Ano 18
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NO 214 |
Julho 2014
duas vezes
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d3300
nikon
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adeus a luiz claudio marigo
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mais
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De bebês a adolescentes
Fotógrafa gaúcha registra 15 crianças e como eles ficaram 15 anos depois Submundo de Salvador (BA) no trabalho de Hirosuke Kitamura
Inspire-se na criatividade da fotógrafa Lidi Lopes
Veja o teste de um software que faz milagres em retratos Dois especialistas ensinam como fazer fotos de futebol da arquibancada O sargento-fotógrafo que registra ações da FAB
METADADOS
6 Fotografe Melhor no 214
Amor pelo frio e pela fotografia
A
os 14 anos, o argentino Juan Cruz Rabaglia fez uma viagem com os amigos pela Patagônia, na Argentina, e levou consigo uma Nikon FM2, que pegou emprestado de seu pai. “Foi então que me deparei com as duas paixões que definiram o meu futuro: Patagônia e fotografia”, conta. Há doze anos, realizou seus dois sonhos: mudou-se com a família para San Carlos de Bariloche, na Patagônia, onde fotografa lagos, bosques, montanhas e imagens subaquáticas geladas, como a ao lado, para campanhas publicitárias e publicações impressas.
ENTRANDO NUMA GELEIRA No Glaciar Perito Moreno, uma placa de gelo de 250 km2 de superfície, às vezes, formam-se barragens, em que passam rios glaciares e formam lagos. A pressão, feita pela água que se acumula nas fendas, esculpe paredes psicodélicas que formam cavernas. Por curto período, os lagos ficam vazios e é possível andar pelos caminhos por onde a água passou.
LUZ NO FIM DA CAVERNA Ao explorar uma dessas cavernas, Juan fez a foto da silhueta do atleta Leonardo Cuny, desenhada pela contraluz vinda da iluminação da superfície e do desenho da parede de gelo. Para o clique, o fotógrafo usou uma Canon 5D Mark II com a lente EF 17-40 mm em abertura f/4, reduziu a velocidade em 1/3s e ajustou o ISO em 100.
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RETRATO
15 anos depois 54 Fotografe Melhor no 214
Fotos: Carolina Terra
Crianças, O ensaio de Beatriz de Abreu, acima, foi feito na casa dos avós da adolescente, que eram criadores de leões
O adolescente Henry Vasques Muro, que faz pose de intelectual, já foi o sorridente bebê da foto abaixo
POR KARINA SÉRGIO GOMES
P
Fotógrafa gaúcha comemora 15 anos de trabalho retratando adolescentes que já tinha fotografado quando eram bebês
ara comemorar os 15 anos de seu estúdio fotográfico, a gaúcha Carolina Terra, 37 anos, teve a ideia de procurar 15 bebês que fotografou em 1999, ano de inauguração do espaço, para fazer registros deles hoje, já adolescentes, e montar uma exposição. Ao remexer os arquivos, achou os contatos de alguns clientes e outros encontrou com ajuda das redes sociais. Como o estúdio fica na pequena São Gabriel, a 320 km de Porto Alegre, com cerca de 64
mil habitantes, a fotógrafa viu crescer vários bebês que registrou. Outros, reencontrou somente no momento do ensaio. Assim que conseguiu fechar 15 nomes, Carolina partiu para a produção. Ela queria que esses novos retratos transmitissem um pouco da personalidade dos adolescentes. “Produzi todos os ensaios ao ar livre ou na própria casa deles. Não queria que fosse algo impessoal, dentro do estúdio com um fundo branco. As imagens deveriam passar um pouco
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Fotos: Carolina Terra
RETRATO
Luciana Mendonça Bento Pereira escolheu uma produção gaudéria para posar para a fotógrafa Carolina Terra
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do estilo deles”, conta. A fotógrafa procurou saber quais eram seus hobbies e do que gostavam, o que a ajudou a definir o tema e as locações de cada sessão. “Alguns preferiram montar em cavalos, outros optaram por um estilo mais gaudério (trajes típicos da região sul) e houve os que quiseram se mostrar mais fashion. E uma pediu para usar uma roupa de bailarina”, diz. Para escolher as fotos que iria ampliar para a exposição, Carolina contou com a ajuda dos fotografados, depois de uma pré-seleção. Ela não queria expor uma imagem que não fosse do agrado dos adolescentes. E, para a surpresa da fotógrafa, as ampliações favoritas dela também eram as dos garotos. Durante o mês de maio, as fotos de bebês e as atuais ficaram expostas no Banco Sincredi, no centro de São Gabriel.
A FOTOGRAFIA Carolina, quando criança, dizia que seria pediatra, mas na hora de entrar na faculdade escolheu Artes Visuais, que cursou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Optei por artes porque gostava de escultura e pintura, nunca tinha pensado em fotografia. Mas, depois da primeira aula, em que aprendemos a operar uma câmera, eu me apaixonei. E direcionei a minha formação para essa área”, lembra. Nascida em São Gabriel, só saiu da cidade para completar os estudos na capital gaúcha. Quatro anos depois, voltou já com os planos de montar o seu negócio de fotografia na região. “A fotografia de estúdio era algo muito forte em São Gabriel”, conta. Para ter um portfólio, chamou amigos e parentes para fotografar em um estúdio improvisado que montou
Acima, Ana JĂşlia Lucas Bueno; ao lado, Rhayssa Ferrony Stochero
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Fotos: Carolina Terra
à tarde, registrar os bebês em um apartamento vazio Naiele Mello que tinham nascido. Levaque a mãe tinha. “Minha Adolfo quis va junto um cartão e entreprimeira cliente foi uma mostrar sua intimidade com criança de três ou quatro cavalos no retrato gava para a mãe. Dias depois, as interessadas nas anos e rendeu fotos ótimas. fotos me procuravam e eu oferecia Como sempre gostei de criança e para elas o trabalho de acompanhaachei bom o resultado que tive nesse mento do bebê que resultaria em um primeiro ensaio, decidi que esse era álbum no fim de um ano”, conta. E um ramo a ser explorado”, diz. assim Carolina conquistou seus priA fim de conquistar novos clienmeiros clientes. tes, Carolina teve a ideia de ir até a Santa Casa de São Gabriel – a maior QUEBRAR A TRADIÇÃO maternidade da cidade – fotografar Em poucos meses de trabalho os recém-nascidos e oferecer as fono estúdio improvisado, uma fotótografias para as mães. “Ia ao hosgrafa de um tradicional estúdio de pital duas vezes ao dia, de manhã e São Gabriel ofereceu o ponto para Carolina alegando que ia se aposentar. A profissional viu, no espaço, uma
Gabriel Fagundes Lucas demonstrou a sua personalidade tímida para a fotógrafa
58 Fotografe Melhor no 214
Os adolescentes Pedro Henrique Blini da Silva (acima) e Anna Luisa Teixeira Silva (ao lado) optaram por mostrar suas vertentes mais fashion
Ao lado, Renata Maciel Martins escolheu traje tĂpico gaĂşcho para a foto
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Fotos: Carolina Terra
Uma chácara foi o cenário escolhido para a foto da adolescente Danielle Lopes Pinto
boa oportunidade de ampliar o seu negócio e assumiu o endereço. Aproveitou também o momento para apresentar aos moradores da cidade um novo conceito de retrato. “As pessoas daqui gostavam de um estilo de fotografia brega. Achavam bonitas as fotos escuras com arranjos florais e fundos com cortinas. Meu estilo era
mais moderno para os moradores daqui. Fazia ensaios de grávida em preto e branco, retratos com fundos claros. No começo, as pessoas achavam muito diferente. Contudo, depois de algum tempo acabei caindo no gosto dos moradores”, lembra.
EQUIPAMENTOS Quando começou no estúdio, Carolina costumava trabalhar com filme colorido e P&B copiado em sépia para dar mais opções aos clientes. Com apenas uma câmera na época, se virava para trocar os negativos durante a sessão (às vezes, deixando um cliente esperando no estúdio enquanto corria ao laboratório para cortar a parte exposta do filme e substituí-lo por outro). Depois, na era digital, essa preocupação foi transferida para a pós-produção. Atualmente, a fotógrafa tem duas funcionárias que fazem a pós-produção. Mas tudo sob a supervisão dela, que dá o toque Julyana Beatriz Correia Winter optou por um look mais esportivo, com boné
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Acima, Otávio Flores Gonçalves encarou a câmera com personalidade; ao lado, Sophia Giuliani da Silveira preferiu um clima mais bucólico
Mahyra dos Santos Oliveira posou para o ensaio em uma estação de trem abandonada
Fotos: Carolina Terra
RETRATO
Acima, Carolina Terra (ao centro) com 12 dos seus fotografados para a mostra; abaixo, a profissional durante uma sessão de fotos
final antes de entregar o trabalho aos clientes. Em seu estúdio, a profissional trabalha com uma Nikon D90 e a objetiva 50 mm f/1.4 e flashes compactos ou iluminação natural. Para fotos externas, usa uma D800 e o jogo de objetivas Nikkor 24-70 mm f /2.8, 70-200 mm f/2.8 e 18-200 mm f/4-5.6.
A FOTÓGRAFA DA FAMÍLIA Carolina faz todo tipo de foto de família, ensaios de casais e gestantes, retratos de crianças e adolescentes. E se mantém sempre atualizada dentro do segmento participando de workshops pelo Brasil. “É sempre bom lembrar que quem faz esse tipo de foto que faço não trabalha com profissionais. Então, tento quebrar o gelo e deixar a pessoa à vontade. Procuro sempre receber os clientes com um sorriso e oferecer a eles um clima agradável”, ensina. A fotógrafa costuma pedir para que os clientes venham com os ca-
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belos já arrumados e tragam duas ou três trocas de roupas. Na sala maior do estúdio, além de algumas opções de fundo infinito, ela trabalha com uma maquiadora e guarda alguns figurinos, fantasias para crianças e acessórios. Na menor, a profissional costuma montar cenários de acordo com as datas comemorativas, como páscoa, natal e carnaval. “Solto meu lado de artista visual nesses momentos, criando e montando a cena”, conta. Carolina Terra informa que faz de oito a nove sessões de fotos por dia e trabalha de terça a sábado. Uma de suas principais ferramentas de divulgação do seu trabalho é o Facebook. A página no estúdio na rede social tem mais de cinco mil curtidas. “Adoro meu trabalho. E poder fazê-lo aqui, na cidade onde nasci, e criar meus filhos nessa tranquila cidade do interior é minha maior realização”, diz a fotógrafa, que está grávida pela segunda vez.