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Você corta a etiqueta Margarida de Mello Moser

Pois é ...

O covid e a guerra justificam quase tudo nos dias que vão correndo.

O covid e a guerra permitem quase tudo nos dias que vão correndo.

O covid e a guerra não permitem quase nada nos dias que vão correndo.

Mas quem é que se entende no meio de toda esta bagunçada?

Já ninguém sabe como se comportar. Tudo é global, exposto, questionado. Não há regras - ou só há regras e quem as dita faz gala em não as cumprir.

E mais do que nunca, a questão é pertinente:

- Você corta a etiqueta? - Eu sei lá. Depende .... - Depende? - Pois, depende! - Depende? Depende de quê? - Pois depende de tudo: do dia, do clima, das circunstâncias, das pessoas que estão presentes, enfim, e resumindo, depende do politicamente correcto. - E, afinal de contas, o que é politicamente correcto? - Aí é que está o cerne da coisa. É mais ou menos o contrário daquilo que deve ser. - O contrário? Como é que isso pode ser - como deve ser? - Poder, poder, não devia. Mas pode! E, de mansinho, aproveitando a boleia do covid, a moda pegou. Já ninguém diz o que verdadeiramente pensa. Ou se cala - o que acontece demasiadas vezes, ou grunhe - para ficar a dúvida no ar, ou afirma com convicção o que jamais pensará. Raras vezes, nos dias de hoje, temos a sensação do discurso livre, franco, aberto, da discussão acesa - essa mesmo, de onde por vezes nasce a luz ou que nos atira para a escuridão ou ainda que nos faz explodir para o infinito. - De facto .... - É um facto, sim! E é irritante, revoltante, angustiante, desarmante ...

- Mas, o que é que tudo isso tem a ver com cortar ou não a etiqueta? Não estou bem a ver .... - Ora, tem tudo! Porque agora a pergunta mudou, inverteu-se, a pergunta agora é:

ÀS VOLTAS COM A ETIQUETA

MARGARIDA DE MELLO MOSER.

VOCÊ CORTA A ETIQUETA?

você não corta a etiqueta? - Hum ...

Não, ainda não endoideci, e, sim, era eu a falar com o meu umbigo.

E nesta pequena desconversa misturam-se expressões. palavras, ideias que provocam estes estados de alma. Palavras que nos atiram à cara com a maior desfaçatez e leviandade, esquecendo o peso que elas têm para quem a liberdade, a ética, os direitos humanos, o respeito pelo próximo, a verdade, a educação, importam verdadeiramente.

Não é preciso ir longe. Este Outono deunos tantos exemplos de não verdade, não etiqueta, não direitos humanos e tantos mais nãos, que só queremos que o ano acabe a correr para ver. se o novo, nos traz algo de novo. E é isto!

Pois podíamos ter falado do Natal, do nascimento do Menino Jesus, dos presentes, da Família.

E, afinal, talvez tenhamos falado.

Esta é seguramente uma boa altura para fazer balanços e uma altura tão boa, como outra qualquer, para reflectir e mudar de rumo - ou não.

E afinal quanto à etiqueta? Cortamos? Não cortamos?

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