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ília Sh alom m fa r e S | O mor a Deus a TESTEMUNH e d s o n a 7 ia Nair: 9 ESPECIAL | T
Ano 26 • nº 235 | Fevereiro • 2013 • R$ 9,90
e m “Eis
” ! e m a i v n e , i u aq Is 6,8
“A liturgia da Quarta-Feira de Cinzas indica na conversão do coração a Deus a dimensão fundamental do tempo quaresmal. Esta é a chamada muito sugestiva que nos vem do tradicional rito da imposição das cinzas. Rito que assume um dúplice significado: o primeiro relativo à mudança interior, à conversão e à penitência, enquanto o segundo recorda a precariedade da condição humana.” (Papa Bento XVI)
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“Vai e faz tu também o mesmo”
Bernadette: o instrumento de Nossa Senhora de Lourdes
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Comunicar a fé hoje
“Bem-aventurados os misericordiosos” (parte 1)
SUMÁRIO
A Palavra do Papa
Fé e razão
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Orando com a Palavra “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”
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Testemunho Ser família Shalom
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Liturgia e Sacramento Festa da Apresentação do Senhor
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Promoção humana
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A Igreja Celebra
Especial
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Acontece no Mundo • Papa recebe 80 mil assinaturas para a oração diária do terço • Uso de crucifixo no local de trabalho: tribunal europeu condena governo inglês
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Acontece na Comunidade • Shalom é capa em edição vaticana • Renascer 2013
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Divirta-se
Projeto Volta Israel: resposta da Comunidade Shalom ao flagelo das drogas!
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Tia Nair: 97 anos de amor a Deus
Assunto do Mês Fraternidade e Juventude: “Eis-me aqui, envia-me!”
Especial
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Entrelinhas Criador de mim!
Carta ao leitor
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este tempo especial da Quaresma, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos apresenta a Campanha da Fraternidade 2013 como itinerário de conversão pessoal, comunitário e social. Lançada no dia 13 de fevereiro, a Campanha tem como tema “Fraternidade e Juventude” e como lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8). No Rio de Janeiro, será realizada a Jornada Mundial da Juventude 2013 (JMJ), que também nos incentiva a ter o espírito missionário, por meio do tema apontado pelo Papa Bento XVI: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). A Campanha da Fraternidade anuncia a JMJ e convida a todos os jovens a serem verdadeiros missionários, colocando-se a serviço da evangelização.
Coordenador Geral das Edições Shalom
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EXPEDIENTE Fundador e moderador geral da Comunidade Católica Shalom Moysés Azevedo
Coordenação Geral das Edições Shalom FILIPE CABRAL
Coordenação Editorial
CAROLINA FERNANDES
Equipe de Redação
José Ricardo F. Bezerra e Irlanda Aguiar
Revisão
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Editor de Arte
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Gerente Comercial
ELIANA GOMES LIMA
Assinaturas
ÂNGELA GONÇALVES
Jornalista Responsável Egídio Serpa
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Shalom Maná | Fevereiro 2013
Para refletirmos um pouco mais sobre a CF 2013 e a Jornada Mundial da Juventude que se aproxima, apresentamos no “Assunto do Mês” o artigo “Fraternidade e Juventude: ‘Eis-me aqui, envia-me’”. O texto de Célio Lourenço, assessor jovem da Comunidade Shalom, nos ajudará a compreender ainda mais a importância da participação dos jovens na ação missionária e evangelizadora da Igreja. Ainda nesta edição, você poderá conferir o testemunho do casal José Neto e Alessandra Barbosa, membros da Comunidade Católica Shalom, que, mesmo em meio às dificuldades, soube confiar inteiramente na vontade de Deus. No dia 11 de fevereiro, comemora-se a festa de Nossa Senhora de Lourdes. Na seção “A Igreja Celebra”, você saberá um pouco mais sobre a mensagem e as aparições de Nossa Senhora à pequena camponesa Bernadette Soubirous, na França. Na seção “Entrelinhas”, Emmir Nogueira faz uma reflexão sobre o amor de nosso Pai do Céu, “criador de mim” e de todas as coisas. Estes e muitos outros artigos fazem parte desta edição de fevereiro, preparada com muita dedicação para todos vocês, caros leitores. Escreva também para nós, desejamos saber a sua opinião e sugestões. O espaço “Fala Leitor” é reservado para vocês. Boa leitura! Que Deus os abençoe! Shalom! Filipe Cabral
Ano 26 • nº 235 | Fevereiro • 2013 • R$ 9,90
EDITORIAL
Fraternidade e juventudade
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Shalom s O | Ser família TESTEMUNH de amor a Deu Nair: 97 anos ESPECIAL | Tia
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Fala leitor 4
ESPECIAL | A conversão de São Paulo SHALOM EM MISSÃO | Formação e evangelização na missão de Lugano (Suíça)
Ano 26 • nº 234 | Janeiro • 2013 • R$ 9,90
Maria, Mãe e Mestra da Fé
No “Assunto do Mês” da edição de janeiro, voltamos o nosso olhar para Maria, que é Mãe e Mestra nos caminhos da fé. “Mestra porque toda a sua vida e o seu caminho estão fundamentados na fé em Deus e nos Seus desígnios”, nos ensinou padre Rômulo dos Anjos em seu artigo. Apresentamos ainda, com muita alegria, as novas seções “Promoção Humana” e “Shalom em Missão”. Por meio delas, você pôde conhecer melhor as ações da Comunidade Shalom voltadas para a promoção da dignidade do homem e da valorização da vida. Além disso, na seção “Shalom em Missão”, foi possível saber um pouco mais sobre as ações evangelizadoras dos missionários da Comunidade em Lugano (Suíça). Confira os comentários dos nossos leitores sobre outros artigos da Shalom Maná de janeiro. Escreva também para nós. O nosso e-mail é: shalomana@comshalom.org.
Assunto do Mês: Maria, Mestra da Fé “Ela sempre acreditou, seja no momento do anúncio do anjo, no cotidiano da sua vida e da vida de Jesus, guardando tudo no seu coração.” O artigo que mais me chamou a atenção foi “Maria, mestra da fé”. Ele fala sobre a obediência, a dedicação e a entrega total de Maria. Pude entender que em seu coração só havia amor a Deus, amor que era acima de qualquer coisa. A sua entrega e confiança em Deus nos mostram o quanto é importante a soberania e o cuidado que o Pai tem conosco. Ela, em cada atitude, nos ensina a termos fé e acreditarmos nas bênçãos derramadas em nossas vidas. Maria, o modelo de mulher e mãe, e ao mesmo tempo filha que obedece ao Pai com toda renúncia de si mesma e dedicação à vontade de Deus. Alexandra dos Santos Nascimento Suporte Comercial das Edições Shalom em Aquiraz/CE
Shalom Maná | Fevereiro 2013
Entrelinhas: “Creio! Ani maamin!”
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“Ano da Fé, ano de ani maamin! Ano de adesão pessoal à Pessoa de Deus até as últimas consequências práticas de minha vida.” Que belo o texto da Emmir! Com poucas palavras abrangeu a paternidade humana e a divina; os valores humanos, que passam, e os divinos, que são eternos. E mais ainda, nos faz penetrar logo em meditação acerca do amor de Deus, do meu Pai, do nosso Pai, amor este grandioso, majestoso, poderoso, é tanto amor que nos constrange, já que não estamos, digamos assim, acostumadas a ser tão amados, não obstante nossas limitações. Não sou filha do estado. Sou filha do amor. Creio! Ani maamin! Patricia Aguiar Membro da Obra Shalom em Fortaleza/CE
Fé em versos
Uau! Radicalidade! Ricardo Vale Baumgratz
Ser jovem Vigor e radical amor Ser inteiro, intenso Ser feliz, fazer feliz Ser tudo para o Tudo
Voar enfim O voo dos apaixonados pelo verdadeiro amor Amor que atrai Amor que na cruz se deu
Tudo dispor e se dispor Escalar montanhas Navegar, ir à praia, surfar Ser original Estar conectado
Único, simples, grande, belo Vale a pena todo amor, dor, vigor, fervor A Ele buscar sem temor
Escalar para encontrar a verdadeira felicidade Ultrapassar todo obstáculo Deixar toda facilidade Viver toda radicalidade
Com festa, música, arte Com Maria, servindo Na plena alegria No amor sempre jovem Ser.
Especial: “Mas o que era para mim lucro, tive como perda, por amor de Cristo” “Paulo evangeliza com parresia aqueles que, antes, queria perseguir.” Falar sobre a conversão de Paulo é algo que mexe com todos nós, porque não é uma conversão que aconteceu somente pelo fato de aceitar ou não aceitar a Palavra de Deus, e sim de transformar ou não toda uma vida a favor da evangelização em nome de Jesus Cristo. Assim fez Paulo, transformou toda a sua experiência intelectual, cultural e religiosa, que antes o cegava para Jesus Cristo, em favor da evangelização dos povos. A respeito das viagens apostólicas de Paulo mencionadas no artigo, o texto revela um fato que exemplifica bem a cegueira oriunda do conhecimento para as coisas de Deus: a sua passagem pela cidade de Atenas, onde Paulo não fundou uma comunidade cristã porque não foi bem recebido pelos filósofos, pois eram pessoas que estavam cegas na fé por causa do conhecimento intelectual, não enxergando a ação de Deus, que é um conhecimento espiritual. Paulo se valeu de sua bagagem intelectual para aproximarse das comunidades, porém, foi a ação do Espírito Santo que o fez viver por Cristo e com Cristo, transformando o seu martírio em um grande ato de evangelização.
José Osmir Vasconcelos Lima Silvestre Membro da Obra Shalom em Fortaleza/CE www.edicoesshalom.com.br
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a palavra do papa
“Vai e faz tu
também o mesmo” Shalom Maná | Fevereiro 2013
Mensagem do Papa Bento XVI para o XXI Dia Mundial do Doente, 11 de fevereiro de 2013
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O Santo Padre recorre à figura do Bom Samaritano para lembrar o que o Senhor quer de seus filhos: que saibam cuidar uns dos outros, com especial atenção aos que mais necessitam.
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o dia 11 de fevereiro de 2013, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, celebra-se de forma solene, no Santuário mariano de Altötting, o XXI Dia Mundial do Doente. Este dia constitui, para os doentes, os operadores sanitários, os fiéis cristãos e todas as pessoas de boa vontade, “um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade” (João Paulo II, Carta de instituição do Dia Mundial do Doente, 13 de Maio de 1992, 3). Nesta circunstância, sinto-me particularmente unido a cada um de vós, amados doentes, que, nos locais de assistência e tratamento ou mesmo em casa, viveis um tempo difícil de provação por causa da doença e do sofrimento. Que cheguem a todos estas palavras tranquilizadoras dos padres do Concílio Ecuménico Vaticano II: “Sabei que não estais (…) abandonados, nem sois inúteis: vós sois chamados por Cristo, a sua imagem viva e transparente” (Mensagem aos pobres, aos doentes e a todos os que sofrem). O Bom Samaritano Para vos acompanhar na peregr inação espiritual que nos leva de Lourdes, lugar e símbolo de esperança e de graça, ao Santuário de Altötting, desejo propor à vossa reflexão a figura emblemática do Bom Samaritano (cf. Lc 10,2537). A parábola evangélica narrada por São Lucas faz parte de uma série de imagens e narrações tomadas da vida diária, pelas quais Jesus quer fazer compreender o amor profundo de Deus por cada ser humano, especialmente quando se encontra na doença e no sofrimento. Ao mesmo tempo, porém, com as palavras finais da parábola do Bom Samaritano: “Vai e faz tu também o mesmo” (Lc 10,37), o Senhor indica qual é a atitude que cada um dos seus discípulos deve ter para com os outros, particularmente se necessitados de cuidados. Tratase, por conseguinte, de auferir do amor infinito de Deus, através de um intenso relacionamento com Ele na oração, a força para viver diariamente uma solicitude concreta, como o Bom Samaritano, por quem está ferido no corpo e no espírito, por quem pede ajuda, ainda que desconhecido e sem recursos.
“Ele não se vale da sua igualdade com Deus, do seu ser Deus (cf. Fl 2,6), mas inclina-se, cheio de misericórdia, sobre o abismo do sofrimento humano, para nele derramar o óleo da consolação e o vinho da esperança.”
Isto vale não só para os agentes pastorais e sanitários, mas para todos, incluindo o próprio enfermo, que pode viver a sua condição numa perspectiva de fé: “Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor” (Enc. Spe salvi, 37). Diversos padres da Igreja viram, na figura do Bom Samaritano, o próprio Jesus e, no homem que caiu nas mãos dos salteadores, Adão, a humanidade extraviada e ferida pelo seu pecado (cf. Orígenes, Homilia sobre o Evangelho de Lucas XXXIV, 1-9; Ambrósio, Comentário ao Evangelho de São Lucas, 71-84; Agostinho, Sermão 171). Jesus é o Filho de Deus, aquele que torna presente o amor do Pai: amor fiel, eterno, sem barreiras nem fronteiras; mas é também aquele que “se despoja” da sua “veste divina”, que baixa da sua “condição” divina para assumir forma humana (cf. Fl 2,6-8) e aproximar-se do sofrimento do homem até a ponto de descer à mansão dos mortos, como dizemos no Credo, levando esperança e luz. Ele não se vale da sua igualdade com Deus, do seu ser Deus (cf. Fl 2,6), mas inclina-se, cheio de misericórdia, sobre o abismo do sofrimento humano, para nele derramar o óleo da consolação e o vinho da esperança. Movidos pela caridade O Ano da Fé, que estamos a viver, constitui uma ocasião propícia para se intensificar o serviço da caridade nas nossas comunidades eclesiais, de modo que cada um seja bom samaritano para o outro, para quem vive ao nosso lado. A propósito, desejo recordar algumas figuras, dentre as inúmeras na história da www.edicoesshalom.com.br
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Igreja, que ajudaram as pessoas doentes a valorizar o sofrimento no plano humano e espiritual, para que sirvam de exemplo e estímulo. Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, “perita da scientia amoris” (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 42), soube viver “em profunda união com a Paixão de Jesus” a doença que a levou “à morte através de grandes sofrimentos” (Audiência Geral, 6 de abril de 2011). O Venerável Luís Novarese, de quem muitos conservam ainda hoje viva a memória, no exercício do seu ministério sentiu de modo particular a importância da oração pelos e com os doentes e atribulados, que acompanhava frequentemente aos santuários marianos, especialmente à gruta de Lourdes. Movido pela caridade para com o próximo, Raul Follereau dedicou a sua vida ao cuidado das pessoas leprosas mesmo nos cantos mais remotos da terra, promovendo entre outras coisas o Dia Mundial contra a Lepra. A Beata Teresa de Calcutá começava sempre o seu dia encontrando Jesus na Eucaristia e depois saía pelas estradas com o rosário na mão para encontrar e servir o Senhor presente nos enfermos, especialmente naqueles que não são “queridos, nem amados, nem assistidos”. Santa Ana Schäffer, de Mindelstetten, soube, também ela, unir de modo exemplar os seus sofrimentos aos de Cristo: “o seu quarto de enferma transformou-se numa cela conventual, e o seu sofrimento em serviço missionário. (...) Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se uma intercessora incansável através da oração e um espelho do amor de Deus para as numerosas pessoas que procuravam conselho” (Homilia de canonização, 21 de outubro de 2012).
“Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor.” 10
Shalom Maná | Fevereiro 2013
No Evangelho, sobressai a figura da Bemaventurada Virgem Maria, que segue o sofrimento do Filho até ao sacrifício supremo no Gólgota. Ela não perde jamais a esperança na vitória de Deus sobre o mal, o sofrimento e a morte, e sabe acolher, com o mesmo abraço de fé e de amor, o Filho de Deus nascido na gruta de Belém e morto na cruz. A sua confiança firme no poder de Deus é iluminada pela Ressurreição de Cristo, que dá esperança a quem se encontra no sofrimento e renova a certeza da proximidade e consolação do Senhor. Gratidão e benção Por fim, quero dirigir um pensamento de viva gratidão e de encorajamento às instituições sanitárias católicas e à própria sociedade civil, às dioceses, às comunidades cristãs, às famílias religiosas comprometidas na pastoral sanitária, às associações dos operadores sanitários e do voluntariado. Possa crescer em todos a consciência de que, “ao aceitar amorosa e generosamente toda a vida humana, sobretudo se frágil e doente, a Igreja vive hoje um momento fundamental da sua missão” (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Christifideles laici, 38). Confio este XXI Dia Mundial do Doente à intercessão da Santíssima Virgem Maria das Graças venerada em Altötting, para que acompanhe sempre a humanidade que sofre, à procura de alívio e de esperança firme, e ajude todos quantos estão envolvidos no apostolado da misericórdia a tornar-se bons samaritanos para os seus irmãos e irmãs provados pela enfermidade e pelo sofrimento, enquanto de bom grado concedo a bênção apostólica.
fé e razão
Comunicar a fé hoje O que fazer diante da crise mundial da fé na atualidade? De uma experiência pessoal com Cristo, surge o anúncio das testemunhas da fé que, superando desafios e alargando as fronteiras, levam ao conhecimento da verdade o homem sedento de Deus. Josefa Alves Missionária da Comunidade Católica Shalom em Aquiraz/CE
não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado. Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas”1. Observamos uma crise de fé mundial e um processo crescente de descristianização, sobretudo na cultura ocidental, que tem suas
Shalom Maná | Fevereiro 2013
A
fé, outrora incompreendida se não percorresse o âmbito social e cultural, tornou-se uma experiência individual a ser vivida no âmbito privado. É precisamente o que afirmou Bento VXI na Carta Apostólica Porta Fidei: “Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto
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raízes fincadas no anúncio cristão do Evangelho. O que fazer diante deste quadro? Devemos nos resignar e “proteger” a nossa fé individual das armadilhas do mundo anticristão? Devemos reconhecer que o anúncio de Jesus já não é compatível com o homem do século XXI? Devemos deixar que o mundo com a sua indiferença “queime” e pereça? Certamente não! Não seria esta uma atitude cristã. Se quisermos que as nossas palavras sobre Deus sejam inteligíveis, estas devem se tornar respostas às interrogações do homem hodierno. Não podemos nos contentar com uma resposta igual para todos, como se esta fosse uma fórmula que se adapta a cada pessoa nas mais diversas situações. É preciso que o anúncio parta de uma experiência e que seja feito por pessoas que O conheçam. O caminho para Deus deve surgir do encontro, que se aprofunda na reflexão, no pensamento; deste encontro brota a transformação da vida e a necessidade do testemunho. O próprio Deus quer fazer-se conhecido e dar a conhecer a si mesmo e por si mesmo, superando os limites de quem o anuncia. Portanto, os desafios que o mundo impõe à evangelização não devem ser considerados muros intransponíveis, mas oportunidades para alargar as suas fronteiras e fazê-lo conhecer a verdade, buscada tantas vezes em lugares e situações inadequadas.
“O caminho para Deus deve partir do encontro, que se aprofunda na reflexão, no pensamento; deste encontro brota a transformação da vida e a necessidade do testemunho.”
Testemunhas da fé Devemos apresentar ao homem sedento da verdade algumas testemunhas da fé que, como ele, também buscaram a felicidade e a beleza em lugares errados, mas deixaram-se encontrar e, aprofundando o encontro, conheceram a verdade. Uma destas testemunhas é Santo Agostinho. Quando lemos as suas “Confissões” deparamonos, num determinado ponto, com algo pessoal, já vivido, como se ele traduzisse a nossa própria experiência e sentimentos quando escreve: “Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu Te procurava do lado de fora! Eu, disforme, lançavame sobre as belas formas das Tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava Contigo. Retinham-me longe de Ti as Tuas criaturas, que não existiriam se em Ti não existissem. Tu me chamaste, o Teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e Tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste a Tua fragrância e, respirando-a, suspirei por Ti. Eu Te saboreei, e agora tenho fome e sede de Ti. Tu me tocaste e agora estou ardendo no desejo da Tua paz”2. 1. Carta Apostólica Porta Fidei, 2. 2. Confissões, Livro X, 38.
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Shalom Maná | Fevereiro 2013
Você tem esse desejo de “perseverar até o fim”? E como se faz para se conseguir isso? Meditemos com o Evangelho segundo São Mateus e peçamos a Deus a graça da perseverança.
orando com a palavra
“Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” José Ricardo Ferreira Bezerra Missionário da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE
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“Nenhum mal temerei” “Atenção para que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘O Cristo sou eu’ e enganarão a muitos.” (v.4-5). O evangelista Mateus coloca nos capítulos 24 e 25 do seu Evangelho o “discurso escatológico”,
isto é, sobre “o fim dos tempos”. Na primeira parte, ele coloca as palavras de Jesus sobre o fim e a destruição de Jerusalém e na segunda parte, sobre o fim do mundo, do qual ninguém sabe o dia nem a hora, mas só o Pai sabe (cf. Mt 24,36). Nesses dois primeiros versículos do trecho de hoje, o Senhor nos chama atenção para aqueles que tentaram e os que tentarão enganar os cristãos. Quantos falsos profetas já não anunciaram o fim do mundo? Você se preocupa com isso? Como você reage diante de notícias como essa? Você está preparado para o “fim do mundo” ou vai deixar para se preparar “depois”, para quando estiver mais perto? Medite e reze sobre isso. “Haveis de ouvir sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação e reino contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores” (v.6-8). Pelo que se sabe da história, em todos os tempos sempre houve guerras, às vezes restritas a algumas regiões e, por duas vezes, envolvendo grande número de nações, como nas duas grandes guerras mundiais do século passado. O problema é que o medo das
Shalom Maná | Fevereiro 2013
omo sempre fazemos antes de iniciar a leitura, peçamos o auxílio do Espírito Santo. Oremos: “Ó vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra”. Oremos: “Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém”. Tomemos hoje um trecho do Evangelho segundo Mateus, capítulo 24, versículos de 4 a 14 (Mt 24,4-14) e façamos a nossa lectio deste dia. Leia devagar, à meia voz, por três vezes, os versículos indicados e continue com os demais passos da lectio. Em seguida, leia a partilha abaixo que pode lhe ajudar na sua meditação e oração.
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“Mesmo quando vierem fome e terremotos, ponha sua confiança no Senhor.”
guerras - e outros medos - paralisa muita gente. Mesmo quando vierem fome e terremotos, ponha sua confiança no Senhor. Reze, por exemplo, com o Salmo 23(22): “Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim; teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. “Nesse tempo, vos entregarão à tribulação e vos matarão e sereis odiados de todos os povos por causa do meu nome. E então muitos ficarão escandalizados e se entregarão mutuamente e se odiarão uns aos outros.” (v.9-10) O ódio e as perseguições aos cristãos aconteceram nos primeiros anos do cristianismo, mas ainda hoje, em pleno século XXI, muitos são perseguidos e mortos em países como Nigéria, Indonésia, Iraque, Sudão, China, Coreia do Norte, Egito, Arábia Saudita, Afeganistão, Etiópia e alguns outros. O Pontifício Instituto das Missões (PIME) estimou que em 2012 cerca de 200 milhões de cristãos sofreram perseguições e muitos foram mortos por causa da fé. Reze agora por eles. Junte-se, pelo menos em oração, aos seus sofrimentos. “A tribulação produz a perseverança” “E surgirão falsos profetas em grande número e enganarão a muitos” (v.11). O que fazer para não ser enganado? Primeiro procurar ter conhecimentos sólidos e seguros sobre a doutrina e a Palavra de Deus. Segundo, rezar sempre, pedindo o discernimento dos espíritos. Você tem feito isto? “E pelo crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará” (v.12). Será que o crescimento da maldade (iniquidade) tem influenciado o seu amor a Deus? Você continua como um coração inflamado ou nota que ele esfriou? “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (v.13; cf. Mt 10,22). Você tem este desejo de “perseverar até o fim”? E como se faz para se conseguir isso? Na Carta aos Romanos, São Paulo dá uma resposta ao dizer que “a tribulação produz a perseverança...” (Rm 5,3). São Tiago também tem um pensamento semelhante ao dizer 14
Shalom Maná | Fevereiro 2013
que “devemos nos alegrar ao sermos submetidos a múltiplas provações, pois a fé bem provada leva à perseverança” (cf. Tg 1,2-3). Você concorda? Como você tem enfrentado as tribulações e provações em sua vida, com murmurações ou com alegria? Elas têm lhe dado mais perseverança ou tem lhe feito desanimar? “E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testemunho para todas as nações. E então virá o Fim” (v.14). Aqui Jesus anunciava o fim de Jerusalém que de fato ocorreu no ano 70 d.C com a invasão das tropas romanas e a destruição completa do Templo. Nesta época, o Evangelho atingira “todo o mundo”, isto é, todas as partes do Império romano então conhecido. Oração Retome agora as suas meditações e orações feitas ao longo dos versículos acima. Louve e bendiga livremente o Senhor por toda a graça e paz que Ele derrama em sua vida. Reze e interceda mais uma vez pelos cristãos perseguidos. Continue seguindo as moções que o Espírito Santo o(a) inspirar. Peça ao Senhor a graça da perseverança até o fim. Ao concluir sua lectio, lembre-se de tomar o seu caderno de oração e anotar as graças que o Senhor o(a) fez experimentar. Se puder, escreva-nos dando o seu testemunho. É uma alegria tê-lo como leitor(a). Veja os endereços no expediente da revista ou escreva para o e-mail: josericardo@comshalom.org. Ó Deus, vossa graça nos santificou quando éramos pecadores e nos deu a felicidade, quando infelizes. Vinde em socorro das vossas criaturas e sustentai-nos com vossos dons para que não falte a força da perseverança àqueles a quem destes a graça da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Ó Maria, Mãe da divina graça, rogai por nós! Rainha da Paz, dai-nos a paz! Até o próximo mês! Shalom!
TESTEMUNHO
“Falar da nossa experiência com Deus é para nós uma grande alegria, porque as motivações diárias que nos diferenciam das outras famílias são degraus para a árvore da cruz, de onde colheremos o fruto da felicidade que nunca acaba.” José Neto e Alessandra Barbosa* Missionários da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE
Shalom Maná | Fevereiro 2013
Ser família Shalom
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Sofrimento e ressurreição
“Vimos a luz que vencia as nossas trevas interiores, a alegria que expulsava a tristeza e a esperança que dissipava a dúvida.”
A
inda na nossa juventude o Senhor mudou a nossa história. Era novembro do ano 2000, minha então namorada, Alessandra, viu na faculdade um cartaz sobre um Seminário de Vida no Espírito Santo para universitários, promovido pelo Projeto Juventude para Jesus. Ela imediatamente me ligou convidando-me e dizendo que iria participar. O Seminário aconteceu na Casa Mãe de Deus, cenário escolhido para mudar a nossa vida. De uma forma muito simples e concreta o Senhor tocou o nosso coração, o que ocasionou o nosso engajamento no Projeto Juventude e o início de uma Obra Nova se intensificou em nossas vidas. Na última edição do Halleluya no Parque do Cocó, já estávamos pensando no matrimônio, mas muitas dificuldades materiais, como casa, carro, mobília, eram para nós grandes obstáculos. Em uma noite durante o evento, lembramos que nunca havíamos pedido a Deus a graça de superarmos esses obstáculos, então, naquela mesma noite, clamamos ao Senhor e Ele ouviu as nossas preces. Casamos em julho de 2004. Foi um tempo de muita graça, muita alegria, porém, sentimos muita falta da Obra Shalom, pois nesse tempo havíamos nos distanciado da Comunidade. Na festa de casamento de um casal amigo do Projeto Juventude, fomos convidados para o Projeto Família Shalom. No sábado seguinte, estávamos no grupo e vivemos um tempo ainda mais intenso da graça de Deus. Pelo testemunho dos nossos pastores redescobrimos a Vocação Shalom e ficamos apaixonados. Na nova turma de amigos, quase todos já eram membros da Comunidade e, mais do que isso, todos eram apaixonados pelo Carisma. 16
Shalom Maná | Fevereiro 2013
Após um ano de casados tivemos a nossa primeira gestação. Eram gêmeos, foi uma grande festa, pois queríamos uma família numerosa e esse era um bom começo, mas no terceiro mês de gestação tivemos uma perda involuntária. Foi a nossa grande Noite Escura, ficamos realmente abatidos e uma grande tristeza tomou conta de nós. Passados quatro meses, veio a segunda gestação. Ficamos muito felizes, foi uma nova festa, mas, novamente, no terceiro mês, tivemos outra interrupção involuntária da gravidez. Confesso que dessa vez ficamos menos abalados, mas humanamente fazíamos muitos questionamentos a Deus, foi um tempo de grande aridez. O que nos ergueu dessa vez? Um impulso quase sobrenatural que nos levou para o Plantão Vocacional do Shalom. Trilhar o caminho vocacional foi a grande descoberta da alegria. Vimos a luz que vencia as nossas trevas interiores, a alegria que expulsava a tristeza e a esperança que dissipava a dúvida. Ficamos vários meses tentando ter nosso quarto filho, o tempo de espera foi longo. Ao final do ano vocacional, fomos convidados a coordenar um grupo de oração no Projeto Família, então vimos que, primeiro, Deus nos confiava muitos filhos espirituais. Veio nossa terceira gravidez, o medo era grande, mas estávamos abandonados em Deus como pobres que dependem do seu Senhor. A festa foi ainda maior, porque todos os casais que participavam do grupo festejaram e se alegraram conosco. No início da gravidez foi preciso repouso absoluto durante um mês. Poder contar com as orações dos irmãos nos confortava bastante. Dessa vez nasceu o José Gabriel, que hoje tem 6 anos. Abandono na vontade de Deus Ingressamos no postulantado da Comunidade de Aliança e tudo para nós foi motivo de grande felicidade: a célula comunitária, a formação pessoal, a Reciclagem, os retiros, era como se viver cada coisa fosse uma grande oportunidade de descobrirmos quem éramos nós e quem era Deus. Deus nos pedia para não tardarmos, a quarta gravidez foi após um ano e veio a Mariana, hoje com 4 anos. Na quinta gravidez chegou o José Miguel, hoje com 1 ano e 8 meses. Na árvore da Vocação,
“Uma família Shalom não negocia com o mundo e nem tem medo dele, mas, vivendo nele, encontra o Cristo Ressuscitado que passou pela cruz e o comunica a todos com a própria vida.”
nós colhemos muitos frutos: a família, os filhos e a felicidade. Procuramos viver a radicalidade e a fidelidade ao Carisma mesmo nas nossas limitações e fragilidades. Em alguns momentos superamos as barreiras e em outros somos superados por elas, mas sempre contemplamos a mão do Senhor, que nos arrasta ao recomeço. Família Shalom Diariamente fazemos muitas escolhas e sempre fomos guiados pela fé. Um dos maiores desafios que enfrentamos hoje é a cultura das seguranças humanas que muitas vezes embasam as decisões familiares. Reduzir a carga horária de trabalho para priorizar a educação dos filhos, optar por Deus diante de propostas e oportunidades de negócios que podem nos afastar dele, educar os filhos na Tradição Católica, rompendo com modelos de educação que levam ao individualismo e a outras realidades distantes da felicidade, entre muitas decisões, nos diferenciam de outras famílias. Para os nossos filhos, escolhemos o Colégio Shalom. Por meio dele, testemunhamos os grandes frutos que
colhemos: espirituais, humanos, além do processo de aprendizagem. Procuramos testemunhar Jesus em muitas oportunidades, acreditando que o mais importante é a coerência de vida, é falar com as ações em todos os momentos, pois o mundo está cansado de ouvir, as pessoas hoje querem ver. Uma família Shalom é essencialmente formada pela Eucaristia, pela oração e pelo estudo da Palavra de Deus. O grande segredo para uma família Shalom é viver o ordinário da vida, o sim de cada dia, é optar sempre pela vontade de Deus e nunca esquecer que a nossa vida e a dos nossos filhos deve ser escrita como o livro dos “Atos dos Apóstolos” atualizado, não menos fervoroso e ainda mais audacioso. Uma família Shalom não negocia com o mundo e nem tem medo dele, mas, vivendo nele, encontra o Cristo Ressuscitado que passou pela cruz e o comunica a todos com a própria vida. *José Neto é casado com Alessandra Barbosa há 9 anos, fizeram seus votos temporários na Comunidade de Aliança Shalom há 3 anos, são membros da Secretaria Vocacional de Fortaleza, servindo na Promoção Vocacional e no acompanhamento de vocacionados.
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LITURGIA E SACRAMENTO Shalom Maná | Fevereiro 2013
Festa da Apresentação do Senhor
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Quarenta dias depois do Natal, no dia 2 de fevereiro, a Igreja celebra a festa da Apresentação do Senhor. Na Igreja de rito oriental, ela também é conhecida como festa do Encontro e/ou dos encontros. Livandro Monteiro Missionário da Comunidade Católica Shalom em Aquiraz/CE
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ara melhor compreendermos e sermos introduzidos nesse mistério é necessário nos questionar mos em relação ao significado dessa apresentação e desse encontro. Quem é apresentado? Com quem devemos nos encontrar? Tanto o sentido da apresentação como o do encontro nos impulsiona e convida a fazermos uma experiência com o Deus que, por amor a nós, se inclina e misericordiosamente manifesta a sua grandeza no seu Verbo que, ao se encarnar, apresenta-se como luz para dissipar as trevas do nosso erro e do nosso engano. Esse encontro é o de Deus com seu povo, encontro com a Mãe de Deus, com José, com Simeão e Ana, e, certamente, com o Menino. Com todos eles nós encontramos e contemplamos as promessas de Deus, que se revelarão nas profecias que acompanharão esse momento. Esperança para toda a humanidade A festa da Apresentação do Senhor aponta para o seu doce abaixar-se, isto é, depois dos quarenta dias do seu nascimento, o Verbo eterno, Senhor das coisas visíveis e invisíveis, se coloca submisso à Lei (cf. Gl 4,4), sendo apresentado pelos seus pais para que, assim, a Lei se cumprisse. O varão primogênito é apresentado a Deus, segundo a própria descrição da Lei, que diz que “todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”1. Eis aqui a grandeza e a beleza dessa festa: Jesus, o Verbo de Deus entregue por nós, para nossa salvação, se deixa conduzir pela primeira
“A festa da Apresentação do Senhor é também sinal do encontro daqueles que foram separados, consagrados, para serem sinais da alegria que jamais passará.”
vez ao Templo, onde também, pela primeira vez, é apresentado pelo velho Simeão como Luz para as nações, como sinal que traria a esperança para toda a humanidade. Na narração bíblica (Lc 2,22-40), o autor sagrado descreve a Apresentação do Senhor destacando, como vimos acima, personagens que compõem o ícone da manifestação da Boa-Nova messiânica. São eles portadores de uma nova alegria e de uma nova esperança, que trarão para todos nós a certeza de uma vida nova. O verdadeiro Cordeiro A festa da Apresentação do Senhor é também sinal do encontro daqueles que foram separados, consagrados, para serem sinais da alegria que jamais passará. Eis para nós, cristãos, o sentido dessa festa, dessa manifestação: o encontro da glória de Deus, pelo Verbo, com o nosso nada. E é a partir desse encontro que Ele deseja nos recriar no seu amor. O sentido real do encontro destaca-se principalmente pela força das experiências que
“Eis para nós, cristãos, o sentido dessa festa, dessa manifestação: o encontro da glória de Deus, pelo Verbo, com o nosso nada.”
foram vivenciadas a partir da manifestação do Verbo. Podemos destacar, assim, a experiência concreta da obediência de José e de Maria, que se deixam esvaziar cumprindo em tudo a Lei do Senhor, conduzindo o Menino para ser apresentado como consagrado do Pai, o Cristo, primogênito da nova criação. Podemos destacar também a docilidade e a atenção do velho Simeão e da profetiza Ana que, atentos aos sinais dos tempos, profetizam os acontecimentos que estariam por vir. Em maior profundidade, destaca-se a experiência da Santíssima Virgem, que, sendo aquela que carregou em si o mistério, é também a obediente, que apresenta seu Filho ao Pai, como oferta incondicional. Ela é Mãe daquele que é manifestado como a glória de Israel e Luz que iluminará as nações. A sua fé nos introduz no mistério que se encarna na historia da Salvação, que não se detém somente na encarnação, mas se consumará na sua união à oferta amorosa de Jesus, na morte e ressurreição; este é o sinal profético nas palavras de Simeão (cf. Lc 2,3435). Assim, o Menino é ofertado a Deus como 20
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verdadeiro Cordeiro, que veio para redimir o pecado do mundo. O que essa festa traz para nós como experiência concreta? Antes de tudo, a necessidade urgente de nos unir ao Pai, pelo Verbo, com todo nosso coração e nossa vida, reconhecendo nele o autor da nova criação. Essa necessidade se concretiza na vivência radical do nosso Batismo, a nossa consagração primeira, que nos marca de forma indelével, tornando-nos um povo separado, consagrado para o nosso Deus. Nesta festa da Apresentação do Senhor, a Igreja celebra igualmente o dia da vida consagrada, ocasião oportuna para rendermos a Deus o louvor e agradecê-lo pelo dom inestimável da consagração, que é para todos os batizados e, de forma especial, para aqueles que receberam um chamado de viver uma união íntima com o Senhor por meio de uma vocação ou carisma específico. Sendo assim, sinal de comunhão e de colaboração com a manifestação do Reino de Deus.
1 Ex 13,2
promoção humana
Neste mês, iremos conhecer o Projeto Volta Israel, que visa acolher, ouvir, a judar e incentivar a recuperação e a reintegração na sociedade de pessoas dependentes do álcool e das drogas. Vítor Bomfim Santos Missionário da Comunidade Católica Shalom em Aquiraz/CE Assessoria de Promoção Humana
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Projeto Volta Israel: resposta da Comunidade Shalom ao flagelo das drogas!
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Projeto Volta Israel surgiu em 1988, quando a Comunidade Católica Shalom realizou o seu I Acampamento de Jovens (Acamp’s). O evento teve como objetivo proporcionar um lazer sadio para os jovens e, ao mesmo tempo, possibilitar um encontro pessoal com Deus, o primeiro, para alguns deles. Durante o Acamp’s, constatou-se, com surpresa, que alguns jovens não se integravam aos demais do grupo, pois não participavam das atividades. Descobriu-se que este comportamento era em decorrência, principalmente, do uso de drogas. “
A partir de então, começou em uma das casas da Comunidade Católica Shalom um pequeno grupo de oração voltado para esses jovens. Logo se manifestou a necessidade de um local reservado para o seu acolhimento, principalmente porque alguns jovens chegavam ao grupo drogados. Foi alugada uma casa na rua Costa Barros, em Fortaleza, para acolhimento dos dependentes químicos e funcionamento dos grupos de oração. Percebeuse também haver necessidade de um local onde o dependente pudesse ficar mais tempo recuperandose, aprendendo uma profissão, enfim, restaurandose. Na ocasião, foi doado para o Projeto Volta Israel um sítio no Eusébio (CE), com aproximadamente dois hectares, onde começou a funcionar um centro de recuperação”. (Madalena Aguiar, coordenadora geral do Projeto Volta Israel e coordenadora da sede do Projeto em Fortaleza/CE). O Projeto foi se desenvolvendo e cada vez mais se apresentando como uma resposta de Deus, por meio da Comunidade Shalom, para a problemática do flagelo das drogas, e mais do que isso: uma resposta para os jovens feridos e sofridos de hoje, que nada mais desejam do que experimentar e conhecer a verdadeira felicidade. Público-alvo O Projeto Volta Israel visa acolher ouvir, ajudar e incentivar a recuperação e reintegração na sociedade de pessoas dependentes de álcool e de outras drogas. A motivação das pessoas que trabalham nesse projeto é a palavra de São Paulo aos Coríntios (1Cor 13,8), que diz: “O amor jamais passará.” Os voluntários do Projeto Volta Israel acreditam que há uma solução para os dependentes químicos, que passa 22
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pelo resgate da sua dignidade humana, recuperação esta que tem como objetivo alcançar o homem inteiro, fazendo-o redescobrir nas suas particularidades a beleza de ser homem e filho de Deus. Método O Projeto Volta Israel parte do princípio de que a recuperação somente pode ocorrer se o dependente químico buscá-la por sua própria vontade. Desta forma, a pessoa é acolhida por um dos membros da equipe que ouve sua história e a indaga a respeito da sua real vontade de deixar o vício que a escraviza. Neste primeiro momento, a pessoa fica bem à vontade, e é feita a proposta de acompanhamento e ajuda por parte do Projeto Volta Israel. Depois, o dependente é convidado a participar da terapia ocupacional. O tratamento pode ser realizado sem a necessidade de internação, nas sedes do Projeto (tratamento ambulatorial), ou com internação. Será oferecida ao dependente a oportunidade de participar de grupos de oração, nos quais se lê e medita a Palavra de Deus, acontecem debates, pregações e são exibidos filmes educativos. A família do dependente é convidada a participar do processo de recuperação, tendo em vista sua importância e a rapidez com que se processa a recuperação quando acontece a participação dos familiares. Uma vez demonstrada a vontade de recuperarse, por parte do dependente, e tendo ele alguma aptidão, o Projeto busca reintegrá-lo no mercado de trabalho na própria Obra Shalom ou em empresas dirigidas por pessoas ligadas à Comunidade. É importante ressaltar que a possível recaída do dependente não é condicionante no afastamento do Projeto Volta Israel. Sempre que buscar auxílio encontrará as portas abertas e a equipe pronta para acolhê-lo e trabalhar na sua recuperação. Modalidades de tratamento O Projeto Volta Israel possui as seguintes modalidades de tratamento: • Triagem: é realizada no Centro de Atendimento do Projeto Volta Israel. É a forma de acolhimento e acompanhamento inicial do dependente químico. Este acompanhamento tem o caráter de identificação do grau da dependência química que o assistido possui.
• Acompanhamento Ambulatorial: acompanhamentos periódicos dos assistidos pela equipe multidisciplinar do Projeto Volta Israel, composta pelos seguintes profissionais: terapeuta ocupacional, assistente social, psicólogo, psiquiatra, voluntários e missionários. • Semi-internato: local de acolhimento dos assistidos pelo Projeto Volta Israel que necessitam de um acompanhamento mais intenso que o atendimento ambulatorial. • Comunidade Terapêutica: alguns casos de dependência química não podem receber unicamente tratamento ambulatorial, tendo em vista a intensidade da dependência que requer uma internação. As Comunidades Terapêuticas do Projeto Volta Israel favorecem aos assistidos o resgate da sua dignidade de filhos de Deus por meio do desenvolvimento das suas capacidades humanas, da espiritualidade, da vivência comunitária, do desenvolvimento da cultura, da arte, da educação, do contato com a natureza (com o campo), visando o afastamento do meio onde normalmente se obtém e se consome a droga. Há ainda o
desenvolvimento de atividades físicas e de oficinas diversas. O Projeto Volta Israel realiza ainda todos os anos a Campanha “Vida quero mais”, que tem sido, de fato, uma resposta contra o flagelo das drogas. A Campanha foi realizada em 29 missões da Comunidade Católica Shalom no ano de 2012 e, no mês de junho deste ano, pretende alcançar 39 cidades. Preciosos para Deus “O pobre que eu toquei é desfigurado em muitos aspectos do seu ser. Tem um olhar voltado para si, mas não consegue se ver. Traz uma ausência de sentido de vida e não sabe como conviver com sua própria vida. Tem medo do sofrimento, vive em função da droga e por ela busca fugir da realidade. Ele traz uma ferida na alma e essa ferida só pode ser curada pelo bálsamo do amor divino. Este é o pobre que eu toquei. Para mim eles são como ‘pérolas enlodadas’, que durante os dias em que vão participando do tratamento nas nossas casas, à medida em que eles vão tocando na graça de Deus, esse lodo vai sendo retirado e a beleza da pérola vai aparecendo. Gosto de apreciar essa obra, porque me renova a experiência de que verdadeiramente somos criados à imagem e semelhança de Deus e que somos preciosos aos seus olhos.” (Madalena Aguiar)
Momento de lazer em uma das casas do Projeto Volta Israel
Projeto Volta Israel Onde estamos: A sede matriz do Projeto Volta Israel situa-se em Fortaleza (CE), na rua Frei Vicente Salvador, nº 1428, bairro Montese. Os telefones para contato são: (85) 3264-4393 ou (85) 3067-7704. O nosso e-mail é: projetovoltaisrael@hotmail.com. Atualmente temos sedes nas seguintes missões: Fortaleza – CE, Aracati – CE, Brasília – DF, Crateús – CE, Itapipoca – CE, João Pessoa – PA, Macapá – AM, Mossoró – RN, Quixadá – CE, Rio de Janeiro – RJ, Salvador – BA, São Luiz – MA, Sobral – CE e Teresina – PI.
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assunto do mês
Fraternidade e Juventude: “Eis-me aqui, envia-me!” A juventude vive um momento único na história da Igreja no Brasil. Campanha da Fraternidade e Jornada Mundial da Juventude, tudo concorre para a missão! “Eis-me aqui, envia-me.”
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Célio Lourenço Missionário da Comunidade Católica Shalom em Aquiraz/CE
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m 1984, o Papa João Paulo II entregou aos jovens a Cruz do Jubileu e pediu que estes a levassem pelo mundo inteiro como um sinal do amor de Cristo pelos homens. A história mostra que a cada Jornada Mundial da Juventude (JMJ) nasce um novo jeito de ser cristão no mundo. Mas em que consiste esse novo modelo de vida? Trata-se de uma vida pautada na experiência com Cristo e seu mistério. “Seguir Jesus não é um jugo pesado, mas, antes de tudo, é uma
alegria, vale a pena ser cristão”, disse Monsenhor Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os leigos, no Encontro de Assessores de Juventude, promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 2012. Segundo ele, cada JMJ é, para os bispos, sacerdotes e leigos, uma interpelação. Como os jovens de hoje são muito abertos a Cristo, investir na pastoral juvenil significa construir no hoje o amanhã da Igreja. Há uma verdadeira revolução espiritual que brota das Jornadas.
Campanha da Fraternidade
“A evangelização dos jovens é o grande ato de caridade que poderemos viver nesta Quaresma.”
Durante a JMJ Rio2013 acontecerá a segunda vinda do Papa Bento XVI ao Brasil. A primeira foi em 2007, por ocasião da Conferência Latino Americana e do Caribe, em Aparecida (SP). Na ocasião, o Santo Padre disse: “Vim ao Brasil sabendo como se expandiam as seitas neste país. Chegando aqui, vi que a cada dia nasce uma Comunidade Nova, uma nova forma de viver na Igreja”. Preparação para a JMJ Na sua mensagem em preparação para a JMJ 2013, o Santo Padre fez um apelo a fim de que os jovens se comprometam com outros jovens. Disse ele: “Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse amor imenso, para que alcance a todos, especialmente aos ‘afastados’. Alguns se encontram geograficamente distantes, enquanto outros estão longe porque a sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido, vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do nosso coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os ‘povos’, aos quais somos enviados, não são apenas os de outros países do mundo, mas também os dos diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos os âmbitos da nossa vida, sem exceção”. 26
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Nesse clima de alegria, entusiasmo e grande confiança na juventude, em que se percebe uma especial abertura e acolhimento do anúncio de Cristo por parte dos jovens, a Campanha da Fraternidade é lançada oficialmente no dia 13 de fevereiro de 2013, com o tema “Juventude e Fraternidade (CF) . E o que vem a ser a Campanha? Podemos defini-la como um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior, a partir da realização da ação comunitária que, para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da Páscoa. Ela nos impulsiona na tarefa de colocar em prática a caridade e a ajuda ao próximo. A evangelização dos jovens é o grande ato de caridade que poderemos viver nesta Quaresma. O objetivo geral da CF de 2013, que tem como lema “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8), é acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção da vida, da justiça e da paz. Além do objetivo geral, a Campanha apresenta três objetivos específicos:
• Propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida. • Possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada, para que eles possam contribuir com seus dons e talentos. • Sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum.
“É hora de avançar, de acreditar no potencial da juventude e de deixar que ela ofereça a sua contribuição.”
Evangelizar os jovens com os jovens Proporcionar aos jovens um encontro com Cristo deve ser o maior esforço que devemos empenhar, para que toda transformação parta da experiência com o Senhor e não de uma dúzia de intelectuais ateus, indiferentes e descomprometidos com a verdade e que chegam ao poder por diversas maneiras que não uma escolha consciente. O jovem é convidado a ser discípulo de Cristo e a (...) “ouvir sem cessar o convite a segui-lo, o convite a fixar o olhar Nele: ‘Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração’ (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma amizade com Ele”.¹ A experiência com Cristo e o Seu seguimento deve ser a maior proposta oferecida aos jovens em 2013. Possibilitar ao jovem a participação ativa na comunidade eclesial é um sonho antigo que muitas vezes tem parado nas reflexões. É hora de avançar, de acreditar no potencial da juventude e de deixar que ela ofereça a sua contribuição. Precisamos confiar nos jovens muito mais do que ficar discutindo sobre a sua importância, a Igreja nos exorta a confiar nos jovens.
Sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade é confiar a eles algo que já é da sua natureza. O jovem é aberto às mudanças, compreende bem o seu meio, não tem dificuldades com as novas invenções e está sempre apto a aprender. Contradições e esperança A relevância desse tema não se dá apenas no âmbito religioso, o que já seria de grande ajuda se considerarmos que a maioria dos problemas de hoje se dá pelo abandono de Deus. Quanto mais o homem se afasta do seu Criador, mais desfigurado ele fica. Podemos afirmar sem medo de que o grande mal da nossa sociedade hoje é a decadência da fé no coração do homem. De nada vale ter o título do maior país católico do mundo se os seus habitantes não praticam a fé, se em muitas instituições os sinais cristãos são proibidos. Quando tiramos um crucifixo de uma instituição, seja pública ou privada, não estamos tirando apenas um objeto, estamos banindo Deus da vida do homem. Se em nome da liberdade se proíbe, por que não se permite em nome da mesma? No entanto, em meio a tantas contradições, vivemos tempos de grandes esperanças. A juventude não é apresentada hoje simplesmente como um tema em debate e, sim, como agente de transformação. O lema da Campanha da Fraternidade, “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), põe o jovem em movimento e www.edicoesshalom.com.br 27
o convida a assumir o protagonismo na missão de transformar o mundo. Exatamente pensando nesse protagonismo na evangelização e na transformação da sociedade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil convida toda a Igreja a rezar e a cuidar dos jovens, também por meio da Campanha. Campanha da fraternidade e juventude Esta não é a primeira vez que a juventude é escolhida como tema da Campanha da Fraternidade. Em 1992, a CF apresentava o tema “Fraternidade e Juventude”, que trazia como lema “Juventude – Caminho aberto”. Na ocasião, o seu objetivo geral era: “Que a Igreja e as pessoas de boa vontade se comprometam com a juventude, como agentes de uma nova evangelização e como força transformadora da Igreja e da sociedade”. Tanto a Campanha de 1992 quanto a de 2013 visam animar toda Igreja a abrir espaço para os jovens, conscientizar a juventude da responsabilidade que esta tem diante da sociedade e do compromisso com a transformação do mundo. O jovem e a cultura midiática Um tema como esse jamais poderia ficar de fora da reflexão sobre a juventude no Brasil, quando esta mesma é convocada pelo Papa Bento XVI 28
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a ser protagonista no mundo digital. “Senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste ‘continente digital’”². Ao mesmo tempo que o papa incentiva o jovem a lançar-se no mundo da internet, ele o chama também a uma responsabilidade na rede. “Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio, levando em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por contatos na rede”.³ O continente digital, assim chamado pelo Papa Bento XVI, se referindo aos meios de comunicação social, sobretudo a internet, exerce um fascínio extraordinário, especialmente nos jovens. A sociedade em rede constitui-se numa nova cultura. Se usada com responsabilidade e uma clara consciência da sua força e debilidade, a internet torna-se um instrumento eficaz do anúncio da fé. Nesse ambiente, a Igreja reconhece a grande contribuição que o jovem pode dar. Mais do que nunca a Igreja precisa contar com o jovem por necessidade e urgência. “Mais do que nunca podemos afirmar: se nossa opção pelos jovens não for consciente, intencional, efetiva, teológica, devemos fazê-la por uma urgente necessidade de sobrevivência! Se aproximarmos este novo dos jovens com a experiência que o mundo adulto tem, muitas coisas poderão mudar e melhorar! A Igreja e a sociedade já estão nas mãos deles: acolhamos com respeito o que eles têm para nos ensinar! Eles são, acima de tudo, o presente, chamados a conduzir-nos para um novo tempo. Em certo sentido nós, adultos, dependemos mais dos jovens do que eles de nós!”4 A juventude vive um momento único na história da Igreja no Brasil. Campanha da Fraternidade e Jornada Mundial da Juventude, tudo concorre para a missão! “Eis-me aqui, envia-me.” 1. Mensagem do Papa Bento XVI para a XXVIII JMJ, 2012. 2. Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações sociais, em 2009. 3. Mensagem do Papa Bento XVI para a XXVIII JMJ, 2012 4. Dom Eduardo Pinheiro, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB.
Irlanda Aguiar de Sá Roriz Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza/CE
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“A Igreja celebra Nossa Senhora de Lourdes no dia 11 de fevereiro. A Santíssima Mãe de Deus, para confundir o que no mundo se julga forte, escolheu um instrumento, à preferência de outros, aparentemente débil. Este instrumento era Bernadette Soubirous.”
A IGREJA CELEBRA
Bernadette: o instrumento de Nossa Senhora de Lourdes
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“Ela vinha toda vestida de branco, com um cinto azul, um rosário entre seus dedos e uma rosa dourada em cada pé.”
Em 1844, na singela cidade de Lourdes, na França, nascia Bernadette Soubirous, a primeira de seis filhos. Nesta época, todo o povoado e cidades vizinhas experimentaram um terrível caos econômico. A família Soubirous, como outras da região, não encontrando opção, foi despejada e se viu obrigada a buscar alojamento no antigo presídio da cidade, lugar úmido, insalubre, pequeno e sem ventilação. Bernadette era uma menina de saúde frágil, teve cólera e, em seguida, por causa também do clima terrivelmente frio no inverno, adquiriu asma aos dez anos. A santa fazia parte do número de crianças e jovens que não sabiam ler nem escrever por serem obrigados a trabalhar. Em casa, com seus pais e irmãos, desfiava diariamente as contas do rosário com devoção e grande respeito. Maria observou a humildade de sua filha e dignou a inocente menina, entre 11 de fevereiro a 16 de julho de 1858, 18 aparições de celeste colóquio. Estas se caracterizaram pela sobriedade das palavras da Virgem e pela aparição de uma fonte de água que brotou inesperadamente junto ao lugar das aparições, que, desde então, 30
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passou a ser lugar de referência de inúmeros milagres constatados por homens de ciência. Aparições A história das aparições inicia-se quando Bernadette, juntamente com duas amigas, buscava lenha na pedra de Masabielle. Para ir até lá, as meninas tinham que atravessar um pequeno rio, mas como Bernadete sofria de asma, ficava impossibilitada de entrar nas águas geladas. Por causa disso, ela teve que permanecer em um dos lados do rio, enquanto as duas companheiras saíram para buscar a lenha. Foi nesse momento que Bernadete vivenciou o encontro com nossa Mãe, experiência que marcaria sua vida: “Senti um forte vento que me obrigou a levantar a cabeça. Voltei a olhar e vi que os ramos de espinhos que rodeavam a gruta da pedra de Masabielle estavam se mexendo. Nesse momento, apareceu na gruta uma belíssima Senhora, tão formosa, que ao vê-la uma vez, dá vontade de morrer, tal o desejo de voltar a vê-la”. “Ela vinha toda vestida de branco, com um cinto azul, um rosário entre seus dedos e uma rosa dourada em cada pé. Saudou-me inclinando a
cabeça. Eu, achando que estava sonhando, esfreguei os olhos; mas levantando a vista vi novamente a bela Senhora que me sorria e me pedia que me aproximasse. Mas eu não me atrevia. Não que tivesse medo, porque quando alguém tem medo foge, e eu teria ficado ali a olhando por toda a vida. Então tive a ideia de rezar e tirei o rosário. Ajoelhei-me. Vi que a Senhora se persignava ao mesmo tempo que eu. Enquanto ia passando as contas ela escutava as Avemarias sem dizer nada, mas passando também por suas mãos as contas do rosário. E quando eu dizia o Glória ao Pai, ela o dizia também, inclinando um pouco a cabeça. Terminando o rosário, sorriu para mim outra vez e retrocedendo para as sombras da gruta, desapareceu”. Em poucos dias, a Virgem voltou a aparecer a Bernadette na mesma gruta (2° aparição). Entretanto, quando a mãe da menina tomou conhecimento do que estava acontecendo, logo pensou que Bernadette estivesse inventando histórias, e a proibiu de voltar à gruta Masabielle. Como muitos insistiam para que a menina voltasse ao local das aparições, sua mãe recomendou que ela consultasse seu pai. O senhor Soubiruos, depois de pensar e duvidar, permitiu que Bernadette voltasse em 18 de fevereiro. Desta vez, ela foi acompanhada por várias pessoas, que com terços e água benta esperavam esclarecer e confirmar o narrado. Ao chegar todos os presentes, começaram a rezar
“A Virgem sorriu e, por fim, com a insistência da menina, elevou suas mãos e seus olhos ao céu e exclamou: ‘Eu sou a Imaculada Conceição’.”
o rosário, e foi neste momento que nossa Mãe apareceu pela terceira vez. Bernadette narra assim a aparição: “Quando estávamos rezando o terceiro mistério, a mesma Senhora vestida de branco fez-se presente como na vez anterior. Eu exclamei: ‘Aí está’. Mas os demais não a viam. Então uma vizinha me deu água benta e eu lancei algumas gotas na visão. A Senhora sorriu e fez o sinal da cruz. Disselhe: ‘Se vieres da parte de Deus, aproxima-te’. Ela deu um passo adiante”. Em seguida, a Virgem disse a Bernadette: “Venha aqui durante quinze dias seguidos”. A menina prometeu que sim e a Senhora expressou-lhe: “Eu te prometo que serás muito feliz, não neste mundo, mas no outro”. Na quarta aparição, no domingo, dia 21 de fevereiro, a Santíssima Virgem, lançando um olhar de tristeza sobre a multidão, disse à menina vidente: “É necessário rezar pelos pecadores”. Em seguida, em 25 de fevereiro, a Santa Mãe disse-lhe: “Vai e toma água da fonte”, a menina pensou que lhe pedia que fosse tomar água do rio Gave, mas a Mãe indicoulhe que procurasse no chão. Bernadete começou a escavar, a terra se abriu e começou a brotar água. Desde então, aquele manancial mina água sem cessar, uma água prodigiosa por meio da qual foram alcançadas curas milagrosas de milhares de doentes. Este manancial produz cem litros de água por dia continuamente desde aquela data até hoje. No dia seguinte, a Virgem Maria destacou: “É necessário fazer penitência”, então Bernadette começou naquele momento a fazer alguns atos de penitência. A Virgem disse-lhe também: “Rogarás pelos pecadores…beijarás a terra pela conversão dos pecadores”. Como a visão retrocedia, Bernadette a seguia de joelhos beijando a terra. Mais adiante, em 2 de março, a Virgem pediu a Bernadette para dizer aos sacerdotes que ela desejava que se construísse ali um templo e que fossem realizadas procissões. Em 25 de março, ao vê-la mais amável do que nunca, Bernadete perguntou várias vezes: “Senhora, quer me dizer o seu nome?” A Virgem sorriu e, por fim, com a insistência da menina, elevou suas mãos e seus olhos ao céu e exclamou: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Na aparição do dia 5 de abril, a menina permaneceu em êxtase, sem se queimar com a vela que se consumia entre suas mãos. Finalmente, em 6 de julho, Nossa Senhora apareceu mais bela e mais sorridente do que nunca e, inclinando a cabeça em www.edicoesshalom.com.br
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sinal de despedida, desapareceu. Bernadette nunca mais voltou a vê-la nesta terra. Período no convento Em 1864, com 20 anos, Bernadette pediu para ingressar no convento das irmãs de Nossa Senhora de Nevers, porém, devido sua frágil saúde, teve de esperar dois anos. Já como irmã professa, apesar de pouco saudável, recebeu o encargo de dirigir a enfermaria do convento, depois, em 1875, após um ataque de bronquite, foi transferida para a função de assistente de sacristia. O período no convento foi marcado por rudes humilhações, calúnias e perseguições. Diziam-na não ser boa para nada. Ela recebia as dores destas humilhações em seu coração, mas não protestava e nem chorava, simplesmente aceitava o cálice. Em meio às tribulações dizia: “Quando a emoção é demasiada forte, recordo as palavras de Nosso Senhor ‘Sou Eu, não tenhas medo’”. Sua saúde piorou em 1977, sendo não mais que uma inválida. Ela costumava comparar-se a uma vassoura: “Nossa Senhora se utilizou mim, depois me colocaram de novo em meu canto, onde me sinto muito feliz”. Admiravelmente fulguraram nela as virtudes, mas sua alma virgem foi principalmente adornada daquelas que mais convinha à discípula predileta da Virgem Maria: humildade profunda, terníssima pureza e ardente caridade. Provou-as e aumentou-as com as dores de
“Pela maneira como viveu, na simplicidade e na pobreza, nos damos conta mais uma vez que Deus escolhe não os sábios e entendidos deste mundo, mas os simples e humildes, para Sua obra de conversão.”
uma longa enfermidade e angústias de espírito que a atormentaram, suportando-as com suma paciência. Fortaleza e paciência Bernadette padeceu sua paixão durante a Semana Santa de 1879. Rogou às religiosas que a assistiam que rezassem o rosário seguindo-a com grande fervor. Ao findar uma Ave-Maria, sorriu como se encontrasse de novo com a Virgem da gruta e morreu. Suas últimas palavras foram: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por mim, pobre pecadora”. Tendo ficado até este ponto como debaixo do alqueire da humildade, com a morte tornouse resplandecente a todo o mundo. Aos 18 de julho de 1925, o corpo de Santa Bernadette, já anteriormente exumado e encontrado intacto perfeitamente, foi posto numa urna de vidro, e lá está até hoje do mesmo modo, constituindo um dos mais belos vestígios da felicidade eterna. Foi canonizada em 1933 pelo Papa Pio XI. Pela maneira como viveu, na simplicidade e na pobreza, nos damos conta mais uma vez que Deus escolhe não os sábios e entendidos deste mundo, mas os simples e humildes, para Sua obra de conversão. Lourdes atualmente é o santuário Mariano mais visitado da Europa e o segundo no mundo, depois do santuário da Virgem de Guadalupe, no México. Uma infinidade de enfermos tem sido curada em suas águas milagrosas, mas o maior milagre continua sendo as muitas conversões de coração. Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!
especial
“Bem-aventurados os misericordiosos” (parte 1)
Na pregação de Frei Raniero Cantalamessa, dividida em duas partes, medita-se sobre a bem-aventurança da misericórdia. Reflitamos como Jesus a viveu e como nós devemos vivê-la. Pe. Raniero Cantalamessa O.F.M. Cap. Pregador da Casa Pontifícia (Vaticano)
Na Bíblia, a palavra misericórdia se apresenta com dois significados fundamentais: o primeiro indica a atitude da parte mais forte (na aliança,
Deus mesmo) para com a parte mais fraca e se expressa habitualmente no perdão das infidelidades e das culpas; o segundo indica a atitude para com a necessidade do outro e se expressa nas chamadas obras de misericórdia. Existe, por assim dizer, uma misericórdia do coração e uma misericórdia das mãos. Na vida de Jesus resplandecem as duas formas. Ele reflete a misericórdia de Deus para
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artindo da afirmação de que as bemaventuranças são o autorretrato de Cristo, nos propomos imediatamente à pergunta: como Jesus viveu a misericórdia? O que a sua vida nos diz sobre esta bem-aventurança?
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com os pecadores, mas se comove também ante todos os sofrimentos e necessidades humanas, intervém para dar de comer à multidão, curar os enfermos, libertar os oprimidos. Dele o evangelista diz: “Tomou sobre si nossas fraquezas e carregou nossas enfermidades” (Mt 8,17). Em nossa bem-aventurança, o sentido que prevalece é certamente o primeiro, o do perdão e da remissão dos pecados. Nós o deduzimos pela correspondência entre a bem-aventurança e sua recompensa: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”, entende-se que é ante Deus, que perdoará seus pecados. A frase: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso”, se explica imediatamente com “perdoai e sereis perdoados” (Lc 6,36-37). Quem são os pecadores? É conhecida a acolhida que Jesus reserva aos pecadores no Evangelho e a oposição que isso lhe causou por parte dos defensores da lei, que o acusavam de ser “um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores” (Lc 7,34). Uma das falas historicamente melhor testemunhadas de Jesus é: “Não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2,17). Sentindo-se acolhidos por Ele e não julgados, os pecadores o escutavam com agrado. 34
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Mas quem eram os pecadores? A quem se indicava com este termo? Em sintonia com a tendência atualmente difundida de desculpar totalmente os fariseus do Evangelho, atribuindo a imagem negativa a forçamentos posteriores dos evangelistas, alguém sustentou que com este termo se compreendem “os transgressores deliberados e impenitentes da lei”; em outras palavras, os delinquentes comuns e os fora da lei do tempo. Se assim fosse, os adversários de Jesus efetivamente tinham razão em escandalizar-se e considerá-lo como uma pessoa irresponsável e socialmente perigosa. Seria como se hoje um sacerdote visitasse habitualmente mafiosos e criminosos em geral, e aceitasse seus convites para almoçar com o pretexto de falar-lhes de Deus. Na verdade, as coisas não são assim. Os fariseus tinham uma visão própria da lei e do que é conforme ou contrário a ela, e consideravam reprováveis todos aqueles que não eram conformes a sua práxis. Jesus não nega que exista o pecado e que haja pecadores; não justifica as fraudes de Zaqueu ou o adultério de uma mulher. O fato de chamá-los de “doentes” o demonstra. O que Jesus condena é estabelecer por si mesmo qual é a verdadeira justiça e considerar todos os demais como “ladrões, injustos e adúlteros”, negando-lhes até a possibilidade de mudar. É significativo o modo com o qual Lucas introduz a parábola do fariseu e do publicano: “Disse então, a alguns que se tinham por justos e desprezavam os demais, esta parábola” (Lc 18,9). Jesus era mais severo para quem condenava os pecadores, que para com os próprios pecadores. Um Deus que se alegra em ter misericórdia Jesus justifica sua conduta para com os pecadores dizendo que assim atua o Pai celestial. A seus detratores recorda a Palavra de Deus nos profetas: “Misericórdia quero, e não sacrifícios” (Mt 9,13). A misericórdia para com a infidelidade do povo, a hesed, é o traço mais sobressalente do Deus da Aliança e enche a Bíblia de um extremo a outro. Um salmo o repete em forma de ladainha, explicando com ela todos os eventos da história de Israel: “Porque eterna é sua misericórdia” (Sl 135/136). Ser misericordioso se apresenta assim como um aspecto essencial do ser “à imagem e semelhança
de Deus”. “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36) é uma paráfrase do famoso: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2). Mas o m ais surpreendente acerca d a misericórdia de Deus é que Ele experimenta alegria em ter misericórdia. Jesus conclui a parábola da ovelha perdida dizendo: “Haverá mais alegria no céu por um só pecador que se converta que por noventa e nove justos que não tenham necessidade de conversão” (Lc 15,7). A mulher que encontrou o dracma perdido grita a suas amigas: “Alegrai-vos comigo”. Na parábola do filho pródigo, também a alegria transborda e se converte em festa, banquete. Não se trata de um tema isolado, mas profundamente enraizado na Bíblia. Em Ezequiel, Deus diz: “Eu não me alegro na morte do malvado, mas (me alegro!) em que o malvado se converta de sua conduta e viva” (Ez 33,11). Miqueias diz que Deus “se alegra em ter misericórdia” (Mq 7,18), isto é, experimenta gozo ao fazê-lo. Mas por que – surge a questão – uma ovelha deve contar, na balança, como todas as demais juntas, e importar mais, precisamente porque escapou e criou mais problemas? Eu encontrei uma explicação convincente no poeta Charles Péguy. Aquela ovelha – como o filho menor –, ao extraviar-se, fez o coração de Deus tremer. Deus temeu perdê-la para sempre, ver-se obrigado a condená-la e privar-se dela eternamente. Este medo fez brotar a esperança em Deus, e a esperança, uma vez realizada, provocou a alegria e a festa. “Toda penitência do homem é a coroação de uma esperança de Deus”. É uma linguagem figurada, como tudo que falamos de Deus, mas contém uma verdade. Nos homens, a condição que torna a esperança possível é o fato de que não conhecemos o futuro, e por isso o esperamos. Em Deus, que conhece o futuro, a condição é que não quer (e, em certo sentido, não pode) realizar o que deseja sem nossa permissão. A liberdade humana explica a existência da esperança em Deus. O filho mais velho O que dizer então das noventa e nove ovelhas bem comportadas e do filho maior? Não existe nenhuma alegria no céu por eles? Vale a pena viver toda a vida como bons cristãos? Recordemos o que
responde o Pai ao filho maior: “Filho, tu sempre estás comigo e tudo o que é meu é teu” (Lc 15, 31). O erro do filho maior está em considerar que ter ficado sempre em casa e ter compartilhado tudo com o Pai não é um privilégio imenso, mas um mérito; ele se comporta como mercenário, mais que como filho (isso deveria ser uma alerta para todos nós, que, por estado de vida, nos encontramos na mesma situação que o filho maior!). Sobre este ponto, a realidade foi melhor que a própria parábola. Na verdade, o filho mais velho – o Primogênito do Pai, o Verbo –, não ficou na casa paterna; Ele partiu para “uma região distante” para buscar o filho menor, isto é, a humanidade caída; foi Ele quem lhe reconduziu a casa, quem lhe procurou vestes e lhe preparou um banquete para participar, em cada Eucaristia. Em uma novela sua, Dostoiévski descreve uma cena que tem todo o ambiente de uma imagem real. Uma mulher do povo tem em seus braços a sua criança de poucas semanas, quando esta, pela primeira vez, lhe sorri. Compungida, ela faz o sinal da cruz e a quem lhe pergunta o porquê desse gesto, ela responde: “Assim como uma mãe é feliz quando nota o primeiro sorriso de seu filho, assim se alegra Deus cada vez que um pecador se ajoelha e lhe dirige uma oração com todo o coração”.
“O que Jesus condena é estabelecer por si mesmo qual é a verdadeira justiça e considerar todos os demais como ‘ladrões, injustos e adúlteros’, negando-lhes até a possibilidade de mudar.” www.edicoesshalom.com.br 35
ACONTECE NO MUNDO
Papa recebe 80 mil assinaturas para a oração diária do terço O presidente da casa provincial da Congregação da Santa Cruz em Massachusetts, Pe. John Phalen, apresentou ao Papa Bento XVI um livro que contém 80.000 assinaturas de fiéis ao redor do mundo que se comprometeram a rezar diariamente o terço. A campanha, realizada no marco da celebração do 70º aniversário da Congregação, consistia em entregar terços gratuitos ao mesmo tempo em que as pessoas deixavam sua assinatura. O sacerdote se reuniu com o papa em dezembro de 2012 ao ser celebrado no Vaticano o congresso internacional sobre o documento de João Paulo II, Ecclesia in a América. Na ocasião, ele pediu a bênção apostólica e descreveu a experiência como “uma oportunidade especial”. Padre John Phalen assinalou também que os compromissos “estão escritos em idiomas que não podemos entender, como por exemplo, alguns pertencentes à Índia e Bangladesh”.
A campanha do terço começou em 1991 quando o fundador do Apostolado do Terço em Família e servo de Deus, padre Patrick Peyton, pediu para que rezassem pela paz em união aos pedidos da Virgem Maria. O padre Peyton é um dos sacerdotes americanos mais influentes no século XX em sua nação, foi conhecido como o sacerdote do terço e pioneiro na evangelização nos meios sociais de comunicação. Fundou o apostolado do terço em 1942 com o propósito de ajudar as famílias a rezar, alentando com a frase “família que reza unida, permanece unida”. Faleceu em 1992 em olor de santidade.
Fonte: ACI Digital
Uso de crucifixo no local de trabalho: tribunal europeu condena governo inglês
Shalom Maná | Fevereiro 2013
O Tribunal Europeu para os Direitos Humanos condenou as autoridades britânicas por não terem protegido os direitos de uma funcionária da British Airways, submetida a medidas disciplinares porque queria usar um crucifixo durante o trabalho. Segundo a Corte, todavia, a proteção dos símbolos religiosos não é aplicada em casos específicos como em hospitais, quando usar um símbolo religioso pode colocar em perigo a segurança dos pacientes e dos agentes de saúde.
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O caso, que teve ampla repercussão na mídia, aconteceu em 2006 quando Neiva Eweida, funcionária do balcão de check-in da British Airways, foi demitida porque insistia em usar um crucifixo. O mesmo aconteceu com a enfermeira Shirley Chaplin, que foi afastada do hospital onde trabalhava pelo mesmo motivo. O caso suscitou debates, além de muitas críticas ao governo, especialmente por parte da Igreja Anglicana.
No Tribunal, o governo alegou que proibir o uso do crucifixo não fere os direitos garantidos pelo artigo 9 da Declaração dos Direitos Humanos. Ao apresentar a defesa no Tribunal de Estrasburgo, os advogados defenderam que a liberdade religiosa tem seus limites no ambiente de trabalho, onde pode ser exigido um certo padrão de vestir. Além disso, o governo britânico defendeu que não houve nenhuma violação, visto que os empregadores ofereceram diversas alternativas às duas mulheres que poderiam mostrar abertamente a cruz. Os advogados das mulheres, no entanto, enfatizaram a discriminação por parte dos colegas pertencentes a outras religiões, que podiam usar símbolos religiosos de sua fé. Em sua conta no Twitter, o Primeiro-ministro britânico, David Cameron, comentou a decisão dizendo estar “encantado que o princípio de usar símbolos religiosos no trabalho tenha sido mantido. As pessoas não devem sofrer discriminação por causa de crenças religiosas”, afirmou. Em julho de 2012, Cameron prometeu introduzir uma legislação que permitisse ao indivíduo usar símbolos religiosos no trabalho em resposta ao caso.
Fonte: news.va
Cresce número de pessoas que optam pelo Celibato De acordo com matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, cresce o número de freiras enclausuradas no país, o número é o maior desde o século XVIII. Outro fenômeno ocorre na mesma linha e ganha destaque no Ceará. Cresce o número de celibatários consagrados na Igreja, pessoas que não são padres nem freiras, são leigos, alguns consagrados, que fizeram a opção de dedicar sua vida ao serviço de Deus e ao próximo. A Comunidade Católica Shalom abriga em suas residências os três estados de vida: casais, sacerdotes e celibatários. Estes últimos correspondem a um
grupo crescente na instituição, nascida em Fortaleza e reconhecida pela Santa Sé. Em dezembro, 45 pessoas consagraram-se no Celibato, somente em Fortaleza. Os celibatários desejam ser um sinal para o mundo daquilo que não passa. Ao invés de dedicar amor exclusivo a uma pessoa escolhem amar a todos e continuar o legado de Cristo, Ele que viveu como celibatário quando esteve entre os homens
Fonte: blog.opovo.com.br/ancoradouro
Egito: família presa por converter-se ao cristianismo
O caso de Nadia Mohamed teve início em 2004 quando, após sua conversão, ela e seus filhos decidiram trocar os nomes muçulmanos por nomes cristãos, com a ajuda de 7 funcionários do Escritório de Identificação, além de mudar de residência. Nascida cristã, Nadia mudou de religião devido ao seu casamento. Com a morte do marido em 1991, decidiu retornar à religião de origem, incentivando seus 7 filhos a fazerem o mesmo. Em
2006, ela foi levada a um centro de informações da cidade, onde, após longo interrogatório, confessou a sua conversão e a mudança de nome. Foi então presa, junto com seus filhos e os 7 funcionários responsáveis pela mudança no documento. Na carteira de identidade egípcia é indicada a religião. Os cristãos convertidos ao islamismo e que posteriormente tentam retornar às suas religiões de origem encontram enormes dificuldades para alterar seus nomes nos documentos, muitas vezes com ameaças de prisão. Já o processo inverso, isto é, passar do cristianismo ao Islã, não encontra nenhum obstáculo.
Fonte: Rádio Vaticano
Shalom Maná | Fevereiro 2013
A Corte Penal de Beni Suef (115 km ao sul do Cairo) condenou à prisão toda uma família por ter se convertido ao cristianismo. Nadia Mohamed Ali e seus filhos, Mohab, Maged, Sherif, Amira, Amir e Nancy Ahmed Mohamed abdel-Wahab, foram condenados a 15 anos de prisão. Outras sete pessoas envolvidas no caso pegaram penas de cinco anos.
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Personagens bíblicos terminados por “EL” 1
VERTICAIS 1- Chamado de israelita verdadeiro por Jesus (Jo 1,47) 2- Anjo que derrotou o Dragão e os seguidores (Ap 12,7) 3- Prima de Maria e mãe de João Batista (Lc 1,36) 4- Pai de Rebeca e sogro de Isaac (Gn 24,24) 5- Bisavô de Tobit (Tb 1,1) 6- Hábil artesão indicado por Deus a Moisés (Ex 31,2) 7- Primeiro filho de Oseias e Gomer (Os 1,4) 8- Guardou a prata de Tobit, em Rages, na Média (Tb 4,20) 9- Esposa de Jacó, mãe de José (Gn 30,22) 10- Bisneto de Caim (Gn 4,18) 11- Nome de Misac em hebraico (Dn 1,6) 12- O Ungido por Elias como rei de Aram (1Rs 19,15) 13- Profeta, filho de Elcana e Ana (1Sm 1,20) 14- Gilonita, Conselheiro de Davi (2Sm 15,12) 15- Filho de Cenez e Juiz em Israel (Jz 3,9) 16- Esposa de Fau e filha de Matred (Gn 36,39) 17- Irmão de Joab morto por Abner (2Sm 2,23)
Shalom Maná | Fevereiro 2013
O Sol e o Vento
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O sol e o vento discutiam sobre qual dos dois era mais forte. O vento disse: – Provarei que sou o mais forte. Vê aquela mulher que vem lá embaixo com um lenço azul no pescoço? Aposto como posso fazer com que ela tire o lenço mais depressa do que você. O sol aceitou a aposta e recolheu-se atrás de uma nuvem. O vento começou a soprar até quase se tornar um furacão, mas quanto mais ele soprava, mais a mulher segurava o lenço junto a si. Finalmente, o vento acalmou-se e desistiu de soprar. Logo após, o sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para a mulher. Imediatamente, ela esfregou o rosto e tirou o lenço do pescoço. O sol disse então ao vento: - Lembre-se disso: “A gentileza e a amizade são sempre mais fortes que a fúria e a força”.
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HORIZONTAL 1.MAIS DE QUARENTA, 2.DOZE, 3.CINQUENTAMIL, 4.DEZ, 5.TREZE, 6.OITO, 7.NOVE, 8.SETENTA, 9.DUASOUTRES, 10.QUATROCENTOSECINQUENTA, 11.DUZENTASESETENTAESEIS, 12.MAISDEQUINHENTOS
HORIZONTAIS 1- Nono filho de Jectã, trisneto de Noé (Gn 10,28) 2- Anjo que guiou Tobias (Tb 5,4) 3- Mulher de Héber que matou Sísara (Jz 4,17) 4- Fariseu em cuja escola Paulo estudou (At 22,3) 5- Profeta que interpretou o sonho de Nabucodonosor (Dn 2,1ss) 6- Segundo filho de Adão e Eva (Gn 4,2) 7- Profeta, filho de Buzi, enviado aos exilados (Ez 1,3) 8- Quarto filho de Caat, filho de Levi (Ex 6,18) 9- Ídolo dos bibilônio no tempo de Ciro (Dn 14,3) 10- Mulher do rei Acab que perseguiu Elias (1Rs 19,2) 11- Irmão de Tobit e pai de Aicar (Tb 1,21) 12- Pai de Sara, esposa de Tobias (Tb 7,9) 13- Filho de Abraão e Agar (Gn 16,15) 14- Filho de Cainã e trisneto de Adão (Gn 5,12) 15- Seu nome significa "Deus está conosco" (Mt 1,23) 16- Governador da Judéia e filho de Salatiel (Ag 1,1) 17- O anjo enviado por Deus a Maria (Lc 1,26) 18- O outro nome de Jacó (Gn 32,29) 19- Chefe da tribo de Neftali na partilha de Canaã (Nm 34,28) 20- Neto de Moisés e filho mais velho de Gersam (1Cr 23,16) 21- Mulher de Héber que matou Sísara (Jz 4,17) 22- Pai de Tobit (Tb 1,1) 23- Porteiro e quarto filho de Meselemias (1Cr 26,2) 24- Pai da profetisa Ana, da tribo de Aser (Lc 2,36) 25- Trisneto de Caim (Gn 4,18)
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VERTICAL 1.DOIS, 2. UMA, 3.CATORZE, 4.CERCADECEM, 5.SESSENTA, 6.QUINZE, 7.TRES, 8. SETEMIL, 9.SETE, 10.CINCO, 11.DOIS, 12.QUARENTA
DIVIRTA-SE
José Ricardo Ferreira Bezerra
Indicamos
o estrelas no céu Com É a história de uma criança, Ishaan Awasthi, de 9 anos, que sofre de dislexia e custa a ser compreendida. Este é um filme que fala ao coração de pais, professores e de todos aqueles que foram criança um dia, que se lembram das dificuldades que passaram e, especialmente, daquela pessoa que lhe ajudou quando ninguém conseguia lhe entender. A mensagem de amor que este filme passa é muito forte e nos faz pensar em nossas atitudes e no quão omissos podemos ser se não olharmos para o lado para ajudarmos as nossas crianças, especialmente no mundo em que vivemos. Estes pequenos indefesos têm sido muitas vezes maltratados e ignorados por quem mais deveria amá-los. Você pode fazer a diferença na vida de uma criança. Comece assistindo a este filme e tirando dele uma grande lição. 2007. 165 min.
Tia Nair, bendito seja Deus por sua vida, por seu testemunho. Contamos agora com sua intercessĂŁo, com seu cuidado com a Comunidade Shalom, agora em preces feitas diante de Deus. VanderlĂşcio Souza Membro da Obra Shalom em Fortaleza/CE
Shalom ManĂĄ | Fevereiro 2013
Tia Nair
especial
97 anos de amor a Deus 39
N
atural de Brejo Santo, interior do Ceará, Nair Rodrigues de Azevedo foi mãe de seis filhos, teve 13 netos e 20 bisnetos. Ao casar-se, era de sua vontade ter um filho homem, “e ela dizia que o consagraria a Deus”. Quem conta é Moysés Azevedo, o filho mais novo de Nair que, de fato, foi consagrado a Deus. Em um mistério de fé, a mãe do filho mais novo consagrado a Deus tornou-se sua filha, e uma das mais fiéis. Em 1986, Nair se consagrou como membro da Comunidade Católica Shalom. Em 2012, fez seus votos definitivos, comprometendo de modo perpétuo sua opção por Deus por meio do Carisma Shalom. Nos eventos, retiros e encontros da Comunidade
era uma presença constante. Carinhosamente, todos a chamavam de tia. Tia Nair fazia parte da célula Divina Providência, no Shalom da Paz, e tinha como formadora comunitária Fátima Pessoa. Viveu e morreu bem O geriatra Alexandre Cavalcanti, também consagrado na Comunidade Católica Shalom, há cinco anos era o médico que cuidava de tia Nair. “Era uma pessoa admirável. Não se entregou à velhice. Viveu lúcida até o último momento de sua vida”, disse o profissional. “Comandava a família, aconselhava os filhos. Era uma verdadeira matriarca”, comenta Alexandre. Em sua opinião, ela “viveu e morreu bem”. Tia Nair faleceu por causas naturais na manhã do dia 19 de janeiro.
“Muito obrigado, Senhor, por tanta dádiva, pelo dom da fé, pelo dom da alegria, pelo dom da oferta, pelo dom da vida ofertada. Muito obrigado, Jesus, por ter nos dado esta mãe.” (Moysés Azevedo)
Tia Nair (sentada, à direita), sua irmã D. Albanir (sentada, à esquerda) e seus filhos (da direita para esquerda) Helcyne, Moysés, Fátima, Jane e Francisca (Teté)
Moysés Azevedo Durante ação de graças na missa de páscoa de tia Nair, no dia 20 de janeiro
Muito obrigado, Jesus, por ter nos dado esta mãe! Senhor, vencedor de todo o mal e sobre a morte, neste dia nós celebramos a Tua ressurreição. Obrigado, Senhor, porque a morte não é a última palavra. A última palavra é a vitória, é a Tua vitória, a vitória da vida, da vida eterna, da vida nova que Tu tens preparado para nós. E é neste dia, Senhor, neste dia que Tu fizestes para nós, no dia em que a vida vence a morte, que Tu nos concede a graça de, envolvidos pela dor, mas ao mesmo tempo cheios de alegria, sepultarmos a nossa mãe, como família Rodrigues de Azevedo, como família Shalom, sepultarmos esta querida filha Tua. Bendito sejas, Senhor, porque este dia que Tu escolhestes é o dia do sepulcro aberto, é o dia em que Tu vencestes a morte e com o Teu corpo glorioso fizestes a pedra rolar. Tu, Senhor, com o corpo e alma em plenitude; Tu, Senhor, nos trouxestes a vida, inaugurastes o céu, a eternidade para nós. É neste dia também, Senhor, que nós cremos, que nós ofertamos, que nós entregamos a mamãe nas Tuas mãos, a oferta que ela fez durante toda a vida, a oferta que se consumou nas suas promessas definitivas a Ti, hoje se consome, ofertando e se encontrando face a face contigo; mas também, Senhor, ofertando este corpo que um dia glorioso também ressuscitará, porque é nisso que nós cremos e é nisso que ela creu durante toda a vida. Senhor, nós passamos a noite velando o corpo da mamãe, não simplesmente porque vamos sepultá-la, mas porque um dia, glorificado em Cristo, ele um dia se unirá a sua alma que já está na glória e que contempla a face do Pai. E um dia esse abraço gostoso que da terra nós dávamos nela, ainda mais pleno nós poderemos dar na glória do Senhor, no corpo do teu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Muito obrigado, Senhor, por tanta dádiva, pelo dom da fé, pelo dom da alegria, pelo dom da oferta, pelo dom da vida ofertada. Muito obrigado, Jesus, por ter nos dado esta mãe. Glória e louvor a Ti, Senhor, e nós juntos a ofertamos, cheios de ação de graças, cheios de fé, no meio da dor, mas com alegria, porque sabemos que hoje no céu é festa, porque é o dia da Tua ressurreição, é festa porque a mamãe já contempla a Tua face. É festa porque também nós cremos que este corpo no Corpo de Cristo ressuscitará. Muito obrigado, Senhor, porque ela já vira a Tua face. Muito obrigado, Senhor, porque ela já se enche de alegria, e é nesta alegria que nós, juntos, no Espírito, entoamos, cantamos, bendizemos, glorificamos o Teu santo nome. Senhor, obrigado pelo dom da fé, obrigado pela Tua mãe, a Virgem Maria, que nos deu a Ti com esta fé, com a fé em Jesus Cristo, com a fé na Igreja. Nós somos mais do que vitoriosos em Ti, por isso toda a honra e toda a glória sejam dadas a Ti.
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Fátima Azevedo Missionária da Comunidade Shalom e filha de tia Nair
Minha mãe, nossa mãe...
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Este ano, como nos demais, celebramos o Natal em família. Refletimos sobre o tema “Como fazer para que o Natal seja todos os dias”. Lancei, então, a seguinte questão: será que não é hora de valorizar mais tudo o que a vida nos proporciona gratuitamente, como o nascer e o pôr do sol, a exuberante beleza de cada flor, de cada sorriso, cada gesto de carinho, a presença dos que amamos ao nosso lado, um abraço, um sorriso, uma declaração de amor, um gesto de solidariedade, Deus em nossas vidas? Cada um foi tendo a oportunidade de fazer uma retrospectiva do ano. Revivemos as alegrias, os sonhos realizados, os desafios enfrentados e superados com a graça de Deus que nos fortalece, nos reanima, nos enche de esperanças, nos transforma. Na oportunidade, coloquei como o maior gesto de carinho vivenciado por mim na minha vida o expresso no seguinte texto, que acho oportuno transcrevê-lo neste mistério de dor e de amor que estamos vivendo com a páscoa da mamãe: “Para mim, é o amor de Deus manifestado no dom da vida da mamãe. Antes de tudo, queremos agradecer-lhe a oportunidade que nos deu em virmos ao mundo, esse universo tão rico, tão desafiante, tão belo para ser vivido e apreciado. Queremos agradecer-lhe a dedicação que teve por nós, sobretudo por ter se preocupado em dar-nos educação, nos transmitir a fé e tantos outros valores pelo exemplo, como: amor a Deus e à Igreja, honestidade, solidariedade, equilíbrio emocional, presença, alegria sem fim e a ser batalhadora, que são valores nitidamente presentes em sua personalidade. Sabemos os caminhos que trilhou para que fôssemos o que somos. Acreditamos que todo o sacrifício não foi em vão, mamãe, muito pelo contrário, hoje a senhora usufrui o que investiu e todo o sacrifício foi recompensado na vida longa que o Senhor lhe presenteou e nos seus filhos, seus tesouros, como diz a senhora, obras primas de seus cuidados. É, ‘têm mães que encaminham o filho, têm mães que o deixa no caminho’. Quero finalizar agradecendo-lhe por não nos ter deixado no caminho e sim por ter nos mostrado o caminho certo para caminhar. Amo você, amamos você”. Creio que Deus, na Sua onisciência e bondade sem fim, já estava conduzindo todo este tempo. Obrigada, Senhor, pelo dom precioso de minha mãe, de nossa mãe. Com os anjos e santos do céu nós podemos dizer dela muitas qualidades das quais aclamamos em Nossa Senhora, Sua Mestra e Mãe: mãe amável, mãe admirável, mãe do bom conselho, mãe fiel, consoladora dos aflitos, sede de sabedoria, causa de nossa alegria... Bendito seja Deus que a criou e no-la deu de presente! Hoje, com o coração sofrido, mas cheio da certeza e da alegria do céu, retornamos a Ti, Senhor, o Teu e nosso maior tesouro – minha mãe, nossa mãe. A bênção, mamãe, e até o céu!
Shalom Maná | Fevereiro 2013
Emmir Nogueira Cofundadora da Comunidade Católica Shalom
“Matriarca do Novo Testamento” No dia da páscoa da Nair chamou-me atenção um troféu sobre uma mesinha: “Troféu Matriarca 2004”. Pensei nas matriarcas da Bíblia: Sara, Judite, Ester, Raquel, Lia, Rebeca, Débora. Todas disseram “sim” a Deus em situações dificílimas, que as ultrapassava humana e socialmente. Situações decisivas para a geração e preservação do Povo de Deus. Todas, com seu consentimento heroico, colaboraram para formar um povo, um povo novo, formado pelas mãos de Deus, como nos ensina a Palavra. Nair poderia, certamente, ser uma dessas matriarcas. Entretanto, foi mais. Bem mais. Enquanto a velávamos, entendi porque o troféu, embora honroso, era, ainda pouco para ela: a diferença era o “sim nascido de um desejo de amor”. Esse tipo de desejo visceral provoca um encontro misterioso entre o sim do céu e o da terra. As matriarcas bíblicas disseram, sem dúvida, seu sim à proposta do céu e isso é enorme mérito. Seu “sim”, entretanto, não é preparado por um desejo específico de amor e fé colocado diante de Deus dia e noite até que o desejo Dele se torne também “sim” e se faça um só com o desejo de amor. A Igreja ensina que Maria concebeu Jesus no coração, em um desejo de amor, antes de concebê-lo na carne, por obra do Espírito Santo. De forma única, desejou o Messias Salvador, de forma única – sem o véu do pecado – suplicou sua vinda com amor, fé e esperança, embora não imaginasse que viria através dela. De forma única fez seu coração todo desejo desse Verbo, de quem nasceria, agora, sim, um povo novo para a glória de Deus, a partir da Cruz de Cristo. Era esse o desejo de fé e amor, o “ambiente espiritual” que os céus aguardavam, o “tempo favorável” para a vinda do Salvador. Nair gostava de contar o quanto tinha desejado um filho homem para consagrá-lo a Deus. Em seu bom humor, narrava como o pedia a Deus imaginando que, ao passar nas ruas todos a apontariam dizendo: “Lá vai a mãe do padre”. Brincadeira à parte, o que descrevia, na realidade, era um desejo de amor, esse desejo que abre os céus para um encontro de consentimentos. Queria um filho para dá-lo a Deus. O filho não seria dela, mas de Deus. Seria prova viva de seu amor a Deus. Não o queria como Hanna, para livrar-se da vergonha de não ter outros filhos, pois já tinha quatro meninas. Tampouco o desejava com o riso incrédulo de Sara. Tinha certeza de que Deus o daria e consciência de que o filho desde o início não pertenceria a ela, mas a Deus. O desejo de amor não só a faz mais que uma matriarca do Antigo Testamento, mas a aproxima da Mãe da Igreja, Mãe das Mães, Santa Mãe de Deus. Essa, ao desejar o Verbo, recebe em si o Filho. Aquela, ao desejar um filho, recebe, com ele, a graça de um novo carisma para a Igreja. É ouvida em seu desejo de um filho para Deus, para que Deus dele dispusesse conforme a Sua Vontade. Esse desejo de amor que abre os céus fez dela uma “matriarca do Novo Testamento”. Com seu “sim” ela gerou um povo novo, povo do novo milênio, povo da Nova Evangelização, povo que, como ela, busca a radicalidade evangélica, a coerência de vida, a parresia, a oração incessante. Como Maria, a Matriarca, fez-se intercessora acima de tudo: pelo filho, pelo povo que agregou no seguimento de Cristo, pelos sacerdotes, pela Igreja, pelos jovens, pela humanidade. No céu não será diferente. Entre uma história engraçada e outra, sempre tendo a última palavra – geralmente de sabedoria – com certeza logo congregará uma multidão de santos para ajudá-la na intercessão. Felizes de nós, Shalom, por sermos filhos de uma matriarca de tal quilate!
Mensagem de condolências pela páscoa da Sra. Nair Azevedo, enviada pelo presidente e pelo secretário do Pontifício Conselho para os Leigos, Cardeal Stanislaw Rylko e Monsenhor Joseph Clemens, respectivamente.
Caríssimo Moysés, Recebemos a notícia, através do P.João, que sua queridissima mãe, a Sra. Nair Azevedo, veio falecer no último sábado, 19 de janeiro. Com esta carta queremos nos unir de coração e em oração a você, à sua família e a toda a Comunidade Católica Shalom, neste momento de dor, mas que nos abre a uma perspectiva de paz profunda, só experimentada por quem crê na vida eterna em Cristo, Nosso Senhor e Salvador. Tivemos a oportunidade de conhecer a Sra. Nair por ocasião de nossa visita a Fortaleza. Era belo ver esta senhora que já em idade avançada pudera descobrir uma nova dimensão do seguimento de Jesus através de uma comunidade, fundada pelo seu filho! Unimo-nos a todos vós em agradecimento pela longa vida que a graça divina concedeu à Sra. Nair Azevedo. Certos de que a memória de sua vitalidade e alegria permanecerá viva em nossos corações, asseguramo-nos de nossa proximidade e união espirituais. Cordiais saudações em Jesus e Maria
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Shalom Maná | Fevereiro 2013
entrelinhas
Criador de mim!
Maria Emmir O. Nogueira Cofundadora da Comunidade Católica Shalom
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Shalom Maná | Fevereiro 2013
reio em Deus Pai Criador de mim! Interessante como a gente se relaciona com Deus, algumas vezes, como se fôssemos fruto da famosa “combustão espontânea” . Como se “do nada”... Bum! E lá “brotamos” nós na existência.
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Parece um conto de fadas? Uma fantasia infantil? Tem razão! Parece mesmo. Ninguém em sã consciência diria que “surgiu” de uma combustão espontânea. Hoje, cada vez mais cedo se sabe como nascem as pessoas. O problema aqui não é de idade ou sanidade mental. O problema é fé e adesão à Paternidade Divina. Deus é Pai, sim, e é, sim, origem de todas as coisas. Mais que origem, é o Criador de todas as coisas. Veja bem: ser or igem não implica necessariamente um ato da vontade. Ser criador, sim. Criar significa livre e deliberadamente fazer-se origem de um outro ser. No caso do Pai, liberdade + vontade = amor. A essência de Deus, que é Amor. Trocando em miúdos bem compreensíveis: a. o fato de Deus ser o Criador Onipotente de todas as coisas inclui... a sua criação, sua existência; b. o fato de Deus tê-lo
criado livremente e por amor transforma-o de Criador em Pai; c. o fato de que Ele criou você livre como Ele, capaz de amar como Ele, indica que Ele te ama tanto que te deu o melhor de si. Vamos lá. Comecemos pelo “a”. Como dizia acima, você não é fruto de um acaso. Não é fruto de uma “combustão espontânea”. Sua existência não teve origem, como costumo dizer, de uma semente de melancia jogada no lixo. Não é assim que a vida acontece, por mais que a lei humana das probabilidades insista nisso. O Pai é o autor da vida, sua origem voluntária e amorosa, seu Criador. A vida começa e termina quando Ele considera o melhor para cada filho. Aliás, a vida, como sabemos, não termina. Somos imortais. Esse corpo que temos passa até ser transformado para sempre pela ressurreição da carne. Você existe porque Deus, que é seu Pai, quis. Ponto! Olhar a origem da própria vida com base em um cálculo de probabilidades em encontro de espermatozóide e óvulo é reduzir a origem divina da vida. É viver segundo uma lógica que não ultrapassa horizontes. É acorrentar-se ao determinismo. Contemplar a origem da própria vida com base em um ato
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Shalom Maná | Fevereiro 2013
de Deus. Na verdade, essas características, essa imagem e semelhança atingem todo o seu ser: corpo e alma. Deus é puro espírito, é verdade, mas, em Jesus, é também homem, como você. Seu corpo lhe foi dado para expressar o amor com que você foi criado e para o qual você foi feito pelo Pai. Assim como no Pai, tudo em você existe por amor e para o amor. E olha que isso não é balela. É possível. Que o digam os santos, homens e mulheres que vivem como o Pai os criou para viver: sendo “a cara do Pai”. Creio em Deus Pai, Todo Poderoso, que cria do nada, a partir do poder da doação integral e incondicional de si mesmo. Creio que seu poder é o amor. Creio no Pai Criador de todas as coisas, inclusive e, principalmente... de mim! Como disse Santa Clara, com toda razão, antes de soltar seu último suspiro: “Obrigada, meu Pai, por me haveres criado!”. Hoje diria, talvez: minha vida não foi conduzida por acasos nem por leis de probabilidades. Ela foi conduzida por um coração de Pai.
“Não há como separar o Pai de você, ainda que você insista em se separar dele, ainda que você não adira a Ele, não se identifique com Ele.”
1 Processo que ocorre quando um corpo ou objetos rompem em chamas por causa de uma reação química não provocada por uma fonte externa de calor.
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amoroso do Criador de todas as coisas, inclusive de você mesmo, é fundamentar a vida no amor, na liberdade, na esperança, na certeza de que sua vida não é conduzida cegamente, mas orientada livremente por um coração amoroso. Não são números que conduzem sua vida. Ela é conduzida por um coração... de Pai! E o item “b”? Um criador, por mais que se esmere em expressar seu coração e pensamento em sua obra será sempre alguém fora dela. É assim um pintor e sua tela, um compositor e sua música, os pais e seus filhos. Opa! Como é? Sim, isso mesmo! Um pai da terra, por mais que não queira, precisará um dia reconhecer que seu filho não lhe pertence, que não é como ele gostaria e que não habita nele e vice-versa. Não é parte dele. O pai que não der esse passo essencial – e o filho também – acabará por prejudicar o amadurecimento e saúde psíquica do próprio filho. O Pai do Céu, por essência, tem em si seu filho e habita nele. Isso por várias razões, entre as quais o fato de ter-se unido à sua própria humanidade em Jesus. Isso não significa que o filho não seja livre para fazer o que escolher. Do contrário, o Pai seria um controlador cruel de consciências e não seria amor. O amor do Pai chega a tal ponto que, como diz Santo Agostinho, garante a liberdade do filho ainda que este se volte contra ele. Entretanto, não se permite ser livre para não perdoar o filho no momento em que este se volta contra ele. Perdoa sempre, ama sempre, conduz sempre, corrige sempre, protege sempre. Jamais abandona o filho, pois estaria abandonando a si mesmo – como, por amor, foi levado a fazer com Jesus na cruz, em total esvaziamento de si. Não há como separar o Pai de você, ainda que você insista em se separar dele, ainda que você não adira a ele, não se identifique com ele. Calma! Ele não irá perturbá-lo. Esperará humilde e silenciosamente até que você retribua seu amor. E, finalmente, “c”: é muito belo ver como o Pai cria. Para fazê-lo, ele simplesmente ama, deseja e se entrega ao filho, isto é, a você. Você é imagem e semelhança de seu Pai. Assim como seu biótipo e seu DNA trazem características do pai do seu corpo, com muito mais razão, sua alma única – só sua, criada para você – traz as características
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