Revista Fazer o bem

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revista

Fazer o bem

Ano 01 | Edição 03

Projeto HumanarteS Grupo de estudantes da Universidade Estadual do Ceará (UECE) se reúne aos finais de semana e leva alegria à crianças internadas


palavras do bem

Não é fácil manter um site e uma revista, ainda mais quando nossa equipe tem seus trabalhos por fora, mas não podemos negar que é muito compensatório. Inclusive quando isso vem acompanhado de reconhecimento. E foi o que aconteceu! Saímos no Jornal, rádio e TV O Povo e na rádio Assembleia. E se estamos felizes? Diria que só felicidade é pouco. O fator reconhecimento nos motivou mais ainda e durante esses três meses a revista Fazer o Bem cresceu, tentamos e conseguimos participar de mais ações, viramos palhaços, tias e até crianças e até lançamos uma campanha (Doador do Bem) em prol de doação de sangue para o Hemoce. E se alguém perguntar se tudo isso vale a pena, apenas respondemos com um abraço e um sorriso e no pensamento a lembrança de todos os abraços, os sorrisos e os olhinhos dos que vimos e recebemos durante esse ano. Essa é a nossa última edição de 2012, foi uma baita experiência, e em 2013 estaremos com mais força, vontade e alegria. Por sinal, esses são os votos de todos nós da revista para amigos, parceiros e pessoas que, assim como nós, têm um simples objetivo: promover boas ações. Boas festas e muito amor no coração de cada um!


Expediente Editora- chefe

Jessika Thaís

Repórter

Leonardo Ribeiro

Projeto Gráfico e diagramação

Kelly Cristina

Fotográfa

Luzia Monalisa

Revista Fazer o Bem

www.revistafazerobem.com.br


páginas do bem

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9 Me leva para casa? 14 Matéria de capa Grupo HumanarteS 16

Grupo Consciência Limpa


Edição 03

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24 28 O parque em movimento 34 Gata Lili em cena Vivências

by Carminha Campos

Entrevista


e i c n Anu aqui!

revis


stafazerobem@gmail.com


conhecendo bem

Jovens se reĂşnem para limpar a cidade 8


T

alvez para algumas pessoas, um mutirão para limpar espaços públicos possa ser visto como uma ação utópica, sem resultado e até perda de tempo. Mas para aqueles que participam do grupo Consciência Limpa essa é uma forma de ajudar, incentivar e até mudar esse tipo de pensamento acomodado. As ações são simples, catar o lixo jogado no chão e levá-lo para onde deveria estar, no lixo.

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Com esse trabalho em equipe, o grupo tem conquistado cada vez mais pessoas a aderir a ideologia de que fazer um pouco, é fazer muito e que quanto mais pessoas unidas, mais facilmente as mudanças serão vistas. São aproximadamente 60 pessoas que doam um domingo por mês à mamãe natureza e como diz a música homônima da Rita Lee “Não sei se estou pirando, ou se as coisas estão melhorando...”, mas o grupo já causa mudanças por onde passa. Para Maria Clara, estudante e integrante do Consciência Limpa, já é possível ver alguns frutos da ação. “Observei na última

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vez que fomos à Praia do Futuro, onde já realizamos três encontros, que os donos de algumas barracas colocaram cestos de lixo nas mesas. A adesão das pessoas é muito boa e só em conseguir que algumas (re) pensem suas atitudes, e mudem seus hábitos em relação ao lixo, já é uma grande conquista”, comemora a estudante. De acordo com Maria Clara, tudo começou por iniciativa de Lucas Moreira, estudante e idealizador do grupo. “Tínhamos, inicialmente, o intuito de limpar as praias de Fortaleza. Contudo, no primeiro encontro, vimos que só limpar não era o suficiente, então decidimos criar o Movi-


mento Consciência Limpa, pra dar continuidade às limpezas e iniciar um processo de conscientização”, explica. Lucas Moreira explica que o objetivo do grupo é dar exemplo de como se cuida da cidade, como se exerce cidadania. “Uma cidade mais limpa não é aquela que se limpa mais, mas sim a que se suja menos”, destaca.

serem visitados e compartilhar informa-

Os encontros começaram a ser realizados em março de 2012, possuem uma periodicidade mensal e costumam reunir, de 30 a 60 pessoas. Para participar desses encontros é muito simples, basta entrar em contato com o grupo pelo facebook. Lá é possível participar da escolha dos locais a

dar um destino mais sustentável ao mate-

ções sobre o meio ambiente e boas notícias. Para os encontros é preciso levar sacos plásticos, luvas e disposição. Por enquanto, o destino do lixo ainda é o lixo, mas o idealizador do grupo já está vendo a possibilidade de encontrar parceiros, como ONGs de reciclagem, para rial coletado. Gostou do grupo? Quer participar e ajudar a deixar nossos espaços públicos limpos e ainda mais bonitos? Acesse a fan page: Consciência Limpa.

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s o t n e m i o Dep Alanna Bernardes Estamos destruindo nossas belezas naturais, nossas, praias, rios, parques sem perceber que os maiores prejudicados somos nós mesmos. Mesmo possuindo lixeiras as pessoas insistem em jogar copos, garrafas, latinhas, cigarro, restos de comida, casca de coco e tantas coisas erradas nas nossas praias. Não custa nada jogar o lixo nos lixos ou levar sacos e retornar com seu lixo para sua casa. Se todos cooperarem teremos nossas lindas praias menos sujas e poderemos usufruir com mais tranquilidade. Então é isso, o grupo Consciência limpa é conscientizar as pessoas.

Edward de Oliveira O Grupo Consciência Limpa quer levar a educação ambiental à todos os ambientes de socialização e fixar na mente das pessoas a importância do cuidado que devemos ter com os resíduos que produzimos. Resíduos que devem ter um destino bem mais útil que estar amontoado em áreas de lazer e em torno dos bairros. Acreditamos que através de gestos individuais é possível mudar a cultura de povos inteiros e fazer de nossa cidade, estado e país um lugar melhor de se viver.

Natália Alencar

Walber Souza Ajudar na limpeza de praias não é nada mais do que um dever para mim. Infelizmente nessa cidade tão linda, existem pessoas que ainda jogam lixo nas praias. E isso é horrível! Sempre estou buscando ajudar o meio ambiente, planto árvores e faço coletas de caixas de leite.

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Então, o que me motiva a participar das ações é a sensação de poder contribuir de algum modo pra conservação das áreas. Gosto muito de natureza, especialmente a praia, e sempre me sinto mal quando vejo que as pessoas não estão sabendo fazer o mínimo, que é cuidar, como retorno da oportunidade de estar em um lugar tão bonito. Sei que uma manhã de limpeza não vai resolver tudo, mas poder chamar atenção e vir a conscientizar uma pessoa que seja, já é gratificante, pois é com o exemplo que aprendemos e ensinamos. A oportunidade de se reunir com pessoas que acreditam na mesma causa ainda fortalece e revigora, expandindo ainda mais as possibilidades.


Para ter olhos bonitos, procure ver o melhor dos outros, para ter lábios bonitos, fale , somente palavras agradáveis e para ter boa postura, caminhe com a certeza de que você n nunca está sozinho. Sam Levenso

Traga seus melhores desejos para perto do seu coração e veja o que acontece. Tony DeLiso

nce e t r e p o r u t u f O id e r c a e u q s le e àqu seus e d a z le e b a n tam r Roosevelt o n a e ll E . s o h son

Para refletir... Não tenha medo de errar, pois é com os erros que se aprende! Patricia Fernandes

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se têem ou que os seus planos nunca vão dar certo ou que você nunca vais ser alguém... Renato Russo


Me leva para casa? Todas essas fofuras estão disponíveis para adoção. Não perca tempo, leve um deles para casa e viva momentos maravilhosos com seu novo amigo. *Alguns desses animais já podem ter sido adotados.

A Magrela é uma cadelinha muito alegre e carinhosa. Contato: Jaina Pimenta 87934016 / 30144016

“Resgatei esta menina em terreno, não posso ficar pois estou com oito gatinhos. Contato 8864.5616 – Cláudia Rejane

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Porte médio, castrado, vacinado e vermifugado. Contato: Elizio – 8515.9592

A Vitória é de pequeno porte, muito dócil e meiga. Contato: Cleide – 9156.9641

Gatinha Jolie. Siamesa e vermifugada. Contato: Jaina Pimenta – 87934016 30144016

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matĂŠria de capa

Gerando

sorrisos!

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A equipe da Revista Fazer o Bem acompanhou a intervenção do grupo HumanarteS, ao lado de Euton Castro, diretor presidente do projeto, que nos explicou como tudo funciona. 17


Sábado, 10 de novembro de 2012, 14h35. Todos preparados? Sim! Então vamos lá?! Vaaaamos! O clima é esse, mistura de alegria, entusiasmo, qualificação e motivação. E assim entra em ação cinco, dos quarenta e dois membros do Projeto HumanarteS, Olívia Magalhaes, Leonardo Furtado, Jéssica Moura, Pâmela Saldanha e Bruno Meireles. No primeiro semestre da faculdade os acadêmicos de medicina da UECE cursam a cadeira de Educação em Saúde, ministrada pela professora Irismar de Almeida, na qual precisam desenvolver um trabalho de grupo que realize atividades práticas em escolas ou em unidades de saú-

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de. Esse foi o estímulo necessário para que a aluna Nathalia Cabó investisse em um projeto em que os alunos desenvolvessem atividades lúdicas dentro de hospitais. Ela começou a procurar pessoas que compartilhassem da mesma vontade para ajudar a fundar o projeto. A ação começou informalmente em julho de 2008, inspirado pela vida e trabalho do mestre Patch Adams. Em outubro de 2008 o projeto HumanarteS foi oficialmente aprovado durante a reunião do colegiado de medicina e Pró-reitoria de Extensão (PROEX) como o mais novo projeto da Universidade. É um dos maiores projetos de extensão de Universidade Estadual do


01 02 1 – Leonardo Furtado 2 – Olívia Magalhaes 3– Pâmela Saldanha 4– Bruno Meireles e Jéssica Moura,

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Ceará. A cada ano existe uma nova seleção e para fazer parte do projeto tem que estar matriculado na UECE, ser aluno dos cursos de medicina, nutrição, enfermagem, serviço social, música, psicologia, educação física ou pedagogia. De acordo com Euton, um dos planos de 2013 é estender o HumanarteS para toda a UECE. O projeto se apoia no tripé: reunião, capacitação e intervenção. Reunião: cada integrante tem que estar disponível para reuniões do projeto, uma vez por semana. Capacitação: ao entrar no projeto, os novos integrantes passam por uma capacitação para criação de seu clown (personagem) que possui 20h de duração e há, ainda, uma bimestral para todo o grupo. Intervenção: dependendo do semestre que o aluno esteja cursando, o número de intervenções diminui, ou seja, quanto mais avançado, menos intervenções. O projeto atua há quatro anos no Centro de Assistência à Criança Lúcia de Fátima Rodrigues Guimarães Sá, o CAC e há três semanas no SOPAI, Sociedade de Assistência e Proteção à Infância de Fortaleza. Todos os sábados e domingos ocorrem às intervenções, sendo de quatro a cinco membros no CAC e de seis a sete no SOPAI. Estamos de prova, o Humanartes leva alegria sim! A criançada adora e de longe dava para notar a alegria e o brilho no olhar dessas crianças. Não apenas elas, os pais e os funcionários também se divertem. É o caso de Marilene que trabalha há 17 anos no posto de enfermagem do CROA

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02 e diz o quanto é importante a presença do grupo, que sempre traz alegria e sabem interagir com as crianças. A funcionária Maria Diógenes, coordenadora da limpeza há 36 anos, diz que é um barato quando eles estão aqui e que sente muita falta quando vão embora. “Todos são maravilhosos e eles não trazem alegria apenas para as crianças, mas para todos nós”, completa. Daiane, mãe de Pedro Henrique, internado há sete dias, acha muito boa a presença

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deles, pois além de trazerem alegria, distrai a criançada. O Humanartes é apenas para alunos da UECE, mas caso tenha se interessado pelo tipo de ação, fica a dica do Risonhos que é uma organização não governamental, que se baseia no trabalho voluntariado e possui como membros palhaços amadores. Atualmente, trabalham no Hospital Infantil Albert Sabin, Hospital IJF (Ala Infantil) e Abrigo de Idosos.

1– Daiane e Pedro Henrique 2– Marilene, funcionária do posto de enfermagem 3– Funcionária Maria Diógenes entre os menbros do projeto


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by Carminha

Vivências...

Vai um chazinho aí? Ah! Bons tempos aqueles!

– ... catarro no peito!

– Mãe, tô com a garganta doendo!

– Gordura de galinha morna no peito (em-

– Coloque um pedacinho de casca de romã na boca que passa logo.

plastro). – ... dor de barriga!

– Ai que dor de ouvido, mãe!

– Só pode ser verme! Hortelã com açúcar

– Tomou banho de açude e caiu água dentro de novo, não foi?

dormida ao sereno!

– Venha cá! Umas folhinhas de arruda amassadinhas vão tirar essa dor já, já.

ao alcance da mãe e gratuito. Era mas-

– Não consigo dormir com essa tosse! – Nada que uma boa colherada de mel com limão não cure. Você parece que vai ter um resfriado.

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Bem, para tudo havia um remédio truz com leite para gripes ou infecções, suco de matruz para osso quebrado. Até as galinhas entravam no remédio! Bastavam vir do mato com a perna quebrada e ganhavam um “reforço” com mastruz amarradinho na quebradura. Logo, logo


Fotos: Divulgação

ficavam curadas. Gogo? Limão na água de beber! Mas os tempos são outros. A medicina evoluiu e as doenças idem. O que antes era apenas um resfriado, hoje é uma virose sem nome definido, porém de uma agressividade incomum. Junto com o progresso, evoluíram também os vírus, a poluição, as radiações etc. Os médicos se especializaram, e nós, os pacientes, nos tornamos mais exigentes com os diagnósticos das doenças. Queremos viver mais e melhor. Lançamos mão de todos os recursos disponíveis na medicina (e eles são muitos) para que não haja enganos na hora de o médico escolher o tratamento e como aplicálo: são exames e mais exames. Somos outras pessoas, vivendo outra época. Apesar de tudo, a fitoterapia resiste. Está aí, evoluindo também. Disputando es-

paço e ganhando terreno junto ao remédio químico. Ela é a própria natureza cuidando de nós. Mas ainda relutamos em utilizá-la. Por que será? Por que não reproduzimos toda a magia que o chazinho trazia junto com mamãe rindo e inventando mil histórias para que o tomássemos sem tantas caretas? Levar aos nossos maridos, filhos e netos um beijo com cheiro de maçã e canela, ou aos avós uma xícara com chá de boldo logo após o almoço, reviver o acolhimento, a doação, o envolver com amor. Esse é o ingrediente principal que todo doente precisa para curar o corpo ou o espírito: um clima de bem-querer com o cheiro de eucalipto, a delícia do lambedor de cinco ervas e o calor do emplastro quentinho. E o sono se faz tranquilo, sabendo o doente que, bem perto de si, há alguém a envolvê-lo num calor humano na dose certa: sem limites.

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T R CU

Fotos: Luzia Monalisa


revista

TA!

A fan page das

boas açþes

Fazer o bem


entrevista

O Parque em

movimento

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C

om mais de 20 anos dedicados a causas ecológicas, a ex-professora Luísa Vaz não foge à luta quando se trata de defender o meio ambiente. Pequenina e de fala mansa, ela se agiganta ao falar de sua maior paixão, o Movimento Proparque, que coordena, com o intuito de conscientizar e mobilizar cidadãos e o poder público, visando a conservação do Parque Rio Branco, no bairro Joaquim Távora.

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Casada e mãe de três filhos, Luísa conta com o apoio do esposo, o jornalista Ademir Costa, para desenvolver a iniciativa. Há cinco anos, mantém um blog, que atualiza com textos corajosos e impecáveis em todos os sentidos. Luísa tem como ofício remunerado a revisão de obras literárias e acadêmicas, e, como boa revisora, é minuciosa também quando o assunto é observar o que está errado no parque e cobrar providências da Prefeitura. Seu objetivo maior é perenizar as conquistas do Movimento, mantendo o Parque Rio Branco limpo, preservado em sua essência e ocupado por pessoas de bem. Revista Fazer o Bem – Como se deu o engajamento da senhora na defesa do meio ambiente? Luísa Vaz – Eu e meu esposo temos origem católica. Participamos de movimen-

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tos de jovens, que eram nossa principal fonte de engajamento. Quando morávamos na Maraponga, até o início da década de 1990, participamos de uma luta grande em defesa da Lagoa da Maraponga. Eles iam construir 1.600 apartamentos na margem da lagoa. Era um projeto desastroso, e houve uma grita geral da sociedade. Com o apoio de outros movimentos e entidades, conseguimos evitar o que seria o fim da lagoa. Foi uma luta vitoriosa. Eles construíram apenas 500 apartamentos. A lagoa e as árvores foram preservadas. RFB – O que motivou a criação do Movimento Proparque? LV – Quando compramos nossa casa, bem próxima ao parque, constatamos que o negócio aqui estava complicado. Havia esgoto a céu aberto, animais mortos, en-


tulhos no Parque. Não existia vigilância e só havia um gari. Tinha tráfico de drogas, assaltos e ocupações. Naquela época, início da década de 1990, havia muitas áreas ocupadas. Moravam no parque 52 famílias em barracos de lonas e papelão, sem instalações sanitárias... Um verdadeiro desastre. Percebemos que algumas pessoas estavam fazendo cartas para o jornal O Povo. Identificamos essas pessoas e começou essa “novela” que já dura 18 anos. Algumas tiveram a ideia de fazermos um projeto e constituirmos uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Por convicção, éramos contra. Sabemos que quando nos agregamos a algum patrocinador, a gente perde a liberdade e a capacidade de criticar. Preferimos ser livres e independentes. Temíamos ser confundidos com oportunistas que só querem dinheiro do poder público. Estudamos em universidade pública e nossos filhos também. Então, estava na

hora de retribuir. Acreditamos que quando o trabalho é voluntário, a satisfação é ainda maior. RFB – Como vocês lidaram com essa questão da ocupação e como está a situação hoje? LV – Fizemos denúncia ao Ministério Público e pressionamos a Prefeitura para que ela providenciasse a desocupação e moradia digna às pessoas. Durante todo o processo, mantivemos uma relação de amizade com os ocupantes e nunca fomos hostilizados. Eles conseguiram casas na Vila União e no Mondubim. Os que tinham casa de alvenaria, receberam indenização. Para nossa tristeza, muitos venderam as casas, que são muito boas. Soube até de um vereador do interior que comprou e está morando lá. Ainda tem umas ocupações irregulares no parque. Com relação às drogas, melhorou muito. Houve uma ação da guarda municipal e da polícia. Hoje, vejo que estamos vol-

Acreditamos que quando o trabalho é voluntário, a satisfação é ainda maior.”

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tando à estaca zero. Depois de 2010, tomaram a decisão de abandonar tudo. Quem administra é a Emlurb, Empresa Municipal de Limpeza Urbanização. E administra muito mal! Eles têm um grupo de 21 funcionários disponibilizados para cá. Acredito que não venha nem um terço disso. Tem um vigia que não sai do canto. Noto que é uma decisão da Prefeitura de não cuidar bem de parque. Colocam qualquer um pra ser gerente. Ele não sabe o que está fazendo lá. A tal ponto que chega um, arranca uma planta, outro coloca entulho, entram de moto, de carro... Se virem uma coisa errada, não interferem. Morrem de medo. RFB – Em sua opinião, quais são as principais conquistas do Movimento Proparque? LV – A maior conquista que eu vejo é termos conseguido levar gente para o parque. Era um local que não tinha boas referências. Muita gente que precisava caminhar, não fazia porque tinha preconceito. Acreditavam que era só área de drogas, prostituição e ladrões. Começamos a fazer eventos pontuais e constantes, como a Festa da Vida, uma vez no ano, com a colaboração voluntária de cantores da terra e diversos artistas. Outros programas como “Manhã Verde”, “Vejo Flores em Você” (para plantio e adoção de mudas) e projetos de passeios turísticos, são as formas de custearmos as despesas com divulgação e infraestrutura dos eventos.

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RFB – Houve algum momento que marcou sua trajetória no Movimento Proparque? LV – Houve um dia que eu tive uma satisfação tão grande, que eu senti que não havia dinheiro nenhum no mundo que pagasse nosso trabalho. Como eu falei, as pessoas colocavam muito lixo. Um dos proprietários fez um volume tão grande de entulho que hoje tem um aclive de um metro e meio em relação à outra área de aterro. Especialistas disseram que, decorrido tanto tempo, não era mais vantajoso mexer no aterro. Começamos, então, a plantar em cima dos entulhos. Muita gente se engajou. Incentivamos todos a adotar uma planta. Foram doadas mudas, e conseguimos cobrir um quarteirão de entulhos com as plantas. Um dia, eu estava caminhando e avistei uma árvore que eu plantei e aguei todo dia levando uma garrafinha d’água. Um Pau D’arco, uma árvore muito bonita, típica da Mata Atlântica. Ele estava com uma flor aberta. Aquilo me deu uma alegria, um êxtase tão grande, que eu disse: “Meu Deus, meu Pau D’arco florou”! Não sei qual foi a alegria que eu tive igual a essa. Outras vezes eu estou caminhando no parque e olho lá na frente aquela multidão andando também. Eu me lembro o quanto aquilo era deserto e, hoje, está daquele jeito. Em algumas ocasiões, cruzo com rostos familiares em outros lugares, lembro deles e fico me perguntado de onde os conheço. A maioria é do parque. Então isso pra mim é uma alegria muito grande.


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Gata Lili em cena

por Renata Costa*

Políticas públicas para o bem estar animal A implementação de políticas públicas para o bem-estar animal é questão de fundamental importância na atualidade. Cuidar bem dos animais implica também numa série de benefícios para os humanos. Nas grandes cidades é muito comum o abandono de animais de estimação nas ruas, praças, parques e outros espaços públicos. É um problema sério que pode ser resolvido por meio de campanhas de conscientização que incentivem a guarda responsável. Animais não são objetos descartáveis, nem brinquedos de criança. São vidas que merecem ser tratadas com respeito, amor e responsabilidade. Não faz sentido serem

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jogados na rua, quando ficam velhos, doentes ou representam algum inconveniente para seus tutores. Já existe uma super população de cães e gatos nas ruas das principais cidades. O poder público pode atacar este problema, em parceria com entidades de proteção animal, por meio de políticas públicas sérias e efetivas. Antigamente, cerca de 7 a 8 mil animais por ano eram recolhidos pelas famosas “carrocinhas” do Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza, hoje já desativadas. Mas esse dado não diminuiu. Hoje, estima-se que a população de cães e gatos


abandonados equivalha a 10% dos habitantes de Fortaleza. É importante ressaltar que esses dados se referem aos animais abandonados, ou seja, aqueles doentes que vivem e perambulam nas ruas. Eles devem ser castrados, tratados, vacinados, vermifugados e encaminhados para feiras de adoção, onde poderão ganhar um novo lar, numa família de humanos conscientes da importância da boa relação com os bichos. Outro grave problema são os inúmeros casos de maus-tratos que chocam todo aquele que tem um mínimo de respeito à vida. Pessoas que maltratam animais também são capazes de cometer atos de violência com outros humanos. Neste sentido, cabe aumentar o rigor da lei, que deve prever punições mais severas para quem pratica atos de crueldade com animais. Independente da espécie, todos os seres vivos são criaturas divinas. A boa relação entre humanos e animais de estimação já foi tema de pesquisas científicas. Segundo muitas delas, crianças que convivem desde cedo com animais possuem o sistema imunológico mais fortalecido. Também são inúmeros os exemplos da Terapia Assistida por Animais (TAA) no tratamento de várias doenças. Animais e humanos estão juntos no tema da saúde pública em todo o Brasil e outros países. E o poder público local e estadual tem o dever de trata-los de forma integrada, trazendo benefícios para toda a sociedade.

Equipe reunida do mutirão do SOS Gatos de Fortaleza, realizado no dia 09.11

Criança encantada na feira de adoção realizada pelo Movimento SOS Gatos de Fortaleza

*Jornalista, editora do Blog da Gata Lili e líder do Movimento SOS Gatos de Fortaleza

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seu espaço Esse espaço é reservado ao nossos leitores, caso queira mandar seu texto enviei para nosso email: revistafazerobem@gmail.com O texto abaixo é de Otaciano Junior

Complicação ou desafio? Hoje em dia o que mais se escuta é que o mundo está terrível, que as pessoas não se respeitam mais e que não existe mais um lugar bom para se estar. Mas eu fico imaginando, será que é tão complicado mudar este cenário? Parece ser complicado, de fato é, mas não é impossível. Se entregue a um desafio: eu quero, eu vou, eu consigo! Seja você a mudança que falta. O simples fato de existir a chance de mudança já é motivo de comemoração. A verdade é que toda ação gera uma reação, então plante o bem que colherá o bem. Cultive e faça essa semente se multiplicar, aos poucos, sem sombra de dúvidas, todos sentirão a mudança. Complicação não, desafio sim! Seja forte, faça o seu melhor, pois grandes resultados são a soma de pequenos detalhes.

www.revista 36


Ser viço Parque Rio Branco

Gata Lili

Avenida Pontes Vieira, SN, com entradas pelas ruas Capitão Gustavo e Visconde do Rio Branco, bairro Joaquim Távora.

lili-gata.blogspot.com.br Facebook: Gata Lili

movimentoproparque.blogspot.com.br Projeto HumanarteS Grupo Consciência Limpa Facebook: Consciência Limpa

humanartes.webs.com Facebook: Humanartes Uece Contato: Euton Castro (85) 99251270 Victhor Castelo (85) 88896243

Revista Fazer o Bem

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