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SUMÁRIO
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Adeus ano velho, olá novo eu... Folia brasiliense Ganhe a rua Esporte que simula batalhas medievais tem ganhado espaço nos parques do DF “Di Rolê” pela cidade no Meu Fusca Favorito Kazuo Okubo A festa do “ Eu Indico”! BRASÍLIA A CAPITAL DO ROCK... NÃO PERA... DO SAMBA nunca foi tão divertido alimentar-se
EXPEDIENTE Jornalistas: Ana Luiza Medeiros, Bianca Ramos, Cibele Moreira, Djenane Arraes, Kirk Moreno, Priscilla Teles, Saulo de Castilho, Soloni Rampin e Vinícius Brandão. Capa: Giovanna Bembom. Fotografia: Carlos Eduardo Jr., Ítalo Amorim, Pâmela Kissianne. PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Amanda Viviele - Via 3A Comunicação www.3acomunicacao.com.br | 61 - 3546-9705 DESIGNER: Gueldon Brito. DIRETORA EXECUTIVA: Júlia Dalóia. 4
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EDITORIAl ADEUS ANO VELHO, FELIZ DI ROLÊ! 2015 chegou rápido e com sede de sucesso... A Di Rolê abre seus trabalhos homenageando um profissional brilhante, que traz emoção, arte e beleza por meio de clicks e de um olhar único. Comemorado em 8 de janeiro, o Dia do Fotógrafo é celebrado por toda a equipe da revista com uma entrevista especial de capa, em que o conceituado e irreverente, Kazuo Okubo, é o astro. O profissional contou, com exclusividade, um pouco de sua trajetória no mundo da fotografia e os percalços enfrentados ao longo do caminho, até atingir a fama que faz dele, hoje, um dos melhores da capital e do Brasil. Os food-trucks estão tomando conta da cidade. De 2014 pra cá são os queridinhos dos apaixonados por gastronomia a preço acessível. Do arroz carreteiro à cerveja artesanal, hoje é possível encontrar de tudo um pouco nestes restaurantes itinerantes mais que originais. É o que vai contar a matéria da editoria Quero Comer desta edição.
Impressão e Acabamento
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ESPAçO DO lEITOR Se você leu a revista Di Rolê e tem opiniões e/ou sugestões, agora pode expressar-se. Envie sua sugestão ou comentário acerca dos assuntos abordados na presente edição para: revistadirole@gmail.com
Sabia que em Brasília acontece mensalmente um encontro de fuscas? Quem nunca admirou o modelo que, de tão simpático, hoje é carro de colecionador? Este é o tema da editoria Giro Capital, e também a pauta selecionada para o projeto piloto do novo canal no youtube da Di Rolê, o “VT Di Rolê”, que será lançado ainda este mês. Fique ligado! Em breve mais informações. Uma boa leitura! Júlia Dalóia Diretora Executiva Revista Di Rolê
/revistadirole | www.arevistadirole.com.br JAN/ FEV 2015 :: Revista Di Rolê ::
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Foto: Divulgação
! Bem-estar
O Por Priscilla Teles
início de ano traz consigo a esperança, as promessas de mudanças e o primeiro passo para novos sonhos. Um novo ano nasce cheio de buscas - materiais ou espirituais -, sempre a busca pela felicidade, o combustível humano. Concentrar-se. Concentrar-se em você. Diminuir a respiração. Esvaziar a mente...
A meditação é uma forma de limpeza mental, onde conseguimos desacelerar nossos pensamentos e nos concentrar em uma única coisa, seja uma imagem, uma respiração ou um mantra. As diversas formas de meditar possuem técnicas distintas, utilizadas na Meditação Vipassana, Meditação Transcendental, Meditação Silenciosa e até mesmo na Meditação Cristã. São opções praticadas nos quatro cantos do mundo e que trazem consigo segredos pouco conhecidos.
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A Meditação Vipassana, também conhecida como Meditação da Plena Atenção ou Meditação do Insight, traz a verdade sobre as coisas, separando corpo e mente. É um exercício para diminuir expectativas, o apego ao passado ou as ânsias pelo futuro. A técnica budista pode ser praticada independente de crenças, basta ter uma mente e um corpo com vontade sincera de conhecer a si mesmo, “Podemos olhar com profundidade nossa realidade sem adicionar sofrimento mental desnecessário. A dor é inevitável,
o sofrimento é opcional. A dor são os acontecimentos inevitáveis da vida, como a morte, o envelhecimento, a separação de pessoas que se amam e a velhice, por exemplo. O sofrimento é o modo como reagimos a tais acontecimentos.”, explica Marcus Marques, praticante e instrutor na Sociedade Vipassana de Meditação. Já a Meditação transcendental é uma técnica indiana que não exige nenhum tipo de controle – físico ou mental – ou esforço físico. “Proporciona um estado profundo de repouso em alerta, conhecido pela ciência como o 4º Estado de Consciência”. “Há uma redução da taxa metabólica até duas vezes mais que o repouso do sono, o que proporciona uma autorregeneração fisiológica muito eficaz. Além disso, diminui a ansiedade, insônia e déficit de atenção, aumenta a capacidade de foco, concentração e inteligência.”, enumera o instrutor da meditação e terapeuta Ayurveda da Sociedade Internacional de Meditação, Mario Neto. DE UM Corpo para o oUtro
A Cura Prânica visa reequilibrar a energia vital e os chakras. É um método para tratar desarmonias físicas, psicológicas, emocionais e espirituais, ela faz o praticante desenvolver a auto defesa psíquica. “A Cura Prânica utiliza a energia que está no ar – Prana – para aumentar o nível de energia do corpo humano e, consequentemente, melhora a saúde e a qualidade de vida. Não somos uma religião, somos uma técnica com abordagem prática dos conhecimentos espiritualistas.”, afirma o praticante e membro da diretoria do Instituto Prana, Fábio Costa. Quando uma pessoa se encontra fraca e sem energia, ela tende a absorver energia Prânica de pessoas que se encontram em equilíbrio, o que causa uma exaustão sem razão aparente. Esses sugadores são conhecidos como “vampiros energéticos”. “aqui, neste momento, Deus e seu reino estão dentro de mim” Ensinar o amor, viver o amor, ser amor... assim podemos resumir a Seicho-No-Ie. Um ensinamento
que se fundamenta em três pilares: todos os homens são filhos de Deus (a Verdade Vertical), o mundo material é projeção da mente (a Verdade Horizontal) e todas as religiões são luzes de salvação que emanam de um único Deus e pregam em essência a mesma verdade (o não sectarismo). “De acordo com a Seicho-No-Ie o conhecimento interior se dá por meio de três práticas iluminadoras. Primeiro o Estudo da verdade, através de obras sagradas, para que se tenha o conhecimento racional do que seja o Eu Verdadeiro, do que é Deus e de como a nossa mente se manifesta no mundo material. Segundo, a Meditação Shinsokan, que consiste em serenar a mente e permitir que seu Deus Interior entre em contato com o Deus Universal. E em terceiro, a prática do amor ao próximo, ponto fundamental para que a pessoa não caia no filosofismo, ou que não acredite que apenas a meditação diária já a faça alcançar a iluminação absoluta.”, detalha Devair Nunes, preletor* e presidente da Associação dos Preletores da Regional DF – Brasília da SeichoNo-Ie do Brasil.
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Foto: Pâmela Kissianne
*Preletor: responsável pela divulgação da Doutrina Seicho-No-Ie, equivalente a um padre ou pastor. se interessou? Conheça um pouco mais: Meditação Vipassana – www.sociedadevipassana.org.br Meditação transcendental – www.meditacaobrasilia.com Cura prânica – www.institutoprana.com.br seicho-no-ie – www.sni.org.br
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! Carnaval 2015
Redação
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uem for passar a folia momesca em Brasília tem opção para criança e adultos de sábado a terça-feira de carnaval. Os blocos tradicionais da capital federal vêm crescendo a cada ano. A expectativa para 2015 é de 800 mil foliões brincando nas ruas da cidade. Neste ano acontecerá ainda o pré-carnaval com desfile dos oitos blocos da Liga de Blocos Tradicionais de Brasília. Agora é só preparar a sua fantasia, pois a programação a Di Rolê já separou para você:
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Pré-carnaval (07/02)
BRASÍLIA Para esquentar a chegada do carnaval, desfilarão em Brasília os tradicionais blocos Galinho de Brasília, Pacotão, Baratona, Raparigueiros, Baratinha, Mamãe Taguá e Menino de Ceilândia. O Asé Dúdú, com 23 anos de existência, também desfilará, levando para as ruas a cultura afro-brasileira. horário: 16h às 02h local: 302/303 Norte
Sábado(14/02)
MAMÃE TAGUÁ
Criado em 1995 por um grupo de artistas que sentiam falta das folias de carnaval na cidade. horário: 16h às 24h local: Praça do CI – Taguatinga.
BLOCO ASÉ DÚDÚ
horário: 16h às 24h local: Praça do CI – Taguatinga.
GALINHO DE BRASÍLIA
horário: a partir das 16h às 24h local: Concentração no Setor de Autarquias Sul (L-1 Sul), ao lado da Caixa, passando pela 203 Sul rumo a Esplanada.
Domingo(15/02)
BLOCO BARATONA
Criado em 1978, leva para o publico de Brasília, alegria, descontração e entretenimento. Os foliões fiéis ao bloco são formados em sua maioria por jovens. horário: 17h ás 24h. local: EIXÃO Sul (106/206)
BLOCO DOS RAPARIGUEIROS
Desde 1992 o bloco leva para as ruas temas polêmicos, com muita irreverência, que desperta a atenção da sociedade. horário: 17h ás 24h. local: EIXÃO Sul (106/206)
BLOCO PACOTÃO
Fundado em 1978, ele é conhecido pelas manifestações populares típicas do carnaval de rua no Brasil. horário: 17h ás 24h. local: CLN 302/303 via W3 Norte/Sul (na contra-mão) rumo à 504 sul.
Segunda(16/02)
GALINHO DE BRASÍLIA
Criado em 1992 por um grupo de pernambucanos com saudade do bloco Galinho da Madrugada, famoso no carnaval de Olinda e Recife. horário: das 16h às 24h. local: Concentração no Setor de Autarquias Sul (L-1 Sul), ao lado da Caixa, passando pela 203 Sul rumo à Esplanada.
BLOCO ASÉ DÚDÚ
horário: das 16h às 24h local: Praça do CI – Taguatinga.
MAMÃE TAGUÁ
horário: das 16h às 24h local: Praça do CI – Taguatinga.
Terça (17/02)
BLOCO BARATINHA
Voltado totalmente ao público infantil desde 1990. horário: das 15h às 22h. local: Parque da Cidade – no estacionamento Ana Lidia.
BLOCO MENINO DE CEILÂNDIA
Criado em 1995 com o intuito de suprir a falta de entretenimento e atividades culturais da região. horário: das 14h às 24h. local: CNM 01 – Estacionamento do BRB/ FORÚM - Ceilândia Centro.
BLOCO BARATONA
horário: 17h ás 24h local: EIXÃO Sul (106/206)
BLOCO DOS RAPARIGUEIROS
BLOCO BARATINHA
horário: 17h ás 24h local: EIXÃO Sul (106/206)
BLOCO MENINO DE CEILÂNDIA
horário: 17h ás 24h local: CLN 302/303 via W3 Norte/Sul (na contra-mão) rumo à 504 sul.
horário: 15h às 22h local: Parque da Cidade
Horário: 14h às 24h Local: CNM 01 – Estacionamento do BRB
BLOCO PACOTÃO
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! Cidades
O Por Soloni Rampin
carnaval vem chegando e o brasiliense já se anima para tomar as ruas da cidade e fazer a folia. Parece frase pronta (e talvez seja), mas a verdade é que os moradores da capital federal têm aderido, cada vez mais, aos acontecimentos a céu aberto, seja pela geografia, para aproveitar a arquitetura da cidade ou porque o preço é bom. E, com esta demanda, crescem o número e a qualidade dos eventos também. Um exemplo são os blocos carnavalescos que invadem as avenidas da capital. Um deles é o Babydoll de Nylon, criado em 2011 por seis amigos e que, hoje, já é uma tradição do carnaval brasiliense. “Somos publicitários, trabalhávamos na mesma agência e tínhamos o hábito de tocar músicas divertidas ao longo do dia. Uma delas era Babydoll de Nylon, do Robertinho do Recife, e brincamos que ela era um bloco de carnaval pronto: com tema, ritmo e fantasia. Naquele carnaval, não viajamos por conta do trabalho, alugamos um carro de som, chamamos os amigos e fizemos um esquenta no balão da 202 Sul. Fizemos o estandarte – usado até hoje –, selecionamos músicas num pen drive e definimos que, a cada uma hora, o carro daria uma volta no balão e pa-
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raria novamente. E assim foi! Começamos o dia com menos de 20 pessoas e o terminamos com mais de 100”, lembra Rosely Youssef, cofundadora do bloco. Em 2014, o BDN foi oficializado no calendário do carnaval da cidade, com orientação da Secretaria de Cultura. “Acho que existe a turma do “aqui não tem nada pra fazer, vou embora” e a outra turma – em número muito grande, ainda bem! – que tem orgulho de ter nascido ou morar na capital e quer fazer a diferença. Se não tem nada pra fazer, façamos! Essa vontade gera um movimento muito grande e ainda crescente de ocupação de espaços públicos e resgate de locais que fazem
Foto: Divulgação
parte da memória afetiva da maioria dessas pessoas. Unido a isso tudo, a cidade é plana, arborizada e com longo período sem chuvas. Como não amar?”, sugere Rosely. Em 2015, os organizadores esperam reunir entre 15 e 20 mil foliões, no dia 14/02, na Praça do Cruzeiro (atrás do Memorial JK), das 14h às 21h. ConFratErniZE Eventos que ressaltam a gastronomia e cultura locais também têm encontrado público em Brasília. É o caso, por exemplo, do Picnik, do Quitutes e do Chefes nos Eixos. “O Picnik foi uma ideia que um grupo de agentes culturais teve, há cerca de três anos, visando juntar pessoas interessantes da cidade em uma plataforma diferente, apresentando boa música e belo cenário como pano de fundo, com acesso gratuito e que não ocorresse, necessariamente, à noite. Para agregar valor e auxiliar no custeio da infraestrutura e produção demandada, acoplamos ao projeto um bazar de artistas e estilistas locais, o que daria sustentabilidade e viabilidade”, conta Carol Monteiro, Coordenadora de Relacionamento Comercial e Curadoroia do Picnik. E a ideia deu frutos. “Logo vimos que nascia uma boa oportunidade de valorizar também os pequenos produtores e artistas que
abastecem a economia criativa local e que têm grande dificuldade de acesso a bons canais de distribuição, alinhando a isso, um público consumidor que sabe valorizar os seus trabalhos. O Picnik tornou-se, também, uma boa oportunidade de proporcionar ambiente de interação entre os moradores da cidade, diferente do que se encontra normalmente nas escolas, academias esportivas e clubes, desenvolvendo uma experiência de comércio oposta à encontrada nos shopping centers”, continua ela. Com apenas dois anos de existência, o evento, que começou no Calçadão da Asa Norte, já teve edições no Jardim Botânico, no CCBB e, mais recenteJAN/ FEV FEV 2015 2015 :::: Revista Revista Di Di Rolê Rolê :::: 11 11 JAN/
Fotos: Oficial Picnik
mente, no Parque da Cidade, atraindo cerca de oito mil participantes e 170 expositores. Mas, mesmo com tanto sucesso, a burocracia para realizar a sunset party é grande. “A cada edição realizada, demoramos cerca de três semanas com o trâmite burocrático, para ter a legalidade completa de nossas ações com os eventos em espaços públicos”, lamenta a organizadora, que espera que o GDF simplifique os trâmites legais nos próximos anos. Calce o tênis Mas nem só de festas vivem os brasilienses. Os esportes ao ar livre têm adeptos fieis. É o caso, por exemplo, de Anke Weise. A administradora pratica corrida desde a época em que morava em Florianópolis, mas foi na capital federal que começou a levar o esporte à sério. Ela procurou um grupo de corrida, onde recebeu orientações de como treinar, conheceu pessoas com o mesmo interesse e mergulhou de cabeça na corrida de rua. Anke prefere as de asfalto e crê que, através delas, os esportistas podem vivenciar uma Brasília que nem sempre conseguem enxergar no cotidiano. “Por meio da corrida, você conhece a cidade com outro olhar, você passa a pé por onde sempre passa de carro. E são cenários que, praticamente, o mundo inteiro conhece. Isso eu acho meio surreal em Brasília! E boa parte dos brasilienses perde esse olhar em relação à cidade. Aqui, as corridas, independente de onde são – se é na frente do memorial JK, na Esplanada, ou na terceira ponte, seja onde for –, acabam passando por lugares que só passamos de carro e que são lugares turísticos. O mais louco, para mim, que gosto de correr sozinha, é fazer isso a pé, na versão slow motion e com trilha sonora, porque eu corro com música. Passa um filme na minha cabeça. Além de ser um momento de reflexão e relaxamento”, diz. Anke também aponta os aspectos geográficos, como a altimetria e a estação chuvosa bem definida, como vantagens para a prática de es12 :: Revista Di Rolê :: JAN/ FEV 2015
portes a céu aberto. Além disso, para ela, a socialização entre os corredores também é um ponto positivo, não apenas para quem já mora na cidade, mas, principalmente, para quem chega sem conhecer ninguém.
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! Esportes
C Por Cibele Moreira
riado a partir de um grupo de amigos, o Swordplay (Batalha Campal) surgiu em Brasília como uma simples brincadeira. O esporte praticado nacionalmente chegou à capital federal há seis anos, e tem se difundido em várias regiões administrativas, como Ceilândia, Planaltina, Asa Norte e Asa Sul, Paranoá, Guará e Núcleo Bandeirante.
Um dos praticantes do esporte é João Carlos, que explica a sobre a segurança da atividade. “Usamos armamentos feitos de PVC ou resina envoltos em espuma e borracha, para evitar qualquer tipo de incidente”, relata o rapaz, que aderiu ao esporte há dois anos. As armas vão desde as tradicionais espadas e escudos, até lanças, arco e flecha e machados. Cada uma delas possui um posicionamento e um treinamento específico dentro dos "duelos". Inspirados por grupos de São Paulo, onde a modalidade tem maior proporção, a batalha campal possui pequenas subdivisões compostas numa hierarquia medieval, que contém em sua formação os “Homens d’armas”, “Guardas”, “Soldados”, “Cavaleiros”,
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“Guarda Real” e o “Rei”. Para avançar de nível, o jogador deve obedecer aos requisitos previamente estabelecidos. A Aversa, segmento praticado em Sobradinho, conta com aproximadamente 50 pessoas, de idades entre 12 e 30 anos. Os encontros acontecem sempre aos domingos no Parque Ecológico da região, com treinamentos de técnicas de luta baseados na esgrima e táticas de combate. Filipe Canabrava, um dos fundadores, comenta que para a criação da base no Distrito Federal, ele contou com a ajuda da equipe Falkisgate, de São Paulo, que os auxiliou nas regras e objetivos do esporte.
Foto: Divulgação
Aos curiosos, a atividade pode parecer uma brincadeira de criança. Mas a realidade é que trabalha alguns valores e conceitos dentro do grupo, como disciplina, respeito e solidariedade. Para Ângela da Conceição, mãe de dois integrantes, a inserção dos filhos no esporte foi ótima. “O Rodrigo está mais tranquilo, centrado, e até mais amoroso. Melhorou muito no convívio dentro de casa”, relata a aposentada que sai todos os domingos de Valparaíso (GO) para Sobradinho (DF) para levar os filhos ao encontro da Aversa. Com roupas características de época, espadas, machados, lanças, escudos e flechas, o grupo chama a atenção de quem passa por
perto. Com treinos sempre ao ar livre e em locais públicos, os praticantes visam um maior reconhecimento e mais adeptos, com o objetivo de chegar a uma proporção parecida com o eixo Rio-São Paulo, onde anualmente acontece o encontro de Swordplay, um evento de grande escala, que reúne segmentos do Brasil inteiro. JAN/ FEV 2015 :: Revista Di Rolê ::
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Entenda melhor o que é Swordplay Também conhecido como RPG livre, o swordplay é uma prática de improvisos, em que os jogadores interpretam personagens dentro de uma história previamente contada com ou sem final predefinido. Sendo assim, eram encenados episódios de luta em histórias fantástico-medievais, pré-históricas ou futuristas. Após um determinado período, as encenações foram abandonadas e substituídas por competições e simulações de guerra com armamento seguro e com treinos de esgrima histórica.
ser previamente assinado pelo responsável. A batalha campal está crescendo e tem se tornado uma prática de bastante adesão pelos jovens. Então, aos desavisados, se por algum acaso encontrar um grupo medieval duelando pelos parques da cidade, não se assuste. É só mais um esporte tomando conta dos gramados de Brasília.
Qualquer um pode participar, mas algumas regras devem ser cumpridas pelos participantes, como o uso da bata (uniforme do grupo), após o terceiro mês de prática; não fumar e nem ingerir ou transportar bebidas alcoólicas e; não incitar a violência e/ou intolerância que estimule a rivalidade esportiva. Não é permitida a utilização de equipamentos verdadeiros, réplicas ou usar qualquer tipo de equipamento sem a devida proteção e autorização. As normas são apresentadas formalmente na cláusula do contrato que deve 16 16 :::: Revista Revista Di Di Rolê Rolê :::: JAN/ JAN/ FEV FEV 2015 2015
Foto: Divulgação
Com o tempo, outros estilos de combates como o Kendo, Kung-Fu, entre outros, foram anexados ao repertório dos praticantes, sendo utilizado atualmente qualquer estilo de luta - não apenas a esgrima tradicional -, seguindo o estilo de cada grupo.
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Foto: Divulgação
! Giro Capital
O Por Priscilla Teles
fusca, também conhecido como fuca ou fusqueta, ficou conhecido por inspirar músicas como Fuscão Preto, de Almir Rogério, e ser o personagem principal dos filmes: Se Meu Fusca Falasse (1968), As Novas Aventuras do Fusca (1974), Herbie – O Fusca Enamorado (1977), A Última Cruzada do Fusca (1980) e Herbie – Meu Fusca Turbinado (2005). Em janeiro, o modelo dá o ar da graça em desfiles e exposições por todo o país nas comemorações pelo seu dia. Na capital, o encontro é organizado pelo VW Boxer Clube do DF, integrado por amigos que têm em comum a paixão pelo "besouro alemão" da Volkswagen.
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O fundador do grupo, Miguel Pinheiro, também organiza no 3º sábado de cada mês o encontro 'Pão com Linguiça', no Estacionamento 8 do Parque da Cidade e, no 1º domingo de agosto, o Encontro Interclubes. “Somos um grupo de amigos que se reúne mensalmente desde 2006 para expor nossos fuscas e trocar informações. Não temos instalações físicas, por isso não cobramos nenhum tipo de mensalidade, mas temos o rateio de mate-
Além dos eventos em Brasília, o grupo participa uma vez ao ano do encontro com o Volks Clube do Goiás. Competições internas e entre grupos é comum. “A vaidade com nossos antigos faz com que haja uma competição mais interessante”, conta Pinheiro. Ailton Bezerra tem seu Fusca 1974 STD 1300, verde hippie, há seis meses. A dificuldade e os muitos cuidados exigidos para mantê-lo, o faz repensar em ter ou não um veículo clássico. “Quando era criança foi o carro que mais observei: os detalhes, as cores, o ronco do motor, sonhava em ter um daqueles. Nunca via um fusca igual a outro e hoje percebo que cada um carrega as características do dono. É caro e trabalhoso manter, mas chegar em casa e pensar em não encontrar o "Hulk" na garagem não dá”, conta o integrante do VW Boxer.
Aos amantes desse xodó nacional, em 2015 está programada uma carreata saindo do Parque da Cidade em direção ao Taguaparque, em comemoração ao Dia Nacional do Fusca. Saiba Mais! Ficou curioso e quer saber como fazer parte do grupo? Acesse o site: www.vwboxerclube.com.br Confira mais informações sobre a comemoração do Dia Nacional do Fusca no facebook: Vwboxer Clube de Brasília.
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riais que nos encontros são necessários, como tendas, adesivos, camisas e carretinhas”, explica o dono do charmoso Willber, um Fusca 1973, azul niagara.
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Foto: Kazuo Okubo
! Capa
D Por Kirk Moreno
escendente de japonês, Kazuo Okubo cresceu não querendo ser fotógrafo. Após trabalhar na loja de fotografia do pai, em Taguatinga, ele estudou engenharia mecânica na Universidade Federal de Uberlândia, mas desistiu no sexto semestre. O destino o levou novamente à fotografia e, em 1981, voltou
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a trabalhar com a família, assumindo o negócio em 1983, após a morte do patriarca. Hoje, aos 45 anos, Okubo dedica-se aos trabalhos autorias e publicitários. O trabalho do fotógrafo bra-
siliense é reconhecido em todo o mundo. Kazuo foi finalista de todas as edições do prêmio Conrado Wessel, de 2002 até 2008, além de ter trabalhos premiados no Festival Mundial de Publicidade de Gramado e no Festival de Publicidade de Cannes. Um Projeto de Lei (PL 2176/11) que regulamenta a profissão de fotógrafo está para ser votado no Senado, após ser aprovado na Câmara dos Deputados, em abril de 2014. No mês em que é celebrado o Dia Nacional do Fotógrafo e da Fotografia (8 de janeiro), Kazuo Okubo recebeu a equipe da Di Rolê e contou sobre os desafios da profissão.
“Não é fácil. Hoje quem quer viver de fotografia reflita. A fórmula é ralar muito”. hoje, qual diferença você nota no mercado da fotografia? K.O: O digital impactou fortemente na fotografia, quehoje ébem mais democrática. Eu acho que possibilitou muita gente se apaixonar pelo exercício da profissão. Antes você comprava, por exemplo, um filme de 36 poses para fotografar um casamento. Na época em que eu fazia social em tirava cerca de 800 fotos e achava uma grande quantidade. Hoje tenho colegas que batem mais de três mil cliques em um evento social. É quase um exercício cinematográfico (risos).
D.R:Sua relação com a fotografia começou quando você ainda era muito jovem. Como e quando aconteceu o primeiro contato com a fotografia?
Foto: Kazuo Okubo
K.O: Meu pai chegou aqui em Brasília em 1959. Ele começou trabalhando no hotel do irmão mais velho dele. Com quatro meses de trabalho, meu tio vendeu o hotel, meu pai ficou desempregado e passou a trabalhar de balconista em uma loja de fotografia. Passado um ano e meio, ele montou sua própria loja, em Taguatinga. Então, eu fui crescendo neste ambiente, cortando e secando foto. Como filho de japonês começa a trabalhar muito cedo, desde os 10 anos eu já trabalhava na loja. Foi uma infância bem imersiva dentro da fotografia. D.R:De quando começou até JAN/ FEV FEV 2015 2015 :: :: Revista Revista Di Di Rolê Rolê :: :: JAN/
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! Capa
D.R:Seu trabalho na publicidade talvez seja o mais conhecido pelo público. É uma área que você sempre almejou trabalhar dentro da fotografia? K.O: Há 15 anos trabalho com fotografia de publicidade. Antes disso, eu fazia fotografia social e gostava de fotografar eventos. Talvez, quando me sentia obrigado a fazer, a pedido do meu pai, eu não gostasse da idéia de ir fotografar, mas chegando no evento eu sentia prazer. Paralelo a isso, estudava a fotografia de publicidade. Eu tenho um espírito competitivo. Quando eu decidi entrar nesta área, quis ficar entre osTop 3. D.R:Parece que o fotógrafo de publicidade tem um patamar a mais que o fotografo de evento, isso é verdade? K.O: Na época tinha. Mas hoje você fotografa um casamento e entrega 150 imagens editadas no álbum. Acredito que o fotógrafo mais caro deve cobrar entre oito e 10 mil reais. Daí você faz uma foto para publicidade que custa 10 mil e que, ilusoriamente, vai dar muito menos lucro que o casamento, pois você tem custo de maquiador, modelo, assistente e tudo mais. Hoje o chique é fotografar casamento. D.R: Você aconselha os novos fotógrafos a trabalharem com casamento? K.O: É um caminho, mas tem muita gente.Tem mais gente fotografando que casamento
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(risos). Porém, acredito que o mercado social terá sempre. Tem o mercado de arte também, que ainda é muito pequeno e restrito. Mas esse mercado eu digo que ainda está em formação de plateia. D.R:Você tem trabalhos autorais que exploram o nudismo. Tem pretensão de continuar? Como surgiu essa idéia? K.O: Tem fotógrafos que optam por trabalhar o seu lado autoral com paisagem “street”. Eu acho que se deve trabalhar com aquilo que tem prazer. Na medida em que fui fotografando alguns trabalhos com corpos, eu vi que este assunto era extremamente gostoso de ser executado. É uma matéria prima perigosa (risos). Minha atual esposa não faz restrições, mas é um caminho perigoso se o fotógrafo não se portar adequadamente. Procurei construir minha fotografia de nu de uma forma não muito erótica. O apelo do trabalho não é erótico, mas também não quer dizer que é assim para sempre. O nu não me agride, mas agride a muitos e eu adoro atingir essas pessoas, que considero hipócritas. D.R: Para 2015, qual projeto autoral seu podemos aguardar? K.O:Eu tenho vários projetos. Agora em 2015 eu começo e termino o meu primeiro livro. No início iria ser chamado de “O Inventário do Pererecário Brasileiro”. Só que recebi uma crítica de uma revista elogiando o projeto, mas que reprovava o nome. Refleti sobre isso e agora o livro será chamado “O Inventário”. Quero fotografar cerca de 200 vaginas de pessoas voluntárias de todo o Brasil. D.R: Qual é a dica ou fórmula que você deixa para os novos fotógrafos brasilienses? K.O: A fórmula é ralar muito! Também tem que estudar... Eu acho que os fotógrafos candangos estudam muito pouco. É caro, mas às vezes uma aula agrega e muda o rumo do seu trabalho. Eu participo de workshops, palestras, pois preciso me alimentar de coisas novas. A partir do momento que você não tem mais vontade de se alimentar, o trabalho estagna, conclui.
Foto: Kazuo Okubo JAN/ FEV 2015 :: Revista Di Rolê :: 23
Foto: Divulgação
! Literatura
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Por Ana Luiza Medeiros icar horas caminhando pelas prateleiras lotadas da livraria, correndo os olhos pelas capas, debatendo mentalmente o valor na etiqueta. Essa experiência tão conhecida pelos amantes da leitura já pode ser considerada ultrapassada, apesar de tão prazerosa, afinal, vivemos numa época em que os sites das livrarias oferecem seu acervo completo a apenas um clique de distância, e suas promoções e taxas de entrega competitivas incentivam as compras online. Tudo feito no conforto da sua casa. Mas um novo componente entrou para a equação, transformando o ato de escolher o próximo livro numa experiência mais coletiva e menos arriscada. Os blogs literários chegaram e ganharam o seu espaço, entrando automaticamente para a lista das ferramentas online que facilitam a vida de muita gente. Na hora de escolher o próximo título que vai entrar para a sua biblioteca, muitos leitores estão optando por procurar em blogs resenhas interessantes, novos autores ainda desconhecidos do grande público, ou mesmo aquele best-seller duvidoso que já caiu no gosto popular. Basta uma opinião bem dada numa página da internet e pronto. Você já decidiu dar ao livro uma oportunidade de conquistar mais um fã, ou descobriu que adquirir a obra teria sido um erro, pois o assunto nada tem a ver com o que você procura. Quanta mordomia! Esses blogueiros e blogueiras espalhados pelo Brasil te colocam na boca do gol e não cobram nada por isso. Seu sustento vem dos cliques em propagandas no próprio blog, parcerias com autores e até com grandes editoras. Sidney Matias afirma que em seu blog casadelivro.com.br, a prioridade das parcerias são os escritores “que geralmente são novos na cena literária ou ainda não alcançaram o patamar desejado”. Simeia Silva do blog ateliedoslivros.blogspot.com.br conta que seu blog “é voltado para os autores nacionais, e o livro que eu acho ser bom divulgo mesmo sem ganhar nada em troca”. 24
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É claro que as parcerias geram lucros convidativos como receber livros de graça para resenhar, convites para eventos de literatura e lançamentos; mas nada disso seria alcançado se por trás não existisse o amor da(o) blogueira(o) pelo hábito de ler e a vontade de dividir a experiência. Segundo Isabela Marcos, do blog heybooks.blogspot.com.br, “o blog surgiu quando eu senti vontade de compartilhar minhas aventuras literárias. Agora tenho muitas pessoas com quem comentar sobre um ótimo livro”. Nota-se que além de prestar um serviço muito útil às editoras e autores, o fator “satisfação” pesa muito na hora de criar e manter um blog voltado para o mundo literário. Quando questionada sobre a fidelização de seus leitores, Fernanda Assis, do blog viagemliteraria.com.br, confessou: “O importante nas indicações é que as mesmas sejam sinceras. Se eu não gosto então não indico, daí o leitor começa a confiar na opinião”. Na dúvida quanto ao que vai ler em seguida? A melhor indicação está a um clique de distância!
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Literatura Balada ! Na
N Por Ludmilla Brandão
ão deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar..., quando Edson Conceição e Aloísio compuseram esta música, temiam pelo futuro do samba. Mas se depender dos jovens da capital federal, o gênero musical, mais brasileiro de todos, terá vida longa. É o caso da engenheira florestal, Ana Luiza Santos, 22, que sempre gostou de samba, mas foi um coração partido que levou a moça a entrar de vez neste universo. “Tinha terminado um relacionamento e uma amiga veio me arrastar de casa. Fomos ver os ‘Filhos de Dona Maria’ [grupo de samba de raiz]. Depois que conheci o ritmo, as pessoas e as bandas não consegui mais sair”, diz. Só foi Ana Luiza sentir o batuque que virou peregrina das rodas de samba da cidade. “Lá [no samba] conheci pessoas que mudaram minha vida, o contato contínuo com o meio me fez conhecer outras culturas e samba de todas as décadas. A partir daí, me tornei frequentadora assídua”, afirma. Entretanto, no início a engenheira florestal era vista com espanto por ser muito jovem, na época com 18 anos, num local que tradicionalmente era reduto dos mais velhos. Segundo Ana Luiza, este cenário mudou e, hoje, é possível ver o aumento dos jovens nestes lugares. “Quando comecei a frenquentar notava uma certa estranheza das
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pessoas em relação a mim. Hoje, já não sinto mais isso, vejo pessoas da minha idade ouvindo Cartola e indo à festas como a ‘Semente da Vila’ [evento exclusivo de samba]”, esclarece. A moça atribui a mudança da faixa etária a uma corrente. Um amigo leva outro e assim aumenta a preferência dos mais novos pelo gênero musical. Outro ponto que a engenheira destaca é a recepção dos músicos brasilienses. “O hábito de ir e apresentar aos amigos torna o ritmo mais comum na sua vida. E, honestamente, a receptividade dos músicos de Brasília em relação ao público é algo que auxilia a expansão desta cultura. Você se sente a vontade para pedir uma música, são dispostos e educados”, explica Ana Luiza.
Foto: Pâmela Kissianne JAN/ JAN/ FEV FEV 2015 2015 :: :: Revista Revista Di Di Rolê Rolê :: :: 27 27
! Na Balada
Para a cantora Fernanda Jacob, 25, a crescente participação do jovem no samba se dá pelo incentivo que o Clube do Choro de Brasília e a Escola de Música, também da capital, oferecem por divulgar e ensinar esse gênero musical. A cantora cita como referência o bandolinista e compositor Hamilton de Holanda, que cresceu na cidade. “Estes locais vêm formando grandes musicistas dentro da área do samba e do choro. Então, a galera jovem está trabalhando, colocando a cara a tapa e mostrando que sabe fazer samba bom também”, afirma.
Foto: Divulgação
A história de Fernanda com samba não é convencional. Formada em artes cênicas, o canto sempre fez parte da sua vida. No repertório havia Elis Regina, Maria Bethânia e músicas do movimento ‘Tropicália’. Mas foi depois de ouvir um CD que a relação com o ritmo mudou e se estreitou de forma definitiva. “Eu não era do samba. Comprei um CD da Clara Nunes ouvi e falei: caramba! Preciso cantar samba. Comecei a participar dentro do teatro de um grupo chamado ‘Mobamba’ que era um espetáculo de samba, ganhei o prêmio do Festival Nacional de Música-Finca em 2011 e não parei mais”, conta.
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A afinidade foi tanta que a sambista criou um projeto com uma amiga, o ‘Samba na Rua’, após uma viagem ao Rio de Janeiro. As duas notaram que existiam muitas rodas de samba em via pública, diferente da capital. A inspiração veio do Samba do Ouvidor no RJ. “Isso não tinha em Brasília. Um samba na rua, com uma
galera mais jovem e aberto pra todo mundo”, explica. O primeiro passo da cantora foi pensar num lugar acessível a todos, mas que não fosse no Plano Piloto. O segundo passo e mais difícil foi produzir o evento. “Queira fazer numa comunidade. Já conhecia a Vila Telebrasília e tinha amigos lá. A gente não possuía patrocínio e não podia pagar os custos. Conversei com um morador pra ceder a luz, pedimos mesas pela internet e vendemos cerveja para pagar os músicos. Assim começou o ‘Samba na Rua’”, esclarece. Contudo, faltava verba para manter o projeto e o cachê dos artistas era pouco. “O ‘Samba na Rua’ começou a crescer, mas só na Vila Telebrasília não dava. A gente queria pagar melhor os músicos. Começamos a fazer no Círculo Operário do Cruzeiro e pedimos uma ajuda simbólica de R$5”, conclui Fernanda.
DJ NO SAMBA Nem só de house e trance vive o setlist de um DJ. O samba também faz parte. Parece estranho, um especialista em música eletrônica tocar samba e chorinho? O percussionista e DJ Carlos Maffra, 40, prova que é possível. Tudo começou quando chamaram o músico para trabalhar em uma festa. “Eu comecei a fazer uma pesquisa em 2005 quando me chamaram para tocar samba rock no Lago Sul. Até achei estranho e pensei, pô, vou tocar samba para a galera de classe alta. Eles vão entender que é Música Popular Brasileira - MPB”, lembra. Maffra percebeu que não existiam DJs que tocavam samba de raiz. Ele viu que poderia ocupar esse espaço no mercado musical brasiliense. Depois disso começou a tocar de forma permanente em bares e casas de shows. “Poxa, todo mundo tocava música eletrônica e black music, mas ninguém se especializou em samba. Aí comecei a fazer vários trabalhos nessa área. Até o dia em que eu entrei em um local para tocar todo sábado, durante dois anos e meio. Foi uma escola boa, porque era só samba de raiz ”, conta. Mas a relação do DJ com o samba é antiga e paternal. Mineiro de Ponte Nova, Maffra, era amante do heavy metal. Por influência do pai, um apreciador de samba, o roqueiro conheceu o ritmo. “Quando chegava do colégio eu escutava meu metal e no fundo ouvia o chorinho e samba de raiz o dia inteiro. Eu cresci ouvindo isso. Meu pai também me levava numa roda de samba no bairro onde nasci e quem frequentava era João Bosco”, relembra. Quando o percussionista veio para a capital, na adolescência, constatou que a cidade respirava rock. Para Maffra, com o passar do tempo houve um crescimento do gênero, muito pela procura do público. “Quando cheguei em Brasília vi que o cenário era mais do rock e ti-
nha pouco samba. Não era como hoje, que tem muito mais locais [que tocam samba]. O público sentiu necessidade de coisas novas e, hoje em dia, vai todo tipo de galera”, conclui. E o DJ no samba? A equipe Di Rolê foi conferir no bar onde Maffra toca, na Asa Sul. A carioquíssima, Ilca Bandeira, 31, que esta há dois meses em Brasília, aprovou o samba da picape. Muito animada, dançou no meio das mesas e cadeiras do local. “Quando toca um samba não tem como um carioca ficar sentado, estou adorando”, declara. A amiga de Ilca, Célia Jeane, 34, também na capital há poucos meses, depois de uma temporada no Rio de Janeiro, gostou da seleção feita por Maffra. “Adorei o repertório e o DJ”, afirma. Como diria o sábio Dorival Caymmi: “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça ou doente do pé”. Então, minha gente, vamos sambar!
Mais inForMaÇÕEs:
facebook.com/sambanaruadf sambanaruadf@gmail.com Villa iMpErial ChopEria brasÍlia Local: 210 Sul - Bloco B Data: Toda quinta-feira (DJ Maffra) Horário: A partir 19h Valor: R$ 6 (couvert) balaio CaFé Local: 201 Norte - Bloco B Data: Toda quinta-feira Horário: A partir das 22h Valor: R$ 5 JAN/ FEV 2015 :: Revista Di Rolê ::
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Foto: Divulgação
! Quero Comer
O Por Vinícius Brandão
s food trucks estão na moda em Brasília. Os restaurantes itinerantes oferecem sanduíches, risotos, salgados, e até cervejas artesanais inusitadas. Um dos grandes diferenciais é a habilidade de locomoção, que permite aos empreendedores acompanhar o movimento dos clientes. Um dia, o local escolhido pode ser em um evento gastronômico movimentado. No outro, no estacionamento de um show. As cozinhas têm fãs que se tornam cada vez mais adeptos, o que ocasionou em outro fenômeno. Há aqueles que não esperam o dia em que a comida favorita se aproxima, mas locomovem-se até o food truck que serve o prato desejado. O veículo com cozinha, chamado Segunda do Arroz Carreteiro, lançou uma tendência para o mercado. Toda segunda-feira os proprietários levam o caminhão para algum lugar diferente. De um food truck solitário - que só abria uma vez por semana - tornou-se ponto de encontro semanal. Por meio do facebook, os empreendedores anunciam onde
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será o próximo encontro. A revista Di Rolê visitou o ‘Encontro de Food Trucks’, que aconteceu no estacionamento do estádio de Sobradinho, ainda em 2014. Além do Segunda do Arroz Carreteiro, marcaram presença também os trucks da Bistruck (massas, saladas e sobremesas), Belgrado Burgers e dos Pastéis da Tia Neuza. À princípio, os caminhões chegaram em uma área vazia e organizaram suas mesas e cadeiras. Aos poucos, os clientes começaram a aparecer e, tal qual os donos previram, as filas lotaram o espaço.
Acompanhados de suas famílias, os amigos Luís Henrique Menezes, 22 anos e Laila Raquel Nascimento, 23, ambos publicitários, apareceram para desfrutar do Segunda do Arroz Carreteiro. Durante um dos eventos do Picnik, eles visitaram a sessão de alimentação e descobriram o caminhão. Desde então, seguem a página do “Carreteiro” (como o chamam) no facebook e ficam de olho para saber qual será o próximo destino do food truck.
Ele vive na Asa Sul e tentar chegar em Sobradinho naquele horário era inviável. Porém, sempre que é possível, comparece nos locais onde eles atendem.
Os dois moram em Sobradinho e souberam do Encontro pelo whatsapp. Aproveitaram que já planejavam sair naquela noite e arrastaram os parentes para apresentar o Arroz Carreteiro que tanto apreciam. O evento ainda valeu para conhecerem outros food trucks. “A gente sempre ouve falar e acha interessante. Tem muitas opções,” relatou Laila sobre os caminhões.
De tão frequente, criou amizade com os donos. “Uma vez um funcionário perguntou meu nome. O Bruno disse: ‘Se você não sabe quem é o André, é bom saber. Esse aí é cliente assíduo.’” Relatou o advogado. Além do Bistruck, André também gosta bastante do Burger Truck. Ele acompanha o primeiro apenas no instagram, mas está inscrito no newsletter do site do caminhão de sanduíches. Assim consegue saber onde os dois estarão sempre que pretende sair. A cada passeio noturno, o advogado vai em alguma das duas para comer e então seguir adiante com a saída. Ele está muito satisfeito com o novo mercado brasiliense “Em Nova Iorque, Miami, São Paulo você vê isso. Food truck começou agora em Brasília e é muito legal ver que se amplia cada vez mais. Tem diferentes especialidades... e os empreendedores se unem para agradar. Se o cliente procura sanduíche, dão dicas dos caminhões de sanduíche.”.
O Bistruck costuma aparecer no Ministério do Planejamento e sempre que sabe, André avisa aos amigos que trabalham na Esplanada para irem experimentar junto com ele.
A dica é experimentar e descobrir quais os trucks que melhor atendem o gosto pessoal. Para acompanhar o local onde será o próximo encontro, você pode acessar as redes sociais de cada truck ou acessar o 1º guia de localização online dos food trucks de Brasília e das principais capitais brasileiras: http://www.foodtrucknasruas.com.br/ Bon apetit!
Foto: Divulgação
Os donos do Bistruck, Bruno e Juliana Cajado, apontaram André Luiz Cherin, advogado de 28 anos, como um dos clientes mais assíduos. Infelizmente, desta vez André não estava no Encontro.
A namorada de André viu o Bistruck no instagram da prima de Juliana, antes que ele fosse inaugurado. Foram ao lançamento no calçadão da Asa Norte e perceberam diferencial no atendimento. Intolerante a lactose, André perguntou se havia alguma opção para a limitação alimentar. Bruno refez o cardápio no momento e preparou um prato apenas para ele. André foi conquistado pelo cuidado. Não gosta do atendimento comum do setor alimentício em Brasília.
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