WINK 4

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Pestana Lifestyle Magazine Issue n째4


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ANUNCIO ASTON MARTIN

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Direcção / Editor in Chief Rua Sampaio e Pina, nº 9, 2º Esq. 1070-249 Lisboa, Portugal Tel. +351 213 888 445 Director Criativo & Fotografia / Creative Director & Photography Cátia Castel-Branco (laca.catia@gmail.com) Redactor / Writer João Brito (laca.joao@gmail.com) Moda e Produção / Fashion & Production Carolina Machado (laca.carol@gmail.com) Design Guillermina Lasarte (laca.guillermina@gmail.com) Maria Ferreira (machavesferreira@gmail.com) Direcção Comercial / Marketing Director António Castel-Branco (laca.antonio@gmail.com) Tradutora / Translator Janette Ramsay (ramsayjan@hotmail.com) Coordenadora / Coordinator Grupo Pestana Leonor Costa Colaboradores / Contributors Wladimir Kaminer, Helena Araújo, Luís Saldanha, Nuno Ramos, Martin Dobbeck Agradecimentos Especiais / Special Thanks to Agenor Fonseca, Bastet Cabeleira, Carlos Carreiras, Catarina Lopes, Eduardo Fleming, Francisco Costa, Joana Soeiro, João Carlos Abreu, João Luís Lomelino, João Spínola, José de Castro – Rosa & Teixeira, José Manuel Castelão Costa, José Roquette, José Theotonio, Lígia Ferreira, Luigi Valle, Luís Araújo, Luís Sande e Castro, Mafalda Almeida Bruno, Maria do Céu Garcia, Maria João Simões, Miguel de Sousa, Miguel Fortes, Miguel Metello, Paulo Alexandre, Paulo Pimenta, Paulo Prada, Pedro Serra, Peter Booth, Rodrigo Mendes Na capa / On the cover Carlota Pestana, make-up Sónia Pessoa Publisher Grupo Pestana Impressão / Printer Gráfica Maiadouro © 2012 WINK



DEAR GUEST

Há 40 anos atrás o Grupo Pestana inaugurava na ilha da Madeira o seu primeiro hotel e punha assim o pé na estrada para o primeiro passo de uma grande viagem. Para mim, esse momento é também uma marca eterna no destino e o início de uma paixão pelo tempo e pelo espaço, os dois grandes valores que temos para oferecer aos nossos visitantes. 40 anos depois o futuro é o tempo de hoje, tempo de inaugurar a Pousada de Cascais, Cidadela Historic Hotel, e os novos Pestana Tróia Eco-Resort & Residences, Pestana Bogotá 100, Pestana Miami, Art Deco Hotel e Pestana Casablanca, destinos que desde já vos convido a visitar connosco. Ser um Grupo nascido em Portugal influenciou a nossa identidade e a forma como estamos no Mundo, onde nos três continentes em que nos encontramos, com mais de 90 unidades Pestana Hotels & Resorts, deixamos sempre marcas de respeito pelo próximo e de gentileza, capazes de nos aproximar de qualquer cultura. Foram quatro décadas que não se esquecem, feitas de bons encontros com pessoas únicas que trouxeram para o Grupo Pestana o seu carácter, a sua inteligência, profissionalismo e criatividade. Sem todas elas, muitas das quais me orgulho de ser amigo, esta viagem teria sido muito mais difícil, senão mesmo impossível. Quero que a sua escolha pelo Grupo Pestana se continue a repetir. Não hesite em nos deixar qualquer sugestão para tornarmos ainda mais inesquecível o tempo que passa connosco.

40 years ago, the Pestana Group inaugurated its first hotel in Madeira, a first step on a long journey. For me, this moment was also an eternal mark in destiny and the beginning of a passion for time and space, the two great values we have to offer our guests. 40 years later, the future is the present time, time to inaugurate the Pousada de Cascais, Cidadela Historic Hotel, the new Pestana Tróia Eco-Resort & Residences, Pestana Bogotá 100, Pestana Miami, Art Deco Hotel and Pestana Casablanca, destinations I invite you all to visit with us. Being a Group that was born in Portugal, has influenced our identity and the way we are in the World, in the three continents where we are present, with more than 90 Pestana Hotels & Resorts. We always leave our mark of respect for others and kindness, allowing us to get close to any culture. It’s been four decades not to be forgotten, made up of great encounters with unique people who have given the Pestana Group its character, intelligence and creativity. Without all of these people, many of which I am proud to be friends of, this journey would have been much more difficult, if not impossible. I hope you will continue to choose the Pestana Group. Do not hesitate to give us suggestions on how we can make your stay with us, even more unforgettable. PS: As this is a date to celebrate: thank you Margarida for this wonderful family.

PS: Porque a data é de comemoração: obrigado Margarida por esta família maravilhosa. Dionísio Pestana, Pestana Group Chairman



CONTENTS

ÍNDICE

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MY

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CMY

WINK ISSUE nº4 9 Mala de Viagem / Travel Bag 12 Cascais 18 Pousada de Cascais, Cidadela Historic Hotel 40 Duo Dinâmico / Dynamic Duo 42 Diário de Viagem / Travel Diary: Wladimir Kaminer Portugal: Uma História de Encantar / Portugal: An Enchanting Story 46 Cosmetics: Smart Travelers Must-have under 100ml 50 Madeira: The Promised Land 65 Grupo Pestana 40 Anos / 40 years of the Pestana Group 82 Natal, Brasil 113 Directório / Directory Pestana Hotels & Resorts

K


Descubra as vantagens exclusivas para membros do programa

Find out the program's exclusive privileges



MALA DE VIAGEM TRAVEL BAG

BONNIE & CLYDE Em cada número da WINK fazemos as nossas malas inspirados por um casal famoso da história. Uma viagem por estilos diferentes e um shopping à medida de quem nos inspira. Parece que Bonnie Parker (19101934) e Clyde Barrow (1909-1934) se conheceram em 1930 em casa de uma amiga comum e que, ali mesmo, se terá dado o fenómeno a que chamamos amor, acontecimento que na história destes dois americanos foi tiro de partida para uma saga de crime e castigo que marcou a cultura popular do século XX e que só uma emboscada policial ao Ford V-8 em que seguiam em mais uma fuga, conseguiu imprimir um very unhappy end. Juntos, Bonnie and Clyde percorreram o período da Grande Depressão num modo de viver não muito diferente do fotografado por Dorothea Lange, a grande prosadora da América da década de 30. Sempre ao alcance das fronteiras interestaduais que lhes davam abrigo, assaltaram, aqui e ali, pequenos bancos de província e estações de serviço, mais num registo de pilha-galinhas do que de grandes senhores do crime, como foram os contemporâneos Al Capone ou “Lucky” Luciano. O seu feito supremo foi o da consagração do modelo do live fast die young, o mesmo que Hollywood nunca mais largará e para o qual deram uma mão preciosa os deuses da juventude e do desejo de liberdade, atributos concretos de um casal romântico e, à época, consideravelmente sexy. Finalmente, para que a lenda se tornasse facto faltava apenas um filme como o de Arthur Penn (Bonnie and Clyde, 1967) e actores como Faye Dunaway e Warren Beatty que emprestassem aos desesperados Bonnie Parker e Clyde Barrow a beleza, desenvoltura, encanto, e imortalidade das estrelas.

In each edition of WINK, we pack our bags inspired by a famous couple from the past. A journey through different styles and a selection of clothes tailormade for the couple who inspired us. Apparently Bonnie Parker (19101934) and Clyde Barrow (1909-1934) met in 1930 at a mutual friend’s house, and it was there that the phenomenon that we call love, first took place. The story of these two Americans was the starting point of a crime and punishment saga that marked the popular culture of the 20th century and that only a police ambush of the Ford V-8 that they were driving in for another getaway, managed to lead to a very unhappy ending. Together, Bonnie and Clyde went through the Great Depression leading a life not very different to the one photographed by Dorothea Lange, a great American photojournalist of the 30s. Always within reach of the interstate borders that sheltered them, they would hold up provincial banks and service stations, but they were more like petty thieves than great masters of crime like their contemporaries Al Capone or Lucky Luciano were. Their supreme feat was the consecration of the “live fast, die young” model, which Hollywood would never forget and that gave a precious hand to the gods of youth and the wish for freedom - concrete attributes of a romantic couple which, in those days, were considerably sexy. Finally, to assure that the legend became a fact, all that was missing was a film like Arthur Penn’s (Bonnie and Clyde, 1967) and actors like Faye Dunaway and Warren Beatty who lent their beauty, effortlessness, charm and immortality of stars, to the desperate Bonnie Parker and Clyde Barrow.

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BONNIE’S BAG Chapéu preto de abas Diesel; camisa branca Decenio; lenço estampado azul, rosa e branco Lacoste; calças xadrez Gant; sobretudo vintage Maria Gonzaga; lenço seda bege Lacoste; carteira cinza Pelcor; luvas castanhas Lacoste; boina de lã lilás Diesel; cuecas lilás Diesel; extracto de perfume Black Afgano da Nasomatto, Fashion Clinic; perfume Diptyque; luvas tweed Gant; sapatos cinza Gant; camisola lã branca Lacoste; camisola gola alta preta e branca Lacoste; camisola riscas vermelha e branca Gant; poncho bege Decenio Black hat with rim, Diesel; white shirt, Decenio; printed blue, pink and white scarf, Lacoste; checked trousers, Gant; vintage trench coat, Maria Gonzaga; beige silk scarf, Lacoste; grey handbag, Pelcor; brown gloves, Lacoste; lilac wool beret, Diesel; lilac underpants, Diesel; Black Afgano by Nasomatto perfume exract, Fashion Clinic; perfume, Diptyque; tweed gloves, Gant; grey shoes, Gant; white wool jumper, Lacoste; polo neck black and white jumper, Lacoste; striped red and white jumper, Gant; beige poncho, Decenio


CLYDE’S BAG Chapéu preto Gant; sapatos branco e preto Dolce & Gabbana, Fashion Clinic; lenço bordeaux Gant; echarpe seda cinza Dolce & Gabbana, Fashion Clinic; sapatos castanhos Paul Smith, Fashion Clinic; camisa branca Fashion Clinic; colete preto Dolce & Gabbana, Fashion Clinic; gravata Tom Ford, Fashion Clinic; desodorizante Terre D’Hermes Black hat, Gant; Dolce & Gabbana black and white shoes, Fashion Clinic; burgundy scarf, Gant; Dolce & Gabbana grey silk scarf, Fashion Clinic; Paul Smith brown shoes, Fashion Clinic; white shirt, Fashion Clinic; Dolce & Gabbana black waistcoat, Fashion Clinic; Tom Ford tie, Fashion Clinic; deodorant,Terre D’Hermes 11


FOMOS PARA O OUTRO LADO DO MUNDO A 30 KM DE LISBOA


We went to the other side of the world, 30 km from Lisbon

Photography by Cรกtia Castel-Branco Assisted by Yuri Albarran Styling by Carolina Machado Hair & make-up by Antรณnio Carreteiro Models: Bastet Cabeleira, Yulia (Best Models), Miguel Fortes, Eduardo Flemming, Joรฃo Brito, Edite Nascimento Alves

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Serra de Sintra Sintra hills


Cascais

Parando em todas as estações, a viagem de comboio entre Lisboa e Cascais não chega a durar uma hora e o bilhete a custar três euros. Nesta altura em que tempo e dinheiro parecem ser tudo, esta viagem tem o valor único de uma luz que não se repete em nenhuma parte do mundo e só acontece aqui, entre o azul do céu e o azul do mar. Stopping at every station, on the train journey between Lisbon and Cascais, never lasts more than an hour and costs three Euros. At a time when time and money seem to mean everything, this journey has the unique value of a light that is not seen anywhere else in the world and only takes place here, between the blue of the sky and the blue of the sea.


Foto por/photo by Guillermina Lasarte

Cascais era no final do século XIX a pequena vila de casinhas de pescadores e praças solitárias que ainda pode ser imaginada com uma visita à sua parte antiga e sentindo a devoção ao mar que sempre andou por estas bandas. Deve aliás ter sido essa devoção a fazer D. Carlos I, penúltimo rei de Portugal, decidir-se por Cascais como poiso de férias e descanso, arrastando consigo as cortes de dinheiros de várias proveniências que ciclicamente dão fama a sítios e lugares e que tantas vezes acabam por os desfigurar. Às desventuras como monarca, D. Carlos contrapôs os seus méritos científicos e as campanhas e expedições que organizou a bordo do iate Amélia e o patrocínio de pesquisas oceanográficas pioneiras. Mas D. Carlos era também um pintor de boa técnica e olhos criteriosos que terão provavelmente encontrado em Cascais, na sua baía amena, na costa cheia de recortes domesticados e na espuma das ondas em direcção ao Guincho e nas perspectivas da Sintra que ainda ainda se conseguem avistar de qualquer parte, o tema certo para as suas aguarelas clássicas. Nesse tempo gostava-se pouco de grandes rigores de Inverno ou de escaldas de Verão e os relatos e elogios a Cascais, e mais tarde aos Estoris, centram-se em palavras que à época eram fundamentais por reflectirem os valores da ponderação e amenidade. Quando se comparava Cascais com as outras rivieras — Biarritz, Nice e Catânia — elogiava-se-lhe “a pureza da atmosfera”, “a ausência de ventos”, a “igualdade de temperaturas”, as “alamedas de pinheiros”, o “manto de cetim das águas”, a “orla dourada de areia que a babugem das ondas franja de prata” e ficaremos por aqui dado que estes apreciativos foram lentamente desaparecendo com a marcha do século XX. Se a Grande Guerra atrasou os projectos de Fausto de Figueiredo, o Armistício trará novos ventos ao seu projecto de fazer do Estoril lugar de turismo europeu. Nascido no interior de Portugal, Figueiredo rodeou-se de arquitectos franceses — o que era então meio caminho andado — que realizaram os seus sonhos de crescimento da Sociedade

Estoril, o motor que transformaria para sempre a vila de pescadores e o retiro de aristocratas, levantando do chão os hotéis Palácio e Parque, o Tamariz, o casino, o golfe, o ténis e até o tiro aos pombos. O cuidadoso jogo político de Fausto Figueiredo e até mesmo a concessão da linha de comboio de pouco teriam servido sem o “se” do destino que aliou para sempre o nome destas praias dos arredores de Lisboa com os tempos mais duros da Europa. A II Guerra Mundial e o papel de neutralidade de Portugal trataram de fazer de Cascais e o Estoril, dos seus hotéis, chalets e palácios, um destino seguro de refugiados, exilados e apátridas em fuga. Começa aqui a vocação de Cascais para o cosmopolitismo e o seu jeito para servir de pátria a todos os que estão longe do seu país. Manda o costume que chegados a esta parte se faça a enumeração do “quem é quem” e a descrição de factos confirmados, lendas urbanas protagonizadas por beldades, cabeças coroadas e príncipes da finança, espiões maus e espiões bons, encontros em cima e debaixo da mesa. Mas detemo-nos por aqui para dar importância à ideia de que Cascais e o Estoril continuam a ver o mundo num prisma muito característico que se sente tocando à superfície dos pequenos detalhes do dia-a-dia. Estas ainda são moradas dos não-portugueses que aqui se instalam numa babel de nacionalidades — primeiro ingleses e espanhóis, agora brasileiros e angolanos — numa misturada de línguas que se encontram ao final de tarde nas praias do Guincho e à saída dos colégios internacionais ou em casas de chá e pastelarias. Uma clientela rica e conservadora deu às lojas e restaurantes a hipóteses de irem resistindo a modas e modinhas que em Lisboa deram cabo de quase tudo, afirmando que a qualidade é uma bateria que pode durar para sempre: numa rua de sentido único, uma das mais movimentadas da baixa de Cascais, resiste há décadas a livraria independente Galileu que assistiu calmamente à abertura e fecho do outro lado do passeio de uma moderníssima e desinteressante livraria de best-sellers. Só pela Galileu 15



Casaco G-Star; calças e cinto, produção; chapéu vintage, Maria Gonzaga; brinco Ciclón, UMA Atelier Jacket, G-Star; trousers and belt, production’s own; vintage hat, Maria Gonzaga; Ciclón earring, UMA Atelier

e pela ideia que Samuel Beckett andou por ali fugido à cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Literatura vale bem a viagem até Cascais. De preferência ao cair do dia e no tal comboio.

Society, the driver of what came to transform the fishermen’s village and the aristocrats’’ retreat forever, with the raising of the Palácio and Parque hotels, the Tamariz, the casino, golf, tennis and even pigeon shooting, The careful political games of Fausto Figeiredo and even the concession of the railway line would have worked without the “if ” of destiny that forever connected the names of these beaches, on the outskirts of Lisbon, during Europe’s harder times. World War II and Portugal’s neutral role made Cascais and Estoril, their hotels, chalets and palaces, a safe haven for the fleeing, exiled and stateless refugees. This is when Cascais began its vocation for cosmopolitanism and its ability to serve as a homeland to all of those far from their own countries. Tradition says that when one arrives you find out “who’s who” and the description confirms the facts, urban legends protagonized by beautiful women, crowned heads and finance princes, bad spies and good spies, encounters on and under the table. Let us stop here to give due importance to the idea that Cascais and Estoril continue to see the world in a very typical way, which one can feel touching the surface of the small day-to-day details. These are still addresses of the non-Portuguese who settled here in Babel of nationalities. First it was the English and the Spaniards, now it’s the Brazilians and the Angolans – a mixture of languages that can be heard in the late afternoon on Guincho beach, at the exit of the international schools or at tea houses and in pastry shops. The rich and conservative clientele gave shops and restaurants the chance to continue to survive the fads and fashions that put an end to practically everything in Lisbon, stating that quality is a battery that can last forever: on a one way street, one of the busiest in downtown Cascais, is an independent book shop called Galileu that calmly assisted the opening and closing down, on the opposite side of the road, of a very modern and uninteresting book shop that sold best-sellers. Galileu and the idea that Samuel Beckett took refuge there, avoiding the presentation of the Nobel Peace Prize for Literature, are reasons enough to travel to Cascais. Preferably at sunset and on the train.

At the end of the 19th century, Cascais was a small fishermen’s village with little houses and solitary squares which you can still imagine when visiting the old part of town and feeling the devotion to the sea that has always existed here. In fact, it must have been this devotion that made D. Carlos I, the penultimate king of Portugal, choose Cascais as his holiday and rest destination, bringing with him the rich courts from various provenances that cyclically bring fame to places and that so often end up disfiguring them. To his misfortunes as monarch, D. Carlos responded with his scientific merits and the campaigns and expeditions that he organised on board the yacht Amélia, and with his pioneer sponsorship of oceanographic research. D. Carlos was also a skilled painter, with a critical eye, who must have have found in Cascais the perfect theme for his classic water colours, in its calm bay, its coasts full of peaceful inlets, in the foam of the waves heading for Guincho and in the views of Sintra that can still be seen from almost anywhere. In those days, rigorous winters and burning summers were not appreciated very much and the stories about Cascais and the praise it received, as did Estoril later, are focused on words that were fundamental, as they reflect the values of ponderation and amenity. When Cascais was compared to the other Rivieras - Biarritz, Nice and Catania – it was praised for the “purity of the air”, “lack of wind”, “similar temperatures”, “pine tree-lined avenues”, “satin blanket of the waters”, “the golden coastline of sand that the foam from the waves fringe in silver” and we’ll leave it at that as these appreciative comments slowly disappeared in the course of the 20th century. If the Great War destroyed Fausto de Figueiredo’s projects, the Armistice brought new winds to his project of making Estoril a centre of European tourism. Born in the interior of Portugal, he surrounded himself with French architects – which gave him a head start – who fulfilled his dreams of the growth of Estoril 17


Nesta página / This page: Eduardo: casaco G-Star; chapéu vintage, Maria Gonzaga; brinco Ciclón, UMA Atelier Yulia: top Zadig & Voltaire; saia (lenço) Ricardo Preto Eduardo: jacket, G-Star; vintage hat, Maria Gonzaga; Ciclón earring, UMA Atelier Yulia: top, Zadig & Voltaire; skirt (scarf ), Ricardo Preto Agradecimento / Thanks to: 1969 Motorsailor “Halcyon I”

Página oposta / Opposite page: Vestido vintage Maria Gonzaga; sapatos Jeffrey Campbell; carteira Lacoste; nécessaire Louis Vuitton Vintage dress, Maria Gonzaga; shoes, Jeffrey Campbell; bag, Lacoste; toilet bag, Louis Vuitton Agradecimento / Thanks to: Aston Martin


POUSADA DE

CASCAIS CIDADELA HISTORIC HOTEL

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THE OLD THE NEW

&

O projecto da Cidadela quis dar à vila de Cascais uma nova centralidade. Esse foi um dos grandes objectivos dos arquitectos Gonçalo Byrne que desejou antes de tudo que o “espaço voltasse a ter uso como praça urbana que existe dentro de uma muralha”. Entrar nessas muralhas da nova Fortaleza da Cidadela é encontrar uma cidade dentro da cidade onde se pode caminhar pelos percursos dos velhos caminhos de ronda e, da zona do Paiol, avistar o mar e o Farol de Santa Marta. Byrne destaca ainda o aproveitamento dado à antiga Cisterna como “um dos espaços mais bonitos de todo o projecto” e uma estrutura capaz de acolher eventos e públicos. A Pousada de Cascais situa-se a três minutos a pé do centro da vila de Cascais e das suas praias, parques, museus e áreas de compras. Não muito longe fica também o Casino do Estoril e a praia do Guincho. The Cidadela project wanted to provide Cascais with a new centre. That was one of the main objectives of Gonçalo Byrne Architects, which more than anything else wanted “the area to return to being used as an urban square enclosed within enormous walls”. Entering these walls, of the new Cidadela Fortress, is finding a city within the city where one can walk along the former patrol routes and admire the sea and the Santa Marta lighthouse from the ammunition storage area. Byrne also highlights the use given to the former cistern as “one of the most beautiful spaces in the whole project” and a structure capable of hosting events and welcoming the public. The Pousada de Cascais is located three minutes from the centre of the town of Cascais, its beaches, parks, museums and shopping areas. Also not far from here, are the Estoril Casino and Guincho beach.

Restaurante / Restaurant Taberna da Praça


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THE HOTEL Foi inaugurada em 2012 a maior e também a mais recente Pousada de Portugal do Grupo Pestana, um investimento de 20 milhões de euros que permitiram a recuperação da Cidadela de Cascais e do Forte de Nossa Senhora da Luz. Este forte, parte integrante do conjunto de edifícios delimitado pelas muralhas da Cidadela e patrimonialmente classificado, após ter perdido as suas funções militares encontrava-se encerrado há mais de cinco anos. Inseria-se na estrutura defensiva que integrou o plano das linhas de fortificação para defesa da entrada em Lisboa através do rio Tejo e que foram sucessivamente construídas entre os séculos XV e XVII. Já a partir da segunda metade do século XIX o espaço da Cidadela passa a ter também uma função recreativa, sendo desde 1870 a escolha da Família Real Portuguesa para residência de férias. Após 1910, data da Proclamação da República, o Palácio da Cidadela ficará afecto à Presidência da República, tendo sido escolhido por Óscar Carmona, que ali viveu durante quase todo o seu mandato. A estrutura da Cidadela era em tudo semelhante à de uma cidade em ponto pequeno, sendo que nos períodos históricos mais intensos deverá ter acolhido uma população de cerca de mil pessoas, dividida entre guarnição militar, comandos e serviços. Toda esta estrutura de cidade fez deste espaço um grande atractivo, na medida em que permitiu um projecto inovador de regeneração urbana. Assinado pelos arquitectos Gonçalo Byrne e David Sinclair, o projecto teve ligação permanente com rigorosos critérios de respeito ambiental e valorização do património envolvente. Byrne diz que desejou antes de tudo que o espaço “voltasse a ter uso como praça urbana que existe dentro de uma muralha”. O seu objectivo foi transformar mas dialogando com todas as dificuldades resultantes de “projectar em cima de um edifício classificado e ainda para mais totalmente virado para o interior, valorizando e conservando o património existente, dando-lhe contudo uma utilidade doméstica, hoteleira, residencial”. É esta variedade de desafios que dá riqueza à Pousada de Cascais, como se as dificuldades tivessem tido a última palavra no momento de encontrar soluções criativas como as que podem ser vistas na piscina, nas áreas públicas, nos terraços. Assim, é característica desta Pousada a abundância de tipologia de quartos, resultado dos desafios encontrados. Uns têm uma relação directa com o mar e fazem parte do único corpo acrescentado, sendo que a outra parte apenas se relaciona com o interior, visto não ser possível, sem subverter o original, criar janelas numa muralha que em determinadas áreas chega a ter dez metros de espessura. É um edifício que faz parte de Cascais e que todos podem percorrer. A Cidadela tornou-se uma nova área pública com percursos interessantes como os velhos caminhos de ronda. Do aproveitamento da Cisterna resultou um dos espaços mais bonitos de todo o projecto, do qual se destacam ainda o corredor ondulante que acompanha a topografia do terreno ao longo de cem metros, as abóbadas integradas nos quartos e paredes de grande espessura. As diferenças de materiais usados, como o aço corten para os edifícios mais recentes, permitiu uma diferenciação imediata do que é histórico e antigo daquilo que é moderno. Por tudo isto, a Pousada de Cascais é membro do “The Leading Hotels of the World”, insígnia que a coloca entre os hotéis mais luxuosos do mundo.


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In 2012, the Pestana Group’s largest and most recent Pousada de Portugal was inaugurated, an investment of 20 million Euros that included the recovery of the Cidadela de Cascais and the Nossa Senhora da Luz Fort. This fort, an integral part of the group of buildings, delimited by the Cidadela walls and classified in heritage terms, having lost its military functions, had been closed for more than five years. It was part of the defensive structure of the fortification plan for the defence of the entry into Lisbon by the Tagus River and was successively built between the 15th and 17th centuries. Later, from the second half of the 19th century, the Cidadela also began to serve a recreational purpose and was chosen by the Portuguese Royal Family as a holiday residence. From 1910, the date of the Proclamation of the Republic, the Cidadela Palace became associated to the Presidency of the Republic and Óscar Carmona chose to live there throughout practically all his mandate. The structure of the Cidadela was similar to that of a small city and during more intensive historic periods must have lodged about a thousand people, including the military garrison, commands and services. This citylike structure made it a very attractive area and led to an innovative project of urban regeneration. The project, by Gonçalo Byrne and David Sinclair, strongly adhered to strict criteria of respect for the surrounding environment and heritage. Byrne claims that more than anything else, he wanted the area “to return to being used as an urban square enclosed within enormous walls”. His objective was to transform, whilst dealing with all the difficulties that arise when “developing a project on top of a classified building that totally faced inwards, preserving and adding value to the existing heritage whilst giving it a domestic, hotel and residential use”. This variety of challenges brings wealth to the Pousada de Cascais and the difficulties could have had the last word had it not been for the creative solutions found such as those that can be seen at the pool, the public areas and terraces. The abundance of different types of rooms was a result of the challenges faced. Some of them directly overlook the sea and are part of the only area that was added, the other parts only face the interior, as it was impossible, without subverting the original structure, to put windows on a huge wall that at certain parts is as wide as ten metres. It’s a building that is part of Cascais and that everyone can visit. The Cidadela has become a new public area with interesting walks such as along the former patrol routes. The Cistern was transformed into one of the project’s most beautiful spaces, a long wavy corridor follows the ground’s topography along a 100 metre stretch and the domes are integrated into the rooms and the very thick walls. The difference in the materials used, such as corten steel for the more recent buildings, allows one to immediately distinguish the historic from the modern. Due to all of this, the Pousada de Cascais is a member of “The Leading Hotels of the World”, making it one of the world’s most luxurious hotels.

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A Cidadela ĂŠ um edifĂ­cio que faz parte de Cascais e que todos podem percorrer The Cidadela is a building that is part of Cascais that everyone can visit


Restaurante / Restaurant Maris Stella

In the renovated Armas Square, an ancient storage area for military support materials now gives way to a series of small designer shops and ateliers. Facing these is the square’s Taberna da Praça Restaurant, distributed on two floors and with an open-air area with unpretentious spaces designed for relaxation. Its selection of typical Portuguese “tapas” are served in small portions, allowing one to revisit the best of Portuguese traditional cuisine, respecting the seasons of the year and the best local products. The initial project for the Maris Stella Restaurant was to create an area for serving light meals by the pool and at the well-being centre of the Pousada de Cascais. However, the cuisine orchestrated by Chef Manuel Alexandre and the tables that are practically on top of the sea, quickly made the Maris Stella a landmark. This winter, it will also be here where the latest suggestions by Manuel Alexandre who, together with Aimé Barroyer, chef at Tavares Restaurant, went down a rock salt mine in search of one of the raw materials for his most recent creation: salt, in an almost pure state, extracted from more than 200 metres below the surface, is the only condiment necessary, for a new way to cook.

Na renovada Praça de Armas, um antigo volume de apoio militar dá agora lugar a uma matriz de pequenas lojas e ateliers de assinatura. Fronteiro a este encontramos o restaurante Taberna da Praça que se distribui por dois andares e uma esplanada capazes de criar pequenos espaços sem pretensões e desenhados para a descontracção. A sua montra de petiscos do receituário tradicional serve-se em pequenas doses e permite-nos revisitar a memória da cozinha portuguesa, respeitando as estações do ano a procurando os melhores produtos locais. O projecto inicial do restaurante Maris Stella foi o de criar uma zona de refeições ligeiras que desse cobertura à piscina e ao centro de bem estar da Pousada de Cascais. Porém, o critério da cozinha orquestrada pelo Chef Manuel Alexandre e as mesas quase em cima do mar fizeram rapidamente do Maris Stella uma referência. Este inverno, será também aqui que se vai poder conhecer a última proposta de Manuel Alexandre que, juntamente com Aimé Barroyer, chef do restaurante Tavares, desceu até às Minas de Sal-Gema em busca de uma das matérias da sua mais recente criação: sal em estado quase puro que extraído a mais de 200 metros da superfície é o único condimento necessário para uma nova forma de cozinhar. 27



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Centenรกrias palmeiras imperiais cercam o exterior da Cidadela de Cascais Century-old Royal Palm trees surround the outside of the Cidadela de Cascais


Yulia: Vestido Mango; chapĂŠu vintage, Maria Gonzaga Miguel: Fato Gucci, Fashion Clinic; camisa, Fashion Clinic; gravata Tom Ford, Fashion Clinic Yulia: Dress, Mango; vintage hat, Maria Gonzaga Miguel: Gucci suit, Fashion Clinic; shirt, Fashion Clinic; Tom Ford tie, Fashion Clinic



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Quarto com vista para o mar / room with sea view

Pousada de Cascais, Fortaleza da Cidadela: de 01/11/2012 até 31/03/2013 €150/noite em quarto duplo (excepto Fim de Ano) Pousada de Cascais, Fortaleza da Cidade: from 01/11/2012 until 31/03/2013 €150/night in a double room (except New Years)


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Capacete Diesel; blazer Emilio Pucci, Chiado nº 8; saia Herver Leger, Fashion Clinic; sapatos Luís Onofre; fato de corrida vintage, Maria Gonzaga

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Helmet, Diesel; Emilio Pucci blazer, Chiado nº 8; Herver Leger skirt, Fashion Clinic; shoes, Luís Onofre; vintage tracksuit, Maria Gonzaga


Bastet: Top Emilio Pucci, Chiado nº 8 João: Fato Christian Dior, Fashion Clinic; camisa Fashion Clinic; relógio Jaeger-LeCoultre, Machado Joalheiros Bastet: Emilio Pucci top, Chiado nº 8 João: Christian Dior suit, Fashion Clinic; shirt, Fashion Clinic; Jaeger-LeCoultre watch, Machado Joalheiros

A discoteca privada / The private disco


Seja responsável. Beba com moderação. Be responsible. Drink with moderation.

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Bronze Medal Challenge International du Vin Bordeaux – 2009

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Gold Medal International Wine Challenge London – 2011

Bronze Medal Challenge International du Vin Bordeaux – 2009

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Silver Medal International Wine Challenge London – 2009

87 Points Wine Advocate Harvest– 2009

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New Release 2012


DUO DINÂMICO DYNAMIC DUO

A informalidade – que é por acaso uma palavra bastante formal – é em Cascais uma maneira de estar. Aqui não se troca uma conversa noite dentro por um ir para cama cedo. Aqui mi casa es tu casa. Aqui, nem que seja interiormente, as pessoas tratam-se por tu. Estudiosos deste microclima relacional de Cascais, mais arejado do que o de Lisboa e menos rigoroso do que o de Sintra, dizem que é com certeza resultado da exposição prolongada aos efeitos benéficos do mar – capazes de situar as prioridades de uma vida que será sempre demasiado curta para ser construída em cima de preocupações. É uma onda que toca a todos, mesmo em vidas preenchidas como as de Carlos Carreiras e Maria do Céu Garcia, presidente da Câmara Municipal de Cascais e sua adjunta, que chegaram à Fortaleza da Cidadela em contra-relógio mas com tempo e vontade de apresentarem o seu projecto para a vila. Carlos Carreiras defende a diferença como pedra de toque e aponta o Museu Castro Guimarães, fundado em 1931, e a proposta do arquitecto Souto Moura para a Casa das Histórias, sede da colecção Paula Rego, como exemplos do tipo de “diferença complementar” em que acredita como projecto urbano. Enquanto isso, Maria do Céu Garcia abriu um precedente na sua agenda e aceitou ser requisitada para uma sessão fotográfica.

Vestido Lanvin, Loja das Meias; estola vintage, Maria Gonzaga Lanvin dress, Loja das Meias; vintage stole, Maria Gonzaga

Informality, which by the way is a very formal word – is a way of being in Cascais. Here people prefer to stay up all night talking than to have an early night. Here, it’s mi casa es tu casa. Here, amongst themselves, people treat each other using the informal “tu” form. Academics who study the Cascais micro-climate, more breezy than in Lisbon and less rigorous than that of Sintra, say that it is certainly due to the prolonged exposure to the beneficial effects of the sea – capable of defining priorities in a life that is too short to be spent worrying. It’s a wave that is affecting all of us, even those with very busy schedules such as Carlos Carreiras and Maria do Céu Garcia, the Mayor of Cascais and his Deputy, who arrived at the Cidadela Fortress racing against the clock but with the time and will to present their project for the town. Carlos Carreiras defends difference as the cornerstone and points to the Castro Guimarães Museum, founded in 1931, and the proposal by the architect Souto Moura, for the Casa das Histórias Museum, home to the Paula Rego collection, as examples of the “complementary difference” that he believes in, as an urban project. Meanwhile, Céu Garcia set a precedent and agreed to participate in a photography session.


QUINTAS | THURSDAY

SEXTAS | FRIDAYS

VIVA LAS VEGAS

POWER OF LOVE

TRIBUTE Featuring Gregg Clemons

TRIBUTE Featuring Cristina Barbosa


DIÁRIO DE VIAGEM / TRAVEL DIARY: WLADIMIR KAMINER

PORTUGAL: UMA HISTÓRIA DE ENCANTAR PORTUGAL: AN ENCHANTING STORY

Wladimir Kaminer vem da Europa do outro lado. Nasceu em Moscovo em 1967 mas hoje é um senhor da cena berlinense onde as suas noites de russendisko — encontro da pop russa de ontem e de hoje — ganharam estatuto de lenda. Wladimir passou por Portugal para apresentar o seu livro “Viagem a Tralalá”, pôr música no Cais do Sodré e passear-se de boca aberta pelas Pousadas de Portugal. À saída, deixou-nos este seu diário. Wladimir Kaminer comes from the other side of Europe. Born in Moscow, in 1967, but now a man of the Berlin scene, where his Russendisko nights (an encounter between Russian pop of the past and present), have become legendary. Wladimir passed through Portugal to present his book, “Viagem a Tralalá”, to DJ at Cais do Sodré and to visit, mouth agape, the Pousadas de Portugal. Before he departed, he left us his diary.


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palácio diferente, e ríamo-nos ao imaginar o que diria um alemão perante esta pompa. Que pensaria ele do resplendor da Pousada Santa Isabel – uma declaração de amor em pedra branca, que o rei D. Diniz mandou construir para a sua mulher, a rainha Santa Isabel – em Estremoz, a cidade de mármore? Caramba, é o que ele provavelmente pensaria, estes portugueses sempre foram uns mãosrotas. Não admira que agora estejam em crise. Aparentemente, os ricos de Portugal nunca tiveram planos concretos sobre como aplicar bem o seu dinheiro, pelo que perdiam a cabeça e desatavam a construir palácios para a família, os cavalos e as amantes. À semelhança das ostras na sua concha, os portugueses vivem nas suas Pousadas como numa arca do tesouro com vista para o mar – na Pousada de Cascais, por exemplo, onde durante a noite as ondas quase vieram bater contra o quarto. Também há hotéis longe do mar, como o Pestana Palace em Lisboa, que convida à meditação e ao sossego. E que diz sobre isso o português? Abana a cabeça, e fica calado. O mundo nunca compreendeu os portugueses. Enquanto os outros impérios coloniais enxameavam pelo mundo a roubar e a matar, o português cuidava simplesmente de levar os valores humanitários da Europa à selva. Queria integrar as pessoas de continentes distantes no contexto de desenvolvimento europeu. Com a intenção de melhorar o entendimento entre os povos levou os africanos para a América e a Europa, simultaneamente melhorou o gosto deste continente com novidades exóticas, trouxe para a Europa chocolate, tabaco e outras coisas sem as quais desde então os europeus não conseguem viver. Mas o mundo nunca compreendeu Portugal, o que levou os portugueses a abandonar as grandes viagens, preferindo ficar em

ltimamente quase todos os europeus, esses casados de fresco, andam zangados uns com os outros. A maior parte deles diz mal da Alemanha, porque o país que até agora menos sofreu as consequências da crise se está a armar em importante. Os ricos enervam-se com os pobres, os pobres com os ricos. Os dois lados sentem-se enganados. Mas por quem? Quem é o demónio invisível a quem todos devem algo, e que derrota um país após outro, qual é o seu apelido? Ele não revela o nome. Em vez disso, os jornais falam sobre uma “ilha dos cegos” na Grécia – uma ilha na qual há um número extraordinário de deficientes visuais. Uma investigação estatal independente mostrou que apenas alguns deles tinham problemas de visão, os restantes eram simuladores que, com a ajuda de um médico corrupto e um presidente da Câmara corrupto, queriam receber uma reforma por invalidez. Desde que a tramóia foi descoberta, os verdadeiros cegos não se atrevem a sair da ilha, temendo que lhes dêem uma tareia com a sua própria bengala de cego. Portugal ainda merece menos esta crise. Os portugueses desenvolveram a economia sempre com afinco e sustentabilidade, talvez exagerando um pouco na construção de prédios novos e no desleixo dos antigos. Foi essa a minha impressão durante a viagem que fiz a convite da minha editora portuguesa. O livro “Viagem a Tralalá”, que na realidade fala da insensatez das viagens, foi traduzido para português – e pude passear em Portugal com a minha mulher. Já tínhamos estado várias vezes em Portugal. Uma

“À semelhança das ostras na sua concha, os portugueses vivem nas suas Pousadas como numa arca do tesouro com vista para o mar” casa. Afinal de contas, o que há no mundo que não exista em Portugal? Bom vinho? Gastronomia excelente? Mulheres bonitas? Não falta nada. Nem as vistas largas, característica de todos os que vivem junto do mar – até os cegos gregos as têm. Tudo existia já antes de nós, e continuará a existir depois de nós, como o marulhar das ondas, a luz das estrelas e o sofrimento do Homem, que sai de uma crise para mergulhar na seguinte. Que se pode fazer? O melhor é, para além de manter o sangue-frio e saborear a vida, fazer – para usar a expressão que ultimamente a minha mulher usa para louvar a maneira certa de estar na vida – “como o português na Pousada”.

vez, no âmbito de um trabalho sobre bares, visitámos Lisboa para ir conhecer os bares mais remotos da Europa, junto à costa atlântica. Outra vez estivemos com os nossos filhos na capital secreta do país: o Porto – para dar a conhecer à nova geração o milagre de um vinho do Porto realmente bom. Apenas do ponto de vista teórico, como é óbvio. Mas desta vez fomos conhecer um Portugal muito diferente. O nosso patrocinador, o Grupo Pestana, que tem hotéis em inúmeros palácios, transformou a nossa viagem num conto de fadas. Nos palácios, uma pessoa perde a noção do tempo, e sente-se ela própria um rei – ou um seu substituto. Em todos os países da Europa há inúmeros castelos e palácios que testemunham o esplendor de tempos passados. Cada país dá ao seu património mundial um destino diverso. Os alemães e os franceses gostam de transformar qualquer fortificação medieval em museu – com a respectiva arquitectura de exposições. O visitante curioso pode ver lá as calças, o casaco e a colher do último senhor do burgo – a maior parte deles fazia uma vida frugal, sem muito que valesse a pena ver. Os italianos e os espanhóis gostam de instalar burocratas nos antigos palácios, usam as casas como edifícios governamentais nos quais se unem o passado e o presente. Os portugueses optaram por uma solução mais pragmática. Museus e edifícios governamentais já têm eles de sobra, pelo que transformaram as construções mais impressionantes em hotéis, nos quais o turista se pode sentir como um rei. Na nossa breve viagem a Portugal só pudemos ver uma pequena parte deste luxo. Dormimos todas as noites num

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ately, almost all Europeans, those newlyweds, are cross at one and other. Most of them speak badly of Germany, as it’s the country that has suffered least, up until now, from the consequences of the crisis and they are acting very self-important. The rich are irritated with the poor, the poor with the rich. Both sides feel they have been cheated. But by whom? What is the invisible devil that everyone owes something to, that defeats one country after another, what’s it called? It doesn’t reveal its name. Instead of that, the newspapers talk about the “island of the blind” in Greece – an island where there is an extraordinary number of visually impaired people. An independent state investigation revealed that only some of them had problems with their sight, the others were pretending, with the help of corrupt doctors 43


and mayors, as they wanted to receive a disability pension. Since the scam was uncovered, the real blind don’t dare leave the island, fearing they will be beaten with their own walking canes. Portugal deserves this crisis less. The Portuguese have always developed their economy with tenacity and sustainability, maybe exaggerating a little in the construction of new buildings and neglecting the old ones. That was the impression I was left with during the trip I made there upon invitation by my Portuguese publisher. The book, “Viagem a Tralalá”, that really discusses the absurdity of travel, was translated into Portuguese and I was lucky enough to visit Portugal with my wife. We had been there various times. Once, as part of a job we were doing on bars, we visited Lisbon to get to know Europe’s most remote bars on the Atlantic coast. Another time we were with our children at the country’s secret capital, Porto, so that the new generation could get to know the miracle of really good Port wine. Just from a theoretical perspective, obviously. This time, however, we went to get to know a very different Portugal. Our sponsor, the Pestana Group, that has hotels in countless palaces,

all the splendour of the Pousada Santa Isabel – a declaration of love in white stone that King D. Diniz had built for his wife, Queen Santa Isabel – in Estremoz, the city of marble? Goodness, what they probably would have thought is that these Portuguese have always been overextravagant. No wonder they’re going through a crisis. Apparently, the rich in Portugal never had any concrete plans about where to invest their money wisely, so they would go mad and start building palaces for their families, horses and lovers. Like oysters in their shells, the Portuguese live in their Pousadas like a chest-full of treasures with a view to the sea – at the Pousada in Cascais, for example, where during the night the waves practically crash against the bedroom. There are also hotels far from the sea, like the Pestana Palace in Lisbon, which invites one to meditate and rest. So what do the Portuguese say about all this? They shake their heads and remain silent. The world will never understand the Portuguese. Whilst the other imperial colonials swarmed across the world stealing and killing, the Portuguese quite simply took care of taking Europe’s humanitarian values to the jungle. They wanted to integrate peoples from distant continents into European

“Like oysters in their shells, the Portuguese enjoy their Pousadas like a chest-full of treasures with a view to the sea” transformed our trip into a fairy tale. In the palaces, one loses track of time and feels like a king – or an acting king. There are numerous castles and palaces in all European countries that testify to the splendour of past times. Each country treats its world heritage in a different way. The Germans and the French like to transform any medieval fortification into a museum – with the corresponding exhibitions. The curious visitor can see the trousers, jackets and spoons of the last lord of the castle – most of them led quite frugal lives, so there is not much of interest to see. The Italians and the Spaniards like to install bureaucrats in the old palaces; they use them as governmental buildings where the past and present come together. The Portuguese opted for a more pragmatic solution. They already have more than enough museums and governmental buildings so they transformed their most impressive buildings into hotels, where a tourist can feel like a king. During our brief trip to Portugal we were only able to see a small part of this luxury. We spent every night in a different palace and we laughed imagining what a German would think of all this pomp. What would the Germans think about

development. Aiming to improve understanding between peoples, they took the Africans to America and Europe and simultaneously improved the taste of this continent with exotic novelties, taking chocolate, tobacco and other things to Europe that the Europeans haven’t been able to live without since. However, the world has never understood Portugal: what made the Portuguese abandon their great discoveries, preferring to stay at home? After all, what existed elsewhere in the world that didn’t exist in Portugal? Good wine? Excellent cuisine? Beautiful women? There’s nothing. Even the blind Greeks have the panoramic views, typical of all those who live by the sea. Everything existed before we did and will continue to exist after us, like the gentle noise of breaking waves, the light of the stars and the suffering of man, who came out of one crisis only to dive into the next one. What can one do? Apart from staying cool and enjoying life, doing – to use an expression that my wife uses lately to praise a certain way of life – “as the Portuguese do in the Pousada”.


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the promised land

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MADEIRA


where the Pestana world began 53


É uma pequena varanda para o mar ou, vista do céu um jardim flutuante. É um incrível pedaço de terra que resistiu ao oceano que a circunda com a energia contagiante que só as ilhas sabem dar. Chama-se Madeira, um dos mais famosos destinos de férias da Europa e merece toda a atenção que lhe possamos dedicar. Tradicionalmente uma ilha onde se ia recuperar forças e visitada desde sempre pelo seu espírito de paz e tranquilidade, a reputação da Madeira de hoje está a mudar. A sua luxuriante natureza, o fundo policromático do seu mar, as levadas, caminhos misteriosos na montanha que nos inspiram a ser mais fortes e melhores, a matriz natural desta ilha exala uma carga positiva tão própria, que chegar à Madeira é encontrar de novo o elo fundamental que liga os Homens e a Natureza. Com a grande vantagem de, lado a lado, estar com o melhor que o turismo português oferece, do hotel Madeira Carlton ao emblemático Casino Park, desenhado pelo arquitecto Oscar Niemeyer. Por todas estas razões, foi na Madeira que a família Pestana iniciou há 40 anos a sua história e acrescentou a esta belíssima paisagem o seu contributo visionário, tornando-se a ilha da Madeira o território simbólico do Grupo Pestana. Terra de aristrocratas, de ingleses elegantes e private clubs onde a bola preta ou branca decidiam quem seria o próximo membro, a sobranceria da ilha da Madeira, apesar do seu clima semi-tropical, mar quente e maravilhosa comida, nunca permitiu que a transformassem num destino de massas. A Madeira continua assim um pouco snob, protegida pelo mito e pelo segredo bem guardado e só para os conhecedores dos requintados encantos da vida. Ainda bem para nós que só agora sabemos o que andámos a perder.


It’s a small veranda overlooking the sea or, seen from the sky, it’s a floating garden. It’s an incredible piece of land that has resisted the ocean that surrounds it with a contagious energy that only islands can provide. It’s called Madeira, one of Europe’s most famous holiday destinations and it deserves all of our attention. Traditionally an island where one would go to recover strength and for its calm and tranquil spirit, Madeira is changing nowadays. It’s luscious nature, the polychromatic deep of its sea, the “levadas”, those mysterious trails in the mountain that inspire us to be stronger and better, the nature of this island exudes such a unique positive energy that arriving in Madeira is like reencountering the fundamental link between Man and Nature. With the added advantage of having the best that Portuguese tourism has to offer, from the Madeira Carlton to the symbolic casino, designed by the architect, Oscar Niemeyer. For all of these reasons, it was in Madeira that the Pestana family started its story 40 years ago, adding its visionary contribution to this stunning landscape, transforming the Island of Madeira into the symbolic territory of the Pestana Group. Land of aristocrats, the elegant British and the private clubs where the black or white ball decides who will be the next member, the sense of pride of the Island of Madeira, despite its semi-tropical climate, warm sea and marvellous food, never allowed it to become a destination for the masses. Madeira continues to be slightly snobby, protected by the myth and well-kept secret, and only for the most sophisticated connoisseurs of life’s marvels. Thank goodness we have finally discovered what we had been missing. 55


A Madeira é uma construção em socalcos: terraços, varandas, piscinas e finalmente o mar / Madeira is a terraced construction: patios, verandas, pools and finally the sea



Casino Park Hotel, um projecto do arquitecto / a project by the architect Oscar Niemeyer


Nesta ilha o mar não é uma obsessão. No interior, as levadas estendem-se por milhares de quilómetros e são a maneira certa de percorrer uma paisagem por descobrir On this island, sea is not an obession. In the interior, the “Levadas” (mini-canals) extend for thousands of kilometres and are the best way to walk through a landscape to be discovered

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40 anos Grupo Pestana

Em Lisboa, nos dias muito quentes de verão, o calor substitui o azul do céu por uma cor parda e sem graça. É num dia assim que encontramos Dionísio Pestana, sentado na sala de reuniões do segundo andar da Casa de França, a sede em Lisboa do seu Grupo Pestana. Dionísio está à espera que o venham chamar, avisando da chegada do táxi que o vai levar ao aeroporto. Dentro de cinco minutos irá considerar que está atrasado e portanto aproveita o tempo para ir antecipando soluções e planos B. “Ele vive uns cinco anos em antecipação e vai-nos dando pistas de como será. Funciona assim, um pouco à chinês” diz Paulo Prada, responsável jurídico do Grupo, e “sempre em silêncio, com uma solução quando menos se espera”, acrescenta José Theotonio, também um colaborador próximo. A emoldurar Dionísio Pestana está a tradicional estante onde lombadas clássicas se cruzam com fotografias de senhores do mundo. Da janela aberta vêem-se ciprestes, um cedro e as palmeiras que cortam a profundidade de campo que se alcança da Casa de França, a dependência de dois andares protegida pelos muros que envolvem o hotel Pestana Palace, em Lisboa. O Alto de Santo Amaro, no topo da encosta que desce para rua da Junqueira e para o Tejo, foi o contraponto palaciano do operário bairro de Alcântara de finais de XIX. O que é hoje o símbolo do Grupo Pestana é a nova vida de um dos palácios mais representativos de uma cidade romântica, construído no início do século passado para ser morada de José Constantino Dias, um português bem sucedido com o negócio do cacau de São Tomé e Príncipe e feito Marquês de Valle Flor. Quem visita o interior da sede do Grupo Pestana em Lisboa sente-se dominado pelo tom de uma casa financeira, sem imaginar que o back office é funcional como um quartel. Os traços do perfil de Dionísio são fáceis de reter: um relógio suíço, um par de sapatos de uma marca que se tornou o símbolo de uma certa Itália, e um dedo da mão direita irremediavelmente curvado por um jogo de rugby. À sua volta os pertences do monge viajante contemporâneo: uma pequena mala de viagem, um blazer ligeiro para as formalidades, um telemóvel (não um smartphone) e a cópia de embarque que alguém imprimiu com dedicação e sabendo que Dionísio Pestana é um homem em várias frentes – os hotéis, a Empresa de Cervejas da Madeira, a euroAtlantic, a Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, entre outros – e quase nenhum tempo a perder. Outro alguém virá então dizer que o táxi o espera e a resposta será “obrigado”, a palavra mais repetida e finalmente, o arranque de uma força de pernas que o levantam da cadeira com agilidade, sinais da inscrição na categoria física de “touro” que lhe fará a sua personal trainner. Ao perdêlo de vista com a passagem dos portões, José Roquette, que começou a trabalhar no Grupo com a abertura do hotel de Maputo e que agora é administrador, lê-lhe o espírito: “É como se ele soubesse que isto vai ser assim para sempre e que todos os dias, até ao fim da vida, se vai ter de levantar de manhã e sair para o mar”.


Caridade e Dionísio Pestana a bordo do “Edinburgh Castle”, da Cidade do Cabo para a Madeira Caridade and Dionísio Pestana on board the “Edinburgh Castle” on their way from Cape Town to Madeira

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Quem é que de entre os que estão naquela noite no Mónaco, onde se faz a festa da consultora internacional Ernst & Young, sabe o que foi a vida de Manuel Pestana? Quem é que, naquela sala, poderá imaginar o que era a Madeira em 1919? Nesse ano em que nasceu o pai de Dionísio Pestana, a Primeira Guerra Mundial tinha já terminado e o fim dos impérios dava ao mundo outras formas. Não se sabe se os dois bombardeamentos que atingiram o Funchal, conduzidos a partir do mar por uma esquadra de submarinos alemã, foram ouvidos na Ribeira Brava, a aldeia de pescadores que é uma súmula de todas as dificuldades da Madeira: uma povoação entalada no sopé de um vale, frente ao mar, a verdadeira prova de que a Criação andava tortuosa quando passou por aqui. É um erro comum achar-se que a uma acção humana corresponde apenas um motivo e que encontrando esse motivo se descobre a pessoa por detrás dele. Não conhecemos todos os motivos de Manuel Pestana para ter decidido emigrar para a África do Sul mas sabemos que foram tão importantes e tão judiciosos que obrigaram à partida em 1946. Imaginamos claro que foram com certeza razões íntimas, ligadas ao negrume da pobreza que estreita o campo de visão e esperança numa cegueira a que Manuel quis resistir, fugindo. Tinha 27 anos, era um homem baixo e com uma cara onde brilhava o olhar rasgado quando decidiu pedir dinheiro emprestado – conseguimo-lo imaginar, porta em porta, amigo em amigo, conhecido em conhecido, a revelar intenções, a combinar datas de reembolso, a acertar juros para a compra de um bilhete de barco. Sabemos que embarcou num vapor saído do Funchal, com ligação a Lourenço Marques, o nome colonial do que é agora Maputo, capital de Moçambique, instalado na “Turística 2.ª Classe”, sem sala de música, sem bar, sem passeios no deck superior. Sabemos que terá chegado ao destino onde apanhou um comboio na estação desenhada por Eiffel a caminho de Joanesburgo. Não sabemos o que significa o medo de quem partiu para o lugar a que os sonhos deste madeirense chamavam a “terra do ouro” e que esperou o momento certo para saltar no escuro do comboio em movimento depois de ultrapassada a fronteira com a África do Sul e esperar pelo sinal de um conhecido que o viria esperar e guiar até ao seu destino. Bez Valley era uma longa estrada percorrida de um lado e outro pelos campos agrícolas da cintura de Joanesburgo que alimentavam uma cidade rica pela exploração e comércio de ouro. Bez Valley foi também a primeira morada de Manuel Pestana na África do Sul. Dele e de uma comunidade de madeirenses que se organizaram em espírito comunitário para desbravar à força de braços a terra que iam conquistando. Na cadeia de comunidades estrangeiras que formavam este país, no topo estavam os ingleses, holandeses, judeus e alemães que detinham, além da influência política e cultural, os negócios mais sofisticados e rentáveis. Mais abaixo, os trabalhos mais duros, a agricultura, os talhos, os cafés ficavam para os europeus do sul; gregos, italianos e portugueses. Os primeiros anos de Bez Valley fizeram-se a partir de uma comunidade forte, quase toda de madeirenses, unidos pelo trabalho e pela língua. Caridade Pestana, com quem Manuel se tinha casado na Madeira, receberia em 1951 o tão esperado formulário burocrático – a carta de chamada – que a habilitava a juntar-se ao marido na África do Sul depois deste provar que tinha do seu lado trabalho e subsistência. Chegou para ser única mulher entre

“É como se ele soubesse que isto vai ser assim para sempre e que todos os dias, até ao fim da vida, se vai ter de levantar de manhã e sair para o mar” muitos homens, alguns deles seus primos ou pelo menos conhecidos. Desses tempos ficou o desenho de que todos se lembraram: bondade concentrada na forma de uma mulher pequena, ágil e incansável que foi mãe de todos, conquistando o lugar de quem cozinha, lava, remenda. Além disso, era braço direito de Manuel a quem um espírito especial tinha dado o posto de guarda-livros da comunidade. Visto há distância dos anos, o talento para as contas e a delicadeza com que ia investindo e fazendo crescer os tostões de todos, antecipavam já melhores dias. Para Manuel e Caridade Pestana há um encontro fundamental na suas vidas. A Premier Bottle Store era um comércio de venda de bebidas alcoólicas num país em que esta está dependente da concessão de uma licença o que faz da sua venda um lucrativo negócio. A entrada no comércio e a saída do campo agrícola é um salto social que Manuel irá aproveitar, e o fruto de um encontro com um judeu. Em países novos, a mobilidade social existe também para ser vivida e a mudança de casa acontece quando aparece o novo negócio que coincide com o nascimento do único filho do casal: Dionísio. Yeoville era o bairro onde viveram até aos seis anos de Dionísio e pouco depois mudariam para Cyrildene, bairro da comunidade judaica que Manuel Pestana respeitava e cujos hábitos procura repetir em pormenores da vida como a escolha de um médico, de um dentista, de um advogado, de um investimento. Os sábios do conselho judaico informal que Manuel ouvia com atenção fizeram-no ver que o apartheid era uma construção assente na morte e por isso condenada pela justiça entre os Homens. Estávamos ainda no escuro de que a transição na África do Sul se faria com homens como Mandela e de Klerk e que a longa guerra colonial portuguesa fecharia todas as hipóteses de entendimento. Aconselharam-no a diversificar o risco investindo para lá da África do Sul. Estávamos em 1961 e havia o fundo de maneio conseguido por alguns investimentos no mercado de valores e no imobiliário que faziam de Lourenço Marques uma oportunidade de negócio com a construção do Prédio Funchal na baixa da cidade com apartamentos, lojas e escritórios que correu bem e permitiu que se pensasse na construção de um hotel na Madeira. Em 1966 o local estava encontrado e seria no terreno do pequeno Hotel Atlantic, que depois de demolido seria a localização ideal, no topo de uma falésia na parte oeste do Funchal, para o primeiro projecto da M & J Pestana. Conselheiros de Manuel Pestana alertam-no para as dificuldades que encontrará pela frente se entrar sozinho e sem experiência no complexo negócio da hotelaria. Recomenda-lhe então que entregue a gestão a um empresa internacional com créditos firmes no sector. Muitas cartas foram escritas mas só a Sheraton se posiciona e em 1972 é com esta cadeia que é inaugurado o Madeira Sheraton.


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Depois de terminado o curso de Business Management na Universidade de Natal, em Pietermaritzburg, Dionísio planeia a sua vida a partir da banca de investimento, muito por influência de Durval Marques, quadro do Bank of Lisbon. Terminado o curso com uma nota média, e durante as férias, trabalhou na bolsa de Joanesburgo com Rui Teixeira, um português de Moçambique que chegara com um doutoramento em Matemática e Estatística pela Universidade de Lourenço Marques para fundar uma empresa de consultoria especializada em projecções de preços das empresas da bolsa. Tudo se encaminhava até ao ano de 1976, ano em que os Pestana enfrentam finalmente a hipótese de perder tudo em Portugal. É o período do PREC que se seguiu à Revolução de 74 e no seguimento das nacionalizações da banca e dos seguros, viriam as da hotelaria. Na altura em que Dionísio desembarca no Funchal estava a preparar-se a legislação para a intervenção pública neste sector da economia portuguesa, e Manuel começa a perder a esperança no investimento feito na Madeira, pedindo como última hipótese que o filho, então com 24 anos, passe a acompanhar de perto o desenrolar dos acontecimentos. À chegada, a instável tesouraria do hotel, mantido nos primeiros anos de arranque pelos ganhos do Prédio Funchal estava desfeita. Em Moçambique, a Independência ditou também a nacionalização deste activo e a sua conversão em hotel. O comité de boas vindas a Dionísio Pestana era composto por juros, dívidas e sindicatos que o receberam com indiferença. Era apenas o representante dos proprietários e no início instalou a sua secretária por debaixo do patamar de uma escada de serviço de onde via o rendimento tirado com uma taxa de ocupação de 50% ser todo levado pela gestão da cadeia americana de hotéis. Este período que vai de 1976 a 1980 é o dos anos de um expatriado que se apercebe do quente político através dos amigos que vai encontrando no Funchal. “Eu sabia pouco da Revolução, ligava pouco até. O Luigi, por exemplo, tinha uma relação terrível com o que estava a acontecer”. Foram Luigi Valle, filho de um genovês e de uma madeirense, e João Luís Lomelino que marcaram este período, levando-o através das subtilezas da vida social da Madeira, à época uma ilha ainda dominada pela comunidade inglesa que através dos séculos se tinha sentado em cima de um poder económico conquistado com a exploração dos negócios da navegação, hotelaria, produção de vinho e cultivo da canade-açúcar. Os madeirenses, esses, trabalhavam para os ingleses e o caldo político entretanto criado simplificava muitas vezes a realidade através da narrativa “exploradores” e “explorados”. “Na altura em que o conheci

— lembra-se João Luís —, o Dionísio era sul-africano e até a língua portuguesa lhe era distante. Aos sábados comprávamos o Expresso a meias e íamos ler as novidades”. Os trâmites de entrada na sociedade do Funchal eram lentos: “Eu ia ao clube porque o meu pai era amigo de um inglês e o Dionísio começou a vir comigo”. Com ele os amigos são para a vida e as relações são nos dois sentidos. Luigi Valle lembra-se do dia em que numa cerimónia no Funchal “publicamente, ele disse que éramos irmãos. Fiquei emocionadíssimo”. A recuperação do hotel revelou-se demorada e acabou por furar os planos iniciais de Dionísio que chegou ainda a pensar que depois de missão cumprida, no prazo de dois ou três anos, partiria para Londres ou regressaria a Joanesburgo. Mas com o tempo, começa a ganhar confiança e interesse pelo sector. “Fiz visitas às feiras de turismo e vi que olhavam para Portugal como uma maravilha.”, recorda. José Manuel Castelão Costa cruzou-se pela primeira vez com Dionísio em 1983 quando era representante do Estado Português na ITI, a empresa madeirense que detinha o Casino Park. “Ele é mais novo do que eu e quando o conheci estava ainda a aprender. Hoje tenho a certeza de que sabe imensamente mais de turismo do que qualquer um de nós, administradores do Grupo.” A vida dá muitas voltas. No dia em Peter Booth viu Dionísio Pestana a chegar à Universidade de Natal, não teria apostado na hipótese das suas vidas se ligarem como ligaram. Hoje, sentado nos escritórios do Pestana Carlton com o Funchal enquadrado na janela que dá para o seu gabinete, lembra-se de Dionísio do tempo dos cursos de gestão: “Ele era muito bom em números e além disso não gostava de ficar em segundo lugar, era um aluno popular na Universidade. Lembrome dele a chegar no primeiro dia a conduzir um carro italiano”. Esse carro italiano era o contraste da vida de Dionísio com a vida familiar e a decisão de ingressar numa Universidade longe de casa foi ponderada com a vontade de liberdade, autonomia e de tempo para si próprio. Peter lembra-se de passar um período de férias com os Pestana e de ser logo avisado de que ali não havia descanso para ninguém mas sim trabalho. “Aqueles pais adoravam o filho, tudo o que fizeram foi por ele. A meio de um jogo de rugby o Dionísio foi carregado com uma entrada, nada de grave, a mãe entrou pelo campo adentro para ver se estava tudo bem”. Foi também com Peter que Dionísio Pestana encontrou solução para um dos principais problemas da empresa no final da década de 70, inícios de 80, períodos difíceis que, como nota “foram sempre os momentos de evolução do Dionísio”. A estratégia da venda em time sharing foi a de conseguir liquidez num momento em que os bancos não emprestavam dinheiro. Em


Ao centro, Manuel Pestana com Alberto João Jardim e Mário Soares In the centre, Manuel Pestana with Alberto João Jardim and Mário Soares

1983, Dionísio pede a Peter que veja o que está a ser feito com este tipo de negócio na África do Sul e desafia-o também a ir às Canárias onde lhe é recomendado um especialista americano que irá desenvolver um negócio que chegou a representar 35% da facturação do Pestana. O Chairman do Grupo Pestana tem a sua base no Funchal, num andar do Casino Park, um edifício que o arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer projectou e cujo andamento da obra o 25 de Abril apanhou em cheio. Os originais proprietários, uma família goesa, perderam a rédea ao investimento que seria concluído pelo Governo Regional da Madeira. A compra do Casino Park, recorda Dionísio, foi além de um bom investimento o motivo para a separação amigável com a cadeia Sheraton. “A Sheraton tinha um contrato de 50 anos, um contrato americano, leonino. Em 87, quando comprámos o Casino Park, fui falar com eles. Também tinham uma imagem para defender e o facto de termos um segundo hotel na Madeira fez com que decidissem sair. Nessa altura as coisas eram diferentes, o presidente da Sheraton era grego, com uma história parecida com a do meu pai. Havia esse respeito… ambos sabiam que a vida tinha outros valores…” Como Manuel Pestana, John Kapioltas, filho da diáspora grega, umas das mais fortes que deu às costas dos Estados Unidos, encontrou fora do

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território cultural da Europa a hipótese dos actos valerem por si só. Encontraram liberdade. Contas feitas, a compra do Casino Park estava à distância de um passo da decisão final, uma decisão que se ia colar como adesivo ao destino dos Pestana. A Dionísio só faltava a razão maior. Num final de tarde, enquanto tomava um chá com uma amiga, falou-lhe da hipótese do Casino Park. A amiga entusiasmou-o, falando-lhe de Niemeyer e do humanismo do seu trabalho e Dionísio entusiasmou-se ainda mais ao ouvi-la. Tinha-a conhecido uns meses antes e consegue repetir todos os passos desse encontro: “Foi no Carlton, perto dos escritórios onde havia uma sala com uma televisão. Ao final do dia, sempre à mesma hora, ela estava lá. Todos os dias passava para a ver, até que me apaixonei pela Margarida”, sua mulher e mãe dos seus quatros filhos. No Mónaco, no final daquela noite de entrega dos prémios internacionais de empreendedorismo da Ernst & Young, Dionísio Pestana regressou ao quarto de hotel e deteve-se na varanda em frente ao Mediterrâneo. Têm-lhe acontecido bastante nos últimos tempos passar-lhe diante dos olhos esta sua história de uma família chamada Pestana. Talvez seja por isso também que nos últimos tempos tem dado por si a repetir: “Não se esqueçam de que esse é o nome dos meus”.


“It’s as if he knows that it will be like this forever and that every day, until the end of his life, he will have to get up in the morning and go out to sea” In Lisbon, on the very hot days of summer, the heat replaces the blue sky with a grey, lifeless colour. It was on a day like this that we met Dionísio Pestana, sitting in a meeting room on the second floor of Casa de França, the head office of the Pestana Group in Lisbon. Dionísio is waiting to be called, to take a taxi to the airport. In five minutes he will be considered late so he takes time to prepare solutions and a plan B: “He lives five minutes ahead and gives us hints as to what it will be like. He works this way, a little like the Chinese” says Paula Prado, head of the Pestana Group’s legal department and “always quietly, with a solution arising when you least expect it,” adds José Theotinio, also a close colleague. Framing Dionísio Pestana is the traditional shelf with 19th century book spines and photographs of men of the world. From the window one can see cypress trees, a cedar tree and palm trees that cutting through the landscape, lead up to Casa de França, a two-storey building protected by large walls that surround the Pestana Palace in Lisbon. Alto de Santo Amaro, at the top of the slope that leads down to Rua do Junqueira and to the River Tagus, was the palatial contrast of the working class district of Alcântara at the end of the 19th century. What today is the symbol of the Pestana Group is the new life of one of the most symbolic palaces of a romantic city, built at the beginning of the last century as a home for José Constantino Dias, a successful Portuguese man in the cocoa business in São Tomé e Príncipe who became the Marquis of Valle Flor. When visiting the Pestana head office one feels dominated by the classical style of a financial establishment, without imagining that the back office works with all the efficiency of barracks. Dionísio’s profile is easy to remember. A Swiss watch, a pair of shoes by a brand that came to be the symbol of a certain Italy and a finger on his right hand which was bent forever by a rugby game. Surrounding him are the

belongings of a modern traveller: a small suitcase, a light blazer for more formal occasions, a mobile phone (not a Smartphone) and a copy of his boarding pass, printed with dedication and knowing that Dionísio Pestana is a man placed on many fronts – the hotels, the beer company in Madeira, EuroAtlantic, the Madeira Development Company - and with very little time to spare. Another person then comes in to let him know that the taxi is waiting and the response is “thank you”, the words repeated most frequently and finally, he takes off using the force of his legs that agilely lift him off the chair, showing that he is part of the physical category of a “bull” thanks to his personal trainer. As we lose sight of him, as he goes out the door, José Roquette, who started working at the Group as a manager for the hotel in Maputo when it opened, reads his spirit: “It’s as if he knows that it will be like this forever and that every day, until the end of his life, he will have to get up in the morning and go out to sea.” Who, amongst those at the Ernst & Young party in Monaco that night, will know about Manuel Pestana’s life? Who in that room could imagine what Madeira was in 1919? The year when, Dionísio Pestana’s father was born, the First World War was over and the end of the Empires was shaping the world. It is not known whether the two bombs that hit Funchal, launched from the German submarine squadron, were heard at Ribeira Brava, a fishermen’s village which is a sum of Madeira’s difficulties: a village stuck at the foot of a valley, in front of the sea, the living proof that Creation was twisted when it passed through here. It’s a common mistake to believe that human action corresponds only to a reason and that once this reason has been found, one discovers the person behind it. We do not know all of Manuel’s reasons for having decided to immigrate to South Africa but we do know that


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they were so important, so well thought-out, that they made him leave in 1946. We imagine, of course, that they were reasons that were intimately linked to the gloom of poverty that restricts the field of vision and hope in a blindness that Manuel wanted to avoid by running away. He was 27 years old, a short man with almond-shaped shining eyes. When he decided to borrow money – we can imagine him going door to door, friend to friend, acquaintance to acquaintance, revealing his intentions, agreeing dates for repayment and defining interest rates on the money borrowed to pay for the ship fare. We know he embarked on a steamship leaving from Funchal, with a connection to Lourenço Marques, the colonial name of what is now Maputo, the capital of Mozambique, installed in second class, without a music room, a bar or the walks on the top deck. We know that he reached his destination and took a train, from the station designed by Eiffel, to Johannesburg. We do not know the fear one feels when someone has left to go to the place that the dreams of the people of Madeira called the “land of gold”, who have waited for the right moment to leap into the dark, out of a moving train, after having crossed the frontier with South Africa, to wait for someone from Madeira who was going to come to wait for him and guide him to his destination. Bez Valley was a long road, with the farming fields of Johannesburg running alongside it that fed the city that was rich thanks to the exploration and commerce of gold. Bez Valley was also Manuel Pestana’s first address in South Africa. His and that of a community of people from Madeira who organised themselves, in a community spirit, to clear with the strength of their arms, the land that they were conquering. In the chain of foreign communities that formed this country were the British, Dutch, Jews and Germans who held, in addition to political and cultural influence, the sophisticated and profitable businesses. Further below, the harder work and farming, the butchers and the cafés, were left to the Southern Europeans; Greeks, Italians and Portuguese. The first years of Bez Valley were a result of the strength of the strong community, practically all of whom were from Madeira, united by work and language. In 1951, Caridade Pestana, who Manuel had married in Madeira, received the much awaited document – the letter that granted her the right to join her husband in South Africa after he proved that he had a job and means of subsistence. She arrived and was the only woman among many men, mostly from Madeira and some of them her cousins or at least people she knew. The image she had in these days is the one everyone remembers: kindness concentrated in the form of a small, agile, tireless woman who was a mother to everyone, conquering the position of the one who cooks, washes and mends. In addition to all of this she was also Manuel’s right hand. A special spirit had given Manuel the job of book-keeping for the community. If we look back all those years ago, the talent for bills and the delicate way

in which he invested, making everyone’s pennies grow, anticipated the better days to come. For Manuel and Caridade Pestana there is a fundamental encounter in their lives. The Premier Bottle Store sold alcoholic beverages in a country where, to be able to do this, one needs to be granted a licence, making it a very profitable business. The entry into commerce and exit from the agricultural fields was a social jump that Manuel was able to make the most of, fruit of an encounter with a Jew. In new countries, social mobility also exists to be enjoyed and the home move took place when the new business appeared, coinciding with the birth of the couple’s only son: Dionísio. Yeoville was the district where they lived until Dionísio was aged six. Soon after they moved to Cyrildene, a Jewish community that Manuel Pestana respected and whose habits he seeks to repeat in details of his life such as when choosing a doctor, a dentist, a lawyer or an investment. The wise men of the informal Jewish council, who Manuel listened to attentively, made him see that apartheid was a movement based on death and therefore condoned by justice among Man. We still had no idea that the transition in South Africa would take place with men like Mandela and Klerk and that the long Portuguese colonial war would prevent any chances of there being any hopes of reaching an understanding. They advised him to diversify the risk invested outside South Africa. It was 1961 and there was the working capital he had achieved with some investments in the securities and real estate markets that made Lourenço Marques a business opportunity with the construction of the Funchal Building, downtown, with apartments, shops and offices that went well and allowed him to think about building a hotel in Madeira. In 1966, the location was found. It was on the land of the small Hotel Atlantic that, after being demolished, would be the ideal place, on top of a cliff on the west part of Funchal, for the first M & J Pestana project. Manuel’s advisors warned him of the difficulties he would face if he went into the complex hotel business alone and without any experience. They recommended he have the hotel managed by an international company with firm credits in the sector. Many letters were written but only the Sheraton stood out and in 1972 it is with this chain that the Madeira Sheraton was inaugurated. Having completed his Business Management course at Natal University, in Pietermaritzburg, Dionísio plans his life based on Investment Banking, very much due to the influence of Durval Marques, an employee of the Bank of Lisbon. Finishing his course with an average result, he spent his holidays working at the Johannesburg stock market with Rui Teixeira, a Portuguese from Mozambique who arrived in Johannesburg, with a PHD in Mathematics and Statistics from Lourenço Marques University, to found

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a company specialized in cost projection consulting for companies with shares traded on the stock market. Everything was going well until 1976, when the Pestanas were faced with the possibility of losing everything in Portugal. It’s the period of PREC (on-going revolutionary process) that followed the 1974 Revolution when, after the nationalization of the Banking and Insurance sectors, it was the turn of the hospitality sector. When Dionísio arrived in Funchal, the legislation for public intervention in this economic sector was being prepared and Manuel started to lose hope in the investments made in Madeira, asking his son, aged 24, to closely follow the development of events. Upon arrival, the Hotel’s unstable treasury, which in the early years had been maintained by the Funchal Building, was in pieces. In Mozambique, Independence also dictated the nationalization of this asset and its conversion into a hotel. Dionísio’s welcoming committee comprised interest rates, debts and trade unions that treated him with indifference. He was just the representative of the owner and initially he set up his desk under a service staircase from where he saw the income from a 50% rate of occupancy all being taken away by the management of the American hotel chain. This period, between 1976 and 1980, are the years when an expatriate becomes aware of political heat, through a friend he meets regularly in Funchal. “I knew little about the Revolutions, I wasn’t very interested. Luigi, for example, had a terrible relationship with what was going on”. It was Luigi Valle, son of a Genoese father and a mother from Madeira and João Luís Lomelino, who marked the start of this period, taking him through the subtleties of the Madeira social life, at a time when the Island was still dominated by the British community who, throughout centuries, had sat on top of the economic power conquered with the shipping businesses, the hotels, the wine production and the cultivation of sugar cane. The people from Madeira worked for the British and the political melting pot was created from a very often simplified reality through the narrative “explorers” and “exploited”. “When I met him, remembers João Luís”, Dionísio was South African and even the Portuguese language was strange for him. On Saturdays, we would share the money to buy the Portuguese Expresso weekly newspaper to read about the news”. The process of becoming a part of Funchal society was slow “I would go to the club because my father was friends with an Englishman and Dionísio started to come with me.” For him, friends are forever and relationships work both ways. Luigi Valle remembers the day when he publicly “announced that we were brothers, at a ceremony in Funchal, I was deeply moved”. It took a while to get the hotel back and ended up spoiling the initial plans of Dionísio who had thought about going to London or returning to Johannesburg once his mission had been accomplished. In time he began to feel more confident and become more interested in the sector. “I visited tourism fairs and could see that Portugal was considered marvellous”, he remembers. José Manuel Castelão Costa first saw Dionísio in 1983 when he represented the Portuguese State at ITI, a company from Madeira that owned the Casino Park. “He is younger than I am and when first I met him, he was still learning. Now I’m sure he knows much more about tourism than any of us, members of the Group’s board” Life takes many turns. The day Peter Booth saw him for the first time, when Dionísio Pestana was arriving at Natal University, he never would have thought that their lives would become connected the way they did. Today, sitting in the offices of Pestana Carlton, overlooking Funchal, he remembers Dionísio from their days on management courses: “He was very good with

numbers and in addition to that, he never liked to come second, he was a popular student at University. I remember him arriving on his first day driving an Italian car”. This Italian car reflected its contrast with Dionísio’s family life, with his decision to go to University far from home, following his desire for freedom, autonomy and time for himself. “Those parents loved their son, everything they did was for him. During a rugby match, Dionísio was carried out after a scrum, nothing serious, his mother invaded the field to see if everything was O.K.” It was also with Peter that Dionísio Pestana found a solution to the main problems that the Company was facing at the end of the 70s/beginning of the 80s, difficult times that, as he notes “were always the times when Dionísio evolved”. The sales strategy in time-sharing needed to achieve liquidity at a time when the banks didn’t lend money. In 1983, Dionísio asked Peter to see what was being done with this type of business in South Africa and challenged him to go to the Canary Islands where an American specialist was recommended who later developed a business that came to represent 35% of the Pestana Group’s billing. Dionísio Pestana’s base in Funchal, is on a floor of the Pestana Casino Park, a building designed by the architect Oscar Niemeyer that was badly hit by the effects of the revolution of 25 April, when it was being constructed. The original owners, a family from Goa, lost the investment they were due to receive from the Regional Government of Madeira. The purchase of the Casino Park, remembers Dionísio, in addition to being a good investment, was the reason for the friendly split from the Sheraton chain. “The Sheraton had a 50-year contract, an American contract, a binding contract. In ’87, when we bought the Casino Park, I went to talk to them. They also had an image to defend and the fact that we had a second hotel in Madeira made them decide to get out. In those days things were different, the President of the Sheraton was Greek, with a history similar to my father’s, there was that respect…. Both of us knew that there are other values in life…” Like Manuel Pestana, John Kapioltas, son of the Greek Diaspora, one of the strongest to reach the United States, found, outside the cultural territory of Europe, the idea that work pays off. They found freedom. Overall, the purchase of the Casino Park was just a step away from the final decision, a decision that was going to be permanently connected to the destiny of the Pestanas. Dionísio just wanted a bigger reason. One late afternoon, when he was having tea with a friend, he told her about the Casino Park opportunity. His friend made him more interested, telling him about Niemeyer and all the humanism involved in his work and Dionísio got more and more enthusiastic as he heard what she had to say. He had met her a few months before and to this day he can repeat all the steps of that encounter. “It was at the Carlton, near the offices, where there is a television room. Every day, almost always at the same time, she would be there. Every day I would go there to see her, until I fell in love.” Margarida, his wife and mother of his four children. In Monaco, at the end of the Ernst & Young World Entrepreneur Award Ceremony, Dionísio Pestana went back to his hotel room and stood on the veranda facing the Mediterranean. Recently, he has spent a lot of time looking back at the history of a family called Pestana. Maybe it’s for this reason that he has also recently spent a lot of time repeating: “Don’t forget; this name is ours”.

“Mas desta vez fomos conhecer um Portugal muito diferente. O nosso patrocinador, o grupo Pestana, que tem hotéis em inúmeros palácios, transformou a nossa viagem num conto de fadas.”


O primeiro traรงo feito pelo arquitecto Oscar Niemeyer do Casino Park Hotel e Casino The first drawing by the architect Oscar Niemeyer of the Casino Park Hotel & Casino

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Photography by C谩tia Castel-Branco Styling by Carolina Machado Hair & make-up by Ant贸nio Carreteiro Models: Tiago Lobo (Best Models) & Ricardo Claudino (Elite Models)


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Ficar no Pestana Natal é ir mergulhando, sem grandes preocupações, numa das três piscinas ou descer até à praia da Ponta Negra e enfrentar o mar salgado. Sinta-se à vontade para abusar das massagens do spa ou, em versão mais agitada, passar pelo centro de fitness ou radicalizar a sua semana de férias e descanso com passeios de buggy, jipe 4x4, kitesurf ou windsurf, e ainda surf, mergulho ou snorkel. Se viajar com crianças, este também é o seu destino e o Pestana Kids o sítio ideal para as deixar aos pulos de alegria e sempre em segurança. Os almoços acontecem no Takapu e os jantares no Cais da Ribeira e as refeições fora de horas e os copos de fim de dia marcam-se no Piano Bar e na Piscina Barkanoa. Staying at Pestana Natal is diving, without a care in the world, into one of three pools or going down to the Ponta Negra beach to face the salty sea. Feel free to use and abuse of massages at the spa or, for something a little more energetic, drop by the fitness centre or do something more radical during your week of holiday rest, like going for a tour in a beach buggy or a 4 x 4 Jeep, kite surfing or windsurfing, or even scuba diving or snorkelling. If you are travelling with children, this is also a destination for them and the Pestana Kids is the ideal place to leave them, jumping for joy and always in complete safety. Lunches are at Takapu, dinners at Cais da Ribeira and after hour’s food, and drinks in the evening, take place at the Piano Bar and at the Barkanoa Pool.

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Quarto com vista para o mar / room with sea view

Latitude 05º 47’ 42” S e longitude 35º 12’ 34” W. Estamos em Natal, capital do Rio Grande do Norte, estado do Nordeste brasileiro. Vista de cima, ou mais fácil ainda, vista num mapa percebe-se porque lhe chamam uma das “esquinas” da América do Sul e o ponto mais próximo de África e da Europa. Mas é também uma esquina entre a festa, a tradição, as praias e os últimos grandes vestígios da Mata Atlântica. São manhãs que começam tranquilas numa parte do mundo em que o dia nasce cedo e instantâneo, com a força do sol tropical que dura todo o ano. Latitude 05º 47’ 42” S and longitude 35º 12’ 34” W. We are in Natal, the capital of Rio Grande do Norte, in the Northeast region of Brazil. Seen from above, or even better, on a map, one can see why they call it one of the “corners” of South America and the point closest to Africa and Europe. It is also the corner of parties, tradition, beaches and the remains of the Atlantic Forest. Mornings that begin calmly in a part of the world where daybreak is early and instantaneous, with the strength of the tropical sun that lasts throughout the year.

Parque das Dunas


É uma história de crença e devoção. No final da Praia do Meio fica o Forte dos Reis Magos, fortaleza que é um marco dentro da mistura entre lenda e factos provados com que se narra a fundação de Natal pelos portugueses e que se diz ter como data o dia 25 de Dezembro de 1599. Situado à direita da barra do rio Potenji, hoje perto da ponte Newton Navarro, deve o seu nome, segundo consta, também à data do início da sua construção, 6 de Janeiro de 1598, Dia de Reis. Assente sobre os recifes, na sua construção usou-se areia, óleo de baleia, bronze e grandes pedras de granito trazidos de Portugal num trabalho dirigido pelo padre jesuíta Gonçalo de Samperes. It’s a history of faith and devotion. At the end of Praia do Meio is the Forte of Reis Magos (Fortress of the Three Kings), a mark in the combination of legend and proven facts, told about Natal’s foundation by the Portuguese, which they say took place on 25 December, 1599 (note: “Natal” means Christmas in Portuguese). Located to the right of the Potenji River, nowadays close to the Newton Navarro Bridge, it apparently also owes its name to the date it started to be constructed, on 6 January 1598, Three Kings Day. Built on reefs and made of sand, whale oil, bronze and large granite rocks from Portugal, its construction works were managed by the Jesuit priest, Gonçalo de Samperes.

Forte dos Reis Magos

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A figura de Iemanjá, a rainha do mar, é evocada por todos os que entram no oceano e representa também o encontro da tradição africana com a América do Sul The Iemanjá figure, the goddess of the sea whose name is evoked by everyone as they go into the ocean, she represents the encounter of the African tradition with South America


Terraรงo da piscina do / pool terrace of Pestana Natal Beach Resort



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Página ao lado / opposite page: praia do hotel / hotel beach Tiago & Carolina: Calças e cuecas, H&M / Trousers and underwear, H&M Nesta página: o Rio Grande do Norte era o território de origem dos índios potiguares This page: Rio Grande do Norte was the territory of origin of the Potiguar Indians

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A história do buggie é também a história da “indústria brasileira”. Os primeiros destes veículos chegaram dos EUA e os brasileiros foram-lhes dando toques e toques até chegarem ao “bugie”. “Fyber”, “Selvagem” ou “Bugre” são nomes e marcas diferentes para o que é um símbolo da paisagem das praias do Nordeste: potentes motores Volkswagen assentes numa carroçaria leve, aberta e praticamente sem suspensão, e em pneus largos e adaptados aos terrenos arenosos. The history of the buggie is also the history of “Brazilian industry”. They originally came from the USA and the Brazilians kept touching them up until they came up with the “Bugie”, “Fyber”, “Selvagem” or “Bugre”, the different brand names for one of the symbols of the beaches in the Northeast: a powerful Volkswagen engine inside a light body, open, practically without suspension and wide wheels, especially adapted to the sandy terrain.


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Calções vintage, A Outra Face da Lua; vintage shorts, A Outra Face da Lua



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Da imensa lista de praias do litoral nordestino, as praias de Pipa e arredores mantêm-se como as mais reconhecidas. No município de Tibau do Sul, a pouco mais de 80 quilómetros de Natal, Pipa já não é a pobre vila de pescadores dos finais da década de 70 encontrada por surfistas brasileiros à procura de ondas e vida simples. Nesse tempo, Pipa tinha pouco mais para dar além da louca transparência das águas, a areia fina e branca e uma área ainda intacta do que foi a grande Mata Atlântica a estender-se no topo das falésias de 10 metros de altura. Mais ainda, Pipa e os seus spots de surf representavam uma descoberta de modernos navegadores que trataram de as identificar no mapa como as melhores do Brasil: Lajinnha, Praia do Amor, Sororoca, Abacateiro, Lajão, Golfinhos, Poço do Pirambu. A fama desta “terrinha de pescadores” foi crescendo até fazer de Pipa uma das praias mais cosmopolitas de todo o Brasil. Hoje, além de nova morada fixa de muitos que vieram e decidiram ficar para sempre, é uma vila movimentada pela constante partida e chegada de viajantes mas com um crescimento urbano contido pela protecção legal dada pelo seu estatuto de Área de Integração Ambiental. From the extensive list of beaches on the northeast coast, Pipa beach and the surrounding ones are still the ones most widely recognised. A quick car drive, a little more than 80 km below Natal, in the Tibau do Sul municipality, Pipa is no longer the poor fishermen’s village that was found, at the end of the 70s, by Brazilian surfers in search of waves and the simple life. In those days, Pipa had little more to offer than the crazy transparency of the sea, the fine, white sand and an untouched area, what was then the great Atlantic Forest, extending across the top of the cliffs at a height of 10 metres. Pipa and its surf spots were a discovery for the modern seamen who were responsible for mapping the best surfing locations in Brazil: Lajinnha, Praia do Amor, Sororoca, Abacateiro, Lajão, Golfinhos, Poço do Pirambu. The fame of this “little fishermen’s village” grew until Pipa became one of the most cosmopolitan beaches in the whole of Brazil. Nowadays, in addition to being the home of many who came to visit and ended up staying forever, it’s a busy village, thanks to the coming and going of travellers, but with an urban growth that has been contained thanks to the legal protection provided by its Environmental Integration Area status.


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O movimento do surf em Pipa começou no final dos anos 70 e foi uma mistura de amores de verão com a descoberta de um modo de vida simples de uma terra de pescadores. “Desligados da grana”, até cariocas e paulistas encontram nas praias da região de Pipa spots de surf abençoados pela Natureza, pela grande corrente atlântica e pelo fundo do mar assente em rocha. The surf movement in Pipa started at the end of the 70s and it was combination of summer loves and the discovery of the simple way of life of a land of fishermen. “Detached from money”, even the people from Rio de Janeiro and São Paulo discovered surf spots blessed by nature here, thanks to the Atlantic current and the rocky seabed.

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