A informação correta - Nº 101 - Preço R$ 5,00
Suetônio Vilar
O Emblemático
nº 101 - 2015
Indice
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Antonio Henriques Filho Diretor Presidente Denise Sales de Lima Diretora Administrativa e Comercial Colaboradores Antonio Henriques Júnior Juliana Figueiredo Henriques Adauto Neto Naiá Figueiredo de Freitas Anderson Almeida de Freitas Contato: (83) 98639-3023 | 99605-0999 revistatudoaver@gmail.com Sistema Paraíbano de Comunicação CNPJ: 22.557.194.0001-63 Tiragem: 3.000 exemplares
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Anunvcisitea nas re
REVISTA
tudo a ver
eDIÇÃO 37
Emepa realiza teste Progênie em gado Sindi para aumentar a produção de leite Paraíba recebe certificação internacional de zona livre de aftosa com vacinação
PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar
Fazenda Carnaúba-PB
O melhor queijo caprino do mundo
Primavera
a mais bela das estações
TRANSGÊNICOS
Ruim para quem produz e para quem consome
Paraíba lidera contratações do Pronaf na região Nordeste
Governo instala
plataformas agrometeorológicas no Estado
Suetônio Vilar Do Cariri Paraibano para o mundo
Caravana Agevisa - leva informações a inspetores e técnicos em Vigilância Sanitária dos municípios
Umbu para a saúde
Conheça os ricos benefícios do fruto
Renda renascença
paraibana inspira coleção de estilista paulista
Pinha
o alimento mais rico em vitamina B1 e B2
PNCF
Programa Nacional de Crédito Fundiário Dia de Campo sobre
Algodão Colorido Cultivo de plantas medicinais e aromáticas
MARÇO de 2014
Emepa realiza teste Progênie
em gado Sindi para aumentar a produção de leite A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), integrante da Gestão Unificada Emepa/Interpa/Emater (GU), vinculada à Secretaria do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, desenvolve o teste Progênie em gado Sindi desde 2014. O gado da raça Sindi, devido sua facilidade de adaptação, tem-se constituído numa alternativa para a produção de leite na região semiárida, mesmo com as peculiaridades climáticas. O programa foi lançado pela Associação Brasileira dos Criadores de Sindi e Embrapa/Centro Nacional de Pesquisa de Gado Leiteiro, durante a Exporzebu em Uberaba, Minas Gerais, em maio do ano passado. Na ocasião, entre outros, estiveram presentes os pesquisadores da Emepa, Rômulo Pontes de Freitas Albuquerque e Ricardo Henrique de Miranda Leite, e o Presidente da ABCSindi, Mário Borba. O teste Progênie é uma metodologia que avalia os touros pelo desempenho produtivo de suas filhas em vários rebanhos, produzidas por acasalamentos aleatórios, com sêmen codificado, em rebanhos puros e mestiços. Também são utilizadas as filhas resultantes dos acasalamentos dirigidos, nos rebanhos puros em controle leiteiro
oficial realizado pelo Programa de Melhoramento Genético Zebuíno, da Associação Brasileira de Criadores de Zebu, desde que atendam as exigências de número, distribuição entre fazendas e conexão genética entre grupos de contemporâneos. Segundo o pesquisador Rômulo Albuquerque, nestes testes, mais recentemente, acrescentouse a utilização de sêmen identificado em matrizes que possuam controle leiteiro oficial. Todo o trabalho de pesquisa é realizado na Estação Experimental de Alagoinha, com o acompanhamento do diretor técnico Manuel Duré. Para o pesquisador, este é o método mais preciso para se avaliar o real potencial genético de um touro para a produção de leite. Para que um touro seja avaliado e disponibilizado ao mercado é necessário que tenha produzido várias filhas e que
estas tenham encerrado a primeira lactação. “Para isto, usualmente são gastos mais de seis anos”, explicou. O teste de Progênie começou há mais de três décadas com os zebuínos das raças Gir e Guzerá, e finalmente no ano passado a raça Sindi foi incluída no Programa de Melhoramento Genético – Teste Progênie. Rômulo recorda que os criadores desta raça consideraram a decisão como um fator decisivo para garantir competitividade com as demais raças zebuínas – Guzerá e Gir – melhoradoras para produção de leite em ambiente tropical. Atualmente vários núcleos criatórios já se habilitaram para participar da implementação deste programa de melhoramento da progênie. Participarão todos os criadores da raça Sindi que tiverem interesse no programa.
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Paraíba recebe certificação internacional de zona livre de
aftosa com vacinação A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) concedeu ao Estado da Paraíba a certificação de Zona Livre de Aftosa com Vacinação. A solenidade foi realizada na Assembleia Mundial de Delegados da OIE, que é composta por 179 países. O pleito para a certificação internacional junto à Organização Mundial de Saúde Animal foi enviado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), após constatar as ações do Governo da Paraíba junto à Defesa Agropecuária Estadual, que cumpriu as demandas solicitadas pela OIE. Esta certificação colocou a Paraíba no mesmo patamar dos Estados da Região Centro/Sul que permitire o livre trânsito de animais por todo o Brasil e, principalmente, para outros países. Isso significa que os produtos paraibanos derivados de animais têm livre trânsito garantido.
Ou seja, dá idoneidade para os produtos de origem animal. Segundo Rômulo Montenegro, o Estado conseguiu essa certificação por meio de muito trabalho. “Cumprimos todas as etapas de vacinação com sucesso. Além das metas estabelecidas pela OIE, vamos continuar vigilantes para que nosso rebanho permaneça livre de doenças que ocasionem prejuízos para os produtores. A Paraíba está pronta para realizar exposições e demais feiras. O papel do Estado é viabilizar tudo isso e nós conseguimos. Quero asseverar que esta conquista, única e inédita, foi produto do esforço de todos os que fazem a Defesa Agropecuária do Estado da Paraíba, e do compromisso do governo em cumprir ações estruturantes para a economia do estado”, enfatizou o secretário. Antes deste reconhecimento,
a Paraíba era considerada Área de Risco, o que gerava graves problemas para os criadores, pois os animais, para transitarem para outros Estados da federação, precisavam se submeter a uma quarentena a qual demandava tempo e dinheiro, inviabilizando as condições de concorrência para os produtores. Os produtos de origem animal, como por exemplo: carnes, leites, queijos, manteiga e outros produtos lácteos, não ingressavam nos grandes mercados, supermercados e atacados porque não tinham o reconhecimento de sua sanidade. Os estados da Paraíba, Pará, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas, formaram um bloco que faz parte do programa de ampliação da zona livre de febre aftosa, coordenado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar Apesar das condições climáticas adversas na região do Curimataú, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) já investiu mais de R$ 869 mil em aquisição de produtos da agricultura familiar de sete municípios, beneficiando 87 agricultores familiares, numa ação executada pela Emater, integrante da Gestão Unificada Emepa/Interpa/Emater (GU), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), o que tem proporcionado o fortalecimento social e econômico de organizações produtivas rurais de base familiar. , Dos 14 municípios pertencentes à região de Picuí, sete estão fornecendo ao Pnae produtos oriundos da agricultura familiar. Entre os produtos comercializados destacam-se polpa de frutas (umbu), hortaliças, batata doce, jerimum, leite, ovos, costela bovina, carne caprina, frango caipira, filé de peixe, doces, feijão e macaxeira, totalizando 122,2 toneladas. Os valores investidos na aquisição da produção dos agricultores são os seguintes: Baraúna, R$ 40.160,00; Cubati, R$ 108.225,00; Juazeirinho, R$ 25.807,00; Nova Floresta, R$ 70.925,00; Pedra Lavrada, R$ 25.491,00; Picuí, R$ 372.435,00 e Soledade, R$
246.210,00, chegando no total a R$ 869.253,00. Programa – O Pnae é um programa do Ministério da Educação que garante alimentação saudável da rede básica de educação no País, por meio de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O objetivo é atender às necessidades nutricionais do alunado, contribuindo para o seu crescimento com alimentos de qualidade e maior rendimento escolar. O programa existe desde 1955, porém foi em junho de 2009 que o Governo Federal implantou a Lei nº 11.947, determinando que no mínimo 30% do programa devem ser investidos na compra
de gêneros alimentícios da agricultura familiar. São atendidos pelo Pnae os alunos de toda a educação básica (infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos) matriculados em escolas públicas, filantrópicas e em entidades comunitárias (conveniadas com o poder público), por meio da transferência de recursos financeiros. Os trabalhos de extensão rural na região administrativa de Picuí têm parceria com as prefeituras municipais, com os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) e associações comunitárias rurais.
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Fazenda Carnaúba-PB O melhor queijo caprino do mundo Localizada no Município de Taperoá e de propriedade do Sr. Manuelito Dantas, na fazenda também está instalado o laticínio Grupiara, que produz o melhor queijo de cabra do Brasil. Ganhador de vários prêmios, o queijo de cabra do semiárido paraibano, não fica a desejar para os melhores queijos franceses. Inclusive, inspirado numa proposta que um amigo o fez para produzir queijos temperados com ervas da região de Provença na França; Manuelito resolveu usar as ervas locais para temperar o seu queijo. O resultado foi tão bom que desde o ano de 2002, já são produzidos aqui, queijos temperados com ervas nordestinos como o Marmelei-
ro, Alfazema e Aroeira ou Cumaru. Do sucesso do queijo ganhador de vários prêmios o próprio Manelito diz: “Valorizar aquilo que o semiárido tem de melhor, é a saída para conviver com a seca. Sim, porque não existe luta contra a seca, pois é um fenômeno natural. Existe convivência e adaptação.” Com essa ideologia, hoje a fazenda carnaúba é considerada modelo pela postura adotada em relação ao clima semiárido. Inês Dantas Villar, filha de Manelito é gerente do Laticínio Grupiara, com muita atenção e nos mostrou as dependências tanto do laticínio quanto da casa grande da fazenda, onde fomos surpreendidos com tantos troféus e premiações expostas nas
paredes e estantes. Fomos informados que além de todos os prêmios que o queijo de cabra tem a nova embalagem, que foi idealizada pelo seu tio o Dramaturgo, romancista e poeta Ariano Suassuna, também foi premiada em 2013. Um dos novos projetos do laticínio é a produção do Queijo de Manteiga bovino. Que possivelmente será mais um produto de grande sucesso! O Sr. Manelito Dantas, é um homem de grande conhecimento e valor cultural, recebe os mais diversos tipos de visitantes e oferece uma verdadeira aula de história da Paraíba e contando seus “causos”, regados a uma boa cachaça e ao mais delicioso queijo de cabra do Brasil.
Primavera
a mais bela das estações A primavera é uma das quatro estações do ano. Ela ocorre após o inverno e antes do verão. No hemisfério sul, onde está localizado o Brasil, a primavera tem início em 23 de setembro e termina no dia 21 de dezembro. É uma época em que ocorre o florescimento de várias espécies de plantas. Portanto, é um período em que a natureza fica mais bela, presenteando o ser humano com flores coloridas e perfumadas. A função deste florescimento é o início da época de reprodução de muitas espécies de árvores e plantas. Mas o que marca, astronomicamente, o início da primavera? A data de início da primavera possui relação com um fenômeno chamado equinócio, que nada mais é do que o período do ano em que os dois hemisférios são igualmente iluminados pelos raios solares, de forma que os dias e as noites possuem, basicamente, a mesma duração.
É válido lembrar, porém, que o equinócio exato só ocorre em um momento do ano, pois logo depois a luz solar vai gradativamente se inclinando para o hemisfério sul, fazendo com que, aos poucos, os dias se tornem cada vez maiores do que as noites. Quando esse processo atinge o seu ponto máximo, ou seja, o momento em que o dia estiver o maior possível, temos o solstício, que costuma ocorrer no dia 21 de dezembro, encerrando a primavera e iniciando assim, o verão. Perceba, porém, que as estações do ano são apenas convenções. Pois, se pensarmos bem, a data de início da primavera é apenas o ápice do posicionamento da Terra em relação aos raios solares durante o movimento de translação. Pois, à medida que o tempo passa, mais próximo do verão estamos e gradativamente temos “menos primavera” com o passar dos dias. É válido mencionar que, não necessariamente, a primavera é a
“estação das flores”. Isso porque essa estação provoca diferentes efeitos sobre os diferentes lugares, de modo que nem sempre essa época do ano obedece ao estereótipo do céu azul, sol radiante, temperaturas amenas e ambiente florido. No Brasil, por exemplo, nesse período, muitas regiões começam a receber fortes chuvas, que costumam cair no final do mês de setembro e no início do mês de outubro, prolongando-se durante quase todo o verão. No Brasil, é também durante a primavera que o fenômeno do El Niño se manifesta, atuando principalmente com a intensificação das chuvas no centro-sul do país e aumentando o período mais seco no norte e no nordeste. Já com relação a mudanças climáticas, é um período em que as temperaturas vão, aos poucos, aumentando. O mesmo ocorre com as águas do mar. As temperaturas, em grande parte dos países do hemisfério sul, ficam amenas.
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EU FAZER BONS NEGÓCIOS SEBRAE Os pequenos negócios fazem parte da história de todos os brasileiros. Geram empregos, fortalecem a economia local, impulsionam o desenvolvimento do país. E para valorizar as micro e pequenas empresas, vem aí o 5 de outubro, o Movimento Compre do Pequeno Negócio. Um dia para incentivar, fortalecer e comprar dos pequenos negócios. Acesse compredopequeno.com.br, faça seu cadastro e saiba mais.
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5 DE OUTUBRO M OV I M E N TO CO M P R E D O P EQ U E N O N EG Ó C I O E S S E N E G Ó C I O TA M B É M É S E U
Iniciativa:
TRANSGÊNICOS Ruim para quem produz e para quem consome
A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e sementes, e o aumento dramático no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns das empresas que detêm a tecnologia, além de colocar em risco a saúde de agricultores e consumidores. Defendemos um modelo de agricultura baseado na biodiversidade agrícola e que não se utilize ou se utilize minimamente produtos químicos, por entender que só assim poderemos uma agricultura para todos e para sempre. Os transgênicos, ou organismos geneticamente modificados, são produtos de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza, como, por exemplo, arroz com bactéria. Por meio de um ramo de pesquisa relativamente novo (a engenharia genética), fabricantes de agroquímicos criam sementes resistentes a seus próprios agrotóxicos, ou mesmo sementes que produzem plantas inseticidas. As empresas ga10
nham com isso, mas nós pagamos um preço alto: riscos à nossa saúde e ao ambiente onde vivemos. O modelo agrícola baseado na utilização de sementes transgênicas é a trilha de um caminho insustentável. O aumento no uso de agroquímicos decorrentes do plantio de transgênicos é exemplo de prática que coloca em cheque o futuro dos nossos solos e de nossa biodiversidade agrícola,e é uma realidade, infelizmente. Diante da crise climática em que vivemos, a preservação da biodiversidade funciona como um seguro, uma garantia de que teremos opções viáveis de produção de alimentos no futuro e estaremos prontos para os efeitos das mudanças climáticas sobre a agricultura. Nesse cenário, os transgênicos representam um duplo risco. Primeiro por serem mais resistentes ou possuírem propriedades inseticidas, o uso contínuo de sementes transgênicas leva à resistência de ervas daninhas e insetos, o que por sua vez leva o agricultor a utilizar uma quantidade cada vez maior de agrotóxicos. Não por acaso o Brasil se
tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos em 2008 – depois de cerca de dez anos de plantio de transgênicos – sendo mais da metade deles destinados à soja, primeira lavoura transgênica a ser inserida no nosso país. Além disso, o uso de transgênicos representa um alto risco de perda de biodiversidade, tanto pelo aumento no uso de agroquímicos (que tem efeitos sobre a vida no solo e ao redor das lavouras), quanto pela contaminação de sementes naturais por transgênicas. Neste caso, um bom exemplo de alimento importante, que hoje se encontra em ameaça, é o nosso bom e tradicional arroz. A diversidade do arroz brasileiro congrega desde o arroz branco plantado no Rio Grande do Sul, que é adaptado a temperaturas amenas, àquele plantado no interior do nordeste, vermelho, resistente a climas quentes e secos. Ambos são necessários, em seus respectivos climas e solos, para garantir que o cidadão brasileiro tenha sempre arroz em seu prato, em qualquer região do país.
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Rotulagem como direito básico “É melhor prevenir do que remediar”. Consumimos hoje diversos alimentos com ingredientes transgênicos, produzidos para matar insetos e resistir a agrotóxicos. Você deve achar que exaustivos testes foram feitos, e todas as pesquisas que apontam possíveis riscos foram levadas em consideração, para que transgênicos fossem liberados. No entanto, isso não acontece. Não existe consenso na comunidade científica sobre a segurança dos transgênicos para a saúde humana e o meio ambiente. Testes de médio e longo prazo, em cobaias e em seres humanos, não são feitos, e geralmente são repudiados pelas empresas de transgênicos. Desde que os transgênicos chegaram clandestinamente ao Brasil, em 1997, o Greenpeace trabalhou para que o consumidor pudesse identificá-los e decidir se compraria ou não. Em 2003, foi publicado o
decreto de rotulagem (4680/2003), que obriga empresas da área da alimentação, produtores, e quem mais trabalha com venda de alimentos, a identificarem, com um “T” preto, sobre um triangulo amarelo, o alimento com mais de 1% de matéria-prima transgênica. A resistência das empresas foi muito grande, e muitas permanecem até hoje sem identificar a presença de transgênicos em seus produtos. O cenário começou a mudar somente após denúncia do Greenpeace, anos atrás, de que diversas empresas usavam transgênicos sem rotular, como determina a lei. O Ministério Público Federal investigou e a justiça determinou que as empresas rotulassem seus produtos, o que começou a ser feito em 2008. A partir de 2007, parlamentares da bancada ruralista, impulsionados pela indústria da alimentação e empresas de transgênicos, propuseram projetos de lei que visam aca-
bar com a rotulagem. É preciso ficarmos atentos para esta questão. A rotulagem de produtos transgênicos é um direito básico dos consumidores. Todos nós temos o pleno direito de saber o que consumimos. Os defensores dos transgênicos dizem que eles podem ser uma solução ao problema da fome no mundo, pois podem levar ao aumento da produção de alimentos. Mas realidade é bem diferente. A totalidade dos transgênicos plantados no Brasil, e a quase totalidade dos transgênicos plantados no mundo são plantas resistentes a agrotóxicos ou com propriedades inseticidas. A produtividade dos transgênicos não é superior à dos convencionais e orgânicos, e a semente é mais cara por conta dos royalties a serem pagos, o que aumenta o custo de produção. Considerando isso, e somando-se seus impactos sobre a biodiversidade agrícola e aumento no uso de agrotóxicos, só uma conclusão é possível: os transgênicos são um problema, e não a solução, para a fome no mundo.
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Paraíba lidera contratações do Pronaf na região Nordeste A Paraíba tem o melhor índice percentual em contratações pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na região Nordeste, respondendo por 83% com a execução de 35.972 operações de crédito em todo o Estado contratadas pelo Banco do Nordeste, num montante de R$ 109,3 milhões, até julho deste ano. A informação é do gerente executivo da Superintendência do BNB na Paraíba, Silvio Marcos Carvalho. O gerente comemorou os resultados enaltecendo a parceria com a Emater, empresa integran12
te da Gestão Unificada Emepa/Interpa/Emater (GU), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário e Pesca (Sedap). “Em sua grande maioria, devemos os resultados alcançados na Paraíba à parceria firmada com a Gestão Unificada”, disse. Segundo Silvio, o BNB está comemorando os 20 anos de criação do Pronaf como principal agente financeiro do programa no Nordeste. Até julho deste ano, foram contratados R$ 1,77 bilhão na região. Desse valor, 71% foram realizados pelo banco, o que representa aproximadamente R$ 1,24 bilhão.
Esses resultados, na avaliação do presidente da Gestão Unificada, Nivaldo Magalhães, vão coroar as comemorações dos 60 anos da Extensão Rural da Paraíba e um ano de GU, que serão celebradas no dia 10 de dezembro. As duas regiões que mais se destacaram no âmbito do Pronaf foram Campina Grande, coordenada pelo técnico José Sales Júnior, com um montante de R$ 2.658.355,46 e Solânea, que tem à frente o técnico Rui Morais, com valores de R$ 1.222.044,00, correspondentes a 54 operações de crédito.
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Governo instala plataformas
agrometeorológicas
no Estado
Agricultores familiares passam a contar, a partir de agora, com todas as informações necessárias quanto ao meio ambiente, pluviometria, estiagens e umidade de solo, com a instalação de plataformas agrometeorológicas em todo o Semiárido da Paraiba. A iniciativa faz parte de um acordo de cooperação técnica do Governo da Paraíba com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e executada pela Emater, em parceria com a Agência Executiva da Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa). Das 42 plataformas previstas, já foram instaladas 24, nos municípios de Picuí, Soledade, Juazeirinho, Piancó, Santana dos Garrotes, Condado, Pombal, Paulista, Sousa, Uiraúna, São José da Lagoa Tapada, Patos, Santa Terezinha, Jericó, Brejo do Cruz, Solânea, Salgado de São Félix, Barra de Santa Rosa, Catolé do Rocha, Umbuzeiro, Barra de Santana, Campina Grande, Queimadas e Massaranduba. As plataformas também
vão contribuir com ações preventivas para minimizar os impactos adversos de colapsos de safras da agricultura familiar. Os locais onde estão sendo implantadas as estações ficam próximos às áreas agrícolas, oferecem segurança para preservação dos equipamentos e acesso à visitação. O gerente executivo de Monitoramento da Aesa, Alexandre Magno, considera positiva a parceria com a Emater, uma vez que o projeto visa apoio à agricultura familiar, “foco principal da empresa de extensão rural que é parceira antiga da Aesa e nos dá suporte de monitoramento da rede pluviométrica no Estado”, disse. As 42 estações agrometeorológicas vão beneficiar os municípios das regiões administrativas da Emater em Areia, Itabaiana, Solânea, Campina Grande, Serra Branca, Picuí, Patos, Princesa Isabel, Pombal, Sousa, Cajazeiras, Itaporanga e Catolé do Rocha. Após a implantação das plataformas, os dados coletados serão transmitidos em tempo real, via satélite, para o sistema do Cemaden e toda população terá acesso às informações. 13
O EMBLEMÁTICO
Suetônio Vilar Do Cariri Paraibano para o mundo
PARAÍBA RURAL – Suetônio Vilar, agrônomo formado na Escola de Agronomia de Areia, agropecuarista, um dos precursores da bovino e ovinocaprinocultura da Paraíba. Como você começou sua vida profissional? SUETÔNIO VILAR – Começamos a trabalhar no mesmo ano que nos formamos, em 1966, Iniciamos nossa vida profissional na Secretaria de Agricultura da Paraíba, onde permanecemos até hoje. No ano de 1966, trabalhamos em todo o sertão da Paraíba, precisamente na exposição de Cajazeiras, no governo João Agripino e só viemos parar um pouco no ano seguinte, em 1967, na cidade de Bananeiras, no brejo paraibano. PARAÍBA RURAL – Fale da sua iniciação como agropecuarista, e dos animais você tem criado ao longo do tempo. SUETÔNIO VILAR – Desde 1921, que meu pai e tios trouxeram as raças Anglo Nubiana e Geminapare, de Minas Gerais. Aos 06 anos de idade, nós já íamos para o chiqueiro das cabras. E aos dezoito anos, em 1958, iniciamos nossa seleção de ovinos, com o Santa Inês. Naquela época, era chamada de ”Pelo de boi“. Quando foi criada a associação paraibana, começamos a trabalhar para homologar a raça Santa Inês, quer dizer, já tínhamos uma seleção, antes mesmo de existir a Associação Paraibana de Caprinos. Nossa seleção começou precisamente em 1958, e até hoje, não introduzimos carneiros de fora, mas muitos nordestinos fizeram isso. Principalmente, os carneiros que “os impostores’ chamam de melhoradores, os carneiros de lã e de corte dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e de outros países. Ao fazer isso, esses criadores acabaram com a seleção da raça Santa Inês. Hoje você não encontra mais o Santa Inês “puro”, em nenhuma parte do Brasil. Ainda existem meia dúzia de criadores, mas que não resistem, que inclusive no caso de Dr. André, um criador da Bahia, que deixou de registrar os animais, porque não adianta você criar uma raça pura por mais de 50 anos, mantendo-se longe dos reprodutores exóticos e concorrer numa pista 14
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Surtônio com sua esposa Vera Vilar
com animais mestiços. Com o cruzamento industrial se obtém animais bonitos, maravilhosos, mas que não têm a rusticidade e resistência que o nosso Santa Inês, tem. PARAÍBA RURAL – Você começou com a raça Santa Inês que na época era conhecida como “Pelo de boi”, existiam outros criadores? SUETÔNIO VILAR – Manelito Vilar, tinha um rebanho maior que o nosso, mas teve um problema muito sério na fazenda dele. Problema esse causado por um carneiro que veio do estado de Sergipe, ele soltou esse animal no pasto, e o carneiro transmitiu para o rebanho dele a gripe catarral maligna. O que acabou por exterminar o rebanho de Manelito. Trouxemos um veterinário da Bahia, Dr. Luciano Figueiredo, que juntamente com o pessoal do ministério da agricultura, recomendaram que se exterminação de todo o rebanho, ele seguiu a orientação dos técnicos à risca, sacrificando 800 ovelhas lindas, grandes, maravilhosas, ficabdo impedido de criar caprinos e o gado Guzerá, por um período de 10 anos. Dez anos depois, ele recomeçou. Recomeçou a criar o Santa Inês, com a doação de um carneiro, feita por um primo nosso.
PARAÍBA RURAL – A raça “Pelo de Boi” é uma raça nativa ou é oriunda de outro lugar? SUETÔNIO VILAR – O “Pelo de Boi” é o Santa Inês ancestral. O que tem muita celeuma, porque muitos acham que o “Pelo de Boi”, foi trazido para o nordeste como o Blackberry, das Ilhas Canárias. O “Pelo de Boi”, já existia no nordeste, estava solto por aí, como se diz, a muito tempo. Depois que a raça foi denominada de “Pelo de Boi”, foi o que fez a raça crescer e ser catalogada nos estados, a raça tinha outras denominações pelo nordeste. Com a vinda do Dr. Ricardo Vagner, um gaúcho, técnico de renome nacional, se resolveu batizar o “Pelo de Boi”, de Santa Inês. Apenas dois técnicos, um cearense e um paraibano, eram credenciados a registrar o Santa Inês. PARAÍBA RURAL – Quais as raças criadas hoje por Suetonio Vilar? SUETÔNIO VILAR – De ovinos, criamos o Santa Inês, Rabo Largo, que é o ancestral da raça Dâmara, que a Emepa dispõe de bons animais. Nós criamos o Rabo Largo, oriundo da Bahia, que fomos buscar e conservamos até hoje. Nossos irmãos criam o Morada Nova, mas
nós não temos porque não registramos. Estamos registrando agora, tentando homologar a Blackberry, que estamos chamando de “Barriga Negra Brasileira”, para isso estamos em constante conversa com o presidente da Embrapa, e ele nos garantiu que vai recomendar catalogar todas as raças nativas do Brasil, inclusive o gado “Burraleiro”, que existe muito no Piauí, que nós também temos em Taperoá, e o INSA, também tem em Campina Grande. Então, isso é uma coisa recente, podendo ser publicado por esta revista, a PARAÍBA RURAL, porque foi Dr. Paulo Afonso, presidente da ARCO, que esteve recentemente em Brasília com o presidente da Embrapa, e pediu a ele que pudéssemos registrar as ovelhas da Embrapa, que são as Blackberry, existentes em Boa Vista e que pertencem ao Ministério da Agricultura. Estamos forçando a barra, é uma raça que tem pouca difusão, temos poucos animais ainda, mas muitos estados têm esses animais. Motivo esse, pelo qual estamos arregimentando todos os criadores da Paraíba, para homologarmos essa raça, o mais rápido possível. É uma raça tão rústica quanto a Morada Nova, mas que tem um porte maior e amabilidade impressionante. Inclusive existe também no Canadá, Colômbia, EUA 15
e México. Agora mesmo, um amigo nosso foi à Colômbia participar de um julgamento da Blackberry. O Brasil tem um rebanho imenso solto, e não nos interessamos em registrar, mas agora compramos essa briga e vamos até o final, na certeza que vamos conseguir. PARAÍBA RURAL – O que está faltando para que isso aconteça, é só a Embrapa reconhecer? SUETÔNIO VILAR – Não! É necessário o Ministério da Agricultura, notificar a ARCO e a Embrapa. Só é possível um trabalho de homologação por parte do ministério, quando existe uma grande quantidade de animais, e como ninguém tinha pleiteado isso antes, nós estamos fazendo agora. O atual presidente da APAC, Dr. Luís Targino, está junto conosco. Estamos liderando esse pedido com
Manelito Vilar, apresentando à classe política em Brasília, aos deputados nordestinos. Estamos trabalhando unidos, inclusive com o PT, pela pecuária de ovinos do Rio Grande do Sul. O nordeste fica sempre pra depois, tá todo mundo acomodado. Temos uma reunião com os deputados federais e senadores da Paraíba para apresentarmos nosso pleito e situação aos nossos representantes políticos em Brasília. PARAÍBA RURAL – Qual a vantagem do Blackberry em relação à raça Santa Inês? SUETÔNIO VILAR – São animais menores, mais rústicos e muito precoces. Procriam muito bem, são mães muito cuidadeiras e docéis. Estamos criando, dispomos de um plantel de mais de 100 animais, inclusive estamos doando um casal para a Ong de um amigo nosso, o
jornalista Antonio Henriques. Vamos endeusar essa raça para provar a competência. As fêmeas da raça Blackberry, são mais maternas que a Santa Inês, não permitem que nenhum animal se aproxime de suas crias, é impressionante. PARAÍBA RURAL – Dentre os ovinos, você daria maior destaque para essa raça, a Blackberry? SUETÔNIO VILAR – Não é isso não. É porque nós, assim como Manelito Vilar e outros primos, somos os precursores das raças nativas. Todo brasileiro quer ter uma raça só dele, um animal diferente, e isso é uma besteira. Desde os tempos dos índios que acompanhamos essa coisa. Ajudamos na formação da raça branca , nos EUA, nos anos 70, onde conhecemos um grande professor do Texas, Mister Mulller que era adepto do Brahman para
DEPOIMENTOS José Otávio Targino “ Tenho a satisfação e honra de ser amigo de Suetonio, um homem que representa a convivência no semiárido. É exemplo de cidadão de bem, decente, um homem que honra toda a tradição paraibana, e que nos leva a acreditar que é possível viver nessa terra, com dificuldades, criando a família, criando empregos e contribuindo para a renda da nossa terra. É uma satisfação hoje, estar podendo contribuir para essa edição da revista PARAÍBA RURAL, que homenageia esse grande paraibano, caririzeiro, e que as novas gerações têm muito a aprender com ele. E a gente tem que valorizar cada vez mais e sempre esses homens, porque pessoas dessa qualidade de Suetonio Vilar, está cada vez mais raro de encontrar”. Paulo Roberto de Miranda Leite “É uma lenda emblemática, esse homem rural do estado da Paraíba. É uma liderança nata, um cidadão querido por todos os que o conhecem, sejam paraibanos, nordestinos ou estrangeiros. É uma pessoa que tem uma dedicação por seus amigos, é um a migo para todas as horas, somos amigos desde os tempos em que ele andava pelas sapatarias de Uberaba, atrás de umas botinas”.
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Acompanhado de Luiz Targino, Presidente da Apaco
dar resistência à raça zebuína. Fomos visitar as fazendas com a raça Brahman, era uma coisa triste, eram vacas oriundas do Brasil, tinham orelha de mato, tetas muito grandes..... Disse isso a Mister Muller, ele nos levou à República Dominicana para mostrar um outro rebanho que tinha ido todinho do Brasil. Então mostramos a ele, umas fotos que tínhamos levado da raça GIR, de Umbuzeiro e de vacas Guzerá, do nosso primo Manelito Vilar. Mister Muller, ficou doidinho! Porque o Guzerá, tem as tetas pequenas e tem um comportamento muito bom. Então, ele dirigiu as raças Gir e Guzerá pra tirar a Indubrasil, que estava dando problemas na formação da raça Branca. Temos muitas histórias de criadores do Brasil e dos EUA. PARAÍBA RURAL – De ovinos você só tem essas duas raças? SUETÔNIO VILAR – Temos as raças Santa Inês, Rabo Largo, Blackberry, a bastante tempo. São três raças de ovinos e quatro de caprinos. A raça Alpino americana, nasceu de um bode reprodutor, que veio através do programa da Sudene para o fomento a caprinocultura. Vieram vários núcleos da raça Alpino americana, para melhoramento genético no estado de Pernambuco. Um amigo nosso recebeu alguns animais, vindo ele logo em seguida a falecer num acidente, ficando a viúva impossibilitada de criar esses animais. Na exposição de Sertânia, só tinha o bode à venda, ficamos loucos pelo animal. Compramos o bode, trocando em dois carneiros e voltando dinheiro também. O bode
era valente demais, ninguém chegava perto dele, ele foi colocado e amarrado em cima da caminhonete com uma grade, e o bicho quebrou o gigante do carro. O levamos e colocamos no curral junto às noventa cabras que tínhamos, era só o que ele precisava, de mulher ou melhor dizendo, de umas cabras, ele amansou. Resultado, oito dias depois, fomos visitar Manelito e contamos pra ele do bode, ele disse: você é doido! Ariano Suassuna, batizou ele de “APOCALIPSE”, porque ele era infernal, quebrava tudo. Fizemos um negócio com Ariano, na cabra mais velha e que tinha perdido uma das tetas, se ela tinha perdido um peito, era porque era boa de leite. Daí, demos origem ao rebanho leiteiro. Fomos adquirindo animais, fazendo nosso rebanho e multiplicando. Hoje nosso maior rebanho é de Alpino Americana, devemos ter mais de duzentos e cinquenta animais, e uma outra raça criada por nós é a Moxotó, criamos também a Murciano Granadina. Passamos quinze anos, lutando junto ao Ministério da Agricultura para introduzirmos a raça no Brasil. A Murciano Granadina é uma cabra pequena, mas é uma das melhores cabras do mundo. São oriundas de uma região da Espanha, muito parecida com o Cariri da Paraíba, onde se tem noites frias e dias muito quentes. É uma raça completamente adaptada às regiões semiáridas. Temos um plantel de mais de cem animais, já fizemos muitas doações e vendemos muito bem. PARAÍBA RURAL – Você está pulverizando, multiplicando raças. SUETÔNIO VILAR – Já cria-
mos a raça CARACU, que veio do Rio Grande do Sul, mas não criamos mais porque a pessoa que nos cedeu os animais, disse que era para pulverizarmos, divulgarmos a raça mesmo, doamos animais para Patos, Junco do Seridó, Juazeirinho, e hoje esse pessoal que recebeu os animais, é quem os está multiplicando. As dificuldades enfrentadas com a seca para manter o rebanho são muito grandes. Existem criadores de Alpino Americana no Acre, Bahia e Pernambuco. PARAÍBA RURAL – Você também é criador de gado, é pioneiro na criação do Simental? SUETÔNIO VILAR - Nossa família e alguns tios, já criavam o Simental desde 1927, quando Dr. João Suassuna, pai de Ariano, era governador e trouxe alguns animais das raças Simental e Caracu. Existem bovinos e ovinos da raça Caracu. Nós preservamos a 42 anos, registrando o gado Simental todo esse tempo. Fomos os últimos a registrar na Paraíba, pois com as secas sucessivas, com a crise e problema da aftosa a dez anos atrás, não foi mais permitido aos criadores, saírem do estado, vendíamos principalmente em Teresina-PI, nas exposições de animais. Liderávamos o grupo de 17 criadores, nas viagens e vendas fora do estado, tais como nas cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE. Com a aftosa, os baianos, safadamente nos proibiram de entrar no estado da Bahia, mas vinham aqui na Paraíba, levavam os animais de forma clandestina, e registravam lá, tanto o Santa Inês quanto o Simental. Te17
mos menos de 50 vacas, hoje só nós que registramos o Simental no estado da Paraíba. PARAÍBA RURAL – Você, Suetonio Vilar, vê possibilidade de crescimento desse rebanho? SUETÔNIO VILAR - Não há condições de expansão do rebanho, enquanto o inverno não se regularizar, se normalizar, pois nem o Guzerá está resistindo. O único gado que está resistindo “no meu Taperoá”, é o gado Sindi, o Guzerá muito pouco, pois não é fácil mantermos um rebanho como já se teve a muitos anos atrás, na nossa região com essa seca que temos enfrentado bravamente. PARAÍBA RURAL – Qual a vantagem do Simental? SUETONIO VILAR – É uma raça de dupla aptidão, como a Pardo-Suíço, assim como outras raças. As vacas são muito mansas, maternas e boas de leite. Nossos amigos criadores do Rio Grande do Norte, começaram seu plantel, com animais nossos. Mas não é brincadeira não, pois o estado do Rio Grande do Norte é mais seco que o estado da Paraíba. O Rio Grande do Norte, chegou a ter mais de 200 vacas, mas devido às secas, foram vendidas mais de 50 animais para Uberlândia-MG. E essas vacas deram show lá, porque eram boas e bem criadas. PARAÍBA RURAL – O estado da Paraíba foi declarado zona livre
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de aftosa, podemos afirmar que estamos de porteira aberta? SUETÔNIO VILAR – Temos que estar. Porque, a mais de dez anos que a gente não tem aftosa, pois quem trazia a febre aftosa para dentro do estado da Paraíba, era o gado que vinha dos estados da Bahia e Goiás. Nós, digo, a Paraíba, já devíamos estar livres da aftosa a muito tempo, só que a burocracia e o desinteresse dos governos e secretários de agricultura anteriores, fizeram com que fossemos o último estado a sair da aftosa, de sermos finalmente, declarados zona livre de aftosa. Na nossa fazenda no município de Junco do Seridó, fizemos uma pesquisa e constatamos que a mais de 40 anos que não temos casos de aftosa. No município de Juazeirinho, saindo para Parelhas, o que mata esse troço ruim é o sal, só não mata o PT. PARAÍBA RURAL – Você, Suetonio, juntamente com Manelito Vilar, são os criadores do Parque de Caprinos e Ovinos de Taperoá. Como se encontra a situação do parque hoje? SUETÔNIO VILAR – O parque foi construído por nós, com ajuda de primos, amigos e pela comunidade de Taperoá. Pessoas que lutaram conosco para angariar recursos, pois na epóca erámos presidente da Associação Paraibana, presidida hoje por Dr. Luís Targino, e foi numa conversa no terraço da casa de Manelito Vilar, onde estávamos nós e Ariano Suassuna, que surgiu a ideia
da construção de um parque todo de pedra para ficar para nossos filhos e netos. Ariano, era louco por construções em pedra, brigava com a escritora Rachel de Queiroz, ele dizia que as pedras de Taperoá eram mais bonitas que as pedras do Ceará, terra de Rachel. São essas coisas boas da vida que nós levamos. Então, fomos à Sudene, procuramos um amigo nosso, João Pessoa de Sousa, o “ Boiadeiro”, que nos disse: faça o projeto que com Ariano, Manelito e você à frente, nós arrumamos o dinheiro. Na época o governador da Paraíba era um tal de Burity, viemos à ele e ele não nos arranjou sequer um saco de cimento, mas como tínhamos amigos no Dnocs, Sudene, arranjamos os recursos necessários para a construção do Parque de Taperoá, a 32 anos atrás. Quando foi no dia da inauguração do parque, lá vem o então governador da Paraíba, Tarcísio Burity com todo o seu secretariado, aí quando Manelito Vilar o viu disse: se ele passar do portão, eu o derrubo com o cajado. Manelito, tem esse cajado até hoje. E o governador voltou, nem entrou no parque, quem teve a honra de inaugurá-lo, foi Dr. Clóvis Bezerra, vice-governador, amigo nosso e de nosso pai. PARAÍBA RURAL – O que é o cordeiro gaúcho? SUETÔNIO VILAR – O cordeiro gaúcho é uma realidade, um trabalho que acompanhamos a bastante tempo, precisamente
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Com o sobrinho Ariano Vilar
12 anos, e somos vice-presidente da ARCO. Queríamos fazer esse trabalho aqui na Paraíba, mas infelizmente temos uma concorrência que são as feiras livres. No Rio Grande do Sul, não se mata nem bode nem carneiro no meio da rua. Em Campina Grande, você encontra 10 carrocinhas vendendo bode a qualquer hora, em qualquer situação sanitária, o que é uma situação sem conserto. O cordeiro gaúcho é um borrego novo. O Rio Grande do Sul tem feito um trabalho com muita dificuldade, mas está avançando positivamente. PARAÍBA RURAL – O cordeiro é abatido em que estágio? SUETÔNIO VILAR – O cordeiro é abatido entre 90 e 120 dias, com peso variando entre 12 e 18 kg, pois para padronizar o abate não é fácil. O borrego recebe uma complementação nutricional, mama até 60 dias, vai se introduzindo a ração até eles apartarem com 90 dias, e com 100 a 120 dias, eles são abatidos. PARAÍBA RURAL – Suetonio Vilar, está numa luta ferrenha para retomar a exposição de Taperoá. Quais são os maiores gargalos para
que isso aconteça? SUETÔNIO VILAR – São as dificuldades que todos os criadores enfrentam. Não será nada fácil, fazermos a exposição em Taperoá em 2016, como fizemos na inauguração do parque a 32 anos. Vieram três ônibus com criadores de Fortaleza, Crato, nossos amigos todos de Pernambuco, foi uma das exposições mais importantes da história. João Boiadeiro, o João Pessoa de Sousa veio com os melhores criadores do estado de Mato Grosso e de todo o nordeste, era uma época em que a Sudene liberava muito dinheiro para a região nordestina como um todo. Para se ter uma ideia do porte, da dimensão do evento, tínhamos cinco aviões aterrissados numa pista de barro, construída às pressas para que esse pessoal pudesse chegar em Taperoá. Todos os animais premiados foram comprados pelos criadores presentes na exposição e inauguração do parque . Eram 3.500 animais, e todos foram comercializados. Temos a certeza de que não será fácil realizarmos essa exposição em 2016, mas contamos com a colaboração dos amigos de Sertânia, São José do Egito- PE e de todos os criadores da Paraíba para fazermos uma grande exposição em
Taperoá, na última semana do mês de maio, em 2016. Se Deus quiser, ela irá acontecer sim. PARAÍBA RURAL – Vocês esperam contar com o apoio do governo do estado para a realização da exposição de Taperoá? SUETÔNIO VILAR – Sim. O secretário de Agricultura, Dr. Romulo Montenegro, já está inclusive anunciando a realização da exposição de Taperoá, em 2016. Assinamos recentemente um pacto em Taperoá, juntamente com o prefeito do município, pois as condições das prefeituras em geral, são muito precárias, bem diferentes daqueles tempos. Nós vamos fazer a exposição. A equipe do governo do estado já esteve em Taperoá para as primeiras conversas, acertos e providências. A exposição vai ser incluída no orçamento do estado do ano que vem, seremos a primeira exposição do ano na Paraíba. Vamos tentar trazer Katia Abreu, que está a frente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O ano de 2016 será decisivo para a recuperação da genética da Ovinocaprinocultura do Cariri Paraibano. 19
Caravana Agevisa
leva informações a inspetores e técnicos em Vigilância Sanitária dos municípios Caravana Agevisa leva informações a inspetores e técnicos em Vigilância Sanitária dos municípios Com o objetivo de aperfeiçoar os conhecimentos dos inspetores e técnicos das Vigilâncias Sanitárias dos municípios de todas as regiões do Estado, a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) está desenvolvendo o projeto Caravana de Vigilância Sanitária. A iniciativa atende aos municípios das cinco Gerências Regionais de Saúde da Paraíba e das Gerências Técnicas Regionais III e IV da Agevisa/PB. A Caravana tem suas atividades executadas pelas gerências técnicas da Agevisa de Guarabira (Regional I), Campina Grande(Técnica Regional II ). Cujo objetivo é ampliar processo de descentralização da estrutura de Vigilância Sanitária, levando as ações regulatórias para mais perto da população por meio das atividades dos municípios. A Caravana faz parte da estrutura do programa Agevisa Capacita, que vem desenvolvendo uma série de ações voltadas para a ampliação e fortalecimento da promoção e proteção da Saúde dos paraibanos, a exemplo do curso de Capacitação em Processo Administrativo Sanitário em Campina Grande, Cuité, 20
João Pessoa , Monteiro, e Patos, quando disponibilizamos conhecimentos jurídicos (relacionados à área) a profissionais da estrutura do Estado e de 30 municípios paraibanos distribuídos em todas as regiões da Paraíba. O sentido maior da Caravana Agevisa está no apoio, na proximidade e no monitoramento das ações desenvolvidas pelos municípios pactuados, ou seja, pelos municípios autorizados a desenvolver atividades de vigilância sanitária no âmbito de suas capacidades e competência. Conforme ressaltou Ana Lúcia Teixeira dos Santos, da Gerência Técnica Regional I da Agevisa/PB, a Caravana está fornecendo subsídios às equipe da Vigilância Sanitária das regiões por onde passa, facilitando o entendimento e realização das atividades/serviços sujeitas às normas sanitárias, assim como a elaboração do Termo de Pactuação, Plano de Ação, preenchimento dos Termos Legais e demais documentos utilizados pelos profissionais da área, possibilitando a estes aperfeiçoamento e segurança pessoal para o desenvolvimento das suas atividades. RDC nº 49 – Também estão
sendo explicados pelas integrantes da Caravana Agevisa os termos da Resolução nº 49/2013, da Anvisa, que estabelece as normas para a regularização do exercício de atividades desenvolvidas pelos microempreendedores individuais, pelo empreendimento familiar rural e pelo empreendimento econômico solidário, que sejam produtores de bens e prestadores de serviços sujeitos à ação da vigilância sanitária. A RDC 49, tem por objetivo aplicar, no âmbito da vigilância sanitária, as diretrizes e objetivos do Decreto nº 7.492, de 02 de junho de 2011 – “Plano Brasil sem Miséria”, por meio do eixo inclusão produtiva, visando a segurança sanitária de bens e serviços para promover a geração de renda, emprego, trabalho, inclusão social e desenvolvimento socioeconômico do País e auxiliar na erradicação da pobreza extrema.Para desenvolver suas atividades, a Caravana Agevisa realizou Oficinas de Trabalho com foco na execução das atividades inerentes à Vigilância Sanitária, dentre as quais elaboração do Plano de Ação e de Termo de Pactuação, preenchimento dos Termos Legais e abordagem da importância do planejamento das ações sanitárias.
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Umbu para a saúde Conheça os ricos benefícios do fruto
O fruto, a folha e a raiz do umbuzeiro têm grande importância medicinal e alimentar. O umbuzeiro é considerado a árvore sagrada do sertão. O umbu é utilizado na fabricação de polpa, suco, sorvete, doce, geleia e uma grande variedade de produtos. O fruto do umbuzeiro é denominado umbu ou imbu. O fruto é muito apreciado e consumido, tanto pelo homem como pela fauna, possuindo um caroço revestido por uma suculenta polpa e, na superfície, por uma película esverdeada, tendendo, à medida que amadurece, para a cor amarela. O umbu tem, em média, de três a quatro centímetros de diâmetro. O fruto umbu ou imbu O umbu ou imbu é o fruto do umbuzeiro ou imbuzeiro, é uma árvore de pequeno porte, originária dos chapadões semiáridos do Nordeste brasileiro, que se destaca por fornecer sombra e aconchego. Dada a importância de suas raízes, foi chamada “árvore sagrada do Sertão” por Euclides da Cunha. Sua raiz conserva água e produz uma batata, que em época de grande estiagem, é utilizada como alimento. O umbuzeiro vive mais ou menos 100 anos, e é um símbolo de resistência. O umbu ou imbu é um fruto
muito rico em vitamina C e com característico sabor azedinho, o umbu, além de ser consumido ao natural, é utilizado em preparos culinários, como sorvetes, geleias, doces e umbuzada, iguaria preparada com leite e açúcar, muito apreciada no Nordeste do Brasil. Suas folhas, de grande valor alimentício, com gosto “azedinho”, também são usadas como alimento pelos seres humanos. (Wikipédia) Umbu vem do tupi guarani e significa “raiz que dá de beber” em alusão as raízes tuberosas ricas em água. Também recebe o nome de: Imbu do nordeste, Cajá rameiro, Cajá do sertão e Manguinha da caatinga. Benefícios do umbu ou imbu É um fruto antioxidante, ajuda no combate aos radicais livres e nas doenças cardiovasculares. Grande fonte de vitamina C, Auxilia na eliminação de toxinas, Combate moléstias da córnea, Funciona como energético, Previne a
formação de tumores, Retarda o envelhecimento, Serve de alimentação para as abelhas, que a partir daí podem produzir mel; Tem efeito benéfico contra a desnutrição. Estudos sobre o umbu ou imbu Estudo realizado por pesquisadoras da Embrapa Semiárido e uma professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF-Sertão), identificou substâncias antioxidantes no suco de umbu. As substâncias são os chamados polifenóis que, de acordo com estudos científicos das áreas médica e nutricional, ajudam a combater radicais livres e doenças cardiovasculares, prevenir a formação de tumores e retardar envelhecimento. (Carlos Mota) Estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que a fruta, nativa da caatinga, se compara à uva em polifenóis, que segundo a literatura médica retardam o envelhecimento e previnem doenças como o câncer. A pesquisa foi realizada com suco integral da fruta produzido pela Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Copercuc), que comercializa há mais de 10 anos na região produtos à base de umbu. 21
Renda
renascença
paraibana inspira coleção de estilista paulista
Cianinha, mosca, pipoca, esteirinha, corrente e até abacaxi. Esses são nomes de alguns pontos da renda renascença produzida na Paraíba que atraíram a atenção da estilista paulista Fernanda Yamamoto. A partir do trabalho das artesãs, ela criou a coleção inverno 2016, que vai ser apresentada ao público durante o desfile na São Paulo Fashion Week, no mês de outubro. A estilista visitou no Cariri paraibano, as localidades de maior expressão , produção e representatividade da renda renascença, como as cidades de Camalaú, Monteiro, São Sebastião do Umbuzeiro, Zabelê e São João do Tigre. A busca por mãos habilidosas nas associações e cooperativas envolve o trabalho de 40 artesãs que desenvolvem as peças para a coleção da grife. Com a visita de Fernanda Yamamoto, buscou-se a realização de novos experimentos, novas técnicas para aliá-los aos trabalhos já desenvolvidos das rendeiras, que perpetuam a tradição e o requinte do artesanato. “O colorido e os tons pasteis vão predominar nas peças, algumas com aplicações para deixarem os looks mais sofisticados. Muita modelagem, tecidos, bordados, feltragem e o manual muito forte”, adiantou a estilista. Ela disse ainda que a persona22
lidade das paraibanas está presente em cada ponto. “ Existe uma força por trás de cada uma delas. Foi muito revelador, por isso surgiu essa vontade de descobri-las, entendê-las e mostrar isso ao mundo aliado ao trabalho que já desenvolvo”, explicou a estilista. Para a gestora do Programa de Artesanato da Paraíba, Lu Maia, a parceria é importante para evidenciar nas passarelas, mais uma vez, a renda renascença que sempre se reinventa. Os grupos envolvidos nessas parcerias buscam se capacitar, se reinventar com cursos ,novos estilos de fazer peças, novos conceitos, o que concorre para valorizar ainda mais o trabalho das rendeiras, preservando e agregando mais valor ao trabalho das artesãs . Além da renda renascença, do macramê, um outro produto que tem se sobressaído é o trabalho de biojoias das Sereias da Penha nas passarelas da São Paulo Fashion Week através do estilista Ronaldo Fraga. Isso é o reconhecimento que o artesanato paraibano tem ganhado do mundo da moda. Podemos dizer que também gera uma fonte de renda/independência à essas mulheres artesãs, além do aspecto psicológico, com a elevação da autoestima de todas elas, mulheres guerreiras, habilidosas e vencedoras.
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Pinha
o alimento mais rico em vitamina B1 e B2 A pinha ou fruta do conde, de nome científico Annona squamosa, é uma fruta pertencente à família das Anonáceas, a mesma da graviola. Originária das Antilhas e muito bem adaptada em terras brasileiras, a fruta do conde vem de uma pequena árvore que pode alcançar até 8 metros de altura, que apresenta a casca castanho-acinzentada, pequenas flores brancas e fruto de formato globoso quase esférico. Graças às suas vitaminas e minerais, a pinha proporciona inúmeros benefícios à nossa saúde. As frutas da família das anonáceas têm grande quantidade de potássio, que ajuda nas contrações musculares e no controle da pressão arterial. O articum é a fruta maior que pode ter a polpa rosada ou amarelada com uma casca bem marrom e grossa por fora. Mas, por dentro, a polpa é macia, variando o sabor entre doce e ácido. Além de ser saborosa, essa fruta é cheirosa e fácil de retirar os gomos de sua polpa. O destaque do articum é que ele é o alimento mais rico em vitamina B1 e B2. “Essas vitaminas fazem parte de um equilíbrio do sistema nervoso, ajudam a modular o estresse e a fadiga. E são responsáveis pela concentração e pelo metabolismo de quebra de gordura”.
A fruta do conde ou pinha tem um formato menor, levemente ondulada. “Quando madura, ela é bem mais fácil de abrir com os gomos soltos”. Também é bem saborosa, cheirosa e levemente doce. A graviola tem a casca lisa, porém com alguns espinhos aparentes. Em relação à pinha, o formato é maior e os gomos são mais difíceis de ser retirados. No gosto, ela é levemente ácida, sendo é encontrada, mais facilmente, em forma de polpa. A graviola, cultivada no Nordeste, tem sido a fruta mais estudada atualmente, pela presença de acetogenina. Essa substância mostrou-se ser eficaz para inibir as células cancerígenas. “Mas muito estudo ainda deve ser feito para que essa resposta seja conclusiva”, comenta. A graviola também é rica em saponinas, flavonoides e polipoides. Essas substâncias protegem o organismo tanto de inflamações quanto do envelhecimento precoce. Ela também tem boa indicação para casos de diarreia e para diminuir as acnes e os furúnculos, em razão da ação anti-inflamatória. Já a atemoia é mais parecida com a fruta do conde. A diferença é que ela tem a casca menos ondulada. Quando madura, seus gomos
também saem facilmente. Essa fruta é mais doce da família. “É um açúcar natural, mas é um açúcar que deve ser consumido com moderação, especialmente, pelos diabéticos”, sugere. Cada fruta dessa família tem o seu sabor e seu cheiro característico. Mas, em comum, todas as frutas anonáceas têm grande quantidade de vitamina C. E a essa vitamina é fundamental para nossa imunidade, para nos defender das infecções, ajuda na cicatrização e na boa produção de colágeno. As anonáceas também possuem uma boa quantidade de potássio, que ajuda no controle dos impulsos nervosos, na contração muscular, além de evitar câimbras. O consumo delas também é importante, para o controle dos líquidos do organismo e da pressão arterial. Quem sofre de alguma insuficiência renal deve tomar cuidado no consumo dessas frutas. Porque a quantidade de potássio é realmente considerável e não é benéfica em excesso para essas pessoas. Todas essas frutas também possuem uma boa quantidade de fibras para o organismo e também uma boa quantidade de açúcar natural da fruta. Por isso, devem ser consumidas com um pouco de moderação. 23
PNCF
Programa Nacional de Crédito Fundiário O Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio da Secretaria de Reordenamento Agrário, desenvolve o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) que oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento. O recurso ainda é usado na estruturação da infraestrutura necessária para a produção e assistência técnica e extensão rural. Além da terra, o agricultor pode construir sua casa, preparar o solo, comprar implementos, ter acompanhamento técnico e o que mais for necessário para se desenvolver de forma independente e autônoma. Saiba mais sobre o programa: creditofundiario@mda.gov.br Quem pode participar do Programa Nacional de Crédito Fundiário? Podem participar do PNCF trabalhadores e trabalhadoras rurais, filhos de agricultores familiares ou estudante de escolas agrotécnicas. Os potenciais beneficiários devem ter renda familiar anual de até R$ 15 mil e patrimônio de até R$ 30 mil. Devem ainda comprovar mais de 5 anos de experiência rural nos últimos 15 anos. 24
Existem outras condições para participar do PNCF? Sim, o agricultor não pode ser funcionário público, nem ter sido assentado ou ainda ter participado de algum programa que tenha recursos do Fundo de Terras da Reforma Agrária. Quem tiver sido dono de imóvel rural maior que uma propriedade familiar, nos últimos três anos ou tenha direito de ação e herança em imóvel rural também não pode ser atendido pelo Programa.
rurais entre 18 e 29 anos; 2,0%, para os demais beneficiários. O pagamento é efetuado em até 35 anos, incluídos três de carência. Os pagamentos em dia e a terra negociada abaixo do preço recebem descontos de até 50%. O programa disponibiliza ainda um recursos de R$ 7.500,00, exclusivo para a contratação de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), por cinco anos, com parcelas anuais de até R$ 1.500,00 por beneficiário.
Como é a escolha da terra? Se você tem o perfil do Programa, o próximo passo é procurar uma propriedade cujo dono tenha interesse em vender pelo valor compatível com o de mercado. O proprietário deve apresentar o título legítimo e legal da propriedade, além de vários outros documentos que comprovem que o imóvel não tem irregularidades e que o pagamento dos impostos estão em dia.
Proposta de Financiamento Após a escolha da terra, é hora de elaborar a proposta de financiamento com a ajuda de uma entidade de ATER credenciada. Reunir informações sobre o imóvel, os investimentos que precisam ser feitos, os produtos que pretende produzir e a gestão da produção.
Quais são as condições do Financiamento? O valor máximo do empréstimo é de R$ 80 mil com juros de até 2% ao ano, sendo: 0,5% para a linha Combate a Pobreza Rural, para agricultores inscritos no CADÚnico; 1,0% para linha Nossa Primeira Terra, voltada para jovens
Crie e Registre a Associação Se você se enquadra nos critérios da Linha CPR, deve criar e registrar a associação, composta pelos beneficiários do Programa e por seus dependentes. O estatuto deve ser elaborado de forma que um dos objetivos da associação seja a compra de terras pelo PNCF e a definição sobre a divisão do imóvel após a conclusão dos pagamentos.
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Dia de Campo sobre
Algodão Colorido Quem plantar algodão colorido seguindo padrão agroecológico terá a compra garantida. Seu cultivo surgiu na Paraíba como alternativa econômica em substituição às variedades que estavam sendo dizimadas pela praga do bicudo. Esta foi a certeza que ficou entre os agricultores familiares que participaram do Dia de Campo sobre Algodão Colorido na Fazenda Campos, em Salgado de São Félix, numa promoção do Governo do Estado, por meio da Gestão Unificada Emepa/Interpa/ Emater, em parceria com a Embrapa Algodão e Prefeitura municipal. Organizado pela Emater, o Dia de Campo teve a participação de 130 pessoas, entre técnicos, pesquisadores e agricultores familiares interessados em conhecer as tecnologias de cultivo desta variedade de algodão. Dividido em quatro estações, o evento contou com os participantes divididos em quatro grupos que percorriam cada local onde os técnicos explicavam as vantagens de cultivo, tiravam dúvidas e se comprometiam continuar com a assistência quando desejarem realizar seus plantios. Na região de Itabaiana, o escritório regional da Emater trabalha junto a um grupo de agricultores que
deseja plantar algodão colorido seguindo todas as normas de cultivo agroecológico, a exemplo do que já é feito em outras regiões do Cariri e do Sertão. Na ocasião, o diretor técnico da empresa, Vlaminck Saraiva, disse que a realização do segundo dia de campo na mesma fazenda (o primeiro foi em 2014), era uma demonstração de que os agricultores estão acreditando nesta cultura. O representante da empresa catalã Orgânic Cothon Colours, Diogenes Fernandes, garantiu que toda a produção será adquirida, mas, para tanto, é preciso seguir alguns critérios indispensáveis, a começar pela garantia da ausência de pro-
dutos nocivos à saúde, as famílias estejam organizadas em grupo e, essencialmente, trabalhem com uma produção de forma integrada com outras culturas. “Pensamos na família agricultora como um todo e garantimos a compra de todo o algodão produzido”, afirmou. Há quatro grupos de agricultores que trabalham com algodão colorido no Nordeste, deste um fica na Paraíba, espalhado em várias regiões. Ele destacou que a Emater PB e outros parceiros vêm trabalhando junto aos agricultores com o sistema ecológico de produção de algodão colorido. Uma dessas famílias é o Sr. João Lourenço Gonçalves, dono da fazenda onde se realizou o Dia de Campo. Ele plantou dois hectares de algodão colorido da variedade Rubi, pelo segundo ano consecutivo e está satisfeito, inclusive destacou o trabalho da extensão rural da Emater na orientação e sucesso dos trabalhos. Outro agricultor que também está trabalhando com algodão colorido é João Bernardo Sobrinho, que tem 1,5 hectares plantados, com uma produtividade dentro do planejado, apesar da pouca chuva na região, que atingiu o índice de 178 milímetros neste ano. 25
Cultivo de plantas
medicinais e aromáticas Uma nova alternativa de renda para a agricultura familiar está surgindo a partir da instalação do Núcleo de Plantas Medicinais e Aromáticas, na Estação Experimental Emepa de Lagoa Seca. A iniciativa faz parte de uma estratégia de ação da Gestão Unificada Emepa/Interpa/Emater (GU), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, visando pesquisas, desenvolvimento e inovação tecnológica de Farmácias Vivas, preferencialmente atendendo agricultores familiares e comunidades rurais e urbanas em risco social. Segundo o pesquisador Luciano de Medeiros Pereira Brito, a Emepa consolida este projeto buscando atender as demandas da sociedade, com implantação de hortas, oferta de material propagativo, oficinas, palestras e assessoramento para agricultores familiares, estudantes, professores e outros agentes técnicos interessados, através de infraes26
trutura física e da integração de sua equipe multidisciplinar, a partir de um planejamento prévio, seguido da execução das atividades. Num esforço conjunto da equipe de pesquisadores, o Núcleo de Plantas Medicinais e Aromáticas de Lagoa Seca, com aquisição de novas espécies de interesse para sanidade humana, animal e vegetal, buscará manter, conservar e ampliar o Banco Ativo de Germoplasma. Todo o trabalho tem o acompanhamento do diretor técnico da Emepa, Manuel Duré. A meta é atender a demanda por mudas na região, fomentando as atividades com hortas medicinais e farmácias vivas. Para tanto, o Núcleo será transformado em referência técnica científica na geração de conhecimentos de tecnologias e produtos de valor tecnológico agregado, além de apoiar as políticas públicas com a instalação de modelos de Farmácias Vivas, envolvendo os governos federal, estadual e munici-
pal, ONGs, associações, pastorais sociais da Igreja e demais agentes da sociedade organizada. Outra meta proposta pela Gestão Unificada, por meio da Emepa, é contribuir para a integração das Farmácias Vivas ao Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente através da Estratégia de Saúde da Família, que aconselha a boa alimentação e, em muitos casos, com o tratamento fitoterápico como instrumento alternativo. O Núcleo de Plantas Medicinais e Aromáticas é mais um agente a promover sustentabilidade desta atividade nos seus aspectos ambiental, social, econômico e cultural. Na parte ambiental, possibilitará a criação de hortos e hortas com espécies nativas e exóticas, permitindo a região recuperar sua vegetação fragilizada. No campo social, é grande a utilização para a cura de enfermidades e alívio de dores, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e fixação de famílias no campo.
Av. Ministro José Américo de Almeida, 1200 Loja 102 - Torre João Pessoa - Paraíba e-mail: robson.nery@atacadaodocriador.com.br Fone: (83) 3221.7467 - 3566.8000