Caderno da aluna Dandara Crosara

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PARQUE CINEMATOGRÁFICO DE BRASÍLIA


Cinema e arquitetura são formas artísticas e práticas espaciais que constroem o espaço. Maria Helena Braga e Vaz da COSTA em A cena espetacular: cinema e arquitetura urbana na contemporaneidade, 2011



Agradecimentos Este trabalho de graduação só se fez possível graças aos meus grandes provedores, meus pais Daniela e Adauto, que sempre me apoiaram e me incentivaram perante aos meus estudos. Serei eternamente grata aos seus esforços. À minha orientadora Rachel Blumenschein, profissonal e ser humano admirável, que embarcou em minhas ideias, projeto, frustrações e alegrias. Não obstante, agradeço também à minha família e amigos por sempre comemorarem e estarem do meu lado em minhas conquistas. E, em destaque, agradecer aos colaboradores deste trabalho final, que não existiria sem eles: Bárbara Morais, Felipe Cláudio, Matheus D’Olival, Marcella Teixeira e Sophia Rabelo. Meus sinceros agradecimentos.


DANDARA CROSARA GUSTIN CARNEIRO


Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Projetos Expressão e Representação Disciplina 100293 Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo PARQUE CINEMATOGRÁFICO DE BRASÍLIA Dandara Crosara Gustin Carneiro 10.0027270 Orientadora: Profa. Dra. Raquel Naves Blumenschein Banca avaliadora: Ana Suely Zerbini e Luciana Sabóia Fonseca Cruz Banca convidada: Eliel Américo Santana da Silva Brasília 06 | 2016


PARQUE CINEMATOGRÁFICO DE BRASÍLIA


Abstract The demand for entertainment is growing, innovating itself while new incentives for the promotion of culture are being created. Among these forms of entertainment, film production occupies a prominent position as form to generate knowledge and a great mover of the economy on many levels. Brazil still does not have an adequate space with necessary infrastructure to produce majestic film productions when compared to Hollywood, for example. Thus, it is necessary to create a complex that provides all the activities for the realization of this great film production possible. So, it is born the Brasilia Film Production Park.

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Resumo A demanda pelo entretenimento vem crescendo, se inovando ao mesmo tempo em que são criados novos incentivos para à promoção da cultura. Dentre estas formas de entretenimento, a produção cinematográfica ocupa uma posição de destaque como forma geradora de conhecimento e grande movimentadora da economia em vários níveis. No Brasil ainda não se possuem espaços adequados com infraestrutura necessária para majestosas produções cinematográficas quando comparadas a Hollywood, por exemplo. Desta forma, faz-se necessário, a criação de um complexo que forneça todas as atividades para que seja possível a realização desta grande produção cinematográfica. Nasce ai o Parque Cinematográfico de Brasília.


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 16

5 CONDICIONANTES 40

17 Estrutura do plano de trabalho

41 Econômicas

18

O parque

42 Culturais

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A cinematografia e o cinema

17

Objetivos gerais

2 O CINEMA NO BRASIL 22

40

Políticas públicas

6 PARTICULARIDADEs ESPECÍFICAS 46 46 Sustentabilidade

22

A história do cinema no brasil

47 Construtivas

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Cinema e tv - a criação da rede globo

47

Logístico e comportamental

24 Gêneros mais recorrentes no cinema brasileiro

3 O CINEMA EM BRASÍLIA 28 31

Festival de cinema de brasília

31

Polo de cinema e vídeo grande otelo, sobradinho df

4 ETAPAS DE PRODUÇÃO DE UM FILME 34 34

Pré produção

36 Produção 37

Pós-produção

7 REFERÊNCIAS 52 62

Complexo

64

Linguagem arquitetônica


8 CONCEITOS E DIRETRIZES 68 9 LOCALIZAÇÃO 74 74 Regional 75

Local

11 PARTIDO 86 86

Estudo de eixos

87

Público e privado

88 Diagrama de bolha e conectores 89

Macro zoneamento e sugestão viária

90 Croquis

76 Escolha do terreno

10 PROGRAMA DE NECESSIDADES 82

12 URBANO 94 94

Planta baixa

98

Áreas verdes e modificação das curvas de nível

100

Sistema viário

102 Zoneamento 104 Detalhamento urbano 116

Praça central

13 EDIFÍCIOS CARACTERÍSTICOS 130 132

Salas de cinema e teatro de premiações

134

Cidade cenográfica

136

Pré e pós-produção

140 Estúdios de gravação 146

Fábrica de cenários

148 Tanque



1 INTRODUÇÃO


INTRODUÇÃO

Este trabalho busca criar um complexo que contribua para o desenvolvimento da indústria cinematográfica brasileira, consequentemente, para o lazer e promoção da cultura do povo brasileiro. Unindo arquitetura e cinema, na tentativa de expansão deste vasto campo, nasceu a ideia de se somar mais um ponto turístico a Brasília: o Parque Cinematográfico de Brasília. Não existe no Brasil, nenhum centro de produção destinado unicamente ao cinema, com infraestrutura e espaços necessários para serem devidamente desenvolvidas as atividades essenciais à produção cinematográfica. Da mesma forma, finda promover a descentralização da produção de entretenimento do eixo Rio-São Paulo, abrindo novos horizontes e oportunidades no país. Não obstante, o Parque irá contribuir para a economia do DF, da região e do país, com o intuito de alavancar uma nova era no cinema brasileiro, consolidando o mesmo como arte e parte substancial na indústria nacional de entretenimento. Dando assim,

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o devido espaço para a produção de filmes nacionais. Por exigir de um vasto programa de necessidades com diversas edificações de variados usos, abrigar um grande contingente populacional rotativo desde alunos, staff, profissionais da área e população visitante, serviço de hotelaria e salas de entretenimento, nada mais condizente do que este complexo ser inserido em um contexto de parque urbano. O Parque Cinematográfico de Brasília irá proporcionar acesso a todas as atividades necessárias para a produção de um filme, desde espaços que estimulem a escrita de roteiros, cidades cenográficas, estúdios, salas para a finalização de filmes, todos os ambientes de apoio, campus universitário e área destinada a habitação (permanente ou transitória). O terreno que abrange uma área de aproximadamente 600.000 m2 está localizado na parte norte do DF, com topografia privilegiada, próximo à junção da Via EPIA e do Eixão, abaixo do

balão da Granja do Torto. Próximo a várias RAs, apresentaria mão de obra e moradias próximas, além da chegada facilitada de transporte público, materiais e equipamentos, vindos do CIA, SAAN, aeroporto e etc. A fim de gerar um zoneamento funcional para o Parque, respeitando o caráter sigiloso da produção cinematográfica, foram estabelecidos eixos estruturadores baseados na topografia do terreno tirando proveito das visuais proporcionadas por sua localização, proximidades e funções das vias. O norte do Parque ficou destinado ao campus universitário, zonas de entretenimento e hotel, já o sul ficou destinados às atividades específicas, setor habitacional e comercial lindeiros à EPIA. Ao longo do eixo central (divisor norte e sul), foi estabelecido uma grande praça com edifícios-cenários comerciais integrando as atividades. Ciclovias e pistas de caminhada foram distribuídas ao longo de todo o complexo, priorizando o pedestre e facilitando os acessos.


OBJETIVOS GERAIS O principal objetivo deste Trabalho Final de Graduação é a criação de um centro de referência nacional e internacional de pré-produção, produção e pós-produção cinematográfica no Brasil. Desta forma, o produto final se dá com a criação de um mapa com projeção dos possíveis edifícios necessários para o total funcionamento do complexo baseado na diversidade de usos a fim de abastecer as atividades desenvolvidas no complexo do Parque Cinematográfico de Brasília.

ESTRUTURA DO PLANO DE TRABALHO A estrutura deste caderno foi gerada a partir de três macro partes que são: a teorização do tema, a coleta de dados e a parte projetual. Na parte de teorização tem-se a elucidação, primeiramente, de conceitos básicos para o desenvolvimento do projeto: a questão do parque, da cinematografia e o cinema. Logo após, será então abordada a historicidade do Cinema no Brasil, fundamentando o crescimento do mercado no país e o panorama do cinema em Brasília. Concluindo a parte de teorização com as condicionantes necessárias para a existência deste projeto e suas particularidades. Logo em seguida é iniciada a coleta de dados técnicos advinda da análise de referências relativas ao complexo, desenho urbano e linguagem

arquitetônica. E a partir do estudo da fundamentação e das referências, será explanada a escolha da localização em que o projeto será implantado e o programa de necessidades proposto para o Parque Cinematográfico de Brasília.

Uma vez que concluída a etapa anterior, é iniciada a parte de projeto deixando claro os conceitos e diretrizes, os estudos urbanísticos de todo o complexo do Parque Cinematográfico de Brasília com imagens de pontos importantes do complexo. Os tópicos a seguir iniciam a fundamentação do tema quanto à estruturação do complexo do projeto em um parque e a questão de semântica quanto à cinematografia e ao cinema.

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O PARQUE

The Mall - Central Parque, Nova Iorque

parque par.que

s.m. 1 terreno relativamente extenso, cercado e arborizado, destinado à recreação. 2 Jardim extenso, particular ou público. (...) (HOUAISS, 2001 p.2137)

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Partindo do princípio listado acima relativo a “terrenos extensos arborizados”, a ideia do parque é proporcionar uma ideia de vida urbana dentro do Parque Cinematográfico. Permeado pela natureza, o parque é o elemento organizacional, delimitador e zoneador dos edifícios inseridos nele e não o contrário. Porém, o parque urbano em questão, difere do conceito senso comum de parque como sendo área pública (Secretaria do Meio Ambiente) pois certos acessos à parte interna de atividades específicas, serão restritos devido ao caráter sigiloso das atividades desenvolvidas no local. Sendo assim, é caracterizado como parque urbano por estar situado em uma área urbana, contendo áreas verdes, mas com certos acessos restritos, abertos para uso controlado.

Como o Parque Cinematográfico, para o pleno desenvolvimento de suas atividades, envolve além da tecnologia de ponta, um processo criativo intenso, este ambiente externo, irá contribuir em diferentes níveis de abstração. Com o intuito de criar e simular o ambiente construído em diferentes percepções, cognição, memória, reflexão, intuição, terapia e linguagem (GOUVEIA, 2001), todas articuladas entre si, serão destinadas áreas para espaços lúdicos verdes distribuídas ao longo do complexo. Proporciona assim uma melhor qualidade de vida, ambientes mais agradáveis aos trabalhadores, um aconchego à nível da escala humana e oferecendo o contato com a natureza, alegria, interatividade, imaginação e fantasia.


A CINEMATOGRAFIA E O CINEMA cinematográfico ci.ne.ma.to.grá.fi.co

adj. 1 Relativo à cinematografia e a cinema. 2 Relativo a cinema como meio de expressão. (...) (HOUAISS, 2001 p.720)

cinematografia ci.ne.ma.to.gra.fi.a

s.f. 1 CINE o conjunto de princípios, processos e técnicas utilizados para captar e projetar em uma tela imagens estáticas sequenciais (fotogramas) obtidas com uma câmera especial, dando impressão ao espectador de estarem em movimento. (...) 4 o conjunto das atividades relacionadas com a produção de filmes cinematográficos; indústria cinematográfica. (...) (IDEM)

A titulação do complexo, tem relação direta com o desenrolar das atividades realizadas. O “cinema como meio de expressão” relativo à cinematográfico, seria o produto principal final de todas as atividades que seriam desenvolvidas dentro do local do projeto. De acordo com a etimologia da palavra, segundo o fotógrafo, doutor e mestre pela PUC-SP em Fotografia e Cinema, Filipe Salles (2008), em seu Manual Básico de Fotografia e Cinematografia, por uma questão de contextualização, o termo cinematografia vem de “cinematógrafo”, aparelho desenvolvido pelos irmãos Auguste e Louis Lumière na França, para projeção de imagens em movimento, e que coincidentemente ficou conhecido como cinema. De acordo com Sales, a origem vem do grego Kine ou Kino, que significa “movimento”, e a este termo agregamse a foto (tó) e a grafia (grafo), sendo, literalmente “escrita da luz (imagem) em movimento”. Thomas Edison, antes dos irmãos Lumière, já havia construído uma máquina similar, ao qual denominou “Kinetoscópio”, pelo mesmo princípio mas com a diferença que esta não projetava as imagens para fora e portanto eram máquinas de projeção individuais (diferente do aparelho do irmão Lumiére). Nascia então o cinema. É interessante notar como a captação

cinematográfica se confunde, etimologicamente, com a própria arte do cinema, por isso a necessidade, anteriormente de esclarecimento da semântica das palavras. Dentre elas, de forma quotidiana, quando se fala de cinematografia: primeiramente se refere à função da equipe de direção de fotografia, relativa à própria imagem do filme, e, em segundo, o próprio filme, o cinema. Portanto, como diz Salles (2008), cinematografia se refere especificamente à técnica que permite a captação da imagem com uma câmera de cinema (fotografia para cinema). E, consequentemente, podemos definir tecnicamente o cinema como uma sucessão de imagens obtidas (fotografia) projetadas em uma tela, que se tem a sensação, pela troca rápida de imagens, de um movimento contínuo. O cinema como “sétima arte” pretende distanciar a ideia de cinema como um espetáculo para a massa, mas aproximála e integrá-la a categoria das belas artes como a música, pintura, escultura, arquitetura, poesia e a dança. Segundo o teórico e crítico de cinema Ricciotto Canudo em 1923:

O cinema é uma arte “síntese”, uma arte total, que concilia todas as outras artes. E é exatamente este contexto de totalidade como arte que não só o que será produzido no Parque Cinematográfico de Brasília, mas o complexo também deve se expor.

CINEMAT

ÓGRAFO

cinema ci.ne.ma

s.f. 1 Arte ou ciência da cinematografia. 2 Sala de projeção de filmes cinematográficos. (...) (IDEM)

KINE

PIO TOSCÓ

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O CINEMA NO BRASIL


O CINEMA NO BRASIL a história do cinema no brasil No Brasil, o cinematógrafo é trazido por Affonso Segretto em 1898, imigrante italiano, que se tornaria o primeiro cineasta filmando cenas do porto do Rio de

Janeiro. Sem muita expressividade nas décadas seguintes, eram produzidos pequenos filmes exibidos para plateias urbanas. No inicio dos anos 30, inicia-se a era do cinema falado, em que se destacam o mineiro Humberto Mauro, autor de “Ganga Bruta” (1933) - filme que mostra uma crescente sofisticação da linguagem cinematográfica – e as “chanchadas” (comédias musicais com populares cantores do rádio e atrizes do teatro de revista) do estúdio Cinédia. Filmes como “Alô, Alô Brasil” (1935) e “Alô, Alô Carnaval” (1936) caem no gosto popular e revelam mitos do cinema brasileiro, como a cantora Carmen Miranda. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES)

O cinema produzido na década de 40 (com uma pegada nacionalista) abriu portas para uma nova era: o Cinema Novo. Iniciado na década de 60 por um jovem grupo de cineastas. Foram criados filmes de forte temática social em um período turbulento no meio cultural brasileiro, retratando a vida real, mostrando a pobreza, a miséria e os problemas sociais, dentro de uma perspectiva crítica, contestadora e cultural. As décadas

seguintes revelam-se a época de ouro do cinema brasileiro (MIUCCI, 2013). Mesmo após o golpe militar de 1964, os realizadores do Cinema Novo e uma nova geração de cineastas continuam a fazer obras críticas da realidade, ainda que usando metáforas para burlar a censura dos governos militares. A crítica e os grandes problemas nacionais saem de cena para dar espaço para filmes de consumo fácil, com temáticas simples e de caráter sexual, muitas vezes de mau gosto (LIMA, 2013). É a época da pornochanchada. A fim de reorganizar o mercado cinematográfico, o governo Geisel cria, em 1974, a estatal Embrafilme (GUTIYAMA, 2011), que teria papel preponderante no cinema brasileiro até sua extinção. Dessa época datam alguns dos maiores sucessos de público e crítica da produção nacional, como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), de Bruno Barreto e “Pixote, a Lei do Mais Fraco” (1980), de Hector Babenco (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES), levando milhões de brasileiros ao cinema com comédias leves ou filmes de temática política. O fim do regime militar e da censura, em 1985, aumenta a liberdade de expressão e indica novos caminhos para o cinema brasileiro. Essa perspectiva, no entanto, é interrompida com o fim da Embrafilme, em 1990. O governo Collor segue políticas neoliberais de extinção de empresas estatais e abre o mercado de forma descontrolada (ALMEIDA, 2010) aos filmes estrangeiros, norte-americanos em quase sua totalidade. A produção nacional, dependente da Embrafilme, entra em colapso, e pouquíssimos longas-metragens nacionais são realizados e exibidos nos anos seguintes. Não é possível entender qualquer coisa que seja no cinema brasileiro, se não se

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Carmen Miranda, ícone do cinema brasileiro


tiver sempre em mente a presença maciça e agressiva, no mercado interno, do filme estrangeiro. Essa presença não só́ limitou as possibilidades de afirmação de uma cinematografia nacional como condicionou em grande parte suas formas de afirmação. (BERNARDET, 2009)

Após o cataclisma do início dos anos 90 (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES), o sistema vem se reerguendo gradualmente. A criação de novos mecanismos de financiamento da produção por meio de renúncia fiscal (Leis de Incentivo), juntamente com o surgimento de novas instâncias governamentais de apoio ao cinema como a Ancine em 2001 e a Globo Filmes, auxilia a reorganizar a produção, mesmo de modo desigual, com as produções milionárias norte-americanas. A partir dai, seguindo os moldes norteamericanos, o filme passa a ser um produto rentável e a “indústria cinematográfica” ganha impulso em busca de grandes bilheterias e altos lucros. Comédias, dramas, política e filmes de caráter policial são produzidos em território nacional, mobilizando grande número de espectadores. Este cenário está presente até os dias de hoje.

CINEMA E TV - A CRIAÇÃO DA REDE GLOBO Segundo o artigo Cinema e TV no Brasil: breve panorama a partir da criação da Globo Filmes, de Juliana Sangion (2012), o público brasileiro, está, majoritariamente, habituado aos padrões televisivos, o que acabou influenciando a identificação temática e

Capa do filme Dona Flor e Seus dois Maridos, 1979

estética dos filmes brasileiros que passam a ser feitos para o circuito comercial, para a cultura de massa. Tendência a partir dos anos 90, como mencionada no tópico anterior. A indústria do cinema, até

nacionalmente, se rendeu ao capitalismo exacerbado. Por trás desta maioria de filmes está a marca da Globo Filmes, desde a primeira

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década de 2000 (Ballerini, 2012 p.131). Seu monopólio no mercado consolidou uma forma especifica de fazer cinema: a pensada para um público acostumado a assistir televisão. Foi-se deixando de lado a arte e a cultura A fim de atingir um público “fácil de agradar”, os expectadores de televisão aberta.

Cinema) mostram que entre 2001 e 2009, a produção de filmes brasileiros cresceu cerca de 160%. Mas, a entrada da Globo no cinema alterou o cenário audiovisual, para além das estatísticas acima, dentre eles a produção, distribuição, exibição, relação entre profissionais, conteúdo estético e narrativo etc.

A Globo Filmes encara o mercado audiovisual por meio de estratégia oriunda de negócios de outras naturezas, como afirma Juliana, que vem sendo incorporada pelas industrias culturais do Brasil. Dentre os efeitos dessa “empresarialização” é clara a necessidade imposta de se adequar a propostas comunicativas às exigências do consumo, gerando processos de padronização. Desta forma, vem se perdendo a originalidade, aumentando as chances de o conteúdo circular mais facilmente em circuitos comercias que requerem produtos homogêneos (MARTÍNBARBERO, 2001).

Na produção e posteriormente na distribuição, o filme nacional fica dependente da associação a grandes produtoras e a agentes financeiros de grande poder — as chamadas majors —, de um lado e, de outro, ao maior grupo de comunicação audiovisual do país, que detém alto poder midiático, a Globo (BALLERINI, 2012 p.131). Praticamente apenas os filmes que se associam às megacorporações do entretenimento e à Rede Globo, por meio da Globo Filmes, conseguem ser competitivos.

Em suma, o modelo de economia de cinema no Brasil, marcado pela competição deficiente, ainda que fomentasse a produção, deixava as empresas produtoras brasileiras carentes de maior apoio para as fases de promoção, distribuição e exibição dos filmes. Enfrentar um mercado interno altamente oligopolizado nesse quesito, além de concorrer com o filme estrangeiro da indústria norte-americana, fez com que empresas e governo não conseguissem alavancar um projeto de indústria para o cinema nacional e contribuiu para o surgimento e consolidação de um projeto como o da Globo Filmes. (SANGION, 2012 p.4) Dados da Ancine (Agência Nacional do

O público brasileiro mais consolidado é, sem dúvida, o formado por telespectadores - habituados aos padrões da teledramaturgia produzidos por e para essa mídia -, muito mais que de espectadores de cinema, como diz Juliana. Portanto, o próprio consumo doméstico de televisão que, ao longo da história do audiovisual nacional ameaçou o cinema, hoje ajuda a alavancar a audiência, no que se consolidou como a principal estratégia da Globo Filmes (SCHETTINO, 2014 p. 113). O projeto do Parque Cinematográfico de Brasília tem como um dos objetivos, além de alavancar a competitividade econômica nacional, alcançar também mudanças nas questões sociais e culturais, como as mencionadas acima. Espera-se que com novos espaços para produção de filmes,

sem nenhuma filiação obrigatória com a Globo Filmes, impulsione a produção artística e faça parte da consolidação de uma indústria cinematográfica nacional.

GÊNEROS MAIS RECORRENTES NO CINEMA BRASILEIRO Os gêneros e subgêneros cinematográficos não são categorias limitadoras, não se limitam a definições, por isso nos últimos tempos, vem sendo tendência o abandono dos mesmos. São apenas maneiras comerciais de dividir os filmes em épocas, lugares e contextos culturais. Um grande gerador de gênero são as vivências culturais, que podemos destacar, por exemplo, em âmbito internacional, os filmes de western americanos, samurais japoneses e Bollywood indianos. Nos gêneros do cinema brasileiro também é possível observar esta caracterização regional/cultural com filmes caipiras, sertanejos e sobre o cangaço por exemplo (GAVIOLI). Pode-se ainda destacar alguns gêneros com maior expressão e reconhecimento do cinema brasileiro (alguns deles já mencionados nos tópicos anteriores), que são encontrados desde o início no cinema no Brasil até os dias de hoje, são eles: Criminais, Cantantes e Revistas, Chanchada e pornochanchada, Favela movie, Drama e Comédia (IDEM). A relevância deste tópico neste plano trabalho é única e exclusivamente para construir um paralelo entre a quantidade de gêneros existentes vigentes nos dias de hoje (não apenas na indústria norteamericana) e a quantidade que se mostram expressivos no cinema brasileiro. Pode-se então concluir há um “certo atraso” seja ele no âmbito tecnológico, mão de obra especializada, incentivos financeiros ou

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Gráfico - Evolução do Público do Filme Nacional 2001-2011 (em milhões) - Filme B, 2012


mesmo em relação ao contexto cultural do cinema do Brasil. A maior parte do faturamento da indústria do cinema no Brasil até a atualidade, quando tratados de filmes nacionais, se derivou, no ano de 2013, de comédias como Minha Mãe é uma Peça e De Pernas pro Ar 2 (SANTOS, 2013), enquanto dramas como Serra Pelada, Flores Raras e O Segredo dos Diamantes faturavam abaixo do esperado ou encontravam problemas para serem distribuídas (IDEM). O cinema brasileiro vem perdendo espaço nos últimos anos e a culpa é dos filmes, ou de sua falta de competitividade, homogeneidade e temática leve e superficial. Como mencionado no tópico 2.2, mais uma vez, vem a tona a questão do mercado estar habituado com os padrões televisivos. Acerca dessas comédias, o crítico da Folha de S.Paulo Inácio Araujo afirma que “o cinema brasileiro continua a buscar seu público. E a referência desse público amplo, hoje, é a estética dos programas da Globo ou os blockbusters americanos. Esses últimos não podemos imitar. Então o cinema imita, no que pode, a Globo. São essas comédias idiotas, com atores que se esforçam para imitar atores de teatro colegial, aquela luz esbranquiçada. O público responde bem a isso. Que dizer? Não é o cinema brasileiro que está doente. É o cinema.” (ARANTES, 2014) A boa cinematografia deve ter espaço para todos os gêneros. Tem cineasta que faz o filme que o povo quer ver e há quem faça algo para contribuir de alguma forma para a reflexão. A monocultura da comédia não faz bem a ninguém”, afirma a produtora Simone Matos, da Quimera Filmes. (SANTOS, 2013)

brasil Criminais

outros paÍses Ação

Paralelo com os filmes de Ação e Policiais

Animação

Caipira, Sertanejo, Cangaço

Biografias

Paralelo com os filmes de Faroeste

Chanchada Comédia Comédia romântica Comédia dramática Drama Documentários Ponochanchada Favela Movie Pornográfico

Aventura Chanchada Cinema catástrofe Comédia Comédia romântica Comédia dramática Comédia de ação Cult Dança Documentários Drama Espionagem Erótico Fantasia Faroeste (Werstern) Ficção Científica Guerra Machinima Masala Musical Filme Noir Policial Pornochanchada Pornográfico Romance Suspense Terror (Horror) Trash

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O CINEMA EM BRASÍLIA


O CINEMA EM BRASÍLIA Brasília é uma ode ao engenho humano a céu aberto (JORNAL O TEMPO,2014). Inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília foi planejada para ser a capital de um país continental e “transformou-se na maior cidade construída do século XX” (REVISTA ZAP, 2014). Seu conjunto arquitetônico e urbanístico foi declarado pela Unesco, em 1987 como Patrimônio Histórico da Humanidade (GUIA DE BRASÍLIA), por isso, toda a cidade pode ser considerada uma atração turística. Como capital nacional, Brasília é a sede dos três principais poderes do governo brasileiro e abriga também um grande contingente diplomático por volta de 127 embaixadas. Este caráter internacional contribui para uma vasta troca de cultura, não obstante, Brasília ainda tem organizada no eixo do Complexo Cultural da República, o Congresso Nacional, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, seguidos pela Catedral, Biblioteca Nacional de Brasília, Museu Nacional da República,

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pelo Teatro Nacional Claudio Santoro, pela Torre de TV e Estádio Nacional. Fora do eixo monumental, ainda podemos encontrar outros pontos turísticos como o Templo da Boa Vontade, o Santuário Dom Bosco, a Ponte JK, o Museu de Arte de Brasília que conta com exposição permanente voltada para a arte moderna, o Museu de Valores do Banco Central e o Centro Cultural Banco do Brasil. Tirando proveito deste aspecto caracteristicamente turístico, internacional e compartilhador de cultura, Brasília realiza diversos eventos anualmente em vários campos culturais, podemos citar alguns como, no campo da moda, acontece a Capital Fashion Week, no campo da música conta com o Festival Porão do Rock, que tenta revelar novas bandas no cenário nacional, além dos inúmeros festivais anuais de cinema. No âmbito cinematográfico, as embaixadas são fortes contribuintes com criação de

pequenos festivais internos para divulgação de filmes de suas localidades além de que, tem-se em Brasília o grande Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Além dele, podem-se encontrar mais outros 5 importantes festivais de cinema de Brasília como: BIFF - Brasília Internacional Film Festival, Festival Internacional de Filmes Curtíssimos, Festival de Cinema Online, II Animecê – Festival internacional de cinema de animação e Festival Curta Brasília. Destacando assim a possibilidade de diversidade cultural do DF e o dever em utilizar da cultura como indutora do desenvolvimento da capital do país, conclui-se que Brasília é um eixo cultural, com grande influência no cinema brasileiro. E como metas para 2020 do Plano Nacional de Cultura (PNC) de 2012 temse: “Imaginar o cenário da Cultura em 2020 é pensar que até lá o povo brasileiro terá maior acesso à cultura e que o país responderá criativamente aos desafios da cultura de nosso tempo”.


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Cena do filme “O outro lado do paraíso”

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FESTIVAL DE CINEMA POLO DE CINEMA DE BRASÍLIA E VÍDEO GRANDE OTELO, SOBRADINHO “O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro DF acontece desde 1965, quando uma Comissão instituída pelo professor Cleantho Rodrigue Siqueira, presidente da Fundação Cultural do DF e dirigida por Paulo Emílio Salles Gomes, na época, professor da Universidade de Brasília (UnB)” (SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DO DF).

De caráter não apenas cultural, mas também sofrendo com a política, nos anos 1972, 1973 e 1974, o festival foi interrompido, acuado pela Censura do regime militar e todas as forças da circunstância. A censura já fazia marcação acirrada desde o começo e em 1971 impôs a mordaça (ou, mais cinematograficamente falando, a viseira). Durante os dias do festival, o público mostrou-se um aliado fiel do evento, formando grandes filas em frente ao Cine Brasília, disputando os ingressos e exercendo sempre o direito de aplaudir ou vaiar, conforme o mérito que se atribui ao filme exibido (SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DO DF). Em 48 edições, o Festival de Brasília de Cinema Brasileiro já se consagrou como referência nacional no lançamento de curtas e longas-metragens e, neste ano de 2015, o Festival completa cinco décadas de história e tradição no circuito brasileiro. Atualmente, os organizadores do Festival mantêm diálogo com as instituições de ensino do DF. A proximidade entre o projeto e as escolas públicas se dá por meio do Festivalzinho, no qual são exibidos filmes infantis e o contato com a UnB - berço do projeto - também se faz presente. Produções de professores e alunos da Universidade já foram exibidas e homenageados nas edições passadas (ALBUQUERQUE, 2015). A cada ano, o Festival atrai cerca de 25 mil espectadores, entre eles cineastas, críticos, cinéfilos, jornalistas e estudantes.

Conhecido oficialmente como Polo de Cinema e Vídeo Grande Otelo, sua inauguração ocorreu em 1991, em uma área de 400 hectares – equivalente a 400 campos de futebol – e foi cenário para atores e diretores brasilienses, estreantes e consagrados, além de artistas de várias partes do país (JORNAL BRASÍLIA CAPITAL). Abandonado e degradado, o Polo passou por uma reforma e foi reinaugurado em 2013 para as gravações de “O outro lado do Paraíso”, de André Ristum, e uma cidade cenográfica reproduzindo a Cidade Livre na época da construção de Brasília foi erguida em terreno próximo ao centro de produção em Sobradinho. Com uma visita feita pelo Jornal Correio Brasiliense em 2014, constatou que o edifício de escritórios está apto para receber equipes de produção cinematográficas, mas o galpão onde funciona o estúdio não tem condições de uso. Os problemas são velhos conhecidos: telhas arrancadas pelo vento e forro desabando, deixando o interior da construção do prédio exposta a chuvas e aos efeitos do tempo. Segundo o Correio, o subsecretário do Patrimônio Artístico e Cultural do DF, José Delvinei, nem chama as instalações de Sobradinho de polo cinematográfico. “Brasília não tem um polo de produção cinematográfica. Tem uma área destinada ao Polo, que já foi usada para rodar filmes. Não temos um Polo de Cinema constituído”, destaca.

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ETAPAS DE PRODUÇÃO DE UM FILME


ETAPAS DE PRODUÇÃO DE UM A finalidade para este plano de trabalho em especificar as etapas de uma produção cinematográfica é importante pela contribuição que ela irá proporcionar para a delimitação do programa de necessidades e para o zoneamento do complexo do Parque Cinematográfico de Brasília. Este tópico só se fez possível através dos estudos relacionados ao trabalho de Matthew T. Jones em seu conjunto de slides intitulados de Film Production Workflow, do apêndice 
Como se faz Cinema PARTE 2 – Etapas da Produção da apostila Apostila de Cinematografia do Prof. Filipe Salles pg. 103 a 108 e das informações encontradas no blog: http://cineastassemdiploma.blogspot. com.br, escritas pelo produtor de imagem Enéias Aramis. Dentro de cada macro etapa: pré-produção, produção e pós-produção, são geradas micro etapas gerais referentes a cada macro etapa. E para cada micro etapa, tem-se diversos processos específicos e cada um destes delega uma espacialidade distinta que serão reportados adiante.

PRÉ PRODUÇÃO A etapa de pré-produção de um filme começa quando há verba disponível; e portanto, está pressuposta toda a parte de captação de recursos, anterior a esta. Uma vez captado o incentivo da produção, iniciase o processo de pré-produção. Logo, a Pré-produção de um filme em poucas palavras, engloba toda a viabilização do filme, nada mais é que uma organização sistemática de como serão conduzidas as filmagens. Envolve toda a parte orçamentária, o processo criativo, planejamento, escolha de elenco, cenário, ou seja, de preparo que deve ser feita antes do início das filmagens. É, de fato, a parte mais extensa e demorada de todo o desenvolver do filme.

1 ETAPA IDEIA E VIABILIZAÇÃO DO FILME E CAPTAÇÃO DE RECURSOS
 A produção então começa com a parte administrativa, jurídica e orçamentária em que irá ser analisada e propostas soluções e estratégias para a viabilidade de toda a produção do filme. Dentro desta etapa, pode-se destacar:• Apresentação do roteiro • Levantamento de patrocinadores • Formatação de projetos e de materiais promocionais • Levantamento prévio orçamentário • Captação de recursos • Levantamento de apoio coprodução e apoio em geral • Levantamento de acordo com a prévenda para a distribuição Técnicos envolvidos: Produtor executivo, assessoria jurídica e contábil, assistentes e secretárias,
Diretor e Autor

2 ETAPA DA PRODUÇÃO PESQUISA E ROTEIRIZAÇÃO Uma vez que o filme foi viabilizado, é dado início à fase técnica relacionada ao roteiro e disponibilidade de materiais. É a fase em que também acontece a junção da parte criativa do roteiro com o fato de como as cenas serão colocadas em prática.

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FILME Dentro desta etapa de planejamento, podese destacar: • Levantamento de informações e estudo do roteiro • Ajustes e finalização do roteiro • Storyboard das cenas • Pesquisa de material de arquivo ou de referências bibliográficas ou iconográficas • Pesquisa e quantitativo de material de consumo desde material de papelaria como fitas de vídeo a material fotográfico e etc. • Disponibilidade de infraestrutura para serviços de secretaria e de comunicação Técnicos envolvidos: Roteiristas, Dialogistas, Revisores, Pesquisadores, Produtor executivo e staff (assistentes, assessores e secretárias), Diretor(a) e assistentes.

3 ETAPA PRODUÇÃO E PREPARAÇÃO A partir da finalização de todo o estudo do roteiro e toda a parte teórica de planejamento, é hora de “colocar a mão na massa” para concretizar todos os ajustes de pré-filmagem. Dentro destes ajustes está inclusa toda a

parte cenográfica, escolha de elenco, figurino e devidas contratações. Pode-se destacar: • Fechamento de contrato com coprodução e patrocínio • Fechamento de acordo de cessão, empréstimos e permuta (trocas) • Locação, construção e aquisição de cenário, móveis, objetos e decoração de cenário • Contratação de serviços necessários como alimentação, transportes e etc • Locação de equipamento de filmagem como câmeras, sonoplastia, iluminação, maquinaria e etc. • Compra de material sensível e material de consumo • Contratação de artistas e técnicos • Teste e contratação de elenco e figuração • Preparação dos atores, ensaios e testes, fotogenia, maquiagem e figurino • Preparação e organização de plano de produção com a ordem de filmagem, ordem do dia, estabelecida especialmente por locação • Planejamento e disponibilização de infraestrutura mínima necessária

• Fechamento de contratos de distribuição
 Técnicos envolvidos: Equipe de Roteiristas, Produtor executivo e Equipe, Diretor de Produção e Assistentes, Produtor de Finalização e Assistentes, Diretor e Assistentes, Diretor de Fotografia, Diretor de Arte como Cenógrafo, Figurinistas e Assistentes, Técnico de Som entre outros. Uma vez em que os contratos foram acertados, fechados e prazos estipulados, são iniciados os ajustes de pré-finalização, como: • Definição das janelas de exibição do filme conforme os acordos assinados • Contratação de pós-produção • Contratação de serviços participantes da divulgação do filme Técnicos envolvidos: Produtor Executivo e Equipe, Diretor de Produção e assistentes, Produtor de Finalização e assistentes, Diretor e Assistentes, Prestadores de Serviços como Assessoria de imprensa, Serviços de relações públicas, Agências de publicidade entre outros.

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PRODUÇÃO Chama-se produção o início das filmagens propriamente ditas, e que pressupõe que todos (ou pelo menos a grande maioria) dos itens de pré-produção já estejam resolvidos. Além disso envolve também a desprodução do set de filmagem, que se trata da pósprodução imediata de um filme, pode-se entender que toda a parafernália de equipe, atores, locações, equipamentos, e tudo o que está subjacente a isso, precisa voltar para o seu lugar.

4 ETAPA DA PRODUÇÃO FILMAGENS Concretizada as pré-filmagens e préprodução, se da inicio à etapa de filmagens, ou seja, da produção do filme em si. Podem-se destacar: • Conferência e compatibilização de todos os contratos anteriormente contratados • Divulgação da informação, chamada de: ordem do dia, para toda a equipe envolvida no processo • Disponibilização de infraestrutura mínima necessária • Filmagens Técnicos envolvidos: Equipe de Roteiristas, Produtor Executivo e Equipe, Diretor de Produção e Assistentes, Produtor de Finalização e Assistentes, Diretor e Assistentes, Diretor de Fotografia e Equipe, Diretor de Arte como Cenógrafo, Figurinista e Assistentes, Técnico de Som e Assistentes, entre outros.

5 ETAPA DA PRODUÇÃO PARA A DESPRODUÇÃO Uma vez finalizadas todas as filmagens das cenas, é necessário realizar o desmonte de toda a estrutura, devolução de equipamentos e quitação de contas. Questões administrativas e financeiras. • • •

Desmonte de cenários e locações Checagem e devolução do material Prestação de contas

Técnicos envolvidos: Produtor Executivo e Equipe, Diretor de Produção e Assistentes, Diretor e Assistentes, Assistentes de Câmeras, Diretor de Arte como Cenógrafo, Figurinista e Assistentes, Microfonista e Assistentes, entre outros.

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PÓS-PRODUÇÃO A pós-produção é a etapa final e frequentemente a mais demorada de todo o processo. Envolve principalmente técnicos (e artistas) de som e montadores. Tal como acontece com o roteiro, que recebe novos “tratamentos”, um filme pode ser remontado diversas vezes antes de ser lançado e a pós-produção pode chegar a durar vários anos.

6 ETAPA DA PRODUÇÃO PARA A MONTAGEM
 Nesta etapa é dado o início de junção e remanejo das cenas. • •

Edição das cenas Aprovação de corte final

Técnicos envolvidos: Produtor Executivo e Equipe, Produtor de Finalização, Sincronizadores e Assistentes, Diretor e staff, entre outros.

7 ETAPA EDIÇÃO DE IMAGEM E MIXAGEM
 Muitas vezes, dependendo da locação do set de filmagem, o áudio do filme tem que ser devidamente regravado em estúdio e mixado com as cenas. Ou seja, é a etapa em que ocorre toda a sonoplastia do filme. • Edição e aprovação da trilha sonora musical • Edição e aprovação do e som e da mixagem Técnicos envolvidos: Produtor Executivo e Equipe, Produtor de Finalização, Editor de Som, Sincronizadores e Assistentes, Diretor e Equipe, Montador e Equipe.

8 ETAPA DA PRODUÇÃO A FINALIZAÇÃO A parte de finalização engloba os ajustes finais do filme, bem como: • Serviços de produção e efeitos, créditos e legendas • Edição final e aprovação da primeira cópia Técnicos envolvidos: Produtor Executivo e Equipe, Produtor de Finalização e Equipe, Diretor e Equipe, Diretor de Fotografia e Terceiros.

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5 CONDICIONANTES


CONDICIONANTES As condicionantes de um projeto englobam as questões que determinam e possibilitam a existência do projeto. Para estabelecer a viabilidade do Parque Cinematográfico de Brasília, serão analisadas as condicionantes referentes às política públicas, ao mercado (econômicas) e culturais.

POLÍTICAS PÚBLICAS I. Parceria PúblicoPrivada Em se tratando de um complexo extenso que envolve elevados financiamentos e, caso não seja apenas um investimento financiado com capital privado, a alternativa mais provável seria a de uma PPP, Parceria público-privada. A PPP é um contrato de prestação de serviços, onde o agente privado é remunerado exclusivamente pelo governo ou numa combinação de tarifas cobradas dos usuários dos serviços somado a recursos públicos (MATTOS, 2015). Não pode ser inferior a 20 milhões de reais e deve ter como duração mínima de 5 e máxima de 35 anos, firmado entre a empresa privada e o governo (federal, estatal ou municipal) (PORTAL BRASIL, 2014). De acordo com a lei da PPP, as parcerias podem ser de dois tipos: *Concessão patrocinada: As tarifas cobradas dos usuários da concessão não

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são suficientes para pagar os investimentos feitos pelo parceiro privado. Assim, o poder público complementa a remuneração da empresa por meio de contribuições regulares, isto é, o pagamento do valor mais imposto e encargos (MATTOS, 2015). *Concessão Administrativa: Quando não é possível ou conveniente cobrar do usuário pelo serviço de interesse público prestado pelo parceiro privado. Por isso, a remuneração da empresa é integralmente feita pelo poder público. (MATTOS, 2015) Fica a critério do Comitê Gestor da PPP, ordenar, autorizar e estabelecer critérios para seleção de projetos e acordar os contratos. Uma vez que firmada a PPP, uma possível solução para a finalidade dos usos internos do complexo, seria a concessão de uma certa quantidade de estúdios para entidades públicas e a outra parte para instituições privadas ou produtores independentes.

II. ANCINE – Agencia Nacional do Cinema (Ministério da Cultura) A Ancine foi criada em 2001 para regular a fiscalização do mercado do cinema e audiovisual no Brasil (ANCINE), possui sedes e foro no Distrito Federal e no Rio de Janeiro. Tem como missão desenvolver e regular o setor audiovisual (em todos os elos da cadeira produtiva do setor) em beneficio à sociedade brasileira. De acordo com o Capítulo II da Resolução de Diretoria Colegiada, Regimento interno, N59 (RANGEL, 2014), folha 2, a Ancine tem como objetivos:

Art. 2º A ANCINE terá por objetivos: I. Promover a cultura nacional e a língua portuguesa mediante o estímulo ao desenvolvimento da indústria cinematográfica e videofonográfica nacional em sua área de atuação; II. Promover a integração programática, econômica e financeira de atividades governamentais relacionadas à indústria cinematográfica e videofonográfica; III. Aumentar a competitividade da indústria cinematográfica e videofonográfica nacional por meio de fomento à produção, à distribuição e à exibição nos diversos segmentos do mercado; IV. Promover a autossustentabilidade da indústria cinematográfica nacional visando o aumento da produção e da exibição das obras cinematográficas brasileiras; V. Promover a articulação dos vários elos da cadeia produtiva da indústria cinematográfica nacional; VII. estimular a universalização do acesso às obras cinematográficas e videofonográficas, em especial as nacionais; VIII. Garantir a participação diversificada de obras cinematográficas e videofonográficas estrangeiras no mercado brasileiro; IX. Garantir a participação das obras cinematográficas e videofonográficas de produção nacional em todos os segmentos do mercado interno e estimulá-la no mercado externo. X. Estimular a capacitação dos recursos humanos e o desenvolvimento tecnológico da indústria cinematográfica e videofonográfica nacional; e XI. Zelar pelo respeito ao direito autoral


sobre obras audiovisuais nacionais e estrangeiras. Após a análise destes objetivos competentes à Ancine, fica claro que o governo federal tem o interesse em investir neste setor de entretenimento, incentivando o mercado de cinema nacional. De fato, não é um alvo fácil, uma vez que a concorrência norte-americana mencionada anteriormente é esmagadora em termos tecnológicos, quantidade de produção, qualidade entre outros fatores. Mas, ao mesmo tempo, em termos de infraestrutura e tecnologia ainda tem-se muito a correr atrás.

ECONÔMICAS Os dados estatísticos relatados nos tópicos abaixo, tratam do cinema no Brasil em geral, não fazendo distinção do cinema nacional e cinema internacional. O intuito é de mostrar a grandiosidade desta indústria de entretenimento no Brasil.

I. Panorama do cinema no Brasil

da indústria audiovisual nacional desde o início dos anos 1980. Em número de lançamentos, os melhores anos, depois de 2013, foram 2011, com 99 títulos, e 2009, com 84. O salto visto em 2013 prova que a indústria nacional está se consolidando. A arrecadação também obteve um crescimento significativo ao superar a cifra de R$ 270 milhões, quase o triplo do arrecadado em 2012, quando houve um retorno de R$ 157 milhões (VEJA, 2013).

II. Salas de cinema no Brasil Quase um cliché, ir aos cinemas no domingo, pode parecer um hábito cultural comum, porém, não em todas as classes sociais e regiões do Brasil. Segundo dados do Target Group Index, do IBOPE Media, revelaram que 16% da população das principais capitais e regiões metropolitanas do país foi ao cinema nos últimos 30 dias em Janeiro de 2012, uma porcentagem considerável, entretanto baixa quando inserida no cenário nacional. Podemos ainda observar a quantidade de salas distribuídas por regiões, claramente a região Sudeste (em especifico São Paulo e Rio) se destaca:

Gráfico Salas de Cinema por Estado - Ancine

III. Gastos do Brasileiro com cinema De acordo com o Pyxis Consumo, ferramenta de dimensionamento de mercado do IBOPE Inteligência, o potencial de consumo do brasileiro para despesas com cinema até o final do ano (de 2012) é de R$ 1,99 bilhão, aumento de 13% em relação a 2011 (IBOPE). A seguir podem-se analisar duas tabelas que exemplificam os gastos com cinema, a primeira por classes sociais e a segunda, por regiões, no ano de 2012. Mais uma vez, pode-se observar o monopólio da região Sudeste no índices.

O cinema brasileiro bateu recorde em 2013, com mais de 127 longas-metragens que chegaram às telas, 9 dos quais fizeram mais de 1 milhão de espectadores, enquanto 88 foram visto por menos de 10 mil pessoas, de acordo com informações divulgadas pela Agência Nacional do Cinema (SOUSA, 2014). Os números marcam até então que foi o melhor ano

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CULTURAIS I. Festivais de Cinema De acordo com o Guia Kinoforum, hoje em dia no Brasil podemos encontrar em torno de 150 Festivais de Cinema (longa, média e curta-metragem), dentre eles, a partir dos buscadores no site, os festivais mais consolidados (que acontecem a mais de 10 anos) são: • Festival de Cinema de Gramado, em sua 43ª edição em 2015 • Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em sua 39ª edição em 2015 • Festival de Curtas Kinoforum em Sao Paulo, em sua 26ª edição em 2015 • Anima Mundi no Rio de Janeiro, em sua 23ª edição em 2015 • Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, em sua 21ª edição em 2015 • É Tudo Verdade, acontecem simultaneamente em São Paulo e no Rio de - Janeiro, em sua 21ª edição em 2015 • Cine PE - Festival do Audiovisual,

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Recife, em sua 21ª edição em 2015 • Mostra de Cinema de Tiradentes, em sua 19ª edição em 2015 • Festival do Rio, em sua 17ª edição em 2015 • Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em sua 48ª edição em 2015

Festival de Cinema Online

Gênero(s): Ficção, Documentário, Animação • 2º Animece – Festival Internacional de Cinema de Animação Categoria(s): competitivo para curtas de animação com até 25 minutos de duração Gênero(s): Animação

Além dos festivais citados acima, podem-se encontrar mais outros 5 festivais de Brasília listados abaixo: • BIFF – Brasília International Film Festival Categoria(s): competitivo para longas de ficção e documentário Gênero(s): Ficção, Documentário • Festival Internacional de Filmes Curtíssimos Categoria(s): competitivo para curtas de todos os gêneros e com até 3 minutos de duração Gênero(s): Ficção, Documentário, Experimental, Animação

• Festival Curta Brasília Categoria(s): competitivo para curtas de todos os gêneros Gênero(s): Ficção, Documentário, Experimental, Animação

Podem ser criados dois panoramas à partir dos tópicos anteriores acima. Um deles é relacionado ao claro monopólio regional advindo da região Sudeste, por parte da Globo Filmes, e o outro que mostra o incentivo à produção de filmes de ficção, animação e documentários em Brasília, gêneros que não muito comuns nos cinemas de produção nacional, no entanto é evidente a existência de procura.


II. As metas do Plano Nacional de Cultura, 2011 para 2020 “As metas do Plano estabelecerão uma nova relação do Estado com a cultura e com a sociedade. Trata-se de um projeto que caminha para a consolidação efetiva da cidadania cultural. Nela, a cultura é um eixo do desenvolvimento e possibilita que os brasileiros avancem, cultural e economicamente – com justiça social, igualdade de oportunidades, consciência ambiental e convivência com a diversidade” (PNC). Dentro desta perspectiva, o cinema se beneficiaria das seguintes metas:

21 150 filmes brasileiros de longa-

metragem lançados ao ano em salas de cinema • Aumento da produção cinematográfica nacional • Produção circular para o maior número de pessoas

• Incentivo à distribuição, divulgação e aos circuitos e espaços de exibição

26 12 milhões de trabalhadores

beneficiados pelo Programa de Cultura do Trabalhador (Vale Cultura) • Benefício estimado no valor de R$ 50,00 • Para compra de: livros, DVDs, CDs, obras de artes visuais, instrumentos musicais; pagar mensalidades de cursos de arte e cultura; assinar serviços culturais pela internet; comprar ingressos para cinemas, museus, apresentações musicais, de teatro, de dança entre outros espetáculos.

27 27% de participação dos filmes

brasileiros na quantidade de bilhetes vendidos nas salas de cinema • Investimento em programas de fomento à produção e distribuição • Cinema que represente a diversidade cultural do Brasil • Estímulo ao aumento do número de salas de exibição no país

28 Aumento em 60% no número de

pessoas que frequentam museu, centro cultural, cinema, espetáculos de teatro, circo, dança e música

31 Municípios brasileiros com algum

tipo de instituição ou equipamento cultural, entre museu, teatro ou sala de espetáculo, arquivo público ou centro de documentação, cinema e centro cultural. • No Brasil, a distribuição desses espaços reflete as desigualdades socioeconômicas. Essa situação pode se alterar se houver compromisso em aumentar a oferta de equipamentos, serviços e bens culturais em todas as cidades, sejam elas pequenas ou grandes, de todas as regiões do país.

40 Disponibilização na internet dos

seguintes conteúdos, que estejam em domínio público ou licenciados: 100% das obras audiovisuais do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) e da Cinemateca Brasileira; (...).

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PARTICULARIDADES ESPECÍFICAS


PARTICULARIDADES ESPECÍFICAS As particularidades específicas do Parque Cinematográfico de Brasília, visam a viabilidade do projeto, relacionando determinantes sustentáveis, construtivas e logísticas.

SUSTENTABILIDADE A sustentabilidade é um aspecto importante a ser considerado, principalmente se tratando de um complexo extenso que usufrui de uma grande capacidade de infraestrutura (altos custos para a manutenção das atividades) e, consequentemente, de recursos naturais. Qualquer alternativa a fim de minimizar as condicionantes envolvidas, desde processos produtivos, uso de novos materiais e tecnologias a captação de água e energia, não serão uma escolha, mas sim uma necessidade. O desenvolvimento vem impondo intervenções exploratórias que o ambiente é incapaz de suportar. Logo, cresce a necessidade de “novas perspectivas” na arquitetura, interligadas ao setor da construção, e essencialmente, às decisões projetuais, considerando todo o ciclo de vida da edificação, incluindo seu uso, manutenção e sua reciclagem ou demolição. Tudo isso se torna extremamente vantajoso para o tanto para meio ambiente, quanto para a sociedade. Deve-se estabelecer um equilíbrio entre múltiplos fatores, pois uma arquitetura em sua totalidade sustentável 
ainda

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se faz muito difícil (GOULART, 2008), sem renunciar à moderna tecnologia e a criação de edificações que atendam as necessidades de seus usuários. É um caminho que não possui receitas, mas sim indicações por partes dos métodos para avaliação ambiental.

“É extremamente importante que o profissional tenha em mente que todas as soluções encontradas não são perfeitas, sendo apenas uma tentativa de busca em direção a uma arquitetura mais sustentável. Com o avanço tecnológico sempre surgirão novas soluções mais eficientes.” (YEANG, 1991)

BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method BREEAM é um processo sistemático de certificação que visa avaliar o desempenho ambiental de um empreendimento imobiliário (BUREAU VERITAS). Desenvolvido em 1990 e atualizado regularmente elevando os seus requisitos, avalia edifícios com base em critérios relacionados ao bem-estar ambiental, atribuindo-lhes uma pontuação. Os resultados finais de avaliação variam entre aprovado, bom, muito bom, ótimo e excelente (VOSGUERITCHIAN , 2005 p.168). BREEAM analisa durante as fases de concepção e construção, até 9 (VOSGUERITCHIAN , 2005 p.167)

aspectos do impacto ambiental da construção: 1 Gerenciamento: política de administração global, comissionamento e administração do sítio e assuntos processuais; 2 Uso de energia: energia para operação e assuntos relacionados à emissão de gás carbônico (CO2); 3 Saúde e bem-estar: questões relacionadas aos recintos fechados ou abertos que afetem a saúde e o bem-estar do usuário; 4 Poluição: do ar e da água; 5 Transporte: relação entre transporte e emissões de CO2; 6 Uso do Solo: áreas verdes e locais de “aterro”; 7 Ecologia: conservação de valor ecológico e valorização do sítio; 8 Materiais: implicações ambientais no uso de materiais de construção, incluindo impactos durante o ciclo de vida; 9 Água: consumo e eficiência.

Dentro do panorama do BREEAM Internacional, o Parque Cinematográfico de Brasília se encaixa na subdivisão de Novas Construções (BREEAM International New Construction (NC)) (BRE GLOBAL LIMITED), na área de edifícios comercias que englobam tipologias de escritórios, indústrias e varejo e tem como objetivo alcançar o máximo das condicionantes definidas pela certificação.


CONSTRUTIVAS As técnicas construtivas utilizadas no projeto, em alguns edifícios como, por exemplo, os Estúdios de Gravação, possuem um caráter diferenciado por comportar maquinário pesado - em alguns, tanque de água e pé direitos que acomodem mecanismos necessários para certas filmagens. Outra questão é a otimização dos espaços visando minimizar a área construída e possuir a capacidade de mudar de função sem alterações estruturais. Flexibilidade é um requisito bastante importante.

Grandes VãoS Alguns edifícios chaves do projeto do Parque Cinematográfico de Brasília, pedem espaços internos livres de obstrução para o adequado cumprimento de sua atividades e funções (ex. Estúdios de gravação, armazéns e fábrica de cenários). Outros edifícios, entretanto, não possuem o grande vão como determinante, mas esta escolha seria adequada de qualquer maneira, por gerar espaços mais amplos e promover a flexibilidade dos ambientes. As evoluções técnicas aliadas à estética da arquitetura, novas tecnologias dos materiais, modelos de análise e técnicas de exceção, possibilitam espaços com o mínimo de pilares ou outros elementos verticais (DIAS, 2004). Torna-se necessária a concepção de sistemas suficientemente rígidos à flexão,
 aplicando materiais como o aço e o concreto protendido, procurando a otimização das seções das peças

compostas destes materiais (DIAS, 2004), visando continuar obtendo as soluções mais leves possíveis. Isso porque a palavra chave, quando se trata de grandes vãos, é a possibilidade de deformação (IDEM).

comportamentais, por se tratar de um parque, a logística interna é de suma importância. A provável divisão em zonas por funções faz com que esta deva ser otimizada sem agredir em grande escala a vegetação do Parque e priorizando ao máximo o pedestre.

Flexibilidade

E ainda, a proposta de trazer cultura e arte, permeados ao longo do Parque, gera a criação de áreas de convivência, dando a mesma importância ao ambiente externo e estimulando a criação e a qualidade de vida.

A flexibilidade na arquitetura implica uma associação à natureza espacial, tecnologia construtiva, ao programa e aos seus usuários (MENDONÇA, 2014). A flexibilidade espacial é uma possível resposta aos diferentes tipos de alterações temporais. Podem ser dividas em dois grupos: alterações a longo prazo – possíveis expansões, mudanças de usos e funções - e as alterações a curto prazo – aquelas que possibilitam multiusos espaciais de forma direta e instantânea (ESTEVES, 2003). A flexibilidade é refletida nos espaços através da durabilidade, sustentabilidade, funcionalidade e dinamismo dos processos e usos, se opondo à edifícios estagnados no tempo. É um sistema que acompanha o crescimento ao longo dos anos e de extrema importância para complexos extensos como o Parque Cinematográfico de Brasília.

LOGÍSTICO E COMPORTAMENTAL Em relação aos aspectos logísticos e

Acessos Restritos e Transportes Internos “Segredo é a alma do negócio”, como diria o ditado popular e, de fato, aspecto importante e característico na produção de filmes. As manobras de sigilo dos produtores são uma mistura de estratégia de marketing e medo dos spoilers, esses desmancha-prazeres que revelam as guinadas-chave da trama. Afinal, se os expectadores não têm mais surpresas a esperar, o sucesso da produção pode estar comprometido (SPÄTH , 2015). Por este motivo o acesso restritivo à zona das atividades específicas é de singular importância. Apenas quem é credenciado ou pertencente a excursões turísticas tem acesso ao passe de entrada. Já para quem chega de carro - sejam produtores, staff, atores e etc - devem utilizar dos estacionamentos do complexo. O transporte interno pode ser feito, individualmente, a pé, de bicicleta ou até mesmo em Segway (meio de transporte

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ecológico, com apenas duas rodas, que funciona através da combinação de cinco giroscópios e dois motores elétricos de dois cavalos). Já para o transporte coletivo, uma empresa especializada fica encarregada do transporte interno de grupos e materiais leves, por meio de veículos elétricos, como o carro de golfe.

Vias internas Como contemplado no tópico anterior a questão dos acessos e transportes, o sistema viário interno irá ser dimensionado, prioritariamente, para o uso de pedestres, a fim de estimular a locomoção que não envolvam meios de transportes sobre rodas. Podem-se fazer uma alusão com o sistema viário convencional, para um melhor entendimento: • VIAS LOCAIS - As “Vias para Pedestres”, engrandecem a questão da questão da escala humana no projeto, e formam um percurso gerador de um “passeio arquitetônico” pelos elementos naturais, edificados (edifícios e espaços

Grande vão - Estúdio de Gravação

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de convivência) e pelos diversos espaços culturais e artísticos. • VIAS COLETORAS - Serão também criadas ciclovias e um sistema de compartilhamento de bicicletas. As ciclovias irão permear todo o complexo de forma concisa e não conflitante com as “vias de pedestres”, para um acesso mais rápido aos edifícios. Será também, proposto um sistema de compartilhamento de bicicletas, simples e fácil: não vão existir cadeados. As bicicletas são de uso coletivo, não há reservas, nem possessividade. • RODOVIAS - Serão propostas vias de serviços marginais ao complexo que deem acesso direto às entradas de serviço dos edifícios para carga e descarga de matérias. É proibido o tráfego de veículos de grande e médio porte dentro do Parque. OBS.: VIAS COLETORAS - São as vias que recebem e distribuem o tráfego de vias locais e alimentam as vias arteriais. Formam o itinerário das linhas de transporte coletivo. VIAS LOCAIS - São as vias de unidade de

residência, cuja função básica é de formar o itinerário de veículos das vias coletoras às habitações.

Áreas de convivência Pesquisas sobre rendimento de trabalho vem demonstrando e afirmando o que especialistas de Recursos Humanos já tentam mostrar aos gestores a alguns anos: profissionais motivados trabalham melhor (MACEDO, 2012). E, para valorizar o capital humano e converter este estímulo em produtividade, o bem-estar no ambiente de trabalho é fundamental (FERNANDES, 2009). E uma solução que vai além do ambiente interno, são os espaços de convivência. Ambientes mais acolhedores, equipados de mobiliário aconchegante e despojado, podendo ser permeados ou não por instalações artísticas, servem como válvula de escape para os funcionários. Incentivam a comunicação e sociabilização, a contemplação da natureza e, mesmo que inconscientemente, a criatividade.

Espaço de convivência urbano - Park Guell


Convivência urbana

Flexibilidade dos espaçøs

Sustentabilidade

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7 REFERÊNCIAS


REFERÊNCIAS Pelo Parque Cinematográfico de Brasília se constituir de um complexo de criação, ilusão, fantasia e sonhos, uma arquitetura de caráter temático, artístico e lúdico será aludida de forma concisa em todos os blocos de edifícios, e possíveis ambientes e espaços externos.

INTERNACIONAL Quando o tema é cinema, imediatamente lembra-se de Hollywood, de fato, os Estados Unidos é o maior produtor e possui um grande monopólio quando se trata desta indústria de entretenimento cinematográfica. Por isso, a quantidade de referências é uma lista extensa, logo foram selecionados apenas 2 complexos americanos e 1 inglês. Devido à quantidade de edifícios, anos de existência, reformas, extensões do complexo e etc, é inviabilizado intitular um único arquiteto responsável pelo projeto dos estúdios deste tópico.

NACIONAL Já no Brasil, quando se trata de entretenimento, a Rede Globo é referência, não apenas nacionalmente, mas possui um dos maiores centros de produção da América Latina. Outra emissora que também possui sua vez no mercado é o SBT e por este fato são as duas referências nacionais a serem analisadas.

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UNIVERSAL STUDIOS - LOS ANGELES, EUA Projeto: Universal Studios Local: Los Angeles, EUA Arquiteto: Não encontrado Descrição: O Universal Studios, localizado em Los Angeles, comporta uma área de aproximadamente 500.000 m2 destinada a cidades cenográficas permanentes onde já foram gravados filmes como: Casablanca, Batman e o seriado Friends. Estúdios: Possui 29 estúdios no total e dentre eles 2 comtanque de água. Muitos dos estúdios possuem conexões entre si, permitindo uma maior flexibilidade caso haja necessidade. Cidades Cenográficas Permanentes: Ashley Boulevard, Hennesy Street, Rua de Nova Iorque, Embaixada em Nova Iorque, rua francesa, rua residencial e comercial, Vila residência, selva com um lago, casa de fazenda, casa de campo com piscina, entre outros. Todos estes cenários externos moldados para diferentes épocas ou estilos. Fonte: http://studio.universalstudios.com

ANÁLISES • ENTRADAS E ACESSOS 3 entradas principais 1 próxima à área residencial e outras próximas às áreas administrativas e

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estacionamentos • ESTÚDIOS 29 Estúdios, sendo 2 com tanque de água Distribuição próxima aos escritórios e workshops, na área de entrada e lindeira ao parque • ADMINISTRAÇÃO Área próxima à entrada do parque e estacionamentos • PÓS-PRODUÇÃO Não foi possível identificar • CIDADES CENOGRÁFICAS Inúmeras cidades cenográficas, como ruas e casas, distribuídas depois do complexo dos estúdios e próxima aos parques • PARQUE Parque central, juntamente a uma via, separando áreas distintas, possui parque cenográfico • OUTRAS ATIVIDADES Espaço para entretenimentos (brinquedos e etc.) Hotelaria para dar suporte ao espaço de entretenimento Área habitacional

O Universal Studios em Holywood, a 85 anos no mercado cinematográfico, anunciou seu Plano de Evolução do

NBCUniversal, em 2005, de duração de 25 anos para avanços em sua infraestrutura. O plano inclui basicamente alterações e melhorias nas instalações para produção e pós-produção cinematográficas, revitalização do parque de entretenimento, criação de espaços para escritórios, melhores áreas para estacionamentos, adaptação de entradas e saídas e do tráfego existente na região, conforme indicado nas imagens, sem expandir os limites de sua propriedade atual. Os idealizadores buscam com estes avanços o posto de um dos maiores complexos de estúdios para produção cinematográfica do mundo, garantindo empregos com altos salários, contribuindo com a hegemonia da produção cinematográfica em Los Angeles e garantindo seu lugar na economia. Dentre estas metas, um dos elementos chave do projeto é a expansão em 30.000 m2 de novas instalações para produção cinematográfica que abrangem locações externas ao ar livre, novos estúdios e realocação de outros, bungalows para produção distribuídos ao longo do complexo, espaços para triagem de elenco e workshops com salas de ensaios, por exemplo. Não obstante, no âmbito de pós-produção, é estimada uma expansão em aproximados 40.000 m2 em espaços para apoio à produção juntamente com novos edifícios e 45.000 m2 em áreas de


escritórios para diversos fins, dentre eles, pré-produção. É possível ainda, destacar as questões social e econômica envolvidas neste Plano de Evolução além das melhorias em sua infraestrutura. A busca em manter uma boa qualidade e proporção entre trabalho e remuneração é constante para que o cinema e empresas de produção de televisão e turismo permaneçam fortes competidoras econômicas no mercado no futuro. Para isso, novos conceitos de diversificação de uso estão sendo considerados, como o projeto de um hotel e áreas residenciais no mesmo complexo: viver, trabalhar e se divertir sem utilizar o carro. O hotel busca fornecer vitalidade e rotatividade para o Parque temático Universal Studios Hollywood e CityWalk e há planos de transformação de uma parte da propriedade destinada à criação de uma nova comunidade habitacional composta de parques e trilhas. O bairro habitacional irá oferecer uma variedade de opções de alojamento, incluindo apartamentos, lofts e condomínios de luxo, interligados por trilhas, parques, restaurantes e lojas locais. Além disso, a comunidade se beneficiará de um programa de transporte coletivo que dá acesso às estações de metrô adjacentes, ao Parque Temático e aos estúdios circundantes, o que irá permitir que os residentes trafeguem para o trabalho, por exemplo, sem o uso de um carro. Este novo estilo de moradia, sem carro, não é comumente encontrado em uma cidade como Los Angeles e busca tornar-se um modelo para uma nova maneira de viver na cidade. Faz parte de um programa criado pelo Green Building Council dos EUA para desenvolvimento de bairros com práticas sustentáveis de acordo com a certificação LEED-ND. 53


PINEWOOD STUDIOS – BUCKINGHAMSHIRE, UK Projeto: Pinewood Studios Local: Buckinghamshire, UK Arquiteto: Não encontrado Descrição: O Pinewood Studios, em Buckinghamshire, na Inglaterra, não deixa a desejar em relação aos estúdios americanos. Com uma área de 350.000 m2, foi recentemente aprovado um projeto para a expansão do complexo e a construção de várias cidades cenográficas. Estúdios: Possui 3 estúdios para televisão - sendo que 1 deles comporta o programa de resultado da loteria todos os sábados a noite, 16 estúdios - sendo 6 deles com tanque de água variando de tamanho de 150 m2 a 5.500 m2. Muitos dos estúdios também possuem conexão entre si, permitindo maior flexibilidade caso haja necessidade. 04 PINEWOOD’S PRODUCTIONS 2000-2012 Cidades Cenográficas Permanentes: O estúdio possui grande diversidade de cenários internos como Castelo em estilo gregoriano com ambientes internos, tradicional bar de coquetéis, salão com piscina interna, conservatório, inúmeras fachadas, jardins, lagos e vários parques. Locações externas: Possui 3 áreas destinadas a filmagens externas para acomodar qualquer tipo de necessidade. Estes espaços variam de 8.000 m2 a 65.000 m2.

Fonte: ning issues were Greenhttp://www.pinewoodgroup.com Belt, development plan policy and h the scheme’s overall benefits could outweigh harm arising n against development. The scheme was ‘called-in’ by the for his own determination post a public inquiry.

ANÁLISES

tor was not persuaded of the overall ‘integrity’ of the project d concept. In particular the housing, Screen Academy, nt space and ‘living streetscape’ concept (ie. residential) to outweigh the harm. Some of the elements of the concept be capable of being accommodated elsewhere outside of the spector raised concerns over development plan conflict, the • ENTRADAS E ACESSOS ion for the concept and the sustainability of the location for 2 entradas roposed. Material to the decision was the Inspector’s view Pinewood Studios would not be adversely affected by a refusal ssion. 1 próxima à área lúdica do complexo,

passando pelo parquetocenográfico ea tate agreed that the very special circumstances justify the development in the Green Belt were not sufficient to grant outra, de serviço, dando acesso direto on. estúdios, escritórios e pós-produção

te that if the Green Belt case were made out the Inspector tate accepted that ecological, transport and site related • ESTÚDIOS e sufficient to justify a refusal of planning permission. er technical objections to justify a sendo refusal. 6 com tanque 19 Estúdios,

aos

de água

ood Studios Development application is an e 3 para Framework televisão, distribuídos próximos oncept to Project Pinewood and has been developed in full aos escritórios eAnworkshops, compõem o findings of the decision on that project. entirely fresh uired in deciding the application.

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“corpo” do complexo • ADMINISTRAÇÃO Área próxima à entrada do parque e estacionamentos e alguns edifícios aleatórios ao longo do complexo • PÓS-PRODUÇÃO Próximo à administração e consequentemente ao estacionamento e entradas • CIDADES CENOGRÁFICAS Se confundem com as área de parque cenográfico. Possui espaços cenográficos permanentes e espaços que sem edificações que podem ser utilizados para qualquer necessidade • PARQUE Parque cenográfico em área central próximo aos espaços destinados à cidades cenográficas • OUTRAS ATIVIDADES Não possui 04 PINEWOOD’S PRODUCTIONS 2000-2012

O Grupo Pinewood, é uma das principais empresas que fornecessem espaços para a produção de cinema e televisão. Enraizado

no Reino Unido, nos arredores de Londres, o Grupo Pinewood, com o segmento Pinewood International, possui escritórios em Londres, Los Angeles e Nova York, bem como instalações para produções cinematográficas na Malásia, República Dominicana, Canadá, Irlanda e no estado da Geórgia no Estados Unidos. O que acaba se tornando o grande diferencial da empresa. Mais uma vez, evidenciando o crescimento da indústria do cinema, o complexo de estúdios sede o Pinewood Studios em Buckinghamshire na Inglaterra, também possui projetos para sua expansão, o Projeto Pinewood. O Projeto foca na expansão de suas locações externas de produção cinematográfica, novos estúdios e almeja a criação de um bairro habitacional. Tudo isso a fim de competir com os estúdios Hollywoodianos, impulsionar o turismo na região e movimentar a economia gerando novos empregos.

Dentre as locações externas, o Projeto – THE CASE FOR Pinewood planeja construir réplicas PINEWOOD de ruas e zonas de locais do Reino Unido, Europa e EUA. Estas réplicas incluem um campus universitário, Amsterdam,

Fig. 6: Project Pi


habitação europeia moderna, Veneza, Paris, um anfiteatro, Praga, habitações da Costa Ocidental americana, centro de Nova Iorque, Chicago, Viena, um castelo, um canal do Reino Unido, Chinatown e um mercado de rua de Londrino. Minimizando os custos de deslocamento para tais lugares para filmagens. Juntamente com as novas instalações, ditando novos rumos e novas formas de habitação, o Projeto habitacional, comandado pelo escritório de arquitetura e urbanismo sustentável Arup, irá criar um bairro para abrigar seus trabalhadores, o ‘Green Film’ Masterplan. Busca integrar trabalho com moradia em um bairro com práticas sustentáveis, estabelecendo um novo padrão para as iniciativas de zero emissão de carbono na indústria cinematográfica. O bairro funcionaria como uma indústria criativa, abrigando pessoas e empresas associadas às indústrias cinematográfica, comércio, educação e cultura. Com um design urbano sustentável integrando infraestrutura, transporte, meio ambiente, paisagem, logística, energia, tecnologia da informação e comunicações, gerenciamento de resíduos e cenários de acordo com o plano de ação londrino Green Screen.

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PARAMOUNT STUDIOS – LOS ANGELES, EUA Projeto: Paramount Studios Local: Los Angeles, EUA Arquiteto: Não encontrado – Reforma atual por Rios Clementi Hale Studios Descrição: Os estúdios de filmagem da Paramount Pictures, localizados no distrito comercial de Hollywood na Califórnia, EUA, foram abertos em 1926. Eles possuem área de 227.150 m2 e estão atualmente se expandindo e reformando, sendo o projeto da Rios Clementi Hale Studios. Estúdios: Possui 30 estúdios para qualquer tipo de produção, 12 estúdios com área de aproximadamente 1.440 m2 – 10 deles com plateia e 16 deles com mais de 10 m de altura. Cidades Cenográficas Permanentes: Rua em Nova Iorque – 20.000 m2 contendo 8 partes distintas da cidade como o Brooklyn, Brownstone, Finacial District, Greenwitch Village, Lower East Side, SoHo, Upper East Side e Washington Square Tanque de água de 3.500 m3 3 tipos de teatro – variam em capacidade desde 516 a 124 poltronas e em estilos do mais luxuoso ao moderno Parques Cênicos – para cenas externas, cada um com uma atmosfera única, e podem ser moldados com estruturas e vegetação, de forma a servir o propósito da produção Fonte: http://www.paramount.com

ANÁLISES • ENTRADAS E ACESSOS 3 entradas 2 que dão acesso direto aos estacionamentos e administração e 1 na lateral do complexo (de serviço) • ESTÚDIOS 30 Estúdios, sendo 10 para televisão, distribuídos próximos aos escritórios e workshops, compõem o “corpo” do complexo • ADMINISTRAÇÃO Área próxima à entrada do parque e

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estacionamentos e alguns edifícios aleatórios ao longo do complexo • PÓS-PRODUÇÃO Central ao complexo envolto por estúdios, workshops, edifícios de escritório e administração • CIDADES CENOGRÁFICAS Possui parte definida, descentralizada do eixo central do complexo para cidades cenográficas permanentes • PARQUE Possui parque cenográficos próximo aos estacionamentos • OUTRAS ATIVIDADES Possui 3 teatros para entretenimento Tanque de água

O Grupo Pinewood, é uma das principais empresas que fornecessem espaços para a produção de cinema e televisão. Enraizado no Reino Unido, nos arredores de Londres, o Grupo Pinewood, com o segmento Pinewood International, possui escritórios em Londres, Los Angeles e Nova York, bem como instalações para produções cinematográficas na Malásia, República Dominicana, Canadá, Irlanda e no estado da Geórgia no Estados Unidos. O que acaba se tornando o grande diferencial da empresa. Os estúdios da Paramount, inseridos em uma concisa malha urbana em um distrito de Hollywood, não possuem áreas adjacentes significativas para expansão de sua propriedade, porém, por necessidade


do mercado, o complexo também tem um projeto de expansão, melhoria e modernização em suas instalações, conhecido como Projeto Hollywood, para os próximos 25 anos. O Projeto Hollywood permite à Paramount sua primeira oportunidade estética de proporcionar uma aparência coesa em todo o seu complexo e aumentar a sinergia e eficiência de produção, fundamentais para o futuro. Dessa forma, o projeto busca, fundamentalmente, a manutenção da hegemonia da indústria de entretenimento em Los Angeles, estabelecendo bases de longo prazo e assegurando que o legado e herança deste estúdio icônico sejam protegidos para as gerações futuras. Como resultado, a maior parte do lote do estúdio atual permanecerá o mesmo, mas parte do desafio é integrar duas propriedades adjacentes, uma pertencente à Paramount, o outro para RKO Pictures, aumentar o número de escritórios e instalações para produção, modernizar os estúdios, criar novas instalações de produção de pós-produção de alta tecnologia, estacionamentos e melhoria da circulação de caminhões. O projeto também oferece alojamentos para funcionários além de áreas de convivência, levando em consideração a compatibilidade com certificação LEED.

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PROJAC – RIO DE JANEIRO, BRASIL Projeto: Projac Central Globo de Produções Local: Rio de Janeiro, Brasil Arquiteto: Antônio Guimarães e Márcio Tomassini Descrição: Com 400.000 m2 de área construída e utilizada, mas área total de cerca de 1,6 milhão de metros quadrados, a Central Globo de Produções foi projetada por Antônio Guimarães e Márcio Tomassini. São 10 estúdios de gravação, sendo que 6 deles têm 1.000 m2 cada um e osoutros 4, 560 m2. Os estúdios menores são usados para seriados e todos os módulos laterais são destinados aos camarins. As cidades cenográficas ocupam uma área de 160.000 m2, vizinhas de um amplo galpão que abriga a fábrica de cenários. É lá que são confeccionados os interiores e fachadas desmontáveis que compõe os cenários. Fonte: http://especial.projac.redeglobo.com

ANÁLISES • ENTRADAS E ACESSOS 2 entradas 1 que dá acesso direto aos estacionamentos e administração e 1 na lateral do complexo (de serviço) • ESTÚDIOS 10 Estúdios, sendo 6 deles para novelas e shows e os outros para seriados • ADMINISTRAÇÃO Área próxima à entrada do parque e Área próxima à entrada do parque e estacionamentos • PÓS-PRODUÇÃO Próxima à entrada e administração • CIDADES CENOGRÁFICAS Possui duas cidades cenográficas, envoltas por parques que podem ser cenográficos • PARQUE O Projac é protegido em seus limites por uma mata existente que, próxima às cidades cenográficas, se torna utilizável para filmagens • OUTRAS ATIVIDADES Não contém

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ANHANGUERA SBT – OSASCO, BRASIL Projeto: Centro de Televisão (CDT) da Anhanguera Local: Osasco, São Paulo Arquiteto: Joel Abrão, sob orientação técnica de Alfonso Aurin e com a participação da construtora Zappi Descrição: O CTD da Anhanguera, mais conhecido como Centro de Televisão do SBT concentra todas as atividades da emissora em seus 290.000 m2. O conjunto foi concebido pelo arquito Joel Abrão, sob orientação técnica de Alfonso Aurin e com a participação intensiva da construtora Zappi. Conta com 9 estúdio de aproximadamente 700 m2, sendo que 8 estão em uso para as produções do canal e 1 é usado ocasionalmente em gravações de comerciais. O CDT da Anhanguera conta também com restaurante, lanchonete, farmácia, agência bancária, caixas eletrônicos, loja de conveniência, academia de ginástica, transporte interno, ambulatório médico e odontológico, além de recintos esportivos e parque aquático das gincanas do SBT. O complexo também possui um grande prédio administrativo e estacionamentos com mais de 500 vagas ao todo, uma fábrica de cenários, galpões para programas e novelas e uma cidade cenográfica de 10.000 m2. Fonte: http://www.sbt.com.br/home/

ANÁLISES • ENTRADAS E ACESSOS 1 entrada 1 próxima aos estacionamentos • ESTÚDIOS 9 Estúdios, 9 para uso da emissora com shows e novela e 1 usado ocasionalmente para comerciais localizados no centro do complexo • ADMINISTRAÇÃO Área próxima à entrada e estacionamentos • PÓS-PRODUÇÃO Não identificado • CIDADES CENOGRÁFICAS Cidade cenográfica lindeira ao complexo, próxima ao parque • PARQUE Parque utilizado para provas e parque cinematográfico próximo à cidade cenográfica • OUTRAS ATIVIDADES Área técnica lindeira ao complexo

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A partir de uma analise geral das referencias analisadas alguns conceitos são identificados claramente como: prever a possibilidade de expansão do complexo, diversidade de usos, multiplicidade de funções complementares: trabalhar, habitar e se divertir em um mesmo complexo, busca por tecnologia de ponta e promoção de práticas sustentáveis. Dentro da disciplina de planejamento urbano que envolve o projeto de grandes áreas ou grandes complexos, como é o caso dos estúdios de gravação, tem como objetivo lidar basicamente com os processos de produção, estruturação e apropriação do espaço urbano. E, uma de suas políticas, é a consideração da possibilidade de modificações e expansão e a flexibilidade. Logo, estas questões devem ser levadas em conta e previstas buscando um menos impacto ambiental e social. A diversidade de usos vem sendo um conceito amplamente aplicado em projetos arquitetônicos e urbanos. A diversidade, gera complexidade, que por sua vez gera diferentes tipos de apropriação e horários de utilização, o que, por sua vez, traz vivacidade ao local criando espaços mais interessantes e qualificados. Ligado com a diversidade de usos, tem-se a multiplicidade de funções complementares, e o que vem sendo chamado de “bairro inteligente” em que habitação está próxima ao trabalho, com espaços para compras e entretenimento, o que acaba por dispensar a utilização do carro na rotina. Proporcionando uma melhor qualidade de vida, menos poluição dentre outras questões sustentáveis.

Outro fator evidente é a questão da busca por novas tecnologia e até mesmo o acompanhamento da mesma, em uma indústria que a cada dia fica mais digital, como é o caso da indústria cinematográfica. É possível dizer que foi uma das indústrias que mais evoluiu tecnologicamente desde o advento da câmera até hoje, na era digital, e, nada mais lógico, do que promover infraestrutura que suporte estas questões.

Ainda sobre as referencias analisadas, considerando um caráter técnico de localização e zoneamento dos edifícios é possível identificar os seguintes fatos: • Grande maioria dos complexos estão inseridos na malha urbana das cidades, em locais de fácil acesso. • Há sempre a existência de, no mínimo, duas entradas para o complexo. Uma principal e uma de serviço. • •Os edifícios administrativos e de pós-produção, se encontram próximos às entradas e aos estacionamentos • Estacionamentos comumente localizados nas entradas, a partir dai é utilizado outro meio de transporte • Os estúdios, workshops, depósitos e escritórios representam grande parte dos edifícios, estando espalhados por todo o complexo. Workshops e depósitos acompanham os estúdios. • As cidades cenográficas e parques cenográficos, são comumente encontrados à margem dos complexos, sejam elas laterais ou posteriores.

DIVERSIDADE DE USOS

PROJEÇÃO PARA EXPANSÃO

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Áreas lindeiras aos complexos

E por fim, a questão da sustentabilidade, envolvendo as certificações e planos ambientais, que por mais que seus métodos sejam distintos, tem um mesmo objetivo que é uso racional dos recursos e a ocupação dos espaços disponíveis com mínimo impacto ao meio ambiente.

MULTIPLICIDADE FUNCIONAL: TRABALHO, MORADIA E DIVERSÃO

SUSTENTABILIDADE

COMPLEXO

NOVAS TECNOLOGIAS

Corpo e Estrutura

Frente e Entrada


ÁREA

PARQUE

VERDE

cidade

cenogrÁfica

ESTÚDIOS

WORKSHOPS

ESCRITÓRIOS

pósproduçÃO

ADMinis traçÃO

estacio

namento

ENTRADA serviço

entrada

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LINGUAGEM ARQUITETÔNICA Pelo Parque Cinematográfico, em âmbitos deste trabalho final de graduação, ser concebido majoritariamente como um projeto urbano, ainda assim, não se pode deixar passar como seria imaginada a linguagem arquitetônica dos edifícios propostos. Por linguagem arquitetônica, entende-se como:

“A expressão Linguagem Arquitetônica se refere ao conjunto de elementos que dão à composição arquitetônica, enquanto expressão artística e manifestação da vontade humana, um certo ordenamento sintático, morfológico e semântico.” Arquitetura como linguagem, Monica Pernambuco Costa

Sintático, relativo à sintaxe arquitetônica, em que se pode citar a concepção de sintaxe do linguista americano Noam Chomsky, publicada no livro Syntactic Structures, no ano de 1957, como sendo uma estrutura superficial. Esta é a estrutura literal da palavra que representa o aspecto sensível da fonte usada, seu tipo e tamanho. O modelo de Chomsky serve para descrever o processo no qual o ambiente físico da arquitetura é derivado ou criado a partir de uma série de

regularidades. O que de certa forma está interligado com a morfologia da arquitetura que representa, no sentido literal da palavra, é estudo da forma, da configuração, da aparência externa da matéria. E semântico, relativo à representatividade que um certo conjunto de obras arquitetônica possuiu e pode ser identificado pelo mesmo, seja em níveis visuais ou níveis mais profundos analíticos. Sendo então a linguagem a arquitetônica com um conjunto de vários tipos de regularidades que caracterizam um conjunto de obras e, pelo Parque Cinematográfico estar inserido na cidade de Brasília, nada mais justo do que seguir a mesma linguagem arquitetônica, e ainda dimensões urbanas, da cidade. Brasília é marcada arquitetonicamente pelas obras icônicas de Oscar Niemeyer e pelo urbanismo de Lúcio Costa. Citando brevemente, a arquitetura de Oscar Niemeyer, esta possui forte identidade formal (sua forma) com estruturas formais claras e elementares na configuração dos seus elementos constituintes. Tem presença de elementos limitados em seus projetos, introdução de curvas em uma arquitetura marcada pela linha reta e é também caracterizada pela constância, previsibilidade e facilidade de reconhecimento. Não como um defeito, mas como uma virtude em sua arquitetura. Não obstante, estas características se refletem e caracterizam a arquitetura monumental e residencial do Plano Piloto

de Brasília também. Na área monumental encontram-se grandes praças etéreas públicas democráticas que organizam os edifícios representantes do Estado, religião e cultura. Identificados pelo concreto branco ascético ou pelo mármore branco, característicos da arquitetura de Niemeyer em Brasília, que representam “neutralidade”. A arquitetura monumental é composta ainda de grandes edifícios com a utilização do vidro com finos suportes de aço que fazem com que o interior e o exterior dos edifícios se confundam numa espécie de muro transparente. Desta maneira, a arquitetura tem aqui uma conformação formal-espacial com componentes-meio (os elementos “escultóricos”, os “cheios”, os “sólidos”, a forma) e componentes-fim (os “vazios”, os “ocos”, os espaços) (Coutinho apud Holanda, 2007). Já na área residencial, onde se encontram as superquadras, os blocos residenciais se dispõem da maneira variada, obedecendo, porém, a dois princípios gerais: gabarito máximo uniforme, seis pavimentos e pilotis. Pilotis amplamente utilizados a fim de manter o caráter permeável e o direito de ir e vir livre de barreiras Já sobre o urbano e o urbanismo moderno de Lúcio Costa sob Brasília, funciona como ordenar e compõem a linguagem arquitetônica da cidade, não podendo desconsiderado. Em conjunto com a arquitetura mencionada anteriormente, caracterizam um novo modelo de ocupação e espacialidade.

ESPACIALIDADE | GABARITO | SKYLINE | LINEARIDADE | FORMALIDADE | PERMEABILIDADE | UNIFORMIDADE | IDENTIDADE VISUAL

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Marcada pela utilização de eixos ordenadores, clara setorização de funções, concepção de áreas residenciais em superquadras ricas em vegetação, dotadas de equipamentos de esporte e lazer e acompanhadas de pequenas áreas de comércio vicinal, espaçamento dos edifícios, minimizando cruzamentos, fluidez viária, adaptação à topografia local, entre tantas outras características. Ainda sobre a questão urbana, foram criadas “escalas” (monumental, gregária, residencial e bucólica) a fim de buscar uma escala humana que corresponda ao homem de “nossos dias” segundo Lúcio Costa. Para o urbanista, cada escala corresponde à forma urbana que atende um tipo de exigência da escala humana, representando formas específicas e diferenciadas de vivência urbana, conciliadas no modelo físico do Plano Piloto de Brasília. Lúcio também buscou colocar um pouco da cidade no campo e um pouco do campo na cidade, condizente aos conceitos de sua temporalidade procurando fundir pensamentos urbanísticos de um período, como os da Cidade – linear, Cidade – jardim e alguns dos princípios da Carta de Atenas. Arquitetonicamente e espacialmente, Brasília possui inúmeros atributos que definitivamente são levados em conta no projeto do Parque Cinematográfico de Brasília, uma vez que representa uma grande área na malha urbana da cidade, busca integrar-se e fazer parte do conjunto urbano e arquitetônico previamente existente.

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CONCEITOS E DIRETRIZES


CONCEITOS E DIRETRIZES Os conceitos e diretrizes para o Parque Cinematográfico de Brasília foram baseados em alguns fatores como, na análise das referências do complexo, urbanas e arquitetônica, no estudo das “escalas de Brasília”, dimensões morfológicas e nos conceitos estipulados pelo BREEAM. E assim, os conceitos e diretrizes acabam se tornando interdependentes e cooperativos, um complementando o outro. Partindo do princípio de utilizar a própria arquitetura de Brasília, como referência arquitetônica para os edifícios do complexo, utilizar a cidade existente como base para o dimensionamento viário, dos espaços e das macroparcelas (zonas), não é possível desconsiderar as 4 escalas da cidade: residencial, monumental, gregária e bucólica. Assim como a cidade, o Parque Cinematográfico de Brasília será caracterizado pela paisagem horizontalizada, pela predominância de espaços livres e pela grande amplitude visual. Desta forma pode-se destacar a importância em se considerar a Escala Bucólica no projeto. Escala responsável por permear e integrar as outras três, com extensas faixas gramadas, canteiros ornamentais, áreas arborizadas e de lazer, fundamentando o conceito de Parque.

mesma forma, será proposto no Parque, atividades de entretenimento, edifícios comerciais e de serviços, complementares às funções específicas do Parque. E ainda, assim como caracterizado a diversidade de usos, será criado no Parque uma área habitacional seguindo os conceitos da Escala Residencial de Brasília que traduz uma nova forma de moradia, com superquadras de apartamentos cercadas de verde, edifícios de gabarito baixo suspensos sobre pilotis, que estimulam a convivência, com seus comércios locais, praças e outros equipamentos comunitários. Vale ressaltar também a Escala Monumental, caracterizada pelo eixo do mesmo nome, onde são encontrados os centros de decisões políticas e administrativas do país e do Distrito Federal. A cidade é marcada pela arquitetura de Oscar Niemeyer, em que o homem adquire dimensão coletiva, da disposição disciplinada, porém rica, das massas edificadas e ressalta a expressão urbanística de um novo conceito de nobreza. Da mesma forma se traduz no Parque compreendendo os edifícios administrativos, reitoria, biblioteca e auditório.

Brasília é conhecida como uma cidadeparque, onde o verde e os amplos espaços livres estão integrados de forma harmoniosa ao dia a dia urbano, emoldurando e integrando todas as áreas, e, não obstante, o Parque Cinematográfico de Brasília seguirá os mesmos conceitos.

Indo além das escalas de Brasília e inspirado nos estudos e publicações dos Prof. Dr. Maria Elaine Kolhsdorf, Gunter Kolhsdorf e Frederico de Holanda, tem-se as Dimensões Morfológicas dos Lugares que trata das relações entre o homem e o espaço. Podem-se destacar as dimensões: funcional, expressivo-simbólica, bioclimática, topoceptiva e econômica.

A fim de diversificar o uso do Parque, podese inspirar na Escala Gregária, construída como o coração da cidade, em que inclui comércio, agências bancárias, consultórios, escritórios, hotéis e centros de diversão. Da

A dimensão funcional correlaciona expectativas de adequação da eficiência dos espaços às atividades neles desenvolvidas. A dimensão Expressivosimbólica representa a comunicação

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estabelecida entre o espaço e as pessoas: aspirações simbólicas, artísticas, afetivas, destacando-se a agradabilidade despertada por certas organizações morfológicas, passíveis de serem apreendidas pela contemplação. A dimensão Bioclimática correlaciona expectativas de conforto físico das sociedades humanas com as características climáticas do meio no qual se encontram. A Topoceptiva é noção de localização e deslocamento das pessoas no espaço e a necessidade de orientação e de identificação dos lugares como referências cognitivas básicas à segurança emocional dos indivíduos. E por fim, a Econômica traduz as expectativas em manter relativamente baixo o consumo de recursos materiais e energéticos representados pelo espaço.


Em síntese tem-se assim: PARQUE (bucólica) Áreas verdes abundantes (bioclimática) Qualidade dos espaços urbanos Lazer

Ainda sobre dimensões, tem-se as macrodimensões que podem destacar a dimensão Ecológica que “estuda como a arquitetura realiza conceitos da natureza e conceitos do homem enquanto natureza, nas suas relações com a natureza de maneira mais geral. Valores ecológicos informam a maneira pela qual características do

sítio natural são incorporadas (ou não) ao projeto do edifício ou dos assentamentos.” Desta forma, criando um paralelo com as expectativas da certificação ambiental BREEAM, com as consideradas dimensões, pode-se propor ainda os seguintes conceitos e diretrizes:

Permeabilidade pelo espaços DIVERSIDADE DE USOS (econômica)

CONCEITOS

Habitação (residencial)

Conforto Bioclimático

Entretenimento Atividades específicas ZONEAMENTO (gregária) Macroparcelas (topocepção) CONEXÕES

DIRETRIZES

Comércio Setor acadêmico

SUSTENTAB INTEGRAÇÃO COM ITERATIVIDADE ILIDADE A NATUREZA

Gestão de Resíduos Eficiência energética Captação de Recursos Hídricos

Identidade visual

Melhoria da qualidade de vida Permeabilidade

Externo - Espaços Lúdicos

Uso de água

Interno - Espaços de convivência

FUNCIONAL Hierarquia da Setorização Espaços compartilhado s Eixos

Paisagismo

Hierarquia viária Ordenamento dos fluxos Mobilidade Prioridade ao pedestre LOCALIZAÇÃO Inserção na malha urbana (econômica) Fácil acesso ARQUITETURA HORIZONTAL (expressivosimbólica) Permeabilidade física e visual Edifícios lineares acessíveis (monumental) Identidade visual (expressivo-simbólica)

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ITERATIVIDADE

SUSTENTABILIDADE

CONCEITOS

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DIRETRIZ

CONSIDERAÇÕES Estratégias que Conforto contribuam para o Bioclimático menor uso de fontes naturais Reaproveitar Gestão de resíduos quando Resíduos possível e

EXEMPLOS Corredores de ventilação e ambientes externos cobertos Central de tratamento de resíduos Postes solares LED Utilização de e pavimentos que energia solar para Eficiência se iluminam no iluminação externa energética escuro como o noturna Starpath Dar usos à água Reservatório Captação de captada pela chuva utlilizado para Recursos a fim de minimizar o hirrigação de Hídricos uso de recursos jardins e lavagem hídricos naturais de ambientes

Proporcionar algum tipo de distração e participação no Melhoria da ambiente de qualidade de trabalho (interno ou externo). vida Compartilhamento de conhecimentos, idéias e sentimentos A utilização de cores, formas, Identidade texturas, tanto na visual arquitetura como no paisagismo ou sinalização Externo Espaços temáticos Espaços artísticos, incitando Lúdicos a criatividade Espaços com ambiencias agradáveis, Interno incitando a Espaços de cominicação e troca convivência de idéias. Interno com conexão externa

Desenhos paisagísticos como labirintos, brinquedos de parte, arte iterativa ou contemplativa, praças Estilos arquiteônicos, cores definidas e sinalização Museu a céu aberto

Lanchonetes ao ar livre, galeria ao ar livre


ITERATIVIDADE

Proporcionar algum tipo de distração e participação no Melhoria da ambiente de qualidade de trabalho (interno ou externo). vida Compartilhamento de conhecimentos, idéias e sentimentos A utilização de cores, formas, Identidade texturas, tanto na visual arquitetura como no paisagismo ou sinalização Externo Espaços temáticos Espaços artísticos, incitando Lúdicos a criatividade Espaços com ambiencias agradáveis, Interno incitando a Espaços de cominicação e troca convivência de idéias. Interno com conexão externa

FUNCIONAL

Hierarquia da Setorização

Desenhos paisagísticos como labirintos, brinquedos de parte, arte iterativa ou contemplativa, praças Estilos arquiteônicos, cores definidas e sinalização Museu a céu aberto

Lanchonetes ao ar livre, galeria ao ar livre

Cada edifício possui uma única função e uma A setorização do edifícios deve ser de lógica de zoneamento de forma inteligível e acordo com as clara etapas de produção de um filme

Espaços compartilhados, Espaços internos e externos, compartilha permitem troca de dos conhecimento e comunicação Projetar eixos tanto para a organização de fluxos como a Eixos logística do zoneamento dos edifícios

Praças, gazebos, espaços para coworking, escritórios ao ar livre Vias que cruzem todo o complexo em eixo X e Y, sem interrupções

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9 LOCALIZAÇÃO


LOCALIZAÇÃO REGIONAL De acordo com o mapa ao lado, os pontos marcados em verde representam os principais estúdios de gravação (majoritariamente de novelas e shows) do país que são filiados a redes de televisão privadas. São eles o Projac da Rede Globo, no Rio de Janeiro (com uma filial em São Paulo; o CDT da Anhanguera do SBT, em Osasco, São Paulo; e o RecNov da Record (com uma filial em São Paulo). E o círculo tracejado, é referente à área de inserção do projeto do Parque Cinematográfico. A escolha do DF como localização, mais

especificamente Brasília, não foram feitas por conveniência, mas por ser uma das grandes cidades metropolitanas do Brasil, descentralizada do eixo Rio-São Paulo, diversificando e ampliando esta indústria pelo país. Brasília por ser uma cidade relativamente nova, ainda possui grandes espaços centrais, geralmente incorporados por zonas de uso controlado, sem edificações e sem uso definido (SEDHAB, 2007). De acordo com o IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA, Brasília possui uma população (dados de 2010) de 2.570.160 habitantes, sendo a quarta cidade mais

populosa do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Ou seja, possui mercado consumidor (em geral 11% da renda de cada habitante destina-se a lazer, segundo o IBGE), infraestrutura e logística geográfica dinâmica suficientes para comportar tal empreendimento. Além de que, o ramo cinematográfico não é tão expressivo na capital federal por falta de incentivos, de universidades e pesquisas na área que advém da carência de um local em que estas habilidades e conhecimentos podem ser colocados em prática. Na maioria das vezes, atores, diretores a curiosos têm que sair da capital em busca de oportunidades de mercado e estudos. O Parque Cinematográfico de Brasília, será projetado para mudar este quadro.

Mapa de Áreas Verdes do DF - Conectores Ambientais

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Mapa dos polos cinematográficos e região de incerção do Parque Cinematográfico sw Brasília

Mapa de Altimetria do DF - Embrapa


LOCAL

Mapa de Áreas econômicas - PDOT 2011

Mapa de Áreas econômicas - IBGE 2012

A escolha do terreno foi feita para atender três pontos principais: as questões ecológica, social-econômica e logística. A questão ecológica gira em torno da imposição por uma grande área livre que não deve afetar as características e interferir nas áreas de preservação do DF. Quanto ao critério social-econômico, como o Parque Cinematográfico de Brasília atuará como um centro de desenvolvimento, não apenas regional como também local, uma das escolhas pelo terreno foi a contribuição para uma requalificação da área e uso de mão de obra da região. A questão da logística e da centralidade se dão pela busca de um terreno de fácil acesso tanto para o público e usuários como transporte de materiais, etc.

I. Ecológica

Mapa de Mobilidade do DF - PAC 2

Sobre as áreas livres, não edificadas do DF, encontra-se um paralelo entre a preservação ambiental de áreas sensíveis exemplificadas no Mapa de Áreas Verdes do DF, permeadas pelas manchas em cinza que são as áreas edificadas. Pela necessidade de uma grande área, a escolha do terreno não deve se contrapor a estas caraterísticas ecológicas do DF. Além disso, a topografia também deve ser considerada, exemplificada no Mapa de Altimetria do DF. Para este projeto, acredita-se que uma variação topográfica geraria usos diversos para cada necessidade de filmagem. A parte norte do DF possui maior variação topográfica.

II. Social e Econômica A área norte do DF (Brasilândia, Sobradinho e Planaltina), compreendida pela área em destaque, é, comparada com a área ao sul (Ceilândia, Samambaia, Taguatinga, Mapa de Mobilidade - Grander Cidades e Linha de Metrô DF - Ccompanhia do Metropolitano do Distrito Federal 2011

Águas Claras, etc), menos desenvolvida e urbanizada, possui menos transporte público e menos incentivos industriais e menor renda. Por isso, primeiramente a área demarcada no Mapa de Áreas Econômicas (a área norte do DF) foi selecionada para implantação do Parque Cinematográfico de Brasília.

III. Centralidade Um outro critério para a delimitação do terreno, foi a centralidade a uma distância factível do plano piloto e do maior contingente populacional do DF, a fim de minimizar os deslocamentos desnecessário e, outra condicionante, facilitar o acesso. O Mapa de Áreas Econômicas representa o contingente populacional do DF em uma escala de azul - quanto mais forte, mais populoso e quanto mais claro, menos populoso. A área delimitada tracejada, é a intercessão em que pode-se propor uma centralidade, com o intuito de abranger público e contemplar questão da região norte abordada no item II.

IV. Acessos Um dos critérios importantes também para a escolha do terreno a ser levado em conta é a conexão de modais, o acesso e transporte público. Uma das características do Parque Cinematográfico de Brasília é visar atender a toda a população, logo um fácil acesso é imprescindível. Os Mapas de Mobilidade mostram o programa de mobilidade e metrô, mostrando as conexões entre as áreas dos DF. O mapa de Mobilidade do DF e a área em destaque mostram a localidade mais próxima a zonas definidas nos itens II e III. Já o Mapa do Metrô do DF mostra que, com sua futura expansão, poderá se tornar um meio de transporte predominante pela cidade. E, mais uma vez, a área destacada é a localidade mais próxima à área de centralidade definida no item anterior. 73


ESCOLHA DO TERRENO Após feita a avaliação das condicionantes regional e local, parte-se para a escolha do terreno. Dentro da área de centralidade delimitada, foi possível selecionar o terreno destinado à expansão do Parque Capital Digital. Não há nenhum projeto concreto para esta área, sendo então selecionado para ser implantado o Parque Tecnológico Capital Digital de Brasília. Analisando o mapa de uso do solo do entorno imediato que circunda o terreno, hachurado de cinza, é possível observar a predominância de uso residencial, alguns pontos comerciais distribuídos ladeados da área residencial, vários edifícios de utilidade e serviços públicos e algumas zonas prestadoras de serviços. Porém, além do Parque Burle Marx, ainda em construção, não há grande aglomerações de áreas destinadas ao lazer. Como já mencionado, vizinho ao terreno escolhido, tem-se o Parque Tecnológico Capital Digital de Brasília (PTCD), que é um polo de desenvolvimento Cientifico, Tecnológico e de Inovação do Distrito Federal. Ele viabilizará a instalação de diversas empresas do setor de CT&I além de instituições de pesquisa e centros de informação e armazenamento de dados. O PTCD tem como objetivo, além de prover

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infraestrutura tecnológica e serviços de qualidade para as empresas e centros de desenvolvimento científico, ser um espaço que permita a interação entre os diversos atores que promovem a inovação tecnológica, o conhecimento e a pesquisa no segmento de CT&I. É considerado um projeto estratégico para o Governo do Distrito Federal que representa uma mudança na matriz de desenvolvimento econômico do DF, consolidando a sua vocação econômica nos setores de Tecnologia da Informação e Comunicação. Resultado de uma política regional e orientado para o desenvolvimento de um processo socioeconômico extremamente impactante, o PTCD será́ um empreendimento estruturante, de caráter privado, contando com um robusto suporte do poder público, com foco no mercado globalizado. A iniciativa do Parque está integrada a diversas políticas e estratégias de desenvolvimento urbano, regional e ambiental. Desta forma, o Parque Cinematográfico de Brasília estaria estrategicamente localizado, podendo tirar proveito das inovações proposta pelo PTCD e partilhando dos mesmos objetivos: prover infraestrutura tecnológica, serviços de qualidade e desenvolvimento cientifico, porém voltado para a indústria do cinema, contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do Distrito Federal e também estará integrado por políticas e estratégias de desenvolvimento urbano, regional e ambiental.


PARQUE TECNOLÓGICO CAPITAL DIGITAL

PARQUE NACIONAL DE BRASÍLIA

PARQUE BURLE MARX NOROESTE

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I. Acessos

III. Uso do Solo

V. Bioclimatismo

Não somente por funcionar como um apêndice do Parque Tecnológico Capital Digital, o terreno se localiza na junção da via EPIA e da via Eixão NorteSul, sob o balão da Granja do torto. O posicionamento permite um fácil acesso aos setores de atividades complementares às atividades do Parque, como o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN), Setor de Indústrias Gráficas (SIG), aeroporto entre outros, ligando a cidade de norte a sul.

O terreno pertence à RA XVIII Lago Norte e, de acordo com o mapa de uso do solo, a área hachurada em cinza está inserida dentro da característica de Zona Urbana Controlada I. Segundo a Proposta de Macrozoneamento do DF, item 2.5.1 Macrozona Urbana, letra b) Zona Urbana de Uso Controlado I consiste em:

Para se atingir níveis satisfatórios de conforto térmico e luminoso e prever uma implantação eficiente dos edifícios, é necessário fazer a análise bioclimática do terreno. O terreno possui uma vantagem em relação à sua orientação pois está com seu eixo vertical praticamente alinhado aos eixos norte e sul, facilitando a análise e futuramente o projeto da distribuição dos edifícios.

II. Transporte Público Atualmente existe apenas uma única parada de ônibus na lateral direita fronteiriça ao terreno na via do Eixão em frente ao Mercado de Flores. Esta falta de acesso ao terreno é justifica por não ser empregado nenhum uso ao espaço. Porém, com a previsão de chegada da linha de metrô até o final da asa sul, pode ser proposta a continuação da mesma e criação de uma estação que abasteça o Parque Tecnológico Capital Digital e o Parque Cinematográfico de Brasília. É uma opção viável de integração de modais que facilitaria o acesso a ambos os novos complexos tecnológicos. Além disso, a via EPIA é uma via potencial para a criação de novos pontos de ônibus. Logo, na etapa projetual, uma das propostas será a concretização das novas conexões de modais, integrando o terreno ao seu entorno de forma mais eficiente.

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“ (…). O quadro atual de ocupação na Zona Urbana de Uso Controlado I denota o uso predominante habitacional com baixa densidade, que favorece a manutenção de áreas verdes. (…) Nesta zona, a ocupação urbana não está plenamente consolidada. Ainda existem áreas em processo de ocupação (…). Diante desse contexto, são diretrizes específicas para a Zona Urbana de Uso Controlado I manter o uso de baixa densidade; proteger os atributos naturais; implementar medidas de controle ambiental para proteção das unidades de conservação; promover a valorização dos atributos urbanísticos e paisagísticos da zona; e respeitar a capacidade de suporte do lago Paranoá, exigindo o planejamento prévio da infraestrutura de saneamento ambiental.” (SEDHAB, 2007).

IV. Topografia Por estar localizado na parte norte do DF, com variações topográficas mais significativas comparadas com outras partes, pode-se observar dois momentos distintos na topografia do terreno. Dividido por um eixo leste-oeste, a parte norte no terreno é praticamente um platô com declividade de 0,2%, já a parte sul, possui mais interferências das curvas de nível, dando uma leve sinuosidade ao terreno com declividade de 2,15%.

A análise foi feita baseada no documento do SEBRAE: Aspectos Ambientais de Brasília, que indica que o clima predominante da região, segundo a classificação de Köppen é “tropical de Savana”, com a concentração da precipitação pluviométrica no verão. A estação chuvosa começa em outubro e termina em abril, representando 84% do total anual. A estação seca vai de maio a setembro, sendo que, no trimestre mais seco (junho/julho/agosto), a precipitação representa somente 2% do total anual. A temperatura média anual varia de 18º a 22ºC, sendo os meses de setembro e outubro os mais quentes, com médias superiores a 22ºC. Considera-se o mês de julho o mais frio, com temperaturas médias que variam entre 16º e 18ºC. E a umidade relativa do ar cai de valores superiores a 70%, no início da seca, para menos de 20%, no final do período. A ventilação durante a estação chuvosa, tem predominância dos ventos no quadrante norte, com variação NW e NE, no período os ventos mais fortes vêm de NW. A partir do mês de março predominam os ventos de direção leste e durante o período de estiagem aumenta a incidência dos ventos de sul e sudeste.


EPIA DECLIVIDADE I=0,2%

DECLIVIDADE

EIXÃO

I=2,15%

EPPN

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10 PROGRAMA DE NECESSIDADES


PROGRAMA DE NECESSIDADES A partir da análise das referências, foi possível observar que a maioria dos complexos de estúdios de gravação estão inseridos em uma malha urbana, possuindo apenas as atividades específicas que os competem: estúdios, workshops, depósitos, etc. Porém, para o Parque Cinematográfico de Brasília, de acordo com o conceito de diversidade de usos e funções complementares, o programa de necessidades visa ser expandido para atender de uma forma mais dinâmica e funcional a população que irá fazer uso do complexo. Sendo assim, além das atividades específicas dos estúdios de gravação foram adicionadas outras macrozonas, sendo elas: habitacional, comercial, serviços e institucional (acadêmico e hotelaria) e lazer (entretenimento e consequente da função Parque). Através disso, supõe-se que o resultado

final alcançado através das ações individuais esteja de acordo com os objetivos da cidade, que incluem proporcionalidade entre a ocupação e a infraestrutura, harmonia do ponto de vista volumétrico, etc. Não obstante busca-se principalmente a qualificação do adensamento demográfico e intensificação das atividades econômicas para que quem fizesse uso das instalações do Parque não precisasse se locomover para algum outro lugar. Cada zona possui sua função específica e se caracteriza de uma maneira. Nas atividades específicas tem-se os estúdios de gravação; depósitos para armazenamento de figurino, equipamentos, cenários; workshops para ensaios de cena, reuniões; camarins; fábrica de cenários, edifícios de pré e pós-produção; além da área técnica; administração; guaritas; e outros edifícios de apoio.

CAMPUS ENTRETE NIMENTO HOTELARIA lazer

COMÉRCIO ATIVIDADES ESPECÍFICAS COMÉRCIO

HABITACIONAL 80

Na zona comercial tem-se comércio de pequeno porte para atividades quotidianas como farmácias, salão de beleza, lojas de roupa, panificadoras, escritórios, agências bancárias, etc. O comércio de grande porte abriga gráficas e materiais de construção por exemplo. Na zona de serviços e institucional, foram distribuídas atividades como administração geral do complexo, campus universitário com salas de aula, laboratórios, reitoria e setor hoteleiro. Por fim, a área de lazer, já inerente à função de Parque, irá possuir uma ciclovia e pista de caminhada ao longo de todo o perímetro do Parque, com quiosques de apoio e áreas de convivência ao longo do perímetro do local. Será também criado um setor de entretenimento em que tem intenção de proporcionar diversão atrelada à tecnologia com salas de cinema 4D e um grande teatro para premiações.


MACROZONAS

FUNÇÃO

Apoio

ATIVIDADE ESPECÍFICAS

COMERCIAL

SERVIÇOS E INSTITUCIONAL

LAZER

QUANTIDADE

Guarita

2

Recepção

1

Administração

1

Cafeteria

1

Clube dos Atores

1

Figurino Pré-Produção Centro de Criação Fábrica de Crnários Estúdios de gravação pequeno Estúdios de gravação médio Estúdios de gravação grande Produção

HABITACIONAL

EDIFÍCIO

Depósitos e Armazéns

1 1 1 8 8 1 De acordo com a quantidade de estúdios De acordo com a quantidade de estúdios 6 4 1 1 10

Camarins Workshops Cidade Cenográfica Pós-Produção Centro de Edição Infra-Estrutura Área Técnica Habitação Blocos sob pilotis de 6 pavimentos Comércio pequeno porte De acordo com a área Comércio Comércio grende porte Salas de Aula 3 Laboratório 4 Pós Graduação 1 Acadêmico Mestrado 1 Reitoria 1 Biblioteca 1 Auditório 1 Cafeteria 1 Apoio Administração Geral 1 Hotelaria Hotel 1 Apoio Bilheteria 1 Sala de cinema 4D 2 Entretenimento Sala de cinema Confy 2 Teatro para Premiações 1 Ciclovia Lazer De acordo com o perímetro do terreno Pista de Caminhada Áreas de convivência Apoio Quiosque 9

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11 PARTIDO


PARTIDO ESTUDO DE EIXOS O primeiro passo para a definição do partido do Parque Cinematográfico de Brasília foi a observação das características topográficas do terreno, entorno e suas visuais que ditaram os principais eixos ordenadores para o projeto. Por estar localizado na parte norte do DF, detém de vista privilegiada do Lago Paranoá e Plano Piloto, uma região com variações topográficas mais significantes, o que reflete no próprio terreno. Como mencionado no capítulo 9, em Análise do Terreno, no tópico referente à Topografia, é possível observar dois momentos distintos do terreno. Dividindo o terreno aproximadamente em sua centralidade, em um eixo leste-oeste, encontra-se na parte norte um platô que caracteriza uma seção privilegiada do terreno, já a parte sul, levemente sinuosa, representa uma região menos “nobre”. Sendo assim, este eixo leste-oeste acaba por se tornar o principal eixo ordenador do projeto e, inspirado nos primeiros passos para a criação de Brasília, foi criado um segundo eixo perpendicular no sentido nortesul paralelo às vias circundantes ao terreno. Um terceiro eixo foi criado na quina esquerda inferior ao terreno, conectado à via EPIA, ladeado inferiormente pela via secundária EPPN e próximo ao Parque Tecnológico Capital Digital que será destinado à algum tipo de uso e função que abasteça ambos os Parques.

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PÚBLICO E PRIVADO Conseguinte à criação dos eixos ordenadores, a área nobre (ao norte), definitivamente seria destinada às atividades de caráter público, bem como a área criada com o terceiro eixo, distribuindo áreas públicas no terreno de norte a sul. Como diria a socióloga Saskia Sassen, “os espaços públicos continuam a ser uma característica fundamental das cidades, sem eles, o terreno apenas denso e altamente construído não é uma cidade.” Esta extensa área pública busca evitar esta “desurbanização” pelo adensamento tão constante de propriedades nas metrópoles, buscando criar espaços acessíveis com direito de ir e vir, como no Plano Piloto de Brasília. Abaixo do eixo central, a porção sul, menos privilegiada visualmente, será destinada a atividades de caráter privado e sigiloso. Já ao longo do eixo central foi criada uma área semi-pública, miscigenando e integrando o público com o privado. A indústria cinematográfica se alimenta da mídia criada sob seus lançamentos e por isso, as produções devem ser isoladas e sigilosas e é a este tipo de função que será destinada a área intitulada de privada.

privado público semi-público

Já o centro semi-público tem a intenção de proporcionar uma vivência urbana intensa e democrática, em que os utilizadores de ambos os espaços, públicos e privados, possam conviver, buscando uma variedade de tipos humanos e a “igualdade” real de movimentação para todos.

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DIAGRAMA DE BOLHA E CONECTORES Através da divisão das áreas públicas e privadas, foi feito um diagrama de bolhas a fim se zonear, uma ferramenta de planejamento urbano, as atividades estipuladas no programa de necessidades, regulando por funções a utilização dos espaços urbanos do Parque. A opção do zoneamento, separando os espaços por zonas específicas, de acordo com as atividades existentes em cada uma delas, como um dos conceitos chaves para o urbanismo do Parque, tem como objetivo minimizar os conflitos entre usos e atividades e o controle de uma possível futura expansão urbana da cidade e do Parque. Desta forma, pretende-se que haja uma proporcionalidade entre a ocupação e a infraestrutura, proteção de áreas frágeis e/ou de interesse cultural e harmonia do ponto de vista volumétrico, cada qual com seus parâmetros sintáticos, morfológicos e semânticos. privado público semi-público

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MACRO ZONEAMENTO E SUGESTÃO VIÁRIA Como consequência do diagrama de bolhas, foi possível sugerir um macrozoneamento distribuindo as atividades ao longo do Parque. A mistura e proximidades de usos complementares às funções específicas para a produção cinematográfica foi o conceito norteador para este macrozoneamento. A área de atividades específicas para a produção cinematográfica que compreende a pré, pós e toda a produção cinematográfica, compreendida pela mancha roxa, ocupou a exata porção indicada com área privada. O centro semi-público ficou destinado como sendo uma área comercial, com lojas, farmácias, agências bancárias, escritórios, etc, tendo sua projeção levemente inclinada em relação ao eixo norteador leste-oeste, acompanhando a orientação das curvas de nível do terreno. Este centro comercial abastecerá tanto quem utiliza da área pública e privada, tanto o Parque como um todo. É o elo de conexão e integração de todas as atividades exercidas no Parque. Na parte privilegiada do Parque foram destinadas às atividades de lazer e entretenimento, representadas pela mancha verde, e às atividades intituladas como serviços, na mancha azul, que correspondem ao campus universitário, biblioteca, auditório, e administração do Parque.

zona habitacional zona atividades específicas zona comercial zona laser zona serviços e institucional

Ordenado pelo terceiro eixo, a zona próxima à EPIA e ao Parque Tecnológico Capital Digital, ficou destinada para a área residencial e outra área comercial com ingresso direto pelas vias que a delimitam. Além do zoneamento, foi ainda sugerido uma projeção viária, representada pelas linhas pretas mais fortes, em que terá uma via que contorna todo o Parque e uma única via central. Vias de acesso rápido na área residencial e comercial proporcionarão um acesso rápido, prático e funcional para esta área. Já dentro das atividades específicas, será proposto uma via central ao longo do eixo norte-sul com seus demais cul-de-sacs. 87


CROQUIS Durante a Introdução ao Trabalho Final, foi sugerida uma implantação de edifícios que acabou sendo julgada como aleatória e desconexa, desta forma, foi reiniciado um novo programa com uma implantação mais coesa dos edifícios seguindo os conceitos, diretrizes e estudos. Seguindo a lógica espacial de disposição dos edifícios semelhante à existente no Plano Piloto de Brasília, a centralidade da zona comercial, o Parque foi ganhando forma e dimensão com a projeção dos

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edifícios correspondentes ao programa de necessidades. Primeiramente foram estipuladas as zonas separadas por vias como elementos principais do projeto, o que ia contra os conceitos de permeabilidade e não priorizavam o pedestre, porém, foi útil para esclarecer esta divisão de zonas. Ao longo do processo criativo, após incontáveis análises, considerações e orientações, o Parque começou a se moldar de em uma forma a apresentar vias mais orgânicas e com o número mínimo de vias necessárias para estabelecer conexões entre os eixos.


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12 URBANO


URBANO PLANTA BAIXA AApós os inúmeros croquis, tentativas e estudos, finalmente a planta baixa do Parque Cinematográfico de Brasília está consolidada. A busca por um urbanismo funcional que atenda as necessidades humanas e as atividades no Parque desenvolvidas, agregada a ideia de Parque como outro tipo de utilização do mesmo espaço, priorizando o pedestre e uma implantação coesa dos edifícios estipulados no programa de necessidades, foram os pontos-chaves e eixos norteadores do projeto. Procurou-se também seguir os conceitos e diretrizes previamente estipulados como abundância de áreas verdes, menor quantidade possível de vias para tráfego de veículos rápidos, mas criando a maior quantidade de conexões por meio de ciclovias e calçadas a distâncias confortáveis para o pedestre, divisão em zonas e mistura de usos complementares. Seguindo os eixos estabelecidos nos estudos do Capítulo 11, mantendo a ideia de uma única via que cruza o Parque em seu centro no sentido Leste-Oeste, foi também criada uma via perimetral que contorna todo o terreno. Nesta via estão localizados bolsões de estacionamentos distribuídos principalmente nas proximidades das áreas públicas. Paralelamente a esta via perimetral, foram criadas uma ciclovia e uma pista de caminhada, que se integra com as calçadas das áreas públicas, tornando o pedestre a variável mais importante, pois possui maior facilidade de acessos a todas as áreas do Parque. E ainda, para que estes caminhos fossem estimulantes e agradáveis, foram distribuídas áreas verdes mesmo nas áreas pavimentadas concomitante com o uso da 92

água e edifício sob pilotis, garantindo o livre direito de ir e vir na área pública. A partir do desenho orgânico da ciclovia, foram sendo criadas as zonas dividindo a função de cada conjunto de edifícios. Com uma visibilidade privilegiada, tem-se a área de convenção com a biblioteca e o auditório, que funciona também como centro de convenções para o Hotel e para o Campus Universitário. Ambos os edifícios se encontram próximos às duas vias que circundam o terreno, democratizando o seu uso. Próximo a esta zona, tem-se o campus universitário com a reitoria localizada perto da via do Eixão, localização mais nobre do que os edifícios voltados para a via EPIA, que funciona mais como uma via de serviço. Os edifícios de salas de aula, laboratórios, pós-graduação e mestrado formam uma praça interna, voltados para si, conectados pela calçada com a reitoria. Os mesmos também se conectam com o hotel que tem sua forma e sua projeção voltada para a área em que estão os equipamentos de entretenimento, instigando um maior fluxo de pessoas e maior utilização destes equipamentos devido a sua proximidade. Ao final da área pública, adentra-se na área semipública compreendida pela praça cenográfica. Por estar marginada pela única via que corta o Parque, é criada uma grande visibilidade, movimentação e integração, mais um motivo para sua utilização. A Praça Cenográfica, então, conecta visualmente e fisicamente a área pública com a área privada, que por sua vez tem sua entrada principal voltada para a Praça e para a via Boulevard. Uma vez dentro do complexo de atividades específicas, tem-se primeiramente um

estacionamento que, utilizando a recepção como barreira, fazendo com que apenas veículos de serviço trafegam pelas vias. Desta forma, para quem irá utilizar os serviços dos edifícios de pré e pósprodução, administração, figurino, clube dos atores e da cafeteria tem um acesso mais rápido que não interfere nas outras atividades de produção. Justamente por este motivo, foi criada uma vegetação de barreira entre estes edifícios e o complexo de estúdios. Os estúdios se encontram no espaço restante, ao longo das vias compartilhadas cul-de-sac, ficando uniformemente distribuídos ao lado de camarinscontainers, depósitos e workshops. Na via principal, que liga a entrada principal à entrada de serviço do complexo de estúdios, foram organizadas as cidades cenográficas, tanto pela contemplação como pela sua proximidade dos estúdios. Ao sul do terreno, foram destinadas duas áreas livres para quaisquer que sejam as necessidades de diferentes produções, para o uso de construção de cenários específicos e utilização do lago cenográfico. Separada por uma barreira de área verde e próxima a entrada de serviço, tem-se a área técnica com a fábrica de cenários e outros equipamentos de suporte da infraestrutura do complexo de estúdios. Por sua vez, esta se localiza próxima ao comércio de grande porte que tem acesso direto pela via EPIA e pela EPPN, incentivando o seu uso com este acesso facilitado. Próximo ao comércio de grande porte temse o comércio vicinal que tem como função abastecer tanto a área habitacional quanto o comércio de grande porte, ambas ligadas diretamente à EPIA. A área habitacional é ladeada em um de seus limites, pela via perimetral, promovendo conexão entre seus habitantes e o resto do Parque.


O PEDESTRE O PARQUE PERMEABILIDADE ESPACIALIDADE FORMALIDADE PROJEÇÃO DOS EDIFÍCIOS IDENTIDADE VISUAL

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ÁREAS VERDES E MODIFICAÇÃO DAS CURVAS DE NÍVEL Por ser um terreno extenso que abrange uma grande área, atualmente não edificada, incorporar e caracterizar o complexo possuindo a função de Parque foi condizente com a busca pela diversificação de usos e utilização de áreas verdes abundantes. Para que também a função de Parque seja bem sucedida e devidamente utilizada, alguns critérios foram levados em conta. Dentre eles podem-se citar características que contribuem para sua boa utilização, como estar bem localizado na malha urbana da cidade, favorecer diversos usos, não ter concorrência com outras áreas livres, possuir complexidade, centralidade, delimitação espacial e insolação, segundo conclusões retiradas dos estudos de Jane

Jacobs e do Parque, é possível dizer que o Parque Cinematográfico de Brasília atende a todas estas observações. As áreas verdes contornam todo o perímetro do terreno, funcionando, de fora para dento, primeiramente como uma barreira visual e sonora entre as vias que circundam o terreno e o Parque, acompanhando, sombreando e criando espaços urbanos de convivência em todo o percurso da ciclovia e pista de caminhada. É ainda, inserida em certos espaços entre os edifícios da área pública e serve como caráter delimitador de área e funções dentro do complexo de estúdios. Ao longo da área verde do Parque serão criados espaços de convivência e utilização que oferecem multiplicidade de motivos para as pessoas frequentarem. O espaço terá locais diversos para usos e estados de espírito diferentes, para estimular a visita mais de uma vez. Com a criação da Praça Cenográfica Central, elo de centralidade do Parque,

é possível identificá-la e ser reconhecida pelos usuários como o centro, criando uma identidade visual e topocepção do local. Lugar de encontro, de referência e diferença em relação ao resto. E ainda, as áreas verdes acabam por delimitar os espaços para os edifícios e vice e versa, criando uma forma definida de espaço; as edificações como pano de fundo do Parque. “Os parques urbanos não conseguem substituir a diversidade urbana plena. Os que têm sucesso nunca funcionam como barreira ou obstáculo ao funcionamento complexo da cidade que os rodeia. Ao contrário, ajudam a alinhavar as atividades vizinhas diversificadas, proporcionandolhes um local de confluência agradável; ao mesmo tempo, somam-se como um elemento novo e valorizado e prestam um serviço ao entorno.” Morte e Vida das Grandes Cidades, Jane Jacobs. Para melhor implantação dos edifícios, algumas alterações na topografia do terreno foram necessárias como mostrada no mapa ao lado.


ÁREAS VERDES ABUNDANTES QUALIDADE DOS ESPAÇOS URBANOS LAZER

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SISTEMA VIÁRIO

ondulações, de plataformas e de almofadas “anti velocidade” e de pavimentos texturizados e/ou de cores diferenciadas.

Para configuração do sistema viário, e como mencionado anteriormente, foi criada uma via perimetral paralela às vias que circundam o terreno que dá acesso a todas as áreas do Parque. Para o acesso à via perimetral, na via EPIA e Eixão, foram propostas faixas de desaceleração no sentido comum das vias e retornos para acesso às vias opostas. No percurso, foram inseridos bolsões de estacionamentos estrategicamente posicionados próximos às áreas de maior fluxo de pessoa.

Foram também propostas elevações da pista de rolamento dos veículos até a altura da calçada criando a faixa de travessia de pedestres que ligam a área residencial à pista de caminhada e ciclovia e nas paradas de ônibus e metrô.

Perpendicular à via perimetral tem-se uma via configurada com um boulevard caracterizada por ser larga, com duas pistas divididas em cada sentido e separadas por um canteiro central paisagístico. É a única via que liga o Parque de leste a oeste. Na intercessão destas duas vias, foi proposto um cruzamento elevado para redução da velocidade dos veículos, solução retirada dos conceitos de traffic calming. Dentre as principais medidas de traffic calming utilizadas estão o bloqueio parcial de cruzamentos, a implantação de

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Pensando na mobilidade urbana, foram adicionadas 3 paradas de ônibus e 1 estação de metrô para acesso ao Parque Cinematográfico de Brasília. Duas paradas de ônibus e a estação de metrô foram posicionadas na via EPIA, distantes em aproximados 320 m e conectadas a pista de caminhada que dá acesso às calçadas ao longo de todo o Parque. A outra parada de ônibus foi adicionada na via Eixão, ao lado oposto do ponto de ônibus existente em frente ao Mercado de Flores, também conectada ao nível do pedestre com o resto do Parque. As conexões com as paradas, edifícios e áreas específicas foram feitas a partir da criação da pista de caminhada que se liga com as calçadas e se cruzam com as ciclovias, ordenando os fluxos. Criando proximidades internamente ao complexo de Estúdios, as vias se

organizam hierarquicamente com uma via principal que cruza o complexo de norte a sul, estruturada com um largo canteiro, ilustrando o percurso das cidades cenográficas, com uma rotatória para evitar cruzamentos e promover a distribuição do tráfego local. A partir da rotatória é possível acessar as vias sem saída, com seu término em cul de sac, conceito retirado do estudo das Cidades Jardins, que dá acesso aos estúdios, depósitos, workshops e camarins-contêineres. Evitando a criação de mais vias, as vias sem saídas se tornam compartilhadas nas proximidades dos estúdios para possibilitar os acessos de serviço, como técnica e mudança no desenho urbano, integrando o tráfego e as atividades humanas. Ainda nestas vias, quando há cruzamento com a ciclovia interna do complexo de estúdio, há travessia elevada visando diminuir a velocidade. Por final, foram criadas outras duas vias expressas delimitando os lotes comerciais de grande porte para que fossem mais facilmente acessadas através da EPIA. Ao longo de sua extensão foram criados bolsões de estacionamento, também visando facilitar o acesso, rotatividade e vitalidade do comércio.


CONEXOES MOBILIDADE PROXIMIDADES HIERARQUIA VIÁRIA ORDENAMENTO DOS FLUXOS

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ZONEAMENTO “Quanto mais a cidade conseguir mesclar a diversidade de usos e usuários do dia-adia nas ruas, mais a população conseguirá animar e sustentar com sucesso e naturalidade (e também economicamente) os parques bem localizados, que assim poderão dar em troca à vizinhança prazer e alegria, em vez de sensação de vazio.” Morte e Vida das Grandes Cidades, Jane Jacobs. Um dos grandes conceitos do Parque Cinematográfico é a diversidade de usos e espaços contribuindo não apenas economicamente, mas também socialmente para a vitalidade do Parque Cinematográfico de Brasília

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em contrapartida a lugares monótonos, repetitivos e padronizados. Como cita Jacobs: as cidades têm como característica uma diversidade de usos complexa e densa. O planejamento deve catalisar e nutrir estas relações funcionais ou relações de usos sem vida urbana. Desta forma, para o Parque as áreas correspondentes às atividades acadêmicas, administrativas e o hotel foram colocadas lado a lado com a área destinada a entretenimento. Ambas carregam grande contingente e rotatividade populacional que permite uma ativa utilização e compartilhamento de um mesmo espaço. Não obstante, foi dada a centralidade ao centro comercial organizado pela Praça Cenográfica que também, é uma zona marcante que se alimentará da proximidade

com as zonas acadêmicos, administrativas e de entretenimento e também com a proximidade com a zona habitacional, de acesso facilitado pela ciclovia e pista de caminhada. De caráter isolado, a zona destinada a atividades específicas, devido a características sigilosas, utilizará da vitalidade gerada pelas demais zonas para sua prosperidade e manutenção. Estrategicamente posicionada, a zona habitacional tem fácil acesso a todas as demais áreas que abrangem o Parque, abastecida pelo comércio de pequeno porte, vicinal a moldes da superquadra do Plano Piloto. Também contribui para a vitalidade do comercio de grande porte criado para abastecer as atividades específicas de produção cinematográfica.


DIVERSIDADE DE USOS MACROPARCELAS AVANÇO SÓCIOECONÔMICO MULTIPLICIDADE FUNCIONAL

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DETALHAMENTO URBANO CAIXAS VIÁRIAS VIA PERIMETRAL

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A via perimetral é uma via paralela às vias que circulam o terreno, dando acesso a todas as edificações do Parque. De trânsito rápido, a via possui travessias elevadas quando há conexão com paradas de ônibus e metrô. Ao longo da via, foram propostos estacionamentos pavimentados de Pisograma. A via é rodeada por área verde, assim como em seu canteiro central, funcionando quase como um passeio ao longo do Parque com as edificações como plano de fundo.


VIA COMERCIAL A via comercial dá acesso aos comércios de grande porte e ao comércio vicinal que abastece a área residencial. Possui estacionamentos em todo o seu percurso, com faixa de manobra e largas calçadas. As áreas de

travessia de pedestre são compostas por faixas de travessia elevada. As vias comerciais são perpendiculares a uma via de desaceleração que por si, é paralela às vias EPIA e EPPN, proporcionando acesso direto e mais rápido a esta zona comercial.

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VIA BOULEVARD A via Boulevard é a única via que cruza o Parque nos eixos Leste-Oeste, justamente por isso possui uma configuração de vias largas, geralmente arborizadas em suas laterais ou em seu canteiro central. Esta via é a de maior importância do Parque, pois nela se localiza a entrada principal do complexo de estúdios e do lado oposto, a Praça Cenográfica.


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PASSARELA Subterrânea Para não obstruir ou interromper o fluxo e a continuidade das atividades dos usuários das ciclovias e da pista de caminhada, onde há passagem de vias, foi proposto o uso de passarela subterrânea. As passarelas e passagens subterrâneas normalmente causam grande desconforto ao pedestre e muitos portadores de deficiência ficam impossibilitados de cruzar a via, caso não tenham condições de utilizá-las. Para que o seu uso seja universal, a passarela é composta de rampas de 10% de inclinação, não causando desconforto e exigindo menos esforço físico para o

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pedestre, ficando assim suavizada. Outro ponto positivo é que a passarela proposta é curta e com altura elevada (3m) que permite a passagem de luz, a visibilidade dos pedestres cruzando, além de que ambas têm a vantagem de estar próximas ao centro comercial da Praça Cenográfica. Além disso, devem ser consideradas, também, a topografia e a paisagem em torno da passarela. O elemento utilizado para tornar esta passagem ainda mais agradável foi o uso de vegetação no talude inclinado, proporcionando certa ambiência, fazendo do trajeto um caminho prazeroso e integrando a passagem subterrânea com a área verde que a circunda.


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PASSARELA ELEVADA Como sendo parte das medidas implantadas pelas técnicas de traffic calming, a finalidade da passarela elevada é permitir que o pedestre não necessite mudar o nível que se encontra, facilitando a mobilidade de pessoas com restrições físicas, cadeirantes, crianças e idosos, pois ao invés de terem que descer ao nível da pista e depois retornar ao da calçada, o veículo é obrigado a diminuir a velocidade pelo obstáculo colocado a sua frente. Funcionando de certa forma, com os mesmos princípios, o cruzamento elevado também existe como uma barreira forçando o condutor do veículo a diminuir sua velocidade e aumentar sua atenção

CRUZAMENTO ELEVADO

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VIA COMPARTILHADA A via compartilhada acontece nas proximidades dos estúdios para permitir o acesso de veículos de serviço. Para não aumentar o número de vias e seccionar o espaço de pedestres, a via compartilhada modifica os espaços mediante a utilização de pavimentação, mobiliário especialmente selecionados, trazendo a via para o mesmo nível da calçada por meio de calçadas rampadas.

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CALÇADAS – PAVIMENTO INTERTRAVADO O piso intertravado é um pavimento flexível composto por blocos de concreto prémoldados. Sua estrutura é composta por uma camada sub-base, seguida por uma camada de revestimento constituída por peças de concreto justapostas, sem camada de assentamento e cujas juntas entre as peças são preenchidas por areia. Seu intertravamento é fundamental para seu desempenho e durabilidade proporcionado pela contenção lateral e preenchimento de suas juntas. Os pisos intertravados de concreto são de fácil instalação e são apontados como redutores dos efeitos negativos da urbanização, devido as suas características de permeabilidade, que ajudam no processo de absorção de água da chuva.

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FECHAMENTOS – ALAMBRADO Como método de isolamento da área privada destinada aos estúdios de gravação, cidades cenográficas e atividades envolvendo a produção cinematográfica, foi proposta uma barreira com cerca viva que esconde a estrutura do alambrado. Buscando minimizar ao máximo a percepção visual e sensitiva de um obstáculo, este alambrado foi inserido na localização que compreende a área verde e que acompanha a ciclovia e a pista de caminhada. Foi utilizada da vegetação para gerar este efeito. Os alambrados têm estrutura tubular metálica e tela de arame com dupla galvanização, com arame farpado para um maior segurança do complexo na parte superior da estrutura.

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ESTACIONAMENTOS – PISOGRAMA O asfalto ecológico é caracterizado pela adição de pó de borracha de pneus descartados e britas ao ligante asfáltico, compactado a quente. Essa inovação traz vantagens sustentáveis e econômicas, pois além da diminuição dos custos de manutenção e aumento considerável em sua durabilidade, tem impacto direto na retirada de pneus inservíveis da natureza, utilizando a sua reciclagem como alternativa de redução da degradação ambiental. Além disso, o asfalto ecológico tem maior aderência, o que ajuda a evitar acidentes e o uso de sprays aderentes. Apesar das vantagens serem grandes, esta tecnologia ainda é 30% mais cara que a normal. Hoje, esta tecnologia, cobre aproximadamente 70% das rodovias do Arizona e está presente na Califórnia, Flórida e Texas nos Estados Unidos, e em algumas poucas rodovias no Brasil. Pisograma são peças de concreto, ecologicamente corretas, utilizadas para a pavimentação de áreas externas. Os orifícios presentes em cada uma das peças são resistentes ao tráfego de pessoas e veículos, favorecendo o desenvolvimento pleno da grama. Permite a passagem da água da chuva, não impermeabilizando o solo e contribuindo para o controle de alagamentos São facilmente assentadas sobre uma camada de areia ou pó de pedra, sem necessidade de ferramentas diferenciadas, máquinas ou mão de obra especializada. Em seu interior, deve ser colocada terra vegetal para o plantio de grama. Sua característica estrutural garante grande durabilidade, e após longos tempos de uso podem ser retiradas total ou parcialmente com grande facilidade, havendo a possibilidade ou de as peças serem reaproveitadas, ou de facilitarem a manutenção de canalizações subterrâneas e correção do leito trafegável.

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pRAÇA CENTRAL A praça central Cenográfica do Parque A Praça Central Cenográfica do Parque Cinematográfico de Brasília, como mencionado anteriormente, é o centro comercial e conexão entre as demais atividades do Parque. É delimitada em sua extremidade sul pela via Boulevard Central que cruza o parque nos eixos Leste-Oeste, e, em sua extremidade norte, pela via Boulevard Cenográfica destinada ao pedestre, que não possui acesso de veículo. Mantém o caráter urbano de praça rodeada por vias, mas ilustrando a característica de cenário. Os edifícios destinados a escritórios e lojas de variados tipos, foram organizados de forma que representassem simbolismos tanto do Brasil quanto certas tipologias de cidade icônicas europeias e asiáticas, criando um ambiente lúdico e interativo. Esta variação estética de fachadas funciona como um cenário quando assim necessário, podendo ser interrompida as

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atividades de rotina que ali acontecem, para algum tipo de gravação. Edifícios com usos funcionais reais, que ao mesmo tempo são cenários, caracterizam esta área semi pública criando um organismo vivo. É possível iniciar o percurso na Praça Brasil Colônia em que se tem a estrutura organizacional de cidades antigas com praça, igreja, obelisco central, com fechamento de edifícios característicos, que, neste caso, representam dois momentos diferentes da arquitetura colonial brasileira. Posterior a cada um dos lados destes edifícios que rodeiam a praça, tem-se o pelourinho em Salvador e o Rio de Janeiro, representado pela bairro da Lapa com seu arcos simbólicos. Do lado oposto à igreja, foi criada uma faixa de vegetação que compõe a paisagem encontrada no Quadrado em Trancoso na Bahia, facetado em seu oposto por casas do sertão árido do Nordeste. Seguindo a partir do sertão nordestino, ironicamente se depara com um grande espelho d’agua que representa o centro da Praça Cenográfica com passagens

para pedestres de uma lado a outro. Este centro da praça cria uma ligação entre a área pública e a entrada da área privada das atividades específicas, sem nenhuma interrupção visual. A divisa entre os edifícios representados pelo Brasil e pelas cidades internacionais simboliza o oceano que divide os continentes. Este mesmo espelho d’agua desemboca em uma das ruas que acaba por ilustrar a cidade de Amsterdam de um lado e Colmar na França de outro. E ainda, este mesmo canal de água da sequência em seu percurso, finalizando por ilustrar a cidade de Veneza. Nesta porção internacional da praça ainda é possível se imaginar em South Beach Miami, Ochsenfurt na Alemanha, Paris, Regent Street em Londres, Verona na Itália, na Medina em Marrakesh no Marrocos e em por fim, em Mykonos na Grécia. Toda esta transformação arquitetônica cenográfica busca causar diferentes sensações, incitar a imaginação e trazer para o público um pouco da vivência cenográfica que é presente nos filmes.


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13 EDIFÍCIOS CARACTERÍSTICOS


EDIFÍCIOS CARACTERÍSTICOS A partir da análise das referências, foi possível observar que a maioria dos complexos de estúdios de gravação estão inseridos em uma malha urbana, possuindo apenas as atividades específicas que os competem: estúdios, workshops, depósitos, etc. Porém, para o Parque Cinematográfico de Brasília, de acordo com o conceito de diversidade de usos e funções complementares, o programa de necessidades visa ser expandido para atender de uma forma mais dinâmica e funcional à população que irá fazer uso do complexo. Sendo assim, além das atividades específicas dos estúdios de gravação foram adicionadas outras macrozonas, são elas: habitacional, comercial, serviços e institucional (acadêmico e hotelaria) e lazer (entretenimento, consequente da função Parque). Através disso, supõe-se que o resultado final alcançado através das ações individuais esteja de acordo com os objetivos da cidade, que incluem proporcionalidade entre a ocupação e a infraestrutura, harmonia do ponto de vista volumétrico, etc. Não obstante, busca-se principalmente a qualificação do adensamento demográfico e intensificação das atividades econômicas para que quem fizesse uso das instalações do Parque não precisasse se locomover para algum outro lugar.

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SALAS DE CINEMA E TEATRO DE PREMIAÇÕES Um dos objetivos do Parque Cinematográfico de Brasília é se tornar, não apenas uma referência nacional, mas também mundial. Para tal, o emprego de tecnologia de ponta e inovadora é um dos conceitos abordados no Parque. Dentro deste panorama, as salas de cinema e o teatro de premiações devem atender a padrões antes jamais vistos. Em âmbito de salas de cinema, a tecnologia mais recente é a 4DX (Experiência 4D), uma tecnologia multidimensional adaptada ao cinema que permite ter efeitos e sensações sincronizados com o filme.

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Podem ser conseguidos mais de 20 efeitos diferentes, maximizando a sensação de envolvimento, experiência e integração com o filme. As cadeiras são equipadas com um sistema eletrônico de movimentos permitindo simular inúmeras sensações como voar, cair, acelerar ou travar. A sala permite ainda recriar efeitos ambientais e contextuais como vento, água, chuva, nevoeiro, aromas, entre outros, numa perfeita sintonia e sincronia com as imagens do filme. A tela, por sinal, oferece altíssima resolução com a tecnologia 4K, que tem 3840 x 2160 pixels, fazendo com que as imagens da sala apresentam ótima definição. Além disso, o 4K permite que as telas sejam maiores, sem que a qualidade seja comprometida. O sistema de som, assim como as imagens, apresenta qualidade que proporciona ao usuário alta fidelidade

sonora, com caixas acústicas que atingem cerca de 13 mil Watts de potência. Nas poltronas existem pequenos alto falantes ao lado dos ouvidos do espectador que, em determinados momentos do filme, emitem sons específicos, tornando a ambientação ainda mais realista. Para o teatro de premiações, é necessário um grande espaço aos moldes do Teatro Dolby, em Los Angeles, que atualmente abriga a cerimônia do Oscar e dos Prêmios Emmy. Possui capacidade para 3.400 pessoas sentadas e um palco de 20 metros de profundidade por 40 metros de largura. Quando não utilizado para premiações, abriga eventos culturais e shows transmitidos pela TV, pelo tamanho do palco e por atender a todas as necessidades estruturais que a TV necessita para exibir a transmissão com a melhor qualidade possível.


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CIDADE CENOGRÁFICA As cidades cenográficas são cenários que funcionam como locações externas para filmagens. As possibilidades criativas são infinitas e dependem exclusivamente do roteiro e das necessidades da composição de cenas do filme. Muitas vezes são reproduções e adaptações de locais e cidades existentes ou são ambientes fictícios que remetem a um certo período no tempo, cultura entre outros inúmeros fatores. Os grandes complexos de estúdios de gravação geralmente possuem vários tipos de estruturas que compõem as cidades cenográficas. Podendo ter edifícios fixos como casas, estruturas fixas que sustentam algum tipo de painel transitório ou mesmo a clássica estrutura que não possui fundo, apenas fachada e laterais.

Set de “O Cavaleiro Solitário”

Comumente são empregados materiais leves e maleáveis como MDF, sustentado por estruturas metálicas ou até mesmo de madeira. Dessa forma, permite-se uma maior rapidez na produção destes cenários, abundância de material, facilidade em transporte e reciclagem.

Universal Studios

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PRÉ E PÓSPRODUÇÃO PRÉ-PRODUÇÃO O edifício destinado à pré-produção abriga majoritariamente salas destinada a reunião de vários tipos e layouts que possam abrigar desde um grande contingente de participantes em uma produção cinematográfica até uma sala com apenas mesa e cadeira para trabalhos que envolvem basicamente passar o dia no telefone e computador quebrando toda sua produção em pequenas tarefas que precisam ser realizadas. Abriga também salas em que são feitas as audições para seleção do elenco do filme, que já é um grande empreendimento, em que é necessário muito tempo, preparação e infraestrutura adequada para realizar uma audição bem-sucedida. E ainda a previsão de depósitos, pois, para a escolha do elenco principal, são marcadas audições com os atores, que geralmente envolvem gravação em uma câmera simples e armazenamento deste material até a seleção final dos atores.

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Dentro do complexo da pré-produção é possível ainda citar salas destinadas à maquiagem, teste de figurino, entre outras, uma vez que todas estas questões são previamente definidas antes do início das gravações.

PÓS-PRODUÇÃO Já nos edifícios de Pós-produções, são encontradas salas com funções mais específicas e complexas, que devem ser esquipadas com equipamentos próprios para edição e, no caso do Parque Cinematográfico de Brasília, de última geração. Um dos processos iniciais da edição é a montagem do filme. Ela consiste em selecionar, ordenar e ajustar os planos de um filme ou outro produto audiovisual a fim de alcançar o resultado desejado. Em geral, a montagem é realizada pelo montador, em um equipamento compatível com a tecnologia empregada na realização do produto, logo, é necessário que exista infraestrutura para abrigar este equipamento. Dentre estes processos de edição, muitas salas são destinadas à edição se som.

Dentro do universo da edição de som, tem-se design sonoro, efeitos sonoros, ADR (Automatic Dialogue Replacement), foley (sala para criação de efeitos sonoros) e música, culminando em um processo conhecido como som de regravação ou mixagem, edição de trilha sonora e dublagem por exemplo. Todas estas salas são geralmente equipadas com câmaras ou salas de controle, bem como possuem todo um tratamento de isolamento acústico a fim de minimizar as interferências na produção e edição sonora. Por fim, é feito na pós-produção também toda a edição da imagem com tratamento digital, quando existente, adição de efeitos visuais, animações ou vinhetas, colorista que faz a marcação de luz das imagens editadas de um filme, design gráfico para criação de abertura, letreiros e créditos finais, entre outras funções. Hoje em dia, todas estas técnicas são realizadas por meio de softwares e programas especializados, logo estas salas são equipadas basicamente com computadores de última geração. Uma vez que todos estes processos vão sendo finalizados, tem-se ainda nos edifícios de pós-produção salas de prévia e pequenos teatros para apresentação do produto final.


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PRÉ-PRODUÇÃO Sala de reunião

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Sala de audição

Sala de reunião

Sala de reunião

Pré-produção

Sala de produção

Sala de maquiagem


PÓS-PRODUÇÃO Sala de narração

Sala de dublagem

Sala de edição

Sala de corte positivo

Sala de corte negativo

Sala de efeitos sonoros

Sala de demonstrações

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ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO Os edifícios que compreendem os estúdios de gravação são os edifícios mais característicos e representativos em um complexo de produção cinematográfica. São também chamados de sound stages (estúdios de som), pois são projetados buscando isolamento sonoro e vedação (ausência de aberturas), minimizando a iluminação natural para melhor captura de imagens. Os estúdios são estruturas que necessitam de grandes espaços internos para o desenvolvimento das filmagens, sendo estruturados como galpões ou hangares com grande vão, livre de obstáculos internamente. Para tal, necessitam de estruturas compostas por vigas e pilares comumente em concreto, porém também metálicas em estúdios menores. Além do espaço interno majoritariamente destinado às filmagens, os estúdios nem sempre possuem instalações sanitárias a fim de minimizar a complexidade do edifício e algum eventual ruído gerado

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por estas instalações. Sendo assim, se fazem necessárias instalações de camarim externas que suportem essas funções para os usuários do espaço. Muitas vezes são encontrados nos estúdios salas de controle que comandam a iluminação e algum tipo de som. Também são encontradas em seu layout, antecâmaras com salas de reunião e hall para o elenco e a equipe de produção, eventual pequeno depósito e salas de ensaio. O vão interno varia de acordo com a capacidade do estúdio, desde mega estúdios como o 007 Estúdio no Pinewood Studios, com vão interno de 102 m de comprimento por 41 m de largura, como estúdios convencionais de 30 m de comprimento por 20 m de largura e até mesmo os menores, de 20 m de comprimento por 15 m de largura. Em termos de pé direito, a maioria dos estúdios tem em entre 8 m e 12,5 m de altura. Para a organização da estrutura de iluminação artificial e utilizado para as filmagens e estrutura de suporte de câmera, por exemplo, os estúdios possuem o que é chamada de catwalk. Funcionando quase como um mezanino, são estrutura metálicas atirantadas no teto que servem

de suporte e passagem para diversas funções, facilitando as adversidades das necessidades cinematográficas. Além da robusta estrutura primária, os estúdios possuem fechamentos com espessas paredes em concreto, funcionando tanto como elemento estrutura como elemento de isolamento sonoro, térmico e luminoso. As gravações exigem silêncio da produção enquanto estão acontecendo as filmagens, bem como do meio externo, e não utilizam da iluminação natural para não depender das variações climáticas e projetar uma iluminação pontual de acordo com as necessidades das filmagens. Conclui-se que os estúdios não são edificações muito sustentáveis, mas se faz necessária a utilização destes recursos artificiais para o devido cumprimento de sua função. Algumas outras observações importantes que podem ser ainda citadas são as esquadrias compreendidas pelas portas. Estas portas são estruturas nada convencionais em que além de compreender grandes alturas para a passagem de cenários e maquinário, devem também funcionar como isolantes sonoro e luminoso.


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TOHO STUDIOS - EStúdio 10

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TOHO STUDIOS

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TOHO STUDIOS

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estrutura

Toho Studios - Estúdio 10

Estúdio 007 - Pinewood

Estúdio Parallax Digital Studio


GRAVAÇÕES behind the Scenes

Gravações do filme Expresso do Amanhã


FÁBRICA DE CENÁRIOS A essência do cinema está na união de diversos elementos a fim de contar uma história. A partir da escolha dos atores, diretor, produtor, roteirista, etc, são criados e definidos tais elementos, entre eles, o cenário. Tão importante quanto qualquer personagem, o cenário depende da organização do espaço, boa iluminação, estudo de técnicas construtivas, também da decoração e da escolha dos objetos. Nem todos os estúdios de gravação

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possuem de fato uma fábrica de cenários em seu complexo, muitos possuem apenas algum tipo de workshop para montagem das peças dos cenários, terceirizando esta produção. Porém, para o Parque Cinematográfico de Brasília, e plenitude de suas necessidades, foi incorporado no projeto uma fábrica de cenários inspirada na fábrica existente no Projac, no Rio de Janeiro. Intitulada como a Fábrica dos Sonhos, o edifício nada mais é do que um amplo galpão em que são confeccionadas as fachadas, interiores e qualquer tipo de estrutura desmontável, que serão utilizadas em cena. Todo o trabalho, desde a concepção até pintura e os

mínimos detalhes são reproduzidos na fábrica quando necessário, pois pintura de cenários acabou se tornando um processo digital, em que elementos 2-D em Photoshop são mesclados com pinturas animadas em 3-D. A produção de cenários gera centenas de empregos, por exemplo, somente no departamento de pintura, há um supervisor do departamento, um pintor supervisor, pintores regulares e pintores de reserva. No departamento de arte há supervisores, assistentes, reservas e funcionários de todos os tipos. O trabalho pode tornarse muito divertido e esse fator, aliado a tanta criatividade, normalmente gera um resultado extremamente satisfatório.


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TANQUE A versatilidade é um quesito chave no mundo cinematográfico, pois é difícil prever as necessidades que uma produção cinematográfica ira demandar. Sendo assim, é necessário possuir infraestrutura preparada para adversidades e quaisquer tipos de necessidades. Dessa forma, outro tipo de edificação peculiar dos estúdios de cinema, que também não são amplamente encontradas em muitos estúdios de gravação, são os tanques de água para filmagens. Existem estúdios, porém, especializados nesta modalidade, mas não compõem complexos completos.

São estruturas compostas de um grande tanque de água, com paredes espeças estruturais e com janelas laterais que dão visibilidade para o fundo do tanque caso este tipo de filmagem seja necessária, comportando um grande volume de água. Além do tanque, são equipados com um grande painel de fundo, que funciona como base para a composição do cenário graficamente na pós-produção.

Toho Studios - Tanque de água

Os estúdios que possuem estes tanques de água geralmente possuem uma equipe de mergulhadores que auxiliam nas filmagens, para ser ainda mais viável produzir cenas que configurem praias, mar a céu aberto, lago coberto com musgo ou mesmo uma piscina. Qualquer produção que envolva água é possível de ser arranjada nestes tanques.

Toho Studios - Tanque de água

Paramount Studios - Tanque de água

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BrasĂ­lia, 2016


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