Centralidade Linear: uma proposta de Operação Urbana na Rodovia Anchieta em São Bernardo do Campo

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APRESENTAÇÃO

Nos países em desenvolvimento, em especial na América Latina,

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as metrópoles apresentam uma estrutura urbana que difere de outras de igual porte em países desenvolvidos, são marcadas pela presença de periferias urbanas, evidenciando a disparidade econômica e social da população. De acordo com Meyer, Grostein e Biderman (2002), o processo migratório em direção à metrópole é um traço essencial da metropolização, seja em países ricos ou pobres, no entanto, são as condições oferecidas à população migrante que os distingue. No Brasil, a formação das metrópoles se deu sem que houvesse uma infraestrutura urbana capaz de acolher tamanho contingente populacional, tornando as grandes cidades brasileiras palco de problemas sociais, econômicos e ambientais de grande complexidade. A Região Metropolitana de São Paulo é um exemplo claro disso. Quarta maior do mundo, a RMSP possui mais de 20 milhões de habitantes distribuídos em uma mancha urbana que se estende por 2.200 km², sob diferentes padrões socioespaciais de ocupação. Com relação ao Grande ABC, sub-região sudeste da RMSP, considerado um dos principais pólos industriais com presença da cadeia produtiva de automóveis e do segmento petroquímico, não poderia ser diferente. A expansão desordenada da metrópole transbordou os limites da capital paulista, chegando a municípios vizinhos. Essa expansão desencadeou problemas relacionados à habitação, infraestrutura e mobilidade urbana. Em São Bernardo do Campo, a inauguração da Via Anchieta, em 1947, marca o início de uma fase de acelerado crescimento. Incentivadas pelas facilidades logísticas proporcionadas pela estrada, pela presença de mão-de-obra razoavelmente qualificada na região e também por alguns

incentivos fiscais concedidos, um grande número de empresas estrangeiras se instalou na cidade. Como consequência da vinda de gigantescas indústrias automobilísticas, a cidade converte-se, nas décadas de 50, 60 e 70, em um dos principais polos industriais do país, atraindo enorme contingente de mão-de-obra, que aumentava exponencialmente com a chegada de migrantes de várias regiões do país. A São Bernardo contemporânea, que, em 2010, já contava com 746 mil habitantes, conta com os problemas próprios das grandes metrópoles, tais como violência, poluição, déficit habitacional, entre outros. Por outro lado, alguns dados que mensuram o desenvolvimento humano da cidade apontam outra faceta deste processo: em 1970, a expectativa de vida que um indivíduo tinha em São Bernardo era de 52 anos, hoje ela passa dos 70 anos. A mortalidade infantil caiu mais de 10 vezes no mesmo período e simultaneamente houve um intenso crescimento da escolaridade média. A estrutura radioconcêntrica do município, assim como São Paulo, é confirmada pela forma que as condições de vida, em geral, são piores à medida que se afasta do centro. Essa estrutura não diz respeito só ao traçado viário, muito menos à seu processo de expansão, mas diz respeito também a acumulação de riquezas e concentração de infraestrutura de lazer, cultura e educação, por exemplo. Neste trabalho, a intenção é fornecer proposições mitigadoras dos problemas que a cidade enfrenta. Para isso, propõe-se uma operação urbana na cidade de São Bernardo do Campo tendo como foco os bairros lindeiros à Rodovia Anchieta, do km 13 ao km 23 de modo a vencer a barreira física que a via estabelece e propor mudanças na dinâmica atual da região, além de melhorias sociais, ligadas principalmente à questão da mobilidade.

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