Marcador 3.ª Edição - Caminhos para o Futuro

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Periódico de Opinião Mensal da JSD Distrital de Bragança

Caminhos para o Futuro

NESTA EDIÇÃO

Por: JSD Distrital de Bragança

O Ensino e o Interior- p2

A 3.ª edição do Marcador traz-nos a opinião do Prof. Dr. Paulo Reis Mourão, Doutorado em Economia, autor de várias dezenas de artigos científicos e de vários livros focados na Economia, nas Finanças Públicas, na Economia Social e na Economia do

Indicadores do Presente, Caminhos para o Futuro - p3 Ser JSD com Ana Cavaleiro - p7

Desporto, presença assídua nos meios de comunicação social nacionais e internacionais, contando com vários prémios de

JSD Vimioso - p8

reconhecimento científico, e orador do evento "Indicadores do Presente, Caminhos para o Futuro". Nesta edição vamos também ficar a conhecer melhor a concelhia de Vimioso e a sua Presidente, Ana Cavaleiro.

PRÓXIMOS EVENTOS

06 fevereiro - Macedo de Cavaleiros

Reunião CPD Alargada 10 fevereiro - Vinhais Conselho Distrital


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"... a nova terra de oportunidade não é além-mar, mas sim, para cá do Marão." recebemos o Prof. Dr. Paulo Reis Mourão na iniciativa “Indicadores do Presente, Caminho para o Futuro”, na Biblioteca Municipal de Alfândega da Fé. Com uma sala preenchida e envolvida no tema, compreendemos que a economia transmontana cresce, mas cresce pouco, tendo os seus picos anuais associados aos momentos de maior afluência turística, acompanhando os ciclos económicos do restante País.

Crescer mais, combater o Preconceito Por: Paulo Afonso Presidente da JSD Distrital de Bragança A Economia e a avaliação do crescimento económico foram o epicentro da nossa análise, no último mês. Habitualmente, Portugal tende a desvalorizar as variações económicas. Facilmente, desvalorizamos os abrandamentos económicos, como nos contentamos com um crescimento anémico, festejando efusivamente quando a económica cresce 0,4%, tal como aconteceu em 2016. No entanto, um País que saiu de um ciclo de recessão e que procura convergir com a restante Europa não pode contentar-se com um “poucochinho” de crescimento económico, deve, isso sim, ambicionar crescer mais que a média europeia, para conseguir ser mais competitivo. Se o PIB per capita Português é cerca de 80% da média europeia, então devemos procurar crescer mais que a média europeia para atingirmos os patamares dos Países mais desenvolvidos da Europa. Mas se este é o cenário de Portugal face à Europa, qual o cenário de Trás-os-Montes (TTM) face ao resto do País? Dedicados a compreender os ciclos económicos e a evolução da economia do nosso distrito, foi com bastante satisfação que

Ora, graças à intervenção do nosso convidado, autor do Índice de Economia de Trás-os-Montes (IETI), compreendemos que o mal de Portugal face à Europa, é o mal de Trás-os-Montes face a Portugal – crescemos, mas crescemos pouco. Sendo uma região que se encontra menos desenvolvida que o restante País, não pode TTM crescer o mesmo que o país, mas deve ambicionar crescer mais que o País, de forma a conseguirmos encontrar uma convergência económica nacional e, assim, promover uma verdadeira coesão territorial. E como o conseguimos concretizar esse desígnio? Combatendo o preconceito associado aos “territórios de baixa densidade”. É fruto deste preconceito que os investidores portugueses se têm afastado do nosso distrito, pois fundamentam as suas escolhas numa imagem “fantasmagórica” do Nordeste Transmontano, uma imagem preconceituosa de desertificação, de isolamento e de inexistência de recursos técnicos, humanos e materiais. É essa imagem, tão preconceituosa e tão desfasada da realidade, que tem comprometido o crescimento de TTM e a coesão Nacional. Assim, os nossos esforços devem centrar-se em combater este preconceito e mostrar que a nova terra de oportunidade não é além-mar, mas sim, para cá do Marão. Um caminho para o Futuro que conseguimos antecipar graças aos indicadores do Presente.


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" (...) mostra que não tem existido o tal ciclo alavancado que a região precisa(va) para crescer mais do que os espaços vizinhos de modo a convergir com eles." mais uma vez, um janeiro onde os agentes económicos retraem as despesas e onde, sobretudo, a região – apesar do surgimento das ‘Feiras gastronómicas’ vocacionadas para o fumeiro que tão bem sabe nestas alturas – vê menos turistas a circular.

Indicadores do Presente, Caminhos para o Futuro Por: Paulo Reis Mourão Professor do Departamento de Economia da Universidade do Minho Tive o prazer de ser convidado para o encontro “Indicadores do Presente-Caminhos para o Futuro” que decorreu no Auditório da Biblioteca Municipal de Alfândega da Fé no passado dia 19 de janeiro. O Auditório teve a visita de um painel assistente numeroso e atento numa noite fria de janeiro como a que então se verificou. Revi diversos amigos que me presentearam com a surpresa da sua presença e fiz muitos outros amigos que não começo a detalhar com receio de inoportunidade. O tópico da Palestra que me tinha sido proposto pelo Paulo Afonso (JSD/Bragança) é um tópico complexo. Surgiu no foco que vários órgãos da comunicação social regional e nacional deram ao Índice da Economia de Trás-os-Montes e Alto Douro (IETi) que venho desenvolvendo há um ano e meio. Este índice recolhe a opinião de um painel representativo da diversidade de agentes económicos da região e avalia a perceção sobre a evolução mensal de três dimensões preponderantes para a aplicação dos Rendimentos dos habitantes dos distritos de Bragança e de Vila Real: gastos em consumo, despesas de investimento e fluxos de turismo. O valor mais recente do Índice mostra,

A Figura (página seguinte) mostra a evolução do Índice da Economia de Trás-os-Montes e Alto Douro até janeiro de 2019. Fazendo uma leitura de ciclo anual, é possível verificar-se que o período entre Março e Agosto corresponde a um momento onde a região apresenta crescimento nas três rubricas observadas (gastos das famílias, obras e investimento, e remessas do turismo). No entanto, no período remanescente os valores mostram decréscimos mensais, com a exceção do pico das semanas em redor do Natal. Numa análise mais generalizada, podemos constatar que a região não difere significativamente do resto do país avaliado pelos indicadores disponibilizados pelo INE sobre o ciclo económico nacional o que nos pode motivar a uma discussão mais alargada. Se, por um lado, a região tem um ciclo simultâneo com o do país – muito por força do esforço balanceador das remunerações dos empregados no setor público que não tem uma disparidade oficial com os colegas das outras regiões (o que ajuda a explicar a referida coincidência dos ciclos) – por outra via mostra que não tem existido o tal ciclo alavancado que a região precisa(va) para crescer mais do que os espaços vizinhos de modo a convergir com eles. Por outra via, o ciclo percebido para a região mostra que os rendimentos particulares estão muito


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A Figura 1 mostra a evolução do Índice da Economia de Trás-os-Montes e Alto Douro até janeiro de 2019. dependentes do ciclo do Turismo com as vicissitudes que eu tenho apontado e que o Auditório recolheu com especial atenção. Pois o Turismo – que parece ser a panaceia para muitos opinadores no nosso país e na nossa região – tem uma determinada essência de ‘transitoriedade’, isto é – de passagem. O Turista chega, visita e vai embora. Muito da receita mal chega – palavras de operadores turísticos que mas fizeram chegar – para compensar os custos em preparação e limpeza das ações turísticas. O ideal seria que o Turista virasse Investidor. Que encantado pelo Reino Maravilhoso deixasse não as ‘migalhas’ de uma tarde ou de um almoço bem regado mas a significância de um investimento que trouxesse desenvolvimento, emprego e bem-estar para a região. Com a gravidade que muito do lucro do Turismo da região é processado e aplicado pelas sedes litoralizadas dos Operadores Turísticos noutras regiões. Portanto, a mais-valia é escoada para outras paisagens e paragens. Além da discussão em torno do IETi, outros pontos de Desenvolvimento Regional foram focados no debate que se seguiu. Um desses pontos prendeu-se com as Causas para a atual situação de abandono/esquecimento da região (aliás, estou a preparar um pequeno Ensaio sobre o Desenvolvimento Regional do Interior titulado ‘A Economia do Esquecimento’) mas também outros itens foram colocados no debate, nomeadamente os referidos ‘Caminhos de Futuro’. A meu ver, o atual Estado do Desenvolvimento assimétrico do nosso país tem um Triângulo de responsáveis: a Educação, o Processo de Políticas seguidas e os Valores dos mais jovens. Passo a detalhar. A Educação ensina-nos a gostar ou a não gostar.

Se os programas escolares (desde o préescolar até ao Ensino Obrigatório e ao Ensino Superior) valorizassem as realidades de todo o país, mostrando imagens de satisfação, progresso e confiança no futuro de todas as regiões, decerto umas não seriam preferidas a outras. Mas não! Por exemplo, quando desfolho o manual de Português do 4º ano do meu filho mais novo não encontro as temáticas rurais ou as fábulas tão cândidas que eu lia no meu manual há 35 anos. Posso tentar compensar – como o tento – com mil e uns recursos que mostrem uma vida do nosso Interior que os manuais de hoje não mostram. Mas se todos remassem para o mesmo lado o barco tinha uma direção mais definida… O outro vértice prende-se com o Processo de Políticas seguidas.


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"Aliás, a própria região – espaço de acolhimento histórico de judeus, galegos, castelhanos – tem sido uma Mãe que não esquece. Portanto, sejamos Filhos da Presença e não enteados da Memória." Durante 40 anos, por cada escudo ou euro investido em Trás-osMontes investia-se 20 vezes mais no resto do país. Quando a região valia um décimo (até em termos demográficos) como explicar este desequilíbrio? Tenho uma explicação violenta – preconceito. E acuso-o sem dúvidas – o país é preconceituoso para com a região, vista com olhares de sobranceria como algo irremediavelmente desligado dos progressos da modernidade. O curioso é que no atual século XXI onde tantos canais deveriam reduzir estas ideias-feitas- e profundamente injustas com o efetivamente observado na região que evoluiu em conforto, qualidade de vida, longevidade dos residentes e acessibilidade digital – esses preconceitos não reduziram. Pois por mais que os cálculos mostrem a exequibilidade e a lucratividade das ideias de negócio que poderiam florir no nosso Interior, outros acabam por ganhar concursos e receber atenções prioritárias. Outras marcas do preconceito – o reduzido/insignificante valor de Ministros ou Secretários de Estado naturais ou residentes na região nos mais recentes Executivos de São Bento. Finalmente, os Valores dos mais jovens. Estamos a preparar as novas gerações – nas nossas instituições de Ensino Superior – para uma qualificação ímpar na nossa história e no entanto o mesmo esforço está a tirá-los das origens e a trazê-los para uma concentração nas faixas litoralizadas do país – e nem sempre com garantias de sucesso pessoal. Em relação aos Caminhos de Futuro, é necessário que a região e os seus habitantes compreendam a necessidade de estabelecerem uma Estratégia de Desenvolvimento. Em primeiro lugar, a figura do Imperativo Categórico – cada um deve fazer o melhor pela região se se interessa realmente por ela. Muitas vezes, ficar e apostar na região é o melhor para a desenvolver. Poderíamos ser marinheiros como a lenda do Sinbad mas preferimos para a região aqueles que nela ficam, mesmo longe dos holofotes de outras paragens. Em segundo lugar, é necessário que a região coloque as pessoas certas nos lugares de decisão certos, seja em Lisboa, no Porto ou noutros espaços. Os sucessivos erros de

‘casting’ tem conduzido a esta aparente perda de influência da região na captação de investimento público, atenção e até desenvolvimento potencial. Em terceiro lugar, os concelhos realizarem sinergias na captação de investimento e de empregos, gerando Agências regionais de desenvolvimento que já deveriam estar em operação e não ainda em debate. Finalmente, convidar quem interessa para virem ter connosco – não só o Turista da Trofa ou de Vila Franca de Xira mas o investidor (também) do Japão, da Lituânia ou do Reino Unido. Por vezes, quem está mais longe, consegue fazerse mais Próximo. Aliás, a própria região – espaço de acolhimento histórico de judeus, galegos, castelhanos – tem sido uma Mãe que não esquece. Portanto, sejamos Filhos da Presença e não enteados da Memória.


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fosse uma inspiração para os que me acompanham hoje e para os que amanhã darão continuidade ao trabalho feito pela JSD Vimioso nos últimos 10 anos.

"muitos dos empregos que os nossos alunos terão ainda não existem (...) O mundo está em constante mudança e a mudança é a constante!" Ser JSD com Ana Cavaleiro Presidente da JSD de Vimioso Ana Marisa Rebelo Cavaleiro do Bento, nasceu a 20 de julho de 1989 e é natural de Vimioso. A sua atividade profissional é ligada às artes, especificamente na área da música. É militante da JSD desde 2011 e foi, inicialmente, presidente da mesa do plenário concelhio, assumindo a liderança da JSD Vimioso no mandato de 2016/2018 e 2018/2020. É vice presidente da distrital desde 2015 e, atualmente, é também conselheira nacional da JSD. O que te motivou a entrar na JSD? Inicialmente filiei-me no PSD. Não procurei a militância. Veio ao meu encontro pelas mãos de uma amiga com quem aprendi e ainda aprendo a viver a política. A JSD veio depois, por condição da idade. Não houve nada específico que me motivasse, além do interesse pela causa pública. Quando me filiei, Vimioso não tinha, nem nunca tinha tido, uma estrutura ativa. Por isso, era mais um dos locais onde a JSD não era conhecida pela maioria dos jovens. Entendia-se, por JSD, um grupo de jovens que “abanavam bandeiras” nas campanhas eleitorais – ainda vai haver alguém que, ao ler isto, há-de perguntar: “E não são?”. Não, não somos. Hoje, posso dizer que foi a JSD que me ensinou a fazer política. A falar às pessoas, a ter o direito de dar um contributo para tornar o mundo num lugar melhor, a saber que a política é praticada de nós para outros. Não posso dizer que fui motivada por alguém ou por alguma coisa a fazer parte da JSD, mas brevemente sairei a saber que contribuí para que outros conhecessem a JSD e para que a nossa forma de fazer política

Que desafios tens encontrado na liderança da JSD Vimioso? O grande desafio é sempre envolver os jovens. As pessoas acreditam cada vez menos na política e isso traz consequências. Em meios pequenos, como o concelho de Vimioso, estas consequências notam-se de forma mais acentuada. Aos olhos da população, os agentes políticos não veem a política como uma ferramenta para construir um mundo melhor para todos, mas sim para construir um mundo melhor para cada um. A mudança de mentalidade é não só o maior desafio da JSD Vimioso, como o de todos os agentes políticos. Que visão tem a JSD Vimioso para os jovens Vimiosenses? Num concelho onde a taxa de mortalidade é muito superior à da natalidade, não poderemos querer mais do que ajudar a que os poucos jovens que temos tenham a melhor qualidade de vida possível. Queremos que vivam numa sociedade justa, com direito à igualdade de oportunidades. Que vejam em prática a possibilidade de completar o ensino obrigatório junto da sua família. Que tenham acessibilidades condignas. Que tenham condições para poder fixar-se na sua terra Natal. Que planos tem a JSD Vimioso para continuar a Marcar o Futuro? Continuar a ser JSD será sempre a melhor forma de Marcar o Futuro. Qual a melhor memória que a JSD te deu? Não consigo falar da JSD de uma forma meramente institucional. Para mim, a JSD é uma parte da minha família, esteve presente em momentos marcantes da minha vida. Não quero particularizar nenhuma memória, por isso vou descrevê-las, a todas, com algumas palavras. Assim, os que não partilham comigo estas memórias podem dar asas à imaginação. E àqueles que estiveram lá conseguirei de certeza arrancar um sorriso. Alegria. Emoção. Congressos produtivos. Aprendizagem. Caminho p’ra Fátima. Amizade. "A JSD deu-me muito e por muito que eu viva, eu nunca vou conseguir retribuir".


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Envia-nos as tuas sugestões, comentários e mantém-te em contacto: distrital.braganca@jsd.pt /JSDDistritalBraganca @JSDDistBraganca JSD Distrital Bragança jsd.distrital.braganca/ 91 77 986 71 91 77 986 71


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