bp_marco2008

Page 1

O Jornal Brasil Presbiteriano é um órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 50 nº 641 – Março de 2008

Wilson Camargo

Arquivo da Família

Vitórias além das piscinas Jovem presbiteriano é destaque em jogos paradesportivos

Empossado novo diretor presidente do Mackenzie: Adilson Vieira Páginas 10 e 11 Caco

Membro da IPB, jornalista Délis Ortiz fala à IPB Rádio Web Página 16 Recorte da capa do livro Darwin no Banco dos Réus, a ser lançado pela Editora Cultura Cristã

Daniel Dias é dono de cinco recordes mundiais e muitas medalhas, inclusive as conquistadas nos Jogos Parapanamericanos de 2007, no Rio de Janeiro Página 12

Mackenzie realiza simpósio sobre criação do Universo Página 14


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Editorial

Seu recado

Cecep e Brasil Presbiteriano Agradecimento Fernando Hamilton Costa

A

partir desta edição, por decisão da Comissão Executiva do Supremo Concílio (CE/SC) da IPB, o Conselho de Educação Cristã e Publicações (CECEP) assume a responsabilidade de gerir, editar, publicar e distribuir este jornal, que é o órgão oficial de nossa amada igreja. Recebemos essa atribuição com carinho e ânimo porque cremos na importância de nosso jornal, não apenas por ser herdeiro de uma história preciosa, iniciada na Imprensa Evangélica, continuada no Puritano, mas pelo fato de que

é e será mais ainda um meio precioso e útil para que nossa denominação divulgue suas ações e pensamentos. Para o CECEP é importante, pois vai consolidando suas funções – que alguns podem pensar ser apenas de ser um Conselho Deliberativo de nossa sólida Casa Editora Presbiteriana (CEP) – que se estendem além. No ano passado, promovemos um Congresso Nacional de Liderança Cristã que foi muito bem avaliado por seus participantes e que terá continuidade em outros encontros nacionais ou regionais, além de estarmos aguardando material feito para mídia de imagem (DVD),

que está em preparo na Rede Presbiteirana de Comunicação, sobre as funções do oficialato (presbíteros e diáconos), o que gerará oportunidade para debates nos concílios da IPB. Nas dependências da CEP estamos terminando um espaço para treinamento de professores de Escola Dominical que está na fase de mobiliário e equipamento. Em nome do CECEP entregamos este veículo, que usa a equipe editorial de nossa editora, para que continue a ser instrumento útil para a Igreja Presbiteriana do Brasil.

em Marcos 9, e sim em Marcos 10.46-52. - O cargo de um dos entrevistados, Agostinho Bariani, não é auxiliar de Serviços Gerais, mas ajudante de Serviços Gerais, e ele não atua na diretoria, mas na secretaria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Além disso, Agostinho não concluiu o Terceiro Colegial, mas o Ensino Médio. - O cargo de Karina Leme de Oliveira, outra entrevis-

tada, também está incorreto. Ela não é ajudante de Serviços Gerais, mas escriturária, na área de Segurança do Trabalho na Superintendência de Desenvolvimento Humano do IPM. Além disso, o presb. Hothir informa que Karina está cursando a faculdade de Administração de Empresas na Universidade Presbiteriana Mackenzie, para a qual foi aprovada no último vestibular.

O rev. Fernando Hamilton Costa é presidente do CECEP.

Erramos O superintendente de Desenvolvimento Humano do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), presb. Hothir Marques Ferreira, informa que há alguns erros na reportagem Espaço para Todos – Mackenzie cumpre lei que inclui pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho, publicada ne edição de fevereiro (página 10): - A passagem bíblica citada por ele na reportagem não está

No dia 15 de janeiro de 2008, nossa família viveu sua maior tragédia: perdemos nosso querido Ailton e seus três filhos, Kátia, Bruna e Caio e, somente Lídia, sua esposa, sobreviveu. Naquele momento ficamos meio perdidos, não parecia real. Seria mesmo verdade? “Senhor, me permita acordar e perceber que isso é um pesadelo”, foram nossas palavras nos últimos dias. Mas era verdade, uma triste verdade. O vazio que fica: do som da flauta de Ailton, do seu piano, da sua voz cantando ou pregando, da sua paciência, das suas lágrimas, das suas risadas, das suas muitas histórias; o vazio da querida Kátia dizendo: “Ai, tia (o), nem te conto!”; da Bruna pedindo um Danone ou para fazer um suco; do Caio dando suas gargalhadas, apesar de seus poucos meses. É um silêncio que grita dentro de nossos corações... Nos dias que se seguiram, recebemos o amor e o carinho de toda a Igreja Presbiteriana do Brasil e de muitos irmãos presbiterianos do Exterior, além de muitos outros dos quais não sabemos a denominação. Nossa família, com mais de 70 anos de presbite-

EXPE­DIEN­TE Órgão Oficial da

Rua Miguel Teles Junior, 394 – Cambuci, São Paulo – SP - CEP: 01540-040 Telefones: (11) 3207-7099/3207-7092 E-mail: bp@cep.org.br

Conselho de Educação Cristã e Publicações: Fernando Hamilton de Souza – presidente Mauro Meister - secretário Anízio Borges - tesoureiro Casa Editora Presbiteriana: Haveraldo Ferreira Vargas - superintendente Cláudio Antônio Batista Marra – editor

Conselho Editorial: Anízio Alves Borges, Cláudio Marra (supervisão) Hermisten Maia Pereira da Costa Jader Borges Filho Misael Nascimento Valdeci da Silva Santos

Meireana Dutra de Assis Silva em nome da família Dutra de Assis.

Assinaturas

Brasil PRES­BI­TE­RIA­NO Ano 50, nº 641 – Março de 2008

www.ipb.org.br

rianismo, nunca havia experimentado a comunhão, mesmo à distância, de uma forma tão intensa. Gostaríamos de agradecer a cada igreja e a cada irmão que nos ajudou nesse momento tão difícil. Não haveria como citar todos e não queremos ser injustos, mas precisamos destacar o cuidado da Igreja Presbiteriana de Ribeirão Pires. Ficam aqui nossos agradecimentos e o desejo de que Deus, em sua infinita misericórdia e bondade, supra a necessidade de cada um. Sei que um dia todos nós poderemos nos abraçar e comemorar juntos a vitória conquistada na cruz. “Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”

Uma publicação do Conselho de Educação Cristã e Publicações

Edição e textos: Letícia Ferreira DRTPR: 4225 17 65 E-mail: bp@cep.org.br  Diagramação: Aristides Neto Impressão: Folhagráfica Revisão: Filipe Albuquerque

Para qualquer assunto relacionado a assinaturas e distribuição do BP, entre em contato com a Casa Editora Presbiteriana. (11) 3207-7099/3207-7092 cep@cep.org.br Rua Miguel Teles Junior, 394 Cambuci CEP 01540-040 - São Paulo


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Consultório Bíblico

Existência de Deus Odayr Olivetti

P

ergunta: “Pode-se provar que Deus existe?” Resposta: Apesar de haver mais gente que crê que Deus existe do que a mídia nos quer fazer acreditar, muitos ficam repetindo as declarações exageradas da mídia a esse respeito. E não faltam aqueles que nos perguntam como se pode provar a existência de Deus. No Salmo 115, o salmista responde à pergunta: “Porque dirão os gentios: Onde está o seu Deus?”, mostrando a tolice, a verdadeira loucura da idolatria. Mas consideremos: 1. Quando alguém fala em crer ou não crer em Deus, é preciso ver de que Deus está

falando. Quando alguém me diz que não crê em Deus, eu pergunto: Em que Deus você não crê? Pode ser que nesse eu também não creia. Em que Deus você crê? No deus da sua imaginação? No deus que você formulou em sua mente, tirando um pedaço de um deus daqui, outro pedaço de um deus dali? Quando alguém me diz que não crê em Deus, eu pergunto: Em que Deus você não crê? Pode ser que nesse eu também não creia. 2. É importante, indispensável, crer no Deus que se revela na natureza, na Bíblia, e supre-

mamente em Cristo Jesus, o Deus eterno que se fez carne. É necessário crer no Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E crer de fato! Tiago 2.19 nos adverte: “Crês tu que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem”. Os demônios não somente crêem em Deus; crêem que ele é único e tremem – levando vantagem sobre todos os tipos de politeístas, que são mais numerosos do que à primeira vista parece, e sobre os que dizem que crêem, mas não têm temor de Deus. 3. A Bíblia censura os que não crêem: Sl 14.1ss.: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus”. O insensato, o néscio, o tolo (ARA, ARC, NVI). O referido Salmo mos-

tra a conseqüência geral dessa incredulidade: idolatria. No Salmo 115, é feita implicitamente a mesma relação entre a incredulidade e a idolatria. Em Ec 3.12, a Palavra de Deus nos mostra a causa essencial desse triste fato. É importante, indispensável, crer no Deus que se revela na natureza, na Bíblia, e supremamente em Cristo Jesus. Lemos ali: “Deus pôs a eternidade no coração do homem”. Se a pessoa não crê no único Deus vivo e verdadeiro, procura atender ao anseio pela eternidade com alguma forma de

idolatria. Em Ef 2.12, o apóstolo Paulo mostra que quem não tem Deus não tem esperança: está “sem esperança e sem Deus no mundo”. É notável essa relação: Deus e esperança. Sem Deus o homem pode ter esperanças de coisas, fatos e experiências temporais, limitadas a esta existência. E mesmo dessas esperanças muitas falham. O coração crente em Deus tem esperança indestrutível, que se cumpre na glória eterna. Sem Deus, que esperança pode haver quanto ao futuro definitivo? Odayr Olivetti é pastor presbiteriano, ex-professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas, escritor e tradutor. E-mail: odayrolivetti@uol.com.br

Artigo

Oportunidade e oposição A

IPB começa a se preparar para as comemorações dos seus 150 anos. Nesse clima, a releitura de O Diário de Simonton será muito instrutiva, não só pelo que revela do início do presbiterianismo no Brasil, mas também pelo que mostra da natureza humana e das experiências daquele pioneiro, bem como de sua perspectiva diante do desafio que enfrentava. Acompanhe alguns trechos: “11 de agosto de 1859. Quintafeira, 9 da noite. “Estamos agora sem vento à entrada do porto do Rio. ... Minhas emoções eram tão conflitantes que não seria possível descrevê-las com fidelidade. Os sentimentos predominantes eram o contentamento pelo final feliz de uma longa viagem e o temor pela grande responsabilidade e pelas dificuldades do trabalho que espe-

rava por mim. Minhas razões de alegria são fáceis de entender, mas a incerteza do futuro pesa solene e temivelmente, a ponto de moderar as expressões de contentamento. “Sexta-feira, 12 de agosto [de 1859], 9:30 da manhã. “Estou acordado desde as quatro da manhã observando as manobras para adentrar o porto contra o vento e a maré. É um lugar lindo, o mais singular e impressionante que jamais vi. Nunca teria imaginado tal porto, com beleza sublime, protegido de ventos e ondas, e capaz de defesa contra ataques de mar ou de terra ... Estou pronto para desembarcar. “2:15 da tarde. “Estou sentado junto à escrivaninha de Robert C. Wright, para quem trouxe cartas de apresentação. Ele convidou-me para jantar ... concordei. Um dos sócios

da casa procurará quarto para mim e então poderei acomodar minha bagagem. “5:00 da tarde. “... Tivemos um jantar excelente: primeiro sopa, depois peixe; depois, o que quisesse; então torta de alguma coisa parecida com batata doce, muito boa; afinal laranjas como nunca havia provado. São muito grandes, pesadas e sólidas e têm sabor delicioso ... Estivemos à mesa quase duas horas e nos divertimos muito. “Rio de Janeiro, 31 de agosto de 1859. “Domingo dirigi meu primeiro culto, a bordo do John Adams. O capitão Mason mandou o bote buscar-me, e depois de remarmos ativamente por cinco milhas chegamos e encontramos tudo pronto para o culto. Havia quase duzentas pessoas, todas muito atentas. Sob a minha liderança os hinos saíram fracos. Fiquei muitíssi-

mo satisfeito de ter a oportunidade de falar a tantos que não tinham o privilégio de ouvir o evangelho regularmente ... “No dia 29 ... conheci vários humildes seguidores de Cristo. Tive uma conversa com o Dr. Kalley. Ele acha a missão oportuna ... Insiste em que eu me mova em segredo ... Não posso concordar com ele neste ponto. ... Minha presença e meus objetivos aqui não podem ficar escondidos; portanto minha esperança está na proteção divina e no uso de todos os meios prudentes de defesa. O futuro não pode ser previsto; portanto, busco a orientação da sabedoria infinita e em tudo me submeto à sua direção. “Sinto-me encorajado pelo aspecto das coisas e esperançoso quanto ao futuro. Existem indicações de que um caminho está sendo aberto aqui para o Evangelho.”

Nesses registros de Simonton em seu Diário percebemos, entre outras coisas, sua consciência das oportunidades à sua frente, mas também consciência das dificuldades que teria de enfrentar. Por um lado, um grande país a ser evangelizado, milhares de pessoas sem a salvação em Cristo, alguns já ávidos e preparados para ouvir. Por outro lado, a separação dos seus familiares, seu desconhecimento da língua, os costumes idólatras do povo, a dura oposição da Igreja Católica, as leis do país que identificavam igreja e estado, oportunidade e oposição se colocavam diante de Simonton e ele tinha consciência disso. Mas porque a sua esperança estava na proteção divina, mesmo a oposição foi vista como nova oportunidade, com efeitos pelos quais a IPB louva a Deus até hoje.


Marรงo de 2008

Brasil PRESBITERIANO


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

História

Lições: O pecado da intolerância Ilustrações: Arquivo rev. Alderi Souza de Matos

Alderi Souza de Matos

M

uitas vezes, quando se fala em intolerância religiosa, o que se tem em mente são atitudes do Estado para com a igreja ou de uma religião em relação a outra (como muçulmanos e cristãos). Todavia, ao longo da história, também têm ocorrido manifestações de intolerância dentro das fileiras cristãs, jogando cristãos contra cristãos, numa violação particularmente condenável dos ensinamentos de Cristo. A intolerância deve ser distinguida da genuína disciplina cristã. O Novo Testamento deixa claro que a igreja deve se esforçar por preservar a fé e manter elevados os padrões éticos entre os fiéis. Para isso, muitas vezes há necessidade de correção. Todavia, a disciplina cristã, corretamente entendida, tem um propósito pastoral e terapêutico, e não punitivo ou repressor. A intolerância ocorre quando alguns limites são ultrapassados, utilizando-se recursos como acusações injustificadas, privação de oportunidade de defesa, espírito vingativo, bem como coerção, intimidação e violência, seja ela verbal, emocional ou física. Nos primeiros séculos, o período das perseguições promovidas pelo Estado Romano, a atitude predominante entre os cristãos foi pacifista e conciliadora. No entanto, a partir do início do 4º século, com a união entre a igreja e o Estado, tomou vulto a intolerância contra indivíduos e grupos considerados heréticos. A princípio, as penas impostas consistiam em banimento ou exílio, prisão e confisco de bens. Posteriormente, começou a se utilizar a espada contra os dissidentes. As primeiras pessoas a serem exe-

Medalha do Papa Gregório 9º, que estabeleceu a Inquisição a partir de 1231 Destruição do Templo de Charenton, na França, um dos 65 templos protestantes demolidos em 1685

cutadas por heresia na história do cristianismo foram o bispo espanhol Prisciliano e seis simpatizantes, decapitados por ordem do imperador Teodósio 1º em Trier, no ano 385. Poucas décadas mais tarde, o notável bispo e teólogo Agostinho, que inicialmente defendeu a conversão dos cismáticos por meio de argumentos verbais, apoiou o uso da coerção estatal contra o movimento donatista, no Norte da África. Um dos textos bíblicos a que recorreu foi Lucas 14.23, no qual ocorre a expressão “obriga a todos a entrar”.

confiado aos dominicanos e aos franciscanos, incluía denúncias anônimas, uso de tortura para obter confissões, presunção de culpa do acusado e entrega ao poder secular para a queima na fogueira ou punições mais brandas. Um caso famoso foi a execução do pré-reformador João Hus, em 1415. Em 1478, foi criada a Inquisição Espanhola, controlada pelo Estado, que sobreviveu oficialmente até o início do século 19. Além de heresia, outros delitos sujeitos a punição

eram a feitiçaria e a conversão insincera, no caso dos judeus. Na época da Reforma Protestante, a Igreja de Roma foi intolerante com os protestantes, utilizando contra eles não só a Inquisição, mas guerras religiosas e massacres, como o da Noite de São Bartolomeu (1572), na França. Lamentavelmente, os protestantes, muitas vezes, também foram intolerantes em relação a católicos e a outros protestantes, como os anabatistas. Um caso frequentemente citado é a

Os cristãos devem se precaver contra formas sutis de agressividade, principalmente por palavras. Durante a Idade Média, na luta contra grupos heterodoxos, como os cátaros e os valdenses, a igreja criou o temido tribunal da Inquisição, estabelecido formalmente pelo papa Gregório 9º a partir de 1231. Esse método de investigação, geralmente

Petição dos nobres pela vida do pré-reformador João Hus, executado em 1415

execução na fogueira do espanhol Miguel Serveto (1553), na Genebra de Calvino, sob a acusação de negar a doutrina da Trindade. Esses fatos criaram forte antipatia contra o cristianismo na Europa dos séculos 17 e 18, o que contribuiu para o surgimento do Iluminismo e seu ideário secularista. Que essa triste história sirva de advertência para os cristãos do século 21, uma época em que o cristianismo tem sofrido horríveis agressões em muitas partes do mundo. Os seguidores de Cristo nunca devem utilizar métodos violentos, violadores da consciência e da dignidade humana, mesmo na defesa dos seus valores mais elevados. Como diz Tiago em sua carta: “A ira do homem não produz a justiça de Deus” (1.20). Mas não apenas isso. Os cristãos devem também se precaver contra formas sutis de agressividade, principalmente por palavras, porque, além de erradas em si mesmas, podem servir de prelúdio para manifestações mais destrutivas. Alderi Souza de Matos é pastor presbiteriano e historiador oficial da IPB. E-mail: asdm@mackenzie.com.br


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Aniversários

IP Memorial

IP de Açailândia

50 anos

36 anos

Rev. Marcello Gomes de Oliveira Costa Fotos: Divulgação

A Primeira IP de Governador Valadares (MG) experimentou um avivamento espiritual nos anos de 1950, e o seu templo começou a ficar pequeno para comportar as pessoas que afluíam para ouvir a palavra de Deus. O desejo da maioria era a construção de um templo maior. Contudo, o pensamento do rev. Américo Templo da IP Memorial Gomes Coelho era dividir para crescer. Finalmente concordaram com sua idéia. O local foi escolhido nas proximidades da Estrada de Ferro Vitória - Minas, conhecido como Morro do Carapina. O primeiro culto foi realizado na residência do irmão Bento Dias Ferreira. No domingo seguinte, 9 de outubro de 1955, o culto foi celebrado em frente à residência do sr. Licinio Andrade, sob a direção do rev. Américo. O trabalho frutificou e, no dia 16 de outubro de 1955, foi estabelecida a congregação. O relatório da Escola Dominical, sob a liderança do presb. Adrualdo Monte Alto e tendo como secretária a sra. Zita Siman, contou 101 alunos matriculados e 70 visitantes. Dentre os demais irmãos, quatro se destacaram pela piedade, dedicação, experiência e espírito de sacrifício: Geraldo Fonseca, Adroaldo Monte Alto, Aristóteles Rosado e Itamar Coelho Boechat. Com dois anos, a congregação se tornou a Terceira IP de Governador Valadares, com 189 membros maiores e 111 menores, em 16 de março de 1958. O primeiro pastor foi o rev. Américo. Desde o ano passado, pastoreia a igreja o rev. Marcello Gomes de Oliveira Costa. Neste ano do jubileu, ano de descanso, de restituição e de salvação, podemos comemorar bênçãos inumeráveis. A igreja conta com 354 membros comungantes e 90 não comungantes, tendo duas congregações nas cidades de Coroaci e Virgolândia, assistidas pelo rev. Hélvio Carlos Rodrigues e pelo evangelista Jonas Ferreira Lima.

Thaís Albuquerque Nunes da Trindade, secretária da igreja Inaugurada no dia 5 de março de 1972, a IP em Açailândia (MA) teve como primeiro pastor o rev. Roberto Samuel Johnson. Os irmãos Isaque Ferreira Lima e Maria Martens, pioneiros nesse trabalho, continuam entre nós. Atualmente, o pastor é o rev. Marcos Nunes da Trindade. São 36 anos de trabalho árduo e ininterrupto, e de muitas bênçãos. Nos dias 8 e 9 de março, realizamos um culto alusivo ao aniversário, tendo como pregador o rev. Damião Alves da Silva, pastor da IP de Bacabal (MA).

Atual pastor da IP de Açailândia, rev. Marcos Nunes da Trindade, e a esposa, Raquel Albuquerque Nunes da Trindade

Segunda IP de Alto Caparaó 18 anos Rev. Santiago de Souza Nossa história precisa ser contada aos nossos filhos, filhos da aliança: 18 anos de bênçãos do evangelho pregado nesta cidade. Começou no dia 10 de janeiro de 1979, sob o pastorado do rev. Sérgio Pereira Tavares. A UPH da IP em Alto Caparaó (MG) iniciou um ponto de pregação na residência do irmão Eli Tavares. O trabalho foi transferido, algum tempo depois, para

Culto na Segunda IP de Alto Caparaó

outro local, onde os membros Celcino Ferreira Emerich e Joacir Emerich doaram um terreno. Deu-se então o início da construção de um grande templo. No início de 1982, o ponto de pregação contava com a participação de aproximadamente cem pessoas. No dia 21 de abril daquele ano, o conselho organizou o trabalho em congregação, com uma Escola Dominical com quatro classes e 119 alunos. No mesmo mês, o templo foi inaugurado e, no dia 4 de janeiro de 1983, foram organizadas a SAF, a UPH e a UMP. O conjunto coral foi organizado no dia 17 de junho daquele ano, e, por fim, em outubro a UPA foi organizada. Sob o pastorado do rev. Rogério Lúcio Correa Berbert, a congregação ampliou seu quadro de alunos. No dia 20 de outubro de 1989, pelos presbíteros Sidney Tavares e Dorvalino Cardoso, o conselho comunicou o desejo da congregação de se organizar em igreja. E, em 1990, encaminhou o pedido de organização em igreja ao Presbitério Leste de Minas, em sua 114ª Reunião Ordinária, que aprovou o pedido e nomeou uma comissão para a organização. Foram arrolados 138 membros comungantes e 60 não comungantes. Hoje temos 293 membros comungantes, 103 não comungantes, um ponto de pregação na Fazenda Modelo, em Alto Jequitibá (MG), uma congregação em Pedra Menina, Distrito de Dores do Rio Preto (ES), trabalho este em parceria com a Primeira IP de Alto Caparaó. Temos ainda um evangelista, dois seminaristas e uma igreja organizada, em 18 de outubro de 2003, a Terceira IP de Alto Caparaó. A história de nossa igreja nos lembra as palavras inspiradas do apóstolo Paulo: “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento vem de Deus”. (1 Co 3.6).


Brasil PRESBITERIANO Acontece CNE realiza congresso em São Paulo Em uma parceria com os sínodos do Estado de São Paulo, a Comissão Nacional de Evangelização (CNE) realiza o Congresso Estadual de Evangelização e Revitalização de Igrejas com o tema É preciso colher e plantar, entre 24 a 26 de abril. O evento ocorre em Campinas (SP), no Hotel Nacional In, e os preletores serão o presidente do Supremo Concílio da IPB, rev. Roberto Brasileiro; o vice-presidente da CNE, rev. Hernandes Dias Lopes; o missionário da Agência Presbiteriana de Missões Nacionais (APMT) da IPB, rev. Ronaldo Lidório; o vice-presidente da Junta de Missões Nacionais (JMN) da IPB, rev. Marcos Severo Amorim; o presidente da CNE, rev. George Alberto Canelhas, e o presidente do Sínodo de São Paulo, rev. Arival Dias Casimiro. Para inscrições e mais informações visite o site do congresso: www.z3publicacoes.com.br/cneipb. Sínodo Sudoeste Paulista promove encontros para casais e para adolescentes A Secretaria Sinodal da UPA, sob coordenação de Andréa Barbosa, promove, entre 25 e 27 de abril, o Segundo Acampamento do Sínodo Sudoeste Paulista. O organizador e palestrante é o rev. Weslei Damaris e, o tema, Ao mestre sejamos fiéis, nas trevas sejamos luz, nas lutas sejamos fortes, servindo ao Senhor Jesus! Informações e inscrições pelo e-mail andrea@visualconnect.com.br ou pelos telefones (14) 3848 1930/3297. O mesmo sínodo promove, de 11 a 13 de abril, o Segundo Encontro de Casais no Hotel de Lazer Santa Cristina, em Paranapanema (SP). O preletor é o professor convidado da Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, rev. Antônio José do Nascimento Filho. Informações e inscrições com o presb. Clodoaldo Furlan pelo e-mail furlan@visualconnect.com.br e pelos telefones (14) 3848 2170/1760 e 9671 5050, ou ainda pela Caixa Postal 42, CEP 18690-000, Itatinga, São Paulo. CPPC oferece Seminário de Clínica Psicológica e Ofício Pastoral O CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos) oferece o Seminário de Clínica Psicológica e Ofício Pastoral, que visa à saúde emocional dos líderes e suas comunidades, trabalhado por um grupo de terapeutas cristãos num percurso com vários módulos. Pastores e líderes, seres humanos, estão sujeitos a estresse e, muitas vezes, sem poder reconhecer ou admitir suas carências e frustrações, estas se encapsulam em dores objetivas e subjetivas. O adoecimento pessoal se relaciona com o familiar, o administrativo e ministerial. Essa condição vulnerabiliza perigosamente, contribuindo para quedas, colapso emocional e rompimento de vínculos, sinais de um processo doentio em curso. De outro lado, é preciso responder de forma relevante às novas inquietudes do tempo presente, o que implica em buscar contínua capacitação bíblica, teológica e cultural para cuidar de si e do rebanho. Informações: ageu.heringerlisboa@gmail.com. Rua Madre Cabrini, 186 s/2 São Paulo, SP. Telefone (11) 5579

Março de 2008

Missões Transculturais

Semana de orientação da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais

Informação e confraternização reúnem missionários Divulgação

Ariadne Patriota Bomfim

P

romovida pela APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais) da IPB, a semana de orientação foi realizada entre os dias 28 a 31 de janeiro, no acampamento Ye-Ao, em Mogi das Cruzes (SP). Os objetivos dessa reunião são conhecer pessoalmente os candidatos, atualizar os missionários sobre a nova filosofia da agência, orientá-los quanto aos procedimentos da APMT no que diz respeito ao dia-a-dia da base, informá-los sobre o seu funcionamento estrutural, dar instruções que facilitarão na vivência no campo missionário (visto, embaixada, seguro de vida, INSS) e ferramentas para captação de recursos financeiros para o projeto que será desenvolvido no país alvo. Compareceram a essa semana 42 pessoas. Muitos trouxeram a família, vindos de diversas partes do Brasil: Pernambuco, Maranhão, Paraíba, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Paraná e de outros países, como Bolívia e Paraguai. A participação dos missionários que estão há mais de 15 anos no campo missionário traz uma dinâmica abençoadora para os demais que estão iniciando seu processo de candidatura. Eles deram testemunhos, compartilharam desafios e vitórias, e contaram suas experiências nos campos, ratificando a importância do relacionamento igreja- basemissionário e a relevância das

Executivo da APMT, rev. Marcos Agripino (à direita), com os missionários que participaram da Semana de Orientação

informações passadas durante o evento. Como é parte dos pré-requisitos de filiação, só estiveram presentes aqueles que já iniciaram o processo de candidatura, ou seja, pessoas que enviaram carta de testemunho, carta de apresentação da igreja ou presbitério, e que elaboram um projeto missionário para o país onde irão atuar. Dentre os lugares alvos dos projetos estão Angola, GuinéBissau, Síria, Golfo Pérsico, Peru, tribos indígenas brasileiras, Moçambique e Irlanda. Serão desenvolvidos trabalhos nas áreas de evangelização, plantação de igrejas, ensino, atendimento nutricional etc.

A programação contou com palestras, devocionais, oração, testemunhos, curso sobre levantamento da equipe de sócio e muita comunhão, louvor e troca de experiências. Como resultado, todos souberam o que é a APMT, sua filosofia e a atuação missionária transcultural da IPB. Muitas dúvidas sobre o processo de envio, repasse financeiro e serviços oferecidos foram esclarecidas, além de atendimento individual a cada candidato, com orientação sobre o seu projeto missionário e o que ele irá desenvolver e ouvir sobre as dificuldades encontradas para o cumprimento dos propósitos.


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Aconteceu Arquivo da Federação

Igreja homenageia membro pioneiro Rev. José Francisco Pereira No dia 20 de janeiro, um domingo, na IP de Jaraguá, interior de Goiás, foi realizada uma homenagem à Maria Francisca Pinto, de 92 anos, membro pioneiro da igreja. O evento se deu no horário da Escola Dominical e contou com a presença de toda a família da sra. Maria, até os bisnetos, alguns já adolescentes. Ela foi pioneira no trabalho evangelizador, oferecendo sua casa para os trabalhos que deram origem à IP de Jaraguá. Maria Francisca sempre morou em Jaraguá e, seu primeiro filho, José Benedito Pinto, após se casar e se mudar para Anápolis (GO), se converteu ao Senhor Jesus na Quarta Igreja Presbiteriana daquela cidade. Naquele tempo, 1978, foi realizado o primeiro culto da IPB na casa da irmã Maria Francisca, que antes era católica, por iniciativa de seu filho e da Quarta Igreja. Ela e seus filhos não se cansam de contar que, após este primeiro culto, a irmã Maria fixou um adesivo na porta com a seguinte frase: “Pare e pense”. Passando pela rua, um recém chegado à cidade, funcionário do Banco de Brasília, leu a frase e foi procurar a irmã, entendendo que ali moravam evangélicos. Pela providência de Deus, era um irmão presbiteriano que se uniu à obra evangelizadora e, assim, os trabalhos progrediram. Arquivo da Igreja

Irmã Maria Francisca Pinto

(E) Presbíteros Elói e Murilo Costa e rev. Josimar

Congregação presbiterial é organizada em Maracanaú, área metropolitana de Fortaleza Presb. Francisco Elói Batista de Freitas, presidente da Sinodal Ceará do Trabalho Masculino e responsável pela Federação de UPHs do Presbitério de Fortaleza Com o apoio do Presbitério de Fortaleza e do Sínodo do Ceará, na pessoa do seu secretário presbiterial, rev. Josimar Soares Pereira, a Federação das UPHs do Presbitério de Fortaleza realizou, em 1º de setembro de 2007, o culto de organização da Congregação Presbiterial Bandeirante, no município de Maracanaú, área metropolitana de Fortaleza. O evento ocorreu sob a liderança do presb. Francisco Martins da Silva e a mensagem ficou a cargo do rev. Elgio. Após a mensagem, o presb. Martins formalizou os agradecimentos a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboram para a concretização do tão sonhado objetivo da federação. Registrou-se a presença de cinco pastores do presbitério, os reverendos Elgio Bezerra da Silva (presidente do presbitério), de Nova Canaã, Daniel Campos Barros, de Boa Esperança, Márcio Caetano de Oliveira, da Congregação Pajuçara, Josimar Soares

Pereira de Acaracuzinho, e Cícero Leandro, da IP Pajuçara. Um grande público atendeu ao convite para o evento e destacamos o apoio de todas as UPHs do presbitério. O dirigente escolhido para a congregação foi o jovem presb. Francisco Elói Batista de Freitas, da IP de Boa Esperança, secretário executivo da federação. A CNHP (Confederação Nacional dos Homens Presbiterianos) foi representada pelo seu vice-presidente da Região Nordeste, presb. Murilo Costa.

Lei concede uma Bíblia a cada aluno da rede municipal de ensino em Vila Velha (ES) Franz-Schubert Sathler Alves Ambrósio, presbítero da IP da Glória e vereador em Vila Velha A Lei 4.587/2008, de Vila Velha (ES), determina que cada aluno da rede municipal de ensino receba uma Bíblia. São cerca de 45 mil alunos que deverão ter acesso à Palavra de Deus, levando-a para dentro dos seus lares. Além disso, a Bíblia é uma grande fonte de conhecimento e cultura para todos e vai contribuir para uma educação de maior qualidade. Foi aprovado também o Projeto de Lei que institui o Dia da Bíblia no município.


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Memória e saudade Diácono José Alves da Silva Por presb. Cicero da Silva Pereira Às 22h de 20 de outubro de 2007, faleceu o diác. José Alves da Silva, da Quarta IP de Campina Grande (PB). Nascido em 16 de agosto de 1950, em Campina Grande, foi alcançado pela graça irresistível em 1999. Seu batismo se deu no dia 5 de novembro de 2000, ministrado pelo rev. Fábio José Brasileiro, hoje pastor da Quarta IP de Caruaru (PE). A esposa do diác. José, Maria Helena, logo o seguiu na igreja, assim como suas filhas Christine, Raquel e Joelma. Em 7 de outubro de 2001, o irmão José Alves foi eleito ao diaconato e ordenado sob a presidência do rev. Fábio. Estava em disponibilidade desde outubro de 2006. Como diz o pregador em Eclesiastes, há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Findou-se o tempo do irmão José estar conosco e chegou o tempo de Deus tomá-lo para si. Bendito seja o nome do Senhor. José Alves era muito querido entre nós. Bom marido, pai exemplar e um diácono no sentido da palavra, amava quando participava da liturgia do culto, no momento do recolhimento dos dízimos e ofertas ou preparando a Santa Ceia. Participou sempre de maneira ativa e entusiasmada de muitos trabalhos na UPH, outra área da igreja com a qual tinha grande afinidade. Ficamos com muita saudade, mas na certeza de que foi um até breve e não um adeus.

exemplo de fé e coragem mesmo diante do sofrimento, não reclamando nem perdendo as esperanças e dizendo que, se assim fosse da vontade de Deus, ele estava pronto para ir morar no Lar Celestial. Esposa, filhos, netos, bisnetos e amigos perderam um grande guerreiro no dia 7 de dezembro de 2007, mas o céu ganhou um servo fiel.

Rev. Antônio de Almeida Elias Por rev. Jeremias Pereira da Silva, com informações do site da IP Betânia de Icaraí: www.betaninha.org.br Antônio Elias nasceu em 11 de maio de 1910, em Aparecida do Monte Alto (SP), e faleceu no dia 21 de dezembro de 2007, em Niterói (RJ). Era casado com Maria José de Almeida Elias e juntos tiveram quatro filhos. Formou-se em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas (SP), em 1943, e foi ordenado ao sagrado ministério pelo Presbitério Oeste de São Paulo, em janeiro de 1944. Arquivo da Família

João Fernandes Leão Primeira IP de Governador Valadares

Presbítero Emérito José Bezerra dos Anjos Por Maeli dos Anjos José Bezerra dos Anjos nasceu no dia 11 de maio de 1925. Era presbítero emérito e membro da IP de Casa Verde desde o tempo em que a igreja era congregação. Em 1º de fevereiro de 1950, foi arrolado membro da igreja e, em 11 de fevereiro de 1961, eleito diácono. Dois anos depois, em 14 de setembro de 1963, foi eleito presbítero e recebeu da assembléia da igreja a distinção de presbítero emérito em 31 de dezembro de 1988. Exerceu seu ministério como servo fiel e consagrado a Jesus nessa igreja até sua transferência, em 22 de agosto de 1998, para a IP de São Sebastião do Paraíso (MG), onde continuou a servir o Senhor. Foi agente do Brasil Presbiteriano por 44 anos. Durante os dez meses de tratamento do câncer, demonstrou sua fidelidade a Deus, dando

a direção da Primeira IP de Niterói (RJ) e, mesmo assim, não deixou de prosseguir com o trabalho de plantação de igrejas. A IP Betânia de Icaraí foi uma das que nasceu por meio de sua iniciativa e lá ele foi ministro emérito até o seu falecimento. O rev. Antônio Elias publicou dois livros: Testemunhos Vivos e Sementeira da Palavra. Ele influenciou gerações de líderes e igrejas, presbiterianas e outras, na direção da piedade, santidade, busca do avivamento, dedicação pastoral e evangelização. Foi mentor e conselheiro nos momentos difíceis da minha vida pessoal, familiar e ministerial. Conheci o pastor em 1977, numa cruzada evangelizadora em Campinas. Em 1984, começamos a estreitar vínculos de amizade. Da sua vida, do seu ministério, desse relacionamento ficam muitos exemplos e ensinamentos. Selecionei dez, que chamarei “o legado do rev. Antônio Elias”: a humildade, a vida de oração, o amor pela Palavra de Deus, a unção espiritual, a ênfase na obra do Espírito Santo, o bom humor invencível, a atitude sempre positiva, a paixão por Jesus, o amor pela igreja local, a paixão pela evangelização. Oro para que o Eterno nos dê a bênção de crescer nessas virtudes como indivíduos e como igreja. Se isso acontecer, 2008 será um ano exponencial.

Rev. Antonio Elias e a esposa

O pastor iniciou seu trabalho como missionário da JMN (Junta de Missões Nacionais) em Teófilo Otoni (MG). Atuou também como plantador de igrejas na região Sul do país e no Estado de São Paulo. Em 1958, foi nomeado pelo Supremo Concílio da IPB organizador de campanhas evangelizadoras, tendo em vista as comemorações do Centenário da denominação. Naquele ano, o rev. Antônio Elias assumiu

Membro mais idoso da igreja, faleceu no dia 14 de fevereiro, aos 101 anos de idade, o médico João Fernandes Leão. Ele nasceu em 1º de fevereiro de 1907, em Mundo Novo (BA), filho de Antonio Fernandes Leão e Ana Monte Santo Leão. Exerceu por longos anos a profissão com competência e dedicação. Dedicou-se também à pecuária. Foi casado, em primeiras núpcias, com Suzete, com quem teve seis filhos, e, em segundas núpcias, Leonila Costalonga Leão, com quem teve três filhos. Deixa 27 netos e mais de três dezenas de bisnetos. João Fernandes Leão foi recebido como membro da Primeira Igreja, por Pública Profissão de Fé e Batismo, em 7 de maio de 2005, aos 98 anos de idade, tendo oficiado o ato os reverendos Edílson Olive Ramos e Oliveiros Ciribelli. Foi assistido pastoralmente, com regularidade, pelos pastores, presbíteros, diáconos e vários outros membros da igreja. O culto fúnebre, realizado no dia 15 de fevereiro, foi oficiado pelos reverendos Eneziel P. Andrade e Oliveiros Ciribelli.


10

Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Evento

Posse coincide com reinauguração do auditório Ruy Barbosa

Empossado novo diretor-presidente do Mackenzie Letícia Ferreira

O

Itaú para a reforma do auditório: “Vem de instituição que teve a visão de investir em educação, porque esse auditório, que leva o nome daquele que foi um dos maiores intelectuais do nosso país, está a serviço desta universidade e, portanto, da educação”, disse. Ele afirmou que o auditório, que fez 50 anos em dezembro de 2007 e nunca havia sido restaurado, passou por um reforma completa, falando da

novo diretor-presidente do IPM (Instituto Presbiteriano Mackenzie), em São Paulo, presb. Adilson Vieira, ex-presidente do Conselho Deliberativo (CD) da instituição, foi empossado em solenidade no dia 29 de fevereiro, às 17h, no auditório Benedito Novaes Garcez, no campus da rua da Consolação. No mesmo dia, às 20h, foi realizado um culto em ação de graças pela posse da nova diretoria, que inclui o diretor de Administração e Gestão de Pessoas, presb. Gilson Alberto Novaes (ex-diretor Administrativo e Financeiro), o diretor de Planejamento e Finanças, presb. Francisco Solano Portela Neto, e o diretor de Ensino e Desenvolvimento, presb. Cleverson Pereira de Almeida. O agradecimento abrangeu também o trabalho realizado pelo ex-diretor presidente, rev. Marcos José de Almeida Lins, a reinauguração do auditório Ruy Barbosa, o maior do instituto, no mesmo campus, e o início do ano letivo. O culto foi aberto pelo rev. Marcos Lins, que, saudando as autoridades presentes, des- Presb. Adilson Vieira (E) tacou Cláudio Lembo, que foi rev. Marcos Lins reitor da UPM (Universidade beleza, ar-condicionado, acúsPresbiteriana Mackenzie) tica, iluminação (inclusive entre 1997 e 2002, e vice- cênica), forração do chão, das governador de São Paulo de paredes e do teto, e 970 luga2003 a março de 2006, quando res confortáveis, tudo dentro assumiu o governo do Estado das normas técnicas, de seguaté janeiro de 2007. Ressaltou rança e de acessibilidade para também as presenças do sena- pessoas com necessidades dor e ex-vice-presidente da especiais do Departamento de República Marco Maciel, Controle do Uso de Imóveis e o capelão da Força Aérea (Contru) do Estado. A reforma Brasileira tenente Marcelo atingiu também as dependênCoelho Almeida. cias anexas ao auditório, como O rev. Marcos Lins destacou banheiros, camarins e salas de ainda o patrocínio do Banco aula.

MUDANDO O CONCEITO DE EDUCAÇÃO NO BRASIL O diretor comercial do Banco Itaú, José Antônio Lopes, disse em discurso que a restauração do auditório teve como objetivo adequá-lo às necessidades atuais de conforto e tecnologia, sem comprometer a beleza original do local: “Em 1870, o Mackenzie mudou o conceito de educação no Brasil ao aceitar filhos de escravos entre

Antes de começar a mensagem, saudou os presentes e destacou o reitor da universidade, rev. Manassés Claudino Fonteles, e os expresidentes do SC reverendos Edésio de Oliveira Chequer e Guilhermino Cunha. Ele pregou baseado no texto de Provérbios 10.22 e afirmou que Deus tem dado muito à IPB, também por meio do Mackenzie que, entre os campi e colégios, tem cerca Fotos: Wilson Camargo

recebe o cargo e uma homenagem das mãos do

os alunos e abolir castigos físicos, comuns na época nas escolas, e continua atuando com excelência na formação do ser humano, na promoção da pesquisa e do desenvolvimento com sustentabilidade, contribuindo eticamente com a sociedade”. Dirigiu o culto o chanceler da UPM, rev. Augustus Nicodemus Gomes Lopes, e o pregador foi o presidente do SC (Supremo Concílio) da IPB, rev. Roberto Brasileiro.

de 42 mil alunos. “Deus está nos ensinando que precisamos olhar não o que devemos guardar, mas o que devemos empregar para o crescimento humano. É nossa obrigação perante ele”. E citou como áreas de destaque no trabalho do IPM os programas de auxílio à Terceira Idade e as bolsas de estudo para atletas, no que chamou de vocação para resgatar a humanidade e estruturá-la para enfrentar o mundo.

O pastor disse ainda que a bênção do Senhor não apenas é o que enriquece, mas é o que traz sentido, alegria e satisfação à vida, e que os que a recebem devem ter um espírito de gratidão ao ver que tudo vem das mãos de Deus: “A satisfação da vida está em sermos gratos pela salvação e em realizarmos o projeto de Deus”, disse, acrescentando que foi o que fez o ex-diretorpresidente do Mackenzie, rev. Marcos Lins. COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO Após o culto, foi aberta a solenidade de reinauguração do auditório, com um pronunciamento do reitor da UPM, rev. Manassés Claudino Fonteles. Ele falou da importância do auditório Ruy Barbosa por ser um lugar de ouvir, ato importante para o aprendizado: “Ainda que saibas, ouvindo, saberás mais”, citou um trecho, segundo ele, dos Provérbios da Vulgata Latina. A reforma do ambiente, que, disse o reitor, por muito tempo foi o maior auditório em uma instituição educacional em São Paulo, simboliza o contínuo ciclo de renovação do Mackenzie, pioneiro em educação na capital paulista que é conhecida por sua história de desenvolvimento, inclusive educacional. “Ele agora está equipado para multiplicar o alcance da educação, com inovações tecnológicas, unindo modernidade e tradição”, disse. “A comunicação é, neste milênio, o que as estradas foram nos milênios passados, e nossa universidade está equipada para promover a comunicação no planeta”. O rev. Manassés elogiou os esforços promovidos pelo exdiretor-presidente na obtenção


Brasil PRESBITERIANO dos recursos para a reforma. Após esse pronunciamento, o rev. Roberto Brasileiro fez uma homenagem ao rev. Marcos Lins e à esposa dele, Eneida, pelo trabalho na diretoria da presidência do IPM, esclarecendo que partiu do rev. Lins a decisão de deixar a instituição. Segundo o presidente do SC, o rev. Lins sentiu que sua missão, dada por Deus, à frente do instituto

Março de 2008

11

estava terminada: “Ele sai do Mackenzie com a mesma dignidade com que entrou porque honrou esta instituição, cujas portas sempre estarão abertas para ele, que a dirigiu com critério, ética e dignidade, a visão própria dos abençoados por Deus. A IPB e o IPM o agradecem pela aceitação dessa missão e seu desempenho e fidelidade nela”. Pronunciando-se novamente,

NOVO PRESIDENTE Com colaboração de Caroline Santana Pereira Na cerimônia ocorrida às 17h, o IPM recebeu os membros da nova diretoria executiva. O novo diretorpresidente, presb. Adilson Vieira, é membro da IP de Brasília (DF) e ex-presidente do CD do instituto. Em discurso, ele compartilhou alguns momentos marcantes de sua caminhada, reconhecendo em tudo a graça de Deus sobre sua vida, ao fazer com que ele, que foi um menino reparador de covas de cemitérios no subúrbio do Rio de Janeiro, viesse a assumir cargos de importância em empresas e órgãos públicos. Agradeceu à IPB, ao seu pastor local, rev. Adail Sandoval - presente à cerimônia -, ao CD do IPM e, de forma especial, à sua família. Mencionou que o fundador da IPB, rev. Ashbel Green Simonton, teve um plano composto por cinco pilares para expandir o reino de Deus no Brasil, sendo um deles baseado em educação e consolidação de escolas. Dizendo pretender seguir esse exemplo, o novo diretor-presidente se colocou à disposição para dedicar sua vida a “esse grande ministério chamado Mackenzie”. Afirmou que confia plenamente na equipe de trabalho

e aprecia valores como espírito de equipe, ética, disciplina, compromisso e humildade. Finalizou suplicando a direção de Deus para servir bem ao Mackenzie, à igreja e ao Senhor da igreja. Os presentes foram saudados pelo presidente do CD do instituto, presb. Hesio César Souza Maciel. Ele destacou o crescimento de 37% no número de alunos, a associação vitalícia do Mackenzie com a IPB, o trabalho voluntário dos pastores e outros líderes presbiterianos na instituição, e os planos elaborados pelo conselho “que procura manter um corpo docente qualificado, avaliação constante do ensino e recursos didáticos e tecnológicos apropriados”. Citou também a busca do IPM pela manutenção de sua confessionalidade reformada em tempos de pluralidade. O rev. Roberto Brasileiro também pregou nessa ocasião, baseado em Êxodo 13, que narra os primeiros passos do povo de Israel rumo à terra prometida. Afirmou que a história do Mackenzie, semelhantemente, é uma história de caminhada, e enumerou as responsabilidades do diretor-presidente. “O Instituto Presbiteriano Mackenzie é um grande milagre de Deus, uma casa de esperanças”, acrescentou.

Fachada do Auditório Ruy Barbosa, recém reformado e reinaugurado

Rev. Roberto Brasileiro (E) e rev. Jedeías de Almeida Duarte, capelão do IPM e presidente do Sínodo Rio Doce

Rev. Juarez Marcondes Filho, presidente do Conselho de Curadores do IPM, encerrando o culto de ação de graças

o rev. Marcos Lins disse que, ao assumir a direção da presidência do Mackenzie, em julho de 2005, tinha como propósito servir a Deus e à IPB naquela instituição. E que a deixa com o mesmo propósito: servir a Deus, à IPB e às instituições às quais continua vinculado. “Saio com o sentimento do dever cumprido e reafirmo a entrega das funções ao dr. Adilson Vieira. Deixo um Mackenzie revigorado, redirecionado, enxuto e cheio de grandes expectativas. Que Deus continue abençoando o novo Instituto Presbiteriano Mackenzie”, afirmou. Disse ainda que, no exercício de suas funções durante sua gestão, pôde contar com o apoio do CD do IPM, do rev. Roberto Brasileiro e da IPB. Agradeceu toda a equipe de trabalho que o acompanhou e a todos que trabalham no instituto, destacando o diretor de Administração e Gestão de Pessoas, presb. Gilson Alberto Novaes, a quem chamou de seu braço direito no Mackenzie, ao reitor e ao ex-diretor de Educação Básica do instituto, presb. Solano Portela, novo diretor de Planejamento e Finanças. Dedicou um agradecimento especial a sua secretária, Maria Aparecida Soares.


12

Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Esporte

Dono de cinco recordes mundiais e muitas medalhas, jovem presbiteriano é destaque em jogos paradesportivos Fotos: Arquivo da Família

Vitórias além das piscinas Filipe Albuquerque

D

aniel Dias, 19 anos, poderia ser um dos milhares de brasileiros deixados de lado por sua condição especial – ele nasceu com má formação congênita nos membros superiores e inferiores. Contudo, a fé desse garoto, membro da IPB de Bragança Paulista (SP), demonstra que não há obstáculos quando o que norteia a vida é a vontade de vencer e, principalmente, a certeza do senhorio absoluto de Cristo Jesus. O jovem descobriu a natação em 2004 e, em apenas dois anos, conquistou quatro medalhas, duas de ouro e duas de prata, no Mundial de Natação Paraolímpico na África do Sul, e outras oito medalhas de ouro em oito finais disputadas no Parapan Rio do ano passado. “Comecei a praticar natação no final de 2004 e, em dois meses, aprendi todos os estilos”, conta Daniel. O próximo desafio são os Jogos Paraolímpicos de Pequim, China. A facilidade em aprender rapidamente as modalidades borboleta, costas, peito e crawl deu a ele a certeza de que poderia competir. Logo após ser apresentado pelo pai, presb. Paulo Dias, ao paradesporto, obteve, já na primeira competição, em 2005, duas medalhas de prata. “Fiquei muito feliz e percebi que, se treinasse e me dedicasse, poderia chegar muito longe”, recorda o hoje dono de cinco recordes mundiais. Daniel descreve como “inesquecível” sua participação no Mundial de Natação da África do Sul de 2006. Sua primeira competição internacional

representou também a primeira viagem ao Exterior. Lá, se viu junto de aproximadamente 500 atletas de cantos diferentes do mundo, como China, Espanha, Colômbia e Estados Unidos. Como resultado, ele retornou ao Brasil com três medalhas de ouro, duas de prata e dois recordes mundiais. “Não tem como descrever essa sensação. Deus é maravilhoso com seus filhos e, através das nossas vidas, demonstra seu poder”, comemora. PARAPAN DO RIO O adjetivo “inesquecível” aparece novamente na fala de Daniel quando ele se lembra do ano passado, quando participou dos Jogos Parapanamericanos do Rio de Janeiro. Com cobertura ampla da imprensa especializada – o canal a cabo Sportv transmitiu boa parte das provas de natação ao vivo –, o atleta se viu diante de outra situação inusitada: dois ônibus cheios de torcedores uniformizados saíram de Camanducaia, em Minas Gerais, e atravessaram mais de 500 km para torcer por Daniel no Rio de Janeiro. A torcida teve sua recompen-

sa. Daniel consagrou-se o maior medalhista do Brasil somadas as competições panamericanas e parapanamericanas. Ao todo, foram oito medalhas de ouro, dois recordes mundiais e seis recordes panamericanos. Recentemente, ele esteve nos Estados Unidos para mais uma compe- No tição, onde obteve três medalhas de ouro e por outras duas vezes esteve no segundo lugar do pódio – nesta competição, apenas os primeiros colocados eram premiados. Sua última bateria de provas aconteceu também no Rio de Janeiro, durante o Meeting Internacional organizado pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro e pelas Loterias Caixa, atual patrocinadora de Daniel. O resultado não poderia ser melhor: duas medalhas e ouro, uma de prata e mais um recorde mundial. FÉ, INCENTIVO E INCLUSÃO SOCIAL Além de atleta recordista, Daniel é músico. Ele cresceu na IPB, onde, desde criança, canta e atua em peças de

Com os pais no Parapan do Rio, em 2007

Mundial de Natação Parolímpico da África do Sul

teatro. Na adolescência, decidiu que gostaria de tocar um instrumento durante o período de louvor congregacional. “Tentei o teclado, mas, como não tenho as mãos, não deu certo. Então me interessei por bateria, e minha mãe fez uma adaptação para que eu pudesse amarrar as baquetas”, relembra. Hoje, Daniel faz parte do ministério de louvor da IPB da qual é membro. Filho único, o atleta não se cansa de elogiar o apoio que recebeu dos pais. Eles nunca duvidaram da capacidade do filho. Até obter patrocínio, seu pai bancou todas as viagens e demais gastos para que ele pudesse dar seqüência na carreira. “Não tenho

nem como agradecê-los por tudo o que fizeram por mim. Agradeço muito a Deus por ter pais como eles, e uma coisa muito interessante é que eles nunca me disseram que eu não seria capaz de fazer qualquer coisa. Ao contrário, sempre me incentivavam para que eu mesmo visse se era capaz ou não. Hoje sou o que sou graças ao que fizeram”, afirma. Ele não tem dúvidas de que sua inclusão social foi conquistada por meio do esporte. Mas destaca a perseverança dos pais que, em sua criação, optaram por escolas regulares em vez de colégios para alunos especiais. Destaca a ajuda que o esporte dá à auto-estima. “Apesar da minha deficiência, posso mostrar que os deficientes são muito eficientes, pois são capazes de realizar muitas coisas”, define Daniel, que hoje cursa Educação Física na Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. “Dou sempre graças a Deus por tudo o que está acontecendo em minha vida. A Jesus Cristo seja toda honra e glória”, celebra Daniel. Seu desejo é que sua determinação e fé sirvam de exemplo para que muitos dediquem sua vida ao esporte, conheçam a Jesus “e saibam que Ele pode mudar sua história”.


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

13

Missões Nacionais

Retiro de Carnaval em Santo Ângelo, RS Rev. Mário Teles Maracci

D

e 2 a 5 de fevereiro, realizamos o primeiro retiro de Carnaval organizado pelo Campo Missionário de Santo Ângelo (RS). Participaram conosco a IP de Cruz Alta e o Campo Missionário de Uruguaiana, ambas do Rio Grande do Sul. Estiveram presentes 37 pessoas entre jovens e adultos. O tema foi O jovem cristão e seu compromisso com Cristo, desdobrado em cinco subtemas: no

trabalho, na família, no namoro, na igreja e na sociedade. Os preletores foram os reverendos Mário Teles Maracci, da IP de Santo Ângelo, Renato Pedroso, de Cruz Alta, e Vagner V. da Silva, de Uruguaiana. Deus falou de forma impactante e houve conversões e quebrantamento. O local oferecia, além do contato com a natureza, atividades como arvorismo, escalada, rapel e trilha, coordenadas pelo professor universitário Uberti Messina, que também

trabalhou valores como comunicação, confiança, companheirismo e união. Foi realizado também um encontro com todos os membros e participantes do Campo Missionário de Santo Ângelo no dia 21 de março, a chamada de Sexta-feira da Paixão. Pedimos aos irmãos presbiterianos de todo o Brasil que orem pelos trabalhos no Rio Grande do Sul, onde várias igrejas presbiterianas estão sendo plantadas. O Senhor tem um povo neste lugar!

Arquivo da Igreja

Participantes do retiro

Rio Grande é impactado pelo evangelho Arquivo da Igreja

Rev. José Erivan de Amorim Borba

R

io Grande, município do Rio Grande do Sul, é uma cidade carente do amor de Deus. A região é caracterizada e conhecida como campeã nacional de adeptos da umbanda e do candomblé. O Estado tem uma população de aproximadamente onze milhões de pessoas e os presbiterianos não representam 700 pessoas nesse conjunto. Foi com o desejo de anunciar o amor de Cristo a esse povo que surgiu o projeto Jesus, expressão de amor, com pessoas voluntárias da Segunda IP de Taguatinga, Brasília (DF), da IP de Redenção (PA), e da IP de Piranhas (GO), que se deslocaram até Rio Grande para pregar a Palavra de Deus. Houve um grande impacto na cidade com a ministração das Sagradas Escrituras e atendimentos na área de saúde. Um exemplo foram as consultas odontológicas, possibilitadas graças a uma unidade móvel. As pessoas receberam também medição de pressão e testes

Consultas odontológicas

de glicose. Durante 12 dias, houve evangelização individual e coletiva, visitas de casa em casa e torneios de futebol. A Congregação Presbiteriana de Rio Grande, campo da JMN (Junta de Missões Nacionais), acolheu esses irmãos entre os dias 4 a 16 de janeiro. A Palavra foi anunciada e muitas vidas alcançadas. Há muito tempo não se via um movimento voluntário dessa grandeza. A cidade pôde ver o povo de Deus se movimentando com a intenção de salvar vidas. O trabalho foi tão bem visto na Evangelização de rua

Exames de pressão arterial

sociedade que houve cobertura da imprensa, tanto escrita quanto televisiva. Muitas portas se abriram. Deus seja louvado pela JMN, que mantém esse trabalho. Louvamos ao Senhor também pela vida dos irmãos voluntários do projeto e pela congregação, que ficou com a tarefa de dar continuidade. Pedimos a todos que continuem a orar por nós, pois muito se tem a fazer. Contatos pelo telefone (53) 2125 3956 e pelo e-mail erivancerrat@ hotmail.com.


14

Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Ciência e fé

Evento aborda principais vertentes que explicam, hoje, a origem do homem e da natureza

Criação do mundo é discutida no Mackenzie Letícia Ferreira

D

e 8 a 10 de abril, o IPM (Instituto Presbiteriano Mackenzie) sedia, em São Paulo, o Simpósio Darwinismo Hoje, com objetivo de discutir as três principais formas que explicam, atualmente, a origem do homem e da natureza: criacionismo, darwinismo e design inteligente. Para falar sobre o criacionismo, que defende que Deus criou o homem e o Universo, foi convidado Ruy Carlos de Camargo Vieira, presidente e fundador da Sociedade Criacionista Brasileira. Vieira publicou vários livros e artigos científicos e é catedrático em Mecânica dos Fluidos na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). Aldo Mellender de Araújo fala sobre darwinismo, a Teoria da Evolução das Espécies desenvolvida por Darwin na obra Origem das Espécies, a mais difundida na comunidade científica. Araújo é professor titular do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando na área de história e epistemologia das idéias sobre evolução biológica. Com estágios na University of Liverpool (1975), Inglaterra, e na Cornell University (1976), Estados Unidos, sobre História da Genética e Evolução, tem doutorado em genética e biologia molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1973). O design inteligente basicamente defende a natureza como algo planejado, e que se deve empreender uma investigação prática com relação à origem

desse projeto ou design: se é fruto de uma organização proposital, acidental ou de leis naturais. O tema está sob responsabilidade de Paul Nelson, membro da International Society for Complexity, Information and Design (Sociedade Internacional para a Complexidade, Informação e Design) e do Centro de Ciências e Cultura do Discovery Institute (EUA). Sua tese como PhD pela Universidade de Chicago, publicada sob a forma de livro, oferece uma crítica a aspectos da teoria da macroevolução à luz dos desenvolvimentos mais recentes na embriologia e da biologia do desenvolvimento. É também autor de vários artigos científicos em revistas especializadas. PROPORCIONANDO DEBATE A idéia de propor essa discussão no IPM partiu do chanceler da UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie), dr. Augustus Nicodemus Lopes. “Ela nasceu da constatação de que, sendo a universidade o lugar apropriado para o debate dos contraditórios, precisamos refletir isso na prática”, diz. “O que acontece, na realidade, é que antigos paradigmas acabam por dominar o cenário acadêmico e não abrem espaço para debate.” Para ele, esse é o caso com o darwinismo, que, como teoria científica e filosófica mais aceita, acaba dominando o pensamento nas várias áreas da academia, com pouco ou nenhum espaço para que se ouça o que cientistas com outras teorias têm a dizer. O dr. Augustus explica que a UPM, como instituição confessional de caráter cristão e

reformado, postula, portanto, o ponto de vista cristão a respeito da criação do mundo e das espécies e que está pronta a defender sua visão conforme garante o Artigo 20 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: “As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias: III – confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas”. Ele afirma que este artigo dá ao Mackenzie o direito de ser uma universidade cristã e, “como tal, pode apresentar alternativas ao modelo evolucionista que, por sinal, já anda bem desgastado." Sendo a universidade o lugar apropriado para o debate dos contraditórios, precisamos refletir isso na prática. CRIACIONISMO O dr. Augustus Nicodemus explica que existem diferentes linhas criacionistas. Entre elas, o chamado criacionismo científico, que tenta provar cientificamente que o mundo foi criado por Deus conforme relatado em Gênesis 1-2. Todavia, a linha criacionista predominante é a que postula que as origens do Universo não podem ser descobertas por meio dos métodos empíricos da ciência moderna, e são, na realidade, questões filosóficas e teológicas. Desta forma, os cientistas deveriam se ocupar em entender como o mundo funciona, deixando a questão das origens para filósofos e teólogos. Muitos cientistas defendem,

Capa de livro a ser lançado pela Editora Cultura Cristã mostra foto de Charles Darwin

portanto, que os que acreditam nas linhas criacionistas são ingênuos ou retrógrados (especialmente aqueles que defendem que a origem do mundo não é uma questão científica), já que a forma como a Bíblia descreve essa origem poderia ser encontrada em outras religiões e até mitologias antigas. O chanceler da UPM responde que isso pode ser explicado pela necessidade fundamental que o homem tem de buscar as origens e que seu espírito idólatra o leva a conceber a criação no âmbito da imaginação mitológica. “Ainda que existam centenas de ‘mitos da

criação’ em quase todas as culturas, nenhum se aproxima do relato bíblico. Não há evidência alguma de que Moisés teria copiado relatos babilônicos ou egípcios da criação do mundo, mesmo que vários deles sejam anteriores ao relato mosaico", afirma. A linha criacionista predominante é a que postula que as origens do Universo não podem ser descobertas por meio dos métodos empíricos da ciência moderna, e são, na realidade, questões filosóficas e teológicas.


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Wilson Camargo

Iwan Beijes/SXC

o homem traz na sua estrutura corporal traços nítidos de sua descendência de formas inferiores. Ele entende que seu objetivo é mostrar que não existe diferença fundamental entre o homem e os animais superiores nas suas faculdades mentais, e que a diferença na mente entre o homem e os animais superiores é de grau, e não de tipo. “Logo, Darwin disse, ainda que indiretamente, que o homem descende do macaco”, afirma. A dificuldade maior em relação ao darwinismo é quanto à macroevolução, que postula o surgimento de espécies novas a partir de outras, como o surgimento do homem a partir de espécies inferiores.

Dr. Augustus Nicodemus, chanceler da UPM

Para ele, considerar os capítulos iniciais de Gênesis como lenda e mito cria um problema enorme para os cristãos, pois coloca como mito não somente as origens do mundo e do homem, mas também outros fatos como a queda do homem, tirando as bases históricas e teológicas para a antropologia e a soteriologia bíblicas. Deste modo, se abre a porta para considerar como mito todo o restante da chamada "pré-história" de Gênesis, que são os capítulos de 1 a 12. “Muitos evolucionistas teístas (que tentam conciliar darwinismo e cristianismo) acham que Adão, Abraão, Moisés etc. são figuras mitológicas criadas pela imaginação religiosa dos judeus. Na hora que ‘abrimos a porteira’ em Gênesis 1-3, ela está aberta para considerarmos como mito o resto da Bíblia", alerta o dr. Augustus. DARWINISMO OU NEODARWINISMO Augustus Nicodemus afirma que muitos cristãos tomam conhecimento da teoria da evolução ou darwinismo, ou ainda

neodarwinismo, por meio da “versão oficial triunfante e sem nenhum questionamento, o que é deplorável”. Ele diz acreditar que não há problemas em aceitar o que se chama de microevolução, ou seja, que os organismos de uma mesma espécie, com o tempo, se adaptaram e se desenvolveram, sobrevivendo os mais aptos por meio de um processo natural de seleção embutido na própria natureza desde a sua criação por Deus. Para ele, há abundante evidência do fato, que em nada contradiz o pensamento cristão. A dificuldade maior é quanto à macroevolução, que postula o surgimento de espécies novas a partir de outras, como o surgimento do homem a partir de espécies inferiores. O chanceler explica que Darwin não defendeu diretamente que o homem descende do macaco e não mencionou a evolução humana no livro Origem das Espécies. Todavia, na sua teoria de descendência comum defendida em seu outro livro, The Descent of Man (A origem do homem), Darwin ensina que

15

Quanto aos chamados evolucionistas teístas, explica que muitos têm procurado uma conciliação entre Moisés e Darwin, mas, geralmente, considerando Moisés como poesia e mito e Darwin como a expressão correta da realidade. “O fato é que existe uma incompatibilidade radical entre os dois”, conclui. Segundo o

Segundo o dr. Augustus, Darwim quis mostrar que não existe diferença fundamental entre o homem e os animais superiores nas suas faculdades mentais, e que a diferença na mente entre o homem e os animais superiores é de grau, e não de tipo: “Logo, Darwin disse, ainda que indiretamente, que o homem descende do macaco”, afirma

dr. Augustus, a teoria da seleção natural de Darwin rejeita uma causa sobrenatural para esse processo. Ele conta que Asa Gray, um botânico americano, cristão, foi um dos primeiros a sugerir um “plano divino” dentro da teoria da evolução. Darwin protestou veementemente, numa carta a Charles Lyell (geólogo amigo de Darwin que defendia as idéias deste). “O processo de evolução darwinista é mecanicista e a seleção natural é um processo cego, aleatório, e sem nenhuma intenção. Isso contraria a posição criacionista, na qual Deus é a fonte e o sustento de toda a sua criação” acrescenta o chanceler.

Paul Nelson, membro da Sociedade Internacional para a Complexidade, Informação e Design

A evidência, segundo os teóricos do design inteligente, aponta para um design, um propósito por detrás do desenvolvimento desses processos e mecanismos. DESIGN INTELIGENTE O dr. Augustus avalia que o design inteligente não pretende postular uma teoria das origens. Para ele, o que os teóricos dessa vertente pretendem é chamar a atenção do mundo científico para o fato de que o darwinismo não consegue explicar, de maneira satisfatória, determinados mecanismos e processos naturais descobertos pela bioquímica e outras ciências. Ele afirma que tais mecanismos, como o “motorzinho das células”, são por demais completos e complexos, sendo praticamente impossível considerá-los como fruto de um processo evolutivo movido ao acaso. A evidência, segundo os teóricos do design inteligente, aponta para um design, um propósito por detrás do desenvolvimento desses processos e mecanismos. “Eles não chegam a postular que o designer desse processo seja Deus, pois não querem levar o debate para a área religiosa, mas mantê-lo dentro do escopo científico", conclui o dr. Augustus. Para mais informações sobre o evento, consulte o site http:// www4.mackenzie.com.br/ darwin.html.


16

Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Entrevista

Délis Ortiz fala sobre sua paixão pelo jornalismo, a esperança de um Brasil melhor e os conflitos entre ética, cristianismo e política

Jornalista da Rede Globo é cristã e presbiteriana Juarez Marcondes Filho

M

uitas pessoas assistem freqüentemente às reportagens de Délis Ortiz, veiculadas nos telejornais da Rede Globo. Porém, poucos sabem que Délis é cristã e membro da IP do Planalto, em Brasília (DF), cujo pastor é o rev. Ricardo Barbosa. A jornalista concedeu uma entrevista ao programa Conversando Abertamente, da IPB Rádio Web, apresentado pelo rev. Juarez Marcondes Filho. Confira trechos da conversa:

Rev. Juarez: Como inicia sua experiência de fé? Já vinha de família? Délis: Para quem nasce numa família crente não existe uma data, uma hora exata (de conversão). Tive o privilégio de herdar esse caminho. E a escolha foi se confirmando com o tempo, desde muito cedo. Rev. Juarez: Começou cedo essa experiência dentro de casa e a família foi fundamental para isso. E a profissão do jornalismo? Délis: Lá em Mato Grosso, onde nasci, o entardecer é bonito. Combinava com O Guarani, música de abertura de A Voz do Brasil. E eu sonhava em ter aquela voz, trabalhar no rádio, ser de A Voz do Brasil. Parecia inatingível. Quando somos crianças, tudo parece muito distante, mas a gente acredita. Perto da hora da escolha esse era o sentimento mais forte, queria fazer jornalismo. Rev. Juarez: E você começou no rádio? Teve algum tempo de trabalho radiofônico? Délis: Não. Meu estágio foi em televisão e eu só trabalhei em televisão. Rev. Juarez: E você derivou exatamente para a área política do jornalismo. Isso também teve a ver com A Voz do Brasil, que retrata toda nossa vida política, ou foi um despertamento vocacional?

praticamente vira uma novela, cada capítulo vai determinar se vou para o Congresso correndo de manhã, se vou mais tarde, ou se em vez de ir para o Congresso eu vou “fazer porta” em algum almoço, alguma reunião, enfim...

não tem como reagir, como lutar, não tem mais necessidade da verdade. O que falta no país e, especialmente nas igrejas, é uma consciência política, não um caminho político. Essa consciência política pode, sim, alterar o rumo da história.

de minha parte porque eu não comungo com esse rito que geralmente domina. Quem freqüenta a Câmara, quem opta por chegar lá, tem que driblar muito a ética no caminho.

POLÍTICA E RELIGIÃO

Rev. Juarez: Você colocou uma coisa muito importante: a condição que às vezes assume um grupo específico, com interesses específicos, mas não

Délis: É vergonhoso você ver alguém ser eleito em nome de um evangelho para passar o mandato inteiro lutando para conseguir um feriado para o Dia do Evangélico. Isso é vergonhoso num país onde a demanda é tão grande.

Délis: Talvez tenha sido inconscientemente, A Voz do Brasil influenciando, mas aqui em Brasília não tem como fugir de política. Você cobre (acompanha) Planalto, Congresso ou ministérios. Descobri que ninguém gostava de cobrir política quando estávamos no início da reabertura democrática. E eu imaginava: “quero esse filão que ninguém quer”.

Rev. Juarez: Parece que, para muitos cristãos, evangélicos principalmente, política e religião ou política e fé genuína não parecem combinar. Talvez até pela visão da política distorcida que se tem. Você, na sua experiência de vida e de profissão, crê que nós, com o nosso testemunho cristão, podemos e devemos influenciar a política?

Rev. Juarez: Como é essa vida de jornalista? Como funciona sua rotina diária e semanal?

Délis: Acho que sim, mas não obrigatoriamente, aliás, de preferência, que não seja engajado na carreira política. Temo porque tenho visto a bancada evangélica com péssimo testemunho, aliás, vergonhoso, e pastores que abraçam um ministério e debandam para outra missão. Mas creio e trabalho muito com isso, na minha profissão, em relação à verdade. À medida que conhecemos a verdade, a gente se liberta. À medida que acreditamos na mentira, a gente se torna escravo dela. Vivemos em um país que não se interessa muito por política. Congresso, decisões de governo são muito impopulares, porém, mexem intrinsecamente na vida do cidadão. Tenho ouvido pastores, amigos e irmãos na igreja dizendo: “cansei desse noticiário, não ouço mais, não quero mais saber de notícia de presidente de Congresso, corrupção, cansei”. E eu fico muito triste, porque isso é uma opção pela alienação e, à medida que o cidadão se torna um alienado,

Délis: Não tenho essa rotina de serviço público, expediente e repartição pública. O interessante é que às vezes a gente reclama porque trabalha muito, mas quando não há nada para fazer é pior. Temos uma rotina baseada na pauta, que determina o horário em que eu começo e o horário em que termino. Tudo depende de como amanhece o dia. Às vezes, o programa é de um dia tranqüilo, mas, ultimamente, isso não existe mais, não existe mais sextafeira tranqüila. Rev. Juarez: Aqui em Brasília se diz que o pessoal só trabalha de terça a quinta. Então isso não é verdade? Délis: Esse é o Congresso. Independentemente do Congresso, nossa rotina é determinada pelo fato. Por exemplo, se eu estou cobrindo um determinado assunto que

Rev. Juarez: O que, evidentemente, confronta o evangelho.

Rev. Juarez: Apesar de todo esse cenário, que até depõe contra a nossa perspectiva, você vê esperança para o nosso país? Você vê que estamos num rumo que pode conferir às novas gerações tempos melhores?

necessariamente com um projeto de país. Na sua vivência, inclusive no seu meio jornalístico, isso parece ter causado um impacto mais negativo para fé evangélica do que positivo. Você conseguiu captar isso no meio dos seus colegas, no seu ambiente de trabalho? Délis: Sim, inclusive, às vezes, a bancada evangélica, que a cada ano muda, me procura quando sabe que eu sou crente - eu prefiro essa palavra. E, às vezes, eles percebem uma resistência muito grande

Délis: Se eu não tiver esperança, eu tenho que “pegar a mochila” e ir embora. E é disso que eu vivo. Eu trabalho muito com imagem e o que me vem sobre o Brasil hoje é a imagem de uma casa ‘de cabeça para cima, para o ar’. As cadeiras viradas na mesa, água suja escorrendo, sabão, enfim, tudo fora do lugar, mas num processo de limpeza. Eu prefiro essa casa que está passando por uma faxina, que geralmente está com tudo fora do lugar. Prefiro isso ao tempo em que se jogava tudo embaixo do tapete e dava-se a falsa impressão de que tudo estava em ordem. Rev. Juarez: Você acha que estamos chegando quase na cozinha, porque a faxina começa do quarto e vai chegando ao corredor...? Délis: Não, estamos quase na calçada ainda. Pode demorar, mas se Deus quiser, vai ser bem feito.


Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

17

Crença

Uma Declaração Breve e Simples da Fé Reformada* 1. Creio que meu único objetivo na vida e na morte deve ser glorificar a Deus e gozá-lo para sempre; e que Deus me ensina a como glorificá-lo em sua santa Palavra, isto é, a Bíblia, que ele deu pela inspiração infalível do seu Espírito Santo, para que eu pudesse saber com certeza no que crer concernente a ele e quais deveres ele requer de mim. 2. Creio que Deus é um Espírito, infinito, eterno e incomparável em tudo o que ele é; um Deus, mas três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo; meu Criador, meu Redentor, e meu Santificador; em cujo poder e sabedoria, justiça, bondade e verdade posso depositar minha confiança com segurança. 3. Creio que os céus e a terra, e tudo o que neles há, são obra das mãos de Deus; e que tudo

o que ele fez, agora dirige e governa em todas as suas ações; de forma que cumprem o fim para o qual foram criados; e eu, que confio nele, não serei envergonhado, mas posso descansar com segurança na proteção de seu amor todo-poderoso. 4. Creio que Deus criou o homem segundo a sua imagem, em conhecimento, justiça e santidade, e entrou num pacto de vida com ele sobre a condição única de obediência, que era o seu dever: de forma que foi por pecar deliberadamente contra Deus que o homem caiu no pecado e miséria no qual nasci. 5. Creio que, tendo caído em Adão, meu primeiro pai, sou por natureza um filho da ira, sob a condenação de Deus e corrompido no corpo e alma, tendente ao mal e suscetível à morte eterna; de qual estado ter-

rível não posso ser liberto, salvo por meio da graça imerecida de Deus meu Salvador. 6. Creio que Deus não deixou o mundo perecer em seu pecado, mas por causa do grande amor com o qual o amou, desde toda a eternidade escolheu graciosamente para si uma multidão que ninguém pode contar, para livrá-los do seu pecado e miséria, e deles edificar novamente no mundo seu reino de justiça: no qual reino posso estar seguro ter minha parte, se me apego a Cristo o Senhor. 7. Creio que Deus redimiu o seu povo para si através de Jesus Cristo nosso Senhor; que, embora fosse e sempre continua ser o eterno Filho de Deus, todavia nasceu de uma mulher, nascido sob a lei, para que pudesse redimir aqueles que estavam sob a lei: creio que ele suportou a penalidade devida aos meus pecados em seu corpo no madeiro, e cumpriu em sua pessoa a obediência que eu devia à justiça de Deus, e agora me apresenta ao seu Pai como sua possessão comprada, para o louvor da glória de sua graça para sempre: portanto, renunciando todo o mérito meu, coloco toda a minha confiança no sangue e justiça de Jesus Cristo meu redentor. 8. Creio que Jesus Cristo meu redentor, que morreu por minhas ofensas, ressuscitou para a minha justificação, e subiu aos céus, onde se assenta à mão direita do Pai Todo-poderoso, faz contínua intercessão pelo seu povo, e governa o mundo todo como o cabeça sobre todas as coisas para a sua Igreja: de forma que não preciso temer nenhum mal e posso saber com segurança que nada pode me arrebatar das suas mãos, e nada pode me separar do seu amor. 9. Creio que a redenção realizada pelo Senhor Jesus Cristo é eficazmente aplicada a todo o seu povo pelo Espírito Santo,

que opera fé em mim e mediante a qual me uno a Cristo, renova-me no homem completo segundo a imagem de Deus, e me capacita mais e mais a morrer para o pecado e viver para a justiça; até que essa obra graciosa tenha sido completada em mim, e eu seja recebido na glória – na qual grande esperança habita –, devo esforçar-me para aperfeiçoar a santidade no temor de Deus. 10. Creio que Deus requer de mim, sob o evangelho, em primeiro lugar, que, como resultado de um verdadeiro senso do meu pecado e miséria e apreensão da sua misericórdia em Cristo, devo me voltar com tristeza e ódio do pecado, e receber e descansar em Jesus Cristo somente para a salvação; assim, ao ser unido a ele, posso receber perdão para os meus pecados e ser aceito como justo aos olhos de Deus somente pela justiça de Cristo imputada a mim, e recebida pela fé somente; e assim, e somente assim, creio que posso ser recebido no número e ter direito aos privilégios dos filhos de Deus. 11. Creio que, tendo sido perdoado e aceito por causa de Cristo, é adicionalmente requerido de mim que ande no Espírito que ele adquiriu para mim, e por quem o amor é derramado em meu coração; cumprindo a obediência que devo a Cristo meu Rei; realizando fielmente todos os deveres que me são impostos pela santa lei de Deus, meu Pai celestial; e sempre refletir em minha vida e conduta, o perfeito exemplo que foi estabelecido por Cristo Jesus meu Líder, que morreu por mim e me concedeu o seu Espírito Santo, de forma que eu possa fazer as obras que Deus de antemão preparou para que eu andasse nelas. 12. Creio que Deus estabeleceu a sua Igreja no mundo e concedeu-lhe o ministério da

Palavra e as santas ordenanças do Batismo, a Ceia do Senhor e a Oração; para que através desses como meios, as riquezas de sua graça no evangelho possam ser feitas conhecidas ao mundo, e, pela bênção de Cristo e a operação do seu Espírito naqueles que pela fé recebem esses meios, os benefícios da redenção possam ser comunicados ao seu povo: razão pela qual é requerido de mim também que participe desses meios de graça com diligência, preparação e oração, para que por meio deles eu possa ser instruído e fortalecido na fé, e na santidade de vida e em amor; e que eu use meus melhores esforços para comunicar esse evangelho e transmitir esses meios de graça ao mundo todo. 13. Creio que como Jesus Cristo veio uma vez em graça, assim também ele virá uma segunda vez em glória, para julgar o mundo em justiça e designar a cada um sua recompensa eterna: e creio que se eu morro em Cristo, minha alma será na morte aperfeiçoada em santidade e voltará para o Senhor; e quando ele retornar em sua majestade, serei ressuscitado em glória e feito perfeitamente bendito no pleno gozo de Deus por toda a eternidade: encorajado por essa bendita esperança, requer-se de mim tomar alegremente minha parte no duro sofrimento aqui como soldado de Cristo Jesus, estando certo que se morro com ele também viverei com ele, se sofro, também reinarei com ele. E a Ele, meu Redentor, com o Pai, e o Espírito Santo, Três Pessoas, um Deus, seja glória eternamente, para todo o sempre, Amém, e Amém. *Selecionado do Volume 1 dos Shorter Writings (Textos Breves – tradução literal) of Benjamin B. Warfield, organizado por John E. Meeter, publicado pela Presbyterian and Reformed Publishing Company, em 1970, e traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto.


18

Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

Literatura

Como estudar a Bíblia Marcelo Smeets

“D

urante os três anos em que dei esses cursos, os estudantes que participaram revelaram tamanho crescimento quanto ao discernimento e conhecimento espiritual da Palavra que eu fui ficando progressivamente convencido da importância de passar alguns desses métodos a outros.” O autor dessas palavras as colocou no livro Métodos de estudo bíblico, publicado pela Editora Cultura Cristã _ Howard F. Vos. Ele tem se distinguido em sua carreira como especialista nas pesquisas histórica, geográfica, bíblica e arqueológica. É um prolífico autor e editor, responsável por 25 livros que são referência em suas áreas. Atualmente, Vos é professor emérito de história e arqueologia no King’s College, em Nova Iorque. No citado texto, ele se refere aos cursos que ministrou no Tennessee Temple College, que nasceram após a solicitação de informações sobre métodos de estudo bíblico feita por um dos alunos de seus cursos. O material elaborado para os cursos deu origem ao livro. O autor deixa claro que tem o objetivo de “apresentar princípios de estudo bíblico que foram desenvolvidos e comprovados tanto pelos alunos como pelo professor, com a esperança de que eles sejam úteis a outros estudantes e leigos nos seus esforços para conseguir uma melhor compreensão da verdade de Deus conforme revelada na sua Palavra”. O estudo da Palavra de Deus não pode ser visto como algo instantâneo como os “cursos” em que se promete que se aprenda uma nova língua em

algumas semanas ou executando alguns passos. Howard Vos adverte quanto à necessidade de trabalho árduo para que possamos desfrutar das riquezas da Palavra, que são “mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (Sl 19.10). São apresentados métodos de estudo considerando áreas diversas. Cada capítulo aborda um método. Neles, a primeira coisa que se faz é definir o método. No caso de métodos como o sociológico, o político, o filosófico, procura-se oferecer um esboço ou um breve levantamento desses campos de conhecimento para o que leitor não tenha de dedicar tempo em pesquisas sobre cada área para uma compreensão mais objetiva. Após a definição do método, é desenvolvido um exemplo. É a oportunidade de colocar em prática o que foi visto na teoria. Ver como as coisas acontecem na prática permite que o ensino seja assimilado com maior facilidade. O estudo da Palavra de Deus não pode ser visto como algo instantâneo como os “cursos” em que se promete que se aprenda uma nova língua em algumas semanas ou executando alguns passos. A obra apresenta 17 métodos de estudo da Bíblia: indutivo, sintético, analítico, crítico, biográfico, histórico, teológico, literário, retórico, geográfico, sociológico, político, cultural, científico, filosófico, psicológico e devocional. Ao vermos esse número de métodos podemos pensar que o ensino bíblico está sendo fragmentado e, seu conteúdo, disperso. Não é esse o caso. O estudante aplicado con-

seguirá obter um progresso muito grande em sua maneira de estudar as Escrituras e as verá como um todo. Notar que há métodos como crítico, literário, sociológico, político, filosófico e psicológico no livro pode causar estranheza em alguns, mas em momento algum esses métodos apresentam uma visão secular de estudo da Palavra. São apenas ferramentas a auxiliar na escavação das pedras preciosas das Escrituras. O método crítico, por exemplo, que ganhou má reputação por ser, muitas vezes, associado a uma atitude liberal destrutiva em relação às Escrituras, na verdade é uma abordagem da baixa crítica, que recebe esse nome por se posicionar em submissão à Palavra de Deus e não acima dela. O método sociológico não é nenhuma defesa da Teologia da Libertação ou qualquer coisa que o valha, mas a avaliação das relações dos personagens bíblicos em seu ambiente, de como se organizam socialmente e, principalmente, de como eram exercidas as funções dos indivíduos dentro da família, célula mater da sociedade. Cada método é sempre abordado tendo a Bíblia como Palavra de Deus, que é, e submetendose a ela e não o contrário. Ver como as coisas acontecem na prática permite que o ensino seja assimilado com maior facilidade. Além da apresentação dos métodos de ensino há um capítulo em que se vêem, de modo resumido, alguns métodos de ensino da Bíblia, tendo em vista que quem estuda a Palavra terá o desejo de ensiná-la. O autor começa esse

capítulo destacando o papel do professor, passando a considerar os princípios gerais de instrução e alguns métodos para apresentar a lição. O capítulo se encerra com a demonstração de dois tipos básicos de ensino bíblico e de métodos de ensino desenvolvidos e usados na história. A parte final do livro traz quatro apêndices. O primeiro trata de como usar o livro em sala de aula e será útil a professores de institutos bíblicos e seminários, ou mesmo de escola dominical, que queiram adotá-lo como livro-texto. O segundo nos ensina a como fazer um esboço que realmente nos ajude no momento de estudar e de ensinar. O terceiro apêndice se chama Uma

breve compilação da Ciência da Homilética e, muito resumidamente, apenas introduz o interessado na área da pregação. O último apêndice ensina a organizar nossos arquivos. Quando julgou necessário, Vos incluiu sugestões para estudo adicional, ampliando o leque de opções para maior aprofundamento. É um livro de muita utilidade para pastores, professores de escola dominical, institutos bíblicos e seminários. Mas sua utilidade se destaca na possibilidade que traz a qualquer crente de poder estudar a Palavra de Deus objetivando crescimento e edificação, sua e de outros. Marcelo Smeets é editor assistente na Editora Cultura Cristã e presbítero na Primeira IP de Santo André (SP).


Março de 2008

Artigo

Aspectos fundamentais para o crescimento Valdeci S. Santos

C

rescer espiritualmente, atingir a medida da estatura de Cristo (Ef 4.13), é um alvo a ser perseguido por todo cristão verdadeiro. Contudo, nesta área não faltam propostas mirabolantes e falsas. Na ânsia de obter um crescimento rápido, algumas pessoas acabam caindo em armadilhas que as desviam da cruz e do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. No Novo Testamento, isso aconteceu com os gálatas (cf. Gl 3.1-4) e com alguns membros da igreja de Éfeso, onde Timóteo era pastor (cf. 1Tm 1.6-7). O problema é que sempre pode aparecer alguém reivindicando possuir uma nova “estratégia”, “visão” ou “método” que promete uma transformação imediata de alguém em um “supercrente”. Algumas dessas propostas oferecem “oração ungida”, um “encontro secreto”, um “novo método de jejum”, um “milagre especial”, etc. Não importa o que seja ou quão fascinantes essas propostas sejam, o fato é que elas acabam por desviar o crente dedicado do caminho fundamental para o seu crescimento em troca de uma ilusão extraordinária. Assim como acontece na área biológica, o crescimento espiritual requer disciplina e, acima de tudo, o compromisso diário com alguns aspectos básicos, sem os quais não há qualquer progresso verdadeiro. Esses aspectos básicos são fundamentos que nunca podem ser ignorados. Abaixo se encontra uma apresentação de quatro desses meios para o avanço na caminhada com Cristo. Leitura sistemática da Bíblia Paulo indica que uma das marcas da maturidade cristã é a firmeza na verdade, ou seja, a

capacidade de não ser “agitado de um lado para outro e levado ao redor por todo vento de doutrina” (Ef 4.14). Para que isso aconteça, o apóstolo exorta os cristãos a “seguirem a verdade em amor” (Ef. 4.15). O próprio Jesus definiu a verdade como a Palavra de Deus, pois orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Dessa forma, o verdadeiro crescimento espiLetícia Ferreira

Rev. Valdeci: "Atingir a estatura de Cristo é um alvo a ser perseguido por todo cristão verdadeiro".

ritual requer leitura, meditação e prática contínua da Palavra de Deus. Somente assim o cristão pode ser lavado de suas impurezas pela Palavra (Ef 5.26). Assim como o banho esporádico não ajuda no processo de limpeza do corpo, a leitura ocasional da Bíblia não contribui para o genuíno crescimento espiritual.

Crescimento espiritual requer disciplina e, acima de tudo, o compromisso diário com alguns aspectos básicos, sem os quais não há qualquer progresso verdadeiro. Prática da oração Segundo Jesus, orar é buscar intimidade com o Pai (Mt 6.9) e assim, como uma criança recém-nascida chora pela presença da mãe, o verdadeiro cristão clama diariamente por uma comunhão verdadeira com Deus. A oração é tão importante que o próprio Jesus, o filho primogênito do Pai, não a desprezou. Na verdade, a Bíblia afirma que ele diligentemente buscava ocasiões especiais para orar (cf. Mc 1.35 e Lc 22.39-44). Dessa forma, é esperado que os discípulos de Jesus sejam pessoas dedicadas à prática da oração (cf. Lc 22.40, 1Ts 5.17 e Tg 5.16). Os que descuidam de uma vida de oração geralmente deixam de exercitar a dependência de Deus e caem em muitas tentações por não vigiar e orar. Uma das marcas da maturidade cristã é a firmeza na verdade, ou seja, a capacidade de não ser “agitado de um lado para outro e levado ao redor por todo vento de doutrina” (Ef 4.14). Comunhão fraternal Embora a conversão a Cristo seja uma experiência individual, a vida cristã não é individualista. Quando uma pessoa se torna cristã é, imediatamente, adotada na família de Deus (Rm 8.15). Certamente isso possui implicações espirituais, mas também relacionais, ou seja, a vida cristã genuína se

19 Rurik Tullio/SXC

Brasil PRESBITERIANO

“O verdadeiro cristão deve manter o enfoque nos exercícios fundamentais da fé cristã. Este pode não ser o caminho mais atrativo e nem o mais fácil, mas certamente é o mais seguro.”

ocupa com o contínuo exercício da comunhão fraternal. Por essa razão o escritor da carta aos Hebreus exorta: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25). Os ajuntamentos cristãos podem ser fontes de grande fortalecimento e encorajamento espiritual, pois os cristãos são mutuamente dependentes como membros do corpo de Cristo (1Co 12). Os que descuidam de uma vida de oração geralmente deixam de exercitar a dependência de Deus e caem em muitas tentações por não vigiar e orar. Testemunho O testemunho cristão, ou seja, o ato de compartilhar a fé em Cristo com outras pessoas, é parte integral do compromisso com o Salvador. O próprio Jesus disse: “ (. . .) todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32-33). Ele também disse que os seus discípulos

seriam suas testemunhas (cf. At 1.8). Os primeiros discípulos entenderam isso como a responsabilidade que tinham de proclamar o evangelho de Cristo a outras pessoas (cf. At 2.32, 3.15, 5.32, etc.). É claro que a pregação verbal deve se comprovada por meio de um viver reto e coerente com o testemunho apresentado. Contudo, à medida que o cristão apresenta Cristo aos outros, cumpre o propósito de Deus que o salvou para proclamar suas virtudes, o que resulta em crescimento e satisfação espiritual (1Pe 2.9-10). Cada cristão é responsável por encontrar os meios mais adequados de proclamar o evangelho às pessoas ao seu redor. Em resumo, ao invés de consumir tempo e esforços na busca de um “método mágico” que resulte em crescimento instantâneo, o verdadeiro cristão deve manter o enfoque nos exercícios fundamentais da fé cristã. Este pode não ser o caminho mais atrativo e nem o mais fácil, mas certamente é o mais seguro. O rev. Valdeci S. Santos é o coordenador do programa de Doutorado em Mininstério no Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper, em São Paulo, e membro do Conselho Editorial do BP


20

Brasil PRESBITERIANO

Março de 2008

“Provão”

Resultados da Avaliação dos Seminários da IPB Divulgação

Arquivo Histórico da IPB

Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, em São Paulo: primeiro lugar geral, pela segunda vez consecutiva, e nas áreas de Teologia Pastoral e Teologia Exegética

Em Filosofia e Língua Portuguesa, tirou o primeiro lugar o Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas (SP), alcançando o terceiro lugar na avaliação geral

N

o dia 7 de novembro de 2007, foi realizado o Exame Nacional de Avaliação dos Seminários da IPB, conhecido como “Provão”, exame aplicado pela Junta de Missões Nacionais (JMN), que visa a avaliar a qualidade de ensino dos seminários da denominação. Na ocasião, 142 alunos, formandos dos oito seminários da IPB, se submeteram à prova, composta de 100 questões de múltipla escolha, aplicada simultaneamente em todos os seminários. As avaliações foram formadas de questões divididas em sete áreas básicas da formação pastoral: Teologia Sistemática, Teologia Pastoral, Teologia Exegética (Bíblica), História da Igreja, Filosofia, Língua Portuguesa, Constituição, Ordem e Governo da IPB. Os seminários apresentaram destaques variados nas diversas áreas. Em Teologia Sistemática, obteve a pontuação mais alta o Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. Denoel Nicodemus Eller”, de Belo Horizonte. Em Teologia Pastoral e Teologia Exegética, o Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição”, de

São Paulo, ocupou o primeiro lugar. Já em História da Igreja, o Seminário Presbiteriano de Brasília atingiu a melhor colocação. Em Filosofia e Língua Portuguesa, liderou o Seminário Presbiteriano do Sul, de Campinas e, em Constituição, Ordem e Governo da IPB, atingiu a melhor pontuação o Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. Ashbel Green Simonton”, do Rio de Janeiro. Desde 2002, a JET vem realizando o Exame Nacional de Avaliação dos Seminários. Em 2002, 2003 e 2004, o Seminário Teológico

Presbiteriano “Rev. Ashbel Green Simonton” ocupou o primeiro lugar no exame. Em 2005 e 2006, o Seminário Teológico do Nordeste e, em 2007, o Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição”. Na opinião do presidente da JET, presb. Francisco Solano Portela, o “Provão” não expressa a totalidade do que deve ser aferido nos seminários, mas é, certamente, um forte indicador do aproveitamento dos seus concluintes. “Como futuros pastores, espera-se que os formandos encarem com seriedade essa

O resultado final do processo foi o seguinte: Pontuação

Arquivo Histórico da IPB

O Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife (PE), alcançou 45,50 pontos no Provão

prova e empenhem-se ao máximo, uma vez que seus nomes estarão sempre ligados à instituição que os abrigou. O maior benefício é para os

próprios seminários, que têm oportunidade de trabalhar o relatório detalhado que recebem e reforçar as áreas de maior carência”, afirma.

Colocação

Seminário

1º Lugar

Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição”

61,10

2º Lugar

Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. Denoel Nicodemus Eller”

59,58

3º Lugar

Seminário Presbiteriano do Sul

57,57

4º Lugar

Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. Ashbel Green Simonton”

56,59

Colocação Formando

5º Lugar

Seminário Teológico do Nordeste

55,71

1º Lugar

Alceu Lourenço de Souza Jr. JMC

90

6º Lugar

Seminário Presbiteriano de Brasília

49,20

2º Lugar

Alex Thomas de Almeida

82

7º Lugar

Seminário Presbiteriano Brasil Central

46,29

Wendell Lessa Vilela Xavier JMC

82

8º Lugar

Seminário Presbiteriano do Norte

45,50

3º Lugar

Jeremias Romualdo Alves

80

Na classificação individual, os seguintes formandos atingiram as pontuações mais altas: Seminário Pontuação SDNE SPS


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.