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Ai Timor!

Timor teve uma longa história sob administração ou soberania portuguesas. Aconteceu naquela terra onde o sol em nascendo vê primeiro um pouco de tudo. Governadores decentes e indecente. Magistrados de alto nível e outros corruptos. Militares que só se preocuparam em roubar o erário público e outros que apenas visaram melhorar as condições vivenciais do povo timorense. Médicos que deram tudo de si para salvar as vidas dos nativos.

Timor é apresentado ao mundo como paradisíaco e local inesquecível para quem o visita. Tudo o que existe em Timor deixou o povo apaixonado por Portugal, sem que o nosso país lhe desse o que merecia. Timor devia ter continuado como uma Região Autónoma portuguesa igual aos Açores e à Madeira. Não sei se viram as centenas de motociclos e os milhares de bandeiras portuguesas a festejar as vitórias recentes de Portugal no Mundial do Catar? Essa foi a prova mais provada de que os timorenses devem ter sangue português.

Timor sofreu com a segunda guerra mundial. Os japoneses mataram milhares de nativos e alguns portugueses. Timor sofreu a invasão militar indonésia nos nossos dias e a intenção primária do invasor era o extermínio de todos os timorenses. Os indonésios não conseguiram vencer uma resistência a todos os níveis, incluindo porque a língua portuguesa servia de intermediária entre os lutadores radicados nas montanhas e os motoristas de táxi, em Díli, que tudo faziam para recolher os haveres necessários para a sobrevivência dos resistentes heróis de uma invasão fratricida.

Timor transformou-se em Timor-Leste e nasceu a esperança de que a independência política trouxesse o bem e o progresso de um povo que era proprietário de petróleo, gás natural, café, mármore, ouro e de tantos metais precisos. Debalde. Há mais de vinte anos que o povo aguarda que os seus governantes tomem consciência do que é o mínimo de qualidade de vida. A corrupção tem imperado a papel químico da Indonésia. Os governantes e deputados do parlamento só se preocupam em ganhar muito dinheiro, construir grandes palacetes e fingir que os milhares de milhões de dólares resultantes da exploração do petróleo e gás natural no Mar de Timor, no acordo com os australianos, resolveria os problemas socias. Não resolve porque esse pecúlio desaparece sem se ter qualquer justificação, mesmo que as autoridades anunciem que é depositado num fundo americano. O que o povo sente e vê é que nada é feito em seu benefício, não existe saneamento básico, água potável, electricidade contínua, transportes públicos decentes que cubram a mobilidade nacional. Existe um hospital que não merece esse nome, não se constroem bairros de habitação social, as escolas não têm carteiras decentes quanto mais ar condicionado num país onde impera um calor insuportável. O futuro de Timor-Leste é negro. Já lhe indicaram a porta de “Estado falhado”, mas os seus governantes nada fazem para que Timor-Leste seja um país dos melhores da Ásia. Condições profícuas não lhe falta, mas só para terem uma ideia, não se encontra um advogado timorense competente para um caso que seja bicudo, e se não fossem os juízes portugueses há muito que era mesmo em Estado falhado.

CARLOS PINTO DE ABREU

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