34 O JOVEM [Outubro2010]

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Após a sua eleição como vice-presidente da Juventude Popular em Maio de 2009, Luís Pistola tornou-se uma das figuras de maior relevo da estrutura. Dono de uma capacidade e uma inteligência inquestionáveis, o seu contributo passa agora a ser dado na secretaria-geral. Fomos falar com ele, e saber quais as suas motivações e expectativas.

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Raquel Paradela Lopes, que faz parte do Gabinete de Relações Internacionais da Juventude Popular, conta-te tudo sobre a agenda internacional da JP e dáte a oportunidade de conheceres por dentro este gabinete.

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Nuno do Carmo, autor de uma tese de doutoramento sobre juventudes partidárias, conta-nos a visão de alguém que, apesar de não possuir qualquer cartão de militante, viveu por dentro a vida de uma “jota”.

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Falamos com Pedro Vidal, que deu ao CDS e à JP a alegria da conquista da Junta de Freguesia do Préstimo nas últimas autárquicas, foi recentemente eleito presidente da Distrital de Aveiro, que volta assim à actividade.


Há muito que nos habituamos a não ver na seriedade um valor inquestionável para muitos daqueles que percorrem alarvemente os caminhos da nossa política. Os tais vermes que nos passam pela televisão enchendo a boca de compromissos sem honra e convicções sem validade. Foi assim que, como que comungando da necessidade de se protegerem no seu longo lamaçal de que não abrem mão, os dois maiores partidos portugueses agiram para chegar a um acordo relativamente ao Orçamento de Estado. Houve avanços, recuos e drama quanto baste. Houve tacticismo, sectarismo, ingenuidade e interesses com fartura. Preocupação com os portugueses nem por isso. E porque haveríamos de esperar tal coisa de quem nunca se importou com isso? Muito pouco tempo antes de ser oficial o que todos já prevíamos – que PS e PSD concordavam no tamanho e nas feições da gamela que se habituaram a partilhar – Pedro Passos Coelho, o novo D. Sebastião da política portuguesa, anunciava bravamente que o PSD não daria "nem um minuto de

descanso" ao Governo. Mais: vestido com a aparência típica das boas intenções, anunciava que o seu partido quer dar "uma alternativa ao país". Mas, eis que do espesso nevoeiro, por terras gaienses, se vislumbrava Luís Filipe Menezes como seu anfitrião, ilustre verme da nossa praça. “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, diz o povo. Arrisco uma alternativa, atendendo às movimentações sinuosas em que o novo líder laranja se deixou levar: acompanhado de vermes, verme serás. Mais do que alternativa, esta dança calculista de dois corpos mortos em busca da alternância no poder, fim último e supremo das suas vidas viscosas e pestilentas, transforma tudo isto num espectáculo deprimente, e cuja consequência prática não é mais do que a habitual. Mas, eis que do nevoeiro,

por terras gaienses, se vislumbrava Luís Filipe Menezes, ilustre verme da nossa praça. “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, diz o povo. Arrisco uma alternativa: acompanhado de vermes, verme serás.


No passado dia 13 de Outubro a Juventude Popular da Maia voltou às acções de campanha junto das escolas e jovens do concelho, tendo a Escola Secundária da Maia, localizada bem no centro do concelho, sido a escolhida. Mais uma vez, foram distribuídos dezenas de flyers com a mensagem política da Juventude Popular verificando-se uma boa recepção da parte dos alunos. A Juventude Popular da Maia aposta fortemente nestas iniciativas de proximidade como via de fortalecer o alerta da população mais jovem para maior participação na vida política do país e na real dimensão desta no futuro de cada um de nós. Em breve a estrutura voltará às escolas ainda em data a definir.

Atenta à prestação dos vários organismos e entidades que compõem o concelho da Maia, a secretaria-geral da Juventude Popular da Maia enviou vários pedidos de reunião e visitas. Nesta interessante iniciativa figuram os executivos de junta, que ainda não tinham respondido ao desafio da estrutura, e outras entidades como a Associação Empresarial da Maia, os Bombeiros Voluntários de Moreira ou o Núcleo da Maia da Cruz Vermelha. A estrutura considera elementar o conhecimento destes organismos e faz questão de aproximar o mais possível estes contactos que permitem trocar experiências e conhecimentos sobre o nosso concelho.

Por terras de

Lidador Sabe quem cá vive e não sabe quem cá não vive pela simples razão de que não existe. Estou a falar do inexistente dinamismo da vida nocturna no centro do concelho. Talvez a inequívoca prova de que a Maia, por muito que faça, nunca passará de uma cidade simpática e pacata apenas para dormir e descansar ao domingo à tarde. Muito pouco se tem feito para contrariar esta tendência de desertificação e procura de lazer nos concelhos vizinhos de Porto e Gaia. Por muito que se tente compreender este fenómeno, as conclusões esbarram sempre num sentimento de que não há vontade política para que tudo seja diferente e chamativo. Eu acabo por concordar e deixar apenas no ar um ponto de interrogação: essa vontade política não existe por saber que não

vontade política para que tudo seja diferente e chamativo. Eu acabo por de interrogação: essa vontade política não existe por saber que não estão reunidas condições de segurança para essa promoção ou essa vontade política não existe porque o concelho da Maia tem de continuar a ser apenas e só de um punhado de velhos do Restelo que a reclamam para si? Gostava de acreditar na conclusão mais inteligente, seria sinónimo de responsabilidade. Mas não creio, e tão-pouco aceito que me justifiquem esta crítica com iniciativas públicas anuais que pouco ou nada atraem os jovens. Pessoalmente não espero, nem quero, que a Câmara Municipal da Maia seja a única a oferecer soluções de lazer no

pouco ou nada atraem os jovens. Pessoalmente não espero, nem quero, que a Câmara Municipal da Maia seja a única a oferecer soluções de lazer no concelho. Não deve ser esse o seu papel e muito menos condicionar quem o quer fazer. A potencialidade do centro da Maia é imensa e não se deve sujeitar a uma festa popular por ano ou à espera de uma qualquer parada militar. Criemse as condições para que os únicos jovens, que atravessam a praça Dr. José Vieira de Carvalho, não o façam apenas para apanhar um metro rumo à baixa do Porto. Esperemos que seja por aí.


Em primeiro lugar gostaria de agradecer à JP Maia, em particular ao gabinete de imprensa respons|vel pelo Jornal “O Jovem” pelo convite que me foi feito, dando-me assim a oportunidade de apresentar o Gabinete das Relações Internacionais da JP Nacional. O Jornal “O Jovem” tem vindo a posicionar-se ao longo dos últimos tempos como um local de excelência para a discussão dos mais variados temas e também como um veículo de comunicação que permite a contribuição intelectual dos nossos jovens de direita. É um exemplo, difícil de encontrar nos dias de hoje, de um espaço livre e imparcial de apresentação e esclarecimento das opiniões e causas. Vivemos hoje em tempos dinâmicos e a Internet mudou as nossas vidas, por isso decidi apresentar-vos o meu artigo na fórmula tão popular, e de sucesso, que existe na Internet: “FAQ – Frequently Asked Questions”. Desta forma poderei responder a perguntas que militantes da JP colocam relativamente a este Gabinete, bem como de uma forma pouco maçadora transmitir-vos tudo o que este representa. O que é o Gabinete de Relações Internacionais e quem somos?

O que é o Gabinete de Relações Internacionais e quem somos? Uma das grandes responsabilidades da direcção nacional da JP é as Relações Internacionais, à semelhança do que acontece no CDS-PP. Esta CPN tem dedicado uma justa e merecida atenção a este tema, algo que infelizmente num passado próximo não tinha acontecido. Assim, foi criado o Gabinete de Relações Internacionais da JP com a responsabilidade de apoiar e responder especificamente a estas questões. Actualmente este gabinete é constituído por mim, como membro responsável das relações internacionais da actual CPN e pela nossa, desde há muito tempo, Secretária Internacional, Carolina Thiede Sá Correia. Pertencem também a este Gabinete os membros de certa forma “não fixos” ou “rotativos”, como o Rodrigo Lobo d’Ávila, que nos apoiam, permitindo assim descentralizar o nosso trabalho. Dividimos as participações entre ”fixos” e “não fixos” por algumas razões. A primeira razão deve-se ao facto de o trabalho a desenvolver em cada uma das instituições em que a JP se encontra representada, ser um trabalho a

instituições em que a JP se encontra representada, ser um trabalho a desenvolver de uma forma contínua, com a preocupação de criar relações de confiança e credibilidade com a nossa instituição, normalmente personificada pelos nossos delegados. Uma vez que a assiduidade dos encontros destas organizações é menor, são também menores as oportunidades de todos os seus delegados se conhecerem e desenvolverem essas relações baseadas na confiança e credibilidade. Dai a necessidade de membros fixos. A segunda razão prende-se com o número de delegados convidados por evento ser normalmente dois. Por exemplo, a representatividade máxima dos países nos congressos eleitorais é de dois delegados, sendo assim esse o número máximo de votos a que cada país tem direito. Por último e esta é uma das razões mais determinantes, deve-se aos custos associados no transporte dos seus delegados que a JP despende sendo, e bem, realizada uma racionalização destes custos. Como

funcionam

estes

encontros


Como funcionam estes encontros internacionais? Existem vários tipos de encontros internacionais:  Congressos eleitorais para a designação dos membros pertencentes à comissão executiva de cada organização;  Seminários de formação e discussão de assuntos de intervenção política e controvertidos da actualidade;  Reuniões executivas alargadas que incluem um delegado (em regra) de cada instituição. Todas estas iniciativas são organizadas no país da Juventude-Membro que tenha apresentado uma proposta para a sua realização, podendo ou não ser custeadas pelas Instituições Europeias. Esta Juventude fica assim responsável por toda a logística do evento, nomeadamente a sua organização, a estadia dos delegados, a alimentação, os transportes (shuttle Aeroporto Hotel e entre os diversos locais), etc. O código de conduta nestes encontros é elevado. Em média estes eventos demoram entre 3 a 4 dias, sendo dois dias dedicados à discussão de assuntos da ordem de trabalhos e um dia dedicado a visitas institucionais aos mais altos cargos parlamentares, governamentais e nacionais do partido da juventude anfitriã.

Para que servem estas instituições? Existem pela necessidade de cooperação internacional entre as diversas juventudes partidárias, à semelhança da cooperação desenvolvida entre os partidos-mãe na defesa dos seus ideais e princípios no plano internacional. As organizações a que pertencemos congregam as juventudes democratas, liberais e conservadoras de toda a união europeia bem como de alguns países europeus. Essas juventudes representam-se nestas instituições para desenvolverem um trabalho de entreajuda, apoiando mutuamente campanhas locais e nacionais nos seus Países, formando lobby em causas que interfiram entre os seus órgãos nacionais e os seus irmãos europeus e assegurando também a sua presença representativa nas diversas Instituições Europeias e nas suas iniciativas dedicadas

representativa nas diversas Instituições Europeias e nas suas iniciativas dedicadas aos jovens. Cada instituição concorre aos diferentes concursos para aquisição de fundos disponíveis pelas Instituições Europeu para a formação e desenvolvimento dos jovens, com o objectivo de sensibilizar cada juventude e por conseguinte os seus jovens na importância das tomadas de posição e discussão de assuntos que envolvam os nossos países e o nosso futuro.

Como é que cada um de nós pode participar e contribuir? Os jovens de hoje em dia, e mesmo dentro da JP, ainda se encontram distantes de algumas questões europeias que são de elevada importância para o nosso futuro. O mais interessante é que, é possível de uma forma muito fácil, contribuir para a construção do nosso futuro europeu, através de artigos de opinião e de investigação que cada um de nós pode desenvolver tanto a nível individual como colectivamente. Estes artigos devem ser redigidos e enviados para as newsletter e blogs destas instituições. É imperativo que os jovens portugueses tenham uma voz activa, participativa e interessada no papel

blogs destas instituições. É imperativo que os jovens portugueses tenham uma voz activa, participativa e interessada no papel que Portugal desempenha na Europa e na União Europeia. Muitos de nós ainda se fecham no seu cantinho Ibérico esquecendo-se da proporção e da importância das decisões que são tomadas dentro dos organismos europeus e da repercussão destas mesmas decisões nas nossas vidas e sobretudo no nosso futuro. Actualmente fazemos parte do DEMYC (Democrat Youth Community of Europe), do IYDU (International Young Democrat Union), do EDS (European Democrat Students) e do EYC (European Young Conservatives) que está agora a ser reactivado e no qual somos um dos membros fundadores. Estamos de momento a tratar da nossa entrada no YEPP (Youth of the European People’s Party), sendo um dos nossos objectivos mais importantes de momento. Para isso, como vamos ingressar numa nova Organização Internacional, a nossa participação terá que ser aprovada no Conselho Nacional, para o qual contamos com o apoio de todos.


A import창ncia de n찾o ter um cart찾o



Preenche-se a ficha, é-se acolhido pelo presidente da secção em questão e, imediatamente, arrastado para uma qualquer guerra interna. Há sempre o grupo no poder e a oposição, há sempre uma disputa de eleições para qualquer órgão, o que implica sempre uma tomada de decisão sobre quem se apoia. E, muitas vezes involuntariamente, é-se arrastado para um conflito que nem se imaginaria, onde há sentimentos de puro ódio em relação à outra parte. Tal acontece, na maior parte das vezes, devido à disputa por um cargo sem qualquer relevância.

Escolas de formação por excelência, as “Jotas” seriam uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de competências essenciais para o exercício de liderança e para o desempenhar de cargos políticos. Assim pensava eu, pelo menos Platão usou a metáfora do político como o capitão de um navio, como alguém que teria que estar preparado, através da educação, para desempenhar aquela função, de modo a conseguir manter o bom rumo do navio e bem-estar da população. E porquê este enfoque na formação, seguido depois por Aristóteles? Pois, se bem educado, um indivíduo adopta um conjunto de normas, que levará à autonomia (auto nomus). Tal aconteceria num mundo ideal, sem perversões ou tentações. A partir do momento em que a política passou a ter um efeito no indivíduo, porém, abdicamos da nossa resistência, entramos num processo onde é fácil ceder a qualquer tentativa de corrupção – seja em pequena ou larga escala. A sociedade altera-se. Os indivíduos são cada vez mais átomos, vendo todos os outros como ameaça. Com tal, perde-se essa noção de sociedade, adoptando-se um individualismo extremo. O pragmatismo torna-se o paradigma vigente. Um político que tome determinada atitude mais radical ou toque em assuntos

O pragmatismo torna-se o paradigma vigente. Um político que tome determinada atitude mais radical ou toque em assuntos tabu deixará de ser político. Assistimos, por isso, a uma erosão de ideais e a acrobacias complexas na arena política de modo a primeiro obter e depois conservar o poder. Se, como Anthony Downs defende, os eleitores são consumidores, os partidos funcionam como empresas, pretendendo maximizar os seus resultados. Tal facto não teria que, necessariamente, ser mau. Afinal, é preciso alguma flexibilidade para desempenhar qualquer cargo, público ou privado. Mas, se esta perversão do nobre ideal político pode ser tolerada a uma pequena escala, torna-se impossível tolerálo a uma escala maior – sendo tal ainda mais alarmante se se replicar, de uma forma ainda mais distorcida, no seio dos próprios partidos e Jotas. O meu primeiro contacto com uma juventude partidária foi através do telefone. Telefonei para a sede da Jota em questão, onde falei com uma muito simpática secretária. Após algumas questões, foi-me sugerido o preenchimento de uma ficha de militância e o seu envio para a sede – algo que, obviamente, me recusei a fazer. Expliquei que o que pretendia era conhecer a estrutura, as

para a sede – algo que, obviamente, me recusei a fazer. Expliquei que o que pretendia era conhecer a estrutura, as pessoas que a compõe, o seu modus operandi e só depois decidir se me tornaria militante ou não. A reacção foi de desconhecimento – as coisas não funcionariam assim. Analisemos então o percurso de um jovem numa qualquer “jota”: preenche-se a ficha, é-se acolhido pelo presidente da secção em questão e, imediatamente, arrastado para uma qualquer guerra interna. Há sempre o grupo no poder e a oposição, há sempre uma disputa de eleições para qualquer órgão, o que implica sempre uma tomada de decisão sobre quem se apoia. E, muitas vezes involuntariamente, é-se arrastado para um conflito que nem se imaginaria, onde há sentimentos de puro ódio em relação à outra parte (e, hoje, é bastante fácil acompanhar tal, devido às novas tecnologias). Tal acontece, na maior parte das vezes, devido à disputa por um cargo sem qualquer relevância. Daí para a frente, sucedem-se as reuniões esporádicas (se bem que intermináveis), onde a discussão política séria é pouca, onde os horários são irrelevantes, e onde a aparência, o parece que se faz algo é o mais importante. No entanto, são uma óptima forma de integração, de conhecimento da estrutura, de alargar a esfera de influência, de conseguir um muito ambicionado cargo ou pelo menos ficar na pole position para o mesmo. O, regra geral, lento ritmo de actividades é pautado pela aproximação de eleições, quando aumenta exponencialmente. Durante meses, acompanhei o quotidiano das várias Jota. Vi de tudo. Pessoas que passavam todas as tardes, na sede, a ler A Bola. Pessoas que tinham o simples objectivo de marcar presença, só aparecendo quando sabiam de antemão que os líderes estariam por lá. Pessoas cuja principal preocupação e actividade prendiase com a Jota enquanto que, ao mesmo tempo, negligenciavam os estudos e desempenhavam um qualquer cargo, conseguido através de influências políticas, numa qualquer entidade pública ou privada, cujos honorários eram acima da média e a carga laboral muito abaixo da média. Vi projectos com bastante potencial a não avançar pois os elementos


média e a carga laboral muito abaixo da média. Vi projectos com bastante potencial a não avançar pois os elementos coordenadores nada mais fizerem para além de comparecerem nas primeiras reuniões. Vi um despesismo desequilibrado e hábitos de vida nada compatíveis com a idade. E assisti a uma conivência dos partidos perante tal. Viajei de norte a sul. Acompanhei as campanhas que pude, fui a eventos, alarguei o meu leque de conhecidos. Desafiei-os, tentei perceber o que os atraía para o mundo político, o que ambicionavam. Percebi a importância de ter um título. Porque, mais do que ser o José ou o João, é-se o Presidente (ou equivalente) de tal secção/concelhia/etc. e isso altera, em muito, o reconhecimento por parte dos outros. Perdi a conta ao número de vezes em que a atitude de determinadas pessoas se alterou depois de saberem que não possuo nem pretendo possuir um cartão de militância. Percebi que, com isso, passei a ser um corpo estranho naquele mundo, muitas vezes até indesejado. Porque eu não teria qualquer importância nem peso sem um cartão. Assisti a uma guerra contínua de angariação de militantes, pois trariam votos. Quem seriam, qual a sua idade, quais as suas ambições – todos aspectos secundários. Deixam de haver critérios sociais ou ideológicos, a preocupação tem que ver só e apenas com números de militantes. E, como foi dito, a preocupação é trabalhar para a eleição, não o preocuparse com a sua formação e dos outros. O trabalho com o exterior é a menor das preocupações, com a excepção de algumas intervenções escolhidas de forma cirúrgica e de modo a não cair no esquecimento. Na altura de eleições, liga-se a todos os militantes, esquece-se convenientemente a limpeza dos cadernos eleitorais, conseguese alterar datas de militância para que alguns possam votar/fazer parte de listas. E tudo isto é feito com uma naturalidade difícil de compreender. Assim, um jovem de hoje, interessado em intervir no mundo político pode aderir a uma Jota, passar por todo este processo de formação partidária (não pessoal) e, eventualmente conseguir atingir os seus objectivos. Isso explica também o porquê de muitos Jotas, quando atingem os 30

Porque, mais do que ser o José ou o João, é-se o Presidente (ou equivalente) e isso altera, em muito, o reconhecimento por parte dos outros. Perdi a conta ao número de vezes em que a atitude de determinadas pessoas se alterou depois de saberem que não possuo nem pretendo possuir um cartão de militância. Percebi que, com isso, passei a ser um corpo estranho naquele mundo, muitas vezes até indesejado. Porque eu não teria qualquer importância nem peso sem um cartão.


Uma pergunta que faço sempre, quando no meio de pessoas de qualquer “jota” é: “deste grupo, por quem é que vocês meteriam as mãos no fogo em termos de idoneidade”? A resposta é sempre um franzir de olhos e um silêncio desconfortável. Até o dia em que ouça uma resposta diferente, jamais considerarei a militância de um partido. Tudo porque a liberdade de pensamento e de expressão são dos bens mais preciosos que possuímos... E perdê-las devido a um qualquer cargo político ou para agradar a terceiros jamais seria uma opção.

eventualmente conseguir atingir os seus objectivos. Isso explica também o porquê de muitos Jotas, quando atingem os 30 anos, tentarem ao máximo adiar a sua saída da estrutura – pois, quando no partido, terão que voltar a conseguir a sua esfera de influência, de modo a atingirem um status respeitável. O jovem interessado poderá, obviamente, afastar-se e não querer intrometer-se em rivalidades e, em muitos casos, infantilidades, mas deixará assim de ter uma palavra a dizer. Não advogo o fim das “jotas”. Poderia ser uma solução para alguns dos problemas, mas não todos. O facto de os jovens terem que lidar com posições de responsabilidade, de terem que afirmar-se, de terem que lutar pelos seus objectivos não é algo condenável. Mas, ao manter os vícios existentes, acaba por deturpar o objectivo final de qualquer envolvimento na política, que é sempre o bem-estar de terceiros. Ao apostar na educação (que não deve roçar a propaganda), e incutir ideais e valores, condenado qualquer comportamento perverso, conseguiremos aos poucos mudar. Qualquer estrutura partidária (e social) deve estar assente num único valor: o mérito. Um amigo, que hoje não está já nas lides das “jotas” disse-me, reflectindo sobre a sua experiência que, no partido, há bons e maus exemplos, e que a nós compete seguir apenas os bons. Rematou dizendo que lamentava apenas a assustadora quantidade de gente que prefere seguir os maus.

que lamentava apenas a assustadora quantidade de gente que prefere seguir os maus. Uma pergunta que faço sempre, quando no meio de pessoas de qualquer “jota”, e quando estes me tentam convencer de todas as qualidades da sua estrutura é: “daqui deste grupo, por quem é que vocês meteriam as mãos no fogo em termos de idoneidade”? A resposta é sempre um franzir de olhos e um silêncio desconfortável. Até o dia em que ouça uma resposta diferente, jamais considerarei a militância de um qualquer partido. E posso também escrever artigos deste teor sem me preocupar com a minha posição na estrutura ou com a perda de possíveis aliados. Tudo porque a liberdade de pensamento e de expressão são dos bens mais preciosos que possuímos... E perdê-las devido a um qualquer cargo político ou para agradar a terceiros jamais seria uma opção. Note-se que este artigo de opinião reflecte apenas as minhas experiências com as várias juventudes partidárias – que, de uma forma surpreendente, não diferem tanto umas das outras. Não se pretende ofender ninguém, apenas comentar, criticamente, o que foi vivido. Escrevo-o com a consciência que haverá partes a sentirem-se ofendidas, mas terei todo o gosto em discutir tais tópicos, ou quaisquer outros, via e-mail ou mesmo de forma presencial.


Imagem: www.flickr.com/photos/bloco_de_esquerda


Foi na luxuosa estância balnear francesa que Sarkozy recebeu para uma série de reuniões de trabalho a Chanceler alemã Angela Merkel e o Presidente russo Medvedev. Esta cimeira teve como plano de fundo a segurança na Europa. Este é provavelmente o maior “não acontecimento” dos últimos anos da Europa. Pouco havia para delinear nesta reunião que não seja debatido em Lisboa durante a cimeira da NATO e não seria em de Deauville que iria sair qualquer acordo para a segurança da Europa. Mas o brilhantismo do evento deu outro charme à política de defesa europeia que teve a sua “reunião zero” em Deauville. Numa década, a ideia corrente de que a Europa era um novo continente onde o equilíbrio de poder era coisa passada passou de confortável a problema e não é isso que temos. A Rússia desconfia e sempre desconfiará da NATO, principalmente quando ela está a sua porta, o alargamento para Leste da UE também não é coisa que agrada a Moscovo. As demonstrações próocidentais nesta década na Ucrânia e na Geórgia são contra natura (sendo que a Ucrânia já voltou atrás nesses planos), a Turquia cada vez mais longe da adesão intensifica uma política externa independente e de maior importância e cresce economicamente a olhos vistos. Assim, a Rússia quer uma nova

arquitectura de defesa na Europa e será tida em conta no novo Conceito Estratégico da NATO. Não é à conta de mais nada que Medvedev se deslocará em Novembro a Lisboa para a cimeira da organização. Para bem ou para o mal, o novo Conceito Estratégico da NATO vai definir, entre outras coisas, a nova arquitectura da defesa da Europa. Os americanos já negoceiam com russos a colocação de mísseis defensivos em território europeu (depois de Bush ter falhado neste ponto). A Rússia sabe aquilo que pode, e aquilo que consegue, e está hoje na melhor posição para exigir a Europa um novo desenho defensivo que lhe interesse. E à Europa, convém trabalhar junto de Moscovo neste e outras pastas. Mas em Deauville antes da chegada de Medvedev, outra reunião teve lugar.

A cimeira da UE que teve lugar à dias em Bruxelas começou também ela em Deauville. As propostas que Merkel apresentou em Bruxelas sobre as novas regra do PEC até 2013 são perfeitamente plausíveis tendo em conta que é a Alemanha que tem pago a maior factura do fundo europeu que provavelmente chegará

a Portugal para o ano que vem junto com o FMI que mete só um terço do Orçamento deste fundo. Berlim quer regras mais restritas para os prevericadores e quer tirar o direito de voto nas reuniões a quem não cumprir. Percebo bem e concordo. Também percebo que Portugal seja contra esta medida, como Estado médio da UE que somos, ainda é um golpe que levamos, pois somos uns dos maiores prevaricados (os primeiros a passar a barreira de 3% do deficit), vamos perder direito de votos por uns tempos entre este ano e 2013 como a Alemanha quer. Como me dizia o Prof. João César das Neves há tempos, o português é o maior, fomos sempre certinhos nas contas para entrar no Euro, entramos merecidamente, e quando nos vimos lá dentro, regabofe para a frente. É uma coisa muito portuguesa, estudamos, estudamos, estudamos, quando acaba o exame, bebedeira. Este pensamento do Prof. César das Neves é bem patente no fado português. Somos assim. Mas vimos numa comunidade que tem países que estão fartos de nos pagar as contas, e percebo e concordo que estejam fartos. É de lembrar que Merkel perdeu a maioria na Câmara alta do parlamento alemão { custa do “bailout” { Grécia, e percebe-se que já não queira perder mais capital politico à custa de Portugal, entre outros.


O pai do “regresso” da Argentina faleceu vitima de um ataque cardíaco. Nunca fui fã, mas deve ser lembrado como o homem certo no lugar certo. Em 2001 a Argentina encontrava-se numa crise muito mais complicada do que a que vivemos hoje em Portugal. Havia demonstrações na rua em que se gritava “Vão-se todos embora”, j| não havia capital politico em nenhum partido. Em 2003, no meio de uma gigantesca bola de neve politica, Kirchner apareceu e pôs a Argentina a crescer 8% ao ano...é o sonho de qualquer pais. A Argentina é hoje uma das economias emergente à escala global e a “manda-chuva” número dois da América Latina à custa em grande parte do trabalho desenvolvido por este descendente de suíços e croatas da Patagónia, onde foi governador. Acreditava-se piamente em Buenos Aires que em 2012, Kirchner seria candidato novamente para suceder a sua esposa, que por sua vez o sucedeu a ele. As sondagens a isso indicavam. Um misto de república/monarquia que agradava a quem este perto de não ter nada. Eduardo van der Kooy, o director do "Clárin", resumiu o espírito da Argentina assim: "A morte de Néstor Kirchner acrescenta incertezas a um país que já as tinha. Um país que parece destinado a viver entra a tragédia e o drama."

O Iémen e a Somália estão rapidamente a tornar-se nos locais mais perigosos para o ocidente em termos de produção de actividade terrorista. Não é por nada que estes acontecimentos de final de Outubro, com o avião proveniente do Iémen que teve de ser escoltado e aterrado em Londres para ser vasculhado. Não é por nada que os voos do Iémen estão cancelados para a Alemanha e Reino Unido que também cancelou os voos da Somália. Não é por nada que a Secreta saudita avisou a França especialmente que a célula da Al Qaeda no golfo Pérsico está acordada ou em vias de o fazer, as evacuações da Torre Eiffel entre outros. O reforço de segurança pela Europa e pelos EUA fora está iminente por a nova vaga de operações contra o ocidente está a porta. A nova arquitectura de segurança da Europa debatida pela NATO e a cimeira da UE com os EUA em Lisboa terão de ter este assunto na mesa. O golfo Pérsico e o Corno de África tem de passar a fazer parte das preocupações ocidentais e tem de passar para a pasta dos assuntos pendentes urgentes em termos de "intelligence", sob pena de não conseguirmos contrariar a tendência de estes novos paraísos terroristas se tornarem, num futuro próximo, o novo Afeganistão, e com Meca mesmo ali ao lado.



Não há desafios de Portugal que não o sejam também da JP. Luís Pistola

O secretário-geral da

Juventude Popular em entrevista


Mais do que ser um burocrata, um secretário-geral é como um relojoeiro: constantemente a afinar a máquina, a melhorá-la, a aperfeiçoá-la. O que te motivou no desafio da secretaria-geral da Juventude Popular? Quando, em Maio de 2009, aceitei o convite do nosso Presidente para fazer da parte da Comissão Política Nacional, aceitei, por isso mesmo, um nível de maior comprometimento com a estrutura da JP e com o seu crescimento e fortalecimento. O desafio da secretaria-geral aconteceu, precisamente, tendo em conta esse objectivo. É, obviamente, um cargo com um perfil diferente do de vice-presidente, mas creio que devemos procurar a mudança e nunca nos devemos deixar “habituar”. As sedimentações, as habituações (nos espaços, nos tempos, nas ideias e nas pessoas) são em tudo contrárias ao espírito de serviço e disponibilidade para a novidade que defendo que devemos ter sempre que abraçamos um qualquer projecto na vida. Que principais metas e objectivos estabeleceste quando assumiste o lugar? O principal objectivo de qualquer secretário-geral (e de qualquer equipa da secretaria-geral) é sempre o mesmo: o crescimento e o reforço da estrutura da JP.

secretário-geral (e de qualquer equipa da secretaria-geral) é sempre o mesmo: o crescimento e o reforço da estrutura da JP. Mais: é o principal objectivo e um dos principais deveres de cada secretáriogeral. Queremos mais e melhores concelhias, mais e melhores distritais, num esforço de crescimento e reforço do trabalho da nossa estrutura. Não basta crescermos, se ao fazê-lo não procurarmos a excelência, se não procurarmos sermos melhores, mais dinâmicos, mais inventivos do que os nossos adversários. Há depois um objectivo de organização interna e de profissionalização dos procedimentos que me parece essencial para cumprir o primeiro objectivo. Quando sair destas funções quero fazê-lo com a sensação de ter deixado a “casa arrumada”. Para isso é também imprescindível que a secretaria-geral cumpra e faça cumprir todas as obrigações previstas nos Estatutos e Regulamentos da JP. Mais do que facilitar-nos a vida, elas existem para salvaguardar e garantir a legalidade e justiça de todos os procedimentos.

que facilitar-nos a vida, elas existem para salvaguardar e garantir a legalidade e justiça de todos os procedimentos. Sendo mais específico, qual é para ti a melhor estratégia da secretaria-geral da JP para um apoio eficaz às concelhias? Acima de tudo a secretaria-geral deve funcionar na base da proximidade/disponibilidade, servindo como “o descomplicador”. Isto é: identificadas as fragilidades e problemas de cada estrutura (e temos estado a trabalhar nesse sentido) deve a secretaria-geral trabalhar ao lado das concelhias no sentido de retirar essas areias da engrenagem. Para além disso julgo que a secretaria-geral deve apostar cada vez mais no apoio localizado às concelhias: mais do que as grandes campanhas nacionais, estas devem incidir na pequena escala, mostrando o trabalho, as preocupações e propostas das nossas estruturas – assim ganha-se em eficácia e, hoje em dia com a pluralidade de meios e opções gráficas, não é mais oneroso. Quais consideras serem os principais obstáculos à implantação da JP no


Quais consideras serem os principais obstáculos à implantação da JP no terreno? Acima de tudo as pressões das outras forças políticas autárquicas no sentido de bloquearem toda e qualquer oposição. Oiço isso muitas vezes e sei bem por mim o que é ser oposição numa terra onde há uma maioria de outra força partidária – seja ela qual for! São raros os municípios portugueses que cumprem com o estatuto de oposição e que não colocam barreiras à oposição. O recente caso do cancelamento de actividades da JP em Oeiras e em Aguiar da Beira demonstra como – seja no interior, seja no litoral – os nossos filiados e simpatizantes sofrem a pressão da pouca cultura democrática ainda vigente. E isso é verdade quer para a JP, quer para o CDS. Daí que tenhamos hoje uma cada vez mais forte relação de inter-ajuda para a formação de estruturas de ambas as organizações. Quais consideras serem os principais obstáculos à filiação de novos jovens hoje em dia? A juventude tem hoje uma pluralidade de solicitações que as anteriores gerações não tinham. Vivemos também uma época de crise, o que origina o crescente decréscimo de respeito e de confiança na política e nos políticos – quase quarenta anos de promessas feitas ao vento, impunidades e compadrios colocaram o sistema sob suspeita. No entanto não acho que – como muito se ouve dizer – os jovens estejam completamente divorciados da política. O esforço deve de ir no sentido de conseguir captar a atenção para algo que é a base de qualquer sistema político: somos nós que o fazemos. Isto é, se todos nos alhearmos nas nossas responsabilidades e deveres, nunca podemos tentar mudar para melhor – restar-nos-á o sarcasmo amargo. Simplesmente com a pluralidade de solicitações, a política vai perdendo lugares no índice de prioridades. Os nossos maiores inimigos são a difusão de uma ideologia de não comprometimento e de relativismo absoluto (a raiar a indiferença), facilitadora do estado actual de coisas, contra a qual todos nós lutamos no dia-a-dia: são as célebres frases ”são todos iguais” ou “quando l| chegam fazem todos o mesmo”. E hoje os problemas da juventude são – cada vez mais – os problemas de toda a sociedade. Seja o desemprego, a falta de qualidade e desorganização do ensino, as incertezas quanto ao sistema de protecção social, a inversão da pirâmide demográfica, a estagnação da economia e a asfixia fiscal que vivemos, tudo tem um efeito pernicioso na vida dos jovens e no futuro da sociedade portuguesa. Devemos tomá-lo como uma oportunidade!

Queremos mais e melhores concelhias, mais e melhores distritais. Não basta crescermos, se ao fazê-lo não procurarmos a excelência, se não procurarmos sermos melhores, mais dinâmicos, mais inventivos do que os nossos adversários.

esforço deve de ir no sentido de conseguir captar a atenção para algo que é a base de qualquer sistema político: somos nós que o fazemos. Isto é, se todos nos alhearmos nas nossas responsabilidades e deveres, nunca podemos tentar mudar para melhor – restar-nos-á o sarcasmo amargo. Simplesmente com a pluralidade de solicitações, a política vai perdendo lugares no índice de prioridades. Os nossos maiores inimigos são a difusão de uma ideologia de não comprometimento e de relativismo absoluto (a raiar a indiferença), facilitadora do estado actual de coisas, contra a qual todos nós lutamos no dia-a-dia: são as célebres frases ”são todos iguais” ou “quando l| chegam fazem todos o mesmo”. E hoje os problemas da juventude são – cada vez mais – os problemas de toda a sociedade. Seja o desemprego, a falta de qualidade e desorganização do ensino, as incertezas quanto ao sistema de protecção social, a inversão da pirâmide demográfica, a estagnação da economia e a asfixia fiscal que vivemos, tudo tem um efeito pernicioso na vida dos jovens e no futuro da sociedade portuguesa. Devemos tomá-lo como uma oportunidade! Muitas vezes o papel de Secretário-Geral é remetido para um cenário de burocracia e formalidades. Entendes que um Secretário-Geral deve ser muito mais que isso? Julgo que sim. Um secretário-geral deve ser o organizador-mor; isto é, para além de todas as “burocracias e formalidades”, deve também funcionar como elemento facilitador e transmissor entre os diversos órgãos e estruturas da JP. Diria ainda mais: deve funcionar como o braço direito do Presidente e da CPN para a aplicação e execução das linhas definidas, sendo igualmente “o melhor amigo” das concelhias, das distritais, do Gabinete de Estudos e do Gabinete de Relações Internacionais. Mais do que um burocrata, vejo-o como “um relojoeiro”: constantemente a afinar a máquina, a melhorá-la, a aperfeiçoá-la. Posso dizer que o trabalho é infinito! Quais são neste momento as últimas perspectivas de crescimento da JP? Podes adiantar a’O Jovem alguma novidade? Nos últimos tempos – como é público –

Muitas vezes o papel de Secretário-Geral é remetido para um cenário de burocracia e formalidades. Entendes que um Secretário-Geral deve ser muito mais que isso? Julgo que sim. Um secretário-geral deve ser o organizador-mor; isto é, para além de todas as “burocracias e formalidades”, deve também funcionar como elemento facilitador e transmissor entre os diversos órgãos e estruturas da JP. Diria ainda mais: deve funcionar como o braço direito do Presidente e da CPN para a aplicação e execução das linhas definidas, sendo igualmente “o melhor amigo” das concelhias, das distritais, do Gabinete de Estudos e do Gabinete de Relações Internacionais. Mais do que um burocrata, vejo-o como “um relojoeiro”: constantemente a afinar a máquina, a melhorá-la, a aperfeiçoá-la. Posso dizer que o trabalho é infinito! Quais são neste momento as últimas perspectivas de crescimento da JP? Podes adiantar a’O Jovem alguma novidade? Nos últimos tempos – como é público – tem-se assistido a um grande crescimento da JP (bem como do CDS/PP). Temos procurado reforçar as novas estruturas – de modo a que não sejam efémeras – e criar novas. Um dos grandes problemas de termos estruturas eleitas pela primeira vez ou pelo menos pela primeira vez em muitos anos é conseguir que esse esforço se consolide e não caia por terra à primeira dificuldade. Posso adiantar que no Alentejo estamos a trabalhar activamente para o crescimento (e crescemos a olhos vistos!), assim como em Leiria, onde temos reforçado imenso a nossa posição, e também no Ribatejo, onde o objectivo de termos uma Distrital de Santarém já está perto de ser atingido. Tanto na vice-presidência como na secretaria-geral tens sido uma das caras mais visíveis desta CPN. Em termos gerais, como classificas o seu trabalho até agora? Talvez haja essa sensação de maior visibilidade devido a – aquando do Congresso de Guimarães – eu ser uma das caras mais “desconhecidas”da equipa então eleita. A CPN é um órgão plural onde as pessoas fazem o seu trabalho consoante as


caras mais “desconhecidas”da equipa então grande casa da democracia, a lutar pelo seu menos filhos, entram no mercado de eleita. A CPN é um órgão plural onde as futuro e pelos seus interesses. Ora, esse trabalho mais tarde. Os problemas que pessoas fazem o seu trabalho consoante as trabalho tem de ser largamente apoiado e tudo isto levanta ao modelo de Estado que suas áreas e as suas disponibilidades – enraizado na estrutura da JP, porque todos temos são gigantescos. Em causa estão os nunca nos esqueçamos que a JP vive, desde temos a ganhar: o Micha porque nunca sistemas de saúde, protecção social, apoio a base até ao topo, da disponibilidade e perde o contacto com a “realidade” à velhice, etc. generosidade dos seus membros, ao (problema comum a muitos deputados na Cabe à JP e a cada um em particular, aceitarem dar o seu tempo, o seu trabalho e AR), a estrutura porque através dele faz a denunciar o estado de coisas a que se a sua inteligência. sua voz chegar mais longe. chegou e propor as soluções. Enquanto Diz-se sempre que não se deve julgar em estivermos dominados pela ideologia causa própria, mas do ponto de vista geral Que grandes desafios prevês para o socialista na qual vivemos (onde se nivela penso que temos correspondido às futuro próximo da JP e do país e, de que por baixo para as estatísticas serem expectativas da generalidade dos nossos forma, os desafios de um se interceptarão favoráveis), onde se empobrece a militantes. Esta deve ser a CPN que (nos com os do outro? sociedade para assim sermos “todos últimos anos) mais se empenhou no Não há desafios de Portugal que não o iguais”, onde se gasta indiscriminadamente acompanhamento das actividades das sejam também da JP. Permito-me em obras faraónicas de regime sem que concelhias e das distritais, num esforço de seleccionar três dos enormes desafios que isso tenha algum retorno, onde se continue presença e de coordenação nem sempre se nos deparam: a ter medo da iniciativa privada, fácil dada a disparidade geográfica dos seus a) Obviamente que o grande desafio que se continuando a confundir “público” com elementos. Tentamos, sempre que coloca neste momento é o da sobrevivência “estatizado” (na educação, na saúde, na possível, estar presentes, não apenas para de Portugal enquanto comunidade política segurança social), continuaremos a marcar participar, mas para ajudar as estruturas independente. Se há questão que a passo e a ameaçar o nosso futuro. Urge nos seus problemas e dúvidas. O mesmo estagnação económica e crescente mudar e mostrar um caminho diferente que temos feito em relação aos debates e endividamento coloca é a de podermos nos coloque novamente no trilho do conferências para os quais somos continuar a decidir o nosso próprio desenvolvimento, do conhecimento, do convidados – temos feito um enorme caminho. Já se levantam muitas vozes a crescimento. esforço no sentido de assegurarmos a querer um crescente controlo central – ao presença da JP, seja pelos elementos da nível europeu – das contas e das finanças, Queres deixar alguma mensagem aos CPN, seja pelos outros militantes, dandoparticularmente dos países incumpridores leitores d’O Jovem? lhes assim a oportunidade de crescimento dos seus compromissos de redução do Deixar uma mensagem aos leitores d’ O político que uma estrutura deste tipo deve endividamento e equilíbrio das contas Jovem é fazê-lo a mim próprio! Sou vosso dar. públicas, e não sejamos inocentes – se leitor assíduo e acho que são um exemplo Paralelamente a isto temos tentado tornar continuarmos neste “alegre” caminho para para – precisamente – mudar o estado de o nosso trabalho mais visível aproveitando o abismo, seremos vítimas disso, coisas que vivemos. Diria que todos para isso a janela de oportunidade que é transformando-nos numa nação de pusessem os olhos no vosso (nosso) jornal. termos o nosso Presidente na Assembleia segunda no quadro das nações europeias. Que vissem que é possível fazer coisas de da República. O trabalho do Micha na b) Um dos outros grandes desafios que se muita qualidade com meios escassos. Que Assembleia, em especial na Comissão de no coloca é o da qualificação: assusta-me vissem que quando se faz é para fazer bem. Educação não tem passado despercebido e ver o sistema de ensino totalmente Que a qualidade da forma tem de ser tem contribuído para divulgar e dar uma esfrangalhado, dominado pelos sempre acompanhada pela qualidade do projecção inteiramente diferente às “eduqueses”, cada vez mais irracional e conteúdo. propostas da JP. Julgo que é para todos um desconchavado. Sem uma educação de E que resistissem: que sempre que “um” imenso orgulho saber que o Micha tem sido excelência, nunca um país como o nosso Portugal nos desilude, não se esquecessem mais trabalhador do que a soma dos pode vencer os enormes desafios que se lhe que h|, e sempre houve, “outro” Portugal. deputados da JSD e da JS presentes na AR! colocam! E que esse é possível! Com confiança, com E julgo que uma boa parte das novas c) Por fim, o problema demográfico. Somos determinação, com justiça lá chegaremos, filiações e vontade de formar estruturas um país crescentemente envelhecido. Cada sem desanimar com as derrotas, mas advém dos jovens verem “um dos seus” na vez mais as pessoas casam mais tarde, têm aprendendo com elas. grande casa da democracia, a lutar pelo seu menos filhos, entram no mercado de futuro e pelos seus interesses. Ora, esse trabalho mais tarde. Os problemas que trabalho tem de ser largamente apoiado e isto levantaorgulho ao modelo desaber Estado que Julgo que é para todos umtudo imenso que o Micha enraizado na estrutura da JP, porque todos temos são gigantescos. Em causa estão os tem asido do que a soma da temos ganhar:mais o Michatrabalhador porque nunca sistemas de saúde, protecçãodos social,deputados apoio perde o contacto com a “realidade” à velhice, etc. JSD e comum da JS presentes na Cabe AR!à EJP julgo uma boa parte das (problema a muitos deputados na e a cadaque um em particular, AR), a estrutura porque através dele faz a denunciar o estado de coisas a que se novas filiações formar advém dos sua voz chegar mais longe.e vontade de chegou e proporestruturas as soluções. Enquanto estivermos dominadoscasa pela da ideologia jovens verem “um dos seus” na grande democracia, a Que grandes desafios prevês para o socialista na qual vivemos (onde se nivela futuro próximo JP e dofuturo país e, de que por seus baixo interesses. para as estatísticas serem lutar peloda seu e pelos forma, os desafios de um se interceptarão favoráveis), onde se empobrece a com os do outro? sociedade para assim sermos “todos Não há desafios de Portugal que não o iguais”, onde se gasta indiscriminadamente sejam também da JP. Permito-me em obras faraónicas de regime sem que seleccionar três dos enormes desafios que isso tenha algum retorno, onde se continue se nos deparam: a ter medo da iniciativa privada, a) Obviamente que o grande desafio que se continuando a confundir “público” com


Perfil Embora nascido em Lisboa, vive quase desde que nasceu, há coisa de 30 anos, em Ferreira do Zêzere. Licenciado em Filosofia e pós-graduado em Hermenêutica, Linguagem e Comunicação pela Universidade de Coimbra, desempenhou vários cargos na JP a nível local e universitário, até que, em 2009, assumiu a vice-presidência da direcção nacional. Diz ter a graça de ser judeucristão-católico por devoção e fé, monárquico militante e convicto, e do Futebol Clube do Porto porque é o melhor. Eis Luís Pistola. Um país: Portugal Uma cidade: Londres Uma viagem: Goa Um exílio: Amalfi, Itália Um livro: Totalité et Infini, Emmanuel Lévinas Um filme: The Last Emperor, Bernardo Bertolucci Uma música: Samson, Regina Spektor Um político: Winston Churchill Uma marca: Claus Porto Uma bebida: Gin Tónico Uma qualidade: Sentido de humor Um defeito: Distracção


Pedro Vidal é um caso de sucesso. O antigo presidente da concelhia de Águeda, e membro da Comissão Política Nacional, conseguiu o estrondoso feito de se transformar no Presidente de Junta mais novo do país, na freguesia do Préstimo. Recentemente foi eleito para presidir aos destinos da JP no distrito de Aveiro. “O Jovem” foi falar com ele sobre os novos desafios da “sua” Distrital. O que te motivou a assumir uma candidatura à Distrital de Aveiro? Entrei para a Juventude Popular em 2001 na qualidade de militante da concelhia de Águeda, depois disso fui secretário da CPC em 2002, durante os anos de 2005 a 2007 fui membro da CPD de Aveiro presidida pelo Diogo Campos, de seguida assumi a presidência da CPC de Águeda, depois em 2009 fui convidado pelo actual presidente da JP, Michael Seufert a pertencer a CPN da JP entretanto agora em 2010 surgiu a oportunidade de formar novamente uma estrutura distrital da Juventude Popular e após convites de alguns presidentes concelhios da JP, resolvi assumir a minha candidatura a presidência da Comissão Política Distrital pois achei que era o momento de dar um novo rumo a Juventude Popular do Distrito de Aveiro. Tenho uma excelente equipa que me acompanha e que é composta por excelentes quadros da JP do Distrito de

acompanha e que é composta por excelentes quadros da JP do Distrito de Aveiro. Temos todos ideias bem claras e projectos bem definidos que têm como objectivos principais o aumento do número de militantes da JP no distrito bem como a criação de novas concelhias em municípios em que ainda não temos representação da estrutura. Em que condições encontraste a estrutura da JP no distrito, e que metas e objectivos assumiste perante as mesmas? A JP no Distrito de Aveiro passou por momentos difíceis, nomeadamente nos últimos 2 anos nos quais não havia comissão política distrital visto que não tínhamos o número mínimo de concelhias eleitas para que tal pudesse existir. Agora em 2010 e após um excelente trabalho de implantação conseguido pela actual CPN chegámos às 12 CPC eleitas no distrito de Aveiro, factor que permitiu a

actual CPN chegámos às 12 CPC eleitas no distrito de Aveiro, factor que permitiu a eleição da nova CPD. Hoje o nosso principal objectivo é expandir a JP no Distrito de Aveiro. Desde que tomámos posse já realizámos 2 eleições concelhias e temos nesse momento a terceira que é Oliveira do Bairro para eleger já nos próximos dias, com isto, queremos chegar a todos os cantos do Distrito, aumentando o nosso número de militantes e integrando as suas imensas diferenças, tornando-as na sua maior riqueza, elevando o Distrito de Aveiro ao lugar que ele merece. Como avalias, até ao momento, a prestação da Juventude Popular no distrito de Aveiro e no contacto com os jovens? Como referi anteriormente, desde que tomámos posse já aumentámos o número de concelhias eleitas e mais ainda serão


tomámos posse já aumentámos o número de concelhias eleitas e mais ainda serão eleitas a curto prazo. Desde Julho já deram entrada na Secretária Geral da JP mais de 100 filiações de novos militantes da JP do Distrito de Aveiro, demonstrando que o trabalho que temos desenvolvido tem dado frutos. Neste momento estamos também a apoiar os nossos militantes que estão envolvidos nas campanhas para as Associações de Estudantes visto que para nós as mesmas são de fundamental importância para o aparecimento de novos militantes na Juventude Popular. Demos também início agora no mês de Outubro a uma acção que tem como objectivo criticar o governo pelo facto de que o mesmo têm tido 2 pesos e 2 medidas em relação as SCUTS, e cujo mote da nossa campanha é “Porque é que as nossas vias não são do infante”, e como princípio para passar a nossa mensagem utilizámos a nossa página no Facebook, algo que também criámos após a nossa entrada para a estrutura distrital da JP. Sobre as SCUTS, e como forma de expressar a nossa revolta utilizaremos também diversas lonas ao longo das diversas SCUTS que atravessam o Distrito de Aveiro. Que diagnóstico social e económico fazes do distrito de Aveiro? Que problemas e quais as soluções? Infelizmente os problemas são muitos no Distrito de Aveiro. Enquanto Distrito limítrofe do Porto, vivemos sob a atracção de um grande pólo metropolitano, o que naturalmente leva muitos jovens a preferir viver e trabalhar no Porto, acabando por descaracterizar a nossa região dia após dia, mas apesar disso, este não é o nosso maior problema, mas sim a incapacidade cada vez mais saliente nos investidores, nos empresários, e sobretudo nos nosso governantes que não conseguem tornar Aveiro num Distrito mais atractivo para todos, onde em cada concelho fosse possível viver com mais qualidade, onde houvesse cultura e diversão a um nível aceitável e principalmente onde fosse possível trabalhar com qualificação e cuja remuneração reflicta essa mesma qualidade, sendo que para isso, cabe-nos a nós JP apenas procurar abrir horizontes, tais como: Apoiar iniciativas de jovens empresários e empreendedores; Incentivar

tais como: Apoiar iniciativas de jovens empresários e empreendedores; Incentivar a criação de bolsas de emprego qualificado na região; Estreitar a ligação com as autarquias com o intuito de criar condições para que os jovens com capacidades permaneçam na região; Estreitar os laços da região, dos jovens, e das autarquias com a Universidade de Aveiro; Apontar caminhos de políticas orçamentais locais saudáveis e sustentáveis além de procurar dotar a região de Aveiro com quadros políticos capazes de dinamizar e de gerir o distrito a nível autárquico. Foste presidente da concelhia de Águeda e és, actualmente, Presidente da Junta do Préstimo. Em que medida essa tua experiência te ajuda no desempenho das funções de Presidente da Distrital? Ser autarca de uma freguesia como a do Préstimo enriquece qualquer pessoa, principalmente um jovem. Venci as eleições para a minha Junta de Freguesia na segunda vez que fui a votos, sendo que a primeira vez que concorri a presidência da Junta tinha apenas 21 anos. Hoje admito que ser autarca é um dos grandes desafios da minha vida pessoal e política, e claro que a minha experiência autárquica e o simples facto de trabalhar no terreno me ajuda, enquanto presidente da distrital, a entender melhor os problemas de cada terra e será nessa proximidade com as pessoas que vamos apostar. Actualmente a Juventude Popular tem cinco distritais activas. Como avalias a importância de haver estruturas distritais eleitas para o desenvolvimento da JP? A JP tem feito um grande trabalho na procura incessante de novos militantes e na criação de novas concelhias. Temos cinco distritais, mas o nosso objectivo é aumentá-las, bem como o número de concelhias eleitas. Acredito que, no final do nosso mandato na distrital, Aveiro vai ser o distrito com mais eficácia no universo da JP.

sendo que a primeira vez que concorri a presidência da Junta tinha apenas 21 anos. Hoje admito que ser autarca é um dos grandes desafios da minha vida pessoal e política, e claro que a minha experiência autárquica e o simples facto de trabalhar no terreno me ajuda, enquanto presidente da distrital, a entender melhor os problemas de cada terra e será nessa proximidade com as pessoas que vamos apostar. Actualmente a Juventude Popular tem cinco distritais activas. Como avalias a importância de haver estruturas distritais eleitas para o desenvolvimento da JP? A JP tem feito um grande trabalho na procura incessante de novos militantes e na criação de novas concelhias. Temos cinco distritais, mas o nosso objectivo é aumentá-las, bem como o número de concelhias eleitas. Acredito que, no final do nosso mandato na distrital, Aveiro vai ser o distrito com mais eficácia no universo da JP.

Temos projectos bem definidos que têm como objectivos principais o aumento do número de militantes e a criação de novas concelhias em municípios em que ainda não temos representação da estrutura.


Outubro foi todo ele, no Brasil, dedicado às duas voltas das eleições presidenciais que levam ao Palácio do Planalto o sucessor de Lula da Silva a 1 de Janeiro de 2011. Uma eleição complicada fosse quem fosse o vencedor. Lula da Silva entra nos últimos dois meses de mandato com uma taxa de aprovação de cerca de 80%, o que é absolutamente estrondoso. Mas o problema para o novo presidente não vem só de Lula. Nos últimos 16 anos, o Brasil foi gerido por dois presidentes muito diferentes (Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva) provenientes de dois partidos diferentes, os maiores do Brasil, PSDB e PT respectivamente. Mas o que estes dois presidentes partilham foi a sua projecção mundial, que foi de grande valor para o Brasil quando a sua economia passou a ser vista com uma das maiores do mundo em potência. Nem Dilma Rousseff, nem José Serra seriam/serão para o Brasil aquilo que os dois últimos presidentes foram e isso vai penalizar as ambições brasileiras no palco internacional. Mas, como o povo é soberano, e Dilma Rousseff é a nova presidente, o problema é duplo. Se podíamos dizer que José Serra tinha uma enorme experiência, quer legislativa, quer executiva, tendo percorrido o caminho de Deputado Federal, Senador, Prefeito e Governador, Dilma Rousseff foi a eleições pela primeira vez na vida neste mês de Outubro. A "menina" de Lula da Silva fez um trajecto muito ligado a pastas da energia, quer localmente no Rio Grande do Sul quer a nível federal nos governos Lula, até que este a passou para Chefe da Casa Civil, um dos mais importantes postos do Governo Federal brasileiro. Assim sendo, Dilma vai pegar numa economia emergente com 180 milhões de pessoas e com uma maioria clara na Câmara de Deputados mas muito fragmentada entre os 10 partidos que lidera numa plataforma de coligação e uma batalha crescente entre o seu partido PT, e o partido número dois PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) que tem quase tanto peso na coligação com o PT e tem o seu presidente como Vice-Presidente do Brasil e número dois de Dilma Rousseff. Mas nem tudo é mau em Dilma. Nem sequer pego pelo passado de Dilma, que alguns apelidam de terrorista levianamente, e vou directo ao assunto: bastou ouvir o discurso de vencedora de Dilma na noite de 31 de Outubro para perceber em que saco metemos esta “esquerdalha” brasileira. Tal como Lula, que aprendeu à terceira como se ganha eleições, Dilma tem um discurso muito mais

responsável e institucionalmente muito parecido com a direita sulamericana (que na nos termos Europeus, não existe virtualmente) de Sebastián Piñera do Chile ou de José Manuel Santos da Colômbia do que o discurso revolucionário, ou bolívar de Hugo Chávez da Venezuela, Evo Morales da Bolivia ou de Rafael Correa do Ecuador. Já José Serra, mesmo como perdedor, fez no seu discurso de derrotado algumas considerações que merecem que ele não seja esquecido no dia seguinte da eleição. Podemos começar por estipular que José Serra, embora óptimo gestor, é péssimo candidato. Não tem carisma, não sorri, é forçado. E isso conta, especialmente num país como o Brasil. Além de não ser de direita, coisa toda a gente parece achar que ele é, recai muito no eleitorado de direita brasileiro que não é pouco. O espectro político brasileiro é muito de esquerda, como a maioria dos eleitores, havendo espaço para alguma direita que vê no partido de Serra, o PSDB (Partido Social Democrata Brasileiro), o partido grande mais próximo do seu espectro. E de dentro do PSDB, ele é capaz de ser da ala mais à direita. Recordo que Fernando Henrique Cardoso, presidente pelo PSDB, era considerado mundialmente um reformista da esquerda como foram os seus contemporâneos Bill Clinton e Tony Blair, portanto pode-se ver de onde nasce este partido brasileiro. A campanha de Serra, que já tinha perdido em 2002 para Lula, sempre foi vista como a de maior probabilidade contra Dilma, mas na noite de 31 de Outubro, no seu discurso ele disse que era um até já, e que não ia embora. Ora José Serra já conta com 68 anos e terá pela frente em 2014 (quando ter| 72) o “menino bonito” do PSDB, Aécio Neves ex-governador de Minas Gerais e este mês eleito senador. Aécio é neto do ex-presidente do Brasil Tancredo Neves e tem um grande apoio quer populacional quer partidário. José Serra pode ser aquele tipo que não sabe quando desistir, e pode ser humilhado em vez de ter uma saída graciosa. Desta eleição saímos com umas ideias do que será o Brasil próximo. Muito na onda da presidência Lula, com um menor papel internacional, que terá de ser contra balançado muito bem com uma forte política interna de segurança e de emprego, para que Dilma não tenha problemas em 2014, quer à direita nas eleições, quer no próprio PT com Lula que, pode querer jogar para Secretário Geral das Nações Unidas, mas pode voltar para o Planalto em 2014 caso Dilma não tenha bons resultados. Lula explorou a hipótese de tentar encontrar forma de contornar a Constituição e ir para um segundo mandato tal como Uribe na Colômbia, mas teve o bom senso que Uribe não teve e quando viu a contestação que iria ter na imprensa e na Câmara de Deputados, indicou Dilma.


Numa altura em que a preocupação com o peso da administração pública e a necessidade de reduzir a respectiva despesa começa finalmente a tomar lugar, tem indubitavelmente que tomar palco político a reforma do mapa administrativo português, ao contrário do que anunciou recentemente o Secretário de Estado da Administração Local. De facto, e apenas a título de curiosidade, o mapa administrativo de Portugal remonta ao século XIX, tendo sido reflexo da reforma introduzida por Passos Manuel que, na altura, diminuiu o número de concelhos de 817 para 351. Neste momento, Portugal está decomposto em 308 municípios, cinco dos quais com apenas uma freguesia (S. João da Madeira, Alpiarça, Barrancos, Porto Santo e São Brás de Alportel). O concelho com maior número de freguesias é Barcelos (89). Ora, dificilmente o país resolve os seus problemas de consolidação orçamental sem mexer no seu mapa administrativo, que está completamente desajustado da realidade. Idealmente, este deveria tender a ajustar-se às dinâmicas demográficas, às estruturas de povoamento e à evolução do uso do solo. Como é possível acreditar numa divisão administrativa que não reconhece as mudanças registadas nas últimas décadas e que, claramente, não responde às alterações que se podem perspectiva para os próximos 30 ou 40 anos? Reflicta-se se faz sentido manter freguesias que têm hoje menos 60 ou 70% da população que tinham há algumas décadas atrás? Reflicta-se na lógica que impera em alimentar a divisão do território português em 4259 freguesias, quando estas vêem cada vez mais reduzidas as suas responsabilidades, por opção dos municípios e à luz do que prevê a legislação em matéria de delegação de competências para as juntas e transferência de respectivas verbas. Impõe-se portanto uma substancial redução do número de freguesias e de concelhos, numa perspectiva de maior eficiência e melhor utilização dos recursos disponíveis. Mais do que apenas fusões, esta reorganização deveria contemplar também a ponderação do mapa

distrital que, objectivamente apenas serve fins eleitoralistas. Também a figura do governador civil, com um por distrito, tem que ser repensada. Desde 2002 que estes têm perdido competências, sendo transferidas para os municípios. Será que se justifica manter estas estruturas, directamente ligadas à representação local do Governo? Uma das consequências do actual mapa administrativo resulta, por exemplo, na duplicação e/ou subaproveitamento de infra-estruturas municipais. Vejam-se as piscinas ou os pavilhões desportivos que cada concelho ou freguesia exige, ainda que não disponha de população suficiente para os rentabilizar. Não seria menos dispendioso para o contribuinte a fusão de algumas freguesias? Não levaria a uma melhor qualidade de vida do cidadão a existência, por exemplo, não de duas extensões de saúde em freguesias vizinhas mas apenas de uma e com o acréscimo nas condições de atendimento que seria possível levar a cabo com esta optimização de meios? A fragmentação nas estruturas locais tal e qual se verifica hoje, leva a uma perda de escala e consequente diminuição da capacidade reivindicativa o que, apenas beneficia a administração central. Além disso, as questões ligadas ao factor de identidade e à história das povoações, leva a que a tentativa de mexer nestes sentimentos de pertença torne este assunto politicamente melindroso. Conjuntamente com a necessidade de se manterem alguns cargos políticos como o do governo civil, estas resultam nas verdadeiras razões para não se mexer no mapa administrativo português. Mas afinal de contas, o desígnio nacional por estes ventos não era o corte na despesa? Haja então real coragem política!


Estes últimos tempos têm sido marcados por acesas discussões orçamentais. É um tema alvo de muitas considerações, mas prefiro nem sequer pensar mais neste assunto. Todos os dias os órgãos de comunicação social inundam-nos com pesarosas notícias e, independentemente da aprovação ou não do orçamento de Estado, temos que nos mentalizar que é hora de” apertar o cinto”: muitos dos que estavam no limiar da pobreza vão viver na miséria e os ricos vão ter que se acautelar porque o dinheiro não estica. Poupem-no porque não saem ilesos a estas medidas orçamentais. Este mês prefiro dedicar-me ao meu concelho: a Maia. Iniciou-se o Outono e uma polémica caricata em torno da candidatura de Fernando Nobre às eleições presidenciais de 2011. Acerca de duas semanas vivia-se na Maia, por parte de alguns cidadãos, um clima de excitação e alegria, estabelecendo-se objectivos de que o nosso concelho seria aquele onde Fernando Nobre atingiria o melhor resultado a nível nacional. Falava-se, inclusivamente, na possibilidade de abertura de uma sede de candidatura no concelho da Maia. Contudo este júbilo primitivo rapidamente se tornou numa inimizade quando estes cidadãos, respeitados na vida maiata, se viram “convidados” a acabar com a sua colaboração numa candidatura encarada por eles como pacífica, distinta, supra-partidária e regida pelos princípios da boa fé e dos bons costumes. Dizem as más-línguas que tal acto é uma consequência que se deve aplicar a quem maltratou publicamente o candidato, embora os visados entendam

que fizeram, simplesmente, críticas construtivas ao rumo que a campanha estava a tomar e que tal não poderia originar uma censura como a que foi feita, pois os seus actos de colaboração foram apagados como se nunca tivessem existido. Agora eu pergunto a estes injustiçados: estão desiludidos? Temos muita pena. Os cidadãos maiatos também estão desiludidos com os senhores. Em vez de se preocuparem em “lamber botas” a candidatos presidenciais, que tal se preocuparem com projectos que caem no vosso esquecimento, mas não caem no nosso? Projectos como o Parque Maior que consiste numa requalificação urbana. Ainda não percebi que requalificação houve. Foi prevista a demolição do Bairro do sobreiro por ser tecnicamente irrecuperável, mas não me parece que essa seja a única estrutura irrecuperável. Mal se avista a Maia, avista-se uma obra bem interessante com pinturas modernas e frequentada por pessoas singulares. Previu-se a construção de um Hospital Privado e de uma grande praça de espectáculos. Onde é que eles estão? A única praça que eu vejo onde decorrem alguns espectáculos é a praça do município. Mas o que eu considero grave é a despreocupação com o esqueleto de betão das piscinas olímpicas, pois o projecto Parque Maior teria a sua 1º fase precisamente aí. Era algo imprescindível e a fazer de imediato. Três anos passaram e nada vejo. Estão desiludidos porque vos atraiçoaram numa campanha? Sentem-se enganados? Olhem bem para as vossas acções antes de criticarem as dos outros, porque o povo maiato sente-se enganado por vocês.



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