito da lei. A receptividade não podia ter sido melhor, chegou mesmo a congratularse com a nossa dinâmica e ainda incentivou que o movimento não parasse. Mais importante agora é que o PR continue a manifestar todo o seu apoio. Esperamos assim que tome posse para a semana.

concentração é mínima.»


Há ainda muita tendência para confundir serviço público com serviço prestado pelo estado. Seria benéfico promover modelos em que o estado sustenta o direito à educação na iniciativa privada, aumentando a liberdade de escolha de pais e alunos e a autonomia das escolas?

Luis Marinho presente em mais uma manifestação de uma escola com contrato de associação

campanha eleitoral para as últimas eleições presidenciais, na qual marcaram presença em diversas iniciativas do Presidente da República, com quem contactaram. Que preocupações lhe manifestaram e que receptividade tiveram?

As vossas formas de luta vão manter os métodos que têm seguido ou ponderam novas formas de se fazerem ouvir? Quais as próximas iniciativas?

As preocupações manifestadas foram as decorrentes do potencial fecho das escolas e do facto da portaria recorde (lançada em menos de 24 horas do DL) não respeitar o espírito da lei. A receptividade não podia ter sido melhor, chegou mesmo a congratularse com a nossa dinâmica e ainda incentivou que o movimento não parasse. Mais importante agora é que o PR continue a manifestar todo o seu apoio. Esperamos assim que tome posse para a semana.

reapreciado com os votos a favor do

As vossas formas de luta vão manter os métodos que têm seguido ou ponderam novas formas de se

Duas coisas foram conseguidas, por um lado o Decreto-Lei está a ser CDS, PSD e PCP e por outro, o Tribunal de Contas está a fazer o estudo do custo

da

escola

estatal.

Temos

portanto bons motivos para “respirar” um pouco no que concerne às manifestações mais intensas. Estamos neste momento em contactos políticos e a elaborar um estudo que prove que aquele encomendado pelo governo é uma anedota. Estamos quase no fim e apresentaremos

conclusões

muito

breve.

Há ainda muita tendência para confundir serviço público com

Essa é a questão de fundo, o que deve interessar aos pais e à nação é a qualidade do ensino, independentemente que quem é o dono das “paredes” da escola. Esse é um debate essencial que estamos a planear colocar na agenda. Seria uma boa ideia um prós e contras realizado nos países nórdicos, nada como ver o que os outros fazem bem para aprender e adaptar à nossa realidade.

A JP, nomeadamente através do seu presidente, Michael Seufert, tem dado particular atenção a esta questão, quer no Parlamento, quer no terreno. Até que ponto um amplo envolvimento dos partidos e forças políticas fortalece a vossa causa? Enquanto este tema for tratado numa lógica esquerda-direita estaremos a perder tempo. Cada vez mais precisamos de pragmatismo e de um compromisso de todos. Aos pais apenas interessa a qualidade de ensino e respectivos projectos educativos. O SOS Movimento Educação vai continuar a levantar a sua voz para recordar às forças políticas que não aceitaremos politiquice na educação dos nossos filhos. A nossa energia é infinita.


O testemunho de

Michael Seufert A mobilização das comunidades escolares das escolas com contrato de associação é absolutamente incrível. Não sei contar quantas vezes reuni, nas escolas e no parlamento, com direcções, pais, professores e alunos. Visitei escolas no distrito de Viana, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa, se não me falha a memória. O que impressiona é a grande união de todos os elementos ligados às escolas: pais, alunos, professores, direcções, juntaram-se numa moblização sem precedentes. Quiseram chamar atenção para a grande injustiça que lhes estão a fazer, e creio que o conseguiram. Era importante mostrar ao país o que eram as escolas com contrato de associação muita gente não fazia ideia - e desmontar o discurso do governo. O maior momento foi a campanha presidencial. Estive na caravana com o professor Cavaco Silva, e não houve distrito onde não estivessem os pais com os filhos e os professores a manifestarem, pacificamente, a sua preocupação com a sua escola. Foi sem dúvida este sentimento de pertença a uma escola que lhes querem tirar - assinalo ainda o protesto nas Caldas da Rainha com muitos ex-alunos - que o governo subestimou. Mas é o mesmo sentimento que mostra o grande valor de escolas independentes e autónomas que a Juventude Popular defende e continuará a defender.

Imagens captadas por Michael Seufert durante a campanha eleitoral de Cavaco Silva


RonaldReagan Ronald Reagan foi uma das mais decisivas figuras do sĂŠculo passado. Devolveu prosperidade e tranquilidade aos americanos e venceu a luta contra o comunismo e o seu terror. No mĂŞs em que se completam 100 anos sobre o seu nascimento, O Jovem passa os seus oito anos na Casa Branca em revista, numa justa e merecida homenagem.


No último dia da presidência de Ronald Reagan, à medida que ele caminhava para fora da Casa Branca para a limusine que o levaria ao Capitólio, um empregado da Casa Branca disse, ao olha-lo com lágrimas nos olhos, que “nunca haver| outro como este”. Claro que cada presidente é único. Mas havia qualquer coisa diferente e especial, neste homem. No entanto, até as pessoas que conheceram bem Ronald Reagan têm dificuldade em descrevê-lo. Optimista, mas não ingénuo. Complexo, embora simples. Inteligente, mas, ainda assim, guiado pelo senso comum. Carismático, porém real. Movido por princípios, mas não intransigente. Ele foi tudo isto e bastante mais. Talvez a chave para compreender Reagan é ter em conta duas das suas características fundamentais – ele gostava, genuinamente, de pessoas e viveu absolutamente confortável com a pessoa que era. Esta definição pode parecer vazia de grande substância. Mas ter em conta que falamos de um Presidente dos Estados Unidos da América diferença. Ronald Reagan nunca se cansava de

ter em conta que falamos de um Presidente dos Estados Unidos faz toda a diferença. Ronald Reagan nunca se cansava de estar rodeado de pessoas. Gostava verdadeiramente das campanhas, não apenas porque nelas transmitia as suas posições e ideias políticas principais, mas essencialmente pelo contacto próximo com as populações. Era algo que podia ver-se nos seus olhos. Neles havia um certo brilho naquele breve momento em que apertava a mão a alguém com quem aproveitava para trocar algumas palavras. Ele não se limitava a “varrer” a multidão mecanicamente. Ouvia o que as pessoas diziam e pensava no que podia fazer para ajudar. Frequentemente, quando voltava para o seu carro ou para o Air Force One, abordava um assessor e começava a conversa: “havia ali um homem que…” Para ele era pouco importante se estava a falar com o director de uma grande empresa ou com o jardineiro do mesmo director. Diferenças de classe, género, raça, idade… nada disso o preocupava. Preocupava-se apenas com as pessoas e com o que elas sentiam. Certo dia, depois de fazer um discurso relativamente mau, ao ler um artigo crítico num jornal, disse: “Têm razão,

Preocupava-se apenas com as pessoas e com o que elas sentiam. Certo dia, depois de fazer um discurso relativamente mau, ao ler um artigo crítico num jornal, disse: “Têm razão, não foi um bom discurso, mas o pobre rapaz que o escreveu fê-lo com o coração e fiquei preocupado que ele se pudesse sentir mal se eu o alterasse demasiado”. Apesar de ser um grande comunicador e da inspiração que os seus pontos de vista, transmitidos nos seus discursos, pudessem gerar, Ronald Reagan sentiase igualmente confortável a contar uma piada a um pequeno grupo de pessoas em contexto informal, de forma animada, rindo com todo o coração e enchendo a sala de brilho. Talvez fosse a sua costela “hollywoodesca” que o fazia sentir-se bem por provocar uma gargalhada nas pessoas. E, ele próprio, não tinha vergonha de rir. Ele até encontrou forma de ser amigo dos seus adversários políticos. O antigo “Speaker” do Congresso americano Tip O’Neill, um histórico Democrata do Massachusetts, fazia todo o tipo de críticas depreciativas ao Presidente Reagan. Mas, em vez de se irritar com ele, Reagan criou uma regra: até às 18 horas, Tip O’Neill podia dizer o que bem lhe apetecesse, mas a partir daí seriam amigos até ao final do dia. Ronald Reagan era magnânimo. Muitos dizem que foi o fácil afecto com que Ronald Reagan tratava as pessoas que o tornou tão confortável consigo próprio. Foi por isso que nunca viu a vida como um fardo difícil de carregar. Pelo contrário: ele aproveitava-a. Sorria com facilidade e frequência. Foi coerente com as suas responsabilidades sem se levar, a si próprio, muito a sério. Era a felicidade de Ronald Reagan, o seu optimismo, a sua alegria de viver e a sua crença imortal na bondade inerente ao espírito humano, que ajudou os americanos a acreditar em si próprios novamente, numa época de dificuldades muitas vezes com um carácter aparentemente irreversível, e a


espírito humano, que ajudou os americanos a acreditar em si próprios novamente, numa época de dificuldades muitas vezes com um carácter aparentemente irreversível, e a colocar o país de volta no trilho certo. Em suma, esse é, segundo muitos, mais do que qualquer outro, o principal legado da Presidência de Ronald Reagan.

Quando Ronald Reagan tomou posse, pela primeira vez, como Presidente dos EUA, em Janeiro de 1981, o país atravessava um dos momentos mais desoladores desde a Grande Depressão. Os impostos eram demasiado altos, o desemprego era elevado, as taxas de juro disparavam, tudo isto em contraste com a confiança dos americanos que estava completamente em baixo. Fazer ressurgir os EUA foi a prioridade principal do novo Presidente. No seu discurso de tomada de posse, partilhou a sua visão com quem o ouvia: “This Administration’s objective will be a healthy, vigorous, growing economy that provides equal opportunities for all Americans, with no barriers born of bigotry or discrimination. Putting America back to work means putting all Americans back to work. Ending inflation means freeing all Americans from the terror of runaway living costs. All must share in the productive work of this ’new beginning,’ and all must share in the bounty of a revived economy.” Reagan apresentou-se com um plano simples, mas que pretendia ser eficaz, e do qual falou muitas vezes durante a campanha: cortar impostos, garantir o controlo dos gastos do governo e tirar o estado do caminho das pessoas, para que o espírito empreendedor do povo americano pudesse ser libertado. Alguns cépticos chamavam a este plano “Reaganomics", coisa com que o

estado do caminho das pessoas, para que o espírito empreendedor do povo americano pudesse ser libertado. Alguns cépticos chamavam a este plano “Reaganomics", coisa com que o Presidente Reagan não se intimidou. Ele sabia que só se as pessoas tivessem dinheiro nos bolsos e os incentivos para investir e criar postos de trabalho, as empresas poderiam ser criados, a inflação controlada e as taxas de juros reduzidas. Desde o primeiro dia, Reagan e a sua equipa trabalharam incessantemente para que o Congresso aprovasse uma lei para colocar a economia novamente na linha. Até mesmo uma tentativa de assassinato quase fatal não conseguiu demovê-lo. Quando ainda estava em recuperação, convocava os líderes do Congresso frequentemente à Casa Branca para falar das ideias que queria implementar. Ronald Reagan bem podia ter sido o primeiro Presidente a usar pijama numa reunião com a liderança bipartidária do Congresso. Acima de tudo, fosse em que circunstância fosse, ele queria que todos soubessem que estava a falar a sério. Reagan acabaria por ver os seus esforços recompensados. Em Agosto de 1981, o assinou a Lei do Imposto de Relançamento da Economia, que trouxe reduções fiscais sobre o rendimento individual, incentivos para as pequenas empresas e incentivos à poupança. Assim começou a recuperação Reagan. Alguns anos mais tarde, a Lei de Reforma Fiscal de 1986 apresentou as menores taxas de impostos de dos principais países industrializados do mundo, quer sobre rendimentos singulares quer sobre rendimentos das empresas. Os números não enganam. Em oito anos de “Administração Reagan”, foram criados mais de 20 milhões de empregos; a inflação desceu de 13,5% para 4,1%; a taxa de desemprego baixou de 7,6% para 5,5%; o rendimento médio das famílias subiu cerca de 30%; o PIB dos EUA aumentou 26%.

liderança bipartidária do Congresso. Acima de tudo, fosse em que circunstância fosse, ele queria que todos soubessem que estava a falar a sério. Reagan acabaria por ver os seus esforços recompensados. Em Agosto de 1981, o assinou a Lei do Imposto e de Relançamento da Economia, que trouxe reduções fiscais sobre o rendimento individual, incentivos para as pequenas empresas e incentivos à poupança. Assim começou a recuperação Reagan. Alguns anos mais tarde, a Lei de Reforma Fiscal de 1986 apresentou as menores taxas de impostos de dos principais países industrializados do mundo, quer sobre rendimentos singulares quer sobre rendimentos das empresas. Os números não enganam. Em oito anos de “Administração Reagan”, foram criados mais de 20 milhões de empregos; a inflação desceu de 13,5% para 4,1%; a taxa de desemprego baixou de 7,6% para 5,5%; o rendimento médio das famílias subiu cerca de 30%; o PIB dos EUA aumentou 26%.


das famílias subiu cerca de 30%; o PIB dos EUA aumentou 26%. Mas reduções fiscais foram apenas uma parte da solução. A segunda foi o emprego, onde a acção foi igualmente forte. Não só havia milhões de novos empregos como os benefícios da criação de emprego não estavam limitados a um segmento da sociedade. O emprego dos negros subiu mais de 25% entre 1982 e 1988, e mais da metade dos novos empregos criados foram para mulheres. Domar o monstro que representavam os gastos do governo foi outra componente fundamental do plano de Reagan. Também aqui o Presidente Reagan fez o que prometera. Durante a sua Administração, os gastos do governo tiveram um espectacular decréscimo de 10% em 1982, para pouco mais de 1% em 1987. A recuperação da “Era Reagan” foi de tal maneira impressionante que na Cimeira Económica do G7, em 1983, quando era óbvio que o plano estava a dar frutos, o Chanceler da Alemanha Ocidental perguntou qual o segredo do sucesso do “milagre americano”. A resposta não podia ser mais simples: a redução das taxas restaurou o incentivo à produção e à criação de empregos e, ficando o governo fora do caminho, as pessoas puderam soltar o seu espírito empreendedor. Lá, nos EUA, o mercado livre funcionava como era suposto. Reagan observou posteriormente com um sorriso irónico, que o seu programa económico começou a funcionar quando pararam de chamá-lo “Reaganomics". Mas, na verdade, Reagan não procurava uma vingança em relação ao cepticismo criaodo em torno do seu programa, fazendo uso de todas as suas estatísticas impressionantes. Para ele, o sucesso da “Reaganomics” foi aquilo que de novo ele trouxe para o povo americano. Milhões tinham recuperado os empregos e foram capazes de poupar mais daquele dinheiro para que tanto trabalhavam. Famílias podiam planear



ele trouxe para o povo americano. Milhões tinham recuperado os empregos e foram capazes de poupar mais daquele dinheiro para que tanto trabalhavam. Famílias podiam planear com segurança o seu orçamento e pagar as suas contas. O apetite voraz do governo federal estava agora num regime de dieta há muito necessária. E as empresas e os empresários em nome individual já não eram incomodados pelo estado, ou paralisadas por regulamentos onerosos e desnecessários de cada vez que se queriam desenvolver e inovar. Resumindo numa frase: o sonho americano fora restaurado.

Dado o calamitoso estado da economia americana que esperava Ronald Reagan, teria sido espectável que a sua atenção fosse direccionada quase em exclusivo aos desafios que as questões económicas impunham. Mas ele chegou à Casa Branca com uma agenda mais ampla, de princípios em vez de questões soltas e particulares. A título de grande exemplo, a sua crença de que o Estado deveria servir as pessoas e não o

à Casa Branca com uma agenda mais ampla, de princípios em vez de questões soltas e particulares. A título de grande exemplo, a sua crença de que o Estado deveria servir as pessoas e não o contrário sempre fora inabalável. Enquanto Governador e Presidente, Reagan sempre olhou as pessoas para lá da sua dimensão de eleitores; via nelas o seu patrão que, ao elegê-lo, o tinha “contratado” para desempenhar uma tarefa de forma competente. Ao longo do seu percurso político, muitas foram as histórias verídicas sobre a falta de lógica e a muitas vezes incompreensível ineficiência da burocracia estatal que fez questão de partilhar. E, apesar de o fazer com o constante sorriso presente nos lábios, não disfarçava uma profunda frustração. Dizem que referiu várias vezes que, se tivesse a oportunidade, faria o que lhe fosse possível para alterar esse estado de coisas. E fê-lo. Enquanto Presidente dos EUA, a burocracia excessiva e inútil foi reduzida e a vida das pessoas melhorada no quotidiano. Por exemplo, quando assumiu o cargo, eram necessárias sete semanas para um cidadão obter o seu cartão de Segurança Social e cerca de um mês e meio para obter um passaporte. Quando ele abandonou a Presidência, ambos podiam ser obtidos

semanas para um cidadão obter o seu cartão de Segurança Social e cerca de um mês e meio para obter um passaporte. Quando ele abandonou a Presidência, ambos podiam ser obtidos em menos de dez dias. Manter a segurança das pessoas foi sempre uma prioridade para a Administração Reagan. Demorou um pouco, mas em 1984, o Congresso aprovou o “Crime Control Act”, que facilitou a detenção dos indivíduos perigosos, restringiu o uso da imputabilidade e endureceu as sanções para os traficantes de droga. Ainda naquele ano, o presidente assinou outro importante pedaço de legislação que tornou a pornografia infantil uma ofensa criminal especial. O efeito do trabalho do presidente para prevenir o crime e colocar os criminosos na cadeia foi notório. Cerca de 2 milhões a menos famílias foram atingidas pelo crime em 1987 do que em 1980. No entanto, a prevenção da criminalidade e a caça aos bandidos eram apenas uma parte do que o Presidente Reagan propunha para garantir justiça para todos. Outro componente chave do seu programa foi a nomeação de juízes que seriam fieis interpretes da Constituição, em vez de criativos legisladores burocráticos. De todas as nomeações feitas pelo Presidente, nenhuma foi mais significativa do que a de Sandra Day O'Connor, em 1981. Quando Ronald Reagan se tornou o primeiro Presidente a nomear uma mulher para servir no Supremo Tribunal dos EUA, quebrou um preconceito vigente desde a fundação do país, mudando para sempre o sistema judicial mas, principalmente, o papel da mulher na sociedade americana. A nomeação de Sandra Day O’Connor configura uma demonstração simbólica da forma como Reagan via as pessoas: sem um pingo de preconceito. Género, raça, etnia e religião, não importavam. Estes aspectos nunca foram factores que pesassem nas suas decisões,


da forma como Reagan via as pessoas: sem um pingo de preconceito. Género, raça, etnia e religião, não importavam. Estes aspectos nunca foram factores que pesassem nas suas decisões, excepto quando as pessoas sofriam discriminações com base neles. Quando isso aconteceu, o presidente Reagan foi um lutador tenaz pela igualdade de direitos. Sob sua liderança, o governo federal foi igualado, e até mesmo ultrapassado, o número de casos de direitos civis requeridos por qualquer governo anterior em praticamente todas as categorias referidas. As principais organizações de direitos civis receberam quase 18% a mais no seu financiamento. O Presidente Reagan nunca se esqueceu de como era difícil crescer num ambiente em que os recursos financeiros eram escassos. Conhecia o impacto de tais limitações na qualidade de vida das pessoas e ajudar quem passava por essas privações esteve sempre no topo das suas preocupações. Sob a sua liderança, os gastos federais com programas de assistência básica aumentou 40%. O Presidente também sabia que uma boa educação era a melhor forma para sair da pobreza e quando a sua Comissão Nacional de Excelência na Educação declarou os EUA uma nação em risco, devido ao declínio da qualidade do ensino, implementou uma série de tentativas de melhoramento, que incluíam padrões de avaliação mais elevados, maior possibilidade de, maior responsabilidade parental e esquemas de recompensa com base no mérito para os professores. Ronald Reagan foi o primeiro Presidente de abordar a questão do HIV e da SIDA. Ele estabeleceu uma Comissão Presidencial e consultou agências governamentais e grupos privados para depois implementar um amplo plano de combate à doença. Foram disponibilizados financiamentos para a investigação, a legislação que tornava difícil obter os medicamentos

privados para depois implementar um amplo plano de combate à doença. Foram disponibilizados financiamentos para a investigação, a legislação que tornava difícil obter os medicamentos adequados foi eliminada e os programas educativos foram desenvolvidos e impulsionadas por uma mensagem de empatia com os infectados. Não houve um dia durante os seus oito anos na Casa Branca em que Ronald Reagan não trabalhasse para garantir a tranquilidade interna inscrita na primeira frase da Constituição. Formar uma união mais perfeita foi o seu grande objectivo – e o seu grande sucesso.

Reagan não se limitou a inverter a mentalidade e o espírito americano que definhavam dentro do território nacional e a devolver o optimismo aos

seus concidadãos. Na verdade, foram poucos os presidentes que contribuíram tão intensamente para mudanças profundas e decisivas no rumo da História como Ronald Reagan nos anos 1980. Durante os anos em que ocupou a Casa Branca, Ronald Reagan não teve medo de olhar vários tiranos em países estrangeiros e saiu vencedor da Guerra Fria. O Presidente Reagan viveu na constante ansiedade de ver os escravos do comunismo em liberdade e sabia que a melhor maneira de o fazer era bastante simples: nós vencemos, eles perdem. E assim Reagan deu o mote para a sua política para a Guerra Fria, irritando quase todos

nacional e a devolver o optimismo aos seus concidadãos. Na verdade, foram poucos os presidentes que contribuíram tão intensamente para mudanças profundas e decisivas no rumo da História como Ronald Reagan nos anos 1980. Durante os anos em que ocupou a Casa Branca, Ronald Reagan não teve medo de enfrentar vários tiranos em países estrangeiros e saiu vencedor da Guerra Fria. O Presidente Reagan viveu na constante ansiedade de ver os escravos do comunismo em liberdade e sabia que a melhor maneira de o fazer era bastante simples: nós vencemos, eles perdem. E assim Reagan deu o mote para a sua política para a Guerra Fria, irritando quase todos – menos aqueles que viviam limitados sob o jugo do comunismo por trás da Cortina de Ferro – quando chamou a União Soviética de "Império do Mal".


Reagan irritou muita gente, mais uma vez, quando saiu da Cimeira de Reiquejavique, em 1986, recusando-se a ceder em relação { “sua” Iniciativa Estratégica de Defesa que previa formas de defesa contra ataques nucleares em território americano. O Presidente Reagan entendia que era de extrema importância o facto de os inimigos dos EUA saberem aquilo de que o país era capaz. Mais importante do que o poderio bélico dos EUA, era a percepção que o seu grande inimigo da Guerra Fria, a União Soviética, tinha dele. Uma das grandes prioridades de Reagan foi o reequipamento do sector militar americano, bem como o reforço no seu investimento, tendo sobretudo em vista a ameaça nuclear que a União Soviética potencialmente representava. Todas as acções de Reagan sustentavam-se na filosofia fundamental de que a liberdade é uma ferramenta poderosa e eficaz para promover a mudança. Cada parte da sua agenda política estava dependente da ideia de que a liberdade era a resposta para os problemas enfrentados pelos Estados Unidos. E o resto do mundo não era excepção. Reagan incentivou movimentos e protestos populares contra os regimes comunistas que se haviam instalado um pouco por todo o mundo, com uma particular incidência na América do Sul. Particularmente marcante na definição de uma linha de pensamento e da sua marca no mundo actual, foi a frase proferida em Berlim, em tom de desafio ao então líder soviético Mikhail Gorbachev: “tear down this wall!” Este espírito de guerreiro da liberdade fez dele, poucos anos mais tarde, o verdadeiro capataz do comunismo e do terror que durante tanto tempo ele levou às vidas de tanta gente.


De meio de comunicação restrito entre Universidades Americanas a ferramenta de comunicação cooperativo e pessoal passaram 20 anos. Outros tantos passaram para ser responsável por queda de regimes e alvo primordial de controlo estadual. Refiro-me a esse mundo complementar ou completamente à parte, a Internet. Quando massificado o seu acesso era utópico como icon de liberdade, onde nenhum estado tinha domínio ou até legislação. Mas tudo foi mudando pela forma como rapidamente tornou o mundo numa pequena aldeia. Onde o mais pequeno acto pode ser maximizado como nunca antes na história da Humanidade. Emprestar uma “obra” a amigos se torna pesadelo para indústrias, onde uma burla de cêntimos pode ser transformada em fortunas, onde o apoio a uma causa pode se tornar maior do que à própria causa, onde um grito de revolta pode-se tornar numa revolução. Pela história e pelo mundo, tantos revoltados por injustiças tomaram medidas drásticas que caíram no esquecimento ou foram ignorados pela sociedade como actos isolados de desespero e depois de os jornalistas esquecerem… a sociedade esquece. Mas algo está a mudar, numa janela em todas as casas, empresas e até telemóveis. Um acto isolado de desespero de um jovem desponta não a compaixão, mas a reacção de toda uma sociedade que se revê e nasceu assim a Revolução Jasmim! Vimos a Tunísia, assim, a ser libertada, logo de seguida o Egipto, mesmo com o apoio institucional de muitas nações do mundo com a desculpa que era fonte de estabilidade da região. Como que se de um “vírus” se tratasse contamina todas aquelas sociedades que nela se revêem. Vemos e condenamos regimes que filtram o acesso e os dados das redes de Internet, condenamos quando Mubarak desligou o acesso à internet para tentar salvar o regime. Dizemos que não são coisas de países livres. Mas até os ditos livres estão a tentar controlar e censurar a rede. Foi apresentado um projecto lei nos EUA, para permitir ao presidente o poder de desligar toda a Internet em caso de Emergência Nacional, não sendo claro os parâmetros dessa mesma emergência.

Mubarak desligou o acesso à internet para tentar salvar o regime. Dizemos que não são coisas de países livres. Mas até os ditos livres estão a tentar controlar e censurar a rede. Foi apresentado um projecto lei nos EUA, para permitir ao presidente o poder de desligar toda a Internet em caso de Emergência Nacional, não sendo claro os parâmetros dessa mesma emergência. Aos olhos do “sistema” tornar minorias em maiorias, uma ideia, num ideal, sem filtro de lobys, governos, geografia, é algo perigoso e não fruto de liberdade. Falamos que hoje que a população vive afastada da política e dos políticos. Que os jovens não são lutadores, interventivos e interessados como outrora… mas os jovens continuam a ter a paixão por ideais seja ela o fim de regimes seja ela ideais políticos. Temos de usar esta rede não como outdoor ou arremesso de frases e ideias feitas como estamos habituados a ver… Interagir é a chave! Não achar que temos só de dar, mas também o receber. Temos que dar voz aos gritos de revolta dos nossos jovens, as ideias e ideais e não funcionarmos fechados de dentro para fora. Temos que parar de dar ribalta aos alpinistas políticos, aos ora são de uma cor hoje, outra amanhã; aos que dá jeito hoje ser de Lisboa e amanhã ser do Porto; valendo todo para o assalto ao “castelo”. É assim que a população vê os políticos por culpa de personagens, deixando de confiar-nos os seus ideais. Temos que dar nós o grito de revolta contra a política do corredor, contra a política do assalto ao castelo e sermos o espelho de quem representamos. Tornar uma ideia de um jovem, num ideal! Tornar o grito de um jovem, numa revolução!




Com a possibilidade de eleições durante este ano, muito provavelmente se o governo requisitar o fundo europeu do qual está envolvido o FMI, a perspectiva de reavivar a AD tem sido um tema recorrente nos media. Mas a AD teve o seu tempo, muito influenciada por circunstâncias políticas, históricas e sociais que marcavam Portugal no final da década de 70. Além disso, havia uma proximidade grande entre o então CDS e o então PPD que não existe hoje entre os actuais CDS-PP e o PSD. As figuras de Sá Carneiro, Amaro da Costa, Freitas do Amaral e Ribeiro Telles tinham uma afinidade e objectivos comuns que hoje já não se encontram no panorama político, e a tentativa de reavivar a AD de Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas é um bom exemplo do que é a posição de desconfiança entre os dois partidos. Na altura Portas sabia isso, Rebelo de Sousa não. Hoje penso que, tanto Passos Coelho como Paulo Portas têm a noção que são aliados na desconfiança, se a expressão me é permitida. E é natural que essa desconfiança exista. Embora sejam os únicos dois partidos em Portugal com uma capacidade real de trabalharem em conjunto numa coligação, parece evidente que as propostas e o caderno de encargos do PSD não são as mesmas do CDS. Há, isso sim, uma capacidade de diálogo entre ambos os partidos, e actualmente entre ambos os líderes, que torna um entendimento mais fácil, mas é errado pensar que o PSD e o CDS podem algum dia ter uma base governativa igual à partida. Acho, portanto, importante que ambos os partidos se apresentem a eleições sozinhos, e deixarem o eleitorado decidir por si só, em que propostas políticas apostam, tendo sempre em mente que este dois partidos podem eventualmente vir a formar governo em conjunto com uma maioria a suportar na Assembleia da República. Ambos os partidos poderiam ter a ganhar em ir a eleições juntos, por exemplo o PSD ao consolidar à partida um resultado maior, e o CDS a conseguir, provavelmente, mais lugares quer no governo, Parlamento e nomeações para os cargos públicos que acompanham os novos governos. No entanto, as bases dos partidos são adversas e não gostam uma da outra, o CDS ao não concorrer sozinho corre o risco de ser “engolido” pelo PSD na opinião pública. Se as

eleições juntos, por exemplo o PSD ao consolidar à partida um resultado maior, e o CDS a conseguir, provavelmente, mais lugares quer no governo, quer no Parlamento e nomeações para os cargos públicos que acompanham os novos governos. No entanto, as bases dos partidos são adversas e não gostam uma da outra, o CDS ao não concorrer sozinho corre o risco de ser “engolido” pelo PSD na opinião pública. Se as circunstancias que tornaram o dia 4 de Dezembro de 1980 fatídico tivessem sido outras, o panorama hoje poderia ser diferente com Sá Carneiro e Freitas do Amaral a formarem da AD mais que uma aliança, um partido. Mas o PSD e o CDS tomaram ao longo do tempo caminhos diferentes que fizeram com que os seus militantes de base se tornassem mais afastados. Daí a importância de aparecer nos boletins de voto com listas separadas. Isto em legislativas, porque no que toca a autárquicas as relações entre os partidos são desejáveis, e mesmo em Europeias parece que pode ser de apostar novamente numa lista conjunta como aquela que PSD e CDS apresentaram em 2004 quando ambos estavam num governo de coligação. Em suma, estes são definitivamente os dois partidos do actual cenário político relevante português que melhor se entendem e que, conseguem definir objectivos comuns em áreas de governação importantes. Mas separados no acto eleitoral têm, em primeiro lugar, a oportunidade de testar-se nas urnas independentemente e saber o seu real valor; em segundo lugar, preservar as suas bases que tem nitidamente o desejo de ir a votos sozinhas; e em terceiro lugar, comunicar ao eleitorado o seu caderno de encargos. E se, por ventura, o parceiro sénior precisar de se coligar para alcançar uma maioria que sustente um governo, os eleitores sabem que PSD e CDS têm afinidades históricas que os levam à mesa de negociação para formar essa maioria.


Portugal está mal, vive mais um ano de recessão, a classe governativa continua a mesma (em número e a subir de nível na classificação de melhor excremento natural), a destruição de emprego aumenta diariamente, da torneira de Bruxelas já só saem gotas que deixam ainda mais desesperado qualquer cão abandonado e muitos, mas mesmo muitos, continuam ainda por fechar a sete chaves em hospícios, blá, blá, blá. Até aqui, tudo normal. No entanto, irrita-me profundamente uma velha técnica que hoje mais parece tirada de um qualquer livro chato de Gestão: a arte de fazer dos outros palermas. E resulta, pelo menos num pouco caricato e dúbio amontoado de, claro, palermas. Esses palermas comem todos os dias a estupidificante ideia de que as coisas só estão mal porque quem hoje lidera é mau. Todos os dias os palermas ouvem justificações estapafúrdias para os milhares que não conseguiram exercer direito de voto, comem indicadores parciais de que o desemprego recuou ou a economia em determinado período do dia cresceu, excitam-se com soluções de qualificação académica de que o mercado de trabalho se chora a rir e pagam a peso de ouro o salário de alguém que não conhecem, num organismo público que nada lhes serve. Para lá das palas dos palermas, o que hoje está mal é fruto de um contínuo processo de má gestão e regabofe egoísta mascarado de um socialismo que faria Marx morrer de susto umas trinta vezes. Quando me recordo que, nos últimos cem anos, se fizeram duas revoluções em que uma perseguiu religiosamente e a outra se orgulha por achar que perseguiu alguma coisa, fico meio cabisbaixo. Ainda mais com a aparente proliferação de contestações de poder no mundo islâmico. Acredito piamente que a nossa maior, e talvez única, sorte neste Mundo foi termos ficado agarrados por umas montanhas ao velho continente. Não tivesse acontecido isto e estávamos a competir com a esperança média de vida da Somália, com o desenvolvimento tecnológico do Burkina Faso e com o entusiasmante PIB da Eritreia. À parte da obrigação de agradecimento que todos os dias devemos à mãe natureza por nos ter dado este cantinho, ainda que miserável, devíamos realmente parar para avaliar quem somos, o que temos e o que

termos ficado agarrados por umas montanhas ao velho continente. Não tivesse acontecido isto e estávamos a competir com a esperança média de vida da Somália, com o desenvolvimento tecnológico do Burkina Faso e com o entusiasmante PIB da Eritreia. À parte da obrigação de agradecimento que todos os dias devemos à mãe natureza por nos ter dado este cantinho, ainda que miserável, devíamos realmente parar para avaliar quem somos, o que temos e o que podemos fazer, não só com o acumular de palermas, mas principalmente com a burrice, essa sim, verdadeiramente generalizada. Um país (uso este termo porque até ao momento em que escrevo ainda vigora aquele documento irrisório que dá pelo nome de Constituição) que todos os dias expulsa (in)voluntariamente os seus, cospe na própria terra e entrega de mão-beijada o que pescou aos amigos é pouco mais diferente do que uma piada sem piada nenhuma. Palermas que se rendem a palermas e palermas que induzem outros para a palermice devem ser corridos de vez com cloro ou até balas, sempre em último caso – o que de certa forma me alegra porque creio estarmos a chegar a esse ponto. Toda esta corja de fina esperteza e neurónios de domingo são a razão porque passamos a suplente. Aliás, são a razão porque eles próprios se sentem suplentes entre os grandes e sabem que agora pouco mais há a fazer para deixar este estatuto. Eu, rio-me bastante. Quando tentas espreitar muito alto, muito para lá do horizonte, de forma suja e desonesta, tudo o que te resta é ser suplente. Mas mesmo assim lá se faz de conta, uma e outra vez, a esconder as evidências até ao dia do juízo final. O dia em que, para lá de suplente, restará pegar naquilo que estiver à mão e fugir muito depressa.



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