Foto: Benonias Cardoso
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Delta do Rio Parnaíba: dunas, céu azul e sol o ano inteiro.
AQUI SE FALA É PIAUIÊS, MESTI!
“T
u pode arrodear aquele quarteirão e quando chegar na outra rua é só caminhar no rumo da venta que a farmácia é do outro lado, xis com a padaria. Mas acunha logo que tá bonito pra chover!”. Se você ouviu uma frase assim, certamente está no Piauí. Ou mesmo em Paris ou Tóquio, mas entre piauienses. O piauiês é esse falar típico do Estado, com suas gírias, expressões e sotaque próprios: é o jeitinho piauiense de ser, expresso em seu modo de se comunicar. Falante nativo de piauiês, o jornalista Paulo José Cunha, 63, começou a anotar, há alguns anos, as expressões usadas pela mãe. A intenção era escrever um artigo sobre o “modus falandi” piauiense. Mas as lembranças e contribuições de amigos foram tantas
que acabou fazendo um livro. Depois de cerca de dez meses anotando sugestões e pesquisando em livros, revistas, peças publicitárias e jornais, Cunha lançou em 1992 a Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês. “A ideia é a preservação do acervo cultural que essa linguagem encerra. Tem toda uma tradição guardada nessas expressões e palavras. O mais legal é que essas expressões são usadas com mais vigor e propriedade pelas camadas mais humildes, porque ainda não foram contaminadas pela globalização”, afirma. De 1992 para cá, o livro teve mais quatro edições, sendo a última em 2012. Alguns verbetes foram retirados, por não parecerem piauiês, mas nordestinês. Outros foram reescritos e vários acrescentados. “É um livro vivo, que nunca vai ser concluído”.
DIA DO PIAUÍ
Jornalista organiza em livro a língua e as expressões típicas em uso no Piauí, registrando e resgatando a autoestima de seus habitantes
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Registrar a língua como forma de resgate do orgulho de ser piauiense O jornalista acredita que a Enciclopédia ultrapassa a função de simplesmente registrar essas expressões, pois promove um resgate da autoestima do piauiense. “As pessoas estão se orgulhando de ter um jeito próprio de se expressar, que nos distingue. O livro mostrou que no Piauí a gente tem uma cultura própria e tem que se orgulhar e se orgulhar muito dela”. Em 2013, o piauiês foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Piauí, caracterizado em lei como “a pronúncia da Língua Portugue-
sa que é característica do Estado do Piauí, bem como as palavras e expressões típicas”. A antropóloga Francisca Verônica Cavalcante ressalta a importância desse tipo de reconhecimento jurídico para dar visibilidade a traços culturais e identitários. “Uma parcela significativa da população brasileira, particularmente a piauiense, letrada, desconhece esse olhar para uma pletora de expressões e manifestações culturais encontradas ‘no jeito que o piauiense fala’ e me parece ser ela quem mais fortemente será impactada com esse reconhecimento, à medida que esse fato pode engendrar um novo olhar para si e para a sociedade piauiense”. Para quem ainda não é fluente em piauiês, a frase do início do texto significa que você deve dar a volta no quarteirão e, ao chegar à outra rua, caminhar reto, pois a farmácia é do outro lado, em diagonal com a padaria. Mas vá rápido, porque tem chuva chegando.
PIAUÍ E AS ORIGENS DO HOMEM AMERICANO mais controversa. Durante algumas décadas, a teoria que prosperou no meio acadêmico propunha que os primeiros Homo sapiens teriam migrado da África para a Eurásia e em seguida teriam cruzado a faixa de terra onde hoje se encontra o Estreito de Bering, da Sibéria para o Alasca, em um período em que o nível do mar estava baixo, daí povoando as Américas. Foto: Benonias Cardoso
ntender quem foram e como viveram os primeiros habitantes do planeta é um empreendimento que mobiliza arqueólogos, historiadores e outros pesquisadores. Sabe-se hoje que o surgimento do Homo sapiens aconteceu na África, em algum momento entre 200 mil e 150 mil anos atrás. Mas sua chegada ao continente americano é bem
Visitação aos sítios arqueológicos - Parque Nacional da Serra da Capivara
DIA DO PIAUÍ
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Parque Nacional da Serra da Capivara reúne achados arqueológicos importantes para recontar o início da ocupação humana nas Américas
No entanto, dados arqueológicos surgidos depois, em diversas regiões do mundo, colocam esse modelo de ocupação das Américas em xeque. No sudeste do Piauí, o Parque Nacional da Serra da Capivara reúne alguns achados que ajudam a repensar a teoria de ocupação do continente americano. Pinturas rupestres com datação de até 28 mil anos, contra os 13 mil ou 13 mil e quinhentos anos dos artefatos que sustentam a primeira teoria, levam a pensar que talvez a rota de entrada do Homo sapiens tenha sido outra. “Com base nos dados existentes atualmente podemos propor, como teoria, que, quando a África passou por um período de grande seca que originou os desertos, a população saía ao mar procurando comida. E as correntes marítimas e ventos fazem rota da África para o nordeste do Brasil. Assim, canoas que saíram procurando comida podem ter sido trazidas para o Piauí e para a Bahia, pois há correntes que chegam nesses dois locais”, afirma a arqueóloga Niéde Guidon, 81. Niéde liderou a missão franco-brasileira que começou a pesquisar a região da Serra da Capivara ainda na década de 1970 e hoje é diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), fundada em 1986, com o intuito de proteger e conservar a fauna e os sítios com arte rupestre, além de desenvolver o turismo na região. O Parque foi criado em 1979 pelo governo federal e fica localizado entre os municípios de São Raimundo Nonato, Coronel José Dias, João Costa e Brejo do Piauí. Em 1991, foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela O rganiza-
ção das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação (Unesco).
Arqueologia e turismo na Serra da Capivara Independente das controvérsias que se desenrolam no mundo acadêmico, o Parque
Nacional da Serra da Capivara é um destino turístico pela beleza da arte rupestre registrada nas formações geológicas. Em seus 120 mil hectares e entorno, possui mais de 1.300 sítios arqueológicos, dos quais 1.034 apresentam pinturas ou gravuras, ou ambas, representando figuras humanas, animais, objetos e plantas nas formações rochosas. Os 25 mil turistas que visitam o parque anualmente podem apreciar 172 sítios que estão preparados com passarelas para a proteção das pinturas. “Nenhum patrimônio da humanidade tem tantos sítios visitáveis como a Serra da Capivara”, afirma Niéde. As possibilidades de visitação do parque são várias, mas o ideal é ficar pelo menos quatro ou cinco dias na região. Além da observação da natureza, as trilhas têm sempre sítios arqueológicos muito ricos em arte rupestre como ponto de parada ou destino. “Os roteiros são criados em função da disponibilidade do visitante, com maior ou menor esforço, mas sempre tem o que ver”, afirma Rosa Trakalo, coordenadora de projetos da FUMDHAM e proprietária de uma agência de turismo receptivo. Na comunidade de Barreirinho, próximo ao parque, é possível comprar peças em cerâmica Serra da Capivara, produzidas por pessoas da região. As travessas, copos, xícaras e demais utensílios representam as pinturas do parque e estão sendo também exportadas. Na cidade de São Raimundo Nonato, o Museu do Homem Americano apresenta resultados de quatro décadas de pesquisa na área, que são atualizados com as novas descobertas. Além disso, a exposição mostra a história do homem desde 100 mil anos atrás, e do povoamento das Américas, com dados de pesquisas internacionais. O município com melhor infraestrutura para se chegar à serra é São Raimundo Nonato. O aeroporto de Petrolina (PE) é o mais próximo, a 300 km de distância. O acesso não é fácil; demanda tempo para alternar deslocamento de avião e carro ou ônibus. Mas, pensando que nossos antepassados talvez tenham feito a travessia de um continente a outro em canoas e a pé, certamente vale a pena gastar um pouco de tempo para ver o legado deixado por eles.
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Circuito Mundial de Kite Surf - Praia de Barra Grande
LUZES E VENTOS NO LITORAL As praias piauienses são destino certo para lazer e prática de esportes sob o sol
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Piauí é o Estado com a menor faixa litorânea do Brasil, mas cada um dos seus 66 quilômetros de extensão prometem – e cumprem – sol o ano inteiro e condições favoráveis à prática de esportes. “Nossa costa é beneficiada, devido à sua posição geográfica, com ventos elísios durante a maior parte do ano. Por isso, a prática de kitesurf tem crescido tanto no litoral piauiense”, afirma Augusto Sampaio, presidente da Associação Brasileira de Kitesurf. O esportista afirma que o Estado começou a entrar na rota dos praticantes do esporte por volta do ano 2000, mas que agora, com uma boa estrutura hoteleira e de gastronomia, está chamando bastante atenção dos estrangeiros. Em setembro deste ano, a praia de Barra Grande, no município de Cajueiro da Praia, recebeu a oitava etapa do circuito mundial do esporte. O Circuito Brasileiro Arena Kite também teve uma etapa no Piauí, em agosto, na praia de Itaqui, município de Luís Correia.
Rota pelo Delta do rio Parnaíba atrai milhares de turistas Mas nem só de esporte vive o turista no litoral do Piauí. O passeio pelo Delta do rio Parnaíba leva o visitante por cenários de dunas, florestas, mangues e mais de 70 ilhas fluviais. O único delta em mar aberto das Américas separa Piauí e Maranhão, e pode ser visitado a partir da cidade de Parnaíba (PI), em embarcações grandes ou em lanchas. Junto com Jericoacoara, no Ceará e com os Lençóis Maranhenses, o Delta faz parte do roteiro turístico integrado Rota das Emoções, do Ministério do Turismo. O coordenador regional da Rota, Gilson Vasconcelos, afirma que o Sebrae - PI vem trabalhando na qualificação e certificação de hotéis, restaurantes e barracas de praia da região. Em 2013, 20 mil turistas fizeram a Rota das Emoções completa, passando pelos três Estados (Ceará, Piauí e Maranhão). Vasconcelos indica alguns roteiros igualmente interessantes no litoral do Piauí: o passeio do cavalo-marinho, em Barra Grande; a vivência de catar caranguejo no mangue e a revoada dos guarás, no fim de tarde, no Delta do Parnaíba.
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Textos: Clarissa Carvalho /Arte e Diagramação: Julio Rodrigues (Conteúdo publicitário produzido pela Editora Abril/Coordenado pelas áreas de projetos especiais do Núcleo VEJA e de marketing publicitário, sob encomenda do marketing regional de CE/PI/MA)
Foto: Raoni Barbosa
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