Goiânia, 2017
Ecos do Passado: Dinâmica de uma reunião mediúnica Copyright© 2017 by FEEGO 1ª edição Autoria: Eulália Bueno Coordenação Editorial: Ivana Raisky Preparação de originais e revisão: Fátima Salvo Projeto gráfico/capa/diagramação: Juliano P. Fagundes Produção fotográfica: Daniela Alves/ Juliano P. Fagundes Acervos fotográficos: FEEGO Direitos autorais gentilmente cedidos à Federação Espírita do Estado de Goiás. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP GPT/BC/UFG B941e
Bueno, Eulália. Ecos do passado : dinâmica de uma reunião mediúnica. / Eulália Bueno – 1. ed. Goiânia - FEEGO, 2017. 404 p. ISBN: 978-85-60182-50-3 1. Espiritismo. 2. Mediunidade. I. Título. CDU: 133.9
DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio sem a autorização prévia e por escrito dos autores. A violação dos Direitos Autorais é crime estabelecido pelo Artigo 184 do Código Penal. Impresso no Brasil Printed in Brazil 2017 FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE GOIÁS – FEEGO Rua 1133 nº 40 - Setor Marista - Goiânia-GO CEP: 74.180-120 - Fone: (62) 3281-5114/3281-0200 www.feego.org.br
A Autora Médium, escritora, dirigente espírita, conferencista requisitada em todo o Brasil para falar sobre os mais diversos temas espíritas, mas, principalmente sobre mediunidade, é defensora do estudo contínuo do Evangelho e da Doutrina Espírita; dona de um senso de humor ímpar, doçura aliada à firmeza e franqueza cativante. Uma pessoa que todos desejam ter por perto. Assim podemos tentar, palidamente, definir Eulália Bueno. Portuguesa, nascida em Espinho, aportou em Santos, litoral paulista, a 25 de março de 1960, ainda criança, com três anos de idade. Veio com seus familiares em busca de novas oportunidades e se radicou na cidade portuária. Ali passou a infância e juventude, iniciou uma graduação em Biologia que não chegou a completar. Ali se casou com José Ângelo Bueno. O casal tem duas filhas, Mariana e Lílian. Em 1979 iniciou atividades doutrinárias e assistenciais no Lar
Espírita Beneficente Anjo da Guarda. Em 1994 fundou o Lar Espírita Caminho do Cristo, assumindo sua direção terrena sob a orientação dos espíritos José Martins Fontes e Maria do Rosário Del Pilar, esta mentora espiritual da médium. Dela psicografou A melhor vida. Eulália publicou livros em categorias diversas, CDs e DVDs sempre com conteúdo edificante: As quatro escolhas da alma; Noite no cais; Superando a ansiedade; Viva a favor da paz; Provas da existência de Deus; Perdoar para ser feliz; Mediunidade na casa espírita; Influências espirituais; Floresça onde está plantado; Enfrentando as dores da alma; Encontro com o amor; A benção da reencarnação; No silêncio dos claustros; A melhor vida. E também os infantis Estelinha- a estrelinha que não ficou sozinha e O sonho de Estelinha. Muitas de suas palestras, seminários e entrevistas podem ser encontrados no Youtube e diversos outros canais na web. Desde 1998 a autora reside em São Vicente, a 22 minutos de Santos onde continua a exercer suas tarefas espíritas cotidianas.
Você pediu, Eulália atendeu! Todos somos médiuns. Você se considera bom médium? As reuniões mediúnicas em sua instituição transcorrem de maneira adequada? É com alegria que trazemos aos nossos leitores a preciosa contribuição da querida Eulália Bueno para o aperfeiçoamento das práticas mediúnicas de quantos se candidatem às fileiras do intercâmbio com o mundo espiritual. Este livro vem ao encontro do anseio de centenas de participantes do seminário Dinâmica de uma reunião mediúnica, ministrado por ela em várias localidades brasileiras, que sempre lhe solicitam um romance ou uma obra doutrinária sobre o tema. 156 anos após o lançamento de O Livro dos Médiuns, por Allan Kardec, a mediunidade ainda é tratada de forma leviana por muitos. Reuniões mediúnicas são realizadas com a participação de pessoas sem o de-
vido conhecimento, sem a necessária disciplina, avessas ao estudo. O resultado desastroso se faz sentir na esfera pessoal dos envolvidos e na casa que os acolhe, ainda que de boa fé. Não basta ser médium, é preciso saber ser médium. Não basta “ligar o smartphone psíquico” na ilusória expectativa de socorrer sofredores, “dominar” obsessores, manipular fluidos, obter comunicações maravilhosas. Tudo isso se realizado com práticas esdrúxulas, sentimentos negativos, atitudes reprocháveis, resultará em fracasso. Por meio de reflexões doutrinárias aliadas à história de Isadora, que passou de paciente do tratamento espiritual a médium na casa que a acolheu, Eulália compartilha sua experiência e conhecimento com quem aspire a exercer a mediunidade de modo seguro, produtivo, como orienta a Espiritualidade Maior. O norte sempre foi e sempre será Jesus e os Espíritos da Codificação. E, na esteira destes, os que a exerceram com tamanha abnegação que se tornaram modelos para os demais como Francisco Cândido Xavier, Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Franco, Bezerra de Menezes, Martins Peralva e tantos outros. Aqui estão, em formatos diferenciados, os tão esperados romance e obra doutrinária – Ecos do Passa-
do: dinâmica de uma reunião mediúnica. Por vezes a história se estende por uma sequência de capítulos, por vezes, é a reflexão doutrinária, ou se alternam um a um, tão dinâmicos quanto os capítulos da vida. Uma conversa franca, sem meias palavras, com a marca registrada da autora – firmeza e doçura. Para meditar a sós ou em grupo. Para transformar, para melhor, nossa atuação mediúnica em todos os patamares em se manifeste. Ivana Raisky
Sumário Introdução
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Dinâmica de uma reunião mediúnica Somos todos médiuns?
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O cérebro e a mediunidade
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Como saber se sou médium?
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A mediunidade e o corpo físico
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Influenciam os espíritos em nossa vida?
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Quem deve praticar a mediunidade?
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Responsabilidade mediúnica
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Requisitos para participar de uma reunião mediúnica
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Bastidores de uma reunião mediúnica
247
Interferência de pensamento na reunião mediúnica
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Algumas reflexões sobre a responsabilidade dos médiuns
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Ecos do Passado Onde tudo começou
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Primeiros passos
77
Novos dias
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Novos compromissos
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O amor cobre a multidão de pecados
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A convivência amorosa
125
Em busca da paz na Casa Espírita
151
Novos propósitos
163
A decisão de Isadora
175
Comprometimento com a mediunidade
193
O convite da caridade
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A vida segue
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As impressões de Isadora
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Um dolorosa experiência
301
Mãos à obra
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Somos luz
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Quando o amor chega
381
Aos irmãos do caminho
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Referências
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Ecos do Passado: Dinâmica de uma reunião mediúnica
Introdução Quando nos propusemos a escrever sobre este tema, almejávamos contribuir com o trabalho daqueles que se dedicam ao exercício da mediunidade. A experiência tem-nos mostrado que muitas reuniões mediúnicas não passam de um laboratório experimental onde se carece muito de estudo e amadurecimento. Percebemos que por vezes é permitida a participação de criaturas ainda leigas no conhecimento espírita, as quais acreditam, boamente, que o contato com os espíritos trará a razão para continuarem a própria vida, guiados por objetivos mais concretos. No entanto, elas próprias questionam se são espíritos imortais, o que nos faz concluir que não se encontram, de modo algum, prontas para participar de uma reunião tão importante. Pensamos, pois, em compartilhar nossa experiência com os participantes das reuniões mediúnicas, para que, respaldados pelo estudo sistematizado e contínuo, e de maneira responsável, torná-las mais produtivas e benéficas para todos, en-
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carnados e desencarnados. Buscamos, por todos os meios, alavancar nossos estudos, não para trazer aos interessados, um tratado de mediunidade, pois isso está muito bem estabelecido nas obras de Allan Kardec, ainda muito pouco estudadas, mas nosso objetivo é traduzir em linguagem simples, acessível, somada à experiência no campo da mediunidade o que representa estar inserido numa tarefa dessas; como é indispensável reconhecer o compromisso assumido, com certeza antes da presente reencarnação. Em mediunidade não se age de improviso. O corpo físico, por onde se expressa o fenômeno mediúnico, é adequado a receber esse novo sentido, como já demonstra a ciência: por intermédio da neuroimagem, comprova a presença de cristais de apatita no organismo do médium, tema que esclareceremos em capítulo apropriado mais á frente. O conhecimento científico e o estudo das nuances espirituais da questão impedem que esse caminho seja feito de aventuras momentâneas e mostra-nos os riscos a que se expõe quem insistentemente o adota sem estar munido das indispensáveis condições. Podemos estabelecer aqui uma comparação interessante e atual: todos nós estamos afeitos às redes so-
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ciais e adicionamos outras pessoas com base nos perfis apresentados e que nos parecem confiáveis. De repente, nos vemos enleados no ardil de uma pessoa ou grupo inescrupuloso que se apossa de todas as nossas informações pessoais para fazer o que bem entenda. Com frequência, são utilizados recursos tecnológicos para armar verdadeiras montagens de cenas das quais não participamos ou publicam mensagens que jamais escreveríamos. Então nos empenhamos em provar aos demais que aquilo não corresponde à realidade, tarefa árdua e por vezes inglória, pois o possível agressor se esconde atrás de diversas identidades, em dispositivos diferentes e dribla todos os esforços de rastreamento. Assim se encontra aquele que adentra uma reunião mediúnica sem o devido conhecimento e indispensável preparo. Nada conhece sobre fluidos, sensações fluídicas. Não consegue, pois, distinguir as que são produzidas por um espírito bem intencionado das expressadas por outro necessitado ou por obsessores deliberados em causar discórdias e impor como autênticas e benéficas as ideias mais esdrúxulas com o objetivo de dominar o grupo. Kardec nos alerta que uma reunião mediúnica é um ser coletivo, onde todos compartilham a mesma
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responsabilidade, independente da condição em que atuam (O Livro dos Médiuns. item 331) Assim, um único membro despreparado acaba absorvendo fluidos deletérios e com eles contamina os demais, o que abre grande possibilidade do grupo ser conduzido por espíritos sem a mínima qualificação para a tarefa ou realmente mal intencionados. Esses lançam mão de pessoas ingênuas ou portadoras de certas falhas morais que propiciam abertura a artimanhas e planos maléficos para estabelecer processo de obsessão coletiva capaz de destruir a reunião e a própria Casa Espírita. Com frequência é o caminho para que a vaidade, o personalismo, o desejo de poder a qualquer custo propiciem a abertura de novos Centros. Nesses, as atividades oferecidas e a filosofia adotada desvirtuam os ensinamentos do Mestre Jesus e a obra da Codificação Espírita trazida pela Espiritualidade por meio do trabalho sério de Allan Kardec. Convidamos, pois, o leitor a nos acompanhar as reflexões e a deter-se no estudo das fontes de onde foram extraídas para que a Doutrina espírita deixe de ser oportunidade para aqueles que, falidos em suas vidas particulares, busquem destaque em suas fileiras para satisfazer interesses meramente pessoais.
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O conhecimento tem rasgado o véu da ignorância que nos fazia acreditar que tudo que precisava ser feito competia aos Espíritos, enquanto para nós, encarnados, apenas sobrava o papel de instrumentos cegos. A Doutrina Espírita atingiu o patamar que exige de seus trabalhadores a devida capacitação, única forma de não conduzir tudo ao naufrágio de uma incomparável oportunidade. E para que os temas aqui abordados possam ser compreendidos por todos, intercalamos texto doutrinário e romance que podem ser lidos em separado ou alternados, como convier ao leitor. Seja, pois, bem vindo a esta reflexão sobre a dinâmica de uma reunião mediúnica.
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CapĂtulo 1
Somos todos MĂŠdiuns?
Ecos do Passado: Dinâmica de uma reunião mediúnica
A
“Toda pessoa que sente a influência dos espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente (característica essencial) ao homem.” (Kardec, O Livro dos Médiuns─ Cap. XIV─ Os médiuns─ item 159).
o reportar-nos à afirmação de Allan Kardec acima citada podemos concluir que todas as pessoas, de alguma maneira, sentem a influência dos espíritos, como frisado na pergunta 459 de O Livro dos Espíritos: Influenciam os espíritos em nossa vida? Resposta: “não somente influenciam como na maioria das vezes são eles que vos conduzem”. Dessa forma, percebemos que somos influenciáveis a todo instante e que o tipo dessa influência dependerá unicamente de nós. Somos completamente responsáveis pelas associações espirituais que estabelecemos. Este pensamento contraria a afirmação de muitos so-
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bre a liberdade dos espíritos para escolher a quem vão influenciar. Em casos de obsessão, imagina-se que há uma constrição compulsória do espírito infeliz, que tenta, de todas as formas, manipular os nossos pensamentos, palavras e atos. As nossas experiências espirituais, porém, somam um arquivo único que trata da identidade de cada um de nós. Não existem dois Espíritos iguais. Acontece que podemos ter as inclinações similares às de determinado espírito o que facilita o estabelecimento de uma sintonia vibratória, que nos coloca em estreito campo de comunicação uns com os outros. Vivemos mergulhados num oceano de mútuas e ininterruptas vibrações que atuam reciprocamente e agasalham-nos em campos idênticos, o que provoca sustentação ou ampliação das tendências, motivo pelo qual nunca devemos dispensar a advertência de Jesus: “Vigiai e orai”. Costumamos interpretar esse ensinamento de maneira errônea e simplista. Julgamos que pelo fato de realizarmos uma prece, muitas vezes apenas formalizada por palavras, sem o sentimento verdadeiro de entrega, já estabelecemos um campo de proteção infalível que nos coloca acima de qualquer influência menos feliz. Jesus, porém, advertiu-nos que era necessário an-
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tes de tudo “vigiar”, que significa tomar conta dos nossos pensamentos e atitudes, avaliar se são coerentes. Noutras palavras, estabelecer critérios para aceitar e realizar qualquer coisa de forma a perceber a sua utilidade geral e não apenas particular, o que nos preserva do egoísmo. Vigiar é acima de tudo ponderar sobre a nossa conduta moral, que vai além das necessidades ou conveniências pessoais. Somos seres gregários. Nossas necessidades evolutivas nos fazem agrupar em famílias e sociedades diversas. Para sermos aceitos nos grupos absorvemos atitudes por eles adotados, ainda que contrários à razão ou que firam profundamente a moral, numa conivência por vezes deprimente. Quantas vezes observamos a prática da deslealdade e da corrupção a benefício próprio e estabelecemos uma conduta que vai idealizar um futuro instável para a nossa evolução como Espíritos imortais que somos. Esta conduta nos traz obstáculos que não existem para nos “cobrar” ou “tomar de volta”, mas simplesmente nos oferecem a chance de “fazer diferente”. Constitui ação educativa que nos apontará rumo diferenciado, a fim de que a riqueza dessa experiência gravada em nosso espírito nos permita crescer e bem utilizar o tempo para novas e imorredouras conquistas.
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A afirmação de Kardec, em O Livro dos Médiuns, é muito importante, pois dimensiona o espírito momentaneamente em sua vivência reencarnatória sem, no entanto, em instante algum, distanciar-se do natural envolvimento nos atos de cada dia. É-nos permitido utilizar todos os recursos materiais e potencialidades individuais que estejam ao nosso alcance, de acordo com as escolhas que fazemos ao longo da vida. A nossa essência espiritual, no entanto, faz com que não percamos a conexão com a realidade além da matéria e nos faz lembrar em minúcias dos pontos a serem aprimorados no quadro vivencial em que nos encontramos. Não podemos, pois, dispensar cada momento, seja qual for. De modo contínuo e interligado, cada um deles une o nosso ontem ao hoje e este ao amanhã. É a expressão da Justiça Divina. Cada acontecimento recebe o convite de nós mesmos para existir, de forma consciente ou não, mas nunca rompendo o circuito de vibrações emitidas por nós, que encontram correspondência em algum lugar. Esses contatos espirituais são ininterruptos e ocorrem também quando estamos adormecidos. Nesse momento, aliás, desvestimos a máscara social que muitas vezes nos impomos durante o estado de vigília.
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A nossa vigilância moral deve ser constante para estabelecer um campo de vibrações seguras que venham a colaborar com novas conquistas. Tanto o mal quanto o bem podem ser impulsionados por nós. No entanto, ainda que nos creiamos maus, procuremos agir no bem, instante a instante, para que a conjugação dessas forças positivas encontre espaço para tornar em realidade nossos desejos do bem até que sejamos definitivamente bons. Prestar atenção aos mínimos detalhes de cada pensamento antes de aceitá-lo como nosso é obrigação que nunca deve ser esquecida, para que não passemos a fazer parte de um verdadeiro condomínio espiritual, sem conseguir discernir qual parte nos pertence.
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