AFETAÇÃO MARCIAL - Uma reportagem em série por Sérgio Francisco

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AFETAÇÃO MARCIAL UMA REPORTAGEM EM SÉRIE POR SÉRGIO FRANCISCO

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e início, é preciso esclarecer o que me motivou a pesquisar, realizar entrevistas com indivíduos cruciais para a matéria e, a partir daí, redigir a reportagem serializada que o leitor tem em mãos. Pode-se dizer que as razões móres para a realização deste trabalho se deve tanto a minha participação em corporações marciais, no colegial, quanto a uma análise pessoal e sociológica do meio. Isso porque algo me chamava muito a atenção: a paixão impressa àquele fazer artístico por parte de quem constantemente costuma ser segregado pela arte musical e marcial. Algo não muito raro para um fazer artístico principiado e retroalimentado pelo militarismo e pela idealização dos papéis de gênero bem delimitados. A ideia, portanto, era entrar em contato com pessoas que, quer fossem homens ou mulheres, atuassem em locais que se convencionou a atribuir ao sexo oposto. Em outras palavras, a intenção primeira era contatar, por exemplo, mulheres que atuassem como maestrinas, mores ou comandantes, lugares estes delegados majoritariamente à figura masculina, ou mesmo entrevistar garotos que atuassem como balizadores, um papel naturalmente relegado à imagem feminina – à figura da baliza. Assim, então, se fez. Comecei a buscar tanto quanto possível pessoas que atuassem como fontes pessoais, de modo a ilustrar a reportagem; quer fossem elas conhecidas minhas ou amigas de amigos. Admito que não foi uma tarefa fácil. Isso porque, a depender da função que a pessoa exerça, o número de integrantes marciais que desempenham aquele papel pode, ainda hoje, ser muito pequeno, dificultando, assim, o acesso com dadas fontes. Foi o caso, por exemplo, do contato com Carla Mônik e Yracema Bion, respectivamente mór e maestrina. Ambas, muito atarefadas, só puderam ser entrevistadas via mensagens pelo WhatsApp. Além do fator agenda cheia, com Mônik, em virtude da sua vergonhice exacerbada, o contato foi ainda mais dificultoso. Após longas investidas da minha parte, a comandante, agora ciente de que a sua participação era fundamental para a execução do trabalho, topou ser entrevistada. Ainda que por vezes fornecendo respostas monossilábicas, foi possível extrair da mor boas informações e depoimentos que figuram ao longo das próximas páginas. Em contrapartida, o contato com Aramis Ribeiro, o balizador que soma enormemente à reportagem em questão, não poderia ter sido melhor. O motivo você, leitor, está prestes a descobrir.

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