*20 junho/julho 2011
este valor, descontados os impostos, ĂŠ 100% doado para os projetos do
Realização:
Conversa afiada texto K a r i n a S é r g i o G o m e s
foto F r a n k i e F r e i t a s
Na volta pra casa, o companheiro de viagem ficou mudo. O radinho sem bateria liberou meus ouvidos, e foi então que comecei a descobrir outros sons no vagão do trem. “É chego, não chegado!”, disse o filho. “Claro que não, é chegado”, retrucou a mãe. “O que eu queria mesmo era uma mulher que me deixasse ficar com a mão engordurada”, zangou o homem com a namorada. “Mas ele não é casado?”, desconfiou uma moça. “É, mas quando a gente não conhece a esposa, não conta”, esclareceu a amiga. “Eu não acredito nisso de lagarta virar borboleta”, revelou o menino para o irmão. Que retrucou, malvado: “Então, espera até saber como se faz um ovo de galinha!”. Capturadas aos pedaços, fora do contexto, elas soam absurdas. Mas ouvir conversas alheias, mais do que hábito de gente metida, é um exercício antropológico: ensina-nos sobre a natureza humana, estimula a imaginação, rende risadas e reflexões. Às vezes, é uma palavra dita de outro jeito, como a mulher que citou o medo de um tal “ET de
Vargínia”, ou o senhor que confidenciou: “Quando bebo, sinto dor no figo”. Adoro também um mistério repentino. “Você ouviu a última declaração do Cachaça?”, pesquei outro dia, e lá fui eu criar uma história imensa na cabeça sobre a figura. Bom mesmo é quando o improvável toma a gente no meio da rua. “O cara não tem certeza, mas dá pra saber que aquela Capitu é uma safada só pelo olhar!”, escutei de um adolescente revoltado. Que belo resumo de Machado de Assis! E, mesmo na falta de conversa, sempre se pode tentar a leitura labial, ou até a livre interpretação de uma língua desconhecida. Vendo um casal de surdosmudos conversar outro dia, os gestos me deram a impressão de um papo assim. Ele: “Sim, separou. Não tá sabendo?”. Ela: “É, e foi com uma faca bem afiada”. E pensar que essa arte de ouvir anda ameaçada pelos fones de ouvido e celulares. Pois, quando a bateria acaba, a gente descobre que é destapando as orelhas que ouve o que interessa: a vida dos outros encontrando a nossa.
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valores que mudam a vida
CONVERSAR É... USAR A INTUIÇÃO, A SINCERIDADE E A PACIÊNCIA PARA OUVIR OS OUTROS E FALAR O QUE É PRECISO, COMO FAZ A SÍNDICA REJANE (À DIREITA) COM SEUS VIZINHOS
No fio do texto K a r i n a S é r g i o G o m e s ilustrações G r a n d e C i r c u l a r
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diálogo
Foto: Guilherme Gomes / Beleza: Élcio Aragão (Maizena) (Agência First) / Fotodesign: Felipe Gressler
Ultrapassar a barreira do silêncio e trocar palavras com outras pessoas faz surgir relações, famílias, a política, o amor e a paz. Para chegar lá, é necessário conjugar um único verbo: conversar – O VIZINHO está fazendo barulho! – O capacho da minha porta sumiu! – O cheiro que vem da casa da vizinha me dá dor de cabeça! Manhã, tarde, noite. Não tem hora para os problemas surgirem. Mas a síndica Rejane Albuquerque, 54 anos, consegue fazer com que os moradores dos 164 apartamentos de um edifício na Zona Norte de São Paulo vivam em paz. Como? “Conversando”, diz a ex-tenente da Aeronáutica, gestora do prédio há 18 anos. E ela é tão boa de papo que, em todo esse tempo e com toda essa gente, só três casos chegaram ao extremo: receberam uma única multa e os problemas acabaram. É que, ali, o diálogo começa logo na chegada dos novos moradores. Rejane os recebe com um sorriso e faz uma “reunião de integração”. Apresenta as normas, os procedimentos e os valores que os vizinhos respeitam e responde a dúvidas. Depois das boas-vindas, coloca-se à disposição para as dificuldades eventuais. Normalmente, trabalha como mediadora das questões entre os corredores: – Rejane, a vizinha da frente está passando algum produto na porta e o perfume me dá dor de cabeça – reclama uma senhora. E lá vai a síndica gentilmente bater na porta da suspeita: – Reclamaram do cheiro de um pro-
duto que você está passando no apartamento logo pela manhã. – Mas, Rejane, eu não passo nenhum produto... Só passo perfume, em mim, quando saio para o trabalho. – Ah, desculpa. Mas, então, será que você pode passar só um pouquinho antes de sair? Aí você não incomoda ninguém. Caso esclarecido, Rejane volta a bater na porta da vizinha queixosa: – O que você está sentindo é o perfume que ela passa para ir trabalhar, mas já conversamos e ficou tudo bem. Depois disso, a reclamação chegou ao fim. Simples assim. Uma não sabia que aborrecia a outra e, não fosse pela conversa, o problema poderia terminar em confusão. “Gosto de tentar solucionar as questões na base do diálogo. Para isso, não precisamos mais do que o instinto e um pouco de paciência”, diz a síndica, que desde que assumiu o cargo vem sendo reeleita a cada dois anos. “Ouvir os lados e tentar negociar é o segredo. Às vezes, a coisa vira um tumulto por simples falta de comunicação”, atesta. Com suas palavras, a síndica já resolveu o sumiço misterioso de capachos de um andar, regulou o som das festas e do namoro de casais empolgados, resolveu fofocas e má vontade entre vizinhos. Para que todos convivam em harmonia, ela
vai aparando arestas, mostrando o ponto de vista das outras pessoas e pedindo a compreensão dos envolvidos. Com o diálogo, faz com que os moradores ao seu redor enxerguem que estão juntos e precisam se entender. Para ela, a vitória vai ser seus serviços se tornarem obsoletos. “Se as pessoas usassem o diálogo para resolver seus pequenos conflitos, talvez não precisassem de um síndico.”
De ouvidos bem abertos E, com conversa, provavelmente suas relações sociais também seriam mais fortes. Afinal, ninguém vive sozinho – e o diálogo é o que cria o vínculo entre as pessoas. “Da conversação surgem todas as nossas relações sociais, da família às decisões políticas, passando pela amizade e pelo amor”, afirma a filósofa Márcia Tiburi. Falar com os outros é uma das maiores e mais importantes dimensões da vida, a cola que nos liga aos outros, cimentando os laços e nos fazendo crescer. Conversando, fundamos a sociedade, criamos a cultura, elegemos representantes. É esse ato que faz com que, além de pensar sozinhos, possamos pensar juntos. O embate entre pontos de vista é um dos fundamentos do saber. Quando o pensamento de um encontra o pensamento do outro, nasce o conhecimento
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– e a filosofia. Em longos diálogos, o filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) falava a seus alunos sobre virtudes, política, amor. Com um método de perguntas e respostas, eles chegavam, juntos, às conclusões. A premissa, válida ainda hoje, era simples: ideias prontas são mais pobres. Compartilhar o que pensamos e ouvir o outro nos coloca em dúvida, propõe questões nas quais não havíamos pensado e até muda nosso ponto de vista. Nesse processo, nossas teorias, soluções, ideias e valores vão ficando mais ricos, mais completos, mais complexos. Mas, para estar atento a tanta novidade, os ouvidos devem estar bem abertos. Fechar-se ao que o outro tem a dizer costuma acabar em catástrofe. “É a falta de diálogo que nos leva às guerras e ao autoritarismo”, diz Márcia. Conversar é tão bom e poderoso que ditaduras sempre estabelecem o silêncio como norma. Nos campos de concentração da Alemanha nazista, por exemplo, prisioneiros que falavam a mesma língua eram separados: o Exército sabia que, pelo fio da palavra, as pessoas se aproximam e têm força para fazer emergir algo novo. Mas não é preciso ir tão longe nem ser tão drástico. A falta de diálogo leva não só a batalhas mundiais: é ela que está por trás de muitos pequenos conflitos que impedem a vida em harmonia.
Questão de valores – Qual é a sua opinião sobre mim? – perguntou Vítor, 32 anos. – Eu acho você um arrogante – respondeu Wagner, 51 anos. Não começou nada bem a conversa profissional mais complicada da vida do gerente de produção Vítor Takenaka. E ela só aconteceu porque a empresa em que ele trabalhava veio com um ultimato: ou ele se acertava com Wagner Amado, mais velho e de uma área subordinada a sua, ou seu emprego estaria em apuros. Vítor começou a trabalhar com locação de impressoras como estagiário, aos 18 anos. Em menos de cinco anos, ganhou um cargo de chefia, gerenciando os novos projetos que vinham da área em
CONVERSAR É... BAIXAR A GUARDA, TER HUMILDADE PARA RECONHECER A IMPORTÂNCIA DO OUTRO E MUDAR DE IDEIA QUANDO FOR PRECISO, COMO FIZERAM OS EX-RIVAIS VÍTOR E WAGNER
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Foto: Marcelo Trad / Beleza: Élcio Aragão (Maizena) (Agência First)/Produção de moda: Mariana Lourenço / Fotodesign: Felipe Gressler
Para que as pessoas se entendam de fato, tem de existir empatia. É ela que nos torna capazes de reconhecer o estado de espírito do outro e nos colocar no lugar dele que o vendedor Wagner trabalhava. Os mais velhos, de idade e de empresa, torciam o nariz ao ver Vítor em um cargo tão alto. E, para conseguir respeito, o garoto fazia linha dura. Toda vez que Wagner mandava um projeto para aprovação, bastava uma vírgula fora do lugar para que Vítor o vetasse – e deixasse o colega fulo da vida, impedido de trabalhar. “Para mim, ele tinha de se inteirar das novas tecnologias, saber direitinho para que cada equipamento servia”, conta Vítor. “Mas não me preocupava em ensiná-lo. Simplesmente dizia não”, admite. Para complicar, Wagner não queria saber de se submeter a um chefe que tinha, de vida, o tempo que ele próprio acumulava de experiência na área. “Eu me sentia rebaixado obedecendo a alguém com idade para ser meu filho”, diz Wagner. E aí, é claro, os dois não se falavam. Quando finalmente foram obrigados pela empresa a trocar palavras, elas começaram com rispidez. Mas terminaram com a conclusão de que ambos precisavam baixar a guarda – até porque os dois estavam no mesmo barco, e seriam demitidos se não se acertassem. No mesmo dia, o jovem procurou a mãe para saber o que ela achava disso tudo. Para seu espanto, ela concordou com o rival. “Percebi que precisava ser mais humilde. Eu não podia exigir conhecimentos que as pessoas não tinham. Então, passei a dar treinamentos sobre as máquinas, e todo mundo aprendeu”, conta Vítor, que com isso melhorou sua relação com a equipe inteira. Wagner, por sua vez, notou que o chefe tinha razão, e ele precisava se reciclar para se sair melhor. “Não bastava a minha experiência para exercer o trabalho. Precisava me interessar, por exemplo, pelas novidades de cada equipamento que vendo”, diz.
A arte da paz Vítor e Wagner mantiveram o emprego. Hoje almoçam juntos, aprendem um
com o outro e se consideram amigos. Mas talvez o maior benefício tenha sido descobrir que podem ser flexíveis e que não perdem nada em conhecer as pessoas com quem dividem sua jornada. Ao contrário, a conversa torna-os mais generosos e compreensivos. “Quando conversamos, tomamos consciência dos sentimentos que provocamos nas outras pessoas e descobrimos como nosso comportamento interfere em outras vidas”, diz Cecília Andrade, psicóloga e professora da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo. Para que as pessoas se entendam de fato, entretanto, é importante existir empatia. Essa característica profundamente humana nos torna capazes de reconhecer e compreender o estado de espírito do outro e de sua situação, colocandonos no lugar dele. É uma experiência reveladora, que possibilita enxergar o mundo de um prisma menos egoísta e facilita qualquer negociação. “Falar melhora as relações porque permite que um conheça o outro e se estabeleça a confiança. Só assim achamos caminhos para enfrentar os problemas”, diz Cecília. Quando isso é mais difícil que o imaginado, uma terceira pessoa pode entrar no jogo e guiar a rota. “O mediador tenta facilitar a conversa. E o processo vira um ‘ganha-ganha’”, diz Helena Mandelbaum, advogada e autora do livro Mediação no Judiciário. A ideia, adotada em muitos tribunais, é simples: enquanto o conflito existir e as pessoas fincarem o pé em sua posição, ambos os lados estão perdendo. Ao resolver a história – ainda que para isso seja necessário chegar a um meio-termo –, as duas partes ganham. Tem funcionado. Nos fóruns em que há um Tribunal de Mediação, os processos civis mais simples, como separações, brigas de vizinhos e problemas trabalhistas, podem ser resolvidos com a ajuda de um mediador. Em média, três encontros bastam para que as duas partes cheguem
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a um acordo, evitando o desgaste, a burocracia, os custos e a vagareza dos processos tradicionais. Na presença de uma terceira pessoa, imparcial, para orientar a conversa, os antagonistas se desarmam, discutem posturas, decidem como conviver. E o bate-papo diplomático ensina aos dois lados o valor da tolerância.
Lição de casa – Meu filho, você não gosta de mulher? – perguntou a mãe. – Não, não gosto. Foi assim, sem rodeios, que a escritora Edith Modesto, 72 anos, descobriu que o caçula, Marcello, 41 anos, era homossexual. Marcello, na época com 20 anos, já planejava contar à mãe sua condição sexual, mas não sabia como. O que ele não esperava era ser pego de supetão enquanto saía de casa numa manhã. Edith estranhava o fato de o filho nunca ter apresentado uma namorada à família. Mãe de sete filhos, uma menina no meio de seis garotos, ela fazia planos para que Marcello se casasse e lhe desse netos. Fez a pergunta na brincadeira, mas ficou chocada com a resposta a sério. Quando voltou para casa, o garoto tentou engatar uma conversa: “Mãe, existem vários tipos de cisnes, os negros e os brancos...”. A metáfora deixou Edith irritadíssima. Ficaram dias sem se falar. Na cabeça da mãe, várias ideias começaram a se misturar. Achou que poderia ser uma confusão do filho, um problema psicológico, um erro seu. E começou a se culpar. A convivência familiar transformou-se em uma batalha diária. Marcello, tão apavorado quanto a mãe, quis fazer terapia para saber se poderia ser heterossexual. Dois meses depois, já não aguentando manter o segredo, Edith contou ao marido o que havia descoberto. Espantado, mas bem mais calmo, ele tentou contemporizar: “É nosso filho, devemos aceitá-lo como ele é”. Edith tentou seguir o conselho, o que lhe custou meses de briga íntima. Mãe e filho levaram dois anos de muito diálogo para voltar a ser amigos. Enquanto isso, ela decidiu buscar ajuda na internet. Era
o início dos anos 1990 e, de sua casa em São Paulo, a escritora encontrou um fórum on-line de jovens gays, onde eles dividiam dúvidas e experiências. Por dois meses, Edith ficou só lendo a troca de mensagens, até decidir escrever um comentário pedindo ajuda. “Disse que tinha um filho como eles e não sabia como lidar com a situação”, conta. Por meses, Edith e os jovens no fórum trocaram mensagens. Até que, um dia, encontraram-se pessoalmente, e depois foi a vez de conhecer as mães de três deles. Os papos trouxeram tanto alento que a escritora passou a receber essas mães em casa uma ou duas vezes por semana, para desabafar e se ajudar. Em 1997, as reuniões viraram o Grupo de Pais de Homossexuais, uma associação que ajuda famílias a entender melhor a orientação sexual dos seus filhos e hoje atende cerca de 500 pessoas. “Nessas horas, temos a impressão de que estamos sozinhos no mundo. Mas todos têm medo do desconhecido”, diz Edith. Foi esse temor que levou Suerda Reder, de 42 anos, a procurar o grupo de Edith. Com um filho de 16 anos na época, Vítor, que havia feito a revelação, sua vida familiar estava em frangalhos: o marido internou-se com uma crise de diabetes provocada pelo estresse da novidade, o filho mais velho tentou agredir o namorado do mais novo, e a mãe tentava entender o porquê de tudo aquilo. “Eu tinha medo de perder o meu filho, porque a convivência estava cada vez menor”, diz. Com a ajuda das conversas com outros pais, as coisas se acalmaram. Hoje, a convivência, temperada pela diferença, ganhou novos contornos. Além de formar a associação, a longa caminhada de Edith para compreender o filho virou estudo. Em 2006, ela lançou o livro Vidas em Arco-Íris (Record), escrito com base em 89 depoimentos de pessoas que gostam de outras do mesmo sexo. É sua tentativa de dialogar com o que aconteceu em sua vida e estender a conversa a quem quiser entrar. “É muito difícil ser diferente, e só dialogando conseguimos entender”, explica.
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CONVERSAR É... ACEITAR QUE TALVEZ A GENTE NUNCA CONCORDE. MAS PODE ENTENDER E RESPEITAR. COMO FIZERAM VÍTOR E SUERDA, SEGUINDO O EXEMPLO DE EDITH E MARCELLO (DA ESQ. PARA DIR.)
Foto: Marcelo Trad / Beleza: Élcio Aragão (Maizena) (Agência First)/Produção de moda: Mariana Lourenço / Fotodesign: Felipe Gressler
Abertos para o novo Afinal, é dialogando que os limites, as opiniões e as crenças aparecem claramente. E é só assim, com a alma nua e humildade suficiente para enxergar a postura alheia – e lhe dar valor –, que a negociação se torna possível. Prestar atenção ao que sentimos e aos sentimentos do outro é transformador. “Ao ouvir, você também se percebe, e isso pode gerar uma mudança de consciência. Você integra, em si, uma nova visão”, diz Lamara Bassolli, psicóloga da Escola do Diálogo, instituição paulistana que oferece cursos e oficinas que favorecem a troca de ideias. E essas somas e mudanças são ótimas. Se todos pensassem da mesma forma, não existiriam conflitos – nem criatividade, inventividade nem nenhum tipo de aprendizado. Com a diferença, o ser humano cresce e abre as portas para o novo. Tendo contato com novas ideias e outros modos de viver, as próprias opiniões são avaliadas e os valores, questionados e repensados. “O diálogo nos ensina a compartilhar experiências e ajuda a saber até onde podemos ir”, afirma Lamara. “Ampliamos nossa percepção e nos dispomos a resolver impasses. Dividindo, encontramos outro ponto de vista e percebemos o que não está muito claro.” É com a ajuda das palavras que vamos moldando os sentimentos e descobrindo encruzilhadas sombrias e pontos obscuros em nosso próprio pensamento. Com o outro, descobrimos qual o momento de dar o braço a torcer e voltar atrás. Ou de ir um passo à frente e argumentar para defender uma ideia que julgamos correta. “Dialogando, crescemos e podemos aumentar a possibilidade do consentimento”, reflete Lamara. O que não quer dizer que todo mundo vá concordar com tudo. O consenso não é a igualdade de preferências, mas o respeito à diversidade que compõe cada ser humano que cruza o nosso caminho. Quando falta esse diálogo aberto, é como se houvesse um muro entre nós. E é só pela conversa franca que os sólidos tijolos da incompreensão desabam e as pessoas finalmente se encontram.