MAIO.2020 EDIÇÃO ESPECIAL - PANDEMIA COVID-19
Periódico de Opinião da JSD Distrital de Bragança
Acreditar no Futuro
Este é o novo lema que guiará o futuro da JSD Distrital de Bragança e da sua equipa para o biénio 2020-2022
NESTA EDIÇÃO
Mensagem de Abertura:
Artigo de Opinião de:
Entrevista a:
Carlos Rodrigues
Prof. Dr. Paulo Mourão
Prof. Dr. Orlando Rodrigues
(Presidente JSD Distrital Bragança)
(Departamento de Economia U.M.)
(Presidente IPB)
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O Poder Local na Pandemia
Carlos Rodrigues (Presidente JSD Distrital Bragança)
Nas situações mais gravosas temos por costume valer-nos dos mais próximos. Os mais próximos durante esta Pandemia foram mesmo os agentes do Poder Local. Muitas Câmaras e Juntas de Freguesia assumiram, durante este período difícil, um papel fundamental e até exemplar no que toca à preocupação com as suas populações. Sempre com mais vontade do que meios, os nossos autarcas souberam mais uma vez estar à altura do momento. Um pouco por toda a parte fizeram surgir importantes iniciativas de apoio social e económico e demonstraram mais uma vez a importância que o Poder Local desempenha na organização política e social do país! Deixo uma palavra de apreço público a todas as mulheres e homens que desempenham funções no Poder Local e que vendo mais uma vez as suas responsabilidades aumentadas, souberam estar à altura.
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Pági na 3
Notas Económicas sobre o COVID19 na região Prof. Dr. Paulo Reis Mourão (Departamento de Economia da Universidade do Minho) Autor do IETI – Índice da Economia de Trás-os-Montes e Alto Douro
Ao longo destes dois meses de convívio com o COVID19, a região transmontana e alto duriense apresenta meio milhar de infetados, 100 recuperados e 38 óbitos. Os dois distritos tiveram fases de contágio comunitário, familiar e institucional. Aliás, existe uma certa responsabilidade nesta última forma de contágio – o institucional – pois nalguns municípios foi responsável pela quase totalidade de casos até agora reportados. Exijo uma atenção especial nesta forma de contágio pois demonstra uma necessidade futura de tais casos serem minimizados numa região que à partida apresenta uma população de risco maior, concentrada nas faixas que se tocadas pela pandemia terão maior probabilidade de risco de desenvolvimento de complicações que poderão ser fatais.
Em termos económicos, o Índice da Economia de Trás-os-Montes e Alto Douro, que venho desenvolvendo há dois anos e meio mostra uma quebra de 80% dos valores de há um ano e o segundo mês consecutivo de quebra. Este índice resulta de uma auscultação representativa da população residente nos dois distritos sobre a percepção que têm em relação aos gastos, às obras em redor e em relação ao turismo. Portanto, uma quebra de 80% mostra que, no geral, em cada 5 transmontanos que mostravam optimismo na evolução daquelas 3 dimensões há um ano, agora 4 mudaram a sua resposta para valores negativos. Significa que na prática todos sentiram que existe menos vida económica – e como reflexo, menos dinheiro – a circular nas ruas da região.
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Se a maioria de nós está a ler estas linhas com saúde, significa que pertence ao grupo maioritário de portugueses que com responsabilidade e com alguma sorte não foi contagiado pelo COVID19 (ou que se o foi, é assintomático…) De qualquer modo, resultado de robustez pessoal mas também reflexo da responsabilidade de todos os que estabeleceram algum contato de proximidade física nestes dois meses – desde os nossos familiares, vizinhos até comerciantes com que nos cruzámos. Obviamente, também reflexo das medidas diversas aplicadas ao país. Portanto, esta primeira leitura obriga ao reconhecimento desse sucesso relativo que cada um conseguiu à data. A segunda leitura olha um pouco mais longe. Quando olhamos para as várias regiões do país, percebe-se que os ritmos de contágio exponencial – de base comunitária – que aconteceram por exemplo no litoral norte – não se observaram em Trás-os-Montes e Alto Douro. Confesso que receei tal evolução quando um Lar em Vila Real foi responsável, sozinho, por quase 100 casos de infetados. Mas, felizmente, com a intervenção de muitos e- obviamente com muita responsabilidade dos infetados e dos familiares – a situação não ‘explodiu’ (que neste contexto significava a duplicação em cada 3 a 4 dias). Como o tal ritmo exponencial não passou o Marão, poderíamos hoje perguntar o porquê de a região ter tido um confinamento igual ao do país. Pertenço ao grupo daqueles que i) reconhecem que se hoje temos este desempenho positivo na região foi porque o que se fez não foi mal feito de todo e ii) que se poderia ter desconfinado com diferenciação positiva (como a Espanha pretende fazer), premiando os espaços mais contidos e que revelaram menores ritmos de contágio. Obviamente tal desconfinamento obrigaria a uma responsabilização ainda mais exigente dos cidadãos assim beneficiados que deveriam reforçar as medidas de proteção individual e comunitária mas também de medidas de segurança regional, evitando atratividades negativas. Tal cenário de desconfinamento diferenciado poderia ter poupado as quebras tão significativas em tantos negócios bem como até reforçar o ritmo de encomendas de muitas unidades da região assim beneficiada.
Se a economia transmontana assim arrefeceu – assemelhando-se a um motor de dois tempos que congelou durante o inverno – precisa de um aquecimento gradual e de um combustível apropriado. O combustível apropriado é a liquidez necessária para redinamizar a economia, no fundo, o dinheiro a andar nas ruas. Existem novas formas de pagamento digital e virtual que ainda que tenham impacto em determinados setores não são as mais apropriadas para todos os negócios e para todas as encomendas, suportados por uma clientela com alguma resistência a tais meios de pagamento. Daí, a necessidade de serem explorados instrumentos alternativos de injeção de liquidez na economia local.
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Sem pretender esgotar a criatividade a que todos são demandados no presente, alguns destes instrumentos passam pela distribuição de senhas de compras no comércio local por parte de IPSS e Autarquias, premiando os residentes com mais tempo de vida em cada concelho com ‘vouchers’ aplicados no comércio local. Outros instrumentos obrigam a uma agilização maior com outras entidades, como a criação de Bolsas de Valores locais capazes de facilitar a aquisição de quotas de negócio de estabelecimentos dos concelhos bem como ainda a possibilidade de emissão de obrigações destinadas a financiar as unidades produtoras locais e regionais. Tais instrumentos permitiriam a injeção de recursos na economia local evitando a figura autoritária de uma tributação maior esperada para os tempos que se avizinham.
Regiões como a transmontana acabaram por acumular ‘estranhas poupanças’ (na terminologia de Hobson) nestes meses. Como a região depende direta e indiretamente dos salários pagos aos funcionários públicos e das pensões distribuídas, o poder de compra manteve-se. No imediato, sob a dificuldade de aquisição (por constrangimentos da Oferta e por limitação autorizada da Procura), o resultado foi a acumulação de poupança que poderia ser canalizada para esta reativação da economia local. Caso contrário, os impostos nacionais poderão nem sempre cair na região sob a forma de despesa pública ou de investimento (a variável cronicamente mais deficitária na região há meia década). Aliás, basta observar como apesar das expectativas tão negativas nas projeções dos vários institutos internacionais, os índices bolsistas estão com movimentos…positivos…
Finalmente, uma palavra de Esperança. As gerações mais novas são os maiores depositários de energia, de vitalidade e de esperança. São estas gerações que devem também ser chamadas a responder com a sua originalidade, a sua força e o seu sorriso (sim, o sorriso que é tão importante, ainda que só percebido pelos olhos não escondidos pelas máscaras higiénicas…) Numa altura em que o mercado imobiliário tem revelado interesse inusitado em moradias e em espaços rurais, este é também o momento dos jovens transmontanos mostrarem que não desistem da sua região que, mantendo os indicadores de contágio em expectativa, se pode revelar como uma região exemplar (mais uma vez exemplar). Capaz de também contagiar o país com o ânimo que muitas vezes só se conseguiu descobrir em Trás-os-Montes e Alto Douro.
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Entrevista Presidente do IPB Prof. Dr. Orlando Rodrigues (Presidente Instituto Politécnico de Bragança)
Passados dois meses do início da Pandemia, como reagiu o Ensino Superior e particularmente o Instituto Politécnico de Bragança às adversidades encontradas e que balanço faz destes dois meses?
O Instituto Politécnico de Bragança adaptou-se de imediato. Permanecemos em funcionamento até ao momento em que foi decretada a suspensão das atividades presenciais, embora viéssemos, desde que se conheceu a crise sanitária, a adotar medidas de segurança, nomeadamente a vigilância dos fluxos de pessoas e a imposição e o apoio à quarentena a todos os nossos alunos que vinham de zonas de risco, o que permitiu que não houvesse casos conhecidos de infeção no seio da nossa comunidade. Logo que as atividades presenciais foram suspensas, realizámos a formação dos nossos docentes em menos de uma semana para se adaptarem à utilização das plataformas tecnológicas de ensino à distância. O Grupo de suporte que montámos garantiu o apoio necessário àqueles que estavam menos preparados. Todas as atividades pedagógicas foram migradas de imediato para ensino não presencial, mantendo-se o calendário escolar. A prioridade foi então minimizar o prejuízo para os nossos alunos. Deste modo, os alunos do IPB prosseguiram os seus percursos formativos, sem atrasos, incluindo as avaliações. Algumas atividades presenciais indispensáveis foram planeadas para o mês de junho, respeitando um rigoroso Plano de Segurança.
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Que medidas adicionais tomaram os Serviços de Acção Social do IPB para colmatar eventuais carências de alunos mais desfavorecidos?
A preocupação imediata foi a de garantir que todos os nossos alunos poderiam seguir as atividades à distância. Por isso implementámos um programa de empréstimo de computadores aos alunos carenciados, complementado com um reforço do apoio social aos alunos bolseiros mais carenciados, de modo a que todos pudessem aceder aos meios informáticos necessários ao prosseguimento dos estudos. Em simultâneo, procurámos assegurar aos alunos que ficaram em Bragança e Mirandela todo o apoio social necessário, nomeadamente mantendo sempre as cantinas em funcionamento, bem como as residências e o acesso às bibliotecas. Mais recentemente, reforçámos os mecanismos de apoio social, apoiando os alunos em dificuldade e criámos um mecanismo de apoio alimentar a todos os alunos que dele necessitam.
Que medidas adicionais tomaram os Serviços de Acção Social do IPB para colmatar eventuais carências de alunos mais desfavorecidos?
Obviamente que alguns alunos têm mais dificuldades do que outros, mas, de forma geral, com as medidas de apoio social que adotámos, entendemos que nenhum dos nossos alunos ficou de fora do processo e que todos puderam acompanhar esta mudança forçada.
Considera que no pós-pandemia, as plataformas e aulas digitais poderão ter ganho um novo espaço dentro do IPB?
O IPB estava, e continua, profundamente empenhado na inovação formativa e na adaptação das aprendizagens dos nossos alunos às novas competências que o mercado de trabalho cada vez mais requer: autonomia, criatividade, capacidade de trabalho em equipa, capacidade de resolução de problemas complexos, responsabilidade. Esta crise veio acelerar a digitalização do ensino, mas não acreditamos que promova a desvalorização do ensino presencial. Este continua a ser essencial e não substituível pela utilização de qualquer plataforma eletrónica.
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Sabemos da importância que os estágios curriculares assumem, em determinados cursos, para a experiência profissional dos alunos. Como irá o IPB adaptar esta componente face à nova realidade?
Alguns estágios foram substituídos por tarefas de simulação e pesquisa, mas outros são insubstituíveis. Preocupa-nos, em particular, o ensino clínico, cujas práticas hospitalares permanecem suspensas. Esperamos que haja uma especial atenção nacional relativamente a este aspeto, por forma a que não atrasemos a conclusão dos cursos destes alunos.
Veio esta crise trazer uma oportunidade de reforma ao Ensino tal como o conhecemos?
É importante que todos saibamos aproveitar da melhor forma a energia que foi necessário colocar na ultrapassagem desta crise, em particular a ênfase que foi colocada na digitalização de alguns procedimentos e processos. Também devemos procurar guardar os ganhos em termos de sustentabilidade. Porém, todos percebemos que esta crise só se vence com mais conhecimento e mais ciência. Que aqueles que tinham mais conhecimento a ultrapassaram melhor, sendo este princípio válido para as pessoas, para as empresas e organizações e para os países. Portanto, se há lição que podemos tirar desta crise é que é cada vez mais importante a aposta na qualificação das pessoas e que não devemos nunca descurar este aspeto no pós-crise. Se o fizermos, estamos a prolongar crise para o futuro. Certamente que a extraordinária capacidade de adaptação que as instituições mostraram nesta crise é uma garantia da sua capacidade de inovar e de superar os desafios que temos pela frente.
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Destaques 25 de janeiro - Congresso Distrital
Apresentação Candidaturas JSD Nacional
8 de maio - Dia da Europa Europa em Tempos de Pandemia (Sabias que?)
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