# COMPARTILHAR DEUS

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Goiânia, 2016


#Compartilhar Deus Copyright© 2016 by FEEGO 1ª edição Autoria: Eduardo Felipe Mendes de Sousa e Horácio Augusto Mendes de Sousa Coordenação editorial e revisão: Ivana Raisky e Fátima Salvo Projeto gráfico/capa/diagramação: Juliano Pimenta Fagundes Imagem da capa: Juliano Pimenta Fagundes/www.kwandamedia.co.za/ Fotos dos autores: acervo pessoal Colaboração: Gabriel Renaud Galvão Valejo Direitos autorais gentilmente cedidos à Federação Espírita do Estado de Goiás. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S725c

Sousa, Eduardo. Compartilhar Deus(#) Horácio Mendes de Sousa - 1. edição.- Goiânia: FEEGO, 2016. 292 p.

ISBN 978-85-60182-47-3

1. Espiritismo. 2. Moral espírita I. Título. CDU 2-184 DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio sem a autorização prévia e por escrito dos autores. A violação dos Direitos Autorais (Lei N° 10.695) é crime estabelecido pelo Artigo 184 do Código Penal. Impresso no Brasil Printed in Brazil 2016 FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE GOIÁS – FEEGO Rua 1133 nº 40 - Setor Marista - Goiânia-GO CEP: 74.180-120 - Fone: (62) 3281-5114/3281-0200 www.feego.org.br


OS AUTORES Horácio Sousa , casado com Diana e pai de um jovem, um menino e uma menina – Eduardo, Heitor e Lívia – conheceu o Espiritismo em 2002 ao frequentar o Lar de Teresa, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Em 2005 iniciou o trabalho de divulgação doutrinária por meio de palestras e estudos, desenvolvendo, paralelamente, a assistência espiritual e social aos irmãos mais necessitados. Desde 2009 ele participa da distribuição de gêneros e refeições aos moradores de rua e pacientes em hospitais de Vila Velha/ES. Na União Espírita Cristã de Vila Velha/ES atua também como Diretor do Departamento de Assistência Jurídica da Instituição e monitor do Estudo Sistematizado da Doutrina


Espírita – ESDE, já tendo desenvolvido naquela casa inúmeras atividades. Advogado e consultor jurídico, é Procurador do Estado do Espírito Santo e Mestre em Direito pela Universidade Cândido Mendes – RJ. Especialista em Economia e Direito do Consumo pela Universidad Castilla La Mancha – Espanha. Professor da Pós-Graduação em Direito do Estado e da Regulação da Fundação Getúlio Vargas-RJ. Publicou vários livros jurídicos, individualmente ou em coautoria, além de inúmeros artigos em revistas especializadas.

Eduardo Sousa , estudante do ensino médio, é integrante da Mocidade da União Espírita Cristã em Vila Velha/ES, participando ativamente dos estudos e atividades. Desde 2009 colabora também nas tarefas de assistência aos moradores de rua e pacientes nos hospitais de Vila Velha. Este livro é uma parceria entre pai e filho na tarefa de divulgar o Espiritismo, principalmente para jovens e suas famílias.

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AGRADECIMENTOS Agradecer é uma sublime oportunidade de reconhecer que a nossa vida é muito melhor convivendo com as pessoas que, compartilhando um pouco de si mesmas conosco, nos ajudaram e nos ajudam a sermos pessoas melhores e mais felizes. Assim, agradeço a Deus, meu Pai, nosso Pai, nosso ponto de partida, nosso porto seguro e nosso destino, pela oportunidade de poder entendê-Lo, senti-Lo, vivenciá-Lo e compartilhá-Lo, um pouco mais, mesmo diante de todas as minhas dificuldades e imperfeições. Agradeço a Jesus, meu irmão mais velho, nosso irmão, nosso mestre, modelo e guia, cuja vida é um incomparável exemplo de amor compartilhado, amor esse que tem me sustentado nas minhas fraquezas. Agradeço a Allan Kardec e à Espiritualidade


Superior. Sem eles, compartilhando conhecimento e verdade, amor e caridade, esforço, seriedade e dedicação, tudo em forma de fé raciocinada, este pequeno trabalho seria impossível. Agradeço à Diana, meu amor e minha companheira de todas as horas, fiel e incansável, por compartilhar comigo todo o seu amor, a sua fidelidade e, sobretudo, a sua paciência com os meus graves erros e defeitos. Sem você, me ajudando a ser mais disciplinado, não seria possível tentar voar mais alto para tentar começar a compreender Deus. Agradeço ao Eduardo, meu filho mais velho, pelas alegrias cada vez maiores que tem me dado, no correr dos anos. Ainda no auge da sua juventude participa deste livro e já compartilha conosco os seus sentimentos, emoções e reflexões na hora de escrever sobre Deus. Agradeço ao Heitor e à Lívia, os meus pequeninos, por encherem a minha vida de amor, alegria e felicidade. Agradeço à Jô, nosso anjo da guarda, que tem compartilhado conosco a sua lealdade, cuidado, carinho e zelo pelos nossos filhos e nosso lar. Agradeço também aos meus sogros, Rogério e


Dinahê, que nas nossas ausências para os estudos e palestras carinhosamente têm ficado em casa com as crianças. Agradeço ainda, ao amigo Gabriel Renaud Galvão Valejo, por compartilhar seu carinho, sua paciência, seus conhecimentos e seu tempo na revisão de originais e apresentação deste modesto trabalho. Gabriel é a prova viva de que somos todos atores no grande teatro da vida. Cada hora exercendo um papel diferente. Ontem, ele foi meu estagiário no Curso de Direito. Hoje, meu parceiro e revisor neste trabalho. Amanhã e sempre, meu irmão. Agradeço, por fim, mas não menos importante, aos amigos da União Espírita Cristã, de Vila Velha-ES, e de todas as Casas Espíritas por onde temos passado, pela ímpar oportunidade de aprendermos e compartilharmos nossos estudos e reflexões sobre Deus, Jesus, Allan Kardec e a Doutrina dos Espíritos. A todos, o meu muito obrigado! Horácio Augusto Mendes Sousa



COMPARTILHAR IDEIAS É, para nós, motivo de alegria trazer ao público um enfoque diferente para compreensão de um tema complexo – a relação Homem/Deus – na pena leve e amiga de Horácio Mendes e seu filho, o jovem Eduardo, com excelente apresentação de Gabriel Valejo. E o que eles nos oferecem? Uma proposta de vida pautada nas Leis Divinas alinhadas ao novo cenário mundial onde a tecnologia e tantas revoluções – filosóficas, sociais e científicas – imperam. Pode-se considerálas etapas preliminares da transição do Planeta para mundo de regeneração como preconiza a Doutrina Espírita. Uma das faces marcantes deste período é o compartilhamento. A palavra traz em si o conceito do dividir algo, distribuir, participar, usufruir com alguém de algo ou alguma situação. Divide-se o condomínio, o transporte, o alimen-


to, as ideias, a produção criativa, o ambiente e as ferramentas de trabalho e estudo, as horas do dia dedicadas à determinada tarefa, as redes sociais, os games e por aí vai. Por um bom tempo ainda haverá, lógico, compartilhamentos negativos como, por exemplo, dos vícios em geral e aqueles oriundos do mau uso de recursos dispensados por Deus a todos os seus filhos. Qual a origem de tudo isso? A ignorância moral de indivíduos e grupos, não necessariamente configurada como conduta errônea. Há casos da mais pura falta de conhecimento, de oportunidade para reflexão e mudança. Qual a solução? Educação familiar. Educação espiritual. Conhecimento e vivência das Leis Divinas, leis universais capazes de produzir seres humanos mais íntegros, éticos, comprometidos com a evolução própria e do próximo. Os autores nos propõem compartilhar a abundância de dons e recursos destinados por Deus a nós, Seus filhos, sob o roteiro do Evangelho e vivência da Espiritualidade inerente a cada um de nós.


Na sequência preparam o aprofundamento das reflexões aqui propostas. Compartilhar Jesus, Compartilhar Kardec, Compartilhar Chico Xavier são os próximos títulos da série que ora se inicia. Uma excelente e proveitosa leitura é o que lhe desejamos. Ivana Raisky Presidente da FEEGO


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APRESENTAÇÃO Ao longo dos séculos a humanidade terrestre foi evoluindo da crença politeísta para a de um Deus único. Jesus nos trouxe um novo olhar sobre a divindade, transmitindo a concepção do Criador como aquele que educa de forma justa e amorosa os seus filhos. Como o pai generoso da parábola do filho pródigo que está de braços abertos para nos receber, mesmo que tenhamos desperdiçado a sua herança divina. E como podemos cumprir o mandamento de honrar esse Pai tão querido, que nos concedeu a vida e todas as potências da alma? Se lembrarmos do alcance das palavras de Jesus, recordaremos que honrar pai e mãe é muito mais que respeitar. É ser verdadeiramente grato, retribuindo com ações tudo o que recebemos de bom de nossos pais. Eduardo Felipe Mendes de Sousa / Horácio Augusto Mendes de Sousa

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Mas qual a forma de retribuir tudo o que o Criador nos concedeu? Dividir com nossos irmãos a nossa herança divina, ou seja, nossas virtudes. No momento em que repartimos o que temos de melhor com os demais membros da “família universal” estamos também compartilhando esses momentos com Deus, “Pai Nosso”. Esta obra nos faz refletir sobre algumas dessas potências da alma, como bondade, paciência, e tantas outras, de forma simples e agradável. Ao ler essas páginas percebemos que, tanto nos momentos cotidianos como naqueles que marcam a história da humanidade, podemos compartilhar Deus, com pequenas atitudes. Sigamos juntos nessa jornada de autoconhecimento e partilha! Boa leitura! Gabriel Renaud Galvão Valejo*

*Valoroso membro do Movimento Espírita no Estado do Espírito Santo, em especial junto aos jovens.

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# Compartilhar Deus

Eduardo Felipe Mendes de Sousa / Horรกcio Augusto Mendes de Sousa

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Por que mais um livro sobre Deus?

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Compartilhar Deus

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1. Deus

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2. Liberdade de escolha

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3. Tolerância

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4. Coragem

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5. Evolução

73

6. Atitude

81

7. Paciência

91

8. Trabalho

101

9. Compromisso

113

10. Instinto

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11. Inteligência

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12. O necessário

143

13. Obediência

155

14. Natal

165

15. Ano Novo

177

16. Amor

191

17. Saúde

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18. Bondade

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19. Família

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20. Compartilhar Jesus em nossas vidas

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Referências

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Anexo I

Braços de Morfeu – poesia de Eduardo Felipe Mendes de Sousa

Anexo II

Amor Divino – texto em prosa de Eduardo Felipe Mendes de Sousa

Eduardo Felipe Mendes de Sousa / Horácio Augusto Mendes de Sousa

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Toda causa inteligente tem um efeito inteligente. Se o homem investigar a causa de todas as coisas que não são obras suas – os mares e os céus, por exemplo – racionalmente verá que tais obras só podem ser a criação de uma inteligência suprema, que é Deus.



POR QUE MAIS UM LIVRO SOBRE DEUS?

O homem do século XXI, riquíssimo em ciência e tecnologia, já alcançou progressos intelectuais e materiais inimagináveis aos observadores e estudiosos mais atentos do comportamento humano. Nessa jornada evolutiva tornou a vida no planeta Terra mais fácil de ser vivida. Viabilizou imensas oportunidades de bem-estar social e individual, saúde e prosperidade, desenvolvimento e progresso, em todos os cantos do nosso mundo. Nada obstante os avanços científicos e tecnológicos já obtidos, o homem contemporâneo, perdido em materialismo, egoísmo, orgulho e vaidade, não logrou, ainda, entender a natureza íntima e a importância concreta de Deus em nossas vidas. Eduardo Felipe Mendes de Sousa / Horácio Augusto Mendes de Sousa

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Isso é justificável, principalmente, porque o homem, limitado e imperfeito, ainda não tem condições de entender Deus que é ilimitado e perfeito. E neste sentido, o homem da atualidade, afeito ao mundo virtual, tenta fazer a viagem de volta para dentro de si, rumo ao encontro com Deus. Significa dizer, a criatura humana, mais evoluída, sob o ponto de vista intelectual e moral, busca, cada vez mais, compreender, na maior medida possível, a existência, a presença e a atuação de Deus em relação a cada um de nós e ao todo existencial em que nos inserimos. Tudo isso de modo a entender o porquê da vida, o porquê de estarmos aqui, o porquê de sofremos, de onde viemos, para onde vamos e quem somos nós, dentre outras questões existenciais fundamentais. Essas reflexões a respeito de um “Deus presente em tudo e em todos” começam a, gradualmente, ingressar no campo de observação da ciência da Terra. Isso ocorre porque alguns cientistas estão reconhecendo, na crença em Deus, uma opção completamente racional, asseverando que os

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princípios da fé e da ciência são complementares, sendo essa a opinião do Dr. Francis S. Collins, Diretor do Projeto Genoma, em seu sugestivo livro intitulado A Linguagem de Deus: um cientista apresenta evidências de que Ele existe1. Com todo o respeito, essa proposta científica não é novidade para nós, Espíritas! Ela já houvera sido defendida pela Doutrina dos Espíritos, desde dezoito de abril de 1857, data de lançamento de O Livro dos Espíritos. Neste sentido, dentro desse universo de interrogações e investigações infinitas a respeito de Deus, partindo da ideia geral de um “Deus vivo em tudo e em todos2”, a Doutrina dos Espíritos nos traz relevantes esclarecimentos possíveis, de acordo com a nossa capacidade de entender a divindade presente em nós e em tudo que nos cerca. Assim, os Espíritos Superiores nos ensinam, a partir das valiosas investigações e perguntas cruciais formuladas por Allan Kardec, nessa parceria muito bem sucedida com o plano maior da 1 COLLINS, Francis S. A linguagem de Deus: um cientista apresenta evidências de que Ele existe. São Paulo: Gente, 2007. Tradução de Giorgio Cappelli. p. 12.

ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). FRANCO, Divaldo Pereira. Rejubila-te em Deus. Salvador: LEAL. 2013. p. 7-11. Nas próximas ocorrências abreviaremos para ÂNGELIS e citaremos as informações diferenciadas.

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vida, que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas3. E a existência de Deus, consoante nos ensinam os Espíritos Superiores pode, naturalmente, ser respondida com a aplicação de uma premissa, postulado ou princípio usado na ciência da Terra, ou seja, não há efeito sem causa. Toda causa inteligente tem um efeito inteligente. Se o homem investigar a causa de todas as coisas que não são obras suas – os mares e os céus, por exemplo – racionalmente verá que tais obras só podem ser a criação de uma inteligência suprema, que é Deus4. Segundo Allan Kardec, basta um olhar sobre as obras da natureza. O Universo, por exemplo, existe. Logo, tem uma causa! Negar a existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e sustentar que o nada pode fazer alguma coisa. Mais tarde, diria Allan Kardec, em síntese incomparável que, pela grandeza da causa, recoKARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão nº1. 93 ed. Brasília: FEB, 2013. Tradução de Guillon Ribeiro. Nas próximas ocorrências, como se trata da mesma obra consultada, abreviaremos para L.E. número da questão e comentários, se houver.

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nhecemos a grandeza do efeito, ou seja, a grandeza de Deus5. E a presença de Deus em nós é tão profunda – dizem os Espíritos Superiores – que, instintivamente, os homens trazem em si esse sentimento íntimo a respeito da existência do divino6, independentemente de formação educacional, cultural ou religiosa7. Segundo Allan Kardec, O homem, limitado se o sentimento da exise imperfeito, ainda tência de um ser supremo não tem condições fosse produto de um ende entender Deus sino não seria universal, que é ilimitado e não existiria entre todos perfeito. os povos, mas, somente naqueles que houvessem recebido o ensino como ocorre com a ciência. E, na medida em que vamos evoluindo, crescendo de dentro para fora, vamos compreendendo melhor a existência de Deus em nossas vidas8. Neste sentido, Deus, tal como apresentado 5 KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos: Ano primeiro – 1858. 5 ed. Brasília: FEB, 2014. tradução de Evandro Noleto Bezerra. epígrafe. 6

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pela Doutrina dos Espíritos, tem como atributos essenciais ser eterno, infinito, imutável, imaterial, único9, onipotente, soberanamente justo e bom10. Analisemos cada um segundo a importante síntese de Allan Kardec em que Deus é: @ eterno, pois, se tivesse tido princípio, teria saído do nada ou, então, também teria sido criado por um ser anterior; @ imutável, pois, se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o universo nenhuma estabilidade teriam; @ imaterial, o que significa que a sua natureza difere de tudo o que chamamos de matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às modificações próprias da matéria; @ único, pois, se fossem muitos os Deuses, não haveria unidade de vistas e de poder na ordenação do universo; @ onipotente, porque é único. Se não dispusesse de soberano poder, algo haveria 9 BLECH, Benjamim. O mais completo guia sobre Judaísmo. São Paulo: Editora Sêfer, 2003. tradução de Uri Lam. Cap. I. 10

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mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, e ele não teria feito todas as coisas, que seriam obra de outro Deus; @ soberanamente justo e bom, pois a sabedoria providencial das leis divinas se revela tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas, e essa sabedoria não permite que o homem duvide nem da justiça nem da bondade de Deus. Por enquanto – dizem os Espíritos Superiores – essas noções são as que mais se aproximam da definição adequada da personalidade divina. Isto porque, nós, ainda, não dispomos de condições de entender muito além disso. Daí porque os Espíritos Superiores nos ensinam a necessidade imediata e urgente, neste momento das nossas vidas, de nos conhecermos e nos melhorarmos, diante da impossibilidade de conhecer Deus em sua essência. Consoante assinalam as vozes dos Céus11: “Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. 11

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Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil que pretenderdes penetrar no que é impenetrável”. No entanto, em que pesem os notáveis esclarecimentos oferecidos pelos Espíritos Superiores, o presente estudo pretende vislumbrar o divino a partir da feliz e incomparável síntese oferecida por Jesus, quando nos ensinou e demonstrou que Deus é o nosso Pai: @ pai que é infinito amor e que nos ama incondicionalmente, desde a nossa criação, quando saímos diretamente das Suas mãos amorosas; @ pai que é infinita sabedoria e nos esclare-

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ce a respeito das leis imutáveis da própria vida; @ pai que é infinita misericórdia e compreende as nossas limitações; @ pai que é infinita bondade, que se manifesta pela solicitude divina em todos os momentos das nossas vidas, mesmo quando O negamos, com as nossas atitudes12; @ pai que é infinita justiça, que dá a todos nós segundo os nossos méritos e obras. @ pai que compartilha tudo, com todos os seus filhos. E o Pai da vida compartilhou conosco, como herança fundamental para as nossas vidas, para todos os tempos e épocas da humanidade, as suas leis morais, eternas e imutáveis13, reveladas a Moisés e sintetizadas por Jesus na proposta, dirigida a cada um de nós, de amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos14. 12 KARDEC, Allan. A Gênese. 53 ed. Brasília: FEB, 2013. tradução de Guillon Ribeiro. Cap. II. Nas próximas ocorrências, como se trata da mesma obra consultada, abreviaremos para Gênese e registraremos a informação pertinente. 13

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KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I - Não vim destruir a lei. 131 ed. Brasília: FEB, 2013. tradução de Guillon Ribeiro. Nas próximas ocorrên14

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Todas essas coisas nós já sabemos, porque, como dito, elas nos foram esclarecidas pela Doutrina dos Espíritos, a partir do esforço incomparável de Allan Kardec, no trabalho da codificação, buscando trazer Jesus de volta para as nossas vidas. Então, por que mais um livro sobre Deus, quando, além da Codificação da Doutrina dos Espíritos, já existem tantas obras complementaSão infinitos res15 nos esclarecendo a os bens e oportunidades da respeito do Pai da vida? Porque, sendo Ele infivida que nosso nito, infinitas também são Pai celestial as possibilidades de aborcompartilha dagens da Sua necessária conosco. presença em nossas vidas. Como nos ensina Joanna de Ângelis, é preciso que façamos Deus presente em nossas vidas, e, por isso, os Seus ensinamentos devem ser sempre lembrados por nós, sob diversos ângulos, abordagens e experiências de nossas vivências individuais16. Neste contexto, também são infinitos os cias, como se trata da mesma obra consultada, abreviaremos para E.S.E e registraremos a informação pertinente. 15

MOTTA JÚNIOR, Eliseu F. Que é Deus?. São Paulo: O Clarim, 1997.

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ÂNGELIS. Entrega-te a Deus. Introdução.

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bens e oportunidades da vida que nosso Pai celestial compartilha conosco, de modo a nos ajudar na busca da nossa felicidade. Ou seja, compartilhar Deus em nossas vidas é compartilhar suas leis eternas e perfeitas, como caminho certo para a nossa felicidade17. Repita-se: tudo do Pai é compartilhado conosco. Assim, o presente trabalho tem por finalidade analisar, sob a ótica da Doutrina dos Espíritos, como se dá a presença de Deus em nossas vidas, e como Ele compartilha conosco todos os recursos e oportunidades necessários ao nosso adiantamento, sobretudo moral e espiritual, a partir das potências de nossa alma, enfim, qual é o projeto divino para nós. As reflexões que ora apresentamos aos amigos leitores se dão a partir de fatos e acontecimentos do dia a dia da nossa sociedade contemporânea, que ora enchem as nossas vidas de alegria, consolo e esperança, ora nos infelicitam, retardando ainda, um pouco mais, a nossa perfeita integração com os propósitos de amor e felicidade do Pai da vida para todos nós. Esperamos que a presente obra possa ser útil 17

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a todos aqueles que se esforçam na busca de reforma íntima, a partir da perfeita conexão com o Pai da vida, de modo que, um dia, possamos, tal como Jesus, nosso mestre, modelo e guia, dizermos: “Eu e o Pai somos um18”. Vila Velha - ES, Praia de Itaparica, outono de 2015.

18 DIAS, Haroldo Dutra (tradução e comentários). O novo testamento. João, Cap. 10:30. Brasília: FEB, 2013. Nas próximas ocorrências, como se trata da mesma obra consultada, abreviaremos para N.T e registraremos a informação pertinente.


Horรกcio Augusto Mendes de Sousa

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É muito simples! Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Ele se manifesta em nossas vidas doando ou compartilhando tudo, o tempo todo.

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No atual momento, o planeta Terra está passando por uma grande transição. De mundo de provas e expiações, onde o mal predomina, passará para a categoria de mundo de regeneração onde a humanidade se preparará para o próximo estágio – o mundo feliz, por sua vez anterior ao estágio de mundo celeste. Quanto tempo demorará cada uma destas etapas? Só Deus e a Espiritualidade Maior o sabem precisar. Para os humanos o que importa é seguir sua escala evolutiva e, auxiliando uns aos outros nesta tarefa, compartilhar Deus, aprendendo a cumprir Suas leis divinas. Elas são válidas para todo o Universo e elaboradas para a felicidade do Espírito que somos.

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Este é o convite que lhe faremos a partir daqui. *** Você já parou para pensar se, no seu dia a dia, anda compartilhando Deus? *** Para responder a essa pergunta, é preciso saber, em primeiro lugar, o que é compartilhar. Depois, entender como Deus se manifesta em nossa vida, em nosso interior e nas nossas relações cotidianas orientando-nos sobre o compartilhamento Dele e de suas leis. Na visão materialista e consumista pode significar várias atitudes: presentear alguém que nos possa trazer alguma vantagem, por exemplo; ou, numa falsa atitude de beneficência, dividir alguma “coisa” com alguém necessitado mas, apenas do que estiver sobrando para nós. Sabe aquela “coisa” que não nos faz a mínima falta? Pois é! Isso acontece com a maioria de nós: desde criança aprendemos, que devemos “dar coisas aos pobres”, principalmente aquele brinquedo já “quebradinho” com o qual não brincamos há muito tempo. Ou, então, na adolescência e na fase adulta,

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aquela roupa ou tênis muito “surrados”, quase sem serventia para ninguém, principalmente para quem vai receber o “presente”. Afinal de contas, estamos fazendo a nossa parte, “compartilhando com o próximo, com o pobre”! Será que assim estamos “compartilhando” mesmo? Claro que não! Vamos explicar. Para isso, vamos agora olhar o compartilhar sob o ângulo de Deus. Como assim? É muito simples! Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Ele se manifesta em nossas vidas doando ou compartilhando tudo, o tempo todo. Quando Ele nos criou, Espíritos imortais, simples e ignorantes19, nos fez a todos, sem exceção, com um “kit básico”, com um “computador de bordo20” dotado de software inteligente da vida que regula todas as nossas condutas. A esse centro de comando e controle chamou de “leis naturais”, também conhecidas como morais ou universais21. 19

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Para o uso adequado dessas ferramentas – as leis morais – Ele providenciou para nós variados cenários e papéis no teatro da vida. Os cenários são os planetas pelos quais passamos e passaremos22. Os papéis são as diversas encarnações do Ser Espiritual23 que somos. Hoje, planeta Terra, homem ou mulher. Amanhã, quem é que sabe? Além disso, para garantir que iríamos usar adequadamente as potências com as quais nos dotou, baseadas em Suas leis morais, compartilhou conosco um Instrutor, Jesus Cristo, Espírito da mais alta linhagem, o Filho Maior de Deus Pai24. Sua missão, como guia e modelo da Humanidade é nos fazer entender o “Manual Prático” de uso do nosso computador de bordo, conhecido por Evangelho. Jesus sabia que não entenderíamos logo o “recado de Deus”. Então, com a permissão Dele, foi enviando ao longo do tempo “monitores” para nos explicarem tudo novamente, passo a passo, no tempo de cada um de nós. Um destes foi Allan Kardec, ali por volta do século 19. Antes dele e depois outros vieram também. Cada um 22

E.S.E. Cap. III – Há muitas moradas na casa de meu Pai.

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E.S.E. Cap. IV – Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo.

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com sua especialidade e seu jeito próprio de ensinar, mas, todos fiéis ao Manual. Além disso, Ele ainda nos deu um pai, uma mãe, uma família e todas as condições necessárias para que pudéssemos nascer, viver e progredir sempre. Para sermos, enfim, felizes. Assim, podemos perceber que Deus nos doa, permanentemente, tudo quanto é melhor. Sempre generoso, aguarda o nosso despertar para a desde criança vida, para a realidade de aprendemos, que amor que somos para que devemos “dar possamos também comcoisas aos pobres. partilhar com o próximo, ao nosso lado ou distante, o que há de melhor em nós. Deus espera que compartilhemos amor ao próximo como a nós mesmos, com tolerância e respeito às diferenças. Ele espera que comecemos já a sermos bons25. Pensemos nisso. É tempo de compartilharmos os dons recebidos de Deus!

25 SILVA. Saulo Cesar Ribeiro (coord.) O Evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Mateus. Brasília: FEB, 2014. p. 173

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