Aluno FrĂŠdĂŠric Camelo Homerin Orientador Raquel Naves Blumenschein
AUTOTEKTON
Sistema de autoconstrução para habitação Autor: Frédéric Camelo Homerin Orientadora: Raquel Naves Blumenschein Caderno de projeto final para conclusão Curso de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Brasilia 2º Semestre / 2016
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Minha família, que mesmo fisicamente distante, nunca deixou me sentir só. Sempre presente quando necessário, com os melhores conselhos que eu poderia desejar receber, e o carinho indiscutível que só vocês sabem dar.
A Minha orientadora, Raquel Naves Blumenschein, por ter confiado e acreditado em meu projeto, e pela sua orientação interessada e atenciosa
Aos amigos Victor e o Diego, pela ajuda insuperável que fez toda a diferença!
Ao professor Ivan Manoel Rezende, por todo seu apoio técnico, sua incrivel paciencia e dedicação.
A minha companheira de todas as horas e aventuras Carol, pelos conselhos, pelo seu carinho, seu sorriso e paciencia nas horas dificeis, e por estarsempre presente. Augusto Cristiano Prata Esteca, pela parceria em diversos projetos, a compreensão e apoio descontraído e sincero. 4
- INTRODUÇÃO: 08 Moradia digna: 10 Deficit habitacional: 12 - OBJETIVOS: 14 INICIATIVAS: Estado: minha casa minha vida - 16 Sociedade civil: Teto: 18 - REFERÊNCIAS: 20 Walter’s way: 20 Eames house: 21 Furniture house: 22 Flatpak house: 23 Universal world house: 24 Home sapiens: 24 Playmobil: 25 - CONCEITOS:
- DIRETRIZES: Autoconstrução: Modulação/Industrialização: Condicionantes e determinantes
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30 31 36 38
- OBJETIVOS: 44 - CONDICIONANTES e DETERMINANTES: NBR 15575: Wood Frame: Placa cimenticea: Estudos complementares:
45 36 40 41 41
- CONCLUSÃO:
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- ESBOÇO PRELIMINAR:
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-DEFINIÇAO DE PROJETO:
44
-PROJETO: Estudo volumétrico: Plantas baixas: Fachada: Perspectivas: Vedação e acabamento: Cobertura: Detalhe dos paineis:
46 47 48 54 55 56 58 60
-ESTUDO ESTRUTURAL: Barras: Conectores:
62 63 64
-HIDRÁULICA:
66
67 68
-CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA: Casas geminadas:
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
- RESUMO: 07
-RENDERIZAÕES: 70 -BIBLIOGRAFIA:
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RESUMO
O presente trabalho procura inicialmente estudar novas tecnologias construtivas na área de pré fabricados, para em uma segunda etapa desenvolver através de pesquisas comparativas e estudos de materiais um sistema construtivo para habitações de baixo custo, em painéis pré fabricados removíveis incentivando a autoconstrução e valorizando a customização. Compreendendo a realidade social e politica do país, assim como as disponibilidades e demandas do mercado.
Palavras chave: Modulação, pré fabricado, auto construção, Do it yourself, auto gestão, apoio mutuo, sistema construtivo, habitação de interesse social, MMC, Wood frame, Fibrocerâmica.
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“LE PROGRÉS SOCIAL DES MASSES EST SUBORDONNÉ AU PROGRÉS DES DISPOSITIONS SOCIALES DE L’ARCHITECTURE” Jean Baptiste André Godin 7
INTRODUÇÃO
A preocupação do homem com a segurança, sua e de seus dependentes, é tão antiga quanto sua existência. Preocupandose meramente com os perigos mais evidentes em um primeiro tempo, nos deparamos com o conceito mais rudimentar de abrigo: um espaço preferencialmente coberto, proporcionando segurança e refúgio. No decorrer da história, pode-se traçar um riquíssimo e heterogêneo repertório de preocupações e soluções encontradas por cada comunidade e sociedade humana. Não existe ainda, em termo de linguagem arquitetônica, uma única e ideal solução universal que poderia satisfazer a todas as necessidades e demandas provindas dos quatro cantos do mundo, considerando suas particularidades sociais, econômicas, geográficas, climáticas e culturais. Porém há, sim, uma preocupação de se construir conceitos de bem-estar, vida digna e, consequentemente, de moradia digna, que reinvade a agenda política contemporânea a partir do fim da II Guerra Mundial. Nesse contexto, o Artigo 25, Parágrafo 1º da Declaração dos Direitos Humanos adotada pela ONU, redigida em 1948, já demonstra a preocupação com respeito ao tema da moradia, dentro do conceito de bem-estar:
“Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”.
Foto em Brasilia, Foto de autoria própria.
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Fotos da favela do Bugre na baixada Santista, São Vicent e setor Grajau Goiania. Todas as fotos são de autoria própria - 2014
Ou seja, para assegurar o bem-estar social, é necessário que se garanta, em conjunto, uma lista de pré-requisitos, sendo a moradia um elemento-chave para a vida digna de uma família. Além da Declaração dos Direitos Humanos, em 1966, foi elaborado um tratado adotado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas: o Pacto Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Culturais (PIDESC) que, entre outros temas, reforça novamente o direito à habitação como fundamental direito humano :
“Os estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e para sua família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como uma melhoria contínua de suas condições de vida. Os Estados-partes tomarão medidas apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido, a importância essencial da cooperação internacional fundada no livre consentimento” (Artigo 11, Parágrafo 1°). No caso do Brasil, apesar de ser assinante do PIDESC, somente em 2000 a preocupação com a moradia foi oficializada na Constituição Federal, com a promulgação da Emenda Constitucional n°26:
“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (Artigo 6). 9
Foto no assentamento sem teto, Grajau, Goiania. 2007
MORADIA DIGNA Após oficializar o direito à moradia digna, é necessário compreender esse conceito e enquadrá-lo em um conjunto de requisitos específicos. A Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da Republica (SDH-PR) retrata, na sua publicação “Direitos à Moradia Adequada” (2013), embasando-se nos conceitos do PIDESC, 7 critérios mínimos para a aceitação de uma habitação considerada digna. São eles:
“Numa primeira reflexão, a moradia aparece em nossa mente como um abrigo que nos protege e dá privacidade. Para o homem da caverna talvez a habitação fosse apenas isso mesmo. Já para o homem medieval, entretando, a habitação era mais que isso, pois, pelo menos no caso do homem urbano, era também seu local de trabalho. Já sob o modelo capitalista de produção, a habitação terá outros papéis e significados” VILLAÇA, 1986.
1)
Segurança da posse: a moradia não é adequada se os seus ocu-
2)
Disponibilidade de serviços, materiais, instalações e infraestrutura: a moradia não é adequada, se os seus ocupantes
pantes não têm um grau de segurança de posse que garanta a proteção legal contra despejos forçados, perseguição e outras ameaças.
não têm água potável, saneamento básico, energia para cozinhar, aquecimento, iluminação, armazenamento de alimentos ou coleta de lixo.
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3)
Economicidade: a moradia não é adequada, se o seu custo
4)
Habitabilidade: a moradia não é adequada se não garantir a
5)
Acessibilidade: a moradia não é adequada se as necessidades
6)
Localização: a moradia não é adequada se for isolada de oportu-
7)
Adequação cultural: a moradia não é adequada se não respeitar
ameaça ou compromete o exercício de outros direitos humanos dos ocupantes.
segurança física e estrutural proporcionando um espaço adequado, bem como proteção contra o frio, umidade, calor, chuva, vento, outras ameaças à saúde.
específicas dos grupos desfavorecidos e marginalizados não são levados em conta.
nidades de emprego, serviços de saúde, escolas, creches e outras instalações sociais ou, se localizados em áreas poluídas ou perigosas.
e levar em conta a expressão da identidade cultural” (UNITED NATIONS, 1991) Item n° 8, comentário geral n°4.
Foto Michael Wolf - Hong Kong
A publicação do IBGE, “Síntese de indicadores sociais, uma análise dos indicadores de vida da população brasileira”, de 2010, ressalta a conceitualização de ”assentamento precário” da UN-HABITAT (Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos), complementando a definição de moradia digna com mais duas preocupações essenciais:
1) 2)
Durabilidade da construção (em local não perigoso e com estrutura permanente e adequada); e Área suficiente para viver (não mais que duas pessoas compartilhando o mesmo dormitório).
Sendo assim, percebemos que o conceito de “moradia digna” vai muito além de um simples abrigo que oferece proteção contra as variações climáticas, não se resumindo a um teto e quatro paredes. São necessários, no mínimo, 9 critérios básicos para se considerar que uma habitação é uma moradia digna. Não é o escopo deste projeto solucionar todos os itens, uma vez que fatores ambientais como saneamento, coleta de lixo, ou mesmo prestação de serviços públicos não estão ao alcance da proposta, mas serão levados em consideração na fase projetual e devem ser destacados.
Foto de autoria própria. Bugre, São Vicente, baixada santista - 2014
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DÉFICIT HABITACIONAL Tendo em vista que o IBGE enquadra nas habitações precárias somente as construções feitas em materiais diferentes de alvenaria, isto é, tapumes, lonas e outros materiais improvisados e temporários, e tomando as premissas do PIDESC e da UN-HABITAT já mencionadas anteriormente, podemos considerar que o gráfico 1 não nos proporciona uma exata retratação da realidade no que diz respeito a carência de habitação de qualidade no Brasil. Se tomada em conta a falta de infraestrutura geral e saneamento, assim como conceitos de durabilidade da construção e área de vivencia, iremos perceber que a demanda habitacional digna é muito maior. Para isso, traremos informações complementares, tanto de outra bases de dados federais como de outras variáveis desagregadas da própria PNAD de anos anteriores. Além disso, segundo a Fundação João Pinheiro, o deficit habitacional brasileiro em 2012 era de 5,4 milhões de domicílios, dos quais 4,6 milhões, ou 85,9%, estavam localizados nas áreas urbanas. Podemos notar na tabela 1, o item referente a “Condição de ocupação” e analisá-lo na perspectiva de “segurança de posse”. A região com maior insegurança de posse é a Centro-Oeste, com 65,6% dos domicílios próprios, abaixo da média nacional. Considerando a dificuldade de afirmar com exatidão a população residente em assentamentos precários, principalmente em pesquisas amostrais, como é o caso da PNAD, utilizou-se como proxy a distribuição de rendimentos (até ½ salário mínimo de rendimento domiciliar per capita). Segundo a PNAD 2009, as moradias que se enquadravam nesse perfil representavam 19,0% do total de domicílios do país. Sendo que, para as Regiões Norte e Nordeste, foi constatado uma proporção muito acima da média nacional: 30,7% e 36,3%, respectivamente. Já as Regiões CentroOeste (16,4%), Sudeste (12,2%) e Sul (10,9%) demonstram, neste contexto, uma situação bem mais favorável (ver gráfico 5)
Uma vez compreendido o conceito de “moradia digna” podemos analisar as condições de moradia da população brasileira. Analisando os dados da PNAD Fonte: PNAD-IBGE 2013
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“A chamada falta de habitação, que hoje em dia desempenha na imprensa um papel tão grande, não consiste no facto de a classe operária em geral viver em casas más, apinhadas e insalubres. Esta falta de habitação não é algo próprio do presente; ela não é sequer um dos sofrimentos próprios do moderno proletariado, (...) ela atingiu de uma forma bastante parecida todas as classes oprimidas de todos os tempos. (…) Aquilo que hoje se entende por falta de habitação é o agravamento particular que as más condições de habitação dos operários sofreram devido à repentina afluência da população às grandes cidades; é o aumento colossal dos alugueres, uma concentração ainda maior dos inquilinos em cada casa e, para alguns, a impossibilidade de em geral encontrar um alojamento.” (ENGELS, 1873)
Habitação precária: domicílios particulares permanentes ou improvisados, do tipo casa ou apartamento, cujo material predominante nas paredes externas não seja alvenaria ou madeira emparelhada. DATAsocial
Fonte: PNAD-IBGE/2012 Elaboração: Fundação João Pinheiro-FJ
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14
Permitir o acesso à habitação de qualidade para as camadas sociais mais desfavorecidas, aproveitando processos de industrialização para garantir, através de painéis moduláveis uma construção de simples execução e alta versatilidade e mutabilidade.
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INICIATIVAS ESTADO MINHA CASA MINHA VIDA
Conforme a própria definição no site do banco Caixa Econômica: Minha casa minha vida: “É uma iniciativa do Governo Federal que oferece condições atrativas para o financiamento de moradias nas áreas urbanas para famílias de baixa renda. Em parceria com estados, municípios, empresas e entidades sem fins lucrativos, o programa vem mudando a vida de milhares de famílias brasileiras. É oportunidade para quem precisa e mais desenvolvimento para o Brasil.” http://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/ urbana/Paginas/default.aspx O programa MCMV foi criado pelo governo federal em 2009, tendo como objetivos, através da construção de 1 milhão de habitações, diminuir o deficit habitacional no país, impulsionar o mercado imobiliário, assim como gerar a criação de novos postos de trabalho, procurando minimizar os efeitos da crise econômica. O programa visava essencialmente as famílias com renda de até 3 salários mínimos, mas não se resumia a essa parcela da população, proporcionando, com considerável aporte de recursos do próprio Orçamento Geral da União (OGU), financiamentos de diversos tipos, específicos para cada parcela da sociedade. Cada uma das faixas possui sua especificidade quanto ao financiamento. Por exemplo, para o caso das famílias com renda de até três salários mínimos, elas se beneficiam de subsídio integral, com isenção do seguro, além de pagamento de prestações mensais limitadas a 10% da renda por um período de dez anos. Já para os municípios acima de 50mil habitantes, o programa estabelece uma parceria publico/privado entre as construtoras e o governo municipal. O programa vem sendo colocado em pratica desde então, já entrando na sua terceira edição anunciada pela presidenta Dilma Rousseff dia 03/07/2015. Porém, ele vem recebido diversas criticas, como aponta Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/BR:
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“O “Minha Casa Minha Vida 3” foi gestado da mesma forma que os anteriores: um programa que atende sobretudo aos interesses do setor privado e não da sociedade como um todo. Se isso não for corrigido, perderemos uma vez mais a oportunidade de utilizar os recursos vultosos do programa para reorganizar as cidades em benefício de todos. O Estado não pode abrir mão de seu papel de planejador do uso e ocupação do solo de nossas cidades. Os prefeitos, ao receberem verbas do Minha Casa Minha Vida, devem pensar no futuro de suas comunidades, não fechar os olhos para a proliferação de anomalias urbanas, seduzidos por inaugurações imediatistas de obras com a presença de altas autoridades. Sem planejamento amplo e bom uso dos mecanismos previstos no Estatuto das Cidades para coibir a especulação imobiliária, os subsídios do Minha Casa Minha Vida beneficiam mais os latifundiários urbanos que a população de baixa renda. Agora, com a ampliação das faixas de renda que podem ter acesso ao programa, precisamos ficar atentos para a lógica do mercado imobiliário não prevalecer sobre os interesses sociais”. A preocupação com a criação de “cidades dormitórios” , arquitetura de qualidade questionável e especulação imobiliária é justificada, porém o programa vem sido continuado, já tendo mais de 1,5 milhão de habitações entregues e 5 milhões de pessoas beneficiadas desde 2009, como apontado no site do governo federal. Fonte: http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/ minha-casa-minha-vida
O programa possui uma tabela de tipologias arquitetônicas apresentada na cartilha do MCMV.
Tipologia mínima apresentada para apartamento:
Tipologia mínima apresentada para casa térrea:
- 02 quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço; - Transição: área útil mínima de 37 m². - Acessibilidade: área útil mínima de 39 m².
- 02 quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço; - Transição: área útil mínima de 32 m² (não computada área de serviço). - Acessibilidade: área útil mínima de 36 m² (não computada área de serviço).
O programa é dividido em 3 principais faixas: Faixa 1 - Famílias com renda mensal bruta de até R$ 1.600,00; Faixa 2 - Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.275,00; Faixa 3 - Famílias com renda mensal bruta acima de R$ 3.275,00 até R$ 5 mil.
https://www.techo.org/paises/brasil/amigos-do-teto/?gclid=Cj0KEQjw17i7BRC7toz5g5DM0tsBEiQAIt7nLJuHz4qWK0_9yUEXdy5URgS3PdSNVLpO3kPAt5tIUtQaApD68P8HAQ
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SOCIEDADE CIVIL TETO O TETO ou TECHO, é uma ONG inicialmente fundada no Chile, mas já difundida em diversos países da América latina, incluindo o Brasil. Sua preocupação consiste na elaboração de abrigos rudimentares para famílias em situação de extrema precariedade. Seguindo um método construtivo de painéis pré fabricados em pinho, sua construção é extremamente simples, podendo ser realizada por qualquer grupo de voluntários dispostos a trabalhar. Apesar de se tratar de uma construção extremamente rudimentar, seu método construtivo chama a atenção por sua simplicidade e funcionalidade. Poucas pessoas são necessárias para a construção de uma unidade habitacional (entre 4 e 5 pessoas são os números de voluntários demandados pela ONG para a construção de uma unicade). A construção também não necessita nenhum tipo de equipamento especializado como gruas, os painéis são carregados de um ponto de entrega em caminhão até a obra, pelos próprios voluntários e moradores na mão. Além da facilidade construtiva o que permite uma heterogeneidade de mão de obra, a obra deve ser concluída em no máximo dois dias, sendo o primeiro para colocação das estruturas de fundação (pilotis de eucaliptos, podendo funcionar como palafita em caso de terrenos mais alagados) e a colocação do piso (geralmente constituído por dois painéis pré fabricados) e reservando o segundo dia para as vedações e a cobertura em zinco. Além da facilidade construtiva o que permite uma heterogeneidade de mão de obra, a obra deve ser concluída em no máximo dois dias, sendo o primeiro para colocação das estruturas de fundação (pilotis de eucaliptos, podendo funcionar como palafita em caso de terrenos mais alagados) e a colocação do piso (geralmente constituído por dois painéis pré fabricados) e reservando o segundo dia para as vedações e a cobertura em zinco.
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“O TETO é uma organização presente na América Latina e Caribe, que busca superar a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas, através da ação conjunta entre moradores de assentamento precários e jovens voluntários.”
Fonte: https://www.techo.org/paises/brasil/amigos-do-teto/?gclid=Cj0KEQjw17i7BRC7toz5g5DM0tsBEiQAIt7nLJuHz4qWK0_9yUEXdy5URgS3PdSNVLpO3kPAt5tIUtQaApD68P8HAQ
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REFERÊNCIAS
Walter’s way Walter segal 1980
Localizada na zona sul de Londres, encontra-se uma pequena viela disfarçada por arvores fartas e suas 13 casas atípicas do cenário londrino, mais comumente confundidas por chales suíços, templos japoneses ou um retiro de artistas, como apelidadas pelos moradores vizinhos. Idealizada pelo arquiteto de origem alemã Walter Segal, a proposta do arquiteto se firma na premissa de que qualquer indivíduo com conhecimentos básicos de manuseio de ferramentas simples como martelo, cerra de madeira e uma parafusadora, poderia executar seu sistema para a realização de sua própria residencia. Embasando seu projeto na livre associação e princípios de comunidade, Segal desenvolve seu projeto utilizando a madeira e modulação como elementos centrais. Estima-se que o preço final do metro quadrado de cada casa seria de cerca de 1/3 do valor médio da moradia padrão britânica. O arquiteto acredita que a casa deve se adaptar a seus moradores, e não o inverso, o que o levou a criar um sistema de facil adaptabilidade e personificação, removendo as paredes ou estendendo-a mantendo a modulação padrão. Segundo Barbara Hicks, moradora original da viela:
“There was a lot of peer-group support. If you needed more hands to lift something up, they’d come and help you. We’d be working on our individual homes, but when it was time to raise the main frame of the house, the whole group would stop what they were doing and come and help.” The guardian - ‘This isn’t at all like London’: life in Walter Segal’s self-build ‘anarchist’ estate Após dois anos de construção conjunta, os construtores amadores podiam adquirir suas residencias comprando-as por preços extremamente convidativos. Apesar de boa parte dos moradores iniciais já terem se retirado, a viela é conhecida como atípica na região. Tendo mantido seu espirito “faça você mesmo” e de cooperação mutua, a pequena rua é Famosa pelas crianças brincando e um ambiente acolhedor.
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Eames house Charles e Ray Eames 1949
Também conhecida como “case study n°8”, a casa fez parte de um programa de estudo de casas resultantes das tecnologias desenvolvidas durante a segunda guerra mundial. Respondendo as demandas e necessidades do homem moderno. Intentando projetar sua casa para um casal fictício de artistas, cujo filhos já não morariam com eles, o resultado do projeto do casal Charles e Ray Eames foi o Estudo n°8 Sua estrutura é formada por elementos pré fabricados de aço, e painéis de madeira, vidro e elementos de concreto.
fonte: http://segalselfbuild.co.uk/links.html : http://www.eamesfoundation.org/ - http://w3eames.blogspot.com.br/2012/12/eames-house-frame-construction.html -https://archtech260.wordpress.com/2013/10/31/historical-precedents/
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Furniture House Shigeru Ban (1995)
Preocupado com a questão da habitação pós desastre natural como terremotos, o arquiteto japonês Shigeru Ban propôs uma solução inovadora. Tomando como base a recomendação de se abrigar abaixo de um móvel resistente em caso de terremoto, o arquiteto toma como iniciativa utilizar o móvel como parte constituinte da estrutura da habitação. Isso é, armários e estantes formam as paredes estruturais e divisórias da casa. Criando módulos de armários de menos de 80kg, os módulos constituintes da casa podem facilmente ser transportados por duas pessoas e serem alinhados onde se deseja edificar a parede, posteriormente reforçado por uma viga de madeira. Além do protótipo japonês, também foi edificado um na china, dessa vez utilizando um compensado nativo a base de bambu.
Criando módulos de armários de menos de 80kg, os módulos constituintes da casa podem facilmente ser transportados por duas pessoas
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Fontes: http://www.shigerubanarchitects.com/works/1995_furniture-house-1/index.htmlhttp://www.eamesfoundation.org/
Flatpak House Charlie Lazor (2004)
O projeto idealizado pelo arquiteto de Minneapolis, Charlie Lazor é constituído por painéis de 1,44m (8’) com alta diversidade de tipologias, com vidro, sem vidro, parcialmente revestido, etc, permitindo uma liberdade de escolha a seu cliente. A casa possui uma estrutura metálica que lhe permite receber ate 4 pavimentos. Porem sua diversidade ainda é seletiva conforme o orçamento do cliente, oscilando entre preços que vão de 200 a 300 dólares o metro quadrado.
Fontes: http://www.flatpakhouse.com/
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Universal World House Bauhaus - prof. Dirk Donath (2009)
Procurando substituir as habitações mais precárias existentes, de lona ou tapumes, presentes nas comunidades mais carentes, a empresa Consido AG procurou desenvolver um produto extremamente acessível. Sua solução: um painel a base de papel reciclado estruturado em formato de colmeia impermeabilizado com celulose e uma resina sintética. A estrutura em colmeia já vem sendo utilizado há tempo pela industria náutica, mas nunca com um material tão frágil como o papel. Por isso um tratamento rigoroso a base de pressões e temperaturas elevadas é necessário para a elaboração do produto final, um painel de 5 cm de largura, resistente, leve e impermeabilizado.
Home Sapiens 2014
O projeto da empresa Portuguesa Home Sapiens, consiste em um sistema de casas pré fabricadas, constituídas de painéis de poliuretano expandido. 3 principais tipologias formam o catalogo da empresa (T1, T2 e T3), podendo variar sutilmente com pequenas extensões. A casa descansa em uma estrutura em radier independente do sistema. Toda a infraestrutura já esta embutida nos paineis.
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Fonte: : http://inhabitat.com/5000-dollar-recycled-paper-house-by/ http://www.homesapiens.pt/ Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=YsVD8-INt6U
Playmobil Hans Beck (1974)
Playmobil é uma empresa de brinquedos de plástico criados em 1974 pelo alemão Hans Beck. Preocupados com a crise do petróleo e o encarecimento de matéria prima, Hans se vê no desafio de produzir um brinquedo resistente, barato, extremamente versátil e atrativo para as crianças. Apesar de não se tratar de um projeto arquitetônico propriamente dito ou de uma tecnologia particularmente inovadora, o sistema construtivo das pequenas construções do brinquedo é extremamente interessante e sem duvida alguma me influenciaria tanto nos conceitos de modulação como na sua versatilidade. O brinquedo oferece através de um sistema simples de encaixe dos painéis que constituem as fachadas das construções, uma liberdade criativa interessante e uma facilidade de execução impressionante, dando a qualquer criança a possibilidade de se sentir na pele de um projetista com extrema facilidade.
O brinquedo oferece através de um sistema simples de encaixe dos painéis que constituem as fachadas das construções, uma liberdade criativa interessante
http://www.playmofriends.com/
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CONCEITOS
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MODULAÇÃO VERSATILIDADE CUSTOMIZAÇÃO AUTO CONSTRUÇÃO PRATICIDADE INDUSTRIALIZAÇÃO DURABILIDADE
Considerando o contexto apresentado acima, de alta demanda habitacional e entendendo as iniciativas tanto do estado como da sociedade civil e mercadológica, se propõem dentro desse panorama uma nova solução de projeto. Querendo responder tanto a questão social assim como satisfazer as problemáticas econômicas diretamente ligadas ao processo, espera se desenvolver um sistema arquitetônico versátil, econômico e de simples execução, mantendo a qualidade necessária esperada de uma moradia digna segundo os padrões já mencionados acima. Dessa forma, foi traçado um conjunto de conceitos específicos norteadores do projeto:
MODULAÇÃO:
A coluna vertebral do projeto. Procura-se através da modulação permitir uma construção mais sistematizada e simples.
VERSATILIDADE: Apesar da modulação poder ser interpretada
como elemento limitador, compreende-se diferentemente, vendo o potencial inesgotável de diversidade de possibilidades projetais a partir de um sistema de encaixe universal, como seria com um LEGO.
CUSTOMIZAÇÃO: Além da facilidade para montar, intenciona-se
que seja tão fácil de desmontar. Permitindo assim que a construção seja facilmente reformulada, conforme a necessidade do morador, em qualquer período Permitindo ao morador personalizar sua residencia conforme bem entender. Sera também projetado uma gama de painéis procurando preencher as demandas de cada morador.
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AUTO CONSTRUÇÃO: Entende-se com auto-
construção que a edificação da obra seja realizada pelo próprio morador com a ajuda de duas ou três pessoas no máximo. O sistema deve ser leve e simples o suficiente para abolir o uso de qualquer maquinário oneroso ou que requereria um conhecimento técnico mais especializado. Espera-se chegar em um produto de fácil entendimento e execução a imagem de um móvel em kit comprado em qualquer loja de departamento.
PRATICIDADE: A construção precisa ser simples o
suficiente para que qualquer pessoa a utilize conforme suas necessidades sem precisar de conhecimentos técnicos específicos.
INDUSTRIALIZAÇÃO: Através do processo de
industrialização procura-se garantir não somente um padrão de qualidade , mas também uma sistematização dos painéis Além de proporcionar um barateio significativo com a produção em larga escala.
DURABILIDADE: O conceito de durabilidade vai
além do sinônimo de qualidade. Ha uma verdadeira preocupação social por trás desse conceito que seria o da “hereditariedade” da obra. A construção não mais é tratada como mero abrigo temporário de baixo custo, mas mantendo um padrão de qualidade e uma facilidade de customização através de seu processo de industrialização e custo acessível, procura-se transformar a residencia em um bem material para a família. Podendo ser transmitido de geração a geração, com facilidade de manutenção ( ao simplesmente trocar um painel indesejado, ou ampliar a residencia conforme a demanda da família) contribuindo não somente de forma quase imediata ao problema de deficit habitacional, mas também proporcionando uma solução que se estende a longo prazo, reforçando sua contribuição social de forma mais eficiente.
Fonte: Projeto do autor - modulos
fontes: http://decentfilms.com/reviews/moderntimes https://www.amazon.com/Freedom-Build-John-F-C-Turner/dp/0020896905 http://streif.co.uk/products/housing-association/lyndhurst-road/
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Lapidando os conceitos imaginados inicialmente, quando ainda na forma mais primaria do estudo, foram definidas diretrizes mais específicas, procurando assim orientar de forma mais efetiva o trabalho, permitindo chegar a um produto final que abrace de forma satisfatória todas as intenções iniciais. Sendo assim, essas diretrizes serão apresentadas nesse próximo capitulo, tendo como base principal a Autoconstrução como eixo norteador do estudo. Isso deve-se ao fato do conceito de Autoconstrução englobar por si só quase todos os conceitos fundamentais, funcionando como a coluna vertebral do projeto.
“the degree of this dominance is the degree in wich any society loses his social spontaneity [...] our ability to act for ourselves is inhibited in this way”
WARD COLIN, la pratica de la libertad
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fontes: https://www.theguardian.com/society/2010/feb/22/colin-ward-obituary http://theanarchistlibrary.org/category/author/colin-ward https://libcom.org/blog/colin-ward-13022010
DIRETRIZES
AUTOCONSTRUÇÃO A autoconstrução em sua definição mais abrangente não se limita aos contextos da sociedade moderna, pois desde sua relação com a habitação edificada o homem flerta de uma forma mais ou menos direta com a noção de autoconstrução. Contudo, a autoconstrução como é tratada na bibliografia estudada entra em questões mais específicas, reflexo de nossa sociedade nos padrões atuais. Isso é, alguns autores entendem a autoconstrução como reflexo de um conflito de interesses de conotação econômica. De acordo com Maricato (1979), “A autoconstrução é a arquitetura possível para a classe trabalhadora, dadas as condições em que se dá a sua reprodução em meio urbano”. Com o advento da revolução industrial e um abundante êxodo rural, identificamos a primeira manifestação em massa de autoconstrução no sistema capitalista, por final do século XIX nos países do velho continente. Posteriormente uma segunda onda ainda mais significativa nos países em desenvolvimento após a segunda guerra mundial. A partir daí, a autoconstrução no contexto da sociedade capitalista atual é componente integral e abundante da paisagem de numerosas cidades pelo mundo, fruto de uma gentrificação maciça que forma e alimenta as periferias urbanas. Encurralados pela deficiência do mercado imobiliário o cidadão pobre se vê forçado a limitar suas opções habitacionais dentro de um leque de possibilidades extremamente restritas. Isso engloba a localização do terreno onde residirá, os materiais empregados na construção, a área total da edificação e o processo de execução de sua moradia. Procurando aumentar sua autonomia, desvencilhando-se do aluguel o cidadão tentará solucionar sua carência habitacional consequente de sua deficiência econômica fazendo recurso a autoconstrução economizando assim significativamente na mão de obra.
“A autoconstrução, o mutirão, a auto-ajuda, a ajuda mútua são termos usados para designar um processo de trabalho calcado na cooperação entre as pessoas, na troca de favores, nos compromissos familiares, diferenciando-se portanto das relações capitalistas de compra e venda da força de trabalho” (MARICATO, 1979).
“É principalmente através da autoconstrução que a maioria da população trabalhadora resolve o problema da habitação. (…) A prática da autoconstrução está estreitamente ligada á especulação imobiliária. Esta atende aos anseios e á necessidade que o trabalhador tem da casa própria, e do pedaço de terra, mesmo que situado distante das áreas urbanizadas, mesmo que situado em área de topografia bastante acidentada, mesmo que a dívida do terreno se arraste por muitos anos e até mesmo em condições ilegais de posse e ocupação da terra” (MARICATO, 1979).
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Porem, como seria de se esperar, suas limitações não se resumem a mão de obra da construção mas além da segregação espacial também se insere os materiais empregados. Sendo assim o futuro morador se vê restringido a uma variedade de materiais ínfima, determinada principalmente pelo custo em si do material e o fornecimento local. De acordo com Sérgio Ferro:
“Os materiais, sempre os mesmos, são os de menor preço (…) Mas uma série de restrições orientam sua escolha: o preço reduzido do material é básico, ele precisa estar disponível perto para evitar o transporte oneroso, deve possibilitar compra parcelada com as reservas de casa salário (…) não pode requerer mais de um indivíduo para sua manipulação e, finalmente, não deve exigir nenhuma técnica especial no seu emprego” (FERRO, 1979). Além da baixa qualidade dos materiais, Ferro ressalta a falta de diversidade. Tal fator limita consideravelmente o potencial de criação ou customização do produto final. Sendo assim, o produto final se caracteriza por materiais baratos, geralmente de baixa qualidade e durabilidade. Segundo Francisco Oliveira, tal contexto levaria a um paradoxo do valor agregado da residência própria como aponta em sua conferência o “vício da virtude autoconstrução e acumulação capitalista no Brasil” em 2006: “E ai se chega ao seguinte paradoxo: não se cria um mercado imobiliário. Mercado imobiliário no Brasil só existe da classe média para cima. Nas classes populares, não existe. É impossível existir, porque você está de posse exatamente daquilo que não é mercadoria. A casa não pode ser trocada, não tem valor de troca, tem apenas valor de uso, a finalidade de habitar.” Para o autor, apesar do morador se ver proprietário de sua habitação, ela não possui valor agregado de troca, considerando a produção própria como trabalho não pago. Além do prejuízo econômico inerente á disparidade qualitativa do produto diante das diversas condicionantes pejorativas de sua situação, localização, qualidade construtiva, etc. Sendo assim, o autor trata a autoconstrução de forma pejorativa como “supertrabalho”.
Pórem em contrapartida Nabil Bondukie Raquel Rolnik apresentam sua resposta em “periferia da grande São Paulo, reprodução do espaço como expediente de reprodução da força do trabalho” (pg 129)
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“No entanto, ao produzir sozinho sua casa, o trabalhador cria um valor de uso, apropriado totalmente por ele, e que é, potencialmente, uma mercadoria, pois pode ser comercializado a qualquer momento. Portanto, não se trata de trabalho não pago ao nível da produção da casa, mas sim de um trabalho realizado como se o trabalhador fosse, neste momento, um “produtor individual de mercadorias” e não vendedor de sua força de trabalho para o capitalista. Se, numa primeira instância, a habitação resultante dessa operação é produzida como valor de uso, passa a ter um valor de troca quando é mercantilizada, através de venda ou locação, muito freqüentes”. Ferro na sua “nota sobre o vício da virtude” de 2006, também demonstra que a inexistência de comércio na realidade da autoconstrução é equivocada. Mas o debate envolta da autoconstrução vai além da esfera mercantilista. Ignorar as qualidades sociais e psicológicas da aquisição da casa própria pelo morador seria resumir o debate a um discurso meramente materialista e simplório que não se encaixa em nossa realidade. A defesa da autoconstrução como processo de construção da autonomia dos usuários em relação a dependência paternalista e a burocracia estatal se faz não somente real como necessária diante de uma realidade politica negligente e acomodada. O arquiteto John Turner questiona a autonomia do consumidor, visto que se vê subjugado a uma dependência atrelada a politica paternalista, em que o cidadão leigo depende do profissional. Essa situação inevitavelmente abafa a satisfação pessoal e ignora as reais necessidades de cada individuo. Além da valorização da autonomia apresentada acima, Turner ressalta os valores agregados a moradia que não podem ser quantificados ou monetizados, como seria o próprio processo de construção de uma unidade habitacional própria, beneficiando de contribuição de outros, contando com as relações sociais e a ajuda mutua, contribuindo assim para valores de teor mais humano, desagregando o valor material da construção e contribuindo para um processo mais socialmente envolvido.
“These are especially avident in the common assumption that the ‘ordinary’ citizen or ‘layman’, is utterlydependent on the ‘extraordinary’ citizen or the ‘professional’, who cultivates the mistery of his or hher activity in order to increase dependency and professional fees” (TURNER, Housing by people pg 18) fontes: https://www.theguardian.com/society/2010/feb/22/colin-ward-obituary http://theanarchistlibrary.org/category/author/colin-ward https://libcom.org/blog/colin-ward-13022010
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Turner ressalta a falta de comprometimento qualitativo nas execuções arquitetônicas do governo, e advoga uma reformulação do dialogo entre estado e cidadão, apontando a incompetência do estado em satisfazer as demandas pessoais de cada indivíduo e valorizando uma maior autonomia do cidadão, solicitando unicamente por parte do estado que garanta as ferramentas necessárias para um processo de autoconstrução adequado e mais autônomo.
“For people, the value of housing lies in what it does for them. It is not so much a function of what it looks like and what it is for the architects and builders, bankers and speculators and short-term politicians” (TURNER, housing by people). Através desse discurso Turner também defende a durabilidade da construção. Tendo uma maior identificação pessoal com sua residência, fruto de seu próprio suor e imaginação, o morador orgulhoso de sua obra o levam a um maior comprometimento e responsabilidade, zelando de forma mais efetiva sua residência. Os benefícios psicológicos e sociais provenientes do sentimento de trabalho competente executado e satisfação pessoal são extremamente elevantes. A cultura do “Do it yourself” embasado na autogestão e no apoio mutuo defendido por Piotr Kropotkin contribuiria para uma maior emancipação dos indivíduos e uma melhor relação de vizinhança. O que podemos concluir com essas apresentações, é que o processo de autoconstrução, bem que originalmente proveniente da carência e parte de um contexto de segregação, pode se tornar ao contrario um elemento de construção da autonomia por parte de seus atores. Contribuindo através da livre associação e autogestão de pequenos grupos para um caminhamento de uma sociedade mais consciente e responsável com o próximo estreitando a relação de vizinhança. Mas principalmente, percebemos de forma mais obvia a satisfação pessoal e orgulho por parte do morador ao se exprimir “eu fiz isso”. Por mais que a construção seja, dentro de padrões de mercado ou por vezes mesmo de salubridade, considerada precária, o sentimento de bem estar e liberdade por se tornar proprietário de sua obra se faz inevitavelmente sentir.
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“(…) apenas a casa própria autoempreendida permite que a família possa, com segurança, incorporar trabalho e recursos para remodelar e melhorar permanentemente o espaço físico, de modo a fazê-lo refletir e expressar o cotidiano familiar enquanto que, na casa de aluguel ou cedida, o mais comum é a família ter que se amoldar ela própria (…) isto explica também porque uma camada bastante significativa da população de baixa renda prefere a casa autoempreendida á casa própria padronizada em conjunto habitacional produzido por empresas governamentais” (BONDUKI,). Como ressaltam Turner e Bonduki em suas obras distintas, somente o próprio morador saberá quais são suas reais necessidades e intenções, e como único real interessado e agente ativo do processo de criação, poderá assegurar que sejam concretizadas suas aspirações. A autoconstrução é uma realidade, tanto no contexto brasileiro como no cenário mundial. Ignorá-la ou desprezar sua influência e efetividade como processo de formação urbana seria não somente inconsciente como improdutivo. Para autores como John Turner, a autoconstrução é o primeiro passo de um conjunto de mudanças na estrutura da sociedade capitalista, em que os moradores não somente se tornam agentes ativos do processo de criação e execução de suas moradias, mas também se envolvem socialmente com a vizinhança, a exemplo de experiências ainda escassas de uma arquitetura participativa como as Cohousing Scandinavas ou os trabalhos do arquiteto Walter Segal.’ Dentro dessa perspectiva, o que se pretende com esse projeto é não somente compreender como assimilar e absorver a filosofia da autoconstrução, para poder futuramente acrescentar, sem portanto desvirtuar suas principais características, com conhecimentos adquiridos ao longo de minha formação na graduação em Arquitetura e Urbanismo na UnB. Assim, pode-se beneficiar o usuário com um produto que seja acessível economicamente, de fácil manuseio, e assegurando a autoconstrução como processo-chave.
“Participação é aplicável como um instrumento de emancipação. É considerado que um sentimento comunal entre os residentes de uma área pode ser obtido pelo conceito de ‘autoconstrução’. Ao menos na fase inicial da ação de autoconstrução (que é outra forma de autogestão), colaboração é um pré-requisito necessário para os projetos autoconstruídos, contribuindo para aumentar o fortalecimento social. Supõe-se que inicie o entendimento e a boa vizinhança entre os envolvidos” WULTZ,1990, pg 39-48)
fontes: http://www.archdaily.com. br/br/01-36195/classicos-da-arquitetura-nakagin-capsule-tower-kisho35 -kurokawa
Procurando satisfazer as premissas levantadas no capitulo anterior sobre a autoconstrução, é necessário levar em conta o publico visado e seu contexto. Tomado como premissa a falta de conhecimento técnico do agente ativo, será necessário ampliar as possibilidades de execução do projeto através de sistemas simples e eficientes. Para tal, ferramentas como a modulação contribui de forma eficiente tanto na produção do material como em seu manuseio. Como esclarecido acima, o processo de projetação em sistema de unidades fracionadas em módulos constantes (ou proporcionais) contribui em diversos pontos para a garantia de uma obra realizada com sucesso. Antonio Pedro Alves de Carvalho e Igor de Góes Tavares apresentam suas vantagens em seu estudo: “MODULAÇÃO NO PROJETO ARQUITETÔNICO DE ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE: o caso dos Hospitais SARAH” Dessa forma, através da modulação e industrialização, se garante um produto uniforme e ao mesmo tempo versátil. A intenção não é a padronização das formas das habitações, mas pelo contrario, através da modulação e seus benefícios de manuseio, permitir uma personalização facilitada do projeto, elevando os limites de criatividade do usuário.
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MODULAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO
“Ao se estabelecer uma medida que serve de unidade para determinar as restantes, a modulação visa coordenar as dimensões das partes de um edifício, assegurando, ao mesmo tempo, flexibilidade de combinação de medidas e facilidade de produção. A definição de um módulo implica que todos os componentes, ou parte significativa deles, tenham suas dimensões estabelecidas pela multiplicação ou fração de uma mesma unidade. Isso faz com que se obtenha mais facilmente uma mesma medida pela combinação de diferentes elementos, o que resulta numa interrelação harmônica dos componentes entre si e com o total do edifício “ (ARGENTINA, 1977)
A intenção não é a padronização das formas das habitações,
mas pelo contrario, através da modulação e seus benefícios de manuseio, permitir uma personalização facilitada do projeto.
Fontes: http://imgur.com/gallery/RtM8D
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CONDICIONANTES E DETERMINANTES
NBR 15575 / 2013:
Além da preocupação em se garantir uma moradia digna segundo os padrões mencionados anteriormente, idealizados pela PIDESC, será necessário acompanhar as exigências feitas pela norma brasileira de edificações habitacionais. A norma brasileira 15575 de 2013, foi elaborada para garantir padrões de normatização de desempenho dos materiais em uma construção habitacional. Baseada em padrões internacionais temos então os seguintes requisitos gerais de desempenho: 7.1 Requisitos gerais para a edificação habitacional: Atender durante a sua vida útil de projeto, sob as diversas condições de exposição (ação a) Racionaliza o processo projetual, já que esta- do peso próprio,sobrecargas de utilização, belece uma limitação às medidas aplicáveis aos atuações do vento e outros), aos seguintes componentes e ao projeto como um todo, além requisitos gerais: de facilitar e flexibilizar a combinação dessas medidas (ARGENTINA, 1977). a) não ruir ou perder a estabilidade de nenhuma de suas partes; b) Possibilita o emprego dos componentes na construção em seu espaço designado sem a b) prover segurança aos usuários sob ação de necessidade de modificações do projeto para impactos, choques, vibrações e outras solia obra, evitando gastos e perda de tempo citações decorrentes da utilização normal da (NAÇÕES UNIDAS, 1966). edificação, previsíveis na época do projeto; c) Adéqua as características da construção civil aos processos de produção industrial (ARGENTINA, 1977). d) Proporciona maior produtividade da mão de obra. e) Reduz prazos de execução da obra. a) Melhora o entrosamento entre projetistas, fabricantes de materiais e executores da obra pela
c) não provocar sensação de insegurança aos usuários pelas deformações de quaisquer elementos da edificação, admitindo-se tal exigência atendida caso as deformações se mantenham dentro dos limites estabelecidos nesta Norma; d) não repercutir em estados inaceitáveis de fissuração de vedação e acabamentos; e) não prejudicar a manobra normal de partes móveis, como portas e janelas, nem repercutir no funcionamento normal das instalações em face das deformações dos elementos estruturais; f) cumprir as disposições das ABNT NBR 5629, ABNT NBR 11682 e ABNT NBR 6122 relativamente às interações com o solo e com o
“A coordenação modular consiste num sistema capaz de ordenar e racionalizar a confecção de qualquer artefato, desde o projeto até o produto final” (PENTEADO, 1980, p.1)
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entorno da edificação.
REQUISITOS DA NORMA 4.2 Segurança As exigências do usuário relativas à segurança são expressas pelos seguintes fatores: a) segurança estrutural; b) segurança contra o fogo; c) segurança no uso e na operação. 4.3 Habitabilidade As exigências do usuário relativas à habitabilidade são expressas pelos seguintes fatores: a) estanqueidade; b) desempenho térmico; c) desempenho acústico; d) desempenho lumínico; e) saúde, higiene e qualidade do ar; f) funcionalidade e acessibilidade; g) conforto tátil e antropodinâmico. 4.4 Sustentabilidade As exigências do usuário relativas à sustentabilidade são expressas pelos seguintes fatores: a) durabilidade; b) manutenibilidade; c) impacto ambiental Fonte: NBR15575 / 2013 e NBR15575-1 / 2013
PARTICULARIDADES -Modern methods of construction (MMC) A fundação NHBC, definiu o MMC como um termo referente a um conjunto de técnicas construtivas, introduzidas no Reino Unido em contraste com a dita “arquitetura tradicional”, trabalhando com um maior aproveitamento energético e menor disperdi cio de material. Os produtos mais trabalhados no MMC são os painéis e módulos pré fabricados. O processo de pré fabricação permite um maior controle do produto elaborado na fabrica. Esse processo nos garante um aproveitamento energético substancialmente maior assim como uma garantia de qualidade. Além da eficiência na produção percebemos uma eficiência na montagem. Uma vez na obra, o processo de instalação dos painéis é extremamente rápido e eficiente. Incluindo em seu interior já todo o sistema hidráulico e elétrico Fonte; “a guide to modern methods construction” NHBC Foundation 12/ 2006. Além dos painéis encontramos também a chamada “construção volumétrica”. Unidades tridimensional, completamente produzidas e já encaixadas na fabrica, saindo diretamente para o canteiro empacotadas, necessitando somente o encaixe na fundação. Dentro dessa categoria encontramos cômodos inteiros a casas completas, prontas para instalação,utilizando processos de steel e wood frame. Há ainda uma terceira forma de MMC, as construções hibridas. Como seu nome indica, se trata de uma mescla das duas técnicas, entre painéis e construção volumétrica completa. Geralmente utilizada para construções mais simples.
Fontes: ftos de autoria propria - siscobras - 2015
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WOOD FRAME O Wood Frame, consiste em um sistema industrializado de painéis pré fabricados, estruturados por pequenas seções de madeira serrada unidas entre si, formando os elementos estruturais da construção. Inicialmente utilizado pelos países da Escandinávia, EUA e Canadá na primeira metade do século XIX, o sistema procurava responder a alta demanda habitacional de uma forma prática, rápida e que fizesse uso dos recursos disponíveis no local, a madeira, abundante nessas regiões. Com o advento da corrida ao ouro nos Estados Unidos e cidades sendo criadas do dia para a noite, o sistema se popularizou na construção civil norte-americana ao longo de sua história, sendo hoje o sistema construtivo mais comum nas habitações do país (segundo Castro 2006) . Todo tipo de madeira pode ser trabalhado, porém encontramos mais frequentemente o Pinus de reflorestamento. Cada peça é devidamente tratada conforme as normas do país (no Brasil, a NBR 7190) garantindo qualidade e durabilidade do material. A estrutura em madeira é então envolta por diversas camadas de chapas e películas formando o painel, contribuindo para sua resistência, isolamento térmico/acústico, vedação e acabamento. O sistema apresenta diversos pontos positivos em relação aos sistemas construtivos mais tradicionais no Brasil.
VANTAGENS DA MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO:
* Madeira reflorestada e tratada * Qualidade consistente do material * 100% reciclável * Estabilidade de preços * Desempenho sísmico superior * Fácil manejo e transporte * Resistência a insetos, fungos e outros organismos e contra a umidade
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CARACTERÍSTICAS:
* Flexibilidade em projetos de arquitetura * Projetos funcionais simples * Estruturas esbeltas e leves * Vãos livres sem necessidade de colunas * Melhor relação peso X resistência
BENEFÍCIOS:
* Rapidez na construção * Maior rendimento na produção * Redução de custos no local da obra * Redução de custos de fundação * Redução de custos de transportes * Redução de entulho e resíduos na obra * Redução de desperdícios * Fácil manutenção e ampliação * Alto controle no processo de produção e na qualidade final dos produtos * Processo semi ou totalmente industrializado. Segundo dados da revista Techné, Pini (light wood frame, 2009) , ha poucas empresas que trabalham com wood frame no Brasil, situadas no sul do país. Em países como Canada, EUA, Japão e Alemanha, o sistema é amplamente implantado, sendo que na América latina países como Chile e Venezuela tem investidos consideravelmente no sistema para a construção de casas populares de até 65 m². Com a forte inserção do concreto no país, a construção em madeira perdeu significativamente seu espaço na construção civil, apesar da industria de reflorestamento no país ser extremamente competitiva no mercado internacional. A madeira tem a vantagem de ser um material renovável e de baixo consumo energético. Além de possuir uma ótima trabalhabilidade e desempenho térmico/ acustico, ela constitui uma ótima opção quando se procura uma boa relação peso/resistência, o que explica seu uso mais abundante na autoconstrução. Por se tratar de um sistema industrializado, e possibilitar uma ampla diversidade de acabamentos, ele se adapta facilmente tanto as necessidades de produção em larga escala de habitações populares, como na realização de casas com alto padrão de acabamento. Conciliando essas características é possível desenvolver painéis com qualidade significativa, mantendo contudo preços acessíveis para a execução de moradias populares.
PLACA CIMENTICEA Vantagens;
ESTUDOS COMPLEMENTARES
- Resistência à umidade - Elevada resistência a impactos - Resistência a cupins micro organismos e fungos. - Resistência a fogo - Elevada durabilidade - Bom isolamento térmico - Bom isolamento acústico - Acabamentos
Considerando o processo de autoconstrução como norteador do projeto, alguns dados específicos foram levantados para complementar o estudo. Sendo assim, foram pesquisados elementos que podem atuar de forma mais ou menos direta na realidade dos agentes no processo de execução da obra e por consequente no processo de desenvolvimento do produto final:
PREÇOS
MEDIDAS DA CAÇAMBA DE CAMIONETES
Eternit - 1,2 x 2,4 m , 8mm = 110/115 reais - 1,2 x 3m, 10mm = 180 reais Profort - 1,2 x2,4 m, 8mm = 85/90 reais - 1,2 x2,4m, 12mm = 120/130 reais CRF -1,2 x 2,4m 8mm= 75 reais -1,2 x 2,4m , 10mm= 90 reais -1,2 x 3m, 10mm = 115 reais Brasilit -1,2 x 2,4, 12mm= 65 reais - 1,2 x 3m, 6mm = 116reais
Cerca de 2.5m de comprimento para a maioria das camionetes estudadas
POPULARES
- Montana: Largura maior: 140 cm Largura menor: 112 cm - Saveiro: Largura maior: 122 cm Largura menor: 92 cm - Courrier: Largura maior: 124 cm Largura menor: 110cm - Strada: Largura maior: 127 cm Largura menor: 102 cm
NÃO POPULARES - S10 : Largura maior: 143 cm Largura menor: 100 cm - Hilux: Largura maior: 150 cm - F250: Largura maior: 160 cm
Fontes: - site da empresa ecoverde: http://construtoraecoverde.com.br/site/wood-frame/ - The enginereed wood association: http://www.apawood.org/concrete-form-panels - Téchne, revista pini: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/140/light-wood-frame-construcoes-com-estrutura-leve-de-madeira-287602-1.aspx Tec verde, tecnologia wood frame
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Após analisar as demandas, as soluções propostas tanto por parte do governo Brasileiro como de ONGs e soluções arquitetônicas propostas por diversos arquitetos em épocas e regiões distintas, poderá se iniciar um processo de elaboração de projeto acima de todas as informações coletadas, respeitando e seguindo as diretrizes estabelecidas através dos conceitos e enquadrando o projeto nas normas apresentadas anteriormente.
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CONCLUSÃO
ESBOÇO PRELIMINAR Procurando satisfazer as diversas condicionantes apresentadas anteriormente, foi esboçado um estudo preliminar. Ainda não entrando em problemáticas mais detalhistas como sistemas de encaixes ou estrutura, o esboço foi produzido principalmente tendo como referencia as medidas e pesos ideais para um painel ser transportado e trabalhado com conforto pelos moradores. Além disso, foi imaginado um sistema de painéis modulares com estruturação em viga/pilar independentes, permitindo uma maior flexibilidade criativa do projeto. Pensou-se também em subdividir os painéis em 3 partes iguais, sendo que duas partes criam uma porta. O painel em wood frame, oferece uma multitude de possibilidades de revestimentos a serem estudadas mais a fundo.
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DEFINIÇÃO DE PROJETO Elaborar um produto arquitetônico na forma de sistema construtivo modular. Utilizando painéis pré fabricados, de custo acessível, fácil manuseio e alta durabilidade, permitindo uma construção mutável e de qualidade.
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A partir dos estudos e dados levantados anteriormente e dos conceitos apresentados, foi elaborado um projeto que procura sintetizar e solucionar as problemáticas apresentadas na primeira parte do trabalho.
Sendo assim, optou-se por um sistema construtivo em peças estruturais metálicas pré fabricadas. O processo de industrialização de cada elemento foi valorizado, procurando minimizar a quantidade de peças e elementos que constituem a estrutura básica da construção, permitindo assim: -Maior agilidade de produção -Maior controle de produção -Alto nível de detalhamento -Considerável barateamento do produto Além disso, foi pensado em um sistema que garantiria uma completa permutação das peças, resultando em uma manutenção extremamente rápida e fácil, além de propiciar uma total customização e adaptação de projeto conforme necessário. Foi particularmente valorizado o elemento de autoconstrução, para tal foi necessário criar um sistema simples, eficiente e de fácil manuseio seja qual for o nível de experiência do construtor. Pensando nisso, optou-se por evitar qualquer manuseio de maquinário pesado ou de manuseio especializado. Para tal, foi pensado em um sistema de encaixe simples com parafusos e brocas, permitindo o levantamento de toda uma casa com uma simples chave de fenda. O uso de parafusos também garante a facilidade de acesso à estrutura, evitando assim quebrar qualquer elemento em caso de manutenção interna. Querendo simplificar ao máximo o projeto, a fim de garantir facilidade de execução e baixo custo, foi utilizado tanto como viga como pilar, uma única peça paralelepipedal, reduzindo assim a diversidade de elementos. Por se tratar de um sistema para autoconstrução, a fim de facilitar o processo de projetação assim como o de industrialização, a construção é constituída por elementos modulares, o que nos garante uma infinidade de possibilidades projetais.
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PROJETO ESTUDO
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VOLUMÉTRICO
ESTUDOS DE PLANTAS BAIXA 48
Proposta 1
Área construída: 46.50 m Área útil: 39.00 m Cômodos: 1 sala; 1 cozinha; 1 banheiro; 1 quarto Paineis: 24 Barras: 28 Conectores: 24
Proposta 2
Área construída: 61.60m Área útil: 52.00m Cômodos: 1 sala; 1 cozinha; 1 banheiro; 2 quartos Paineis: 36 Barras: 44 Conectores: 30
Proposta 3
Área construída: 69.45 m Área útil: 59.25 m Cômodos: 1 sala; 1 cozinha; 1 banheiro; 2 quartos Paineis: 38 Barras: 50 Conectores: 34
Proposta 4
Área construída: 76.70 m Área útil: 66.00m Cômodos: 1 sala; 1 cozinha; 1 banheiro; 2 quartos Paineis: 40 Barras: 60 Conectores: 36
Planta 5
Área construída: 106.40m Área útil: 91.50m Cômodos: 1 sala; 1 cozinha; 2 banheiro; 1 área de serviço; 3 quartos Paineis: 36 Barras: 44 Conectores: 30 Escala:
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FACHADA
PLANTAS
Fachada 1 Frontal - casa 5
Fachada 2
Posterior -casa 1
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Fachada 2 Lateral - casa 1
ERSPECTIVAS
PLANTA A3 - 1
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VEDAÇÃO ACABAME
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OE ENTO
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COBERTURA
COBERTURA O sistema estrutural da cobertura acompanha o desenvolvimento da estrutura geral da casa. Isso é, utilizando os mesmos elementos com acrescimo de somente 3 conectores, é possivel criar-se uma alta variedade de padrões volumetricos. Dessa forma, a estrutura da cobertura se vé simplificada, facilitando sua instalação e afetando diretamente sobre o orçamento final da casa. Outra vantagem desse processo, é a alta reciclagem de peças. Por se tratar de um sistema simples, com poucas variações de elementos, é possivel cambiar os elementos estruturais com extrema facilidade conforme necessidade, permitindo alta flexibilidade de projeto e customização.
Mantendo a linguagem construtiva em pré fabricado, optou-se pelo uso de telha EPS. Garantindo rapida e fácil execução. Garantindo um eficiente sistema de estanqueidade um sistema de calhas e rufos finaliza a instalação da cobertura. É possivel escorrer a agua da chuva, tanto por um duto externo, instalado junto com o revestimento de vedação, como por um duto instalado internamento,passando pelos furos oblongos da estrutura.
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DETALHE DOS PAINEIS
PAINEI
Para garantir leveza e praticidade foi necessário pensar em paineis ocos, e de algum material menos denso do que concreto, porem com todas ascaracteristicas para um conforto e segurança adequada. A empresa INCLAY, desenvolve um painel pré fabricado em fibrocerâmica a base de fibra de pneu. Alem de reciclável, o material tem a característica de ter uma materia prima abundante, e com alta necessidade de descarte. Alem de possir beneficios ambientais, o material possui uma extrutura alveolar, o que lhe concede duas vantagems: - baixo peso - permite instalação hidraulica e elétrica. Por ser um material fibrocerâmico, ele é trabalhavel com facilidade, permitindo criar aberturas com pequenas serras. O painel proposto nesse trabalho, é constituido pela mesma materia prima apresentada, emoldurado por uma capa metálica onde são parafusados os elementos. Sendo assim, temos um painel de 2.5m por 1.25, o que garante manuseio entre duas ou tres pessoas.
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PROJETO ESTUDO
Vista isomĂŠtrica barra 1 : 2.5 metros
Vista frontal
barra 1 : 2.5 metros
Vista isomĂŠtrica barra 1 : 1.25 metros
Vista frontal
barra 1 : 1.25 metros
Vista isomĂŠtrica barra 1 : 0.53 metros
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Vista frontal
barra 1 : 0.53 metros
Vista isométrica
Vista frontal
Vista isométrica
V. frontal
V. lateral
V. superior
Vista isométrica
V. frontal
V. lateral
V. superior
V.frontal
V.lateral
V.frontal
Conector 1
Conector 1
Conector 2 - cobertura
Conector 1
Conector 2
Conector 3
Conector 4
Conector 2
Conector 3
Conector 4
Conector 2
Conector 3
Conector 4
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HIDRĂ ULICA
Por se tratar de elementos ocos, toda a parte de infraestrutura ĂŠ instalada e mantida com facilidade na parte interna dos paineis ou dos elementos estruturais.
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PROJETO CONTEXTUALIZAÇÃ
CONTEXTUALISAÇÃO URBANA CASAS GEMINADAS
Uma das vantagems do projeto, é sua facilidade de adaptação conforme anecessidade, ao simplesmente se acrescentar ou retirar, por meio de parafusos, paineis. Uma das propostas elaboradas trabalha em cima de casas geminadas, visto que dessa forma, duas familias dividiriam o custo de toda uma fachada de pain el.
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Apesar do sistema ser industrializado, modular e com uma estrutura extremamente simples, ele permite uma alta diversidade de possiblidades projetuais, resultando em um conjunto habitacional com identidade porem onde cada familia pode dar sua personalidade Ăşnica.
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ROJETO
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ENDERIZAÇÕES ENDERIZAÇÃO
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