gal U P C Y C L E D W E A R
KHETLIN GOMES
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE ARQUITETURA E DESIGN DESIGN DE MODA KHETLIN KARLA GOMES
gal Design de bolsas e calçados upcycled com foco no Design de Superfície
CURITIBA - PR 2017
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Design de Moda da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do Grau de Bacharel em Design de Moda. Orientador: Prof. Mª. Camila Teixeira.
Quando mais nova, minha habilidade com as palavras se soprepunham a qualquer outra, escrevia como se o ato em si fosse algo natural e simples, como se as palavras se fizessem por si só. Hoje uso as palavras pra agradecer de forma simbólica e simples à todos aqueles que tiveram um papel (por menor que tenha sido) nessa conquista que me trás muito orgulho e alegria em ter alcançado. O caminho que me trouxe até não foi fácil, nem de longe. E foram essas pessoas que me deram a mão em todos momentos. Agradeço à todos meus colegas de faculdade, mais do que isso, aos meus amigos que levarei pra vida toda, Cintia, Emanuel e Rafaela. Obrigada! Sem vocês pra compartilhar cada momento de correria e sofrimento, todos os passos teriam sido muito mais longos e difíceis. Dividir com vocês experiências e histórias me fez uma pessoa melhor. Aos meus amigos, que mais do que isso tenho como irmãos (aqueles que a gente escolhe mesmo, mais forte que o acaso) Diego, Guilherme, Gabriela, Rodrigo, Ana e Luccas. Obrigada pela paciencia, pelo apoio em cada momento, pela paciência e até mesmo por me manterem acordada nos dias em que eu não podia dormir por conta de algum trabalho atrasado. Obrigada também por me lembrarem de viver em alguns momentos que eu só sentia vontade de ficar no quarto, estudando e escrevendo. Às pessoas envolvidas nos processos técnicos deste projeto, seja na orientação com a professora mais atenciosa e prestativa que já tive, profª Camila Teixeira, seja na confecção, na modelagem, na fotografia ou na produção. Obrigada pela parceria e apoio. À minha família em geral, por todo apoio emocional e suporte, essencial para desenvolver qualquer coisa na vida. E em especial às duas pessoas mais importantes da minha vida: meu marido, melhor amigo, parceiro e companheiro de vida Guilherme, que foi o maior alicerce nesses últimos tempos de graduação, fazendo com que minha mente estivesse focada neste projeto e com que eu não precisasse me preocupar com mais nada, obrigada até mesmo por ter paciencia nos momentos em que nem eu me aguentava, pelas noites que fiquei acordada e que você me trazia uma coberta e um chá pra que eu ficasse o mais confortável possível, por cuidar de mim, me amar e apoiar nessa caminha; e à minha tia Licinha, que é a mulher mais forte que existe nesse mundo todo, que me apoiou desde o dia em minha mãe passou à ela essa tarefa de criar uma vida sem tê-la gerado, não existem palavras nesse mundo que possam mensurar o quanto eu te amo e sou grata por tudo que fez e faz por mim, sabemos que a caminhada nunca foi fácil e a vida nunca deu mole pra nós, passamos por todas as dificuldades juntas e hoje a minha vitória é tua acima de qualquer coisa. Amo vocês e a minha vitória é compartilhada com cada alma que iluminou minha trajetória. Esse é o primeiro passo de muitos!
Agradecimento
OBRIGADA!
“
Que nunca me falte habilidade pra bordar no tecido das horas a beleza simples do dia-a-dia. Edna Frigato
01 Introdução 02 Referencial
1.1. 1.2. 1.3.
PROBLEMATIZAÇÃO........................................03 JUSTIFICATIVA.........................................................07 OBJETIVOS.................................................................13
2.1. 2.2. 2.3. 2.4.
DESIGN E SUSTENTABILIDADE...................11 DESIGN DE MODA SUSTENTÁVEL.........19 DESIGN DE SUPERFÍCIES...............................35 DESIGN DE BOLSAS E CALÇADOS.......49
3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 3.6. 3.7. 3.8.
MATERIAIS MÉTODOS DE PESQUISA.60 PESQUISA DE SEGMENTO...........................68 PUBLICO ALVO......................................................72 PESQUISA DE TENDENCIAS.......................78 TEMA............................................................................82 MIX DE PRODUTO...............................................86 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS...................88 COLOR STORY.......................................................94
4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. 4.6. 4.7. 4.8.
CARTELA DE CORES.........................................96 CARTELA TECIDOS E AVIAMENTOS.....98 CARTELA DE SUPERFÍCIES...........................99 IDENTIDADE DA MARCA............................100 DESIGN DO CICLO DE VIDA....................106 COLEÇÃO FINAL...............................................122 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO.................124 PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA.......................126
teórico
03 Materiais & métodos
04 Resultados
05 Discussão
Sumário 5.1. 5.2. 5.3.
ANÁLISE ERGONÔMICA.............................136 ANÁLISE DE VIABILIDADE..........................139 VALIDAÇÃO COM USUÁRIO.....................140
6.
CONCLUSÃO........................................................142
7.
REFERENCIAL.....................................................144
& análise
06 Conclusão 07 Referencial bibliográfico
..
Anexos
ANEXO 1....................................................................147 ANEXO 2..................................................................148 ANEXO 3...................................................................155
lista de figuras 04 05 06 08 10 12 13 18 20 21 22 25 26 27 29 30 31 33 34 36 39 42 43 46 47 48 50 53 57 61 62 69 70 73 75 77 79 81 83 125 126 136 137 140
FIGURA 1 - Registros internos da empresa FIGURA 2 - Resíduos recolhidos na empresa FIGURA 3 - Exemplos de resíduos recolhidos FIGURA 4 - Calçado da Insecta Shoes FIGURA 5 - bolsa renner, calçado imelda shoes, bordado livre FIGURA 6 - Pilares da sustentabilidade FIGURA 7 - Adaptação: pesquisa Nielsen, 2016” FIGURA 8 - Relações entre etapas do ciclo FIGURA 9 - Adaptação: termos de moda sustentável FIGURA 10 - Adaptação: estratégia sustentável FIGURA 11 - Adidas UltraBoost e camisas com resíduos do oceano FIGURA 12 - Mapa do fast fashion, Revista Galileu FIGURA 13 - Coleção Spring/2017 da Zara FIGURA 14 - Adaptação: Slow Fashion x Fast Fashion FIGURA 15 - Bolsas Orna, modelo tarumã FIGURA 16 - Calçados Cabana & Crafts FIGURA 17 - Coleção Upcycled da Urban Outfitters FIGURA 18: Calçados Gasp FIGURA 19 - Bolsas gama FIGURA 20 - Aplicações do Design de Superfície FIGURA 21 - Bolsa Chanel 2.55 FIGURA 22 - Bolsa Fendi bordada FIGURA 23 - Registro do Clube do bordado FIGURA 24 - aplicações de bordado em superfícies FIGURA 25 - Exemplo de bordado livre FIGURA 26 - Calçados New Balance e bolsas Dolce Gabbana FIGURA 27 - Bolsas e calçados FIGURA 28 - Bolsas Adô Atelier FIGURA 29 - Calçados VInci Shoes FIGURA 30 - Grid de materiais de pesquisa FIGURA 31 - Análise diacrônica de bolsas, adaptado de Costa, 2010 FIGURA 32 - Adaptação: pesquisa da Abicalçados, 2016 FIGURA 33 - Composições com bolsas FIGURA 34 - Representação do público FIGURA 35 - Representação do público: transformadores FIGURA 36 - Painel de público FIGURA 37 - Painel de macrotendencias FIGURA 38 - Painel de microtendências FIGURA 39 - Painel de tema FIGURA 40 - Processos de fabricação FIGURA 41 - Look Book FIGURA 42 - Analise das pilotos FIGURA 43 - Alterações FIGURA 44 - Validação
RESUMO Este projeto de Design de Moda apresenta todo o processo de pesquisa e desenvolvimento de uma coleção de bolsas e calçados upcycled no segmento de Slow Fashion a partir do uso de resíduos têxteis da empresa de moda infantil Kids Place, localizada na cidade de Curitiba-PR. Os processos de desenvolvimento neste projeto também visam aplicar conceitos de Design de Superfície na moda por meio de técnicas de transformação têxtil e bordado livre, prezando por um desenvolvimento sustentável e pelo design de todo o ciclo de vida do produto final por meio do Life Cycle Design. Palavras-chave: Design de Moda. Upcycling. Design de Superfície. ABSTRACT This Fashion Design paper project presents the entire process of researching and developing a collection of upcycled bags and shoes in the Slow Fashion segment, made using textile waste from the children's fashion company Kids Place, located in the city of Curitiba-PR. The development processes in this project also aim to apply the concepts of Surface Design in fashion through techniques of textile transformation and free embroidery, focusing on sustainable development and the design of the entire life cycle of the final product through Life Cycle Design. Keywords: Fashion Design. Upcycling. Surface design.
1.
introdução A indústria da moda brasileira produz em média 9,8 milhões de peças anualmente, sendo o quarto maior parque produtivo de confecção do mundo, com cerca de trinta mil empresas formais atuando no mercado de acordo com dados da Abit (2014). Em função destes números do mercado, os processos de desenvolvimento e confecção de peças são altos e significativos, de acordo com Menegucci et al (2013, p. 4) “produzem uma grande quantidade de resíduos, principalmente quanto ao corte nas confecções em que toneladas de retalhos são muitas vezes descartadas”, mais precisamente tendo como resultado cerca de 175 mil toneladas de resíduos têxteis produzidas anualmente segundo relatório de Moda e Gestão de Resíduos do Sebrae (2014), e dentro deste panorama, o mercado de moda infantil cresce em média 6% ao ano, representando 15% da indústria têxtil nacional segundo relatório da ABIT à cerca do crescimento do setor têxtil, publicado em 2017. Nestes mesmos passos, o estado do Paraná tem crescido de forma expressiva no mercado da moda sendo o quinto maior produtor em volume de produtos à nível nacional, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP, 2016). Com os números atuais e as perspectivas de crescimento do mercado, o número de resíduos têxteis tendem a crescer, implicando em um aumento da necessidade das empresas em buscarem novos meios de minimizar ou redestinar estes refugos, pois segundo o Sebrae (2015) “reduzir sobras da produção e dar a elas destino correto são ações fundamentais para que o seu empreendimento cumpra o compromisso social de manter e preservar o meio ambiente”. Logo, este processo traz também novas possibilidades sustentáveis de produção e criação através do reaproveitamento deste material que costuma ter seu destino final em aterros, causando impacto negativo no meio ambiente, pois cerca de 20% do tecido utilizado na confecção de uma peça é descartado nos processos de corte, reparos e rejeitos, com base nos dados do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL, 2009). De acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2014) uma das principais resoluções que atingem diretamente a moda é a “não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (SEBRAE, 2014). Assim sendo, este projeto tem como objetivo desenvolver um projeto de Design de Calçados e Bolsas, confeccionados a partir dos rejeitos têxteis da empresa de moda infantil Kids Place localizada na cidade de Curitiba-PR, através do upcycling destes resíduos, assim como o uso de materiais de baixo impacto ambiental, minimizando o descarte e dando um novo ciclo de vida à estes insumos por meio de transformações têxteis e do Design de Superfície.
1
1. 1 Problematização A problemática a ser trabalhada neste projeto são os resíduos têxteis produzidos pela empresa de moda infantil Kids Place, que atualmente tem como destino o descarte em aterros locais na cidade de Curitiba-PR. Para compreender a ação nociva desta problemática no meio ambiente, é necessário analisar o mercado da moda de forma geral em um primeiro momento. Este mercado causa impactos no meio ambiente em todos os seus processos de produção, desde o desenvolvimento de fibras e insumos para os fios e tecidos, até o descarte de resíduos dos processos de corte. Entende-se como resíduo, de acordo com
“
Menegucci et al (2013, p. 4), “todo material derivado de sobra e resto de uma produção, que não possui mais utilidade após determinado processo e que, geralmente são descartados e tratados como indesejáveis”. Estes resíduos são mais comumente descartados em aterros e locais à céu aberto, e de acordo com Salcedo (2013, p. 54), os métodos incorretos de descarte das sobras de tecidos em aterros são meios de emissão de gases nocivos no ar como o CO2, combustíveis fósseis e o metano. No que tange aos números da indústria brasileira têxtil e de confecção, segundo o Jornal Bonde (2016):
Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções - Abit apontam que a cadeia produtiva do setor, composta por 33 mil empresas, confeccionou 5,5 bilhões de peças (vestuário, cama, mesa e banho), em 2015. Ao mesmo tempo em que o Brasil está entre os maiores produtores mundiais de têxteis, também se configura como um grande gerador de resíduos. Pesquisas do Sebrae indicam que o país produz em média 170 mil toneladas de retalhos de tecidos todos os anos. Relevam ainda que 80% desse material são descartados em lixões, um desperdício que poderia gerar renda e promover negócios mais sustentáveis.
Dentro deste mercado de confecção atua a Kids Place, que será a base de estudos desta problemática. Para o desenvolvimento deste projeto, foi realizada uma visita à empresa com a aplicação de uma entrevista com perguntas abertas destinadas à proprietária e alguns colaboradores afim de desenvolver um levantamento de dados e informações que estão descritos a seguir. Localizada na cidade de Curitiba-PR, a Kids Place opera no setor de moda infantil, na grade P ao GG (produzindo também
04
FIGURA 1 - registros internos da empresa
algumas peças para o público adulto, voltado à “moda mãe & filha”), realizando a criação, desenvolvimento, confecção e comércio de suas peças. A empresa deu início em suas atividades no ano de 1996 mas foi efetiva em 2005, tendo atualmente onze anos no mercado. Segundo as informações da empresa, uma parceria com instituições locais de caridade foi realizada durante alguns meses, onde cediam-se os retalhos para que artesãs produzissem fuxicos, trabalhos de patchwork e artigos de moda casa como tapetes, colchas, dentre outros. Outro destino para as sobras de material dá-se através da confecção de roupas de bonecas que são comercializadas pela marca. Atualmente, a Kids Place possui uma loja física acoplada à uma confecção principal de pequeno porte (destinada à confecção de peças piloto e pequenos lotes) e parceria com uma facção terceirizada (destinada à produção à longo prazo e de grandes lotes). Neste processo foram registrados alguns detalhes internos da empresa, para compreender o seu funcionamento de maneira mais ampla.
05
De acordo com as informações cedidas pela empresa, tendo como base a confecção principal, o processo de produção das peças funciona da seguinte maneira: após a criação das coleções, são confeccionadas as peças piloto e dada a confirmação, o pedido de tecidos, estamparias e aviamentos é feito aos fornecedores; após a chegada do material, um estudo manual de encaixe é feito pelos colaboradores, buscando as melhores soluções para o maior aproveitamento dos insumos; na sequência, é realizado o enfesto e o corte dos tecidos de forma manual ou com o cortador de disco, variando de acordo com a espessura e quantidade das folhas; os resíduos retirados no processo de corte vão em sua maioria para descarte, com ressalva de alguns retalhos maiores que são utilizados na confecção das roupas para bonecas; as peças são encaminhadas para a confecção e realização dos processos finais, para então irem para a loja e serem comercializadas. Os materiais utilizados pela empresa variam de acordo com as estações, porém as bases são os tecidos de malha e os tecidos planos, com média de igualdade em relação à porcentagem nas coleções. A empresa consome em média 400kg de tecido por mês, considerando que as peças variam de 100gr à 400gr devido ao tipo e quantidade de tecido utilizado, com cerca de 1200 peças como resultado final. Nos processos de corte, estima-se que uma média de 25% do tecido seja descartado, ou seja, cerca de 100kg por mês. Como referência inicial, o levantamento realizado apresenta números mais precisos do mês de Março de 2017, que como resultado obteve 16,5kg de sobras e retalhos recolhidos em um período de três dias da confecção,
FIGURA 2 - resíduos recolhidos na empresa
06
Dentre os materiais utilizados na confecção da Kids Place, o poliéster e o algodão são os dois principais insumos, como apresentado na Figura 3. De acordo com Manzini e Vezzoli (2002, p. 149), estes dois materiais têm indicadores de 19,9 e 5,4 para cada quilo produzido respectivamente em grau de nocividade para o ambiente, com base no método Ecoindicador 95, em escala de impacto ambiental de 0 a 200. É válido ressaltar também o tempo médio de decomposição destes materiais, que de acordo com o Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IBUSP, 2015) é de seis meses a um ano para os tecidos de algodão e de trinta à quarenta anos para tecidos sintéticos como o poliéster. No que tange a questões de estamparia e cores, dos materiais coletados há pouca variedade de temáticas nas estampas e cores base mais neutras, como o marrom, vermelho preto e branco . Desta forma, pode-se concluir que os resíduos de material têxtil da empresa Kids Place são nocivos ao meio ambiente, além de representarem um desperdício e prejuízo financeiro para a empresa.
FIGURA 3 - exemplos de resíduos recolhidos
Justificativa Em busca de solucionar os problemas causados pela moda no meio ambiente, é necessário desenvolver alternativas que mudem a realidade do mercado, ou encontrem soluções válidas para as questões já existentes. Segundo Lee (2009, p. 98), o slow fashion passou de uma tendência para um grande movimento mundial tanto por parte dos fornecedores, quanto do consumidor, pois foi através de um aumento da demanda por produtos sustentáveis que a indústria identificou um novo mercado lucrativo e menos nocivo ao ambiente, e um levantamento realizado pela Co-op Bank na Inglaterra em 2006, aponta que as compras de produtos de moda éticos cresceram 26% entre os anos de 2004 e 2006, representando cerca de vinte e nove milhões de libras. Esta mesma pesquisa aponta que 61% dos consumidores realizaram suas compras levando em consideração a reputação das empresas. Como dito anteriormente, o consumo de produtos desenvolvidos através de conceitos de sustentabilidade e ecologicamente corretos se torna cada vez mais comum e o mercado vem aderindo à este novo nicho, em busca de agradar os consumidores e também buscar soluções que ajudem na preservação de recursos naturais, além da diminuição da poluição, dentre outras questões. De acordo com o relatório de Nichos de Mercado publicado pelo Sebrae (2015, p. 35):
“
1.2
Há alguns anos existe um movimento mundial de conscientização, em que as pessoas passaram a se preocupar cada vez mais com o meio ambiente e com a sociedade. Por isso estão mudando sua atitude perante o consumo, uma vez que perceberam que a forma de consumir estava afetando a natureza. Os consumidores, uma vez que estão mais preocupados com seus atos de consumo, pensam mais e procuram mais para encontrar o produto correto. Segundo os Institutos Akatu e Ethos, o percentual da população brasileira que adere a valores e comportamentos mais sustentáveis de consumo é de 5%, quase 10 milhões de pessoas. Nesse movimento de mudança de atitude percebe-se a mudança do consumidor perante as roupas, por exemplo. Ele está buscando um produto mais “ético”, que não afete o meio ambiente em sua produção.
08
FIGURA 4 - calçado da insecta shoes
De acordo com o boletim de tendências do Sebrae Inteligência (2017), “uma tendência que surgiu como inovação, para suprir a necessidade de ser sustentável, é o upcycling, também chamado de movimento slow fashion ou movimento maker”. Desta forma, o upcycling apresenta-se como uma das alternativas a serem desenvolvidas neste projeto, pois segundo Saffi (2015, p. 23), trata-se de um processo de reaproveitar algum material agregando valor ao mesmo, transformando em novos produtos de maior qualidade e/ou valor financeiro, evitando o desperdício de materiais com potencial de uso e diminuindo a necessidade de consumo de novos produtos, pois “além de ser ecologicamente correto, o custo é bastante reduzido, o colocando em posição de destaque no mercado e sendo a opção preferida de artesãos adeptos da reutilização” (SAFFI, 2015, p. 24). Grandes marcas de moda têm investido em coleções de upcycling, como a Margiela, Comme des Garçons, Top Shop, Jessica Ogden e Junky Styling, segundo Lara, Carneiro e Fabri (2017, p. 2). Aos mesmos passos, marcas alternativas vêm ganhando espaço no mercado através do uso de materiais reutilizados, como exemplo da Insecta Shoes, marca brasileira de calçados veganos, confeccionados com peças de brechó reaproveitadas, solados de borracha reciclada e forro em material sintético e da MaisAlma, que produz bolsas, óculos e roupas eco-friendly e upcycled Uma das formas de upcycling de tecidos é através da transformação têxtil, que consiste na construção de novas estruturas têxteis com diferencial e valor agregado, segundo Sena (2016, p. 1) apud Costa (2003) partindo do emprego de procedimentos de transformação como: procedimento estrutural, procedimento construtivo, procedimento colorístico e procedimento combinado. Segundo Costa et al (2007, p.1): r
A pesquisa que envolve a transformação têxtil tem sido valorizada no âmbito da moda, pois permite agregar valor técnico/estético diferenciado a um produto industrializado, proporcionando maior variedade estilística ao profissional de moda e maior otimização da matéria prima ao empresário.
“
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Estes processos de transformação têxtil também possibilitam um trabalho de design de superfície, que busca criar soluções para diferentes superfícies, projetando texturas bi e tridimensionais, procurando encontrar uma solução estética para os diferentes materiais e produtos, “é caracterizado como padrão, na forma de imagem contínua (bi ou tridimensional)” (LIMA, 2015). Para Godoy (2015), “o design de superfície é uma das áreas mais vastas do design, uma vez que pode ser aplicado sobre praticamente qualquer formato, de inúmeras maneiras”, como complemento segundo Bastos (2015) no setor têxtil, o designer pode trabalhar focado na constituição das fibras, a partir de diferentes métodos de entrelaçamento de fios (rendado, tricô, tecelagem, malharia, entre outros), ou no acabamento e embelezamento do tecido (bordado, estamparia e tinturaria são algumas das técnicas empregadas). No que tange à escolha de segmento a ser trabalhado, realizou-se uma pesquisa buscando compreender o consumo de moda do brasileiro. O mercado de moda vem crescendo no Brasil de forma expressiva principalmente nas vendas online, segundo pesquisa realizada pela plataforma e-Bit (2015), no total de compras feitas pela internet anualmente, roupas, calçados e acessórios representam 17% dos produtos comercializados. Complementando, de acordo com pesquisa do MercadoLivre (2014),
(2014), calçados, roupas e bolsas estão no 6º lugar entre os produtos mais vendidos através do site no Brasil. No que diz respeito à frequência de compra realizada dentro deste nicho, uma pesquisa acerca do consumo de moda do Sebrae (2015) também diz que calçados e bolsas tem frequência de compra de 67% e 50% respectivamente. Bolsas e calçados são produzidos com matérias primas semelhantes, além de utilizar mão de obra especializada em atividades similares, como o corte, costura e colagem de materiais (à exemplo do couro). Ainda de acordo com o Sebrae (2014), o mercado de bolsas e calçados tem importante papel econômico no cenário brasileiro, com cerca de 8,3 mil estabelecimentos fabricantes, com um volume de 899 milhões de pares de calçados produzidos em 2013. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Artefatos e Calçados (ABLAC, 2012), o número de empresas no setor cresceu nos últimos anos e o maior número de estabelecimentos concentra-se na região Sudeste com 41% seguido da região Sul com 25%, com faturamentos elevados e significativos. Em suma, o projeto se desenvolverá baseado na união de um forte movimento de estilo de vida e consumo (o slow fashion), o upcycling e um segmento de mercado em constante crescimento no cenário brasileiro (bolsas e calçados), tudo isso por meio do uso do Design de Superfície.
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FIGURA 5 - bolsa renner, calรงado imelda shoes, bordado livre
Objetivos Desenvolver um projeto de Design bolsas e calçados por meio do upcycling de resíduos de uma empresa de moda infantil de Curitiba-PR ressignificados com aplicação do Design de Superfície.
1.3
12
a) Realizar um levantamento e analisar os resíduos têxteis da empresa Kids Place; b) Desenvolver diferentes formas, texturas e padrões para esses materiais por meio do Design de Superfície com a transformação têxtil; c) Criar soluções para adaptar os tecidos para uso em produtos de outro segmento e público alvo; d) Avaliar as formas e tamanhos dos resíduos, buscando soluções para a sua utilização na modelagem; e) Realizar uma análise de ciclo de vida dos produtos que serão desenvolvidos, aplicando os conceitos do Life Cycle Design.
2.
referencial teórico O conceito deste projeto gira em torno dos conceitos que permeiam a sustentabilidade e na busca por maneiras de desenvolver produtos que tenham um bom impacto na sociedade. Para isso, é necessário em um primeiro momento compreender estes conceitos inerentes à sustentabilidade como um todo, pois estes têm sido base de estudos e discussões em diferentes setores de consumo e produção, abordando as maneiras possíveis de minimizar os impactos ambientais e sociais que cada setor causa em seus processos. Para compreensão deste termo de forma geral e específica para o Design de Moda, é necessário compreender alguns pontos que serão abordados a seguir.
2.1
Design &Sustentabilidade O termo ‘’sustentável’’ é utilizado para definir algo que pode se sustentar ou se manter por si só (MICHAELIS, 2017), a partir disto o termo ‘’sustentabilidade’’ implica no ato de buscar e realizar ações que possam suprir as necessidades dos indivíduos causando menores impactos ambientais e sociais, possibilitando melhorias para o futuro e às próximas gerações, além de buscar soluções para os proble-
mas já existentes, “a sustentabilidade entende-se como o ato de projetar produtos, serviços e sistemas com um baixo impacto ambiental e uma alta qualidade social” (PIRES, 2008, p.197 apud VEZZOLI, 2002). A sustentabilidade está ligada à três pilares principais, que devem coexistir e interagir de maneira adequada, sendo eles segundo o blog Tera Ambiental (2014) apud Elkington (1990):
Pilar social sendo formado por todo o capital humano ligado à atividade desemprenhada, incluindo a cadeia produtiva, consumidores e a sociedade em geral tal como fornecedores, produtores, funcionários, público alvo, comunidades, etc;
Pilar econômico é formado por questões de mercado e competitividade, uma vez que toda empresa seja capaz de produzir, distribuir e comercializar de forma justa, além de considerar o equilíbrio entre as partes essenciais para a atividade final, sem exploração, más condições de trabalho e/ou degradação do meio ambiente;
Pilar ambiental é formado por todo o conjunto de atividades e procedimentos que possam causar impactos no meio ambiente, devendo ser desenvolvidos de maneira correta e principalmente minimizando estes impactos.
Órgãos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas), também desenvolvem constantemente estudos e ações em prol de um desenvolvimento sustentável. No ano de 2010, a ONU publicou o relatório “Esboço Zero’’, que trata de pontos a serem considerados para que este desenvolvimento possa acontecer, considerando os três pilares da sustentabilidade e apontando os resultados que se espera em um cenário de aplicação de ambos, onde um projeto ou ação que preza por equilibrar os pilares pode ser: socioambiental, eco eficiente e socioeconômica.
12
socioambiental - eco eficiente - socioeconômica. socioambiental
ambiental social ecoeficiente
econômico
FIGURA 6 - Pilares da sustentabilidade
socioeconômico Considerando estes pilares, é necessário que todos estejam alinhados através de planejamento e constante avaliação, pois como exemplo “um produto não pode ser considerado sustentável se tiver baixo impacto ambiental, baixo custo econômico, mas for fabricado com trabalho escravo” (ANICET, 2013). Seguindo estes mesmos conceitos, como ação adicional segundo Manzini e Vezzoli (2002, p. 28), para ser considerado sustentável, uma atividade ou proposta deve seguir ainda alguns requisitos gerais mais específicos, como o uso de recursos renováveis, a otimização no caso dos recursos não-renováveis, não utilizar ou minimizar o uso de materiais não degradáveis e a busca por igualdade e justiça econômica para as partes que compõem o ambiente. Como complemento, para Refosco et al (2011, p. 2) apud Schulte e Lopes (2008, p.33), o desenvolvimento sustentável é a exploração equilibrada de recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da presente geração, assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras, além disso deve-se repensar o ciclo de vida completo dos produtos, criando novas tecnologias de produção onde todos os resíduos podem ser reciclados, reaproveitados e reintroduzidos na cadeia de produção de forma contínua de acordo com Cunha (2016). O consumo de produtos sustentáveis pode também ser visto como uma macrotendência que vem afetando todas as esferas econômicas gradualmente,
e desta forma é um denominador comum para a indústria que é movida em função das tendências. Este processo de busca por empresas que prezam por um desenvolvimento sustentável segundo Fletcher (2011, p.10), impele a indústria da moda a se adaptar à novas realidades e mudar seus processos.
“Mudar para algo menos poluente, mais eficaz e mais respeitoso que hoje; mudar a escala e a velocidade de suas estruturas de sustentação e incutir nestas um senso de interconectividade” (FLETCHER, 2011, p.4).
Com relação à estes fatores, foi desenvolvida uma pesquisa global realizada em treze países de diferentes culturas pela empresa Nielsen especializada em análise de consumo e comportamento no ano de 2015, apontando números acerca do consumo de produtos sustentáveis. A pesquisa aponta que, por exemplo, 43% dos entrevistados se sentem ‘’muitíssimo’’ ou ‘’muito’’ influenciados na hora da compra por empresas que são reconhecidas por seu compromisso social, 45% são influenciados pelo fato do produto consumidor ser produzido por uma empresa ecologicamente correta, dentre outros resultados. A Nielsen também destaca que “quase três de quatro entrevistados da Geração Y estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis, aproximadamente metade do que no ano de 2014” (NIELSEN, 2015).
13
62%
dos consumidores são influenciados pela
45% consideram o fato da empresa ser
CONFIANÇA na marca
ecologicamente correta
43%
SÃO INFLUENCIADOS PELA
RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA
41% PREFEREM EMPRESAS QUE TEM
FIGURA 7 - ADAPTAÇÃO “PESQUISA NIELSEN, 2016”
COMPROMISSO
COM A COMUNIDADE
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No que tange mais especificamente ao design “o designer deve desempenhar uma nova postura de responsabilidade, visto que é o profissional responsável pela ligação entre a indústria, o comércio de produtos e a sociedade que consome e descarta tais produtos” (REFOSCO, 2011, p. 4). O Design pode ser um meio de destaque na execução de todos estes pilares e requisitos ligados à sustentabilidade, segundo Manzini e Vezzoli (2002, p. 20):
“
Como complemento de acordo com Salcedo (2014, p. 33) a necessidade de trabalhar dentro deste contexto proporciona ao mercado a oportunidade de desenvolver práticas inovadoras no design, produção e comercialização dos produtos. Para isso, o designer deve ter uma visão mais ampla e sistemática de todo o sistema que envolve um produto, compreendendo as relações, dependências, pontos positivos e negativos que cada parte do ciclo oferece ao resultado final. Esta metodologia de análise do ciclo de vida é conhecida como Life Cycle Design ou Design do Ciclo de Vida e será abordada de forma mais específica.
PAPEL DO DESIGN
‘’Dentro deste quadro geral de referências, o papel do design industrial pode ser sintetizado como a atividade que, ligando o tecnicamente possível como o ecologicamente necessário, faz nascer novas propostas que sejam sociais e culturalmente apreciáveis. Uma atividade que possa ser articulada, conforme o caso, em diferentes formas, cada uma delas dotada de suas especificidades. Para melhor compreender tudo isto, pode ser útil indicar, e apresentar resumidamente, quatro níveis fundamentais de interferência: o redesign ambiental do existente, o projeto de novos produtos ou serviços que substituam os atuais, o projeto de novos produtos-serviços intrinsecamente sustentáveis e a proposta de novos cenários que correspondam ao estilo de vida sustentável. ‘’
15
2.1.1
Análise do ciclo de vida: O Life Cycle Design, em português “Design do Ciclo de Vida” é termo também representado pela sigla LCD que pode ser resumido como uma análise ampla e profunda de todo o ciclo de vida de um produto e/ou serviço, onde todas as partes são projetadas considerando estas etapas. Estes conceitos serão aplicados neste projeto, uma vez que é necessário realizar um estudo das etapas pelas quais os resíduos têxteis passam ao decorrer de seu trajeto até o descarte e posteriormente criar um novo ciclo mais viável e sustentável para os produtos que serão gerados a partir deles. A partir do LCD é viável particularizar ou universalizar determinada etapa de um processo de forma que se torne possível compreender sua ação direta ou indireta em qualquer parte do ciclo de vida, de acordo com Manzini e Vezzoli (2002, p. 100). Nos processos de criação e desenvolvimento de um produto, é comum que cada etapa seja isolada e que não se considere as etapas anteriores ou posteriores, de forma que o todo não é visualizado. O LCD permite compreender todo o sistema ou criar uma ideia sistêmica do produto, para que se torne mais fácil ponderar os inputs e seus impactos, minimizando a sua nocividade. Em resumo, pode-se dizer que de certa forma “esta visão mais ampla leva a considerar, na fase de projeto, todas as atividades que caracterizam o produto durante o ciclo de vida, pondo-as em relação com o conjunto das trocas que elas terão com o meio ambiente” (MANZINI e VEZZOLI, 2002, p.101). A definição relacionadoa às fases da vida de um produto é mais comumente associado ao con-
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Life cycle design ceito do Ciclo de Vida de Phillip Kotler, professor e doutor na área de Marketing. Em um breve resumo da teoria de acordo com Kotler (2007), um produto ou serviço que é introduzido no mercado, possui diferentes fases de aceitação até o momento em que entra em desuso, o que também é definido como produtos com obsolescência programada, ou seja, estes itens já são desenvolvidos com o final de sua vida útil já estabelecida. Esse conceito de obsolescência programada surgiu entre 1929 e 1930 de acordo com o blog eCycle (2017), com o intuito de estabelecer um mercado que se baseava na produção mais acelerada e em série, possibilitando a recuperação econômica após a Grande Depressão. O produto passa por quatros fases em seu ciclo de vida, sendo elas: lançamento ou introdução, onde o artigo é apresentado ao mercado e produzido em pequena escala para que seja possível analisar sua aceitação inicial; o crescimento, período em que a aceitação ao produto começa a crescer e sua produção aumenta para suprir a demanda; a maturidade, momento em que o produto está firmado no mercado, sua produção fica estabilizada; e por fim o declínio, onde o produto tem um número menor de vendas e finalmente é retirado do mercado. Este modelo de vida útil do produto é linear, pois não propõe novas aplicações para o produto após seu declínio ou desuso, uma vez que o tempo de vida é programado, mas não há propostas de um ciclo de vida que possa reinserir o mesmo no mercado e além disso, o foco principal está no período de comercialização, com base nas relações de demanda do mercado.
Este modelo de vida útil do produto é linear, pois não propõe novas aplicações para o produto após seu declínio ou desuso, uma vez que o tempo de vida é programado, mas não há propostas de um ciclo de vida que possa reinserir o mesmo no mercado e além disso, o foco principal está no período de comercialização, com base nas relações de demanda do mercado.
“O ciclo de vida de um produto não se refere à evolução das vendas de um artigo durante o tempo em que permanece no mercado, e sim à cadeia de processos que intervêm na sua vida útil” (SALCEDO, 2014, p. 19)
17 Desta forma, o LCD diz que o tempo de utilização de um produto deve ser inserido no ciclo de vida total do mesmo, considerando as fases de pré e pós uso pelo consumidor, desde a extração de matéria prima base até o tratamento do material após seu uso. As fases do ciclo de vida propostas pelo Life Cycle Design de acordo com Manzini e Vezzoli (2002, p. 93) são:
Pré-produção é toda a fase que envolve os procedimentos de elaboração, criação, aquisição de recursos, logística inicial, transformação da matéria prima e demais processos;
Produção é a fase de transformação do material, montagem e acabamento do produto;
Distribuição processos de embalagem, logística e armazenagem;
Uso é a utilização do produto e/ou serviço pelo consumidor final, também possui relação com questões de manutenção e reparação;
Descarte é o momento em que chega ao fim a vida útil do produto para o consumidor, nesta fase é possível recuperar a funcionalidade do artigo ou de seus componentes, criar novos itens a partir do descarte ou buscar locais apropriados para os rejeitos que não podem ser aproveitados.
Em meio a estes processos apresentados acima, o LCD propõe que o designer projete soluções mais eficientes e sustentáveis para cada etapa a partir de estratégias de: minimização de recursos, uso de recursos de baixo impacto ambiental, otimização da vida útil do produto, a extensão da vida dos materiais e a criação de soluções para facilitar a desmontagem e reuso dos materiais, de acordo com Manzini e Vezzoli (2002, p. 105).
As diferentes estratégias podem ser aplicadas em etapas diversas, não estando restritas à determinado momento do ciclo de vida e estão todas interligadas de alguma forma. Por exemplo, a minimização de recursos pode ser uma estratégia aplicada em todas as fases e que possui relação com todas as outras estratégias de forma direta, ou a extensão da vida dos materiais que depende da escolha de recursos de baixo impacto e de qualidade.
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pré-produção minimização de recusos
escolha de recursos de baixo impacto produção distribuição
Otimização da vida útil
uso
extensão da vida útil
descarte facilidade de desmontagem FIGURA 8 - RELAÇÕES ENTRE ETAPAS DO CICLO
Em suma, o Life Cycle Design e o Design para Sustentabilidade são conceitos que se completam e estão em equilíbrio quando se trata de um desenvolvimento sustentável de produtos e serviços, um fundamenta o outro e possibilita que ambos estejam em constante evolução, segundo Manzini e Vezzoli (2002, p. 24). Compreender as alternativas, possibilidades e limites de ambos permite que sejam desenvolvidos projetos com maior assertividade no sentido da sustentabilidade, como citado anteriormente, estes conceitos são as bases iniciais para o desenvolvimento deste projeto de Design de Moda Sustentável.
2. 2 Design de moda sustentável
“
Quando se utiliza aqui o termo “moda”, é necessário compreender que este aborda todos os processos que envolvem o produto final, desde o plantio de matéria prima para substratos têxteis até o consumidor final, segundo Berlim (2012, p. 26), ou seja, é necessário pensar em toda a cadeia produtiva e no ciclo de vida de um produto, como proposto pelo LCD. Abordando o papel do designer de moda na sustentabilidade, segundo Martinez (2013, p.4), é esperado que este considere todos os requisitos de sustentabilidade em todo o ciclo de desenvolvimento projetual, com harmonia e eficácia. Existem inúmeras formas de adotar práticas sustentáveis na moda, “criando produtos que demonstrem sua consciência diante das questões sociais e ambientais que se apresentam hoje em nosso planeta, e expressar as ansiedades e desejos de quem a consome” (BERLIM, 2012, p.13). Áreas como pesquisa e desenvolvimento de novos têxteis, o uso de tecidos inteligentes e/ou orgânicos, utilização de corantes naturais, valorização da mão de obra, resgate de características culturais e a conscientização do público final podem ser destacadas como questões que são inerentes ao design de moda sustentável. Dentro destas possibilidades de trabalho, segundo Gadaleta (2016):
“Como em outros mercados, na moda também olhamos para os pilares ambiental, social, econômico e cultural. Nesse sentido, é fundamental rastrear toda a cadeia de valor de uma marca, uma empresa ou um produto, identificando os gargalos e as possibilidades de mudanças, com o objetivo de mitigar os impactos negativos no meio ambiente e na sociedade. No Brasil, práticas como reciclagem, reaproveitamento e upcycling vêm se mostrando cada vez mais viáveis. Essa nova forma de ver e pensar os mercados de moda e beleza precisa ser aplicada por toda a cadeia produtiva, que vai do produtor da matéria prima até o descarte, passando pela indústria e pelo consumidor. [...] A moda é muito rápida e através dela podemos disseminar informações muito importantes sobre o desenvolvimento sustentável na indústria. Imaginamos também novas formas de consumo no mercado da moda:
compartilhamento, trocas, re-criação.”
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A moda sustentável recebe diferentes terminologias, como ecomoda, moda verde, slow fashion, moda ética, dentre outras. Estes termos podem ser agrupados em categorias em função de suas similaridades e segundo Salcedo (2014, p. 32), destacam-se três expressões que podem exemplificar estas subdivisões, sendo elas:
moda ecológica ou ecomoda, a moda ética e o slow fashion.
ECOMODA
É a moda produzida por métodos e insumos menos prejudiciais ao meio ambiente. Foco: REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL
moda ética
Além de considerar questões ambientais, também se concentra na saúde do consumidor e nas condições de trabalho do produtos. Foco: AMBITO SOCIAL
slow fashion
Todas as partes envolvidas no desenvolvimento e consumo de um produto são consideradas, enfatiza a conscientização e boas relações. Foco: QUALIDADE, VISÃO AMPLA DO CICLO FIGURA 9 - ADAPTAÇÃO “tERMOS DE MODA SUSTENTÁVEL”
21 A partir destas colocações que cabem ao Design de Moda Sustentável, abrem-se novas possibilidades de atuação para as marcas, podendo focar-se em pequenos nichos mais específicos ou mesclando diferentes características para criação de um negócio inovador. Tratando-se do mercado e da economia, segundo Manzini e Vezzoli (2002, p. 23), este design
para sustentabilidade pode ser visto como uma espécie de design estratégico, pois pode ser o centro de estratégicas de atuação da empresa. De acordo com o Sebrae (2017), a sustentabilidade deve ser uma condição competitiva no mercado, além de apenas um diferencial, pois é algo necessário e que deve ser considerado em todos os âmbitos de produção, em todo o ciclo
Contribui com o meio ambiente e posiciona a empresa dentro da discussão atual sobre o tema
VIsa atingir o perfil de consumidor consciente
estabelece imagem positiva da empresa diante do mercado e contribui para a competitividade
atua com responsabilidade socioambiental, reduz disperdícios e custos de produção
MARCAS
FIGURA 10 - ADAPTAÇÃO “ESTRATÉGIA SUSTENTÁVEL”
Grandes marcas vêm investindo em moda sustentável, como exemplo da Adidas que foi eleita a 6ª empresa com melhores práticas sustentáveis do mundo pela revista canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável Corporate Knights em 2016 (EXAME, 2016). Um exemplo de projeto sustentável da Adidas, foi a criação do tênis UtraBOOST Uncaged Parley em parceria com a ONG Parley for the Oceans, onde foram retirados resíduos plásticos de oceanos para a produção de uma malha feita com poliéster reciclado, além do uso de outros materiais retirados de áreas costeiras para a confecção de partes do calçado, este mesmo procedimento foi utilizado na confecção de camisetas de futebol segundo a Revista Ativo (2016).
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FIGURA 11 - ADIDAS ULTRABOOST E CAMISETAS DE RESÍDUOS DO OCEANO
Em suma, o modelo atual de consumo global está entrando em constante questionamento, e o Design de Moda Sustentável em suas diferentes variantes apresenta soluções em pequena, média e grande escala por meide novos modelos de negócios, produtos menos nocivos, cadeias de produção equilibradas, dentre outras características. Como conclusão, de acordo com Manzini e Vezzoli (2002, p. 31), em alguns anos a sociedade irá analisar questões de bem-estar e economia com base em um consumo menor, mais consciente, de maior qualidade e com o uso de poucos recursos materiais.
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2.2.1
Segmento de moda sustentável: O segmento de moda escolhido para desenvolver este projeto foi o Slow Fashion, por agregar em sua definição diferentes posicionamentos de preocupação com um desenvolvimento sustentável, considerando todos os pilares da sustentabilidade de forma equilibrada e para tal é necessário compreender a fundo o que este termo significa assim como outros mercados que exercem ação direta sobre ele. Partindo deste preceito, o termo Slow Fashion é utilizado para designar um movimento de moda (tanto produtivo, quanto de consumo) que preza por valores éticos que vão além de questões econômicas e de lucros. A percursora do conceito foi a ativista e consultora de moda inglesa Kate Fletcher, inspirada no movimento Slow Food criado pelo jornalista italiano Carlo Petrini em 1986, que contestava em um primeiro momento o fast food no mundo e a forma como a sociedade consume de forma exorbitante sem pensar nas consequências futuras de seus atos.
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O principal objetivo do movimento é expandir a consciência quanto à origem dos produtos consumidos, procurando valorizar a diversidade, o resgate de nossas tradições. (SEBRAE, 2017).
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Slow Fashion definição Em tradução livre o termo significa ‘’moda lenta’’, porém não se trata apenas de produzir algo em um tempo maior, mas de analisar todo o processo envolvido em um item final que se consume, por isso sua relação com o Life Cycle Design que busca ter uma visão sistemática do projeto e do Design de Moda Sustentável, que preza pelo equilíbrio entre todas as partes envolvidas. Este movimento vem como uma resposta ao modelo de consumo acelerado, que há alguns anos se consolidou e popularizou no mercado da moda e para compreender esta resposta é necessário se aprofundar nos conceitos de Fast Fashion
25 O Fast Fashion ou Moda Acelerada em tradução livre, é um modelo de produção que segue micro e macrotendências com rapidez e prontidão, produzindo em grandes quantidades abastecendo o mercado e suprindo as demandas de consumo. Segundo Lipovetsky (2005, p. 93) após os anos de 1950 e 1960, os jovens passaram a se posicionar como consumidores em potencial, além de serem novos formadores de opinião e público alvo para compreender as novas tendências de consumo, retirando das marcas de alta costura a posição de trendsetter que era mantida há muitos anos. Posteriormente, nos anos de 1980 e 1990 segundo Delgado (2008, p. 4), a globalização da informação e da economia ocorre de forma intensa através da internet e outros meios de comunicação, popularizando também as informações de moda e tendências. Esta expansão de informações por meio da globalização, estimulou o consumidor a desejar se atualizar em relação às tendências mundiais com maior frequência em uma espécie de hiperconsumo desenfreado. Esse fenômeno foi percebido pelas marcas e agregado à sua filosofia, portanto as empresas que se intitulam Fast Fashion se caracterizam por lançar produtos com espaço curto de tempo, em grandes quantidades e seguindo as micro
FIGURA 12 - mapa do fast fashion, revista galileu
tendências que estão em voga, as mercadorias são atualizadas em curto espaço de tempo nas prateleiras das lojas, por meio de uma logística planejada para otimizar tempo e o vitrinismo também é atualizado de acordo com estas tendências afim de que o consumidor se sinta estimulado a visitar as lojas com frequência para se atualizar. É comum neste sistema de produção o uso de mão de obra terceirizada e a logística global para que o produto final seja desenvolvido como pode ser visto na Figura abaixo que apresenta os principais países que integram a cadeia produtiva de moda, onde cada etapa é executada em diferentes localizações. Além disto, as Fast Fashion em sua maioria costumam oferecer seus produtos por valores menores que outros segmentos e produz com qualidade baixa para manter estes valores. O ponto principal é que para manter este fluxo acelerado de mercado e os preços baixos, as empresas buscam soluções que permitam suprir suas necessidades, neste sentido as maiores críticas ao Fast Fashion, são o uso de mão de obra mais barata, salários inadequados, a baixa qualidade dos produtos que é feito com obsolescência programada, o descarte em grande fluxo de rejeitos após seu uso, o consumo exagerado e a falta de preocupação com questões sociais e ambientais.
26 Além disto, as Fast Fashion em sua maioria costumam oferecer seus produtos por valores menores que outros segmentos e produz com qualidade baixa para manter estes valores. O ponto principal é que para manter este fluxo acelerado de mercado e os preços baixos, as empresas buscam soluções que permitam suprir suas necessidades, neste sentido as maiores críticas ao Fast Fashion, são o uso de mão de obra mais barata, salários inadequados, a baixa qualidade dos produtos que é feito com obsolescência programada, o descarte em grande fluxo de rejeitos após seu uso, o consumo exagerado e a falta de preocupação com questões sociais e ambientais.
A Zara, como exemplo, lança em média vinte coleções durante um ano, diferente de outras marcas que larçan em torno de duas coleções por temporada. São cerca de duas mudanças nas araras da loja por semana., 120 mil peças por ano e quarenta novos produtos criados por dia, de acordo com o site Mundo das marcas (2017).
“
Fast fashion significa estar sempre com as prateleiras abastecidas de novidades para os consumidores, requerendo coleções compactas e modelos novos o tempo todo, onde o planejamento de produto não é para meses, mas para semanas ou dias” (RIBEIRO, 2007).
FIGURA 13 - coleção spring/2017 da zara
27 Como resposta a este modelo de produção acelerada, algumas marcas, empresas, estudiosos da área e designers passaram a trabalhar a moda de outra forma. Como exemplo, em 2015 a especialista em tendências Li Edelkoort divulgou o ‘’Manifesto Anti-Fashion’’, onde afirmou que o sistema de moda estava obsoleto e se tornando cada vez mais descartável. O Slow Fashion, portanto, busca manter a diversidade ecológica, cultural e social, mantendo vivos os métodos tradicionais de fabricação, como o feito à mão, técnicas de tingimentos naturais, além da história por trás de cada peça de roupa, a valorização do trabalho local, a preocupação com a origem de
cada material e a qualidade acima da quantidade. Concentra-se também na utilização de materiais de recursos locais, apoiando o desenvolvimento das empresas da região, e desta forma “se apresenta como uma estratégia de moda que visa a proteção e a melhoria da utilização dos recursos humanos e naturais necessários para o nosso futuro e sobrevivência” (FABRI e VALLOTTO, 2015, p. 2). Os autores também defendem que o Slow Fashion se desenvolve através de uma produção em pequenas escalas, priorizando por formas mais artesanais e tradicionais de produção, buscando propor a diversidade e a qualidade.
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SLOW FASHION
Diversidade Global/Local Autoconsciência Confecção/Manutenção Confiança Mútua Ligada aos impactos Preço real Alta qualidade Pequena e média escala
FAST FASHION
Produção em massa Globalização Imagem Novo Dependência Não considera impactos Mão de obra barata Baixa qualidade Grande escala
FIGURA 14 - adaptação slow fashion x fast fashion
28 Outro movimento que se popularizou foi o Fashion Revolution Day, que foi criado após o desabamento do edifício Rana Plaza na India, no ano de 2013 deixando cerca de mil pessoas mortas que estavam em posições de trabalho para fast fashion do mundo inteiro. O Fashion Revolution propõe a conscientização do custo da moda e seu impacto, além de valorizar as pessoas que produzem e criam produtos, segundo a co-fundadora do movimento Orsola de Castro (2016):
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De acordo com Boletim Sebrae (2017), os aspectos mais relevantes do Slow Fashion são:
Esperamos que o Fashion Revolution Day inicie um processo de descoberta, aumentando a conscientização sobre o fato de que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve centenas de pessoas, realçando a força de trabalho invisível por trás das roupas que vestimos
Aproximar visa desenvolver uma ligação entre o produtor e o consumidor;
Economia local fomentar o comercio local, valorizando aqueles que utilizam matéria prima sustentável;
Qualidade e atemporalidade valorização de peças que ultrapassam as tendências de moda, com qualidade e durabilidade;
Lucro valores justos para o consumidor final e salários justos para o produtor, considerando a economia local;
Conscientizar estimular uma visão holística do impacto na sociedade, atribuindo a responsabilidade social e ecológica.
29 O mercado vem se mostrando mais receptivo às novas marcas que optam por focar sua produção no movimento Slow, ” o sistema atrai um público novo no mercado, uma gama de clientes exigentes tanto em relação ao design da peça, quanto à sua forma de produção” (AUTOSSUSTENTÁVEL, 2017). Um exemplo é a marca curitibana Orna, criada pelas irmãs Barbara, Julia e Débora Alcântara que optaram por desenvolver bolsas atemporais ins-
pirados na cidade de Curitiba, com produção 100% local estimulando o comércio e os pequenos artesãos, além de confeccionar pequenos lotes. A Orna tem sido case de estudos no campo da moda, do empreendedorismo feminino e curitibano, pois em poucos anos a marca se consolidou e vem crescendo de forma expressiva, além de criar uma experiência de compra que se caracteriza como mais um diferencial (ORNA, 2017). Outro exemplo de marca de Slow Fashion é a Cabana Crafts da cidade de São Paulo, criada pela designer Manuela Rodrigues. A marca produz calçados e bolsas de forma artesanal com produtos autênticos e elementos naturais desde 2014, e atualmente vem se consolidando no mercado como referência em calçados artesanais. Manuela trabalha com couro natural e produz estampas exclusivas em fibras naturais, confecciona pequenos lotes e prioriza o conforto e a durabilidade dos produtos.
FIGURA 15 - Bolsas orna, modelo tarumã
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FIGURA 16 - calçados cabana & crafts
Produtos que seguem os conceitos do Slow Fashion podem ter diferentes característcas, mas há sempre a preocupação com a origem do material, a mão de obra e a qualidade que é apresentada ao consumidor.
Por fim, produtos que seguem o conceito do Slow Fashion podem ser produzidos com matéria prima pouco poluente, fibras orgânicas, naturais e outras características, mas também podem ser posicionados como uma solução para insumos que seriam descartados ou estão fora de uso, como é o caso do upcycling que utiliza estes materiais para criar produtos de valor igual ou maior aos originais, que será utilizado neste projeto, portanto este conceito será abordado no item a seguir para uma melhor compreensão.
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2.2.2
Agregando valor: Agregando
FIGURA 17 - coleção upcycled da urban outfitters
Umas das atuações possíveis dentro do âmbito da moda sustentável e do Slow Fashion é o upcycling. Para compreender este tipo de produção é necessário abordar brevemente alguns pontos iniciais a respeito da indústria da moda. Como citado anteriormente no item da problemática, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010), as empresas e indústrias de todos os setores tem total responsabilidade no que tange à correta destinação de seus resíduos, e desta forma esta política estimula as questões relacionadas ao reaproveitamento de rejeitos em todos os setores, incluindo a moda. A partir disto, de acordo com o Sebrae (2014), é possível transformar os resíduos em insumos e produtos para serem aplicados em diferentes setores. é possível utilizar os resíduos de diferentes fontes e em todos os casos é estimulado que seja feito um reaproveitamento, ou reciclagem destes materiais. O conceito de reciclagem no âmbito da sustentabilidade, de maneira geral é definido como a “coleta e utilização de produtos manufaturados descartados na fabricação de novos produtos, com o objetivo de evitar o desperdício de materiais úteis, preservar as reservas de recursos naturais e diminuir a quantidade de lixo” (MICHAELIS, 2017). A partir desta definição, a organização americana Cradle to Cradle, considerada atualmente uma das mais influentes quando se trata de desenvolvimento sustentável de acordo com a Epea (2017), determinou termos para diferenciar as formas de reaproveitamento de maneira mais específica, sendo eles: recycling, downcycling e upcycling. O recycling é o reaproveitamento de um produto de modo que ele tenha a possibilidade de ser transformado em matéria prima para que o produto inicial possa ser refeito, um exemplo são as garrafas de vidro que podem ser derretidas e usadas
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Upcycling para fazer novas garrafas utilizando energia e processos químicos. O dowcycling, abrange as formas de reaproveitamento que tem como resultado final um produto de menor qualidade e/ou valor, os materiais sofrem alterações e não podem ser utilizadas, por exemplo, para fazer produtos iguais aos originais. Um exemplo comum de produtos dowcyled, são as garrafas pet que passam por diversos processos químicos, utilizando recursos como energia e água para serem transformados em novos materiais de plástico reciclado como cadeiras, mesas, entre outros e posteriormente o destino mais comum destes itens após seu ciclo de vida é o descarte, de acordo com Guarnieri (2010). Em contrapartida, o upcycling consiste em criar novos produtos a partir dos resíduos que possuam maior valor e/ou qualidade que os materiais originais. Além disso, são envolvidos poucos recursos neste processo e menor uso de novas materiais.
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Esse processo vem ganhando muitos adeptos, isso porque, além de ser ecologicamente correto, o custo é bastante reduzido, o colocando em posição de destaque no mercado e sendo a opção preferida de artesãos adeptos da reutilização (SAFFI, 2015, p. 25)
Recycling Foco na ecuperação, a matéria prima é usada para o mesmo produto inicial, possui mesmo valor, não há perda de características e apresenta alto uso de recursos
Downcycling Foco no reuso, a matéria prima é usada para outro produto, possui menor valor e menor qualidade, há perda de qualidades básicas e alto uso de recursos
Upcycling Foco na renovação, a matéria prima é usada para um novo produto , possui maior valor e maior qualidade, não há perda de características e minimização do uso de recursos
33 A partir da análise destes itens, é possível perceber que em termos de um desenvolvimento mais sustentável, o upcycling é a melhor opção de reaproveitamento pois além de tirar materiais descartados do meio ambiente possibilita que estes sejam transformados em produtos de maior valor e qualidade, além de utilizar menos recursos naturais e minimizar os efeitos nocivos de uma nova cadeia produtiva no ambiente. Além disto, um produto upcycled possui características que agregam valor econômico e simbólico como: a sua exclusividade; a história que carrega, uma vez que o insumo inicial já teve um ciclo de vida completo; o investimento em sustentabilidade; e a criação de novos ciclos de vida para um material que seria descartado. Desta maneira o mercado vem aderindo a este conceito de upcycling, onde diferentes nichos criam soluções para os resíduos dentro deste contexto por meio de diferentes formas de aplicabilidade: em peças de vestuário e coleções com seus próprios resíduos, criações com resíduos de outras marcas e/ou outros setores, na
FIGURA 18 - calçados gasp
criação de acessórios, decoração, calçados, bolsas e diversas outras opções. Um exemplo de modelo de upcycling é a Gasp, marca de calçados da cidade de Curitiba criada por três designers e um mestre sapateiro. A Gasp desenvolve calçados upcycled reutilizando resíduos têxteis e de fábricas de calçados, através de processos clássicos e artesanais aliados ao design, além de realizar colaborações com designers locais e prezr pelo uso de materiais sustentáveis como complemento na construção de seus produtos. Outro exemplo é a Agama, marca de bolsas e acessórios veganos e upcycled criada por Adriana Costa na cidade de São Paulo em 2014. A marca desenvolve seus produtos com amostras de tecidos de empresas que seriam descartados, além de uniformes, estofamentos de carros e outros resíduos, por meio da ressignificação destes materiais segundo Costa (2017).
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FIGURA 19 - bolsas agama
Para a melhor execução de um processo de upcycling é necessário pensar no resultado final da superfície que será utilizada no produto, com base nos estudos de público alvo, do material utilizado e das tendências em que se pretende trabalhar. Para isso percebeu ser necessário o estudo mais específico do Design de Superfície e alguns subitens dentro deste elemento que compõe este projeto, como é o caso da transformação têxtil e do bordado livre, que serão apresentados na sequência.
2. 3 Design de superficie
“
O Design de Superfície é o campo do design destinado a criar imagens, texturas, cores e acabamentos diversos para as superfícies. É uma das áreas mais vastas do design segundo Godoi (2012), pois qualquer tipo de superfície pode ser um material de base para um trabalho ser executado, em qualquer forma e por meio de qualquer técnica de aplicação, logo esta área está em constante crescimento devido à ampla possibilidade de atuação. “O design de superfície sempre existiu, mas as pessoas nunca se deram conta, todas as formas têm superfície e são possíveis de receber algum revestimento ou tratamento, uma cor ou textura”. (RUTHSCHILLING apud SIQUEIRA, 2012). Além disto, esta área de design não se restringe somente a aplicação de uma estampa sobre a superfície, uma vez que trabalha também com texturas e acabamentos, de acordo com Ruthschilling (2008):
O design de superfície é uma atividade em que se desenvolvem projetos de constituição e/ou revestimentos de superfícies, conferindo qualidades estéticas, funcionais e estruturais a um objeto. Percebam que este campo não se limita somente a impressão de desenhos em um substrato, há projetos em que a padronagem acaba sendo o próprio objeto
O termo Design de Superfície tem sua origem na língua inglesa com o termo ‘’surface design’’, que foi utilizado em um primeiro momento pela Surface Design Association, uma associação dos Estados Unidos que é voltada exclusivamente para a área. Porém, o termo surface design refere-se apenas à área têxtil de acordo com Pires (2008, p. 371) apud Levinbook (2008) e foi a designer Renata Rubim no ano de 1987 que trouxe o termo para o Brasil, abrangendo diferentes áreas além do têxtil, como a papelaria, cerâmica, plásticos emborrachados, desenhos, ilustrações, imagens digitais, entre outras. Dentro da área de design de superfície têxtil que será utilizado neste projeto, há ainda algumas subdivisões que permitem estudos mais aprofundados e específicos de execução e aplicabilidade das técnicas. De acordo com Pires apud Levinbook (2008, p. 376), as áreas de abrangência e subdivisões são:
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FIGURA 20 - aplicações do design de superfície
Design de superfícies têxteis malharia, malharia retilínea, tecidos planos, não tecidos, aviamentos, bordados industriais e acabamentos especiais, em segmentos como o vestuário, acessórios, revestimentos, decoração, cama, mesa e banho;
Design de superfícies têxteis estampadas estamparia em geral em tecidos, corrida ou localizada no segmento de vestuário, decoração, calçados, acessórios, entre outros;
Design de superfícies têxteis artesanais tapeçaria artesanal, teares, wearable art , tricô, bordados manuais e pinturas diversas.
37 O processo de transformar uma superfície pode ser feito por meio de algumas técnicas de execução, como o rapport que consiste em criar um módulo base a partir de algum desenho, textura, cor ou forma, sendo a parte que contém todos os elementos do resultado final e repeti-lo de diferentes formas criando um padrão, com unidade, continuidade e ritmo. De maneira complementar à estes conceitos, para Rocha (2015), “o rapport não é simplesmente repetição, é um tipo especial de repetição de um módulo com encaixes perfeitos, projetado para alcançar um resultado específico’’, uma vez que o rapport depende da harmonia na sua execução. Existem inúmeras maneiras de desenvolver a repetição da base ou do módulo inicial, através de rotação, reflexão, repetição, translação,
sobreposição, entre outros de acordo com Bonifácio (2015), além da possibilidade de combinar mais de um módulo. O rapport também é um tipo de aplicação corrida na superfície, podendo ser feito através de sistemas de computador como o Illustrator e o Photoshop, de forma manual através de ilustrações, bordados, pinturas, dentre outras inúmeras possibilidades. A Figura abaixo mostra uma breve representação dos conceitos de módulo e rapport, aplicados em um modelo de bolsa clutch da designer Yumiko Higuchi, que desenvolve seus produtos com bordados manuais em diversas temáticas. O módulo é aplicado através da sua repetição em duas maneiras diferentes sobre uma superfície de cor única, gerando um rapport de bordado.
módulo rapport
Outra forma de desenvolver o Design de Superfície é através das aplicações localizadas que não dependem de repetição de um módulo como é o caso do rapport. Neste método, é desenvolvido um módulo de forma livre com um ou mais elementos diversos utilizando as técnicas citadas acima e este é aplicado na superfície, sem repetições de nenhum tipo. A Figura 24 na próxima página, retrata uma aplicação localizada por meio da análise de um calçado modelo mule slipper e um sapato da coleção Princetown da marca Gucci (2016), com um bordado manual centralizado na parte frontal do calçado.
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Localizada
Há também a mistura de uma aplicação localizada sobre um rapport de qualquer tipo. Neste caso, é desenvolvido um módulo inicial e este é transformado em rapport através de algum tipo de repetição, após isto é desenvolvido um outro módulo (ou utilizado o mesmo módulo inicial) para a aplicação localizada. Um rapport também pode se transformar em uma aplicação localizada, quando não é repetido por toda extensão da superfície. A Figura 25 na sequência apresenta um breve demonstrativo deste tipo de estampa combinada, com a junção de um rapport de linhas ao fundo e uma aplicação localizada em bordado sobre esta base.
Rapport
Localizada
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2.3.1
Criando novas-superficies: No âmbito do Design de Superfícies Têxteis como citado anteriormente, são criados materiais têxteis seja a partir de fibras e fios, ou por meio do próprio tecido como base para aplicações e alterações diversas. A transformação têxtil, portanto, consiste em alterar a estrutura original de um têxtil, por meio de diferentes processos agregando valor estético, econômico e simbólico ao produto, pois este ganha características inovadoras, passam por processos artesanais e manuais de modificação. Segundo Costa et al (2008, p. 3):
“ FIGURA 21 - bolsa chanel 2.55
Por transformação têxtil, entende-se as mudanças artesanais ou industriais, ocasionadas na estrutura do substrato têxtil (tecido), ou em seu relevo, ou na coloração ou combinação destas
Ainda segundo a autora, este tipo de aplicação e de design da superfície têxtil tem sido valorizado no mercado em diferentes formas, pois “permite agregar valor técnico/estético diferenciado a um produto industrializado, proporcionando maior variedade estilística ao profissional de moda e maior otimização da matéria prima ao empresário” (COSTA et al, 2008, p. 1). Um exemplo que pode ser citado é a icônica bolsa 2.55 da marca Chanel que é feito por meio da técnica de matelassê, uma das maneiras de aplicação da transformação têxtil que será abordado na sequência.
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Transformação têxtil Para desenvolver uma transformação têxtil de acordo com Sena apud Costa (2016, p. 2), é necessário realizar um estudo aprofundado de todas as características e propriedades da matéria prima que será utilizada, como por exemplo sua gramatura, tipo de liga, seu processo de formação e características físicas, buscando compreender sua estrutura e limitações para então poder buscar novas possibilidades de trabalho. Além destas questões técnicas, é necessário considerar também sua área de aplicação no mercado, onde e de que maneira ele é utilizado originalmente, seu apelo tátil, qualidade, durabilidade e questões estéticas como cor, estampas, texturas, entre outros de acordo com Sena apud Costa (2016, p.3). Neste contexto, incluem-se tecidos planos, malhas e não-tecidos uma vez que todos podem ser trabalhados de alguma maneira, sendo isolado ou agregando novos insumos no processo. Após o processo de análise, é comum que seja feito um estudo e a escolha da técnica de modificação do têxtil, seja por meio de testes ou uma definição prévia, em aplicação de bandeiras de experimento têxtil.
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Para o desenvolvimento de bandeiras de transformação têxtil, são aplicados alguns processos de modificação, sendo eles: Processo construtivo é o procedimento em que a estrutura do substrato têxtil é alterada, como exemplo de uma malha que possui sua formação estrutural por meio de laçadas dos fios e é cortada em tiras em sua extensão, para serem colocar em um tear e criar um novo tecido com outra base estrutural
Processo estrutural é o procedimento no qual há sobreposição de outros tecidos e/ou materiais diversos sobre a base têxtil que está sendo trabalhada, visando o relevo, textura ou o reforço de uma base mais frágil, um exemplo é aplicação de um bordado sobre uma superfície;
Processo colorístico é o procedimento em que são realizadas alteração no substrato têxtil a partir de aplicação de cores de qualquer natureza por meio de técnicas de estamparia e tingimento, como exemplo a aplicação de uma estampa sobre um tecido;
Processo combinado é a combinação das técnicas anteriores, ampliando as possibilidades da transformação têxtil.
Como aplicação final neste projeto serão utilizados: o processo estrutural, por meio do uso dos tecidos para criação de novas estruturas por meio de costura e acabamentos; o processo construtivo, através da aplicação de acabamentos e bordados, valorizando as cores e texturas; e o processo combinado, uma vez que serão aplicados os processos anteriores de forma complementar. Tudo isso será visto por meio de diferentes aplicações nas bolsas e calçados como resultado final, estes processos também serão registrados por meio do uso de uma Ficha de Registro Têxtil (ANEXO 1), desenvolvida com base na ficha proposta pela Professora Maria Izabel Costa em seus estudos à cerca . da transformação têxtil do ano de 2003 e adaptados para as necessidades deste projeto
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FIGURA 22 - bolsa fendi bordada
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2.3.1
Técnica de----Técnica transformação: A técnica do bordado tem destaque dentro da execução deste projeto uma vez que será através deste método de transformação têxtil que os produtos finais terão unidade e identidade visual, além de carregar valor cultural e emocional agregado por ser produzida de forma manual e com inspirações no tema e conceito desenvolvidos, como será apresentado no decorrer. De acordo com Pacheco e Medeiros (2013, p. 7) apud Rubim (2005), “os bordados são pouco utilizados nas soluções atuais e a técnica poderia ser mais bem explorada caso vista de uma maneira nova”. Para isso, se entendeu necessário um estudo da evolução do bordado, suas variações, alguns tipos de pontos e aplicações em diferentes finalidades, além do estudo do mercado e casos de sucesso. Serão levantados aqui dados exclusivamente referentes ao bordado manual uma vez que esta será a técnica aplicada nos produtos, ficando os bordados produzidos à máquina fora deste contexto.
“
“Bordar é ornar tecido em relevo, criando figuras ou desenhos, com fios ou elementos decorativos, à mão ou à máquina”
FIGURA 23 - registro do clube do bordado
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Bordado à mão livre Pelo termo bordado, compreende-se o ato de ornamentar uma superfície com o uso de diferentes fios e agulhas específicas para aquela superfície, aplicando diferentes formas, desenhos, palavras ou qualquer outro tipo de ornamento. Desde os tempos mais remotos o homem vem aplicando diferentes formas de bordar as superfícies ao seu redor, segundo Houdelier (2017), logo após a criação da agulha com ossos o homem iniciou um processo de costurar suas vestimentas utilizando fios de origem vegetal ou animal através do ponto cruz, há registros também de adornos aplicados em roupas como pequenas peças de marfim. Posteriormente, as civilizações como Egito, China, Persia e Grécia utilizam peças de roupa e decoração com bordados em desenhos de objetos, plantas e até mesmo histórias contadas através de diferentes formas representativas. Posteriormente, a partir do século VII e principalmente na Idade Mé-
dia o bordado se tornou ainda mais popular e um símbolo de status por meio do uso de materiais de maior qualidade em meio à Alta Classe. As meninas aprendiam a bordar desde pequenas, até mesmo rainhas e suas damas se dedicavam a esta atividade segundo Houdelier (2017), eram aplicados também em armas e brasões de guerra com os desenhos que representavam os reis e reinados. Após alguns anos a técnica sofreu um declínio e caiu em desuso, sendo retomada em meados dos anos de 1880 por movimentos que prezavam pelos artigos manuais e o artesanato criativo como o Arts and Crafts, movimento inglês da metade do século XIX que via estas atividades como uma alternativa para ir de encontro à mecanização que se expandia rapidamente, de acordo com a plataforma online de estudos acerca da cultura Itaú Cultural (2017).
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HISTÓRIA
A técnica representa também questões culturais e “tornou-se um tipo de artesanato próspero em várias regiões do mundo, e tendo sido interpretado de diferentes formas pelos seus povos, tornando possível identificar a sua origem de acordo com as suas características” (FABRIC, 2017). Cada cultura possui suas técnicas de bordar e estas representam muito de suas características em relação ao tempo, a política, seus saberes, gostos e crenças sendo, portanto, uma maneira de contar histórias e transmitir conhecimento. Em suma, esta técnica está entrelaçada com a história da moda e indumentária, segundo Bonando e Nava (1981, p. 7):
Quem desejasse contar a história do bordado teria que percorrer um longo caminho retrocedendo no tempo. Trata-se de uma história estritamente ligada a evolução dos costumes e da moda, mas também à arte de todas as épocas e das civilizações mais recentes ou longínquas. Sempre mais elaborada e enriquecida de variantes e aplicações, esta antiga técnica decorativa, de origem humilde, contribuiu para aumentar o fausto das cortes e dos palácios, de paramentos sacros e profanos.
“
Atualmente o processo de recamar as superfícies por meio do bordado se popularizou com o bordado livre ou bordado à mão livre, que é uma maneira de trabalho onde podem ser utilizadas inúmeras técnicas diferentes de forma mesclada, sem a obrigação de utilizar-se apenas uma, além de empregar fios e linhas de diferentes gramaturas em um mesmo trabalho. Para a execução desta técnica que será aplicada neste projeto, a bordadeira pode iniciar a ornamentação com base em um desenho guia, ou criar livremente as formas que preferir. Sua aplicação atualmente é muito ampla, utilizada em ilustrações, acessórios, calçados, bolsas, decoração e na moda em geral. As fguras ao lado mostram um pouco desta diversidade de superfícies em que o bordado pode ser desenvolvido, sendo na sequência na esquerda para a direita: ilustrações ornamentadas com bordado do artista chileno Jose Romussi, que trabalha com fotografias de moda vintage em preto e branco fazendo a aplicação de bordado livre; bolsas da marca turca Grav Grav, em que o bordado é aplicado sobre as peças em madeira; e cadernos da marca Moleskine, com bordados manuais aplicados na capa.
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FIGURA 24 - aplicações de bordado em superfícies
47 Para a execução de um bordado manual em superfície têxtil, são necessários alguns matérias básicos, além de técnicas do pontos base para desenvolver qualquer ornamentação de acordo com Bonando e Nava (1981, p 12), sendo eles: agulha específica para bordado, que possui um buraco de passagem de fio mais alongado; bastidor de tamanho adequado ao tecido ser esticado; tesoura de pontas para os acabamentos; linhas diversas, em diferentes materiais e gramaturas que variam de acordo com o que se espera do material final, de origem animal vegetal ou sintéticos; no caso do bordado com decalque, um papel químico de tecido; e o tecido em que se pretende desenvolver o trabalho. Na sequência, é necessário o conhecimento de algumas técnicas básicas de bordado que são a base para qualquer tipo de ponto fantasia. Para as autoras Bonando e Nava (1081, p.39), estes pontos são: ponto alinhavo, usado como base para alguns outros pontos de ornamento e também para acabamentos; ponto acolchoadura,
“
usado como sustentação para pontos de ornamento; pesponto, tem as mesmas funções do alinhavo mas é mais firme por ter pontos mais fechados nos entremeios; ponto atrás, usado também como sustentação; sobrecostura, usada como um arremate para duas bases de tecido; ponto cordão, também usado como arremate; caseado simples e suas variações, podendo ser usados como sustentação ou arremate. Ainda de acordo com a Fabric Trait (2017), plataforma online dedicada a trabalhos manuais, a partir destes pontos bases existem inúmeros pontos fantasia de ornamentação e estes podem ser divididos de acordo com seus efeitos e aplicações, como pontos de contorno, retos, de laçada, de cadeia, pontos de nó, de cobertura, compostos, entremeio, os pontos handanger, ajourados e os de tapeçaria. A partir destes pontos, são feitos os de caráter ornamental como o ponto corrido, cheio, satinado, corrente, francês, matiz, rosa, palestrina e inúmeros outros, que permitem criar uma composição.
O misto de pontos que podem ser utilizados permite criar inúmeras composições, para todos os estilos e finalidades, desde as mais tradicionais até às mais modernas, aparecendo em peças de alta costura e no street style
FIGURA 25 - exemplo de bordado livre
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FIGURA 26 - Calçados new balance e bolsas dolce gabbana
Grandes marcas de moda têm investido em coleções de roupas, calçados e acessórios com bordado. Como exemplo da coleção Dreams da marca de calçados américa New Balance, que foi desenvolvida pelo designer mexicano Ricardo Seco inspirada nas gravuras e técnicas de bordados indígenas, conhecida como Huichol; e a coleção Primavera/2018 da renomada marca Dolce & Gabbana com bordados em temáticas florais, mesclando diferentes técnicas de trabalho. Desta maneira, o bordado será aplicado nas bolsas e calçados desenvolvidos como produto final deste projeto como uma forma de criar design para as superfícies de forma exclusiva para cada artigo, aliados à outras transformações têxteis desenvolvidas com os resíduos de tecido coletados na empresa Kids Place, e é por meio desta técnica que será desenvolvida uma identidade visual para a coleção.
2. 4 Design de bolsas e -calçados O segmento de moda escolhido para desenvolver este projeto é o de bolsas e calçados, uma vez que estes acessórios têm ganhado grande destaque dentro do mercado da moda, segundo Dhora (2010, p.11)
“
Basta examinar os editoriais das revistas para percebermos que complementos como bolsas e calçados ganharam status de peça principal
Portanto, neste tópico serão abordados majoritariamente questões técnicas destes produtos, assim como sua construção e variações de modelos, uma vez que os aspectos de evolução histórica e de mercado serão apresentados nos itens de Segmento e Análise de similares.
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FIGURA 27 - Bolsas e calรงados Fonte: IG How I Met My Style E-shop Lulus.com
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2.4.1
Abordagem----Abordagem----técnica: A bolsa é previamente, de acordo com Michaelis (2017) “um recipiente de tecido, couro ou plástico, com ou sem alça, cuja boca possui, geralmente, um fecho”, porém existem muitos outros conceitos e pontos a serem considerados quando se trata desde item. As bolsas são acessórios usados mundialmente, em diferentes tipos de ocasiões, para diferentes finalidades e com inúmeras formas, modelos, materiais, cores, entre outros fatores, desde os tempos mais remotos há registros de utilização de bolsas para carregar objetos em diferentes situações. Ao decorrer do tempo, as bolsas que antes tinham finalidade exclusivamente funcional, passaram a ganhar aspectos simbólicos e estéticos que agregaram novos valores aos seus propósitos como questões econômicas, sociais, de estilo, tendências e algumas inclusive tornaram-se objeto de desejo no imaginário dos consumidores. De acordo com o Design Museum (2011, p. 6):
“
A bolsa é, a um tempo, o acessório mais simples, o mais complexo e aquele que expressa a maior carga emocional. Ela é simples porque desde tempos imemoriais serve como uma ferramenta essencial à vida e até mesmo à sobrevivência. Ela é complicada porque desenvolveu e preencheu tantas funções, que sua diversidade é quase desnorteadora.
De forma geral, o design de uma bolsa é feito a partir de quatro partes essenciais a maioria dos modelos utilizados, sendo elas:
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Design de bolsas Meio é o miolo da bolsa e seu componente central que une todos os outros elementos; Foles são as laterais da bolsa; Fundo ou base sendo a parte de baixo que dá estrutura ao produto; Alças são as tiras utilizadas para carregar a bolsa.
Todos estes componentes podem variar de incontáveis maneiras, em materiais, formas, cores e texturas. Com base nestas partes iniciais, é possível desenvolver múltiplas variações de modelos, retirando algum destes componentes ou substituindo, além de aplicar outros itens, como bolsos internos e externos, aviamentos, forros, entre outros. Atualmente, existe uma variedade muito alta de modelos de bolsa, uma vez que cada marca desenvolve suas próprias criações com grande frequência além de adaptar modelos icônicos com novos materiais, cores, estampas e até mesmo oferecendo ao consumidor a possibilidade de alterar o produto por meio do uso de módulos,
Bolsa tote
Bolsa de compra (shopper)
Bolsa de ombro
Bolsa de caça (saddle)
Minaudiere
Bolsa hobo
Clutch
Bolsa cantil
Bolsa baguete
Bolsa saco
Bolsa tiracolo
Bolsa carteiro
Bolsa frame
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FIGURA 28 - bolsas adô atelier
As gerações de alternativas de bolsas serão desenvolvidas com bases nos modelos apresentados anteriormente, adaptando-se às necessidades e especificidades do projeto, de maneira que seja criado uma unidade entre as bolsas e os calçados. Como case de sucesso no mercado de design de bolsas pode-se citar a Adô Atelier, marca criada no ano de 2008 pelas designers Fe Dubal e Tati Azzi em Minas Gerais, que desenvolve produtos autorais com referências artísticas, de arquitetura e de design locais e globais, prezando por uma produção dentro dos parâmetros do Slow Fashion com design atemporal e confecção em pequenos lotes. A marca recebeu o prêmio de Empresa Inovadora no ano de 2016 por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais no Prêmio Empresa Tendência, pela excelência em gestão, empreendedorismo e inovação nos processos produtivos do setor (CODEMIG, 2016). A Adô utiliza apenas produtos de origem nacional, além de oferecer serviços de personalização de seus produtos e ter uma produção semi-artesanal, além das bolsas a marca também produz carteiras, acessórios e agendas.
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2.4.2
Abordagem----Abordagem----técnica: O termo calçado representa todos os tipos de peças que tem como finalidade cobrir os pés, ou segundo Michaelis (2017) “é qualquer peça do vestuário que cobre, protege e calça os pés, feita de couro, lona, produtos sintéticos ou outro material”. Além disto, os calçados assim como as bolsas podem ser artefatos que possibilitam compreender questões que vão além de seu significado principal, como a história e indumentária da moda, além de suas finalidades funcionais, estéticas e simbólicas. No contexto deste projeto, serão abordados questões técnicas e alguns exemplos de modelos de calçados mais utilizados afim de auxiliar na elaboração dos produtos finais. O design de um calçado é desenvolvido a partir de alguns componentes básicos, que podem variar de acordo com o modelo em questão. “Todo calçado possui vários componentes com funções e características diferentes, variando conforme o modelo, fabricação e tendências de moda” (DUDA E PAULA, 2013, p. 21). Estas partes de acordo com Choklat (2012, p. 34) são:
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Design de calçados Cabedal é composto por todas as partes que estão acima da sola do calçado; Forro é o que dá sustentação ao cabedal na parte interna do calçado, também é o elemento que entra em contato com a pele; Biqueira é a parte frontal, ajuda na manutenção da forma e da altura da extremidade frontal; Contraforte e calcanheira é a parte interna que sustenta o calcanhar do usuário, ajudando a preservar a área do salto, a calcanheira é a base que vai próxima ao contraforte, onde normalmente é colocada a marca do fabricante; Palmilha, sola e salto é o componente que vai na base inferior do calçado, oferecendo estrutura e forma à esta bas, a sola é é a parte exterior do calçado que entra em contato com o solo, enquanto que o salto é um apoio elevado da sola, ficando na parte de trás do calçado.
Ankle boot
Sandália avarca
Semi mule
Scarpin
Mule
Oxford
Tênis
Botas de cowboy
Sandalia de salto
Flatform
Após a análise dos principais componentes de um calçado, é necessário também abordar algumas questões de modelagem, que de acordo com Liger (2015, p. 29), pode ser dividida em: modelagem de modelos clássicos, que são aqueles que mantem na modelagem as medidas e linhas clássicas com quatro bases, sendo elas modelo decolleté, francesinha, derby e chinelo; e a modelagem de modelos fantasia, que são baseados nos modelos clássicos com alterações no molde. Dentro destas divisões, também existem diferentes linhas de produção como calçados sociais, esportivos, especializados, de segurança, ortopédicos, entre outros. É necessário que se defina em qual linha de modelagem irá trabalhar, no caso deste projeto serão utilizadas as modelagens de modelos sociais fantasia que abrangem inúmeros modelos e variantes como sapatilhas, sandálias, mocassim, botas, slippers e diversos outros.
Sapatilha
Bota chelsea
57 Estas variantes de calçados mais comuns descritos anteriormente serão relevantes nas gerações de alternativas, que serão desenvolvidas com base nestes modelos considerando possíveis alterações e adequações ao projeto. Por fim, como um modelo de relevância no mercado de design de calçados destaca-se a Vinci Shoes, marca do Rio Grande do Sul criada por Sara Lanzini, Bruno Henkel e Rodrigo Morsch adepta do Slow Fashion, que produz calçados sob encomenda através de sua plataforma de vendas online e uma loja física, além de prezar por praticar comércio com valores justos, minimização de impactos ambientais, produção manual local, além de utilizar matéria prima de fornecedores com certificados nas normas nacionais de boas práticas industriais (VINCI, 2017). A marca se popularizou entre os consumidores à nível nacional após participar de diversas produções de moda para revistas de renome como a Vogue, além de investir em divulgação através de blogs, redes sociais e criar parcerias com e-commerce como a Shop2gether e a Dafiti e assim desenvolvendo uma maneira de levar o Slow Fashion para novos públicos
FIGURA 29 - CALÇADOS VINCI SHOES
3.
materiais e mĂŠtodos de pesquisa
3. 1 Materiais e métodos-de pesquisa
“
No processo de desenvolver novos produtos e serviços, a metodologia da análise de similares é uma etapa de grande relevância, uma vez que é através desta pesquisa que se faz possível conhecer outros produtos e serviços já existentes que se assemelham ao que será desenvolvido, analisando seus pontos fortes e pontos fracos, valores, evolução, mercado, materiais e inúmeros outros parâmetros que podem ser estudados, possibilitando que o novo artigo tenha condições de competir em caráter de igualdade ou com melhorias em relação aos já existentes, ou segundo Marques (2008, p.16)
Nesta busca por inovações deve-se seguir uma metodologia para que ela seja eficiente
E ainda o autor diz que a análise de similares é uma ferramenta para avaliar as propriedades que dizem respeito aos produtos disponíveis no mercado, considerando questões de fabricação, funcionalidade, ambientais, acerca da matéria prima e sua relação com o consumidor. Com base nestas considerações, foram desenvolvidas para este projeto análises de similares que possibilitassem compreender as propriedades e evolução ligadas às bolsas e calçados por meio de análise diacrônica e sincrônica que estão descritas a seguir.
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FIGURA 30 - grid de materiais de pesquisa
3.1.1
62
Análise diacrônica Devido ao sucesso da Art Déco, as bolsas ganharam formatos geométricos e adornos exuberantes com metais, bordados, arabescos, com brilho e cores diversas. Além disso, se tornam mais funcionais e acessórios vestíveis.
1903 CHATELAINE DE VELUDO
BOLSA DE METAL COM ANEL PARA PRENDER
Se popularizam as bolsas em materiais inovadores como o plástico devido ao estilo de vida mais casual e a escassez de recursos para as marcas. BOLSA WILL HARDY
1950
1919
No início dos anos de 1900, as chatelaines eram populares por ser pequenas bolsas, práticas e versáteis. Eram utilizadas desde as mais simples em couro e algodão, até as mais arrojadas, como o exemplo que possuia armação em prata trabalhada.
FIGURA 31 - Análise diacrônica de bolsas, adaptado de costa, 2010
A análise diacrônica tem por finalidade averiguar a evolução do produto criando uma linha do tempo que possibilita compreender a história do item em questão. Para este projeto optou-se por realizar uma análise diacrônica de bolsas e outra análise de calçados de forma isolada para compreender as mudanças e melhoramentos que as peças sofreram ao decorrer dos anos, com foco nas superfícies, cores, funcionalidade e materiais utilizados.
63 O modelo de destaque dos anos de 1970 apresentam referencias de arte, cores fortes e praticidade.
YSL MONDRIAN
A bolsa mais vendida nos anos de 1990 foi a baguette em suas diversas variações de cores e materiais, como o bordado.
BAGUETTE FENDI
1975
1997
1960
2000
1955 CHANEL 2.55
O ano de 1955 foi marcado pela criação de uma das bolsas mais icônicas da história, a Chanel 2.55 que transmiBOLSA DE PALHA LOWE tia em seu design muito da moda e do comportamento da As bolsas passam a ser época, as alças permitiam confeccionadas em materiais maior conforto às mulheres, ainda mais diversos e as temáo matelassê lembrava os ticas geométricas e hippie se tecidos usados pelos homens. popularizam entre os jovens.
PRADA DE COURO Com o aumento das tendencias voltadas ao street style, ao estilo esportivo e peças confortáveis, as bolsas seguiram a mesma linha.
3.1.2
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Análise sincrônica
A análise sincrônica busca averiguar os produtos disponíveis no mercado que se caracterizam como similares do artigo que está sendo desenvolvido, por meio de parâmetros pré-estabelecidos que possibilitam um entendimento mais profundo do item em questão. Para este projeto, assim como na análise diacrônica, buscou-se elaborar uma análise sincrônica de bolsas e outra de calçados de maneira isolada, onde as marcas selecionadas atuam dentro dos preceitos do Slow Fashion com suas especificidades em relação ao foco de desenvolvimento de produto, como foco no upcycling, ecofriendly, artesanal, entre outros. Buscou-se analisar parâmetros como material, valores, dimensões, disponibilidade de produto, dentre outros que serão apresentados a seguir. Segmento: Bolsas Produto: Bolsa Bruna Valor: 164,99 Material: Tecido sintético reutilizado Cor: Estampa tropical Medida: 34x13x28cm Modelo: Bolsa de ombro Especificações: Com alças de material sintético medindo 50cm, três bolsos internos e um porta moedas acoplado, fechamento em zíper Produção: Pequenos lotes Segmento: Bolsas Produto: Bolsa Meja Valor: 649,00 Material: Couro e camurça Cor: Preto Medida: 25x31x14,5cm Modelo: Bolsa saco Especificações: Alças ajustáveis, fecho de cordão com trava de couro, sem forro e sem divisórias. Produção: Sob encomenda
Segmento: Bolsas Produto: Saints Bag Valor: 298,00 Material: Couro sintético reutilizado Cor: Preto com texturas Medidas: 64x20x5cm Modelo: Cantil Especificações: Com alças de mão e de 115cm ajustável, fecho em zíper e um bolso interno. Produção: Pequenos lotes
Segmento: Bolsas Produto: Bolsa Faya Matelasse Jeans Valor: 382,00 Material: Jeans reutilizado Cor: Jeans com matelasse Medidas: 21x24x8cm Modelo: Saddle Especificações: Com alças de 65cm, alça de ombro ajustável, fechamento magnético, pingente de tassel, forro e bolso interno com zíper. Produção: Pequenos lotes
Segmento: Bolsas Produto: Saints Bag Valor: 298,00 Material: Couro sintético reutilizado Cor: Preto com texturas Medidas: 64x20x5cm Modelo: Cantil Especificações: Com alças de mão e de 115cm ajustável, fecho em zíper e um bolso interno. Produção: Pequenos lotes Na análise das bolsas foi possível observar que as marcas oferecem bolsas em tamanhos que variam entre pequeno e médio, com peças funcionais e práticas, além de apresentar um design diferenciado, que agrada ao seu público de maneira abrangente desde as cores, até as texturas e combinações de materiais. Os valores variam bastante devido ao material e exclusividade, sendo entre cento e sessenta e seissentos e cinquenta reais; os modelos são tradicionais e mais básicos, com cores neutras com excessão da bolsa da Agama.
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Foi utilizado o mesmo conceito de empresas que trabalham com Slow Fashion na escolha de marcas a serem analisadas no segmento de calçados. Foi possível observar que as marcas que trabalham com upcycling optam por desenvolver os cabedais e gaspeas com os tecidos reutilizados, aproveitando suas características estéticas para desenvolver o produto final e nenhuma delas desenvolve algum tipo de trabalho que modifique a superfície da peça, como é proposto por este projeto. Os valores variam de acordo com o tipo de calçado, com preços entre noventa e seissentos reais; os solados são mais comumentes produzidos em materiais reaproveitados; a produção varia entre o sob encomenda e em pequenos lotes.
Segmento: Calçados Produto: Sandália Basic is Back Valor: 90,00 Material: Cabedal em algodão, solado não informado. Cor: Branco e preto Tamanhos: 33 ao 37 Modelo: Rasteirinha Especificações: Sandália rasteira listrada, com alças e adornos. Produção: Pequenos lotes
Segmento: Calçados Produto: Creeper cobre Valor: 198,00 Material: Couro e algodão reaproveitado, solado de borracha. Cor: Cobre Tamanhos: 35 ao 39 Modelo: Oxford creeper Especificações: Palmilha em material confortável, agênero. Produção: Pequenos lotes
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Segmento: Calçados Produto: Chiquinha Strap Saldal Valor: 269,00 Material: Algodão reaproveitado e solado de borracha reciclada Cor: Floral Tamanhos: 35 ao 38 Modelo: Sandália flatform Especificações: Fechamento ajustável em velcro, tira traseira pode ser retirada. Produção: Pequenos lotes
Segmento: Bolsas Produto: Saints Bag Valor: 298,00 Material: Couro sintético reutilizado Cor: Preto com texturas Medidas: 64x20x5cm Modelo: Cantil Especificações: Com alças de mão e de 115cm ajustável, fecho em zíper e um bolso interno. Produção: Pequenos lotes
Segmento: Calçados Produto: Bota elástico Valor: 590,00 Material: Cabedal e solado em couro, com antiderrapante. Cor: Preto Tamanhos: 34 ao 40 Modelo: Bota cano médio Especificações: Salto de 6cm, elástico nas lateriais e cano médio Produção: Pequenos lotes
3. 2 Pesquisa de segmento Pesquisa de segmento
“
Para compreender um segmento de mercado e desenvolver produtos de maneira mais assertiva, é necessário que seja realizado um estudo mais aprofundado afim de compreender questões pertinentes ao mesmo, como seu crescimento no mercado, análise de novas oportunidades, estudo de números referentes à produção e consumo, entre outras informações. Com o intuito de obter estes dados, foi elaborada uma pesquisa de segmento com foco no mercado de bolsas e calçados à nível nacional e internacional. Com base no relatório setorial da Abicalçados (2016) o Brasil produz cerca de 5% dos calçados no mercado mundial, com números próximos a 998 milhões de pares com base nos dados do ano de 2014 atrás apenas da China e da Índia. Aos mesmos passos é o 14% maior exportador dos produtos, o 46% maior importador e o 4º maior consumidor de calçados no mundo, com cerca de 905 milhões de pares consumidos em 2014. A análise destes números possibilita a percepção de que a maior parte dos calçados consumidos no Brasil são de origem nacional, uma vez que o país importa um valor inferior ao de seu consumo. De acordo com o mesmo relatório da Abicalçados (2016), as regiões Nordeste e Sul são as maiores dentro dos âmbitos de confecção de calçados, representando cerca de 81% da produção nacional. Os materiais mais utilizados são consecutivamente o plástico, laminados sintéticos, o couro de diferentes origens e demais têxteis como algodão.
Dados referentes ao ano de 2015 indicam que a produção é mais voltada ao público feminino com 67,4% da produção, seguido pelo masculino com 22,2% e o infantil com 10,4%, dentro do mercado identificada na pesquisa. Como complemento a estes dados, para um panorama mais atualizado de acordo com o Instituto de Inteligência de mercado (IEMI, 2017), no mês de julho de 2017 a produção calçadista brasileira teve um crescimento de 4,1% atingindo um número de 299 mil pares confeccionados em relação ao mesmo período de 2016. A mesma pesquisa aponta que o consumidor deste setor mudou seu comportamento em relação ao produto e vêm considerando a qualidade e preços justos com base na análise de custo x benefício, onde 58% dos consumidores colocam a qualidade e a marca dos itens como um fator de alta relevância na hora da compra.
69 EUA
13%
CHINA
17,1%
INDIA
BRASIL
13,9%
5,1%
299
mil pares
confeccionados
58%
67,4
CONSIDERAM A
QUALIDADE
COMO FATOR DE
IMPORTÂNCIA FIGURA 32 - ADAPTAÇÃO: PESQUISA DA ABICALÇADOS, 2016
MERCADO FEMININO
70
No que tange ao mercado de bolsas, foi analisado o mercado de acessórios (malas, bolsas, relógios, joias, bijuterias e outros artigos) que de acordo com o Sebrae (2012), no ano de 2012 atingiu um valor de vendas próximo à um milhão de reais com um crescimento de 14% no faturamento em relação à 2011. O mesmo estudo apresentando dados que dizem respeito ao número de empresas que atuam no segmento em território nacional, com cerca de 1434 microempresas, 258 pequenas empresas e 26 empresas de médio porte produzindo acessórios de vestuário como bolsas, chapéus e luvas. Além disso, este segmento facilita a inserção de novos materiais e insumos na sua produção, que de acordo com o Sebrae (2009):
FIGURA 33 - COMPOSIÇÕES COM BOLSAS
Com base em uma pesquisa feita pela plataforma de vendas online MercadoLivre (2014), calçados, roupas e bolsas estão no 6º lugar entre os produtos mais vendidos através do site no Brasil. No que diz respeito à frequência de compra realizada dentro deste nicho, uma pesquisa acerca do consumo de moda do Sebrae (2015) também diz que calçados e bolsas tem frequência de compra de 67% e 50% respectivamente. Bolsas e calçados são produzidos com matérias primas semelhantes, além de utilizar mão de obra especializada em atividades similares, como o corte, costura e colagem de materiais (à exemplo do couro). Ainda de acordo com o Sebrae (2014), o mercado de bolsas e calçados tem importante papel econômico no cenário brasileiro, com cerca de 8,3 mil estabelecimentos fabricantes, com um volume de 899 milhões de pares de calçados produzidos em 2013. Os meios de compra mais comuns são as lojas de shopping e de rua, seguidos pelas compras online que apresentaram um crescimento expressivo de acordo com o Sebrae (2014) em uma pesquisa que buscou analisar o perfil de compra dos e-shoppers no Brasil.
71
O mercado de bolsas e acessórios vem se transformando nos últimos tempos, em face do emprego de novos materiais, bem como de materiais reciclados e/ou reutilizáveis. Atualmente existe demanda tanto para os artigos elaborados com insumos tradicionais, como para os confeccionados com material reciclado e/ou recicláveis, haja vista a crescente conscientização da população por produtos ecologicamente corretos. Tais materiais, aliados ao design criativo, resultam em produtos de forte apelo ecológico. Pode-se ainda misturar materiais ecológicos com materiais ditos nobres, como cristais e metais. Essa mistura pode tornar as peças ainda mais exclusivas e de maior valor agregado, uma tendência que cresce cada vez mais no meio feminino.
“
3. 3 Público alvo 33%
TEM RENDA MENSAL DE 3 SALÁRIOS MÍNIMOS SEGUIDOS POR 7,7% 5 SALARIOS MÍNIMOS OU MAIS
63% COMPRA BOLSAS E CALÇADOS SOMENTE QUANDO JULGAM NECESSÁRIO E NÃO SEGUEM TENDÊNCIAS
maior número na faixa etária de
21 À 30 ANOS com 65% de respondentes
51 PESSOAS SE IDENTIFICAM COM A DENTIDADE DE GÊNERO
feminina PRIORIZAM A COMPRA DE BOLSAS MÉDIAS E FUNCIONAIS, ASSIM COMO
calçados confortáveis
73
FIGURA 34 - representação do público
No desenvolvimento de um projeto de design, definir, analisar, compreender e validar as escolhas com o público alvo é de extrema importância para que se obtenha melhores resultados, que serão recebidos de forma positiva pelo consumidor final. Para a elaboração deste projeto, foram realizadas pesquisas em diferentes formatos para chegar a um nicho específico de consumidores que melhor se identifica com a proposta. Inicialmente realizou-se uma pesquisa de observação netnográfica, por meio da análise de marcas que desenvolvem um trabalho similar ao proposto por este projeto com foco no Slow Fashion e na produção sustentável, sendo elas a Insecta Shoes, a Louloux e a Mais Alma, com o intuito de compreender de maneira mais ampla o perfil dos consumidores que interagem com as mesmas por meio de plataformas online, assim como aqueles que validavam suas opiniões sobre as marcas em redes sociais e sites. Nesta análise inicial, foi possível observar empiricamente que a maior parte dos consumidores são mulheres de idades entre 18 e 50 anos com estilos de vida diversos, mas que possuem interesse aparente em um consumo consciente, viajam para locais que possibilitam contato com a natureza, frequentam locais públicos e urbanos com grande frequência, manifestam suas opiniões e posicionamentos em relação à diferentes assuntos por meio das redes sociais e grande parte destas pessoas apresentam interesse em mais de uma das marcas analisadas. Com base nestas observações iniciais, foi elaborado um questionário disponível no ANEXO 2 que teve por finalidade definir as faixas etárias e econômicas que apresentam maior interesse no produto, além de questões como gênero, área de trabalho, estilo de vida, hábitos de consumo e uso de bolsas e calçados. O questionário foi desenvolvido através da plataforma online Google Formulários, sendo divulgada a todos os públicos em redes sociais e e-mail em um período de dez dias, obtendo sessenta e cinco respostas.
Foi possível observar que 65% dos respondentes têm idade entre 21 e 30 anos; 51 respondentes se idenficam com a identidade de gênero feminina, apresentando preferência por produtos que representem esta expressão de gênero; 69,2% são universitários ou está cursando algum tipo de curso superior, e apenas 3% tem doutorado ou cursos de pós graduação; as áreas de atuação profissional estão focadas principalmente na área de Moda, Design e Arquitetura, com algumas respostas voltadas à area de Administração e Marketing; os respondentes indicaram que desenvolvem diferentes atividades em seu tempo livre como ir à parques, cinemas, eventos ao ar livre, shows e festas, mas o maior foco de atividades é voltado ao trabalho e estudos; no que tange ao consumo de bolsas e calçados, observou-se que 63% compram estes produtos apenas quando necessário, sem seguir micro tendencias, priorizando peças com bom design, qualidade, e relação de custo x benefício apropriadas à suas necessidades, sendo que 45% estão dispostos a pagar até duzentos reais nestes produtos; vários respondentes ; apontaram que compram seus produtos pela internet ou em lojas de rua, além de preferir produtos confortáveis e funcionais, como bolsas médias e calçados sem salto.
3.3.1
74
Analisando o-público alvo: O público alvo definido para a execução deste projeto, portanto é composto por pessoas que se identificam com a expressão de gênero feminina, com idades entre 21 e 30 anos. São estudantes e profissionais de áreas como design, moda e arquitetura, com interesse em cultura, arte, música, tecnologia e tendências. Ligados à um consumo desacelerado, consciente e ecofriendly, demonstram preocupação com a origem das roupas e acessórios que possuem, além de valores agregados nestes itens como questões culturais e sociais, tal qual o uso de mão de obra apropriada na confecção, as inspirações em artigos e histórias locais, dentre outros fatores. Para um embasamento teórico, se utilizou como orientação a divisão de nichos proposta pela plataforma de análise de comportamento do consumidor Navegg, que desenvolve estudos e pesquisas voltadas à estas questões. Portanto, o público pode ser denominado como o nicho de consumidores exploradores e transformadores, pois “caracteriza-se pelo interesse em sustentabilidade, aceitação em investir mais em produtos que possuem boa procedência e ecologicamente corretos, acreditam que é possível transformar o mundo nas pequenas ações do dia-a-dia” (NAVEGG, 2017). Estas pessoas são conectadas à internet, redes sociais e plataformas de tecnologia diversas, estão sempre em busca de novas empresas que se posicionem de acordo com seus interesses e se caracterizam por aplicar em seu dia a dia e no consumo as suas crenças e posicionamentos. De acordo com o Navegg (2017):
75
Transformadores São pessoas que visam mudar o mundo trabalhando em prol de uma causa. Os consumidores desse gênero tendem a ser menos materialistas e mais intelectuais. Valorizam a sociedade, o meio ambiente e a educação. Normalmente estão em busca de produtos que sejam política e ecologicamente corretos e aceitam pagar mais por isso desde que o valor seja justificável. São otimistas e acreditam que é possível transformar o mundo nas pequenas ações do dia-a-dia.
“
Este público tem como motivação de compra os valores agregados ao produto como suas vantagens sustentáveis e culturais, a evolução e inovação que estes apresentam e pertencem prioritariamente à classe B e C, de acordo com o Navegg (2017), além de ter um índice alto de participação em redes sociais pessoais e interação com as marcas que consomem. Prezam pela qualidade, conforto e acabamento dos produtos que adquire, como os materiais, tecidos, aviamentos e aplicações.
FIGURA 35 - representação do público: transformadores
3.3.2
76
Painel semântico
77
FIGURA 36 - painel de pĂşblico
3. 4 Pesquisa de tendências
“
A análise de macrotendências e microtendências possibilita compreender que tipo de produtos de produtos e serviços serão mais aceitos e procurados pelos consumidores em uma previsão futura. A pesquisa de tendências para este projeto foi baseada nas previsões desenvolvidas pela plataforma de tendências WGSN (World Global Style Network), considerada uma autoridade global em meio a este tipo de trabalho. Optou-se aqui por utilizar como base uma macrotendência de design e consumo mais ampla em união à macro e microtendências de moda apontadas como previsões de alto impacto para a temporada de 2018/2019, buscando abranger aquelas que trazem uma base fundamentada no consumo consciente, na produção desacelerada e no foco em qualidade dos produtos finais, de uma maneira mais atemporal e que perdure ao decorrer do tempo. Com base nas análises e estudos do WGSN (2017), a macrotendência escolhida como base do projeto é o Design Substancial. Esta tendência retoma a importância da valorização do contexto que permeia execução do design, as partes envolvidas na produção e o consumo como um todo. Segundo o blog We Fashion Trends (2016) apud Abraham (2016):
O menos se tornará menos ainda, e significará muito mais. Os consumidores contemporâneos desejam que a sustentabilidade seja um padrão da indústria e não uma estratégia de marketing . As marcas terão que se empenhar mais para atender a essa demanda. O design não deve apenas ser bom, ele também deve servir a um bem maior, ultrapassando os limites do produto e da propaganda. Com isso, o valor dos produtos e serviços será redefinido. Quando as pessoas comprarem os produtos, de fato, elas desejarão que tais produtos agreguem valor à suas vidas, em vez de somente ocuparem espaço. A nova ordem será o design sob demanda, à medida que a produção em massa retrocede e ocorre um aumento nos produtos impressos e produzidos sob demanda. Ganha força o design colaborativo.
79
FIGURA 37 - painel de macrotendencias
80 De acordo com a WGSN (2017) esta macrotendência explora o impacto da sustentabilidade no Design em todas suas abordagens e se traduz na moda por meio do uso de tecidos naturais e reaproveitados e o consumo consciente de produtos que são desenvolvidos com materiais de qualidade que possibilitam o aumento da vida útil para o consumidor final, tal qual é a proposta do Slow Fashion que será abordado neste âmbito como uma macrotendência de moda e comportamento complementar ao Design Substancial. O aparecimento de novas correntes de design como, por exemplo, o eco-design, o design social e inclusivo ou o slow design, são primordiais ao nível da gestão de recursos, da relação Homem - natureza, das deficiências e limitações humanas e da sustentabilidade do nosso planeta como apontado por Ferreira (2016). Nota-se o desenvolvimento de um novo comportamento, formado por aqueles indivíduos que buscam desacelerar e relaxar, com consumidores que não se relacionam ao imediatismo no consumo e buscam algo que dure mais que uma estação, impulsionando a moda autoral, a autenticidade, busca pela individualidade e a motivação em imprimir significado naquilo que se veste. Segundo Barnard (2002, p.29) as roupas e a moda vão além dos nomes da marca, elas assumem uma forma não verbal de comunicação com o consumidor. As microtendências de moda selecionadas para a aplicação neste projeto também são baseadas nas previsões da WGSN (2017), sendo elas nomeadas como “Evolução, não revolução” e “Nostalgia Jovem”. As definições da primeira tendência permeiam questões referentes à mistura de métodos tradicionais de produção à qualidade dos insumos utilizados, se mostrando como um importante meio de avaliação na hora da compra e uso pelo consumidor, tendo como resultado coleções e itens que tem como seu cerne a versatilidade, longevidade e sustentabilidade, trazendo elementos do passado para presente, “com visuais atemporais e referências de décadas anteriores” segundo Hess (2017) apud WGSN (2017), por meio do resgate de peças icônicas de grandes marcas, o reavivamento de elementos chave do passado e a busca por peças básicas e sofisticadas ao mesmo tempo, que se mostrem versáteis e de longa vida útil em termos de qualidade e estilo. Ainda de acordo com a autora, a Nostalgia Jovem se define pelo resgate do passado em novas releituras por meio de propostas menos rígidas e com uma abordagem inovadora. A tendência se dá pela sobreposição de referências antigas com um aspecto mais jovial e menos sentimental, com estilo livre e peças familiares com uma nova abordagem.
As macrotendencias escolhidas serão aplicadas neste projeto por meio da escolha de segmento de trabalho, com o Slow Fashion como um guia de execução de todas as etapas dos processos, além de serem utilizadas como base para o desenvolvimento das bolsas e calçados, pois optou-se por desenvolver itens com design simplificado, com poucos aviamentos, metais e ferragens, priorizando o uso exclusivo daqueles que se mostrorem de extrema importancia, deixando de lado aqueles que seriam apenas estéticos. A marca desenvolvida agrega em seu DNA valores de respeito à mão de obra, à origem dos materiais, à minimização de resíduos e o máximo reaproveitamento de materiais. Quando às microtendencias, são elas que trazem a identidade visual da coleção, por meio do uso de bordados e desenhos que remetem à uma união do tradicional com o vanguarda, de linhas e formas geométricas com formas organicas, do uso de cores neutros em contraste com cores fortes e diversas. Os produtos tem o intuito de apresentar qualidade e versatilidade, possibilitando um ciclo de vida prolongado junto ao consumidor final, com modelos básicos e até mesmo icônicos agregados à uma estética diferenciada.
81
FIGURA 38 - painel de microtendĂŞncias
3. 5 Tema e conceito Em meio as pesquisas desenvolvidas para a execução deste projeto, foi possível identificar em vários momentos o resgate de diferentes referências de moda e comportamento que remetem à tempos mais antigos, desde a escolha pelo uso de técnicas como o bordado e a confecção artesanal, até a escolha das tendências de moda e comportamento que designam um caráter de valorizar estes métodos de trabalho. Com base nesta constatação, optou-se por aplicar um tema de inspiração que de alguma maneira pudesse abordar a importância de conhecer e valorizar estas releituras antigas, tendo como resultado um conceito em que os produtos finais, a identidade visual e todos os aspectos relacionado ao projeto representasse esta ligação do novo ao antigo, com a preocupação de criar uma nova visão sobre estas referências de outras épocas.
83
“
Desta maneira, o tema foi definido como “Neo Nostos” que traz um conceito de releitura e valorização dos conceitos antigos, aliados a tecnologias e comportamentos contemporâneos. O termo é composto por duas palavras que tem origem no grego, onde o prefixo neo que da palavra néos que traz um o significado novo, atualizado ou uma nova leitura sobre algo que já existe; nostos vem do grego nostós, que é definido como um tema de narrativa da literatura grega, onde o personagem retorna a sua casa ou origem de forma épica e heroica, após passar por diversas dificuldades, provas e um caminho extenso, mas além deste caráter físico apresentado na narrativa, o termo também representa a volta às origens de maneira mais lúdica, como a redenção de seu statis e identidade. O nostos dá origem a palavra nostalgia, que se define como um sentimento melancólico causado em função da saudade de algo que já aconteceu, de elementos queridos, lugares ou pessoas. Este processo se dá por meio das lembranças, vivências, experiências e conhecimento adquirido ao longo da vida.
FIGURA 39 - representação do TEMA
3.5.1
84
Painel semântico
85
FIGURA 40 - painel de tema
3. 6 Mix de produto O mix de produto possibilita definir que tipos de produtos serão desenvolvidos dentro de cada variação dentro da coleção. De acordo com o Sebrae (2015), “é conhecido como Mix de Produto a variedade de produtos oferecidos por uma empresa”, ainda segundo o Sebrae (2015) apud Treptow (2013), o mix pode ser definido com base em:
Abrangência define-se pela quantidade de linhas de produto, no caso desta coleção são duas linhas: bolsas e calçados
Extensão define-se pela quantidade de produtos em cada linha, onde optou-se por desenvolver uma coleção com quatro bolsas e três calçados.
Profundidade deine-se pela quantidade de versões de cada produto, onde optou-se por desenvolver quatro variações de cada produto, com duas opções de bordados;
Baseado nestas definições e limitações estabelecidas, o quadro de mix de produto foi desenvolvido para melhor entendimento destes itens citados. Além da teoria apresentada, foi desenvolvida uma pesquisa de preferencia por modelos, cores e bordados aplicada por meio do Google Formulários,disponível no Anexo 3, onde oi possível perceber que seria mais assertivo desenvolver modelos com base em modelagens mais simplificadas possibilitando dar foco ao bordado.
87
MIX DE PRODUTO ABRANGÊNCIA Bolsas
Calçados extensão
Bolsas
Calçados
4 modelos: Cantil Saddle Retangular Tote
3 modelos: Avarca Mule Flatform
profundidade Bolsas
Calçados
4 modelos 3 variações de cores + 2 variações de bordados para cada
3 modelos 3 variações de cores + 2 variações de bordados para cada
3. 7 Geração de alternativas
Geração de alternativas
Para a geração de alternativas, optou-se por desenvolver desenhos dentro das limitações estabelecidade no mix de produto, aplicando diferentes misturas de cores da cartela, e tonalidades divergentes das escolhidas afim de perceber se estas obtem um resultado melhor. Foram feitos sessenta e quatro opções de bolsas, entre bolsas cantil, retangulares, saddle, tote, e clutch; assim como trinta e seis variações de calçados entre flatforms, mules, avarcas e possíveis variações dentro destes modelos. As gerações foram feitas com cores lisas, sem a representação dos tecidos ou bordados, que foram desenvolvidos a parte e serão demonstrados nos itens seguintes deste projeto.
89
variações
90
Color story
3.8
Para o desenvolvimento do Color Story, foram feitas as bases dos produtos finais com a indicação de recortes, modelagens e costuras, com base nos modelos tote, retangular, cantil e saddle para as bolsas e avarc, sandália e mule para os calçados, para então desenvolver o Color Story Final, onde foram aplicadas as variações de cores, tecidos, texturas e bordados que serão disponibilizados para escolha do cliente final por meio de uma plataforma online, com um site que trás estas opções na hora da compra. Esta plataforma será apresentada na sequencia, no item de resultados. Optou-se por apresentar os tecidos e as peças em que ele pode ser aplicado dentro da coleção, uma vez que trata-se de uma coleção upcycling e a quantidade de tecidos é limitada.
91 91
bases
TOTE
RETANGULAR
AVARCA
SANDALIA
cANTIL
SADDLE
MULE
PANTONE BLACK C PANTONE 12-2907 PANTONE 14-1315 PANTONE 14-4102 PANTONE Branco
92
acetinado
Algodão
Couro
lã
malha SUPLEX
93
Malha maquinetada
malha pique
MatelassĂŞ
veludo
solado bico
4.
95
resultados Com base nas pesquisas bibligráficas, netnográficas e demais estudos e definições apresentados anteriormente, a seguir estão apresentados os resultados obtidos neste projeto, com cartela de cores, materiais, aviamentos, bordados, a identidade visual e demais definições.
4. 1 Cartela de cores A cartela de cores foi dividida em duas, uma voltada para as bases de tecidos e materiais utilizados nos produtos finais e outra para as linhas de bordado a serem utilizadas nas superfícies. A cartela de cores base é composta por cores neutras, que possibilitam uma maior versatilidade de aplicação nas transformações e bordados finais, variando entre o branco, rosa, bege, cinza e preto.
PANTONE branco #ffffff CMYK 0 0 0 0 RGB 255 255 255
PANTONE 12-2907
PANTONE 1777
#EACECE CMYK 4 26 16 0 RGB 234 206 206
#D89595 CMYK 7 55 33 0 RGB 216 149 149
PANTONE 14-1315 #C69C6D CMYK 21 45 64 0 RGB 198 156 109
PANTONE 14-4102
PANTONE 8-4005
#D3D1D1 CMYK 20 17 17 0 RGB 211 209 209
#4D4D4D CMYK 76 71 64 22 RGB 77 77 77
PANTONE BLACK C #000000 CMYK 84 83 73 80 RGB 0 0 0
97
4. 2 Cartela de tecidos---tecidos --&aviamentos Acetinado 100% poliéster FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
ALGODÃO MATELASSÊ 100% Algodão FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
Argolas ônix Metal ônix FORNECEDOR: Altero metais PREÇO: 3,90 pacote com 4 peças
cetim 100% poliéster FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
cola de sapateiro Cola FORNECEDOR: Casa dos couros PREÇO: 25,00 kilo
bordado geométrico 4
bordado geométrico 5
bordado geométrico 6
técnicas: Livres aplicação: Bolsas
técnicas: Livres aplicação: Bolsas
técnicas: Livres aplicação: Bolsas
transformação 1
transformação 2
transformação 3
técnicas: Livres aplicação: Bolsas
técnicas: Livres aplicação: Bolsas
técnicas: Livres aplicação: Bolsas
couro vegetal
malha matelassê
papel couro
Latex, algodão e pigmentos FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
100% algodão FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
100% fibras de couro FORNECEDOR: Casa dos couros PREÇO: 10,00 folha
entretela
malha maquinetada
plush
Papel FORNECEDOR: Max entretelas PREÇO: 3,50 metro
100% algodão FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
92% poliéster + 8% elastano FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
espuma 2mm
malha piquê
puxador de zíper
100% poliéster FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
Metal ônix FORNECEDOR: Altero metais PREÇO: 3,95 pacote com 4 peças
lã batida
malha suplex
sola/soleta
100% lã FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
100% poliéster FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
PVC expandido + cortiça reciclada FORNECEDOR: Solart PREÇO: 3,58 unidade
linha mouline
mosquetão
suede
100% algodão duplo FORNECEDOR: Coach PREÇO: 3,99 meada
Metal ônix FORNECEDOR: Altero metais PREÇO: 5,95 pacote com 4 peças
100% poliéster FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
linha para couro
palmilha
veludo
PVC expandido + cortiça reciclada FORNECEDOR: Solart PREÇO: 3,58 unidade
100% poliéster FORNECEDOR: Kids Place PREÇO: 00,00
palmilha flat
zíper
PVC expandido _cortiça reciclada FORNECEDOR: Solart PREÇO: 9,33 unidade
Metal ônix FORNECEDOR: Casa dos couros PREÇO: 7,80 metro
100% poliuretano FORNECEDOR: Casa dos couros PREÇO: 5,40 metro
100% poliéster FORNECEDOR: Casa dos couros PREÇO: 9,50 cone
linha perlé 100% algodão duplo FORNECEDOR: Coats PREÇO: 6,90 cone
4. 3 Cartela de superficies Os bordados foram criados de forma livre, respeitando o tema, tendencias e cartela de cores, criando dentro de pequenas famílias, como bordados florais, de personagens, geométricos, fauna e mistos. A ideia é que posteriormente o cliente final possa encomendar diferentes bordados que mais lhe agradem, alterando os oferecidos ou pedindo encomendas exclusivas. Optou-se por desenvolver diferentes temáticas dentro do tema principal para abranger uma maior diversidade a ser oferecida ao consumidor final, mostrando as possibilidades dentro do bordado, priorizando o uso de pontos simples e que utilizam pouca quantidade de linha, ou criar soluções para aqueles que usam maior quantidade, como exemplo dos pontos cheios que foram feitos com o avesso invertido para minimizar o uso de linhas.
BORDADOS
bordado geométrico CIRCULAR técnicas: Livre aplicação: Bolsas
bordado CIRCULAR técnicas: Ponto cheio e rosa aplicação: Calçados
bordado geométrico CIRCULAR 2 técnicas: Livres aplicação: Bolsas e calçados
bordado FAUNA 1
bordado fauna 2
técnicas: Livre aplicação: Bolsas
técnicas: Alinhavo aplicação: Bolsas
bordado Geométrico 1
bordado GEOMÉTRICO 2
técnicas:Cheio + alinhavo aplicação:Calçados
técnicas: Livre aplicação: Calçados
bordado FAUNA 3 técnicas: Cheio e alinhavo aplicação: Bolsas
bordado GEOMÉTRICO 3 técnicas: Livre aplicação: Bolsas
4. 4 Identidade da marca
gal
U P C Y C L E D W E A R
FONTES
Sweetly Broken Zipper
PINCÉIS Giz arredondado CARIMBO Linhas - 10 ipi 10%
#FFFFFF #D3D1D1 #E5A288 #000000
Como um dos resultados deste projeto, optou-se por criar uma marca para veicular à coleção, a marca Gal, portanto, é a brand desenvolvida. O nome Gal, se deu por meio de uma pesquisa em busca de um nome curto, com poucas letras e que demonsttasse de forma simples o DNA da marca: simplicidade, nostalgia, tradição x vanguarda. A tagline ‘Upcycled Wear’’ se dá como um meio de representar o segmento da marca, com o trabalho de upcycling. O logotipo desenvolvido para a Gal, apresenta linhas geométricas com uma fonte manual, unindo a tagline em fonteminimalista sobre uma mancha orgânica, nas cores da marca e da cartela escolhida para o projeto. A seguir, estão apresentadas as variações de tags e de grafismos da marca.
101
U P C Y C L E D W E A R
U P C Y C L E D W E A R
gal gal U P C Y C L E D W E A R
VARIAÇÕES
gal gal U P C Y C L E D W E A R
GRAFISMOS
102
PLATAFORMAS
Baseado no segmento e no público alvo escolhido para o projeto, entendeu-se que seria necessário criar uma plataforma que possibilitasse ao cliente final comprar a coleção, além de escolher os bordados e cores de seus produtos, com foco em um site, redes sociais como Facebook, Instagram e Pinterest.
shopgal
/galdesigncwb
@gal.design
/galdesigncwb galdesigncwb@gmail.com
SITE
gal HOME
Página inicial, com destaques e informações
SUMMER 18
Coleções disponíveis
LOOKBOOK
Look book das coleções, com produção
SOBRE
História da marca, valores, definições
QUEM FAZ
Descrição do processo, LCD e artesões
BLOG
Posts sobre Slow Fashion, estilo, tendencias, etc
CONTATO
Canais de comunicação
103
REDES SOCIAIS
embalagens
104
Sacolas de retalho de veludo rosa, preto e branco (variando de acordo com a disponibilidade de retalhos).
tags
Caixas de madeira em MDF.
Tags em resĂduo de madeira, sob um fundo de retalho de couro branco
gal
105 Junto ao produto, serão enviados também uma sacola feita com retalhos de veludo e fios de bordado, uma caixa de madeira e uma tag em madeira reaproveitada. A proposta é de que o consumidor final possa utilizar estes itens em seu cotidiano, tanto para guardar os produtos quanto para outras finalidades, assim diminuindo um descarte de caixas e sacolas no meio ambiente. Junto das caixas, também há um pequeno encarte que trás informações da peça, como quem a produziu, qual a origem de cada material e demais colocações.
QUEM FEZ A MINHA GAL?
gal U P C Y C L E D W E A R
QUALIDADE A sua Gal é feita a mão, com cuidado, amor, carinho e nos mínimos detalhes
R E S P E I T O Valorizamos a mão de obra e o consumidor final, fazemos o design de todo o ciclo de vida
SUSTENTABILIDADE Priorizamos o uso de matéria prima sustentável, reciclada ou reaproveitada
U P C Y C L I N G Aqui o ‘’jogado fora’’ é repensado, bordado e ressignificado pra você
GAL UPCYCLED WEAR - CURITIBA-PR-BRASIL
shopgal
/galdesigncwb
@gal.design
/galdesigncwb galdesigncwb@gmail.com
TAGS DE PRODUTO
A Gal é uma marca de Slow Fashion, como foco no upcycling, na produção manual e no resgate e ressignificação do bordado livre, trazendo o tradicional, o antigo e as boas lembranças atreladas ao contemporâneo e vanguarda, com toques de minimalismo e tendências de moda. Acreditamos em produtos que duram, que contam história e agregam valores ao seu dia a dia
4. 5 Design do ciclo de vida O novo ciclo de vida proposto por este projeto, propõe o recolhimento dos resíduos têxteis da empresa Kids Place na etapa de corte e costura, passando para uma análise de viabilidade e uso de cada retalho, para então ser iniciado o processo de criação das peças, das transformações e bordados. A seguir as etapas estão especificadas:
Recolhimento nesta etapa os resíduos são recolhidos na empresa, após a etapa de confecção;
Análise é feita uma análise dos resíduos, observando os que podem ser aproveitados, que tipo de transformação pode melhorar este aproveitamento, além disso os resíduos que não serão utilizados são encaminhados para outras marcas;
Design é desenvolvido o design das peças, os estudos de público, tendencias e demais etapas pertinentes ao designer;
Confecção os produtos são confeccionados, agregando aqui as etapas de transformação têxtil, bordados, corte e modelagem das peças;
Venda as vendas são feitas através de plataformas online, com possibilidade de escolhas por parte do cliente Uso esta etapa contempla o uso do consumidor final, que após seu ciclo pode dar um novo uso ao produto, ou enviá-lo de volta para a Gal.
107
CICLO DE VIDA INICIAL
CICLO DE VIDA proposto
108
4. 5 Seleção de alternativa--& fichas técnicas
FICHA TÉCNICA DESCRIÇÃO: Bolsa cantil COLEÇÃO: Nostos GRADE: Média PILOTO: Média
REF: 001 SEGMENTO: Bolsas DATA: 24/09/2017 DESENHO TÉCNICO
Alças de 1 metro
12cm
Metal ônix
Alça estruturada 2cm
8cm 20cm
SUPERIOR
LATERAL
FRENTE MATERIAIS E AVIAMENTOS
REF DESCRIÇÃO COMPOSIÇÃO FORNECEDOR COR APLICAÇÃO CONSUMO VALOR TOTAL 60cm Centro Kids Place --Lã 100% lã 001 Laterais e alça Forro
1mt
--
--
80cm
--
--
Alça pq.
20cm
3,80
Casa de retalhos
Base
1 folha
3,80 mt 5,00 folha
Metal
Altero Metais
Alças
2 peças
Fio
100% poliester
Fio
1 cone
008
Ziper
Metal
Fechamento
15 cm
009
Linhas
100% poliester
Bordado
1 meada
010
Espuma
100% poliester
Bordado
1 meada
011
Mosquetão
Metal
Casa de retalhos Armarinho Switta Armarinho Switta Armarinho Switta Altero Metais
Alças
2 peças
1,10 peça
012
Cola
Cola
Casa de retalhos
Bolsa
1 lata
25,00 lata
002
Couro
Vegetal
Kids Place
003
Suede
100% poliester
004
Entretela
Algodão
Kids Place Armarinho Switta
005
Papel couro
Papel couro
006
Argola
007
TRANSFORMAÇÕES
Couro + Lã
Bordado
AMOSTRAS
0,90 peça 9,50 cone 1,50 uni 2,00 meada 5,80 MT
5,00 1,80 9,50 -1,50 2,00 5,80 2,20 9,50
FICHA TÉCNICA DESCRIÇÃO: Bolsa retangular COLEÇÃO: Nostos GRADE: Média PILOTO: Média
REF: 002 SEGMENTO: Bolsas DATA: 24/09/2017 DESENHO TÉCNICO 20cm
Alças de 1 metro Metal ônix
8cm 16cm
Alça estruturada
14cm 22cm
COSTAS
18cm
8cm
LATERAL
FRENTE MATERIAIS E AVIAMENTOS
REF DESCRIÇÃO COMPOSIÇÃO FORNECEDOR COR APLICAÇÃO CONSUMO VALOR TOTAL 60cm Centro Kids Place --Veludo 100% poliester 001 Laterais e alça Forro
80cm
Alça pq.
20cm
Casa de retalhos
Base
1 folha
Metal
Altero Metais
Fechos
4pçs
100% poliester
Casa de retalhos Altero Metais Armarinho Switta Armarinho Switta
Fio
1 cone
Base
4 unidades
Bordado
1 meada
Bordado
1 meada
Bolsa
1 lata
002
Couro
Vegetal
Kids Place
003
Suede
100% poliester
004
Entretela
Algodão
Kids Place Armarinho Switta
005
Papel couro
Papel couro
006
Metais
007
009
Fio Pés de suporte Linhas
100% poliester
009
Espuma
100% poliester
010
Cola
Cola
008
Metal
Casa de retalhos
TRANSFORMAÇÕES
Veludo + Couro
Bordado
1mt
AMOSTRAS
19.90 mt --
19,90
13,90 mt 20 folha
3,00
--
20,00
2,50 peça 9,00 cone 5,80 pct com 4 2,99 meada 5,80 MT
10,00
25,00 lata
9,50
9,00 5,80 2,99 5,80
FICHA TÉCNICA DESCRIÇÃO: Sandalia Avarca COLEÇÃO: Nostos GRADE: 35 ao 38 PILOTO: 37
REF: 003 SEGMENTO: Calçados DATA: 24/09/2017 DESENHO TÉCNICO 10cm
Gaspea em matelassê no algodão
Gaspea em matelassê no algodão TAMANHO 37
LATERAL
SUPERIOR
MATERIAIS E AVIAMENTOS
REF DESCRIÇÃO COMPOSIÇÃO FORNECEDOR COR APLICAÇÃO CONSUMO VALOR TOTAL 60cm Gaspea Kids Place --Algodão 100% algodão 001 002
Cetim
100% poliéster
Kids Place
003
Couro
100% vegetal
004
Entretela
Algodão
005
Palmilha
006
Soleta
PVC expandio + cortiça reciclada PVC expandio + cortiça reciclada
Kids Place Armarinho Switta
007
Fio
100% poliester
009
Linhas
100% poliester
010
Cola
Cola
--
--
80cm
--
--
80cm
3,80 mt 3,58 cada
2,00
1 par
3,58 cada
7,16
Fio
1 cone
9,00
Bordado
1 meada
Avarca
1 lata
9,00 cone 2,99 meada 25,00 lata
Solart
Sola
1 par
Solart
Sola
Casa de retalhos Armarinho Switta Casa de retalhos
TRANSFORMAÇÕES
Matelassê
60cm
Forro Palmilha e cabedal Forro
Bordado
AMOSTRAS
7,16
2,99 9,50
FICHA TÉCNICA DESCRIÇÃO: Sandalia flat COLEÇÃO: Nostos GRADE: 35 ao 38 PILOTO: 37
REF: 004 SEGMENTO: Calçados DATA: 24/09/2017 DESENHO TÉCNICO
MATERIAIS E AVIAMENTOS
REF DESCRIÇÃO COMPOSIÇÃO FORNECEDOR COR APLICAÇÃO CONSUMO VALOR TOTAL 60cm Centro Kids Place --Veludo 100% poliester 001 PVC expandio + cortiça reciclada PVC expandio + cortiça reciclada Algodão
002
Palmilha
003
Soleta
004
Entretela
005
Fio
100% poliester
006
Linhas
100% poliester
007
Cola
Cola
TRANSFORMAÇÕES
Bordado
Solart
Sola
1 par
3,58 cada
7,16
Solart
Sola
1 par
7,16
Armarinho Switta
Alça pq.
20cm
Casa de retalhos Armarinho Switta
Fio
1 cone
Bordado
1 meada
Casa de retalhos
Avarca
1 lata
3,58 cada 13,90 mt 9,00 cone 2,99 meada 25,00 lata
AMOSTRAS
3,00 9,00 2,99 9,50
FICHA TÉCNICA DESCRIÇÃO: Bolsa saddle COLEÇÃO: Nostos GRADE: Média PILOTO: Média
REF: 005 SEGMENTO: Bolsas DATA: 24/09/2017 DESENHO TÉCNICO
MATERIAIS E AVIAMENTOS
REF DESCRIÇÃO COMPOSIÇÃO FORNECEDOR COR APLICAÇÃO CONSUMO VALOR TOTAL 60cm Centro Kids Place --Veludo 100% poliester 001 Laterais e alça Forro
80cm
Alça pq.
20cm
Casa de retalhos
Base
1 folha
Metal
Altero Metais
Fechos
4pçs
Fio
100% poliester
Fio
1 cone
008
Ziper
Metal
Fechamento
15 cm
009
Linhas
100% poliester
Casa de retalhos Armarinho Switta Armarinho Switta
Bordado
1 meada
002
Couro
Vegetal
Casa de retalhos
003
Suede
100% poliester
004
Entretela
Algodão
Kids Place Armarinho Switta
005
Papel couro
Papel couro
006
Metais
007
TRANSFORMAÇÕES
Couro + Veludo
Bordado
1mt
AMOSTRAS
19.90 mt --
19,90
13,90 mt 20 folha
3,00
2,50 peça 9,00 cone 1,50 uni 2,99 meada
--
20,00 10,00 9,00 1,50 2,99
FICHA TÉCNICA DESCRIÇÃO: Bolsa tote COLEÇÃO: Nostos GRADE: Média PILOTO: Média
REF: 006 SEGMENTO: Bolsas DATA: 24/09/2017 DESENHO TÉCNICO
MATERIAIS E AVIAMENTOS
REF DESCRIÇÃO COMPOSIÇÃO FORNECEDOR COR APLICAÇÃO CONSUMO VALOR TOTAL 60cm Centro Kids Place --Malha 100% poliester 001 Laterais e alça Forro
80cm
Alça pq.
20cm
Casa de retalhos
Base
1 folha
Metal
Altero Metais
Fechos
4pçs
Fio
100% poliester
Fio
1 cone
008
Ziper
Metal
Fechamento
15 cm
009
Linhas
100% poliester
Casa de retalhos Armarinho Switta Armarinho Switta
Bordado
1 meada
002
Couro
Vegetal
Casa de retalhos
003
Suede
100% poliester
004
Entretela
Algodão
Kids Place Armarinho Switta
005
Papel couro
Papel couro
006
Metais
007
TRANSFORMAÇÕES
Couro + Malha
Bordado
1mt
AMOSTRAS
19.90 mt --
19,90
13,90 mt 20 folha
3,00
2,50 peça 9,00 cone 1,50 uni 2,99 meada
--
20,00 10,00 9,00 1,50 2,99
FICHA FICHA de TÉCNICA pilotagem DESCRIÇÃO: Sandalia mule COLEÇÃO: Nostos GRADE: 35 ao 38 PILOTO: 37
REF: 007 SEGMENTO: Calçados DATA: 24/09/2017 DESENHO TÉCNICO
MATERIAIS E AVIAMENTOS
REF DESCRIÇÃO COMPOSIÇÃO FORNECEDOR COR APLICAÇÃO CONSUMO VALOR TOTAL 60cm Centro Kids Place --Algodão 100% algodão 001 PVC expandio + cortiça reciclada PVC expandio + cortiça reciclada Algodão
002
Palmilha
003
Soleta
004
Entretela
005
Fio
100% poliester
006
Linhas
100% poliester
007
Cola
Cola
TRANSFORMAÇÕES
Bordado
Solart
Sola
1 par
3,58 cada
7,16
Solart
Sola
1 par
7,16
Armarinho Switta
Alça pq.
20cm
Casa de retalhos Armarinho Switta
Fio
1 cone
Bordado
1 meada
Casa de retalhos
Avarca
1 lata
3,58 cada 13,90 mt 9,00 cone 2,99 meada 25,00 lata
AMOSTRAS
3,00 9,00 2,99 9,50
4. 6 Coleção final 122
124
4. 7 Processos de fabricação O processo de fabricação das peças se deu em parceria com as artesãs responsáveis pela modelagem e confecção das peças, a modelagem dos calçados é desenvolvida pela autora. A seguir estão descritos os passos realizados neste processo:
a) Após o recolhimento dos resíduos da empresas, os mesmos são selecionados retirando os que podem ser aproveitados na confecção das peças, onde os selecionados são lavados e finalizados, para retirada de manchas, sujeiras e fios soltos; b) com base nos tamanhos dos resíduos, os mesmos são separados de acordo com o melhor aproveitamento em casa peça base; c) Nestes resíduos, dividem-se os bordados que melhor se adaptam à cada peça e retalho; d) Iniciam-se então os processos de bordado, onde o desenho é feito sobre o tecido com caneta específica para esse fim, após inicia-se o bordado manual, buscando sempre priorizar pontos que utilizem menos linha e com soluções para que o avesso das peças tenha menos fio; e) Com o bordado feito, o mesmo é passado a ferro para retirada do desenho base e acabamentos do tecido; f) Separam-se os materiais complementares como metais e couro para as bolsas e solados e forros para os calçados; e) Os tecidos e seus complementos são separados em pequenos lotes e levados para as artesãs, acompanhados de suas fichas técnicas; f) As artesãs desenvolvem os moldes e protótipos das peças, em material similar que são validados e passam para a confecção em material final; e) As peças voltam para a designer, que dá os acabamentos finais e embala os produtos para envio à cliente.
figura 40
- processos de fabricação
126
4. 8 Produção fotográfica A produção fotográfica foi desenvolvida em dois momentos diferentes, sendo a fotografia para Look Book, buscando apresentar as peças com seus detalhes em diferentes pontos de vista com enfase nas visões frontal, lateral e de costas, assim como a criação de fotografias em formato de grid, onde cria-se uma composição visual com objetos que possuem relação com a marca e a coleção. Para o grid da Gal, buscou-se utilizar um fundo em veludo, com objetos como flores, linhas e tesoura de bordado, assim como flames da marca. Nas fotografias destinadas a mostrar as visões das peças, optou-se por trabalhar em um fundo neutro mas que apresenta-se elementos de ligação com o conceito da coleção. Na sequencia, foram desenvolvidas as fotos conceituais realizadas em parceria com o fotógrafo Rafael Lange e as modelos Gabriela Burns e Gabriela Ern. A locação escolhida foi o parque do Museu Oscar Niemeyer, em um ambiente de ligação direta com a natureza e aspectos de leveza em ligação com as modelos em roupas e poses fortes.
figura 41 - LOOK BOOK
gal U P C Y C L E D W E A R
Look book
Look book
Look book
5.
discussão & análise Com base nos resultados obtidos no desenvolvimento deste projeto, buscou-se compreender os pontos positivos e negativos observados neste processo. O item a seguir trata da análise ergonômica e de viabilidade destes resultados, da validação com os usuários e de uma discussão quanto à estes itens.
5. 1 Análise ergonômica Durando o processo de confecção das peças, foram desenvolvidas peças de protótipos para compreender de melhor maneira as possíveis mudanças em relação à material, modelagem e acabamentos utilizados em cada peça. A seguir estão representadas algumas das mudanças que foram feitas nos modelos confeccionados, mostrando as observações feitas pelas usuários durante as validações com usuário.
figura 42- análise das pilotos
137 No primeiro teste com as usuárias, foi solicitado uma mudança nas alças das peças, uma vez que em ambas as alças estavam pouco estruturadas e muito finas, além disso na bolsa cantil, foi solicitada uma mudança na abertura onde o ziper da peça estava muito para a frente da bolsa, fazendo com que mesma pendesse e não ficava ergonomicamente correta no corpo. Na bolsa retangular, foi solicitada uma mudança na tampa de fechamento, que estava muito grande e dificultava a abertura. O calcanhar da avarca estava
abaixo da altura do tendão, fazendo com que a sandália não ficasse bem presa ao pé. Com base nestas solisitações e obervações, optou-se por subir o forro da bolsa antil, levar o ziper para a parte central do fechamento da bolsa e em ambas peças as alças foram estruturadas, porém retiraram-se os ajustes de comprimento em função da espessura das alças, o que foi relatado como um ponto negativo na mudança. Para a avarca, mudou-se a modelagem da parte do calcanhar, colocando um elastico embutido no couro.
figura 43- alterações
138
Após a execução das mudanças, foi realizada uma nova análise com os usuários para compreender se as alterações foram assertivas ou seria necessário desenvolver novos métodos de modelagem e confecção. Além dos registros fotográficos e entrevistas orais, foi aplicado um pequeno questionário às usuárias a fim de obter um panorama geral a cerca das peças, levando em consideração so itens: modelagem, toque, conforto, material, acabamento e solado. Os resultados foram compactos no quadro a seguir.
AVARCA
ÓTIMO MODELAGEM TOQUE CONFORTO MATERIAL ACABAMENTO SOLADO
CANTIL
BOM
MODELAGEM TOQUE CONFORTO MATERIAL ACABAMENTO ALÇAS
RETANG.
RUIM REGULAR
MODELAGEM TOQUE CONFORTO MATERIAL ACABAMENTO ALÇAS
Como é possível ver acima, as peças obtiveram boas respostasem relação aos itens de toque, material e conforto, todavia os itens de acabamentos obtiveram notas mais próximas ao bom e regular, uma vez que algumas costuras e tecidos não acentaram de maneira correta nas peças, obtendo como resultado final peças com algumas linhas de costura tortas e tecidos fora do sentido do fio. A mudança das alças com maior estrutura e firmeza obteve boa resposta.
139
5. 2 Análise de viabilidade A análise de viabilidade foi realizada com base nos valores que representam cada peça, como os tecidos, solados, metais, materiais diversos (colas, linhas de costura, bordados, zípers, botões de pressão, etc), mão de obra de confecção e criação e custos gerais, incluindo mobilidade e custos de confecção. As peças ficaram com valores finais de custoentre R$ 474,70 e R$ 512,66, considerando somente os valores de custo, sem acresentar alguma taxa de lucro. Com base no resultado final das bolsas e da sandália, é possível observar que são necessárias mudanças e melhorias nas peças para que as mesmas estejam de acordo com seus valores de venda.
r$ 0,00 r$ 7,16 r$ 5,50 r$ 350,00 r$ 100,00 r$ 50,00
CANTIL
TECIDOS SOLADOS MATERIAIS DIVERSOS MÃO DE OBRA DESIGNER CUSTOS GERAIS TECIDOS METAIS MATERIAIS DIVERSOS MÃO DE OBRA DESIGNER CUSTOS GERAIS
r$ 0,00 r$ 24,40 r$ 59,80 r$ 250,00 r$ 100,00 r$ 50
RETANG.
AVARCA
TABELA DE CUSTOS
TECIDOS METAIS MATERIAIS DIVERSOS MÃO DE OBRA DESIGNER CUSTOS GERAIS
r$ 0,00 r$ 24,40 r$ 50,30 r$ 250,00 r$ 100,00 r$ 50,00
TOTAL
$ 512,66 TOTAL
$ 484,2O TOTAL
$ 474,70
140
Validação Validação com usuário
5.3
A validação com o usuário foi realizada em dois momentos, com as peças pilotos como já citado no item de análise ergonomica e posteriormente com as peças finais, após as alterações solicitadas. Em ambos os momentos, optou-se por realizar as análises com as mesmas usuárias, onde ambas calçam número 37, mas possuem estaturas e alturas diferentes, afim de analisar questões como o comprimeto das alças das bolsas e a altura das tampas e fechos. Observou-se que as peças finais apresentaram grande melhoria em relação à ergonomia e modelagem, como a sandália avarca que após a adição do elástico em seu calcanhar, tornou-se mais firme ao tendão e com melhor aderência aos pés. As usuárias relataram que a mudança nas alças em relação a sua estrutura foi positiva, tornando as mesmas mais seguras. O ponto negativo, como citado anteriormente foi em relação a retirada dos ajustes e regulagens das alças, pois para a usuária com menor altura, a bolsa cantil ficou muito abaixo dos quadril, sem segurança ao corpo.
figura 44- validação
6. conclusĂŁo
143
O processo que envolveu o desenvolvimento deste projeto, possibilitou compreender por meio da vivencia e da experiência real como uma marca de Slow Fashion é construída, assim como todas as etapas de execução das peças finais, desde o início dos processos com as pesquisas teóricas e empíricas, passando pelas entrevistas com público e consumidores, até os procedimentos finais voltados aos produtos, sua criação, modelagem, confecção e acabamentos diversos. Desenvolver um design do ciclo de vida completo de um produto, seja qual for, é algo que implica total atenção, pesquisa a fundo sobre todos os assuntos que permeiam este item e uma busca incessante por soluções inovadoras e sustentáveis. Dentre esse caminho, pude observar que o mercado de moda sustentável, mesmo que em crescimento, ainda apresenta muitas falhas e pontos que precisam de uma maior atenção por parte das marcas, dos designers e mesmo do consumidor. Há uma grande defasagem em relação à matérias primas sustantáveis quando se fala em tecidos, solados e aviamentos, fazendo com que um projeto não seja 100% sustentável. A mão de obra também é um ponto muito dificultoso no processo, pois os meios antigos de confecção e produção estão ficando cada vez mais esquecidos no tempo, e os poucos artesãos na área são desvalorizados e constantemente cobrados por uma modernização que pede mais do que oferece ao homem e ao meio ambiente. De forma pessoal, este projeto me mostrou que todas as barreiras podem ser derrubadas, através do esforço, da pesquisa e da vontade de sempre melhorar. Todas as vezes que algum erro aconteceu, acredito que estes mesmos me fizeram correr atrás de melhorias em todos os ambitos, fazendo com que o resultado tenha sido algo de que me orgulho e me alegra muito. Pude desenvolver desde as pesquisas iniciais até a criação de uma marca, com identidade visual e DNA, aprendendo muito em todos os momentos, comigo mesma e com as pessoas que ajudaram neste projeto de alguma forma.
155
ANEXO 4 VALIDAÇÃO PRODUTO: Avarca
CLIENTE: Gabriela
RUIM
REGULAR BOM
ÓTIMO
N/A
Material Acabamentos Inovação Toque Modelagem Modelo Design Cor base Conforto Ergonomia Tamanho Alças Solado Bordado Funcionalidade Observações “Gostei bastante do calçado, achei lindo! O bordado está dando o diferencial da peça, a combinação de cores ficou ótima por usar as linhas pretas com a aplicação de cores mistas. A parte de cima (gáspea) está bem confortável, o forro deixou o toque mais agradável no pé, o solado em couro também deixou mais adequado. O calçado está bem leve e confortável. O fecho traseiro ficou mais ergonomico após a mudança de altura, senti que agora a sandalia ficou mais presa ao pé e não machuca. Compraria com certeza!”
validação PRODUTO: Bolsa cantil
CLIENTE: Gabriela
RUIM
REGULAR BOM
ÓTIMO
N/A
Material Acabamentos Inovação Toque Modelagem Modelo Design Cor base Conforto Ergonomia Tamanho Alças Solado Bordado Funcionalidade Observações “Essa é a minha preferida entre as duas bolsas, gostei do formato achei que está perfeito, porque cabe celular, carteira, documentos e coisas diversas, dá a impressão de que ela é pequena mas cabem várias coisas! As alças estão bem confortáveis, porque estão firmas e com uma largura legal, dá para utilizar de jeitos diferentes, até mesmo sem as alças longas. Acho que faltou a possibilidade de ajustar a alça, mas ficou confortável mesmo assim Gostei do detalhe da alça pequena e do bolso interno. Usaria ela na versão em algodão e em couro, achei que combinou com o bordado também. ”
validação PRODUTO: Bolsa retangular
CLIENTE: Gabriela
RUIM
REGULAR BOM
ÓTIMO
N/A
Material Acabamentos Inovação Toque Modelagem Modelo Design Cor base Conforto Ergonomia Tamanho Alças Solado Bordado Funcionalidade Observações “O modelo dessa bolsa é bem diferente que se vê nas lojas, achei genial porque ficou com um formato diferenciado, com bastante espaço pra guardar várias coisas. Os pés na parte de baixo também deram um diferencial. Não costumo comprar bolsas brancas porque acho que suja, então ficaria um pouco em dúvida, acho que me agradaria mais a cor se fosse na opção com a base de couro preta, mas acho que vai muito do gosto e da finalidade. As alças estão ótimas, o fecho magnetico também deixou a bolsa diferente. O ponto negativo pra mim foi o acabamento da tampa da bolsa que está torto.”
validação PRODUTO: Avarca
CLIENTE: Ana
RUIM
REGULAR BOM
ÓTIMO
N/A
Material Acabamentos Inovação Toque Modelagem Modelo Design Cor base Conforto Ergonomia Tamanho Alças Solado Bordado Funcionalidade Observações “Gostei muito do modelo do calçado, tenho um outro parecido e é muito confortável, porque fica bem preso ao pé e dá pra andar o dia todo. A mudança da parte de trás deixou a avarca mais justa no calcanhar. A cor branca me preocupou um pouco, mas depois vi que estava impermeabilizado e vi isso como um ponto muito positivo, já que sujaria muito fácil e até podia manchar. Achei ela perfeita, gostei muito do bordado e do matelassê, o forro é bem confortável e a sola também.”
validação PRODUTO: Bolsa cantil
CLIENTE: Ana
RUIM
REGULAR BOM
ÓTIMO
N/A
Material Acabamentos Inovação Toque Modelagem Modelo Design Cor base Conforto Ergonomia Tamanho Alças Solado Bordado Funcionalidade Observações “A bolsa está linda, nunca tinha visto nesse modelo em lojas de rua, só em marcas mais caras mesma e na internet. Tinha a impressão que seria incomodo, mas testando no corpo fiquei impressionada porque a alça dá uma segurança da peça no corpo, cabe várias coisas na bolsa e o bolso interno deixa colocar pequenos objetos de forma mais separada do resto. Amei o tema do bordado, achei que complementa bem com o formato.”
validação PRODUTO: Bolsa retangular
CLIENTE: Ana
RUIM
REGULAR BOM
ÓTIMO
N/A
Material Acabamentos Inovação Toque Modelagem Modelo Design Cor base Conforto Ergonomia Tamanho Alças Solado Bordado Funcionalidade Observações “Gostei do formato também, achei que dá pra usar essa no dia a dia mesmo, porque cabe várias coisinhas que usamos tipo carteira, dinheiro, celular, carregador, até uma sombrinha pequena. O couro com o veludo deu uma mistura de texturas muito legal, o bordado deu o toque final achei que uniu uma cara mais vintage com um formato moderno, mas também parece que ele ficou meio apagado no tecido. Compraria com certeza, nessa cor mesmo porque gosto bastante de peças brancas com detalhe mais colorido.”
144
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ANEXO 1 MODELO: registro de transformação DESCRIÇÃO: MATERIA PRIMA TEMPO
Nº AMOSTRA: VALIDAÇÃO
REGISTROS
DESCRIÇÃO
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ANEXO 2 ENTREVISTA DE PÚBLICO ALVO 1
ANEXO 3 ENTREVISTA DE PÚBLICO ALVO 2