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Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 51 nº 658 – Agosto de 2009

Fotos: Caroline Santana Pereira

Festa no Ibirapuera!

Presbiterianos de São Paulo lotam ginásio para comemorar 150 anos da IPB! Páginas 10 e 11

Histórias de um historiador

Fotos: Alderi de Souza Matos

Leia o diário da viagem do reverendo Alderi Matos aos EUA, até a cidade onde nasceu Simonton, e descubra um pouco mais sobre a vida do homem que trouxe o presbiterianismo para o Brasil

Páginas 3 a 6

Projeto Maués: saiba mais sobre o trabalho de missões na Amazônia Página 12

Divulgação


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EDITORIAL

Brasil Presbiteriano

Uma Igreja Peregrina O

título deste editorial eu o tomei emprestado do livro escrito por Alderi Souza de Matos, historiador oficial da IPB. Essa obra será lançada ainda neste mês de agosto, como parte das comemorações do sesquicentenário da nossa igreja. O título é mais do que apropriado. Sabemos que somos peregrinos neste mundo, como crentes, individualmente, e como igreja do Senhor Jesus Cristo, e essa característica tem marcado a nossa história nesses 150 anos. A IPB tem lutado, de vários modos, contra a secularização, contra a acomodação a padrões mundanos. E preciso que continuemos atentos, para não tentarmos, embora peregrinos, conseguir “estabilidade” em relação à cultura de que fazemos parte. Firmeza doutrinária. Vida de santidade. Nossa cidadania está nos céus. Esse desafio e compromisso, porém, não nos farão esquecer nosso papel em relação à mesma sociedade. Somos cidadãos, temporariamente, deste país chamado Brasil. Cidadania é um assunto mal resolvido aqui e a nossa demo-

Ano 51, nº 658 Agosto de 2009

cracia aqui aportou como fruto do oportunismo das classes dominantes. Por isso, as reformas sociais ocorreram quase sempre de cima para baixo e o povo nunca se entusiasmou de fato com elas. Ainda hoje o brasileiro pensa que a culpa por todo o mal do país é do governo. A situação não fica melhor quando se trata dos presbiterianos. Ao contrário. Discriminados e marginalizados, nós nos apegamos a um lado só da questão cidadania: “... a nossa pátria está nos céus” (Fp 3.20). Por isso, aprendemos a classificar como pecaminosas muitas expressões culturais em si mesmas inofensivas. Esse isolacionismo cultural nada tem a ver com a nossa herança reformada. A orientação da Reforma foi no sentido de os crentes participarem da sociedade e influenciarem a cultura, o que ocorreu para grande proveito das nações que abraçaram o movimento. Crentes reformados praticam a cidadania e influenciam seu meio. Temos feito isso, também, nesses 150 anos. Somos peregrinos que salgam e transformam a sociedade.

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DOCUMENTOS DA HISTÓRIA DA IPB

Viagem à terra de Simonton Alderi de Souza Matos

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m sua reunião de 2006, o Supremo Concílio nomeou uma comissão especial para planejar as comemorações do sesquicentenário da IPB. Entre outras iniciativas, a comissão decidiu pela produção de um documentário sobre a igreja. Após contatos com vários diretores, a organização Luz Para o Caminho acabou sendo escolhida para esse fim, não só por ser uma entidade da igreja, mas por ter oferecido um orçamento que melhor se ajustava às possibilidades da tesouraria do Supremo Concílio. Além do documentário, a LPC também se dispôs a produzir um curtametragem sobre a vida do Rev. Ashbel Green Simonton. Desde o início, surgiu a idéia de incluir no documentário algumas imagens dos locais ligados à vida de Simonton nos Estados Unidos, em especial a pequena West Hanover (sua terra natal), a cidade de Harrisburg, capital do Estado da Pensilvânia, onde ele passou parte da adolescência, e Princeton, em Nova Jersey, local de seus estudos universitários e teológicos. Na qualidade de historiador da IPB, fui convocado para acompanhar a equipe de filmagem da LPC nessa viagem histórica, que ocorreu em abril de 2009. Antes da viagem, foram feitos contatos com pessoas-chave de todos os locais que seriam visitados. Acompanhado do cinegra-

fista Sérgio Cardoso, cheguei a Nova York na quarta-feira 22 de abril, pela manhã. À tarde nos encontramos com outros dois membros da equipe, Jáder Gudin (diretor do documentário) e Jaider Rodrigues (produtor), que haviam viajado antecipadamente para os Estados Unidos. Após alugarmos

ropeus, em sua maioria presbiterianos escoceses-irlandeses, chegaram a essa parte da Pensilvânia no início do século 18 e o distrito foi criado em 1785. No ano 2000, a população totalizava apenas 6.500 pessoas.

Rev. Ashbel Green Simonton (no alto); acima, fachada do Seminário Teológico de Princeton

um Chevrolet Blazer, partimos para West Hanover, atravessando inicialmente a majestosa cidade de Nova York, inclusive a Ilha da Manhattan. Chegamos ao nosso destino no início da noite, ficando hospedados num agradável hotel próximo à Rodovia 81. O início da semana havia sido chuvoso, mas, segundo as previsões, o tempo iria melhorar gradualmente nos dias seguintes, o que de fato aconteceu. West Hanover Na quinta-feira, dia 23, co-

meçamos bem cedo a nossa peregrinação pela terra de Simonton. Tínhamos muita coisa para filmar e só dispúnhamos de um dia nessa região. West Hanover continua sendo uma localidade essencialmente rural e agrícola, como nos dias de Simonton, só que muito próspera e desenvolvida, com excelentes residências e estradas asfaltadas por toda parte. É uma “township”, ou seja, não um município, mas uma espécie de distrito do Condado de Dauphin, que abrange a cidade de Harrisburg e regiões vizinhas. Os primeiros colonos eu-

Inicialmente percorremos algumas estradas próximas ao hotel, passando por bonitas fazendas e chegando até as primeiras montanhas na parte norte do distrito. No horizonte era possível ver as Montanhas Azuis, que se estendem em linha reta por centenas de quilômetros, constituindo a extremidade norte dos Montes Apalaches. Naquela manhã ensolarada, mas muito fria, enquanto filmávamos e fotografávamos os belos cenários, várias interrogações se alojavam em nossa mente: Iremos encontrar o local da fazenda dos Simonton? E também a escola onde Ashbel estudou? E o cemitério onde estão sepultados alguns membros da família? Em busca das respostas a essas perguntas, nos dirigimos à parte sul do distrito, do outro lado da movimentada Rodovia 81. Essa é a única região urbana de West Hanover, com muitas ruas e um grande número de estabelecimentos comerciais e industriais. Finalmente encontramos a sede da administração do distrito. Ficamos alegres em saber que a gerente, Elizabeth England, nos aguardava. Ela havia respondido um e-mail que lhe enviei, mas essa resposta não havia chega-


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DIÁRIO DE VIAGEM Fotos: Alderi de Souza Matos

Revs. Jim Brown e Alderi Matos

do à minha caixa postal. Betz, como é conhecida, havia feito algumas pesquisas, tirado cópias de alguns documentos e, principalmente, entrado em contato com uma historiadora local, Jean Cresnic, uma senhora pequenina e já idosa, que veio encontrar-se conosco e teve a bondade de nos levar a todos os lugares que queríamos visitar. Inicialmente fomos ao Restaurante Pavone’s, cujo proprietário nos recebeu com muita cordialidade. A parte principal dessa cantina é o prédio da mais antiga escola primária de West Hanover, onde o menino Simonton teria estudado por volta de 1840. Na sua época, a escola ficava num lugar próximo, tendo sido transferida para o endereço atual em 1850. Era conhecida por vários nomes: Oak Hall, Oakdale, Snodgrass. Uma saleta na entrada do restaurante exibe muitas fotos históricas da velha escola e alguns objetos, entre os quais uma carteira usada pelos alunos. As toalhinhas de papel colocadas nas

mesas do restaurante fornecem informações históricas sobre o edifício. Em seguida, a Sra. Cresnic nos levou à região em que se localizava a Fazenda Antigua, no extremo sul do distrito, na divisa com South Hanover. Um antigo mapa na parede do edifício da administração distrital mostra os limites dessa antiga propriedade rural adquirida pelo pai de Simonton. Foi pena não termos tempo para tentar encontrar a localização mais precisa da sede da fazenda. Evidentemente, tudo está bastante diferente da época de Simonton, por causa do tempo decorrido e das transformações urbanas. De qualquer modo, foi muito bom visitar um local que deve ter sido palco das peripécias do menino Ashbel e seus irmãos.

enormes montanhas russas, bem como a velha fábrica e a mansão do magnata Hershey. Nosso objetivo, todavia, não era saborear a iguaria, e sim conhecer a Igreja Presbiteriana de Derry, da qual o Dr. William Simonton, pai de Ashbel, foi presbítero por muitos anos. Essa igreja foi fundada em 1724, tendo tido diversos templos, o atual datando do século 20. Em 1732, foi construída uma pequena casa de madeira que serviu por muito tempo como local de reuniões do conselho, escritório do pastor e escola paroquial. Por incrível que pareça, esse pequeno edifício com quase trezentos anos chegou até os nossos dias e atualmente se encontra protegido por uma estrutura de vidro custeada pelo magnata Hershey. É o edifício mais antigo de toda essa região do país. Nele o Dr. William Simonton, um respeitado médico e político, se reuniu muitas vezes com os seus colegas de presbiterato. Enquanto a equipe fazia filmagens e tirávamos fotos, um vento cortante e gelado nos fus-

A cidade do chocolate Em seguida, fomos a Hershey, cidade conhecida pelos famosos produtos de chocolate ali fabricados. Vimos um imenso parque de diversões, com

Antigo refeitório de Princeton

tigava. Embora não tenha sido planejado, foi providencial termos ido à Pensilvânia no mês de abril, quando o frio mais intenso do inverno já passou, mas o verão ainda não chegou. A natureza estava em festa, com todas as árvores brotando intensamente e se cobrindo de verde. Um mês antes, a vegetação estaria despida e triste; um mês mais tarde as árvores estariam repletas de folhas, o que prejudicaria as filmagens de muitos locais. Chegamos na hora certa. Um antigo cemitério Nossa próxima parada foi o histórico cemitério de Hanover, no distrito de East Hanover. Ao nos aproximarmos, o cemitério me pareceu bonito demais para ser tão antigo. Fiquei me perguntando: Será que estamos no lugar certo? O fato é que estávamos. Há poucos anos, um cidadão local pagou pela reconstrução do muro que circunda todo o local, mantendo as características originais. Esse cemitério era parte dos terrenos da velha Igreja Pres-


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biteriana de Hanover, criada em 1736, que chegou a ter 120 famílias. A igreja foi pastoreada pelo Rev. James Snodgrass, avô materno de Simonton, durante 58 anos (1788-1846), ou seja desde a ordenação desse ministro até o seu falecimento. Com o passar dos anos, as famílias se mudaram para outros locais e a igreja entrou em declínio. O velho templo, construído em 1788, ficou abandonado por muitos anos e finalmente foi demolido em 1875. No antigo cemitério, foi emocionante ver os túmulos do pai e do avô de Simonton, perto de onde repousam muitos soldados que lutaram nas guerras da época. As lápides estão em bom estado, embora as inscrições estejam muito desgastadas e difíceis de ler. Os dois homens faleceram em 1846, com apenas um mês e meio de diferença. O túmulo do pai de Ashbel tem os seguintes dizeres: “Dr. William Simonton, falecido em 17 de maio de 1846 aos 58 anos de idade. Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos, Sl 116.15”. Na lápide do seu sogro estão as seguintes palavras, quase apagadas: “Rev. James Snodgrass, pastor da Igreja Presbiteriana de West Hanover durante um período de 58 anos e 2 meses. Nasceu no Condado de Bucks, Pensilvânia, em 23 de julho de 1763. Foi licenciado para pregar o evangelho pelo Presbitério de Filadélfia em dezembro de 1785. Ordenado e instalado pelo Presbitério de Carlisle em maio de 1788. Deixou esta vida em 2 de julho de 1846, aos 84 anos de idade. Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, acaso, vivem para

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deixar a Sra. Cresnic no edifício municipal, partimos de imediato para Harrisburg, a 15 km de West Hanover. A bonita cidade, situada às margens do majestoso rio Susquehana, é a capital da Pensilvânia. Em 1847, após a morte dos dois membros da família mencionados acima, os Simonton se mudaram para essa cidade. O jovem Ashbel tinha apenas 14 anos de idade.

Igreja Presbiteriana de Pine Street

sempre? Zc 1.5”. Um pouco abaixo do cemitério, do outro lado de um riacho, fica a casa de pedra em que residiu a família Snodgrass. Essa bonita residência está muito bem preservada e continua sendo habitada até hoje. Sofreu algumas alterações, mas a resistente estrutura de pedra é original. Em 1956, quando o Rev. Filipe Landes visitou esse local fazendo pesquisas para uma biografia de Simonton,

Capela do Seminário de Princeton

soube que pouco antes havia nascido um bebê nessa mesma casa em que a mãe do Rev. Simonton, Martha Snodgrass, nasceu em 1791. Visita à capital A essa altura, já passava das 14 horas e ainda não havíamos almoçado. Nossas andanças por West Hanover tinham sido muito produtivas, mas estávamos atrasados para os próximos compromissos. Após

Após estudar numa academia local por dois anos, Ashbel foi para o Colégio de Nova Jersey, em Princeton, onde se formou em 1852. Fez a seguir uma empolgante viagem ao sul dos Estados Unidos narrada na primeira parte do seu diário. Trabalhou por um ano como professor numa cidade do Estado de Mississipi. Ao retornar a Harrisburg, passou a se interessar pelo estudo do direito. Foi então que ocorreu um evento que mudou a sua vida – um avivamento na Igreja Presbiteriana de Market Square, que ele freqüentava com os familiares. O Rev. James (Jim) Brown estava à nossa espera, recebendo-nos com muita simpatia nas confortáveis instalações dessa grande e rica igreja. Ele já havia localizado num antigo livro de atas o registro da profissão de fé de Simonton, ocorrida em 1º de maio de 1855. Naquela ocasião, o presbítero James W. Weir havia perguntado ao jovem se consideraria a possibilidade do ministério pastoral. A pedido da equipe de filmagem, o Rev. Brown leu em voz alta esse registro do livro de atas e também outro registro, feito três anos mais tarde, sobre a transferência de um


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grupo de membros, inclusive o jovem Ashbel, para outra igreja que surgia na cidade. O que acontece é que a Igreja de Market Square, também conhecida como Igreja Presbiteriana Inglesa, era filiada a uma corrente conhecida como Nova Escola, conhecida por suas posições teológicas mais abertas e tolerantes. Nos anos seguintes, Simonton estudou no Seminário de Princeton e recebeu a influência de professores conservadores, calvinistas convictos, em especial o Dr. Charles Hodge, adepto da Velha Escola. Ao voltar para Harrisburg, ele e outras pessoas resolveram fundar uma nova igreja, mais tarde conhecida como Igreja Presbiteriana de Pine Street (22/05/1858). Um ano e três meses mais tarde, Simonton partiria para a sua grande obra no Brasil. Nessa igreja igualmente bonita e majestosa, fomos recebidos pelo jovem pastor Rev. Dr. Russell C. Sullivan. O enorme templo de pedra, com uma torre altíssima, fica defronte ao imponente capitólio, a sede do governo da Pensilvânia. Gravamos breve entrevista com esse ministro sobre a importância de Simonton, na qual ele também enviou uma saudação à IPB a propósito do sesquicentenário. Convidei os dois pastores para virem ao Brasil para as comemorações, mas afirmaram ter outros compromissos. Talvez a verdadeira razão seja o fato de que a IPB não tem relacionamento eclesiástico com a atual P.C.(USA), criada em 1983. Em seguida, atravessamos o rio Susquehana e fomos a uma elevação de onde foi possível filmar a bela capital.

Uma cidade universitária Princeton, no Estado de Nova Jersey, seria uma cidade como tantas outras se não fosse a sede de uma das mais importantes e históricas universidades americanas e também do mais antigo seminário presbiteriano dos Estados Unidos. Simonton estudou nas duas instituições. Chegamos ao Seminário Teológico de Princeton às 10h30 do dia 24 de abril,

Após o almoço no excelente refeitório do seminário, filmamos os cinco edifícios atuais do campus que são da época de Simonton. O Alexander Hall, construído em 1812, era o prédio principal em que os estudantes residiam e tinham as aulas. Nas suas extremidades estão duas residências muito bonitas e bem preservadas, com os nomes de Alexander e Hodge, pois nelas residiram dois antigos professores da casa – Archibald Alexander e Charles Hodge. Outros dois edifícios

Transferência de A.G. Simonton

uma sexta-feira, sendo recebidos por Michelle Schoen, do setor de relações públicas. Fomos à Biblioteca Speer, onde o Sr. Clifford Anderson, curador de coleções especiais, nos disponibilizou uma grande quantidade de fotografias e documentos da época de Simonton. A equipe passou algumas horas filmando esses materiais. Veio encontrar-se conosco o Rev. Éderson Emerick, um amigo de muitos anos, que pastoreia uma igreja brasileira na cidade próxima de South River.

que Simonton conheceu foram a belíssima capela, que foi mudada do local original, e o antigo refeitório, hoje a sede da administração do seminário. O dia ensolarado e a temperatura aprazível tornaram mais agradáveis os trabalhos de filmagem nesse belíssimo local. Finalmente nos dirigimos à universidade, o antigo Colégio de Nova Jersey, no centro de Princeton. Vimos inicialmente o Nassau Hall, construído em 1756, onde Simonton estudou

antes de ir para o seminário. Percorremos parte do vasto campus, todo ele pontilhado de majestosos edifícios em estilo gótico, alguns deles muito semelhantes aos de universidades inglesas. Ao cair da tarde, nos dirigimos para South River, onde jantamos, visitamos a família do Rev. Éderson e pernoitamos em um hotel tão confortável quanto o anterior. Finalmente, nos dirigimos de volta a Nova York e gastamos várias horas percorrendo a parte central da Ilha de Manhattan. Passamos pela Quinta Avenida, o Central Park, a Broadway e a sede das Nações Unidas. Verificamos duas dificuldades associadas a essa grande metrópole: encontrar locais para estacionar e quartos disponíveis nos hotéis sem reserva prévia. Retornei ao Brasil naquela noite e a equipe ficou na cidade por mais dois ou três dias para gravar cenas adicionais. Ficamos gratos a Deus pela viagem excelente e segura, na qual não enfrentamos nenhum problema sério e todas as portas se abriram para o nosso trabalho. Foi especialmente gratificante acompanhar as pegadas de Ashbel Green Simonton e lembrar seu idealismo e consagração a Cristo, que o fizeram deixar o seu próspero país e se dedicar de corpo e alma à evangelização do povo brasileiro. No transcurso do sesquicentenário da obra presbiteriana no Brasil, sejamos gratos a Deus por essa nobre vida e nos disponhamos a ser fiéis continuadores da sua missão. O Rev. Alderi Souza de Matos é pastor presbiteriano e historiador oficial da IPB. asdm@mackenzie.com.br


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BONS EXEMPLOS

Simonton e a educação sxc

Wilson do Amaral Filho

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screver um diário não parece ser prática de adultos. Parece uma aventura adolescente, sonhadora, que ninguém se atreve a mostrar aos outros, porque ali estão seus segredos da alma. Pois bem, Ashbel Green Simonton era, segundo escreve Maria Amélia Rizzo, “um rapazinho de vinte e poucos anos”, quando sentiu o chamado missionário e propôs o Brasil como seu campo de trabalho. Sabe-se disso justamente por seu diário, uma das páginas mais emocionantes da história do presbiterianismo brasileiro. Com idade para ser filho ou neto de muitos dos leitores, Simonton desejava viver e propagar o evangelho de Jesus Cristo na capital do Império, uma terra estranha para ele, cuja beleza natural, que muito o impressionava, contrastava com a rudeza da desigualdade social, as mazelas da vida político-partidária do Império e a ignorância da fé cristã evangélica, especialmente vigiada pela religião oficial do Estado, cujos dogmas confrontavam e obscureciam a fé reformada. Seu diário mostra um homem em processo de maturação, próprio de quem almeja progredir. Seu senso de satisfação própria inexiste. Seus temores são

contínuos. Suas orações são incessantes. Seus estudos de português e da Escritura não param. Seus planos avançam como o navio que o trouxe, às vezes velozmente, às vezes intercalados pela angustiante calmaria. Sua estratégia de ensino envolve a escola dominical, a pregação e a discussão com pessoas acerca das doutrinas cristãs. Se, a princípio, se envolve com americanos e outros estrangeiros, pregando e ensinando em inglês, logo percebe que precisa acelerar seu estudo de português para alcançar os verdadeiros alvos de sua missão. Precisa ser inteligível aos brasileiros. Precisa viver entre eles e comunicar-se de forma eficiente. Esta é uma preocupação constante de Simonton. Deve ser, também, a de qualquer mestre que efetivamente queira ser compreendido por seus alunos e ouvintes. Pensando na comunicação eficaz, Simonton percebe ainda a necessidade de desprender-se da leitura de seu texto quando prega ou ensina, para dar lugar a uma exposição oral. Percebe que a linguagem escrita não atrai tanto a atenção de seus alunos quanto a linguagem falada. Mesmo que se sinta limitado pelo pouco que imagina saber da língua portuguesa, precisa atrever-se a falar

a linguagem comum das pessoas, em completa dependência do Espírito Santo, tal como o fizeram os apóstolos, os profetas e o próprio Senhor. Os mestres contemporâneos precisam arvorar-se a conhecer bem o assunto que comunicam e

O Evangelho é luz para o mundo e nenhum mestre cristão pode circunscrever os limites de sua ação apenas à sua sala de aula ou congregação

comunicá-lo na linguagem comum de seus ouvintes. Com exceção da Escritura, que todos os alunos precisar ter em mãos, a leitura da revista ou de outro material diante da classe, deve ser muito bem feita e adaptada à linguagem falada. Oito meses após sua chegada, Simonton realiza a primeira escola dominical em português. Seu material didático é a Bíblia, um catecismo de história sagrada e O Peregrino de John Bunyan. Seu pequeno público infantil já está bem relacionado a ele por outras iniciativas. Ele avalia a reação de seus alunos e

suas escolhas pedagógicas. Ele escreve: “No domingo [29/04/1860?] dirigi pela segunda vez a Escola Dominical, com o mesmo auditório e o mesmo interesse. Amália e Mariquinhas acham difícil entender John Bunyan. Não possuem o substrato necessário para as lições dele. É algo diferente de tudo o que jamais ouviram, viram ou sentiram, de modo que não podem apreendê-lo direito. Pobres crianças! Estou profundamente interessado nelas” (Simonton citado por Rizzo, 1962, p. 69). A missão dos educadores inclui o uso de materiais apropriados para as faixas etárias que

pretendem atingir, uma boa didática e uma avaliação sincera dos resultados.

A despeito do ambiente difícil descrito acima, a febre amarela mata doze a quinze pessoas todos os dias na cidade do Rio de Janeiro. Simonton, entretanto, trabalha muito. Além das aulas particulares e de suas aulas na escola dominical, ele escreve e divulga folhetos, atua com auxiliares na distribuição e venda de Bíblias, viaja várias vezes para o interior em missão e estuda o idioma. Articula-se com pessoas influentes e sonha com a organização de uma escola


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no Rio. Conhece São Paulo e sonha com a expansão da obra. Mantém diálogos freqüentes com seus hospedeiros, muitos deles não cristãos evangélicos e faz boas amizades. Utiliza todas as suas energias para evangelizar, seja por amizade, por pregação ou por discussão dos pressupostos da fé cristã. Em paralelo, acompanha as notícias da guerra americana, chora e intercede por sua pátria. É um cidadão envolvido com seu tempo. Desde os primeiros anos de sua missão no Brasil outros missionários se juntam a ele. O casamento embeleza sua vida por breve tempo. A viuvez súbita o fragiliza demais. Mesmo assim, burilado pelo sofrimento ainda na juventude, Simonton anseia por respostas e pelo conhecimento de Cristo e continua a estudar a Escritura. Os projetos ganham vida. Com a ajuda de Blackford, Quintano e José, publica, em 1864, o Imprensa Evangélica, primeiro jornal evangélico do Brasil, de caráter evangelístico. É preciso tornar conhecida a fé cristã evangélica. O Evangelho é luz para o mundo e nenhum mestre cristão pode circunscrever os limites de sua ação apenas à sua sala de aula ou congregação. A expansão do trabalho missionário requer a organização da igreja, a preparação de obreiros e a assistência às congregações que começam a crescer. Organizado o Presbitério do Rio em 1865, Simonton relata em 1866 a expansão do trabalho em Brotas e a

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EVENTO ções bíblicas.

Os mestres contemporâneos precisam arvorarse a conhecer bem o assunto que comunicam e comunicá-lo na linguagem comum de seus ouvintes necessidade de recursos humanos. Faltam trabalhadores para a seara. Em 1867 escreve à Junta de Missões e faz referência a uma casa que alugou, “com amplo vestíbulo adequado à prédica, uma sala para a imprensa, acomodações para os alunos (do Seminário) e famílias de dois tipógrafos” (Rizzo, 1962, p. 163). Parece ser um local apropriado para uma oficina educacional onde se desenvolvem a prática da pregação, as aulas de teologia, a produção de textos e, conseqüentemente, a transformação de vidas. Simonton procura desenvolver, como seu ministério pastoral, o ensino com ênfase na doutrina e na disciplina. Prega todos os domingos do mês, exceto um, no qual substitui a pregação pelo estudo do Breve Catecismo. Ensina a mordomia e o cuidado com os pobres. Investe nos membros da igreja para que exercitem seus dons na evangelização, na adoração e na vida comunitária. Incentiva a participação dos crentes nas reuniões da igreja, especialmente nas orações públicas e medita-

A educação faz parte de sua mentalidade. Escrevendo à Junta de Missões, em abril de 1867, Simonton entende que “é chegada a ocasião propícia de conseguir licença para abrir aqui [no Rio] uma escola, sem qualquer cunho religioso” (Rizzo, 1962, p.163). Oriundo de uma nação mais desenvolvida e escolarizada, não desiste de sua visão de uma escola primária, inaugurando-a no mesmo ano. Só não há tempo para ver os frutos de seu esforço. Deus o chama em dezembro de 1867.

A expansão do trabalho missionário requer a organização da igreja, a preparação de obreiros e a assistência às congregações que começam a cresce

No sesquicentenário de sua chegada ao Rio de Janeiro, a Igreja Presbiteriana exulta no Deus que a mantém, quiçá com o mesmo empenho, as orações incessantes, o apreço das Escrituras e a busca da unção do Altíssimo, que caracterizaram o jovem missionário e educador Ashbel Green Simonton. O Rev. Wilson do Amaral Filho, pastor da 2ª IP de Jundiaí, é pedagogo, Mestre em Educação Cristã e professor de TS na EST do Mackenzie.

Culto de ação de graças pelos 14 anos do grupo levitas

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o último dia 28 de junho foi comemorado, na Igreja Presbiteriana de Vila Baronesa, jurisdicionada ao Presbitério Oeste-Paulistano, um culto de Ação de Graças pelos catorze anos de atividade do conjunto Levitas. Na ocasião, pregou o pastor da igreja, Rev. Antônio Olímpio dos Reis. O conjunto foi criado a partir do testemunho do irmão Netto, na época um jovem voluntário que trabalhava na capelania do Hospital Emílio Ribas. Netto fez um convite para participação dos irmãos, para entoar cânticos nos corredores do hospital, trabalho esse realizado até o momento para conforto dos doentes. Com o passar do tempo foi necessária a escolha de um nome para o conjunto, e foi sugerido Levitas, cuja história encontramos na Bíblia.

Havia os filhos de Levi que se dedicavam ao sacerdócio e os que se encarregavam da direção dos louvores e de outros serviços na casa do Senhor. Este trabalho realizado por eles com dedicação “inspirou-nos” a usarmos o mesmo nome para nosso conjunto na esperança de que nosso serviço na área do louvor seja como o exemplo dado por eles. Além das atividades no hospital Emílio Ribas, o conjunto já contou com a oportunidade de louvar a Deus no hospital Pérola Bygton, em prontos-socorros e, atualmente no Goas (Grupo de Ação Social), além das participações na igreja local. Atualmente o conjunto conta com treze integrantes, dos quais três desde sua formação inicial. Que Deus continue abençoando ricamente esse conjunto. Divulgação

Integrantes do Grupo Levitas


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Testemunhos:

Participar deste grupo, para mim, significa estar mais perto de Deus, pois ao louvá-lo com gratidão, podemos sentir o amor de Dele em nossa alma” (Jerusa Miranda, integrante desde 2008)

A música é a única arte que vai perdurar até a eternidade, por isso gosto de cantar porque é como se estivesse ensaiando para cantar melhor no céu” (Darlenice Nunes, participante desde 2007)

Desde que passei a fazer parte deste grupo, aprendi a dar graças por tudo!” (Josmar da Silva Costa, integrante desde a formação)

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É tempo de celebrar! Fotos: Caroline Santana Pereira

Festa pelos 150 anos da Igreja Presbiteriana no Brasil lota Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo

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ais de 10 mil pessoas compareceram ao culto de ações de graça, promovido pelos sínodos paulistas, no último dia 8 de agosto. O evento, que aconteceu no Ginásio do Ibirapuera, marcou as comemorações do sesquicentenário na capital paulista. Caravanas de todos os cantos do estado de São Paulo estiverem presentes e transformaram o ginásio num grande templo de adoração e comunhão com o Senhor. “É um momento de testemunharmos publicamente a presença da IPB no estado de São Paulo. É uma grande alegria e uma oportunidade singular que temos de prestar esse culto de gratidão a Deus por esses 150 anos de vida da nossa igreja”, disse o reverendo Carlos Aranha Neto, pastor da IP Unida, um dos primeiros templos presbiterianos erguidos na terra da garoa. De acordo com o secretário executivo do Supremo Concílio, reverendo Ludgero Bonilha Morais, presente no culto, em São Paulo, atualmente existem 788 mil presbiterianos no Brasil. “Somo pequenos, mas atuantes. Representamos, hoje, uma porção bem pequena da população brasileira, mas somos reconhecidos por nossa seriedade, nosso compromisso bíblico e por valorizarmos a família”, destacou o secretário. Ludgero destacou ainda que,

com base nos dados estatísticos da IPB, hoje o crescimento dos presbiterianos, no Brasil, está em 3,8% ao ano. “O crescimento da população brasileira está em 2,8% e, no geral, os evangélicos crescem 7,9%. Ou seja, nós, presbiterianos, temos apresentado um crescimento médio, mas bastante significativo”, comemorou ele. O Sesquicentenário da IPB, em São Paulo, marcou, também, o lançamento do selo comemorativo, uma homenagem e um reconhecimento da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) de São Paulo à instituição. “O postal comemorativo, bem como o carimbo com a marca da IPB, são formas de perpetuar e divulgar a Igreja Presbiteriana do Brasil e todas as contribuições dela à nossa sociedade”, falou o diretor da ECT, José Ferreira Filho. Valores como justiça, verdade e solidariedade foram destacados como parte da história da IPB pelo atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. “É com alegria que venho saudar a IPB pelos seus 150 anos. Uma igreja que muito tem feito por nossa sociedade no campo do ensino, da cultura, da saúde e da solidariedade. Uma igreja, cuja presença é forte, inteligente e sensível. Falo, não como prefeito da cidade de São Paulo, mas como cidadão: parabéns à IPB pelos seus 150 anos!”.

Coral

De joelhos - intercessão pela vida dos pastores da IPB

Rev. Roberto Brasileiro

Mais de 10 mil pessoas compareceram ao evento,


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em São Paulo

UMA IGREJA QUE PROFESSA SUA FÉ O grande culto, realizado no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, em comemoração aos 150 anos da IPB, contou com a participação de um coral formado por aproximadamente 600 vozes e da orquestra com mais de 200 instrumentos. O evento teve início às 14h30 com a apresentação de um documentário histórico a respeito destes 150 anos da IPB. Hinos de gratidão foram entoados pelo coral e acompanhados por toda a platéia. Muita gente não conseguiu

lugar dentro do ginásio, que estava completamente lotado! Essas pessoas participaram do culto do lado de fora, por meio de dois telões. O reverendo Roberto Brasileiro, presidente do Supremo Concílio da IPB foi quem pregou. Com base no texto de Romanos 10, Brasileiro convocou a todos os presentes para que vivam uma vida coerente com aquilo que pregam. “Que sejamos uma igreja de pés formosos. Uma igreja formada por crentes que professam palavras

que condizem com os seus atos”, reforçou ele. Ao final da pregação, ele convidou todos os pastores presentes a ficarem de pé. Às outras pessoas, pediu para que se ajoelhassem e intercedessem, naquele momento, pelas vidas dos ministros. A celebração terminou por volta das 18h20 com o coral e a orquestra interpretando “Aleluia” (George F. Handel). E, se assim o Senhor permitir, que venham os próximos 150 anos. Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab


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COMEMORAÇÃO

150 anos em Sergipe Caroline Santana Pereira, Portal IPB

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o dia 18 de julho, presbiterianos de Sergipe reuniram-se em Aracaju, capital do Estado, e juntos celebraram os 150 anos da IPB. Segundo o rev. Jáder Borges, executivo da comissão organizadora do Sesquicentenário, caravanas de diversas regiões compareceram, demonstrando assim a mobilização e envolvimento dos irmãos nessa iniciativa. O Teatro Tobias Barreto ficou completamente lotado. Um grande coral, formado por membros de diversas igrejas do Estado, entoou cânticos de adoração ao Senhor. A mesa do Supremo Concílio da IPB foi representada pelo rev. Cilas Cunha Menezes, vice-presidente do SC. O pregador do culto foi o rev. Hernandes Dias Lopes,

e o pastor, baseado na passagem bíblica de Isaías 44 1-3, afirmou sua esperança por um avivamento na IPB e incentivou os presentes a buscá-lo com oração, humildade e desejo. Também abordou como o Deus TodoPoderoso pode derramar água aos sedentos e preencher suas vidas, usando-as para a glória do seu nome. O rev. Jáder destaca também o envolvimento dos presbitérios na organização do evento, e a campanha de divulgação nos dias que antecederam o culto. Os jovens de Aracaju também organizaram um encontro nessa ocasião, que contou com o rev. Samuel Vitalino como preletor. Esse dia marcante para a vida da IPB e dos presbiterianos de Sergipe foi compartilhado também com a presença dos irmãos de Pernambuco e Alagoas. Números do evento (dados

enviados pela equipe de organização) Dos 76 municípios sergipanos, há trabalho presbiteriano em 39, dos quais 37 compareceram. Destaca-se a maior representação do Presbitério Filadélfia Sudeste de Sergipe com o envio de 11 ônibus, sob a liderança do decano rev. Hercílio da Costa Araujo e rev. Edson Teixeira, presidente do Presbitério Filadélfia. Registra-se o decisivo apoio do rev. Neemias Araujo de Carvalho e do presb. Laércio Lopes de Oliveira na organização do evento. Registro de gratidão ao rev. Hernandes Dias Lopes. Ao rev. Cilas Cunha VicePresidente do SC/IPB e ao rev. Jader Borges, Secretário Executivo da Comissão para o sesquicentenário. Ao rev. Roberto Brasileiro pelo irrestrito apoio empenhado.

Fotos: divulgação

Rev. Hernandes Dias Lopes

37 municípios marcaram presença no evento

Bahia comemora Sesquicentenário da IPB Caroline Santana Pereira (Portal IPB)

com informações do rev. Jáder Borges

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s presbiterianos da Bahia fizeram-se presentes no Centro de Convenções em Salvador no dia 26 de julho, e juntos agradeceram a Deus pelos 150 anos de vida da IPB. O pregador da noite, rev.

Hernandes Dias Lopes, baseou sua mensagem na passagem bíblica de Lc 9.28-45, destacando a importância de ser discípulo de Jesus, o compromisso com a causa e uma vida de oração e obediência, para assim servir ao Senhor e ao próximo. O Supremo Concílio foi representado pelo seu vicepresidente, rev. Cilas Cunha.

Divulgação

Gratidão a Deus!

A Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF) fez-se presente através da sra. Maria Ribeiro da Silva Moutinho, Presidente da Sinodal de SAfs da Bahia e membro da IP Moriá. Todos os presidentes de sínodos estiveram presentes, bem como membros dos presbitérios baianos e diversas autoridades civis.


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IPB recebe homenagens em todo país Divulgação

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or conta do seu sesquicentenário, a IPB vem recebendo diversas homenagens. Além dos cultos oficiais, em várias capitais brasileiras o aniversário tem sido motivo de menções honrosas em Câmaras Municipais, Federais, bem como em outros organismos públicos importantes. No próximo dia 14, por exemplo, a Assembléia Legislativa do Estado do Paraná realizará uma sessão solene em comemoração aos 150 anos da IPB. A iniciativa foi aceita após proposição do deputado Augustinho Zucchi.

Livro sobre o Sesquicentenário da IPB será lançado este mês

U Rev. Cilas da Cunha Menezes, vice-presidente do Supremo Concílio da IPB, recebe do Vereador Edmilson Monteiro a Medalha Vital de Negreiros, em Jaboatão dos Guararapes

do Projeto Transformação; e o Presbitero Josebias Pereira dos Santos (87 anos), natural de Jaboatão, pelos seus 66 anos de presbiterato na IPB.

ados. No dia 15 do mesmo mês a Assembléia Legislativa do ES também prestou sua homenagem à IPB.

Em Pernambuco, no último E, em Minas Gerais, a Igredia 7 de agosto, foi realizaja Presbiteriana do Brasil reda, em Jaboatão dos GuaraNo Espírito Santo, no dia cebeu a Medalha da Inconfirapes, uma sessão especial na Câmara dos Vereadores, 13 de maio, foi realizada dência, a maior comenda do também em homenagem à uma sessão solene na Câ- Governo de Minas Gerais. IPB. Na ocasião, foram ho- mara Municipal de Caria- O rev. Roberto Brasileiro menageados o Rev. Adal- cica, onde as igrejas pres- recebeu uma das medalhas beron Garrett de Carvalho, biterianas da cidade e seus das mãos de Aécio Neves, governador Estado. pelos seus 20 anos à frente pastores foram homenage- 3/30/09 Anuncio_SESQ_RODAPE_19_5:selo_tarja_Slogan_A4.qxp 12:12do PM Page 1

m dos pontos de destaque das comemorações do sesquicentenário da IPB é o lançamento do livro da sua história, de autoria do seu historiador oficial, Alderi Souza de Matos. O livro, Uma Igreja Peregrina – História da IPB: 1959-2009, foi encomendado pela Comissão Especial encarregada das comemorações dos 150 anos da chegada de Simonton. O objetivo principal é narrar a história dos últimos 50 anos da igreja, visto que os 100 primeiros anos já foram abordados por vários historiadores, principalmente o Rev. Júlio Andrade Ferreira. Mesmo assim, o capítulo inicial apresenta uma quadro detalhado do primeiro século da vida da IPB. A seguir, o período 1959-2009 é tratado em treze capítulos, cada um apresentando uma administração do Supremo Concílio, ou seja, um período de quatro anos. As principais fontes utilizadas foram o jornal Brasil Presbiteriano e o Digesto Presbiteriano (coletânea de resoluções do Supremo Concílio e de sua Comissão Executiva). No final do livro podem ser encontrados vários apêndices (organograma atual da IPB, líderes da igreja, estatísticas e cronologia) e uma longa galeria de fotografias de personagens, reuniões e órgãos da igreja, bem como índices remissivos de personagens e assuntos. Como o título indica, o objetivo é mostrar a peregrinação da igreja neste mundo, com suas alegrias e frustrações. Em tudo isso, temos valiosas lições a aprender.

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150 anos evangelizando o Brasil No Brasil há muitas igrejas cristãs. Mas poucas têm um século e meio de história. A IPB tem. São cento e cinquenta anos educando, promovendo ações sociais, transformando vidas com a palavra de Deus. Igreja Presbiteriana. 150 anos evangelizando o Brasil.

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MISSÕES

Evangelização na Amazônia O desafio de se ir até aos confins da terra Fotos: divulgação

Teófilo G. Montenegro

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regar o Evangelho a todas as nações é mandamento do Senhor Jesus à sua Igreja (Mt.28:19,20; Mc.16:15). O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16), independente de sua raça, posição social ou cultural. Este é o desafio e o compromisso da Igreja de Deus sobre a terra, levar as boas novas da salvação a todos no planeta, até aos confins da terra (At 1.8). Em se tratando da região amazônica, o desfio de fazer cumprir o mandamento do Senhor é muito grande. São diversas etnias indígenas, milhares de comunidades ribeirinhas, das quais cerca de 33 mil, segundo estimativas, ainda não contam com a presença de igreja evangélica. Muitas famílias vivem nos lugares mais escondidos e longínquos da maior floresta tropical do mundo. O desafio de pregar o Evangelho aos amazônidas interioranos é do tamanho da Amazônia. A dificuldade já começa na grande expansão territorial da Amazônia brasileira que é de 4.871.500 km2. O isolamento das comunida-

Trabalho de evangelização feminino

des ribeirinhas é mais um fator, pois em muitos casos o único meio de se chegar até elas é pelos rios, lagos, igarapés e paranás que cortam a região. Dependendo da comunidade, pequena vila ou cidade, isto significa muitas horas ou muitos dias de viagem dentro de um barco. Como se não bastasse, ainda há a questão da forte influência que o romanismo exerce sobre muitas destas comunidades. Há relatos reais sobre embarcações missionárias evangélicas serem recebidas a pedradas em diversas comunidades. E os desafios não param por aí. Nos trabalhos abertos em muitas destas comunidades ainda existe a dificuldade de se encontrar quem esteja fiel-

mente à frente, prestando assistência pastoral, nas congregações dos mais distantes vilarejos. De fato, em se tratando da Amazônia, vemos a realidade das palavras do Senhor: “a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.” É triste constatar a lastimável reali-

Templo erguido na região

dade da pobreza, da fome, da falta da assistência médica e social a que estes seres humanos são submetidos, mesmo habitando em um dos lugares mais ricos da terra. Igualmente pior é ver pessoas aprisionadas pelas bebidas alcoólicas e pelas drogas que chegam aos vilarejos mais distantes da região amazônica, escravizando vidas e destruindo famílias. Assim, falar do amor de Deus a estas pessoas que vivem tão isoladas e com muitas dificuldades exige muito amor, compromisso, coragem e uma linguagem simples e contextualizada à sua realidade. Para se pregar o Evangelho aos amazônidas é necessário conhecer a realidade, a geografia

Meio de locomoção para pregar o Evangelho

e o homem da região. Esta tem sido a proposta do Projeto Maués para Cristo, da Igreja Presbiteriana de Petrópolis (Manaus, AM), levar as boas novas de salvação a muitas destas comunidades ribeirinhas que vivem no entorno do município amazonense de Maués (365 km de Manaus, por via fluvial) e até para além deste. O projeto já está presente em muitas comunidades, levando assistência social com a doação de roupas, calçados e cestas básicas às famílias ribeirinhas; apoiando e incentivando clubes de mães que trabalham na confecção de ar-


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EVENTO tesanato regional; grupos de artes para jovens nas mais diferentes manifestações culturais, bem como na distribuição de bíblias, literatura cristã e literatura didática que auxiliam jovens, adultos e crianças na educação fundamental. Ainda há, em parceria com a Igreja Presbiteriana

mento pastoral holístico, apresentando o amor de Deus pela pregação da Palavra e manifestando este amor em atitudes, levando a real mensagem do amor de Deus. Hoje, a maior dificuldade do Projeto Maués para Cristo é encontrar parcerias para a realização desta missão. O problema encontrase, principalmente, na viabilização de verbas, pois o custo mensal do projeto é alto e a arrecadação é pequena. Para isto, contamos com o apoio de igrejas, presbitérios ou mesmo de irmãos que possam colaborar com esta missão como mantenedores ou mesmo pelo envio de ofertas para o Projeto. E, no caso de qualquer missionário, pastor ou irmão, que queira conhecer de perto este projeto e a re-

Seminário estadual do Trabalho Infantil A

conteceu nos dias 25 e 26 de junho próximo passado, nas dependências da Igreja Presbiteriana de Várzea Grande, o Seminário do Trabalho Infantil , cujo tema foi Dinamizando o Departamento Infantil e Estrutuando a UCP (União de Crianças Presbiterianas). O objetivo, segundo os organizadores, foi motivar pessoas que já atuam no trabalho Infantil da Igreja, equipar as pessoas que se dedicam à educação pré-infanil e mobilizar a liderança para o engajamento na revitalização das UCP’s das Igrejas locais.

Mais de 80 pessoas participaram do evento, inclusive pastores que são secretários presbiteriais de UCP’s. Muitos líderes das Igrejas locais compareceram para ouvir as exposições bíblicas e participarem das oficinas. Vários irmãos vieram de cidades do interior do estado como Peixoto de Azevedo e Cáceres. Destaque também da presença do pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Guiratinga, Rev. Adilson O Rev. Jader Borges Filho, secretário geral do Trabalho Infantil da IPB foi o palestrante na abertura do Seminário. Durante todo o dia do

sábado, os participantes se dividiram nas oficinas que foram oferecidas: Educação pré-infantil – Classes Berçário, Maternal e Jardim de Infancia – Ministradas pela Professora Abigail Selva Santos; Formação e Funcionamento de UCP,s – Ministrada pelo Rev. Jader Borges. O trabalho foi o resultado de esforços somados da Secretaria Geral do Trabalho Infantil da IPB; Sínodo Matogrossense; IBAA( Instituto Bíblico Presbiteriano Rev. Augusto Araújo) e Igreja Presbiteriana de Várzea Grande.

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de Manaus (IPM), a assistência médica por meio dos barcos hospitalares que chegam aos lugares mais isolados do interior do Amazonas. O projeto também conta com um barco, o Mensageiro da Paz, usado na visitação destas comunidades. Em tudo isto, o Projeto Maués para Cristo tem uma visão de evangelização e atendi-

alidade da evangelização na Amazônia, é só entrar em contato conosco e teremos o imenso prazer em recebê-lo(s). Que o Senhor nos abençoe e nos conceda a graça de levarmos o seu Evangelho salvador até aos confins da terra. O reverendo Teófilo G. Montenegro atualmente auxilia na área pastoral e ensino a IP de Petrópolis em Manaus.

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Consultório Bíblico

Filhos: ter ou não ter? Odayr Olivetti

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pergunta em epígrafe resume situações várias, algumas de tremenda complexidade. Quanto à preocupação de casais impossibilitados de procriação: Devem recorrer à medicina? À gestação “in vitro”? Devem comprar ventres maternos alheios? Que fazer? Que diz a Bíblia? Com a indispensável busca da iluminação e direção do Espírito de Deus, procurarei responder, primeiro, com ditames básicos da Escritura; depois, com sugestões práticas. Tudo muito resumidamente.

Os filhos são bênçãos do Senhor

I. Na Bíblia temos os elementos fundamentais: 1. A procriação abençoada por Deus: Gn 1.27,28; 2. As mulheres consideravam a maternidade uma bênção de Deus. Exemplos: Raquel e Lia disputavam por filhos: Gn 29.31,32; 30.1; Ana, estéril, rogou a Deus que a fizesse mãe: 1Sm 1.1,2, 6, 10,11. 3. Os homens consideravam ter filhos uma bênção de Deus e honra perante a sociedade. Ex.: Sl 127.3-5. 4. Um atalho usado por Sara e Abraão produziu ódio de Sara a Hagar, e a descendência desta posicionou-se contra Israel (até o dia de hoje): Gn 16.1-6; 21.8-13 e 25.12, 18. A expressão final de 25.18, “fronteiro a todos os seus irmãos”, significa em atitude contrária ou hostil. A Nova Versão Internacional (NVI) declara que os ismaelitas “viveram em hostilidade contra todos os seus irmãos”. 5. Corolários bíblicos: (1) Deus, em sua soberania dá ou nega o poder de procriar. (2) Os filhos são bênçãos do Senhor (3) Os homens e as mulheres devem agir sob a autoridade soberana de Deus: segundo a

ética bíblica sobre o sexo (só valido no casamento) e sobre a procriação (só usando meios naturais para impedir a concepção).1 Observações: (a) É evidente que quando a esterilidade masculina ou feminina é decorrente de anomalia físico-orgânica, passível de cura, é válido o uso dos meios dados por Deus à medicina. (b) Se os meios artificiais para concepção envolverem outra(s) pessoa(s) além do casal interessado, sua prática é condenável à luz da Palavra de Deus. 6. Axioma inexorável: Práticas relacionadas com a procriação em particular e com o sexo em geral, comuns em nossa sociedade, longe estão dos parâmetros, padrões e ditames bíblicos. II. Sugestões: 1. Aos que ainda não se envolveram com práticas antibíblica: Busquem a sabedoria e a bênção de Deus para todos os aspectos da vida – sexo, casamento e paternidade/maternidade inclusive. Acreditem que a soberania absoluta de Deus é benéfica para os que O temem e O

amam. 2. Aos que já se envolveram em situações perturbadoras: Abram humildemente seu coração para Deus e confiem em Sua infinita misericórdia. Dele vem o perdão, embora conseqüências temporais de erros pecados permaneçam. Quanto às necessidades econômico-financeiras acaso decorrentes, façam o que estiver a seu alcance e confiem no amparo providencial de Deus, à luz de passagens como o Sl 37.5 e Mt 6.28-34. Sua multiforme providência é infalível. 3. Aos que desejam filhos (ou mais filhos) e não os podem ter: Meditem na estupenda maravilha da adoção. É bênção extraordinária para enjeitados; é bênção para os pais adotivos. Desde que haja e seja permanentemente alimentado um verdadeiro, profundo, altruísta e sacrificial amor no coração, nas atitudes e nos atos dos pais adotivos. 3. O belo instinto materno da mulher não casada ou viúva sem filhos pode ser sublimado e dedicado a crianças desamparadas nas creches, nos orfanatos, nas instituições de amparo ao menor, e, mais perto, às crianças de rua na sua vizinhança. Como também, dedicando-se ao trabalho de educação cristã em sua igreja. Em toda e qualquer dúvida, siga cada um a essência da verdadeira oração que se lê no Sl 37.5 (NVI):

“Entregue o seu caminho ao SENHOR, confie nele, e ele agirá”. 1 Os argumentos baseados em diferenças culturais e de épocas comumente usados para defender práticas antibíblicas não valem. Sempre houve choque entre a cultura circundante e a ética bíblico-cristã. Citando um só dos muitos exemplos, ver Ef 4.17-24, NVI. “...não vivam mais como os gentios...”, diz ali a Palavra de Deus.

O Rev. Odayr Olivetti é pastor presbiteriano, ex-professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas, escritor e tradutor. - odayrolivetti@uol.com.br


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RESENHA

Orar não deve ser problema Oração: do dever ao prazer – J. I. Packer e Carolyn Nystrom, Editora Cultura Cristã, 288 págs.

Bruna Perrella Brito

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odo cristão, em maior ou menor grau, mesmo que não consiga definir a palavra oração, sabe o que ela significa – pelo menos para si. Algumas pessoas encaram o momento da oração como um período para fazer os pedidos a Deus, deixando uma espécie de lista com ele e esperando o retorno (em breve!). Outras, partindo do pressuposto da onisciência divina, dizem que não é necessário orar, afinal Deus sabe de tudo. Orar é mais que simplesmente dizer a Deus o que queremos; é mais que separar 15 minutos por dia para falar com ele. E tem mais implicações para a vida que imaginamos. O Catecismo Maior de Westminster, responde à pergunta 178: o que é oração? “Oração é o oferecimento dos nossos pedidos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio

de seu Espírito, com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento das suas misericórdias.” Orar, então, é uma conversa sincera com o nosso Pai, na qual reconhecemos quão pequenos somos e quão grande ele é, entregando nossos pedidos a ele, humildemente, e confiando na sua sabedoria excelente – e tudo isso com a ajuda do Espírito. Embora, pela definição, pareça simples, não é. Procurando em um site de busca, pode-se ter uma ideia do problema da atualidade com relação à oração. Há vários livros sobre ela, que variam desde o “como orar” até “o poder da oração” ou a “oração de x”. Ou as pessoas não entenderam ainda o que de fato é a oração ou não estão buscando as repostas no lugar certo – ou já acharam a resposta e não gostaram. Em todas as três alternativas, continuam precisando de socorro. Oração: do dever ao prazer, de J. I. Packer e Carolyn Nystrom é (perdoem-me o clichê) uma “brisa refrescante” em meio a confusão. Refrescante porque traz esclarecimento – o qual vem acompanhado de desafio para que os cristãos aprimorem sua oração, partindo da compreensão do que ela é,

de qual o seu papel e de como a introduzimos de forma abençoadora em nossas vidas. O ponto inicial deles é que todos os cristãos tiveram, têm ou terão

mente procuramos recursos que nos ajudem a orar melhor”. O livro é dividido em dez capítulos. No primeiro capítulo, os autores falam do problema de se

problemas com a oração – e querem resolver isso. Nas palavras dos autores: “Nenhum de nós tem dúvida de que somos empobrecidos de todas as maneiras quando não oramos. Então, continuamos tentando orar e constante-

cair na rotina da oração, apresentando como solução ter em mente o Deus a quem oramos. No segundo, mostram a tendência do ser humano de buscar atalhos para resolver seus problemas em vez de permanecer no caminho – o

qual, no geral, é cheio de pedras. No terceiro, apresentam a necessidade da meditação na Palavra para a oração, o que permite que escutemos a Deus. No quarto, discorrem sobre o louvar a Deus por meio da oração. Depois do quinto – que fala sobre o Checkup da oração – tratam, em sequência, sobre a Súplica, a Reclamação, o Manterse firme, a Participação e a dedicação à oração Com todo o coração. Os autores também sugerem, para cada capítulo, tópicos para discussão e reflexão. Não é uma caminhada fácil, pois Packer e Nystrom não dão uma receita a ser seguida, e sim fazem que o leitor se aprofunde no conhecimento de Deus e do significado da oração para vida, para que possa identificar em que ponto tem mais dificuldades e encontrar forças para desenvolver-se na oração. Como o próprio título diz, é do dever ao prazer – quando não entendemos direito o que é essa forma tão maravilhosa de comunicação com Deus, acabamos considerando-a um dever, mas, na realidade, ela é um prazer que deve trazer, acima de tudo, deleite para o coração do cristão que ora.

Bruna Perrella Brito, formada em Letras, é autora e revisora da Editora Cultura Cristã


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Honra merecida

UM ANO MAIS DE VIDA IP da Lapa Completou, no último dia 22 de julho, 85 anos, a IP da Lapa. A igreja, que começou com 36 pessoas e hoje conta com 502 membros, comemorou a data com um culto de gratidão ao Senhor pelas bênção s derramadas.

IP do Boqueirão A IP do Boqueirão, Curitiba, com pleta 41 anos, este ano. O aniversário de organização da amada igreja foi comemora do nos últimos dias 25 e 26 de julho e con tou com a participação das igrejas do Presbi tério das Araucárias, bem como a do coral “M eninos de Angola, do Instituto Parana ense de Cegos.

lania militar Inscrições para cape termina este mês ríodo dia 17 de agosto o pe Termina no próximo litami s lãe pe ca ncurso para de inscrições para o co m de po só es çõ leiro. As inscri res do Exército Brasi x. ae .es ww /w p:/ pelo site htt ser feitas pela internet, ensino.eb.br. a vaga de R$ 100,00 e há um A taxa de inscrição é verão de as sso pe ndidatar as para pastor. Para se ca leto mp co r rio pe em nível su ter o curso de teologia, sere int Os to. eja do candida e reconhecido pela igr e os an 30 de a , idade mínim sados devem ter, ainda máxima de 40. embro adas no dia 13 de set As provas serão realiz deste ano. site ou dem ser obtidas pelo Mais informações po ronel Co nte ne Te ne, com o em contato, por telefo mero nú O o. ell M Rev. Walter Capelão do Exército, . dele é o (61) 8415.6626

tora n, Capelã Hospitalar, au tke Ai ula Pa de o ssã Va Eleny onselhasobre atendimento e ac rs lle se stBe s rio vá de eu, da ou hospitalizados, receb mento cristãos a doentes féu de prensa, o diploma e o tro Im de sta uli Pa o çã cia Asso nferido el 2009. O prêmio foi co Personalidade do Ano Ap iões de sua fé em várias ocas co bli pú ho un tem tes lo a ela pe , apresenpeitosa, mas firmemente res , ca áti lom dip e, qu em entada, lica, biblicamente fundam tou a visão cristã evangé atualidade. sobre temas delicados da

NOTAS DE FALECIMENTO Saudades da dona Erine Faleceu no dia 9 de março de 2009, aos 79 anos, a senhora Erine Pereira de Almeida. Filha de Agenor G. de Almeida e de dona Maria Francisca de Almeida e esposa do senhor Joaquim Almeida, foi mãe de 6 filhos, 15 netos e 7 bisnetos. Membro da Igreja Presbiteriana de Cabrália desde a sua fundação e organização e sócia emérita da SAF desta lidade, e uma das mais importantes e igreja, Dona Erine foi fundadora do influentes pessoas do trabalho prestrabalho feminino (SAF) em sua loca- biteriano em Cabrália

Siegfried Heinzle – dinâmico e evangelizador (1937 – 2009) Faleceu no último dia 04/07/2009, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de câncer, o Rev. Siegfried Heinzle. Nascido em Blumenau a 26 de fevereiro de 1937 foi desde muito jovem bastante adiantado para a sua época. Era conhecido como motoqueiro, aviador do Aero Clube de Joinville, aventureiro, explorador do Monte Crista. Como já dizia o Presbítero Francisco Corrêa dos Santos, o Sr. Chico, seu futuro sogro ao seu filho: “Meu filho, não ande com este moço, pois é muito doido!” Defensor e propagador do culto doméstico, dava exemplo de como os

casais e seus filhos podem aprender a viver felizes com esta saudável receita. Sempre deu um belo testemunho onde trabalhava, antes de ser pastor, recebendo logo a alcunha de “pastor”. Aos 29 anos de idade foi eleito presbítero da Igreja Presbiteriana de Blumenau – SC, tendo logo assumido a liderança da igreja por alguns anos na falta de pastor residente. Pai amoroso de Helen, William (já falecido em 1993), avô de Rebecca e Rachel e sogro de Waltair Sathler Junior, que tinha como filho. Esposo fiel e dedicado ao seu lar foi exemplo de vida espiritual.


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ARTIGO

Ore por mim Divulgação

Margarida Gennari Bernardes

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ra uma sexta-feira, mais ou menos 10 horas da noite. Tínhamos acabado de entrar em casa depois de um dia cheio de trabalho na Missão Caiuá. O Benjamin, meu esposo, tinha tomado seu banho, estava no computador lendo os e-mails que haviam chegado naquele dia enquanto eu estava assentada ao seu lado, pedindo a Deus que renovasse minhas forças e me desse coragem para

levantar e ir tomar meu banho para descansar do dia atarefado que tivemos. Neste instante toca a campanhia. Pelo modo como tocava conheci a pessoa que com certeza estava ali a tocar. Pensei: “É o João e vou atender antes que o Benjamim vá e abra a porta para ele, pois a esta hora ele deve estar drogado”. Adiantei-me ao Benjamim e fui atender pensando em não abrir a porta, mas perguntar do lado de dentro quem era e

pedir ao “João” que voltasse no outro dia. Mas antes de chegar à porta de entrada da casa, onde fica a campainha, precisamos abrir a porta da sala e atravessar um corredor de uma área coberta que dá acesso ao o nosso quintal e à porta de entrada da casa. Cheguei até a porta da rua e sem abrir gritei duas vezes: “Quem é! Quem é!” e, como ninguém respondia, dei meia volta e quando ia entrar em casa uma pessoa com o rosto coberto e com

“Cristo vem e requererá de nós o sangue destas almas que estão se perdendo. Não só de nós missionários que estamos à frente da batalha, mas, de você também que lê este jornal e não tem se engajado na obra missionária”

uma capa preta, veio do quintal e pulou em cima de mim empunhando uma faca. Ele tentou me segurar e eu agarrei o braço dele e ficamos rodando ali no corredor, ele tentando me segurar e eu tentando derrubar a faca da mão dele. Durante esta

luta eu gritei, Benjamim saiu ao nosso encontro e tentou me socorrer. O “João” – que eu conheci muito bem debaixo daquela máscara – me largou e colocou a faca no pescoço dele dizendo “Eu não quero machucar vocês, quero é dinheiro.


Brasil Presbiteriano

20 Me dê dinheiro que eu vou embora”. Corri dentro de casa e dei R$50,00 para ele que, a essa altura estava parado na porta da sala esperando com o Benjamim de refém. O João não ficou satisfeito com isto e disse que queria mais, pois sabia que tínhamos mais dinheiro em casa. E de fato, naquele dia estávamos com uma caravana do Rio de Janeiro aqui e como conhecia o dia a dia da Missão, ele sabia que os visitantes traziam ofertas para o trabalho e que este dinheiro deveria estar conosco. Entrei outra vez em casa, peguei a minha carteira e mostrei para ele que não tinha dinheiro, mas neste momento apareceu outra pessoa encapuzada vindo também do nosso quintal, com uma faca na mão e disse para o “João”. Vamos colocá-los dentro de casa e procurar o dinheiro que está aí. Este segundo que chegou nos empurrou para o nosso quarto e ficou conosco ali, enquanto o João e outra terceira pessoa que entrou em cena carregaram o que acharam que tinha valor para eles: alguns aparelhos eletrônicos, uma oferta que tínhamos recebido para a Missão e algumas miudezas que acharam que tinham valor. Enquanto isto eu conversava com o “garoto valente” que estava nos vigiando no quarto, o qual eu também reconheci, pois são pessoas que estão

sempre aqui na Missão, principalmente aqui em casa. O “José”, que estava conosco, disse que vinha sempre à igreja, mas que estava fazendo aquilo por causa da droga que ele não vivia sem e repetia a todo instante: “eu não gosto de

“... dei meia volta e quando ia entrar em casa uma pessoa com o rosto coberto e com uma capa preta, veio do quintal e pulou em cima de mim empunhando uma faca”

fazer isso, mas tenho de fazer por causa das drogas”, como uma forma de justificar para nós o erro que estava cometendo. Ficamos na companhia destes garotos mais ou menos 40 minutos e em todo tempo senti a presença de Deus conosco, nos guardando. Durante este tempo pedi a Deus três coisas. Primeiro, que não fizessem nada de mau conosco, pois uma semana antes tinham entrado na casa de uma velha na aldeia e além de roubar bateram demais na senhora que ela morreu. Segundo: o meu dízimo estava num pote em cima da minha penteadeira e quando vi o José abrindo

tudo que estava ali, pedi a Deus que não deixasse ele achar aquele dinheiro. Ele abriu todos os porta jóias que havia ali, menos o que eu pedi a Deus que não deixasse abrir. E por último, depois de arrebentarem os fios do telefone para não chamarmos ninguém, eles disseram que iam embora e estavam combinando nos deixar trancados ali. Quando o José apagou a luz, trancou a porta do quarto e tirou a chave, eu me coloquei de joelho e pedi a Deus que não nos deixasse trancados ali. Nisto, dois deles saíram correndo, mas o José que já estava saindo resolveu voltar e abrir a porta do quarto para ver o que estávamos fazendo ou talvez para fazer alguma coisa que ele havia esquecido. Quando ele acendeu a luz e me viu de joelhos parou e disse surpreso: “A senhora está orando?” Eu disse: “Sim”. Ele parou na minha frente e disse: “Então ore por mim”. E ficou algum tempo parado ouvindo, ou acompanhando a minha oração. De repente o José saiu correndo e deixou toda a casa aberta. Louvado seja Deus por isto, não ficamos trancados, não fizeram nada conosco e não levaram meu dízimo. Neste episódio pudemos sentir o amor de Deus pelos pecadores, pois apesar de tudo o que passamos não conseguimos sentir raiva destas criaturas amadas, que cresceram junto conosco e pelas quais estamos aqui a pre-

Agosto de 2009

gar o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois como o José dizia: É a droga que me faz assim. Sabemos que só o sangue salvador de Jesus Cristo pode mudar suas vidas e tirá-los do lamaçal do pecado. E como Estevão falou na hora de sua morte, também nós, pelo Espírito Santo, só podemos dizer: “Senhor, não os considere culpados deste pecado”. E ainda mais: ajuda-nos a mostrar a Jesus Cristo para estes jovens que estão ao nosso redor, sem perspectiva de vida e sendo levados pelas

“...o meu dízimo estava num pote em cima da minha penteadeira e quando vi o José abrindo tudo que estava ali, pedi a Deus que não deixasse ele achar aquele dinheiro”

artimanhas de satanás. Cristo vem e requererá de nós o sangue destas almas que estão se perdendo. Não só de nós missionários que estamos à frente da batalha, mas, de você também que lê este jornal e não tem se engajado na obra missionária. O trabalho é nosso, da Igreja de Jesus Cristo. Nós estamos na frente da batalha, mas na retaguar-

da está você que pode contribuir e orar ou até vir aqui ajudar-nos para que esta situação mude. Segundo dona Loide Bonfim, “Pouco se faz, porque há muitos seguidores de Cristo que ainda não crêem no poder do Espírito Santo para transformar a vida de um Kaiwá bêbado em crente sincero e fiel”. E eu digo: “Ainda há muitos que não crêem que o poder do Espírito Santo pode transformar a vida de nossos jovens indígenas, que estão arraigados nas drogas, em crentes sinceros e fiéis”. Precisamos programar acampamentos com os jovens, comprar um data show para tornar estes programas mais agradáveis, precisamos de pessoas que trabalhem com música para ensiná-los, precisamos colocar em prática um projeto que temos de ocupá-los com aulas de trabalhos manuais, estudo de línguas, música, esportes, etc. Irmãos, aceitem o clamor de uma alma apaixonada pela salvação desta raça muitas vezes desprezada, que perdida no mundo ainda grita: “Ore por mim”... e juntem-se a nós na batalha para que possamos alcançar os Kaiwás e as mais de noventa tribos indígenas brasileiras que nunca ouviram falar de Jesus Cristo. Margarida Gennari Bernardes é missionária da APMT, trabalhando na Missão Evangélica Caiuá há 24 anos. É esposa do Rev. Beijamim Benedito Bernardes e mãe de Ana Luiza e Ana Cristina.


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