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DESCUBRA NOVOS SABORES_Pequenas cervejarias

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CULTURA

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descubra novos sabores

AS CERVEJAS ESPECIAIS, PRODUZIDAS ARTESANALMENTE OU EM PEQUENA ESCALA, SÃO APRECIADAS CADA VEZ MAIS PELOS BRASILEIROS, QUE BUSCAM TIPOS MENOS COMUNS. SAÚDE!

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POR FERNANDO INOCENTE FOTOS ELIANE COSTER

Nos bares, nos melhores restaurantes ou simplesmente no final do dia, naquele divertido happy hour com os amigos, não importa o local onde você esteja, uma cervejinha bem gelada é sempre bem-vinda em qualquer estação do ano. O prazer que ela proporciona é tanto, que não foi à toa que uma das marcas nacionais utilizou o slogan “Uma paixão nacional” para defini-la.

Ao contrário do vinho, que vem de uma tradição de fermentação natural, a cerveja, batizada na Roma antiga como cerevisia, em homenagem à deusa Ceres (da fertilidade e agricultura), quando produzida industrialmente é resultado de um trabalho altamente tecnológico, que garante sua total qualidade, apesar de sua fórmula milenar.

De acordo com o mestre cervejeiro da Ambev, Wilson Fornazier, países como Alemanha, Bélgica e Inglaterra representam a “elite” desse ranking (dos maiores consumidores mundiais), pois seus habitantes chegam a consumir mais de 100 litros de cerveja por ano cada um. “O Brasil ocupa uma posição intermediária, já que consumimos cerca de 50 litros por ano”, informa.

Fornazier explica que fatores culturais e econômicos podem justificar essa diferença. “Os alemães e os belgas, por exemplo, exploram muito mais as ocasiões de consumo. Qualquer motivo é válido para beber cerveja.”, afirma o especialista.

Mesmo ocupando uma posição considerada “modesta” no ranking dos maiores consumidores da bebida, o Brasil abriga uma das maiores cervejarias do mundo em volume produzido. A Imbev, associação da Ambev com a belga Inertbrew, não tem ameaçado, porém, as cervejarias artesanais no mercado nacional. A Baden-Baden, por exemplo, fundada por quatro amigos, é uma cervejaria artesanal de Campos do Jordão (São Paulo), que segue criteriosamente os rituais de fabricação de cervejas especiais. Dentre as suas criações, destacam-se a Pilsen Cristal, Golden, Premium Red-Ale e Premium Bock. Em Minas Gerais, a Falke Bier produz a cerveja tipo Pilsen puro malte, que atende às exigências da Reinheitsgebot (Lei da Pureza da Cerveja, de 1516).

No sul do País, mais precisamente em Blumenau, Santa Catarina, a Sudbrack fabrica o selo Eisenbahn, que em alemão significa ferrovia, uma linha de cervejas especiais com receitas exclusivas, inspirada nas melhores bebidas européias. Dunkel, Pale Ale, Weizenbier, Bier Likör e Pilsen Orgânica são alguns tipos de cervejas fabricados.

A forma de produção na cervejaria Schmitt, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, é a mesma utilizada nos mosteiros belgas e por alguns fabricantes da Europa e Estados Unidos. Um dos grandes diferenciais está no fato de a bebida ser fermentada na própria garrafa. Com isso, ocorre a chamada “dupla fermentação”, propiciando assim uma estabilidade de paladar maior que as cervejas comuns, além do aroma único, que com o passar do tempo desenvolvem também novos aromas sem se deteriorar. As principais marcas produzidas pela empresa são a Schmitt Ale, Schmitt Barley Wine e La Brunette Stout.

Já a alemã Erdinger, com 110 anos de tradição, é uma das mais consumidas no mundo, graças ao seu paladar suave e refrescante, proveniente do seu processo de fermentação, que é similar ao do champanhe. Clara, escura e a non-alcoholic (sem álcool) são algumas das versões disponíveis no mercado.

DIFERENTES PALADARES E SUAS HARMONIZAÇÕES

Malte de cevada, água, lúpulo (substância responsável pelo amargor) e fermento são matérias-primas obrigatórias na composição da cerveja. Segundo o mestre cervejeiro da Ambev, Wilson Fornazier, o trigo, milho e arroz também podem ser utilizados para proporcionar maior leveza à bebida. “No Brasil utilizam-se basicamente esses compostos. No entanto, em alguns países, a aveia e o sorgo são usados com freqüência”, argumenta. Diferentemente de muitos tipos de vinhos, que o envelhecimento em tonéis de madeira ajuda a melhorar o sabor, a cerveja deve ser consumida rapidamente. Existem fatores que podem contribuir para que a degustação seja a mais prazerosa possível. O mestre cervejeiro explica que o ideal é conservá-la em pé na geladeira, numa temperatura de 4º C a 5º C, e não fazer grandes estoques. “Se a pessoa quiser, pode colocá-la no freezer 15 minutos antes de ser consumida para deixá-la um pouco mais gelada”, afirma. Fornazier ressalta que em hipótese alguma a cerveja deve congelar, pois isso fatalmente irá alterar o sabor do produto. Quanto aos copos, o mestre revela que os de vidro e os de cristal pequenos são os ideais para o consumo. “Copos de plástico e canecas de alumínio devem ser evitados sempre, pois além de tirar toda a beleza do ato de se tomar cerveja e adulterar o sabor da bebida, a pessoa só vai sentir o gosto desses materiais”, conta. A limpeza do copo também foi citada pelo profissional como item fundamental para a melhor apreciação, porque a poeira e a gordura podem afetar diretamente o paladar dos apreciadores. “Além disso, é bom atentar para o manuseio do produto, evitando também a exposição de luz e calor”, explica.

Escolha a sua e sirva-se

pilsen_É a cerveja mais consumida no Brasil e no mundo. Clara, leve, com baixo teor alcoólico (4% a 5%) e baixa fermentação, é refrescante e tem aroma de malte, lúpulo e frutas. Com relação à harmonização, o mestre cervejeiro da Ambev, Wilson Fornazier explica que as regras não são tão “rígidas” como as do vinho, mas as indicações podem variar bastante. No caso dessa cerveja, recomenda pratos leves, como tortas, saladas, suflês e petiscos. Pilsen Cristal (Baden-Baden), Eisenbahn Pilsen (Eisenbahn), Serramalte, Original e Bohemia (Ambev) são alguns exemplos para acompanhá-los.

malzbier_Escura e mais encorpada, conta com uma leve doçura e teor alcoólico mais baixo (cerca de 3,5%). Ideal para o inverno, possui baixa fermentação e aroma menos frutado, aproximando-se mais do torrado e do caramelo. Uma das mais conhecidas é a Malzbier, da Antarctica. Fornazier relata que geralmente as pessoas não conseguem tomar grandes quantidades dessa bebida, por conta da sua composição. Porém, harmoniza-se muito bem com sobremesas.

stout_Originária da Irlanda, é uma bebida escura e bem encorpada, cujo teor alcoólico varia entre 4% e 6%. Rica em lúpulo, tem um aroma agradável de torrado. Curiosidade: proporciona um belo visual quando servida no copo, graças ao contraste entre o líquido escuro e a espuma clara. A Stout mais adocicada pode acompanhar as sobremesas. Já a mais “seca”, que é uma cerveja genérica, vai muito bem com petiscos e pratos à base de carne. La Brunette (Schmitt) e Caracu (Ambev) estão entre as boas opções.

schwarzbier_A “cerveja preta” (em alemão) é uma bebida leve e sofisticada, ideal para ser consumida no inverno. O mestre cervejeiro explica que ela deve ser degustada com carnes vermelhas e pratos mais condimentados. Tanto no almoço quanto no jantar. Bohemia escura é uma boa pedida nesta especialidade.

weiss_Ao invés da tão bem conhecida cevada em sua composição, trigo. Com uma espuma mais cremosa, é bastante refrescante, sendo muito apreciada no verão. Clara e com baixo teor alcoólico, combina com pratos leves, entre eles saladas, suflês, tortas e petiscos. Eisenbahn Weizenbier (Eisenbahn) e Bohemia Weiss (Ambev) são algumas das marcas de qualidade disponíveis.

ale_Cerveja de origem inglesa, possui alta fermentação e teor alcoólico um pouco mais elevado, que chega a 7%. Graças a isso, de acordo com Wilson Fornazier, deve ser tomada preferencialmente no inverno com pratos mais condimentados, carnes vermelhas e queijos fortes, como o gorgonzola, por exemplo. Destaque para a Schmitt Ale (Schmitt), Pale Ale e Weihnachts Ale (Eisenbahn), Bohemia Royal Ale (Ambev) e Premium Red-Ale (Baden-Baden).

lambic_Feitas com frutas vermelhas, é mais ácida e refrescante. De origem belga, possui cor avermelhada, espuma meio rosada e teor alcoólico mediano. Seu processo de fermentação é espontâneo e só acontece na região de Bruxelas. Curiosidade: é dirigida especialmente ao público feminino, tendo a Bellevle, da Ambev, entre as mais conhecidas. Graças ao seu aroma frutado, pode ser servida com sobremesas e aperitivos, além de substituir o champanhe que acompanha as entradas.

bock_Excelente para os dias mais frios, é uma cerveja mais escura e amarga, cujo teor alcoólico também pode chegar a 7%. Assim como a Ale, acompanha muito bem as carnes vermelhas, pratos mais condimentados e queijos fortes. Premium Bock (Baden-Baden), Polar Bock (Ambev) e Pikantus (Erdinger) são boas alternativas deste tipo de cerveja.

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