Revista Veja | Aniversário de Teresina

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Fotos: Thiago Amaral

Teresina 162 anos



Foto: Thiago Amaral

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Mirante da Ponte Estaiada

Tradições e costumes que fazem a capital do Piauí ser adorada por sua gente

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os 162 anos, Teresina é a capital mais jovem do Nordeste e também a única que não se localiza às margens do Oceano Atlântico. Fundada pelo advogado José Antônio Saraiva - então conselheiro da cidade - para ser a capital do Piauí, vem construindo sua identidade a partir de referências diversas em um movimento que mistura tradição e inovação. O professor do mestrado em Comunicação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Gustavo Said, 42, afirma que Teresina não tem identidade historicamente definida. Criada para ser uma zona de trânsito, promoveu o comércio entre as cidades maranhenses e a região do país conhecida como meio norte, e recebeu pessoas vindas de outros estados.

Isso ajuda a explicar a diversidade e a falta do que ele chama de um rosto definido. “Mas esse detalhe pode ser algo estratégico. A cara de Teresina pode ser não ter nenhuma cara ou, se preferir, ter todas as caras quanto possível”.

Existirmos: a que será que se destina? A pergunta acima, que introduz a música Cajuína, de Caetano Veloso, pode ser feita à capital. A cajuína cristalina em Teresina é uma das marcas que identificam a cidade. Outro grande orgulho do teresinense é a cerveja canela de pedreiro, que vai tão gelada para a mesa do cliente que a garrafa chega

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TERESINA, MOSTRA A TUA CARA



Foto: Thiago Amaral

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branca. Os moradores da região afirmam ter a cerveja mais gelada do Brasil. Verdade ou não, pouco importa. O fato é que com o clima quente da cidade, os comerciantes se empenham em servir a tal canela de pedreiro. O consumo de caranguejo em uma cidade que fica a mais de 300 km de distância do mangue mais próximo também chama atenção de quem chega. A proprietária de um tradicional restaurante da região, Christiane Cunha, 43, afirma que vende em média 2.800 caranguejos por semana. Quem se depara com a iguaria pela primeira vez fica confuso sobre como retirar a carne de dentro do casco duro. Mas, para os teresinenses, a arte de comer caranguejo com um martelinho ou marreta é passada de pai para filho. Já o pão de queijo, tipicamente mineiro, tem espaço garantido no coração do teresinense. Mas não um pão de queijo qualquer, e sim o preparado pelo seu Cornélio. Falecido em junho, aos 92 anos, Cornélio Evangelista da Costa ficou conhecido pela receita que vendia há mais de 40 anos no centro da cidade. Gerações de teresinenses se sentaram em sua lanchonete, em uma esquina da Avenida Antonino Freire, orgulhosamente chamada de a menor avenida do mundo, para saborear o pão de queijo

ao som da prosa com o proprietário do local. Com apenas 200 metros, a menor avenida do mundo é reconhecida pelo Guinness Book, e também é famosa pelo menor espaço cultural do planeta. Ao menos é o que afirma o coordenador do Espaço Cultural São Francisco, o artista plástico Cícero Manoel, 48. Obras de arte, revistas, livros, objetos antigos e discos de vinil disputam o espaço de 16m² com botões, agulhas e linhas. Localizado no tradicional Mercado do Mafuá, na Zona Norte de Teresina, começou, em 1972, como armarinho e aos poucos se transformou em um misto de galeria de arte, biblioteca e sebo. Os serviços de armarinho continuam oferecidos e Manoel cobre botões e prega ilhoses enquanto os fregueses apreciam exposições de arte.

A folia reinventada O menor espaço cultural, a menor avenida e o maior corso do mundo. Sim, a Teresina que se orgulha do pequeno também detém, desde 2012, o recorde do Guinness Book por seu corso, realizado no sábado do Zé Pereira. A tradição do corso começou na primeira metade do século 20, quando prostitutas que não podiam

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Espaço Cultural São Francisco



participar do carnaval tradicional organizaram o Caminhão das Mariposas para desfilar pela cidade. Décadas depois, o corso foi incorporado ao calendário da cidade e cada vez mais carros temáticos passaram a participar do festejo. Outro evento característico de Teresina é o bloco Sanatório Geral, que acontece há dez anos na Praça da Liberdade, centro da cidade, no sábado de Carnaval. Em 2005, diante da programação apática do carnaval de Teresina, o produtor de eventos Jorginho Medeiros, 49, e o diretor de teatro Arimatan Martins, 56, decidiram fazer um bloco para quem ficasse na cidade. A ideia era um bloco que não tivesse nada institucionalizado, sem abadá, sem camarote. “Vai quem quer, do jeito que quer. O importante é a alegria e a diversão”, afirma Medeiros. O que no início era uma brincadeira de amigos se transformou em um bloco da cidade. “Não dá para saber como será o amanhã. Então a ideia é que o carnaval continue, independente de quem esteja aqui. É um carnaval para a cidade, para todo mundo, o carnaval é de Teresina.”

Tradição e inovação A cidade múltipla, diversa e fragmentada vê suas tradições serem reinventadas. É o caso do artesanato de argila do bairro Poty Velho, próximo ao encontro dos rios Poty e Parnaíba. Nas olarias da região, produziam-se tijolos, potes, vasos e jarros com uma divisão clara de gênero. Os homens operavam os tornos e as mulheres pintavam as peças decorativas. Um exemplo de mudança nessa tradição é o projeto Mulheres do Poty, promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Piauí (SEBRAE/PI), dentro do projeto Casa Piauí Design. Durante três meses, a arquiteta Indira Matos, 32, desenvolveu, junto com 30 mulheres de uma cooperativa, cinco bonecas de barro criadas a partir do cotidiano dessas mulheres ribeirinhas. As chamadas Mulheres do Poty são comercializadas desde 2007 no polo cerâmico. Não só a matéria-prima tradicional recebeu um olhar contemporâneo, as próprias relações familia-

res também foram reestruturadas a partir dessa atividade, que trouxe renda própria a elas. É também a partir de materiais tradicionais que a designer e artista plástica Kalina Rameiro, 44, cria seus produtos. São telas, esculturas e acessórios, como tiaras de noiva, brincos, colares, pulseiras e anéis. Além disso, produz bolsas, nécessaires, almofadas e passadeiras. Em seu ateliê, localizado na capital, a palha pode ser casada com o bordado de cristal, a renda renascença é mesclada com a prata e o design contemporâneo se utiliza dos elementos de uma Teresina do passado. “Meu trabalho tem a cara de Teresina, procuro resgatar o que se fazia antigamente, mas com um olhar contemporâneo”, diz. A cara de Teresina se modifica também em seus muros. As cores e traços do artista plástico Nonato Oliveira, 64, se encontram em diversos pontos da cidade, em murais que refletem os costumes, a cultura e o folclore nordestino. Na capital piauiense, seus murais podem ser encontrados em igrejas, sedes de órgãos públicos, empresas privadas e até residências. “Os murais são obras de arte voltadas para o povo e é para o povo que eu sempre direcionei minha arte”, defende o artista. Das cores quentes de Nonato Oliveira à arte politicamente engajada do grafite, os muros de Teresina ganham diferentes formas. Nos últimos anos, percebeu-se um aumento da quantidade de muros grafitados em diversos bairros. O artista plástico Hudson Melo, 27, é um dos expoentes dessa geração de artistas que trazem uma cara contemporânea à cidade. “Tem uma questão política nesse tipo de arte. O grafite ninguém pede para fazer, a gente vai lá e deixa. De certa forma, obrigamos as pessoas a verem.” Se a identidade cultural da Teresina pode ser justamente a falta de uma marca que a identifique, pode-se pensar também que todas essas expressões culturais e hábitos formam um mosaico incompleto e belo da cidade que já não é menina, como já foi afirmado. Mas que seu desabrochar talvez se dê exatamente na renovação das tradições e na criação e incorporação de novos hábitos.

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Textos: Clarissa Carvalho /Arte e Diagramação: Julio Rodrigues (Conteúdo publicitário produzido pela Editora Abril/Coordenado pelas áreas de projetos especiais do Núcleo VEJA e de marketing publicitário, sob encomenda do marketing regional de CE/PI/MA)

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