ANA PRATA EDER SANTOS FÁBIO BAROLI FARNESE DE ANDRADE JANAÍNA MELLO LANDINI JOÃO CASTILHO LEANDRO ARAGÃO MARCO TULIO RESENDE PAULO NAZARETH PEDRO DAVID RODRIGO ZEFERINO THAÏS HELT TUTTAMÉIA VALÉRIA PENA-COSTA ANDREI MÜLLER BERNA REALE CÉSAR MENEGHETTI CLÁUDIA LEÃO ELEN GRUBER JOÃO ANGELINI KATIA MACIEL PAULO MEIRA RODRIGO BRAGA SUZANA QUEIROGA
UM RECORTE DA COLEÇÃO SÉRGIO CARVALHO
Ministério da Cultura e Minas Tênis Clube apresentam | present
UM RECORTE DA COLEÇÃO SÉRGIO CARVALHO A CUTOUT OF THE SERGIO CARVALHO COLLECTION
Curadoria Denise Mattar
10 de julho a 18 de setembro de 2016 Centro Cultural Minas Tênis Clube Galeria de Arte - CF5
REALIZAÇÃO
PATROCÍNIO
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Desde sua abertura, em 2013, a Galeria de Arte do Centro Cultural Minas Tênis Clube tem como vocação apresentar ao grande público o melhor da arte feita em Minas Gerais e no Brasil. Desta vez, o espaço apresenta a exposição Cantata, que traz parte do excepcional acervo do colecionador curitibano, radicado em Brasília, Sérgio Carvalho. Formada essencialmente por peças de arte contemporânea brasileira, a coleção de Sérgio Carvalho já foi apresentada em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e, chega pela primeira vez a Belo Horizonte. No Centro Cultural Minas Tênis Clube, o recorte curatorial da exposição destaca, entre outras, obras de artistas mineiros, revelando o talento e a qualidade da produção artística do Estado. O nome da exposição, Cantata, inspira harmonia e leveza. Pinturas, desenhos, esculturas e fotografias poderão ser apreciados na Galeria de Arte como em uma cantata musical, em que as vozes se somam e se completam de forma suave. O Centro Cultural Minas Tênis Clube se orgulha de abrir sua Galeria de Arte para uma exposição tão singular e significativa, com toda a força e a criatividade de seus protagonistas. Aprecie, sem parcimônia, a beleza desta Cantata. Luiz Gustavo Lage Presidente do Minas Tênis Clube
Since its opening, in 2013, the Art Gallery of the Cultural Center of the Minas Tênis Clube has had as its mission to present to the public at large the best art produced in Minas Gerais and in Brazil. This time, the Cantata exhibition brings a part of the exceptional collection belonging to Sergio Carvalho, a collector from Curitiba, who lives in Brasilia. Essentially made up of items of contemporary Brazilian art, Sergio Carvalho´s collection has already been shown in Brasilia, Rio de Janeiro, São Paulo and now, for the first time, arrives in Belo Horizonte. The curatorial cutout of the exhibition at the Cultural Center of the Minas Tenis Clube, highlights, among others, works of artists from Minas Gerais, revealing the talent and quality of the State´s artistic production. Cantata, the name of the exhibition, inspires harmony and lightness. Paintings, drawings, sculptures and photographs may be appreciated at the Art Gallery as if they were a musical cantata, where voices join and are completed in a smooth manner. The Cultural Center of the Minas Tênis Clube is proud to open its Art Gallery to such a singular and significant exhibition, with all the force and creativity displayed by its protagonists. Enjoy, unrestrainedly, the beauty of this Cantata. Luiz Gustavo Lage President, Minas Tênis Clube
COLEÇÃO DE RISCOS: CAPRICHO, ILUSÃO E MIOPIA A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de cada vez. Assim não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil. E os dois meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram a um lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em duas metades, diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. As duas eram totalmente belas. Mas carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. Carlos Drummond de Andrade1
Se a verdade é traduzida pelo capricho, ilusão e miopia de quem a declara, o colecionador professa acentuadas doses de teimosia, fantasia e comprometimento. Algo assemelhado, nas palavras de Rubem Braga, ao amor teimoso de um menino, o amor teimoso e burro de um menino lírico2. No ato de colecionar, a verdade está nos olhos de quem padece dessa obsessiva compulsão, desse amor teimoso de um menino. O impulso que leva alguém a colecionar se irmana à sua alma: não se buscam troféus ou prêmios; revelam-se paixões e seduções. Assim, pouco importa se uma obra de arte consubstancia um ativo ou um seguro investimento. Para quem não coleciona por especulação, essas avaliações ficam em plano secundário: há um profundo abismo entre valores culturais e mercadológicos. A peculiar verdade daquele que coleciona – naturalmente ilusória e míope (não uma visão canhestra ou mesquinha, mas uma visão fundada em sua intuição), está em aquilatar o grau de envolvimento do artista com o seu próprio universo poético, em perceber o quanto a arte é imprescindível para que continue fiel ao seu ideário, apesar de todas as dificuldades do processo criativo e da própria vida. O colecionador deve se apaixonar pelo que vier a adquirir, independentemente do que está em voga ou do que poderá vir a constituir um modismo3. Na realidade, dentro de suas possibilidades, cabe-lhe impulsionar a produção artística, acreditando na sua intuição e no seu olhar, dando visibilidade, inclusive, a inúmeros artistas que, pelas mais variadas razões, não compõem e nunca irão compor, até mesmo por pessoal convicção, o mercado. Com esse modo de agir, registra partes da multifacetada memória visual. Assim, deve o colecionador confiar em sua instintiva compreensão do que representa arte, arriscando-se a garimpar tesouros e apostar no seu olhar. Daí o comprometimento e a opção por uma coleção de riscos4. Essa a minha verdade: capricho, ilusão e miopia.
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1 “Poesia e Prosa” – “Corpo” – “Verdade” – RJ, Nova Aguilar, 1988, pp. 1005/1006. 2 “200 Crônicas Escolhidas” – “ O Desaparecido” – RJ, Record, 6ª Ed., 1986, p. 295. 3 ditar moda cabe ao mercado, ainda que eleitas obras com indiscutível viés decorativo ou representativas de meros trocadilhos de técnicas e materiais, onde possível a obtenção de belos arranjos ornamentais, mas que, raramente, transcendem a superfície da elegância; nada obstante, trabalhos de indiscutível potência poética, que ultrapassam as bordas do bom gosto, também são passíveis do mesmo viés. 4 expressão utilizada pelas curadoras Marília Panitz, Marisa Mokarzel e Polyanna Morgana ao ensejo da mostra Vértice, com obras da coleção, realizada no Museu Nacional dos Correios (em Brasília) e nos Centros Culturais dos Correios (no Rio de Janeiro e em São Paulo), em 2015 e 2016, dentro do projeto Coleções, idealizado pela produtora Daiana Castilho.
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro Do que um pássaro sem vôos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. Antonio Cicero5
Desde janeiro de 2014, parte do acervo vem sendo mostrada ao público6. Cantata, a quinta exposição, agora realizada em Belo Horizonte, reafirma a vontade e o sonho de que a coleção se torne pública. A lúcida ponderação da crítica Luísa Duarte é pertinente: antes de ser uma mercadoria, uma obra de arte é uma invenção endereçada ao mundo7, evidenciando a responsabilidade do colecionador em tornar o seu acervo um local de pesquisa, investigação, educação e difusão. Uma coleção secreta ou impenetrável desconsidera a obra de arte como algo que extrapola a mera propriedade particular8. Uma obra de arte não comporta clausura: em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Nessa compreensão, a obra de arte deve ser experimentada pelo maior contingente possível de pessoas, razão pela qual o colecionador não deve se furtar a assumir essa responsabilidade, deixando ao esquecimento as obras pelas quais se apaixonou e foi arrebatado, como se fosse o único destinatário das emoções que delas promanam. Com essa postura, simplesmente as transformará em meros itens do seu inventário pós-morte9.
5 “Guardar: Poemas Escolhidos”, RJ, Record, 1996, p.11. 6 o primeiro recorte da coleção, realizado por Denise Mattar, foi exposto no Paço das Artes, em São Paulo, entre janeiro e abril de 2014. 7 em artigo publicado no Jonal O Globo, edição de 15.09.2014. 8 desconsidera o próprio conceito de arte, pois a obra não se exaure no objeto. 9 o clichê é verdadeiro: uma obra de arte é muito maior que a pessoa do colecionador.
Ciente do patrimônio social que detém, aquele que coleciona pode deixar como legado a preservação da memória e da identidade de específico período temporal da produção artística, para que futuras gerações dele se beneficiem e dele partam para reinvenções poéticas. Isso interessa a todos e a qualquer um, sem exceção. Daí a necessidade da aproximação dos acervos particulares ao público, pois, ainda que a exibição de determinada obra de arte emocione uma única pessoa, estará o colecionador democratizando o acesso à arte e valorizando seus artífices, transformando o mundo. Cumpre compartilhar encantos: melhor se guarda o vôo de um pássaro do que um pássaro sem vôos. Sérgio Carvalho
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COLLECTION OF RISKS: WHIMS, ILLUSION AND SHORT-SIGHTEDNESS
The door of truth was open, allowing but half a person to pass at a time. Being so, it was impossible to reach the full truth, since the half person who came through brought only the profile of a half-truth. And the second half equally returned with half a profile. And the two half profiles did not coincide. They crushed the door. They brought the door down. Arriving at a luminous place where the truth reflected its fires. It was divided into two halves, that differed one from the other. even discussing which half was most beautiful. Both were entirely beautiful. But a choice was needed. Each chose according to his whim, his illusion, his short-sightedness. Carlos Drummond de Andrade1
If truth is translated by the whims, illusion and short-sightedness of the proclaimer, the collector professes accentuated portions of stubbornness, fantasy and commitment. In Ruben Braga´s words, somewhat similar to the stubborn love of a boy, the stubborn and headstrong love of a lyrical boy.2 In the act of collecting, truth is in the eye of he who suffers from this obsessive compulsion, this stubborn love of a boy. The impulse that leads someone to collect is linked to his soul: not in search of trophies or awards; but revealing passions and seductions. Thus, it matters little whether a work of art represents an asset or a safe investment. For those who do not collect as speculation, these evaluations remain on a secondary plane: there is a profound abysm between cultural and market values. The peculiar truth of he who collects – naturally illusive and short-sighted (not a clumsy or stingy vision, but a vision based on intuition) is assessing the level of the artist´s involvement with his own poetic universe, perceiving to what extent art is indispensable so that he can continue being faithful to his ideas, despite all the difficulties of the creative process and of life itself. The collector should fall in love with what he will acquire, regardless of what is in vogue or what may become fashionable.3 In reality, when possible, he should stimulate artistic production, believing in his intuition and vision, as well as giving visibility to numerous artists who, for different reasons are not a part nor will ever be part of the market, perhaps due to personal convictions. With this activity, he registers parts of the multifaceted visual memory. Thus, the collector should trust his instinctive understanding of what is art, taking the risk of searching for treasures and betting on his vision. Thus, our commitment and option for a collection of risks.4 This is my truth: whims, illusion and short-sightedness.
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1 “Poesia e Prosa” – “Corpo” – “Verdade” – RJ, Nova Aguilar, 1988, pages 1005/1006. 2 “200 Crônicas Escolhidas” – “O Desaparecido” – RJ, Record, 6th Ed., 1986, page. 295 3 To dictate fashion is the market´s role, even when selecting works with indisputable decorative obliquity or representing mere exchanges of techniques and materials, where it is possible to obtain beautiful ornamental arrangements, but which rarely transcend the surface of elegance ; however, works of undeniable poetic power, that surpass the border of good taste, are also subject to the same obliquity. 4 Expression used by curators Marília Panitz, Marisa Mokarzel and Polyanna Morgana during of the exhibition Vértice, containing works from the collection, held at the Museu Nacional dos Correios (in Brasilia) and at the Centros Culturais dos Correios (in Rio de Janeiro and in São Paulo), in 2015 and 2016, for the project Coleções, idealized by producer Daiana Castilho.
To keep something is not to hide it or lock it away. In a vault nothing is kept. In a vault it is lost from sight. To keep something is to eye it, to stare at it, to look at it admiringly, that is, to illuminate it or be illuminated by it. To keep something is to watch over it, that is, to keep vigil over it, that is, to guard it, that is, to be awakened by it, that is, to stay for it or be for it. Thus, it is better to keep the flight of a bird than a bird without flight. This is why we write, this is why we speak, this is why we publish, This is why we declare and recite a poem; To keep it: So that it, in turn, keeps what it keeps: Keeps whatever a poem keeps: This is the point of a poem: To keep what you want kept. Antonio Cicero5
Since January, 2014, part of the collection has been shown to the public6. Cantata, the fifth exhibition, now being held in Belo Horizonte, reaffirms the desire and dream to show the collection to the public. The lucid reflection of critic Luísa Duarte is pertinent: before being merchandise, a work of art is an invention addressed to the world7, making evident the collector´s responsibility for making his collection a place for research, investigation, education and diffusion. A secret or impenetrable collection ignores the fact that a work of art is more than merely private property8. A work of art cannot be secluded: in a vault nothing is kept. In a vault it is lost from sight. Under this assumption, a work of art should be experienced by the largest possible contingent of people, and for this reason the collector should never decline to take on this responsibility, leaving the works that he fell in love with and was stricken by to oblivion, as if he were the only addressee of the emotions that emanate from them. If this were the case, he would simply transform them into mere inventory items upon his death9. Aware of the social heritage in his custody, the collector can leave as his legacy the preservation of the memory and the identity of a specific timeline of artistic production, for future generations to enjoy and these may be the cause of new poetic reinventions. This is good for one and all, without exception. Thus the need to bring private collections closer to the public, and, though the exhibition of a specific work of art may move only one person, the collector will have made access to art more democratic and will have brought appreciation to the artist, transforming the world. It is right to share enchantment: better to keep the flight of a bird that a bird without flight. Sérgio Carvalho
5 “Guardar: Poemas Escolhidos”, RJ, Record, 1996, page11. 6 The first cutout of the collection, organized by Denise Mattar, was exhibited at the Paço das Artes, in São Paulo, from January to April, 2014. 7 From an article published in the O Globo newspaper 09.15.2014 edition 8 ignores the concept of art itself, since the work of art is not depleted in the object. 9 the cliché is truthful: a work of art is much greater that the collector.
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CANTATA UM RECORTE DA COLEÇÃO SÉRGIO CARVALHO
A COLEÇÃO Ao longo dos anos, Sérgio Carvalho construiu uma coleção, com cerca de 1500 obras, que reúne os mais importantes artistas brasileiros da contemporaneidade. Residente em Brasília, o colecionador mantém uma relação de paixão com a arte que vai muito além do mercado cultural e dos limites do eixo Rio-São Paulo. Ao adquirir uma obra, ele baseia-se primeiramente em sua intuição e na sua relação com os artistas. Sua coleção é pessoal e passional, e seu olhar, atento, sensível e amoroso, ajudou a consolidar muitas carreiras. Outra característica da coleção é sua sólida constituição, bem diversa de um álbum de figuras carimbadas, com um exemplar de cada tipo. Sérgio costuma comprar muitas obras de um mesmo artista, evitando a dispersão de séries, e compondo verdadeiras exposições individuais. O colecionador também não se restringiu a técnicas ou temas e escolheu desenhos, pinturas, vídeos, fotografias, instalações e adquiriu performances. Hoje, apesar das circunstâncias econômicas desfavoráveis, Sérgio continua a apoiar novos artistas e também a ceder os trabalhos que integram sua coleção para a realização de exposições pelo país. Conheço Sérgio Carvalho há muitos anos, quando sua casa era (e continua sendo) um ponto de encontro de músicos. Já naquele momento, ele demonstrava gosto pelas artes plásticas. Nossos encontros aconteciam quando eu ia a Brasília, e, por isso, ocorriam apenas de vez em quando. Numa dessas idas, vi um belíssimo trabalho de Lucia Koch, em outra, uma instalação de Marcelo Silveira, depois Regina Silveira, José Rufino e Sandra Cinto. Não sei se a ordem de chegada foi essa, mas foi como registrei em minha memória. Assim, fui acompanhando, um pouco de longe, seu crescimento como colecionador. Ao longo desses anos, nossos interesses também confluíram muitas vezes. Em 2003 fiz a curadoria de uma exposição de Eduardo Frota para o CCBB-SP quando ele acabara de realizar uma instalação na casa de Sérgio. Em 2008, viajei numa caravana de especialistas a Maceió, organizada por Sérgio para apresentar a obra de Delson Uchôa. Em outra visita à Brasília, ele me mostrou um conjunto de trabalhos de várias fases de Hildebrando de Castro. Essa visão de conjunto abriu uma nova perspectiva de entendimento da obra do artista e ali nasceu a ideia de fazer uma exposição retrospectiva. Hildebrando de Castro - Ilusões do Real, aconteceu na Caixa Cultural, nas unidades do Rio de Janeiro e Brasília, em 2013, e devo dizer que, além do empréstimo de suas obras, do entusiasmo e do carinho, Sérgio nos ajudou a complementar alguns custos do catálogo e da mostra. São também do meu conhecimento outros apoios a artistas, quase sempre acertados com trocas por obras. Dessa forma, Sérgio Carvalho insere-se na tradição do mecenato, hoje a caminho da extinção, que teve, na década de 20, figuras como Dona Olívia Penteado, Fábio Prado, René Thiolier, e, nos anos 50, personagens que nos deixaram coleções preciosas, como Yolanda Penteado e Ciccillo Mattarazzo (MAC-USP), Assis Chateaubriand (MASP), Niomar Bittencourt (MAM- RJ) e Armando Alvares Penteado (MAB- FAAP), entre outros.
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Em 2013, recebi um convite de Priscila Arantes, Diretora do Paço das Artes, em São Paulo, para realizar uma curadoria na instituição e me ocorreu a ideia de preparar uma exposição a partir da coleção. Assim aconteceu a mostra Duplo Olhar, que revelou ao circuito de arte a importância do conjunto de obras constituído por Sérgio Carvalho. Em 2015/16, com curadoria de Marília Panitz, Polyanna Morgana e Marisa Mokarzel, foi realizada a mostra Vértice nas unidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, do Centro Cultural Correios. Essas exposições consolidaram o caráter público da coleção, motivando o convite para apresentar um conjunto de obras no Centro Cultural do Minas Tênis Clube. CANTATA - A EXPOSIÇÃO Na proposta curatorial apresentada ao Centro Cultural já havia a ideia de destacar a significativa presença dos artistas mineiros na coleção; porém, durante a seleção, ficou claro que essa presença formava um conjunto bastante coeso, embora constituído por marcantes individualidades. A mostra apresenta, assim, obras de 14 artistas mineiros, de diferentes gerações, reunindo diversas mídias como pintura, fotografia, objetos, instalação e vídeo-objetos. Cantata é um tipo de composição vocal lírica , para uma ou mais vozes, com acompanhamento instrumental e coro. Esse título foi escolhido para a exposição porque considero que a mostra é uma cantata visual, formada por vozes solo, pelos timbres particulares dos diferentes artistas, que, somados liricamente, compõem uma melodia. Os trabalhos foram reunidos em conjuntos constituídos pela afinidade da busca empreendida pelos artistas, assim como num coral os cantores são distribuídos por naipes, de acordo com a tessitura de suas vozes. Não existe nesse roteiro a pretensão de criar agrupamentos temáticos e, certamente, as obras poderiam ter sido reunidas de outra forma, com resultado diverso, porém de similar qualidade. Encenações do Real é composta por artistas que evocam a natureza, ou a paisagem urbana, propondo uma ressignificação dessas imagens. Não por acaso são todos fotógrafos ou partem da imagem fotográfica, expandindo a escrita da luz de forma híbrida, mesclando linguagens e encenando realidades. A partir de suas inquietações sobre o mundo externo Pedro David realiza a série Sufocamento. Suas imagens poéticas e contundentes denunciam a extinção de nossas árvores nativas encarceradas em prisões de eucalipto. A estratégia do artista ao registrar essas cenas é adotar um único ponto de vista, de forma a repetir quase a mesma imagem dessas árvores aprisionadas, em diferentes estágios de sua luta pela sobrevivência, estabelecendo assim um crescendo mortal, que se repete impunemente. Revelações, de Rodrigo Zeferino, insere-se na tradição dadaísta das deambulações aleatórias, uma forma especial de apreender a cidade tendo o acaso como parceiro. O artista faz suas errâncias urbanas à noite, descobrindo espaços pouco habitados e esquecidos.
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CANTATA UM RECORTE DA COLEÇÃO SÉRGIO CARVALHO
O uso da fotografia de longa exposição acentua o intenso abandono desses locais revelando cores e movimentos invisíveis aos nossos olhos e compondo uma atmosfera ainda mais misteriosa. Em Notícias da América Paulo Nazareth usa a fotografia como um registro seco de momentos de sua obra, constituída de uma caminhada a pé de Minas Gerais até Nova York e, em seguida, Miami. Realizada entre 2010 e 2012,essa peregrinação deveria ser considerada uma performance? Ou seria uma deambulação elevada a outra potência? Alheio a rótulos, Nazareth chama seu trabalho de arte de conduta e segue em outra andança pelo mundo, causando, na sua passagem, interesse e estranhamento. Ana Prata escolhe fotografias a partir de buscas aleatórias pela internet e as retrata usando a pintura na sua forma mais tradicional. Nesse processo a artista, embora reproduzindo aplicadamente seu conteúdo, altera a visualidade da imagem original, criando uma nova cena. O Tornado, esvaziado de sua potência destruidora transfigura-se numa vaga ameaça, e fica suspenso na paisagem bucólica, entre manchas e respingos de tinta. Entre Segredos reúne artistas que se debruçam sobre vestígios da memória, transitando entre a realidade e o absurdo, com acentos inusitados ou líricos. Na série Marie Jeanne, João Castilho rememora a história de rejeição e pertencimento de sua personagem-título, e da longa viagem pela África na qual fotógrafo e modelo trocam de papéis, fundindo-se e confundindo-se em um clima ardente. Para Valéria Pena-Costa o amor não tem essa sensualidade rasgada, é feminino, doce e triste. Com lirismo, ela desvela a fragilidade de corações que sofrem até o sangramento. E repete mensagens apaixonadas, escritas para ela mesma, sobre veias e vasos, repisando a dor da perda. Farnese de Andrade é herdeiro das investigações dadaístas do mergulho no inconsciente e da associação de imagens proporcionada pelas assemblages, mas faz isso incorporando a sua realidade brasileira, barroca e mineira. Nesse cenário de objetos que nos são tão familiares, como caixas, oratórios e gamelas, Farnese encena questões universais do ser humano: família, amor, morte, dor, e, por tocar tão profundamente em nossos medos, seu trabalho provoca e assusta. Numa estratégia similar, mas com resultado inteiramente diverso, Thaïs Helt apresenta a série Quase um Museu de Objetos Esquecidos. Não precisa me explicar - É por isso que vim até aqui. Suas caixas são repletas de resquícios de memórias dela mesma e de outros personagens, que, a partir dos objetos, parecem inventar a si próprios. Partindo de luvas, livros, lápis, perfumes ou qualquer outra peça que a impressione, a artista cria associações e nelas realiza interferências com escritos, gravuras e pinturas, num processo que parece revelar segredos – que podem ser doces, acres, irônicos ou melancólicos. Raízes agrupa artistas que, de maneiras inteiramente diversas, aludem às suas origens mineiras, incorporando elementos da visualidade local. Fábio Baroli retrata imagens do cotidiano das pequenas cidades do interior de Minas. Construídas em grandes dimensões, em trípticos que acentuam seu aspecto quase cinematográfico, as pinturas do artista são realizadas com grossas pinceladas, de uma tinta carnuda e densa, em cores despudoradamente estridentes. Seus personagens têm a bonomia e o humor matreiro do caipira e despertam imediatamente nossa cumplicidade. Herança
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das bordadeiras e costureiras que povoaram sua infância, as fitas encarnadas de Janaína Mello Landini constroem arquiteturas visuais nas quais nosso olhar se envolve e se perde. Nesses labirintos tramados há muitos caminhos e passagens secretas que apenas a luz revela, ao cair sobre o denso, mutável e misterioso cetim. O mesmo material mágico adorna a Bandeira do Divino de Eder Santos, uma videoinstalação que combina, de forma inesperada e potente, a artesania, a tradição e a tecnologia. Adejando, entre estrelas douradas, franjas de seda e fitas, a imagem do Espírito Santo surge no centro do estandarte: viva, palpitante e colorida, cercada por uma guirlanda de rosas em permanente mutação. A permanência e a impermanência são as questões que norteiam os trabalhos de Tempo Tempo Tempo Tempo. A obra de Marco Tulio Resende poderia integrar outros núcleos da mostra, tanto aquele relativo à memória, quanto o das raízes mineiras. A escolha de Sérgio, contudo, recaiu sobre as pinturas de grande formato, cuja monumentalidade potencializa a busca do artista. A série Ecce Homo reflete sobre a condição humana, sua transitoriedade e decomposição, e fala sobre as partes de nós mesmos que perdemos no caminho. O artista tem a ousadia de retratar essa dura realidade em branco, prata e azul, com um resultado seco e instigante. Leandro Aragão tem como proposta alertar-nos sobre a, cada vez mais rápida, obsolescência dos objetos eletrônicos. Através da realização de vídeo-objetos, montados com materiais descartados, o artista propaga uma quase instituição brasileira: a gambiarra. Nessa linha de pesquisa estão as obras apresentadas na exposição: Time Code é uma ampulheta digital montada num aparato desproporcional ao seu resultado, o de criar a ilusão da areia que cai, do tempo que passa. Ambulante faz parte de outra linhagem, aquela das intervenções em espaços públicos, no caso, um coração pulsante que é posto a circular pela cidade. O coletivo Tuttaméia apresenta a videoinstalação Pulmões composta por quatro narrativas audiovisuais que se desenrolam simultaneamente em quatro telas. Em imagens potentes, com cores acentuadas e ritmo pulsante, eles questionam vida e morte. Na água, em movimentos quase líricos, no ar, de modo asfixiante, no fogo, em descontrole e, no céu, que se revela ameaçador e fremente. Complementando o evento há uma sala destinada à videoarte, outra paixão de Sérgio Carvalho, reunindo obras de 11 artistas de vários Estados. São eles: Andrei Müller (RJ), Berna Reale (PA), César Meneghetti (SP), Cláudia Leão (PA), Eder Santos (MG), Elen Gruber (MA), João Angelini (DF), Katia Maciel (RJ), Paulo Meira (PE), Rodrigo Braga (AM), Suzana Queiroga (RJ). Esperamos que a exposição proporcione ao público uma visão de conjunto da cena contemporânea brasileira, hoje internacionalmente reconhecida, salientando o protagonismo que nela ocupam os artistas mineiros. Denise Mattar Curadora
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CANTATA A CUTOUT OF THE SERGIO CARVALHO COLLECTION
THE COLLECTION Over the years, Sérgio Carvalho has built a collection that includes about 1500 works of art, bringing together the most important contemporary Brazilian artists. Residing in Brasilia, the collector maintains a passionate relationship with art which goes far beyond the cultural market and the limits of the Rio-São Paulo axis. When he acquires a work of art, he bases himself first on intuition and his relationship with the artist. His collection is personal and passionate, and his alert, sensitive and loving eye has helped to consolidate many careers. Another feature of his collection is its solidity, differing greatly from an album of marked stickers containing copy of each kind. Sérgio usually buys several works by the same artist, avoiding breaking up a series, and thus possessing true solo exhibitions. The collector is also not restricted to techniques or themes, and has chosen drawings, paintings, videos, photographs, installations, and has even acquired a performance. Today, despite unfavorable economic circumstances, Sérgio continues to support new artists and also to loan works that are part of his collection to exhibitions held throughout the country. I have known Sérgio Carvalho for many years, when his house was (as it still is) a meeting place for musicians. Already at that time, he showed an interest for the fine arts. Our meetings took place when I went to Brasília and, for this reason, only occurred now and then. On one of these visits, I saw a beautiful piece of work by Lucia Koch; on another, an installation by Eduardo Frota, and later Marcelo Silveira, José Rufino, Sandra Cinto. I don´t know if the order of arrival was such, but this is what my memory dictates. Thus, I followed his growth as a collector from a slight distance. Throughout these years, our interests also often coincided. In 2003, I was the curator of an Eduardo Frota exhibition, at the CCBB – SP, at a time when he had just produced an installation in Sergio´s home. In 2008, I travelled to Maceió with a caravan of specialists, organized by Sérgio to introduce Delson Uchôa´s work. On another visit to Brasília, he showed me a set of works of Hildebrando de Castro covering several different phases. This vision offered me a new perspective to understand the artist´s work and there was born the idea of mounting the retrospective exhibition Hildebrando de Castro - Ilusões do Real (Hildebrando de Castro- Illusions of Reality), held in 2013, at the units of the Caixa Cultural in Rio de Janeiro and Brasília, and I must say that besides loaning his works and offering his enthusiasm and affection, Sergio helped cover some of the costs of the catalogue and the exhibition. I know of other episodes of his support to artists, almost always given in exchange for their works. Thus, Sérgio Carvalho adopted the tradition of protector of the arts, nowadays almost extinct, which in the decade of the 1920s included figures such as Dona Olivia Penteado, Fábio Prado, René Thiolier, and, in the 1950s, people who left us precious collections, such as Yolanda Penteado and Ciccillo Mattarazzo (MAC-USP), Assis Chateaubriand (MASP), Niomar Bittencourt (MAM-RJ) and Armando Alvares Penteado (MAB-FAAP), among others.
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In 2013, I received an invitation from Priscila Arantes, Director of the Paço das Artes, in São Paulo, to become the curator of the institution and I thought of organizing an exhibition from this collection. As a result, the Duplo Olhar, (Double Look) exhibition was held , revealing to the art circuit the importance of the group of works collected by Sérgio Carvalho. In 2015/16, under the curatorship of Marília Panitz, Polyanna Morgana and Marisa Mokarzel, the Vértice exhibition was held at the units of the Correios Cultural Center in Brasília, Rio de Janeiro and São Paulo. These exhibitions consolidated the public character of the collection, motivating an invitation to Sérgio Carvalho to present his art collection at the Minas Tênis Clube Cultural Center.
CANTATA - THE EXHIBITION The curatorial proposal presented to the Cultural Center already included the idea of highlighting the significant presence of artists from the state of Minas Gerais in the collection. However, during the selection, it became apparent that this presence formed a cohesive set, even though marked by peculiarities. The exhibition, therefore, presents works by 14 artists from Minas Gerais, from different generations and using different media, such as, painting, photography, objects, installations and video-objects. Cantata is a kind of lyrical vocal composition, for one or more voices, with instrumental or chorus accompaniment. The title of the exhibition was chosen because I consider it to be a visual cantata, formed by solo voices, by tones that are peculiar to different artists, which, when united lyrically, compose a melody. The works were grouped by their affinity in the search carried out by the artist, as occurs in a choir where the singers are distributed by suites, according to the texture of their voices. There is no pretension in this script to create thematic groups and, certainly, the works could have been grouped in another way with a different result, but with similar quality. Encenações do Real (Scenes of Reality) is made up of artists who evoke nature, or the urban landscape, proposing a new significance for these images. It is not by chance that they are all photographs or originate from photographic images, expanding the language of light in a hybrid manner, mixing languages and staging realities: As a result of his uneasiness regarding the world, Pedro David created the series Sufocamento (Suffocation). His poetic and striking images denounce the extinction of our native trees, imprisoned among eucalyptus plantations. The artist´s way of depicting these scenes is to adopt a single viewpoint, repeating almost the same image of these imprisoned trees during different stages of their fight for survival, thus establishing a mortal crescendo that is repeated with impunity. Revelações (Revelations) by Rodrigo Zeferino, inserts itself in the Dadaist tradition
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CANTATA A CUTOUT OF THE SERGIO CARVALHO COLLECTION
of chance wanderings, a special way to understand the city using randomness as a partner. The artist enjoys urban nighttime strolls, discovering spaces that are sparsely inhabited and have been forgotten. The use of long exposure photography accentuates the intense abandonment of these locations, revealing colors and movements that are invisible to the naked eye and composing an even more mysterious atmosphere. In Notícias da América (News from America), Paulo Nazareth uses photography as a dry record of moments of his work, including a walk from Minas Gerais to New York and, then, to Miami. Should this pilgrimage that occurred in 2010 and 2012 be considered a performance? Or could it be just a stroll taken to another level? Avoiding labels, Nazareth calls his work “conduct art” and takes another stroll around the world, creating interest and curiosity along the way. Ana Prata chooses photographs that spring from random searches on the internet, and depicts them in the most traditional form of painting. In this process the artist, though accurately reproducing the content, alters the original image, creating a new scene. Tornado, emptied of its destructive force is transformed into a vague threat that remains suspended over a bucolic landscape among stains and paint drops. Entre segredos (Among secrets) brings together artists who stoop over vestiges of memory, travelling between reality and the absurd, with unusual or lyrical accents. In the Marie Jeanne series, João Castilho recalls the story of rejection and belonging of his title-character, and the long trip through Africa during which the photographer and his model exchanged roles, merging e mingling in an passionate atmosphere. For Valéria Pena-Costa love doesn´t contain this suffering sensuality, it is female, sweet and sad. She lyrically unveils the fragility of hearts that suffer until they bleed. And repeats passionate messages she writes about veins and arteries, retreading the pain of loss. Farnese de Andrade is an heir to Dadaist research, diving into the unconscious and associating images offered by the assemblages, but this is done by integrating them into the reality of Brazil, the baroque and Minas Gerais. In this scenario of objects that are so familiar to us, such as boxes, shrines and bowls, Farnese poses questions that are universal to humans: family, love, death, pain, and by touching our fears so deeply, his works become provocative and frightening. Using a similar strategy but with an entirely diverse result Thaïs Helt presents the series Quase um Museu de Objetos Esquecidos. Não precisa me explicar - É por isso que vim até aqui (Almost a Museum of Forgotten Things. You don´t have to explain – That´s why I came here). Her boxes are full of traces of memories, of herself and of other characters that, as a result of the objects, appear to create themselves. From gloves, books, pencils, perfumes or any other piece that impresses her, the artist creates associations and in these carries out interferences with writings, etchings and paintings, in a process that appears to reveal secrets – which may be sweet, acrid, ironic or melancholic. Raízes (Roots) groups artists, who, in entirely different ways, allude to their origins in Minas Gerais, incorporating elements of local images. Fábio Baroli portrays the daily life of small towns in the interior of Minas. Constructed in large dimensions, in triptychs that accentuate an almost cinematographic aspect, the artist´s paintings are produced with thick strokes, using
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meaty and dense paints, with brazen and strident colors. His characters have the bonhomie and shrewd humor of the hillbilly and immediately awaken our complicity. An inheritance from the embroiderers and seamstresses who inhabited her childhood, Janaína Mello Landini´s flesh-colored ribbons build visual architecture where our eyes are caught and lost. There are many secret passages and paths in these woven labyrinths that are only revealed by the light that falls on the dense, changing and mysterious satin. This same magic material adorns the Bandeira do Divino (The Banner of the Divine) by Eder Santos, a video-installation that unexpectedly and powerfully combines craftsmanship, tradition and technology. Fluttering among golden stars, silk fringes and ribbons, the image of the Holy Spirit, emerges at the center of the banner; alive, vibrant and colorful, surrounded by a garland of roses in permanent movement. Permanence and impermanence are the issues that direct Tempo Tempo Tempo Tempo (Time Time Time Time). This work by Marco Tulio Resende could be included in other nuclei of the exhibition, both related to memory as well as his roots in Minas Gerais. Sérgio Carvalho´s choice, however, falls on the large paintings, where monumentality inspires the artist´s search. The series, Ecce Homo, reflects upon the human condition, evanescence and decomposition, and speaks of the parts of ourselves that are lost along the way. The artist dares to depict this tough reality using white, silver and blue, obtaining a dry and instigating result. Leandro Aragão´s proposition is to alert us to the increasingly quick obsolescence of electronic objects. Through video-objects, assembled from discarded materials, the artist reproduces a Brazilian aspect that is almost an institution – makeshift installations. The works shown in this exhibition belong to this line of research: Timecode is a digital hour-glass mounted on a device that is disproportionate to the result, in order to create an illusion of sand falling, of time passing. Ambulante (Stroller) is part of another line: that of interventions in public spaces, which, in this case shows a pulsating heart circulating in the city. The collective Tuttaméia presents the video-installation Pulmões (Lungs) that is made up of four audiovisual narratives that occur simultaneously on four screens. With powerful images, strong colors and a pulsating rhythm, they question life and death. In Water, with almost lyrical movements, in Air, in a suffocating manner, in Fire, uncontrolled, and in a Sky that appears threatening and thundering. Complementing the event is a room allocated to video art, another of Sérgio Carvalho’s passions, bringing together works by 11 artists from several states. These are: Andrei Müller (RJ), Berna Reale (PA), César Meneghetti (SP), Cláudia Leão (PA), Eder Santos (MG), Elen Gruber (MA), João Angelini (DF), Katia Maciel (RJ), Paulo Meira (PE), Rodrigo Braga (AM), Suzana Queiroga (RJ). We hope this exhibition will offer the public a complete view of the Brazilian contemporary scene, internationally recognized today, highlighting the importance that the artists from Minas Gerais occupy therein. Denise Mattar curadora
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ENCENAÇÕES DO REAL SCENES OF REALITY
ANA PRATA PAULO NAZARETH PEDRO DAVID RODRIGO ZEFERINO
ANA PRATA SETE LAGOAS-MG, 1980 VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO-SP
Poderá interessar, então, saber que as imagens que compõem o ‘empório’ de Ana Prata são quase sempre escolhidas a partir de buscas vagas pela internet, perseguindo os “thumbnails” que aparecem ao digitar, por exemplo, relâmpago”, “lightning” e, até, “tormenta elétrica”. Trata-se de uma busca aleatória e fortuita pelos detalhes das coisas que nos cercam já aprisionadas em fotografias e dispersas em mundo quase que paralelo da vasta ficção promovida no universo virtual. No momento de escolha de qual imagem será pintada, convivem critérios de ordem variada e não excludentes, o que acaba por promover a flutuação de assuntos e atmosferas nas pinturas resultantes. O trabalho finalizado põe em risco a verossimilhança, o que nos faz pensar em um coeficiente da verdade, uma expansão do campo da probabilidade a partir da desconstrução de uma imagem cuja origem e finalidade não nos interessam mais. Paulo Miyada e Diego Matos
It may be interesting to note that the images that make up Ana Prata´s “emporium” are almost always selected from random searches on the internet, following the thumbnails that appear when, for example, she types in “lightning” or even “electric storm”. This is a random and fortuitous search for details of things that surround us and that have already been captured in photos and distributed in a world that is almost parallel to the vast fiction promoted in the virtual universe. When choosing which image to paint, several different, though not exclusive, criteria are used, and this ends up promoting the inconstancy of subjects and atmospheres in the resulting paintings. The finished work puts at risk likelihoods, and this makes us consider a coefficient of truth, an expansion of the field of probability as a result of the deconstruction of an image whose origin and purpose no longer interest us. Paulo Miyada and Diego Matos
Tornado, 2010 acrílica sobre tela 140 x 100 cm
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PEDRO DAVID SANTOS DUMONT-MG, 1977 VIVE E TRABALHA EM BELO HORIZONTE-MG
As florestas brasileiras estão sendo gradativamente substituídas pelo eucalipto. Diversas indústrias siderúrgicas implantadas ao longo do território nacional compram desvairadamente enormes porções de terra, as desmatam totalmente, e realizam o que chamam “reflorestamento”: a substituição da vegetação nativa por essa espécie exótica vegetal, transgênica, que tem rápido crescimento e alta resistência a pragas. O eucalipto cobra um alto preço para realizar seu milagre desenvolvimentista: esgota a água e os nutrientes do solo, seca nascentes próximas e espanta totalmente a fauna, que não suporta seu odor. Nenhuma outra espécie vegetal consegue se desenvolver dentro de um campo de eucalipto. Pedro David
The Brazilian forests are gradually being substituted by eucalyptus trees. Several steel industries installed throughout the national territory are avidly buying enormous plots of land, deforesting them entirely, and then “reforesting” them: substituting native vegetation for this type of exotic transgenic tree, that grows quickly and is highly pest resistant. The eucalyptus takes a high toll in order to accomplish its miraculous development: it drains the water and nutrients from the soil, dries up nearby springs and scares away the fauna that cannot stand the smell. No other vegetable species can grow inside a eucalyptus plantation. Pedro David
Sufocamento, 2012/2014 da série Madeira de Lei fotografia 86 x 66 cm
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Sufocamento #1
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Sufocamento #6
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Sufocamento #9
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Sufocamento #10
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RODRIGO ZEFERINO IPATINGA-MG, 1979 VIVE E TRABALHA EM IPATINGA-MG
A série Revelações é o trabalho resultante de um certo tipo de insônia solitária, um jeito especial de experimentar a cidade lançando luzes sobre zonas de rarefação, lugares pouco habitados, esquecidos, que evidenciam a ação do tempo sobre as coisas. O uso da técnica de fotografia de longa exposição traz à tona luminosidades e cores praticamente invisíveis ao olho humano. A hibridação de luz natural e iluminação urbana noturna constroem um universo de cores hiperreais, supersaturadas, de exagerada vibração, compondo uma atmosfera enigmática. A luz está lá e é exatamente daquela cor, mas como são luzes muito baixas, o olho não consegue captar. Só a fotografia dá conta de revelar. Rodrigo Zeferino The Revelações (Revelations) series is the result of a certain kind of solitary insomnia, a special way of feeling the city by casting light on rarified zones, places that are sparsely inhabited or that have been forgotten, that shows the activity of time on things. The use of long exposure technique in photography brings to light brightness and colors that are practically invisible to the human eye. Natural light hybridization and urban nighttime illumination build a universe of hyper-real colors that are supersaturated and have an exaggerated vibrancy, composing an enigmatic atmosphere. Light is there and it is exactly that color, but since the lighting is very low, the naked eye cannot capture it. Only photography is able to reveal it Rodrigo Zeferino
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da série Revelações, 2005/2008 fotografias 50 x 75 cm
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da série Revelações, 2005/2008
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da série Revelações, 2005/2008
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da série Revelações, 2005/2008
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da série Revelações, 2005/2008
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da série Revelações, 2005/2008
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da série Revelações, 2005/2008
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PAULO NAZARETH GOVERNADOR VALADARES-MG, 1977 VIVE E TRABALHA AO REDOR DO MUNDO
Nas suas caminhadas, Paulo Nazareth busca o seu lugar. Em uma das linhas de trabalho que desenvolve, o artista se confronta com o “outro”, buscando nele traços em comum consigo mesmo: nas suas andanças, ele busca identificar traços que o inserem no mundo, traços de origem. E talvez ele venha a descobrir, com essas investigações, que ele, como muitos outros, é “realmente de lugar nenhum [...] Apesar de todas as armadilhas da diferença, os sujeitos e objetos podem ser mais semelhantes do que se imagina”. Maria do Carmo de Freitas Veneroso During his journeys, Paulo Nazareth is searching for his place. In one of the lines of work developed by him, the artist faces the “other”, trying to identify in him traits that he can see in himself: during this pilgrimage, he attempts to identify traits that will give him a place in the world, finding traces of his origin. And he may, perhaps, discover through these investigations, that he, like many others, is “really from nowhere [...] Despite all the traps of difference, subjects and objects may be more similar than could be imagined. ”. Maria do Carmo de Freitas Veneroso
da série Noticias da América, 2010/2012 fotografia 70 x 92 cm
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da série Notícias da América, 2010/2012 fotografia (dípico) 70 x 184 cm
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ENTRE SEGREDOS AMONG SECRETS
FARNESE DE ANDRADE JOÃO CASTILHO THAÏS HELT VALÉRIA PENA-COSTA
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JOÃO CASTILHO BELO HORIZONTE-MG, 1978 VIVE E TRABALHA EM BELO HORIZONTE-MG
Marie Jeanne nasceu em Paris, no bairro de Barbès, filha de pais malianos, imigrantes que chegaram à França no final da década de setenta. Como vários filhos de imigrantes africanos nascidos em território francês, Marie Jeanne sofria com a crise de identidade, de não pertencimento, de preconceito, de não aceitação e de exclusão. E, como eles, se envolveu na queima de carros ocorrida em 2005, em Paris. Foi presa, solta e mandada por sua mãe aos 22 anos de idade para o Mali. Pela primeira vez na vida Marie pisou no seu país de origem. E se encontrou. E lá eu a encontrei e a convidei para uma viagem de Bamako a Timbuktu, dois extremos desse país situado na África Ocidental, ex-colônia francesa, de população negra e muçulmana. Essa série de fotografias nasce desse encontro em que as figuras do autor e do personagem se apagam ou se confundem, atores trocam de papeis. Há fotografias feitas por ela onde eu apareço, fotografias feitas por mim onde eu apareço com ela, fotografias feitas por ela onde só ela aparece... ambos são atores e realizadores. São cores fortes com poucas variações de tons, muita ação, muito contraste entre preto e branco que evidencia as cores das peles dos personagens. Há nesta série forte carga erótica, de sensualidade e de intimidade.” João Castilho
Marie Jeanne was born in Paris, in the neighborhood of Barbès, the daughter of immigrants from Mali who arrived in France at the end of the decade of 1970. Like many other children of African immigrants born in the French territory, Marie Jeanne suffered from an identity crisis, feeling that she did not belong, discrimination, lack of acceptance and exclusion. And, like others, she became involved in the car burnings which occurred in 2005, in Paris. She was arrested, released and then sent by her mother to Mali when she was 22 years old. For the first time in her life Marie set foot in her country of origin. And there she found herself. And that´s where I found her and invited her to travel from Bamako to Timbuktu, the two extremes of this country that is situated in West Africa, a former French colony with a black, Muslim population. This series of photographs sprung from this encounter where the figures of the author and the character are erased or interchanged, like actors exchanging roles. There are photographs taken by her in which I appear, photographs that I took where I appear with her, photographs taken by her where only she appears... we are both actors and performers. There are strong colors with few tone variations, lots of action, plenty of contrasts between black and white which highlight the skin colors of the individuals. There is a heavy load of eroticism, sensuality and intimacy in this series. João Castilho
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da sĂŠrie Marie Jeanne, 2007 fotografia 75 x 112 cm
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da sĂŠrie Marie Jeanne, 2007 fotografia 75 x 112 cm
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da sĂŠrie Marie Jeanne, 2007 fotografia 100 x 67 cm
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da sĂŠrie Marie Jeanne, 2007 fotografia 120 x 80 cm
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da sĂŠrie Marie Jeanne, 2007 fotografia 120 x 80 cm
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da sĂŠrie Marie Jeanne, 2007 fotografia 100 x 67 cm
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da sĂŠrie Marie Jeanne, 2007 fotografia 100 x 150 cm
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FARNESE DE ANDRADE ARAGUARI-MG, 1926 RIO DE JANEIRO-RJ, 1996
Seus objetos, além de relíquias dessacralizantes e “objetos” da tradição artística moderna e contemporânea, também podem ser vistos como peças de um gabinete de curiosidades existencial e penitente, que acolhe itens oriundos não apenas de antiquários, de depósitos de madeiras de demolição e dos lixões urbanos, mas também das angústias, dúvidas pessoais e sentimentos contraditórios do próprio artista. (...) São passados e futuros não vividos, sentimentos negados, paixões destroçadas e vontades enclausuradas dentro de si próprio pelo artista. São vestígios e fantasmas de existências não concretizadas, memórias falsas, que sobrevivem apenas como visões ficcionais, muitas vezes grotescas, opressoras e dolorosas, mas igualmente sedutoras, já que seus materiais jogam com uma diversidade de substâncias, texturas e sensações, como nas melhores obras barrocas. Marcus de Lontra Costa
Besides being unsacred relics and “objects” from modern and contemporary artistic traditions, his objects may also be seen as parts of a cabinet of existential and penitential curiosities that include items originating not only from antique shops, wood demolition depots and from urban landfills, but also from the artist´s own anxieties, personal doubts and contradictory feelings. (...) They are unlived pasts and futures, sentiments that have been denied: defeated passions and desires confined within the artist himself. They are vestiges and ghosts from unrealized existences, false memories that survive only as fictional visions which are often grotesque, oppressive and painful, but equally seductive, because the materials include a diversity of substances, textures and sensations that are similar to the most important baroque works of art. Marcus de Lontra Costa
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sem tĂtulo, 1988/1992 assemblage 50 x 103 x 18 cm
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sem tĂtulo, sem data assemblage 84 x 70 x 23 cm
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Anunciação, 1972/1985 assemblage 77 x 43 x 16 cm
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Alice 2, 1978 assemblage 76 x 65 x 22 cm
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sem tĂtulo, 1978 assemblage 60 x 43 x 19cm
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Primeira ComunhĂŁo, 1994 assemblage 44 x 32 x 20 cm
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THAÏS HELT JUIZ DE FORA-MG, 1949 VIVE E TRABALHA EM NOVA LIMA-MG
Um universo de fragmentos envolve a artista plástica Thaïs Helt. Incontáveis objetos à sua volta circulam em fluxos entrecruzados, instigando conexões que rapidamente se refazem. A partir desse mergulho onírico no quebra-cabeça, ela emerge por inteiro em cada composição recolhida a uma caixa de vidro, escrínio no qual os enigmas se instalam. Ao flagrar no fragmento a ponta do mistério nele encerrado, de pronto a cena se articula, e a tesoura ágil da alfaiataria da infância recorta retalhos, retroses, rendas e reminiscências que, escaninho a escaninho, instauram uma narrativa. Imagem flamejante do tempo recuperado torna a caixinha, mais que oratório, um parlatório no qual se ouvem vozes do minuto que não passou. Urna, téssera mágica, tabernáculo, edícula, os receptáculos de memórias se reúnem como se formassem uma livraria encantada, um baú pedronaviano no interior do qual se aninham fabulosas histórias. Jorge Luis Borges gostaria de ter dirigido essa biblioteca fantástica. Angelo Oswaldo de Araújo Santos
A universe of fragments involves visual artist Thaïs Helt. Countless objects that are around her circulate in interwoven tides, instigating connections that are rapidly remade. From this oneiric plunge into a jigsaw puzzle, she emerges intact with each composition secluded in a glass box, a chest in which enigmas are kept. When catching in the fragment the thread of the mystery that is enclosed in it, the scene is suddenly articulated, and the agile scissors of childhood´s tailor cuts out the patches, silk scraps, lace and reminiscences that, bit by bit, form a narrative. A burning image of recovered time turns the box, more than into a shrine, into a parlor where voices of the minute that has not yet passed can be heard. An urn, magic weaver, tabernacle, magical tablet, niche; the receptacles of memories meet as if to form an enchanted bookstore, a Pedronaviano chest in whose interior fabulous stories are nesting. Jorge Luis Borges would have liked to be in charge of this fantastic library. Angelo Oswaldo de Araújo Santos
da série Quase um Museu de Objetos Esquecidos. Não precisa me explicar - É por isso que vim até aqui objetos (amanhos variados)
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VALÉRIA PENA-COSTA MONTE CARMELO-MG, 1964 VIVE E TRABALHA EM BRASÍLIA-DF
Sacre Coeur é uma série iniciada no ano de 2002, cujo conjunto de obras se dá a partir do tema “Quando minha mãe morreu”, e, posteriormente, “Quando meu amor morreu”, e é um dos elementos que compõem meu inventário de memórias e sentimentos. A imagem do coração é explorada de diversos modos, em objetos, desenhos e textos descritivos. São corações sangrando, corações esvaziados de vida e do viço da cor, corações marcados, lacrados, corações de ouro, corações perdidos em labirintos imperscrutáveis, com entrada e sem saída. As próprias veias e vasos formam teias que o aprisionam, perdem-se em si mesmas e conduzem a lugar nenhum. Ou conduzem à impossibilidade e à ausência. Essa série nunca deixou de ser continuada e ainda é construída. Sacro Cordis, Sacre Coeur, são corações sagrados, divinos, profanados, ocos, repletos, vivos e mortos, saudáveis ou comprometidos com o limite da própria vida. Valéria Pena-Costa
Sacre Coeur is a series that began in 2002. This set of works originates from the theme Quando minha mãe morreu (When my mother died), and, later, Quando meu amor morreu (When my love died), and is one of the elements that makes up my inventory of memories and sentiments. The image of a heart is explored in several ways: in objects, drawings and descriptive texts. They are bleeding hearts, hearts with no life or color, hearts that are marked or sealed, golden hearts, hearts lost in inscrutable labyrinths, with no entry or exit. The veins and arteries themselves form webs that imprison it, lost in itself and leading nowhere. Or lead to impossibility and absence. This series has never been discontinued and is still under construction. Sacro Cordis, Sacre Coeur, are sacred hearts, divine, profaned, hollow, alive and dead, healthy or damaged by the limits of life itself. Valéria Pena-Costa
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sem tĂtulo, 2003 da sĂŠrie Sacre Coeur desenho e pintura sobre papel 40 x 30 cm
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sem tĂtulo, 2004 da sĂŠrie Sacre Coeur desenho, pintura e colagem sobre papel 40 x 30 cm
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sem título, 2003 da série Sacre Coeur desenho com aplicação de lacre sobre papel 40 x 30 cm
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sem tĂtulo, 2003 da sĂŠrie Sacre Coeur desenho e pintura sobre papel 40 x 30 cm
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sem tĂtulo, 2004 da sĂŠrie Labirintos/ Quando meu amor morreu desenho sobre papel 40 x 30 cm
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RAÍZES ROOTS
EDER SANTOS FÁBIO BAROLI JANAÍNA MELLO LANDINI
FÁBIO BAROLI UBERABA-MG, 1981 VIVE E TRABALHA EM UBERABA-MG
Atualmente estou trabalhando paralelamente em duas séries “Muito pelo ao contrário” e “Meu matuto predileto”. A primeira trata-se de uma série baseada em trocadilhos em que homenageio meu pai. As pinturas são desenvolvidas a partir de frases e anedotas com duplo sentido - em sua maioria há um apelo sexual. São cenas caseiras que passam pelas ruas do bairro ou ambientes familiares. A segunda trata-se de uma reconstrução da figura do matuto, em que procuro discutir o regionalismo de maneira mais centrada e reflexiva, numa tentativa de compreender e apontar questionamentos sobre o nosso momento. As imagens também são retiradas do cotidiano e apresentam pessoas em suas relações com o meio, com a linguagem, a paisagem e a cultura no interior de Minas Gerais.” Fábio Baroli em entrevista a Sophia Pinheiro I am currently working simultaneously on two series Muito pelo ao contrário (Much to the contrary) and Meu matuto predileto (My favorite hillbilly). The first includes a series based on a play on words where I pay tribute to my father. The paintings are developed from phrases and anecdotes with double entendre – most of them with sexual allusions. They are common scenes that occur on neighborhood streets or in family environments. The latter deals with the reconstruction of the image of the hillbilly, where I attempt to discuss regionalism in a more focused and reflexive manner, and try to understand and pose questions about our times. The images are also taken from our day-to-day, and show people relating to their environment, with the language, landscape and culture of the countryside of Minas Gerais. Fábio Baroli during an interview to Sophia Pinheiro
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Véia Dica, 2013 da série Meu matuto predileto óleo sobre tela (tríptico) 160 x 240 cm
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O padre quer por ocê bento, 2013 da série Muito pelo ao contrário óleo sobre tela (díptico) 150 x 260 cm
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Meu matuto predileto, 2013 da série Meu matuto predileto óleo e carvão sobre tela (tríptico) 150 x 260 cm
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JANAÍNA MELLO LANDINI SÃO GOTARDO-MG, 1974 VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO-SP
Cada um dos trabalhos da artista abrange três aspectos temporais que não podem ser esquecidos e que juntos nos colocam ante um questionamento contínuo de estruturas aprendidas. O tempo empírico, em primeiro lugar. (...) No início foi o caminho que via no percurso de sua casa ao trabalho, em Minas Gerais. Os reflexos e luzes foram formando outro panorama (...) uma estrutura abstraída em pixels que são a origem da série “Labirintos” (...). O tempo abstrato. A formação como arquiteta faz com que Janaina planeje cada uma de suas instalações e peças como um projeto. (...) As linhas desses labirintos não têm um ponto de fuga único, e não tem um só ponto de vista. Todas elas formam a visão do que a artista define como “poli-olho”, resultando em um grande ciclotrama onde se unem todos os pontos de vista possíveis. (...) E, por último, o tempo histórico. Não o tempo da grande história, mas sim aquele que decorre na duração do trabalho manual, do tecimento da trama e da urdidura, aquele que provém da tradição das mulheres costureiras que lhe ensinaram a bordar. (...) Marta Ramos-Yzquierdo
Each one of this artist´s works covers three temporal aspects that cannot be forgotten and which jointly place us before a continuous questioning of learned structures, In the first place, empirical time.. (...) At first it was the path seen on the route from home to work in Minas Gerais. The reflections and lights began to form another panorama (...) a structure abstracted in pixels that is the origin of the Labirintos (Labyrinths) series (...). Next, abstract time. Her education as an architect causes Janaina to plan each of her installations and works as if it were a Project. (...) The lines of these labyrinths have no unique point of escape, and do not have only one viewpoint.. They all construe the vision that the artist defines as “multi-eyed”, resulting in a huge cyclorama where all possible points of view are joined. (...) And, lastly, historical time. Not the time of the great history, but that which exists while manual work lasts, weaving the thread and plot, one that comes from the traditions of seamstresses who taught her embroidery. (...) Marta Ramos-Yzquierdo
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sem tĂtulo, 2014 da sĂŠrie Labirintos RizomĂĄticos I fitas de tecido sobre madeira 185 x 140 cm
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sem tĂtulo, 2014 da sĂŠrie Labirintos RizomĂĄticos I fitas de tecido sobre madeira 140 x 185 cm
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sem tĂtulo, 2014 da sĂŠrie Labirintos RizomĂĄticos I fitas de tecido sobre madeira 140 x 93 cm
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sem tĂtulo, 2014 da sĂŠrie Labirintos RizomĂĄticos I fitas de tecido sobre madeira 93 x 140 cm
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EDER SANTOS BELO HORIZONTE-MG, 1960 VIVE E TRABALHA EMBELO HORIZONTE-MG
Eder constrói uma linguagem visual com tecnologias bastante variadas, híbridas, que vão até os meios digitais e fílmicos, em especial os super-8 caseiros, realizados por amadores, como na obra Europa em 5 Minutos, em que exerce toda a sua capacidade de desnudar os módulos cognitivos da imagem. Santos cria obras vibrantes e poéticas que fundem elementos pessoais, culturais e tecnológicos, que reinterpretam temas relacionados às heranças culturais brasileiras e evocam os ritmos e as texturas da memória e da história, criando uma reflexão sobre a sociedade contemporânea. Em obras como Não vou à África porque tenho plantão, Essa coisa nervosa e Janaúba, Eder Santos deixa claro essa postura, reafirmando também seu compromisso com a busca incansável de recursos estilísticos. Solange Farkas
Eder builds a visual language with greatly varied and hybrid technology that include digital and filming resources, especially the homemade super-8 films, made by amateurs, such as in Europa em 5 Minutos (Europe in 5 Minutes), where he exercises all his skill to reveal the perception of the image. Santos creates vibrant and poetic works that blend personal, cultural and technological elements and that reinterpret themes related to Brazilian cultural heritages and evoke the rhythms and textures of memory and history, creating a reflection on contemporary society. In works such as Não vou à África porque tenho plantão (I won´t go to Africa because it´s my shift), Essa coisa nervosa (That nervous thing) and Janaúba, Eder Santos clearly shows this posture, reaffirming as well his commitment to a tireless search for stylistic resources. Solange Farkas
Bandeira do Divino, 2009 videoescultura 150 x 110 cm
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Bandeira do Divino, 2009 videoescultura 150 x 110 cm
TEMPO TEMPO TEMPO TEMPO TIME TIME TIME TIME
LEANDRO ARAGÃO MARCO TULIO RESENDE TUTTAMÉIA
MARCO TULIO RESENDE BELO HORIZONTE-MG, 1950 VIVE E TRABALHA EM BELO HORIZONTE-MG
As pegadas do homem na terra polarizam com o céu. A terra, desejo terrestre e suas possibilidades de sublimação e perversão. Ecce Homo está em todos os lugares. Sobre o abismo, diante dele o fascínio dionisíaco. Mais uma vez Ecce Homo abre-se ora ao sagrado, ora ao profano. Caminhar entre Jesus Cristo e Nietzsche nessa experiência mística em que o artista evidencia a existência da coisa humana. (...) Ecce Homo traz representações de um corpo erótico fragmentado. São imagens que condensam relações de correspondências de jogos de amor e morte. Jogos eróticos que se encontram no desejo e na interdição. Vera Casa Nova Man´s footprints on Earth polarize the heavens. The Earth, earthly desire and its possibilities of perfection and perversion.. Ecce Homo is everywhere. Over the abysm and facing Dionisian fascination. Once again Ecce Homo opens, now to the sacred, now to the profane. Walking between Jesus Christ and Nietzsche in this mystical experience where the artist proves the existence of what is human . (...) Ecce Homo brings us representations of the fragmented erotic body. These are images that condense relationships into games of love and death. Erotic games that meet in desire and interdiction.. Vera Casa Nova
Série Ecce Hommo
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sem título, 2010 da série Ecce Homo acrílica e óleo sobre tela 192 x 192 cm
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sem título, 2010 da série Ecce Homo acrílica e óleo sobre tela 220 x 200 cm
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LEANDRO ARAGÃO BELO HORIZONTE-MG, 1983 VIVE E TRABALHA EM BELO HORIZONTE-MG
Timecode é uma ampulheta digital montada com tubos de raios catódicos. Se a ampulheta é um relógio de grãos de areia que caem, Timecode é um relógio de vídeo frames de grãos de areia que não caem, mas que te dão essa impressão. Cada frame retrata um instante desse jogo entre a gravidade e os grãos da areia. A obra emula o funcionamento da antiga invenção, mas também a subverte. (...) Em Timecode, o tempo faz parte da obra, não pode prescindir dela. Nesse sentido o artefato parece se proteger da ideia de prazo, aproximando a noção de tempo de algo mais ligado ao sentido de ensejo. (...) Qual o destino dos artefatos tecnológicos em desuso? Vamos viver em mundo de objetos e ideias cada vez mais descartáveis? Enquanto os questionamentos vão surgindo, o artista improvisa o seu próprio relógio, com as peças que o “futuro” insiste em querer descartar. Timecode não existe para ganhar tempo, mas para propor um acordo, ganhar do tempo aquilo que dele é nosso, essa contínua invenção. Taunay Mota
Timecode is a digital hour-glass assemmbled with cathode ray tubes. If the hour-glass is a clock that drips sand grains, Timecode is a clock made of video frames of sand grains that do not fall, but which appear to do so. Each frame depicts an instant in this game between gravity and the sand grains. This work emulates the way this ancient invention works, but also subverts it. (...) In Timecode, time is an integral part of the work of art, and cannot exist without it. In this sense, the artifact appears to protect itself from the idea of length of time, approximating the notion of time to something that is more connected to a sense of opportunity. (...) What is the destination of technological artifacts that are no longer being used? Shall we live in a world of increasingly discarded objects and ideas? While these questions arise, the artist improvises his own clock, with pieces that the “future” insists on discarding. Timecode isn´t there to gain time but to propose an agreement: to obtain from time that which is ours, that continuous invention.
Timecode, 2014 Vódeo-objeto
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Ambulante é um aparato de natureza móvel e sua estrutura básica consiste em um tubo de TV anexado a um carrinho de carga, para exibição de vídeo. Um elemento doméstico e um elemento da rua, unidos por parafusos e porcas. Bateria e dispositivos para reprodução e captação de imagens também incorporam a obra. A sua construção, que se dá a partir de elementos obsoletos reciclados, componentes low-tech e “made in China”, propõe um novo significado para o contexto artístico e tecnológico, ao assumir uma postura de recontextualização criativa de materiais entendidos como ultrapassados. A elaboração deste dispositivo opera dentro da espontaneidade improvisada do cotidiano das cidades. Através de deslocamentos por fluxos/percursos urbanos, é a caminhada como procedimento artístico, situando-a em um território banal, o trabalho é deambular pela cidade propondo uma reflexão sobre a obsolescência dos hábitos e das coisas. Taunay Mota
A stroller is a device of mobile nature and its basic structure consists of a TV tube attached to a load cart on which to exhibit a video. A domestic element and a street element joined by screws and nuts. A battery and devices for reproducing and capturing images are also parts of this work. Built from obsolete, recycled elements, low-tech and “made in China” component, this construction proposes a new meaning for artistic and technological contexts by assuming a posture of creative re-contextualizing of materials that are considered obsolete. The elaboration of this device works together with the improvised spontaneity of daily life in cities. Through movements on urban routes/tides, we have the journey as an artistic procedure, situating it as something commonplace, wandering around the city and proposing a reflection on the obsolescence of habits and things.
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Ambulante, 2009 vĂdeo-objeto
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TUTTAMÉIA FERNANDO AQUINO ARAÚJOS-MG, 1984 VIVE E TRABALHA EM BRASÍLIA-DF
MÁRCIO H. MOTA BRASÍLIA-DF, 1983 VIVE E TRABALHA EM BRASÍLIA-DF
Pulmões é uma videoinstalação composta por quatro narrativas audiovisuais (água, fogo, ar e céu) que se desenrolam simultaneamente em quatro telas. O trabalho representa a natureza como força mística e motriz: alegoria de vida e morte. Afogamento, dança e duas alquimias fazem parte da imagem proposta. Tuttaméia
Pulmões (Lungs) is a video-installation that is composed of four audiovisual narratives (água, fogo, ar e céu)(water, fire, air and sky) that occur simultaneously on four screens. This work represents nature as a mystical and driving force: an allegory of life and death. Drowning, dancing and two alchemies are part of the proposed image.
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Pulmões, 2012 videoinstalação
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I Água (03:27)
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II Fogo (02:18)
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III Ar (04:20)
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IV Céu (04:58)
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ATMOSFERAS ATMOSPHERES
ANDREI MÜLLER BERNA REALE CÉSAR MENEGHETTI CLÁUDIA LEÃO EDER SANTOS ELEN GRUBER JOÃO ANGELINI KATIA MACIEL PAULO MEIRA RODRIGO BRAGA SUZANA QUEIROGA
ATMOSFERAS reúne 20 vídeos de 11 artistas de diferentes gerações. A seleção, realizada por Sérgio Carvalho, evidencia as múltiplas possibilidades dessa linguagem artística. Eder Santos é um dos pioneiros da linguagem videográfica no Brasil e criador de uma cinematografia eletrônica original e pessoal. Os trabalhos de Claudia Leão, César Meneguetti e Suzana Queiroga são crônicas das águas. Claudia filma uma viagem de Belém a Marajó, que transcende o registro, para tornar-se uma reflexão sobre a fluidez do rio, a delicadeza das luzes e a estridência das vilas. Meneguetti faz um réquiem a Veneza mesclando imagens do mar a referências óticas, e Queiroga evoca suas densas memórias na areia da praia. Um leve humor, por vezes ácido, permeia alguns trabalhos performáticos, que se apoiam estruturalmente na repetição de imagens: Elen Gruber força os limites de seu corpo, Katia Maciel faz respirar uma árvore e desafia a gravidade, mantendo-se em suspensão. João Angelini reflete sobre o trabalho tedioso, repetitivo e enlouquecedor, que míseras moedas nunca deixam parar. Performances contundentes são a marca de Berna Reale, ela nos assombra com porcos conduzindo a burguesia pelas ruas de uma comunidade, com a aparição dourada, que dança alienada no lixão, e com o grito retido na boca das vítimas/ fantasias do machismo. Da mesma linhagem é o trabalho de Rodrigo Braga, exaurindo o grito de desespero que está dentro de cada um de nós. Paulo Meira questiona os limites da arte/vida, destino/livre-arbítrio, criando imagens oníricas de beleza bizarra, inquietante e desconfortável. Nos limites do sonho/pesadelo Andrei Müller incendeia, numa grande fogueira, suas memórias e histórias.
ATMOSFERAS (Atmospheres) brings together 20 videos by 11 artists from different generations. The selection, carried out by Sergio Carvalho, shows the multiple possibilities of this artistic language. Eder Santos is one of the pioneers of videographic language in Brazil and has created an original and personal electronic cinematography. We can consider the works of Claudia Leão, Cesar Meneguetti and Suzanna Queiroga as water chronicles. Claudia films a trip from Belem to Marajo and transforms a factual record into a reflection on the river´s fluidity, the delicacy of the lights and the shrillness of the villages. Meneguetti offers a requiem for Venice, blending images of the sea and visual references and Queiroga evokes deep memories on the sands of a beach. Light, though at times acid, humor permeates this set of performing works, which are structurally supported by the repetition of images: Elen Gruber stretches the limits of her body, Katia Maciel make a tree breathe and challenging gravity, remains suspended in the air. João Angelini reflects on work that is boring, repetitive and maddening and that niggardly coins prevent from being abandoned. Incisive performances are a mark of Berna Reale´s work, and she haunts us with pigs leading the bourgeoisie through the streets of the community, with a golden apparition that dances in a garbage dump, and with a scream held back in the throat of a victim/chauvinistic fantasies. From this same line are the works ofRodrigo Braga drawing out the desperate scream that is in each of us. Paulo Meira questions the limits of art/life, fate/free will, creating oneiric images with bizarre, disturbing and unsettling beauty. On the threshold of a dream/nightmare, Andrei Muller lights a great fire with his memories and stories.
Atmosferas
ANDREI MÜLLER RIO DE JANEIRO-RJ, 1978 VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO-SP Shame Humility Revenge, 2014 vídeo (12’59”)
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BERNA REALE BELÉM-PA, 1965 VIVE E TRABALHA EM BELÉM-PA Soledade, 2013 performance (03’03”)
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BERNA REALE Rosa Púrpura, 2014 performance (03’02”)
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BERNA REALE Cantando na Chuva, 2014 performance (04’12”)
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CÉSAR MENEGHETTI SÃO PAULO-SP, 1964 VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO-SP
Venice Requiem, 2009 vídeo (04’59”)
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CÉSAR MENEGHETTI Venice Requiem, 2009 vídeo (04’59”)
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CÉSAR MENEGHETTI O Túnel, 2005 vídeo (10’27”)
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CLÁUDIA LEÃO BELÉM-PA, 1967 VIVE E TRABALHA EM BELÉM-PA
Navs e Paisagens: Diários de Bordo entre Belém e Chaves, 2014 vídeo (21’03”)
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CLÁUDIA LEÃO Navs e Paisagens: Diários de Bordo entre Belém e Chaves, 2014 vídeo (21’03”)
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EDER SANTOS BELO HORIZONTE-MG, 1960 VIVE E TRABALHA EM BELO HORIZONTE-MG
Janaúba, 1993 vídeo (17’55”)
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EDER SANTOS Framed by Curtains, 1999 vídeo (10’54”)
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EDER SANTOS A Delicadeza do Amor, 2004 vídeo (10’16”)
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EDER SANTOS A Delicadeza do Amor, 2004 vídeo (10’16”)
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ELEN GRUBER CAXIAS-MA, 1984 VIVE E TRABALHA EM SÃO PAULO-SP O Arremesso de 200 kg, 2013 vídeo (02’20”)
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JOÃO ANGELINI PLANALTINA-DF, 1980 VIVE E TRABALHA EM BRASÍLIA-DF
L.E.R, 2007 vídeo (07’58”)
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KATIA MACIEL RIO DE JANEIRO-RJ, 1963 VIVE E TRABALHA NO RIO DE JANEIRO-RJ
Uma Árvore, 2009 vídeo (05’01”)
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KATIA MACIEL Autobiografia, 2014 vídeo (04’15”)
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KATIA MACIEL Vulto, 2013 vídeo (04’39”)
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PAULO MEIRA ARCOVERDE-PE, 1966 VIVE E TRABALHA EM RECIFE-PE
Épico Culinário, 2012 vídeo (23’28”)
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PAULO MEIRA O Marco Amador (Sessão Cursos) Vídeo (31’22”)
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RODRIGO BRAGA MANAUS-AM, 1976 VIVE E TRABALHA NO RIO DE JANEIRO-RJ
Mentira Repetida, 2011 vídeo (05’24”)
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SUZANA QUEIROGA RIO DE JANEIRO-RJ, 1961 VIVE E TRABALHA NO RIO DE JANEIRO-RJ
Olhos d’água, 2013 vídeo (06’58”)
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SUZANA QUEIROGA Cais, 2013 vídeo (04’48”)
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CENTRO CULTURAL MINAS TÊNIS CLUBE
CANTATA Um recorte da Coleção Sérgio Carvalho
Presidente Luiz Gustavo Lage
Coleção Sérgio Carvalho
Diretora de Cultura Silvia Rubião Gerente de Cultura Wanderleia Magalhães Coordenação Técnica Bruno Cerezoli Assessoria de Imprensa Gerência de Comunicação MTC Comissão Curadora da Galeria Cláudia Renault Mário Zavagli Marcos Hill
Curadoria Denise Mattar Expografia e iluminação Guilherme Isnard Assistente de curadoria Rachel Vallego Produção Sheila Katz Assistente de produção Juliana Gontijo Identidade visual e sinalização expositiva Kaminari Comunicação Fotografia Ding Musa Tradução Monica Mills Museóloga da Coleção Ana Maria Frade Elaboração de laudos técnicos do acervo Blanche Thais Porto de Matos Elisabeth Alves Kiefer Montagem Nível Produtora Cultural Equipamento audiovisual Images Soluções Audiovisuais Execução do projeto expográfico OCRI - Oficina Criativa Projeto educativo Coordenação Mirian Chiara Educadores Fabíola Rodrigues Juliana Gonçalves Impressão RR Donnelley
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AGRADECIMENTOS
Allen Roscoe Daiana Castilho MarĂlia Panitz Marisa Mokarzel Pollyana Morgana Priscila Arantes Renato Morcatti
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C229 Cantata : um recorte da Coleção Sergio Carvalho = Cantata : a cutout of the Sergio Carvalho Collection / [versão para o inglês Monica Mills ; fotógrafo Ding Musa] . – Belo Horizonte, MG : Minas Tênis Clube, 2016 200 p. : il. color. ; 27 x 21 cm Catálogo de exposição realizada no Minas Tênis Clube, Galeria de Arte – CFs, de 10 de julho a 18 de setembro de 2016 Curadoria: Denise Mattar Texto em português e inglês ISBN 978-85 1. Carvalho, Sergio - Coleções de arte. 2. Arte contemporânea - Século XXI Exposições. 3. Arte brasileira – Século XXI - Exposições. 4. Artes visuais - Exposições. I. Mattar, Denise. II. Minas Tênis Clube (Belo Horizonte, MG) CDD 709.81 mtsilva CRB7 3782
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REALIZAÇÃO
PATROCÍNIO