INVERNO 2013
14-A primazia da pregação expositiva É preciso ter o coração disposto a conhecer a Bíblia, viver os ensinos das Escrituras e, assim, ensinar a Palavra de Deus Hernandes Dias Lopes
18-Pregar não é para qualquer um O teólogo Luiz Sayão defende que é impossível ser um pregador fiel às Escrituras Sagradas sem conhecimento das línguas originais Entrevista por Maurício Zágari
22-O que dá poder à pregação? Como o líder cristão deve se preparar para o momento da entrega do sermão à igreja Quatro ministros de diferentes linhas denominacionais falam a respeito
28-Ainda pregamos o evangelho? O século 21 faz exigências a quem deseja comunicar a riqueza da mensagem de Cristo Leighton Ford
TAMBÉM nesta edição:
32-Tecnologia na pregação Lançar mão dos recursos modernos no púlpito ajuda ou atrapalha? Ebenézer Bittencourt
38-O único caminho Devemos entender que é necessário pregar com sabedoria, sensatez, inteireza e abrangência, de modo que contemple toda a vida, toda a realidade, toda a missão Luiz Wanderley Lima
41-Pregação fundamental As irredutíveis qualidades da gravidade, da luz e do ar dão vida a um sermão e àqueles que o ouvem Mark Labberton
44-Que tipo de pregação produz santidade? Precisamos despertar nos ouvintes uma paixão suprema pelo deleite em Deus, retratando-o constantemente como eternamente satisfatório John Piper
54-Andragogia para pregadores
Ao buscar informações sobre o modo de aprendizagem e retenção dos conteúdos estudados pelos adultos, o pregador poderá ampliar o resultado de seu trabalho na prática do ensino bíblico Zezina Bellan
58-As origens de um casamento significativo
O que capacita o casal a viver e trabalhar juntos de maneira que Deus seja honrado e Seu reino abençoado Carolina Velloso
62-Cada pastor com um mentor
O pastoreio de pastores não é apenas uma necessidade gritante e urgente, mas um imperativo bíblico David Kornfield e Gedimar de Araújo
65-A luta contra o pecado
A Palavra nos convida a lutar contra a carne, enchendo-nos do Espírito. É, sobretudo, um convite para o relacionamento com o Pai que é santo Ronaldo Lidório
COLUNISTAS
46 - Cícero Duarte 72 - Ziel Machado 74 - Oswaldo Prado 76 - Ricardo Agreste 78 - Eduardo Rosa 80 - Russell Shedd 82 - Josué Campanhã
SEÇÕES
4 - Editorial/Expediente 6 - Atualidades 12 - Mini-entrevista 47 - Ferramentas 70 - Epístolas
Imagens: dreamstime, divulgação, reprodução e Well Carvalho
Introdução
w w w. l i d e r a n c a h o j e . c o m . b r facebook.com/liderancahoje |
Pregação e sermão
N
@liderancahj
Liderança Hoje é uma publicação trimestral da Cristianismo Hoje Editora Ltda. CNPJ 15.384.289/0001-67
NOSSA MISSÃO Servir e fortalecer os pastores e líderes com conteúdo relevante e prático que incentive a fidelidade bíblica e a eficácia pastoral.
A revista Liderança Hoje é uma publicação evangélica nacional e independente. É a versão brasileira da revista Leadership Journal, fundada em 1980 pelo grupo Christianity Today International, um dos mais importantes grupos de mídia cristã do mundo, com 4 revistas impressas, 3 revistas digitais e mais de 40 sites e blogs. Liderança Hoje é uma parceria com a Sepal - Servindo Pastores e Líderes
esta edição de inverno, na qual completamos o primeiro ano de LIDERANÇA HOJE – e fechamos nosso primeiro ciclo de quatro estações – trazemos como tema principal aquele que é
o instrumento de evangelização da igreja: a pregação e o sermão. Por ser um assunto tão relevante, porque diz respeito ao que se estuda na Palavra e se prega no púlpito, tivemos a preocupação de incluir nes-
CONSELHO DE REFERÊNCIA Aguiar Valvassoura, Altair Germano, Carlinhos Veiga, Carlito Paes, Carlos Alberto Quadros Bezerra, Carlos Alfredo, David Kornfield, Ebenézer Bittencourt, Ebenézer Soares Ferreira, Fabrini Viguier, Geremias do Couto, Gerson Borges, Gilson Bifano, Israel Belo de Azevedo, Jeremias Pereira da Silva, Johny Stutzer, Jorge Wanderley, Leonardo Sahium, Marcelo Gualberto, Marcos Amado, Neander Kraul, Paschoal Piragine, Paulo Solonca, Ricardo Barbosa, Richard Werner, Robert Lay, Segisfredo Wanderley, Sérgio Queiroz, Valdemar Kroker, Valdir Steuernagel, Walter Feckinghaus, Werner Haeuser, Wilson Costa
PUBLISHER
te número um “time” de articulistas que oferecesse múltiplas visões
Marcos Simas
sobre o tema.
EDITOR-EXECUTIVO E JORNALISTA RESPONSÁVEL Cleber Nadalutti – MTb 16820
Hernandes Dias Lopes, por exemplo, fala da primazia da pregação expositiva. Já o teólogo Luiz Sayão, entrevistado pelo repórter Maurício Zágari, assevera que é impossível ser um pregador fiel à Palavra sem conhecer as línguas originais. Leighton Ford, por sua vez, lembra que este século vem exigindo alguns ‘pré-requisitos’ a quem deseja comunicar a riqueza da mensagem de Cristo. E, por falar em modernidade, Ebenézer Bittencourt traz importantes dicas acerca do uso da tecnologia no púlpito. Em torno do tema de capa, contamos ainda com as (muito) importantes contribuições de Luiz Wanderley
JORNALISTA Maurício Zágari
DIRETOR DE ARTE Well Carvalho - www.zaghaz.com
TRADUTORA Júlia Gomes Ramalho
CHARGISTA Jasiel Botelho - www.jasielbotelho.com.br
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Carolina Velloso, David Kornfield e Gedimar de Araújo, Ebenézer Bittencourt, Hernandes Dias Lopes, John Piper, Leighton Ford, Luiz Wanderley Lima, Mark Labberton, Ronaldo Lidório e Zezina Bellan
COLUNISTAS
Lima, Mark Labberton e John Piper, além de testemunhos de quatro
Cícero Duarte, Eduardo Rosa, Josué Campanhã, Oswaldo Prado, Ricardo Agreste, Russell Shedd e Ziel Machado
pastores que expõem suas visões de como o líder cristão deve se
ENTREVISTADOS DESTA EDIÇÃO
preparar para o momento da pregação. Este exemplar inclui ainda um texto de Zezina Bellan sobre andragogia para pregadores – que diz respeito ao modo de aprendizagem dos adultos –, uma pequena entrevista de Alister McGrath, e três artigos que merecem ser lidos e compartilhados com os colegas de ministério: As origens de um casamento significativo, de Carolina Velloso, Cada pastor com um mentor, de David Kornfield e Gedimar de Araújo, e A luta contra o pecado, de Ronaldo Lidório. Para as próximas quatro edições, abordaremos os temas Dinheiro e poder (Primavera), Chama-
Marcos Simas Publisher
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do e preparo (Verão), Casamento (Outono) e Administração da igreja (Inverno). Boa leitura, amado pastor!
LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
Alister McGrath e Luiz Sayão
TESTEMUNHOS DESTA EDIÇÃO Marcos José Filho, Valdemar Kroker, Robson T. Fernandes e Josep Rossello
ASSINATURAS (21) 3587-4872 / 3628-2920 assinatura@cristianismohoje.com.br
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CTP E IMPRESSÃO Edigráfica
ISSN 2316-5510
ATUALIDADES [ ONDE A FÉ ENCONTRA A CULTURA ]
Detalhe do interior do parque gráfico da SBB, em Barueri (SP)
PALAVRA TRANSFORMADORA
da Gráfica da Bíblia, em Barueri (SP). Construído com o apoio de Sociedades Bíblicas de outros países, o parque gráfico – um dos maiores do mundo em impressão e encadernação das Escrituras Sagradas – alcançou, em 2011, a marca de 100 milhões de Bíblias produzidas, sendo 20% destinadas à exportação, e de mais de 7,3 milhões de Bíblias distribuídas em 2012, outro recorde da entidade. Além disso, a SBB é reconhecida no mercado por oferecer o texto bíblico em vários formatos e modelos, acompanhando os avanços tecnológicos: Bíblias em e-book; a Bíblia Digital Glow em DVD-Rom e App; e a Bíblia em Áudio, em MP3; além das criativas publicações infantis e porções e seleções bíblicas dirigidas aos mais diferentes usos e públicos.
Três anos após o fim da Segunda Guerra, e em meio a um clima de otimismo e esperança, surgia no Brasil a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Campanha - Entretanto, ao avaliar instituição criada por destacados líderes cristãos com o objetivo de os resultados obtidos, a direção da SBB distribuir a Palavra de Deus a todos os brasileiros. Fundada em 10 de junho reconheceu que há muito a fazer e, por de 1948, no Rio de Janeiro (RJ), a SBB assumiu as atividades de tradução, isso, lançou uma campanha nacional de produção e distribuição da Bíblia em todo o território nacional. arrecadação de recursos com foco nos Passados 65 anos de história e de serviços prestados à Igreja programas sociais e de tradução bíblica, com o Evangélica brasileira, a SBB traz em seu currículo a distribuição de milhões mesmo tema de sua fundação: ‘Dar a Bíblia à de Bíblias, porções bíblicas e folhetos evangelísticos aliada à difusão da Pátria’. “Tornar a Palavra de Deus importante mensagem bíblica como instrumento de transformação e desenvolvimento para todas as pessoas é o grande desafio da integral do ser humano. “Temos grande admiração por SBB. Esse é o momento de todos os que contribuíram para que a SBB superasse celebrarmos o aniversário tantos desafios, alcançando mais e mais pessoas com da SBB e convidarmos os a Palavra de Deus. Sabemos que ainda há muito a ser cristãos de todo o país a feito pela Causa da Bíblia, mas nos sentimos fortalecidos ajudar a difundir a Palavra em Cristo para continuar esta missão”, afirma o diretor que transforma vidas”, afirma executivo da entidade, Rev. Rudi Zimmer, destacando que Mário Rost, gerente de a SBB desenvolve programas de assistência social em todo Desenvolvimento Institucional o país e leva as Escrituras Sagradas especialmente para as Rev. Rudi Zimmer da entidade e coordenador da populações em situação de vulnerabilidade social. campanha de arrecadação. Entre os públicos contemplados pelas ações da SBB estão os Segundo Rost, para que a SBB tenha ribeirinhos da Amazônia, detentos, enfermos hospitalizados, pessoas êxito nessa missão, o envolvimento das com deficiência visual e auditiva, dependentes químicos e estudantes. igrejas é fundamental. A campanha de Em 2012, por exemplo, foram beneficiadas 1,29 milhão de pessoas pelos arrecadação sugere uma doação mínima cinco programas básicos da entidade: A Bíblia nas Escolas, A Bíblia para de 65 reais (um real por ano de atividades pessoas com deficiência, Fortalecer (literatura produzida para ações da SBB), que pode ser depositada que visam o fortalecimento do vínculo familiar), Despertar (recuperação diretamente na seguinte conta: Banco dos dependentes químicos e prevenção do uso de drogas) e Luz no Bradesco, Ag. 3390-1, c/c 18512-4. As ofertas Brasil (assistência médica, odontológica e hospitalar em áreas carentes angariadas durante a campanha serão e isoladas). Ao todo, em 2012 foram investidos nesses programas 18,8 totalmente revertidas para os programas milhões de reais, e realizados 1,35 milhão de atendimentos. sociais desenvolvidos pela entidade. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail Avanços tecnológicos - Ao longo de sua história, a SBB estabeleceu vários relacionamento@sbb.org.br. recordes de produção, especialmente a partir de 1995, quando da inauguração – Da redação, com informações da SBB 6
LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
[ NOTÍCIAS QUE VOCÊ PODE USAR ]
CAMPANHA DE VISIBILIDADE
Evangelização em Moçambique Missionários da Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes) estão discipulando pastores e líderes em Moçambique. O objetivo do projeto, liderado pelo casal de missionários Sandro e Clarissa Silva, é capacitar pastores e líderes moçambicanos para a implantação de igrejas na capital Maputo e em outras cidades daquele país do Sudeste da África. “Trabalhamos com treinamento de líderes e pastores, ensinando doutrinas bíblicas fundamentais, fortalecendo-os em Deus e na sua palavra, ajudando-os a serem mais eficazes no alcance de Moçambique para Cristo”, explica Sandro Silva, que está há alguns meses naquela nação africana. Segundo ele, o treinamento é feito através de seminários e acompanhamento do trabalho nas igrejas, proporcionando trocas de experiências entre os missionários brasileiros e os pastores e líderes moçambicanos, que estarão aptos a tornar eficaz a sua missão com Cristo em seu país, através do discipulado. “Desde que chegamos a Moçambique nosso intuito é treinar pastores e líderes através do ensino, discipulado e mentoria. Em todo este tempo, fomos muito bem recebidos por seu povo”, destaca o missionário, o qual pretende desenvolver o projeto nos próximos dez anos. Para obter mais informações sobre o ministério da Sepal em Moçambique, acesse o site www.sepalmocambique.org. – Com informações de Sepal Moçambique e Lilian Comunica 8
LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
A Diaconia, organização social brasileira sem fins lucrativos e de inspiração cristã fundada em julho de 1967, iniciou uma campanha de visibilidade. A proposta é tornar as ações da entidade mais conhecidas na sociedade, através da divulgação de vários testemunhos de pessoas beneficiadas nesses 46 anos de trabalho da instituição, que busca promover o desenvolvimento social prioritariamente nos estados do Nordeste. Desde o início, a Diaconia foi apoiada por 11 denominações – dentre elas o Exército da Salvação; a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB); Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB); Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) e a União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil – e hoje atua na região metropolitana de Fortaleza (CE); nas regiões metropolitanas de Recife (PE) e Olinda (PE), no Sertão do Pajeú (norte de Pernambuco), no Sertão Central (território composto por 12 municípios cearenses) e no Submédio São Francisco (área de caatinga), região metropolitana de Natal (RN), Sertão do Apodí (que reúne 17 municípios potiguares) e Alto Oeste Potiguar (ao todo, 37 municípios do Rio Grande do Norte). Mais informações sobre a campanha de visibilidade podem ser obtidas pelo site www.diaconia.org.br. – Com informações de Diaconia, Governo Federal e Wikipédia
BODAS DE PRATA A Associação dos Editores Cristãos (ASEC) comemorou, em junho, 25 anos de vida. Fundada em 1988, pouco a pouco firmou-se junto ao mercado editorial evangélico brasileiro e hoje é reconhecida por atender com excelência às mais diversas correntes do pensamento cristão. Permanece, entretanto, o desafio de despertar a cada dia um maior interesse pela leitura entre os cristãos e o de fomentar na nova geração uma maior proximidade com a literatura cristã. Para alcançar esse alvo, a ASEC vem promovendo eventos que ampliem o relacionamento entre editores, distribuidores, livreiros, pastores, ministérios e as lideranças evangélicas de todo o país. O último grande evento nesse sentido aconteceu durante a segunda edição da Feira Literária Internacional Cristã (FLIC). – Com informações da ASEC
PORTAS ABERTAS, 35 ANOS NO BRASIL A Missão Portas Abertas está celebrando 35 anos de seu ministério no Brasil. Em 1978, um ano depois de o Irmão André ter pregado para 800 pessoas na Igreja Batista da Liberdade, em São Paulo (SP), era aberto o escritório da missão no país, com o claro propósito de mobilizar o maior número possível de cristãos brasileiros com a causa da Igreja Perseguida. À época, o mundo ainda vivia tempos de Guerra Fria, e as fronteiras dos países do bloco comunista eram altamente vigiadas e fechadas ao Evangelho. Em 1984, foi criado o Projeto Ana, o qual visava mobilizar as cristãs brasileiras em oração pelos irmãos perseguidos. Depois da queda do muro de Berlim, em 1989, e o colapso de regimes comunistas e a abertura das fronteiras, Portas Abertas voltou sua atenção para países de maioria hindu, budista e muçulmana, nações sob opressão terrorista ou regimes totalitários. Em 1995, foi divulgada no Brasil, pela primeira vez, a Classificação de Países por Perseguição, produto da área de pesquisa da Portas Abertas Internacional. Esse ranking, divulgado anualmente até hoje, lista os 50 países em que os cristãos mais sofrem perseguição por seguirem a Jesus. Agora, passados 35 anos, a Missão Portas Abertas Brasil mantém firme seu propósito: servir cristãos perseguidos e engajar cristãos brasileiros em favor deles. – Com informações de Missão Portas Abertas Brasil
Garganta abaixo?
Um parecer jurídico da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) revela que os ativistas do movimento gay estão conseguindo a aprovação de versões estaduais da PL 122/2006, através de forte pressão política e ao apoio da grande mídia. São leis que determinam penalidades administrativas a servidores públicos, a entidades e até a cidadãos em estados como São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe e Rio Grande do Sul. Segundo o diretor de assuntos estratégicos da ANAJURE, Dr. Zenóbio Fonseca, o principal objetivo dos ativistas, tal como no projeto federal do PL 122/2006 – barrado até o momento no Senado Federal –, é “estabelecer uma agenda de desconstrução da chamada heteronormatividade”. Segundo Fonseca, a aprovação da matéria vem “avançando de forma sorrateira nos estados da Federação como estratégia de se argumentar que o PL 122 já seria uma realidade, e, portanto, deveria ser aprovado pelo Senado Federal”. – Com informações de ANAJURE
MULHERES MENTORAS
A missionária Ilaene Schüller, da Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes), está coordenando o Projeto Mulheres Mentoras, um plano de mobilização e capacitação para o pastoreio mútuo, voltado para esposas de pastores e líderes. “As mulheres enquanto esposas de pastores e líderes têm um espaço importante em todas as áreas de ação das igrejas e, no caso das esposas de pastor, ainda oferecem encorajamento e suporte para seus maridos realizarem seus ministérios”, afirma Ilaene Schüller. O projeto, criado há dois anos e já implantado em vários estados brasileiros, abrange os mais diversos valores – relacionamentos comprometidos e saudáveis, ambiente de graça e transparência, trabalho em equipe, discipulado, dentre outros. Inspirado no movimento de Pastoreio de Pastores (PdP) do missionário David Kornfield, o Mulheres Mentoras surgiu da necessidade de as esposas de pastores terem uma proposta específica de pastoreio para suas vidas. “É importante vermos que Jesus nos afirma como mulheres, sem precisarmos seguir um modelo masculino como único e ideal. Cabe a nós a tarefa de conhecer a nossa identidade feminina e nos encorajarmos mutuamente a cumprir o Ide de Jesus, levando em consideração nossas características tão próprias de mulheres e que foram afirmadas por ele”, explica a missionária. – Com informações da Sepal Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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[ NOTÍCIAS QUE VOCÊ PODE USAR ]
AGENDA Acontece nos dias 10, 11 e 12 de setembro, no Praia Brava Hotel, em Florianópolis (SC), o fórum “Igreja local e a capacitação de líderes pastorais”, promovido pela Associação Brasileira de Capacitadores de Pastores. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail executivo@topicbrasil.org ou pelos telefones (0XX24) 2237-2525 / 8857-7770. – Fonte: Associação Brasileira de Capacitadores de Pastores De 23 a 26 de setembro, será realizada, em Campinas (SP), a Conferência Teológica Continental e a Assembleia Geral Ordinária da Associação Evangélica de Educação Teológica na América Latina (AETAL). Nas plenárias da conferência – cujo tema central é “Fomentando o cultivo da educação teológica saudável” – estarão nomes brasileiros como o Pr. Ariovaldo Ramos, o Pr. Paulo Freire e o Dr. Julio Zabatiero, além de um argentino, o Dr. Alberto Roldán. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas pelo telefone (0XX19) 3257-1200, pelo e-mail atendimento@aetal.com ou pelo site www.aetal.com. – Fonte: AETAL
Acontece nos dias 12, 13 e 14 de setembro o 8º Encontro Nacional da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS). O evento – que será realizado no Hotel Oásis Atlântico, em Fortaleza (CE) – marca os 10 anos da RENAS e terá como preletores o Pr. Carlinhos Queiroz, da Igreja de Cristo no Brasil, e Ana Paula Felizardo, diretora da organização não-governamental Resposta, sediada em Natal (RN). A programação, que tem como pano de fundo o tema “Criança, Sociedade e Igreja”, vai contar com reflexões sobre bases bíblicas para a proteção da criança e os caminhos para a defesa de direitos de crianças e adolescentes, oficinas e a apresentação do Plano Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Turismo. As inscrições para o evento podem ser feitas no site www.encontro.renas.org.br. – Fonte: RENAS O Centro de Reflexão Missiológica Martureo e o Seminário Teológico Servo de Cristo estão oferecendo, a partir de setembro de 2013, o curso Perspectivas no Movimento Cristão Mundial. Voltado para pastores e líderes de igrejas locais e para aqueles que sentem um chamado missionário, o curso tem duração de seis meses e será ministrado nas dependências do Seminário Teológico Servo de Cristo, localizado próximo à estação de metrô Vila Mariana, na zona sul de São Paulo (SP). O investimento total é de 470 reais. Mais informações podem ser obtidas com a Sra. Mércia (e-mail: mercia@martureo.com.br) ou pelo site www.martureo.com.br. – Fonte: Centro de Reflexão Missiológica Martureo
“Treinamento de empoderamento da Igreja Indígena” é o tema do Forum Indígena 2013, patrocinado pelo Departamento de Assuntos Indígenas da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB). O evento, que será realizado de 25 a 28 de setembro no centro de conferências bíblicas Palavra da Vida Centro-Oeste, em Caldas Novas (GO), vai discutir a capacitação e o encaminhamento do obreiro indígena ao ministério efetivo, o crescimento e a revitalização de igrejas indígenas, e a assimilação do missionário indígena pelas agências tradicionais. As inscrições podem ser feitas através do site www.indigena.org.br ou pelo e-mail indígena@amtb.org.br – Fonte: AMTB
Durante a Semana da Pátria, de 6 a 8 de setembro, será realizada em Ferraz de Vasconcelos, na zona leste de São Paulo (SP), a Conferência Missionária Volte e Conte, que tem como alvo despertar crentes migrantes a voltar para suas cidades de origem no Nordeste para pregar o evangelho, fazer discípulos e implantar igrejas. As inscrições podem ser feitas por três endereços eletrônicos: elainecriscosta@hotmail.com; pastormarcosfacundo@hotmail.com ou jornalhoje@gmail.com. – Fonte: Jornal Hoje
A Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes) realiza de 16 a 18 de setembro o 4° Encontro para Nova Geração de Pastores e Seminaristas, no Hotel Tropicanas, na Praia de Canasvieiras, em Florianópolis (SC). O evento, que terá como preletores Walter McAlister (bispo primaz da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida), o conferencista e pastor Josué Campanhã e o Pr. Oswaldo Prado (diretor executivo da Sepal Brasil), versará sobre o tema “Os líderes que a Igreja precisa”. As inscrições podem ser feita através do site www.sebastiaojunior.com.br, onde os interessados podem obter detalhes dos valores do encontro, da hospedagem e da alimentação. – Fonte: Sepal
O Instituto Haggai do Brasil realiza, em outubro, a Jornada de Estudos no Amapá e no Pará. Trata-se de um treinamento para 135 líderes cristãos de comunidades ribeirinhas do Amapá e povoados do interior do Pará, onde serão ensinadas 12 matérias nas áreas de liderança, vida cristã e evangelismo. Para saber mais sobre a jornada de estudos, acesse o site www.haggai.com.br/jornada-de-estudos-2013, entre em contato pelo telefone (0XX19) 3213-0797 ou envie e-mail para haggai@haggai.com.br. – Fonte: Instituto Haggai do Brasil
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[ MINI-ENTREVISTA ]
Em prol das verdades da fé Entrevista por Maurício Zágari
A
lister McGrath tem despontado como um dos mais influentes pensadores cristãos do século 21. Ex-ateu, o professor de Teologia do King’s College, em Londres (Inglaterra), chama a atenção pela pluralidade de sua atuação. Intelectual, investe em escrever livros de ficção. Teólogo, combate o ateísmo em debates contra nomes do calibre de Richard Dawkins. Acadêmico, não se priva de escrever uma Teologia Sistemática em linguagem fácil, para leigos. Em entrevista exclusiva à LIDERANÇA HOJE, McGrath, autor de 38 livros – dos quais 15 publicados no Brasil –, falou sobre a Igreja de nossos dias, sobre a necessidade de fugir da vaidade acadêmica em prol de uma compreensão das verdades da fé por uma maior parte dos cristãos e sobre seus planos literários para o futuro próximo. O senhor escreve livros de estilos bem diferentes, que vão da ficção para jovens a teologia sistemática, biografia e apologética. É importante para um cristão, em especial os escritores, percorrer uma diversidade de assuntos relacionados à fé ou se especializar em uma ou duas áreas? Existem riscos em escrever sobre tantos assuntos diferentes? Há um risco real de superficialidade. Muitos acadêmicos creem que um estudioso deveria se especializar em apenas uma área, para se tornar uma autoridade estabelecida em um só campo. Tenho muitos interesses e gosto de explorar todos. Mas eu não sou um caso típico. Meu conselho para um autor seria especializar-se em algum tema específico e, uma vez que tenha se estabelecido, que comece a diversificar e explorar outras áreas. Considera-se que o ateísmo (em todos os seus aspectos, como secularismo e humanismo, entre outros) é, provavelmente, uma das principais ameaças ao cristianismo nos países de primeiro mundo, como Estados Unidos e Inglaterra. O senhor concorda com isso? Qual, na sua opinião, é o tamanho do estrago que o ateísmo pode causar ao cristianismo ao longo das próximas décadas? Certamente acredito que o ateísmo é um grande desafio para o cristianismo nos países de “primeiro mundo”, muitas vezes porque jornalistas de expressão e personalidades conhecidas da mídia são simpáticos [a essa doutrina]. É muito difícil estimar a extensão da influência do chamado Novo Ateísmo de autores como Richard Dawkins. É muito importante mostrar que é possível dar boas respostas às críticas
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ateístas ao cristianismo e também criticar as alternativas bastante inadequadas propostas pelos ateístas. Sua Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica [publicada no Brasil pela Edições Shedd Publicações] foi escrita em uma linguagem muito popular, para amplo entendimento, se distanciando daquilo que poderíamos chamar de um estilo acadêmico – e o senhor menciona isso especificamente na introdução do livro como algo proposital. Acredita que a Igreja do século 21 tem de receber o evangelho de uma forma mais simples? O que os autores podem fazer para serem mais compreendidos pelas pessoas em geral sem perder a profundidade da teologia? A Teologia Sistemática é muitas vezes vista como uma área maçante e sem sentido, com pouca conexão com a experiência e a vida de fé. Precisamos apresentar as crenças cristãs fundamentais de forma mais simples, utilizando mais histórias e imagens na hora de explicá-las. É por isso que tantas pessoas leem Cristianismo puro e simples, de C.S. Lewis (editora Martins Fontes). É acessível, envolvente e expõe as idéias cristãs de forma clara e útil. Seu livro Heresia tem lançamento previsto para este ano no Brasil [pela editora Hagnos]. O que especificamente o senhor discute nessa obra e qual é a importância deste assunto para a Igreja dos nossos dias? Neste livro eu exploro por que certas formas de apresentação ou concepções da fé cristã são inadequadas. Olho para as heresias clássicas, do período da Igreja primitiva, e me pergunto o que podemos aprender com as respostas da Igreja da época a elas. E tento explicar por que importa seguir doutrinas corretas na vida cotidiana dos fiéis comuns e da Igreja cristã como um todo. O senhor está trabalhando em um novo livro agora? O que poderia nos contar sobre seu próximo projeto? Acabei de publicar uma nova biografia de C.S. Lewis, para marcar o 50º aniversário de sua morte, e isso está atraindo muita atenção. Quero em meu próximo livro mostrar por que Lewis pode ser um bom “companheiro de caminhada” na vida de fé, utilizando as respostas que ele deu a algumas das questões da vida que são úteis para a nossa caminhada com Cristo.
A
pregação é a maior necessidade da igreja e a pregação expositiva é a melhor maneira de alimentar a igreja com o trigo da verdade. Mas, antes de fazer uma abordagem da pregação, precisamos entender alguns de seus pressupostos:
1) A supremacia das Escrituras Deus existe e ele se revelou. Revelou-se de forma multiforme: por meio da criação, através da consciência, nas Sagradas Escrituras e, sobretudo, por meio de Jesus. Por isso, podemos conhecê-lo. Tudo quanto Deus quis que o homem soubesse a seu respeito está patente nas Escrituras. Devemos examiná-las, porque elas testificam acerca de Deus. Uma pergunta, porém, precisa ser feita: as Escrituras são confiáveis? Podemos ter garantia de que seu conteúdo é inerrante e infalível? As Escrituras são suficientes para termos uma fé madura e uma vida abundante? Para responder a essas perguntas, vamos considerar três verdades: Em primeiro lugar, as Escrituras são inerrantes quanto 14 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
ao seu conteúdo. As Escrituras não contêm erros. A Palavra de Deus não pode falhar. Seu conteúdo foi revelado por Deus. Seus autores foram inspirados por Deus. Seu registro foi assistido pelo Espírito Santo de Deus. Portanto, há acuracidade nas descrições, precisão nos relatos e inerrância nos ensinos. Em segundo lugar, as Escrituras são suficientes quanto à doutrina e vida. Não precisamos de outras revelações extra bíblicas para conhecermos tudo quanto Deus quer que saibamos para termos uma vida plena. A Bíblia tem uma capa ulterior. A revelação de Deus está completa e o cânon está fechado. Não existem novas revelações. Não existem mensagens novas, vindas direto de Deus, à sua igreja. As igrejas apostólicas hoje não são aquelas que nomeiam novos supostos apóstolos, trazendo novas doutrinas forâneas às Escrituras, mas aquelas que seguem a doutrina dos apóstolos.
2) A suficiência das Escrituras Todas as igrejas cristãs creem nas Escrituras e aproximam-se delas como Palavra de Deus. Porém, nem todas têm
Neemias implementou em Jerusalém foi a restauração da o mesmo conceito das Escrituras. A Bíblia não apenas conautoridade da Palavra de Deus sobre o povo. Sem essa restém a Palavra de Deus, a Bíblia é a Palavra de Deus. A Bíblia tauração, Jerusalém era absolutamente vulnerável. não é uma dentre as regras de fé e prática, mas nossa única A maior necessidade da igreja e da nação brasileira ainda regra de fé e prática. Destacaremos, aqui, três pontos imporhoje é a restauração da autoridade suprema da Palavra de tantes para a nossa reflexão. Deus para reger a vida do povo. Em primeiro lugar, as Escrituras são inerrantes. Jesus Cristo foi enfático em dizer que as Escrituras não podem falhar. Ele disse, também, que a Palavra de Deus é a verdade. Não Ajuntamento e pregação há erros nas Escrituras. Não há contradição nos seus registros. Quando o pregador se levantou para proclamar a PalaSeus relatos não são mitológicos. A Palavra de Deus é fiel e vervra, o povo reuniu-se para ouvi-la. Esse ajuntamento teve dadeira e digna de inteira aceitação. Nem uma das palavras de quatro características: Deus pode cair por terra. Nenhuma de suas promessas Primeiro, foi espontâneo (Ne 8.1). Deus moveu o pode fracassar. Pode passar o céu e a terra, mas coração do povo para reunir-se para buscar a a Palavra de Deus não vai passar. Ela permaPalavra de Deus. Eles não se reuniram ao nece para sempre. redor de qualquer outro interesse. Em segundo lugar, as EscrituSegundo, foi coletivo (Ne 8.2,3). ras são suficientes. Nada pode ser Todo o povo: homens e mulheres reNão precisamos de acrescentado à Palavra. Ainda que uniram-se para buscar a Palavra de outras revelações extra um anjo venha do céu e pregue Deus. Ninguém ficou de fora. Pobíblicas para conhecermos outro evangelho, além do que está bres e ricos, agricultores e nobres, registrado nas Escrituras, deve ser homens e mulheres. Eles tinham tudo quanto Deus quer que decisivamente rejeitado. Há dois um alvo em comum: ouvir a Palavra saibamos para termos uma desvios perigosos com respeito às de Deus. vida plena Escrituras atualmente. O primeiro Terceiro, foi harmonioso (Ne 8.1). deles é o liberalismo teológico. Os teóTodo o povo se ajuntou como um só logos liberais não creem na infalibilidade homem. Não havia apenas ajuntamento, nem na suficiência das Escrituras. Aproximas comunhão. Não apenas estavam perto, mam-se dela não com fé, mas com suspeitas; mas eram unidos de alma. A união deles não era não com humildade, mas com insolência; não com subem torno de encontros sociais, mas da Palavra de Deus. missão, mas com rebeldia. O segundo desvio é o sincretismo Quarto, foi proposital (Ne 8.1). [...] e disseram a Esdras, religioso. Há muitos crentes que olham para as Escrituras o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Secomo um livro mágico, usando-a apenas como uma espécie nhor tinha prescrito a Israel. O propósito do povo era oude amuleto religioso. Não a estudam com profundidade nem vir a Palavra de Deus. Eles tinham sede da Palavra, tinham a aceitam como a única regra de fé e prática. Estão sempressa de ouvir a Palavra. Não era qualquer novidade que os pre buscando novas revelações e correndo atrás de novos atraía, mas a Palavra de Deus. sonhos e visões para nortear-lhes os passos. Se os liberais removem das Escrituras seu conteúdo, os adeptos do sincreCompromisso com as Escrituras tismo acrescentam à Bíblia suas novas visões e revelações. No texto, três verdades nos chamam a atenção: Desta maneira, ambas as posições são um sinal de rebeldia Primeiro, o pregador precisa estar comprometido com contra Deus e uma evidência de insolente apostasia. as Escrituras (Ne 8.2,4,5). Esdras era um homem compromeEm terceiro lugar, as Escrituras são eficientes. As Estido com a Palavra (Ed 7.10). Eles não buscam alguém para crituras não são apenas inerrantes e suficientes, elas são lhes contar bonitas experiências, mas eles procuram um fiel também eficientes. Elas realizam todo o propósito de Deus. expositor das Escrituras. A maior necessidade da igreja é Elas não voltam para Deus vazia. Elas são não apenas inspide homens que conheçam, vivam e preguem a Palavra de radas, mas também úteis para toda a correção, repreensão e Deus com fidelidade. A pregação é a maior necessidade da ensino. É por meio delas que Deus chama seus eleitos. É por igreja e do mundo, é a tarefa mais importante que existe. O meio delas que Deus santifica seu povo. É por meio delas impacto causado pela leitura da Palavra de Deus por Esdras que Deus consola seus filhos. É por meio delas que Deus é comparado ao impacto da Bíblia na época da Reforma do fortalece a sua igreja e a equipada para cumprir sua missão. século 16. Segundo, o povo precisa estar sedento das Escrituras (Ne 8.1,3). A Bíblia é o anseio do povo. Eles se reúnem como A eficácia da pregação expositiva um só homem (v. 1), com os ouvidos atentos (v. 3), reverenVamos abordar o texto de Neemias 8.1-18 como modelo tes (v. 6), chorando (v. 9) e alegrando (v. 12) e prontos a obede pregação expositiva. decer (v. 17). Eles querem não farelo, mas trigo. Eles querem A restauração de Jerusalém passou por três etapas: pão do céu. Eles querem a verdade de Deus. restauração física, social e espiritual. A maior reforma que Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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Terceiro, as atitudes do povo em relação às Escrituras: Os efeitos da pregação da Palavra de Deus Ouvidos atentos (v. 3). O povo permaneceu desde a alva A pregação da Palavra de Deus atinge as três áreas vitais até ao meio-dia, sem sair do lugar (v. 7), com os ouvidos da nossa vida: atentos. Não havia dispersão, distração, enfado. Eles estaPrimeiro, atinge o intelecto (Ne 8.8). A pregação é divam atentos não ao pregador, mas ao livro da lei. Não havia rigida à mente. O culto deve ser racional. Devemos apelar esnobismo nem tietagem, mas fome da Palavra. ao entendimento (v. 2, 3,8,12). John Stott disse que crer é Mente desperta (v. 2,,3,8). A explicação era lógica, para que também pensar. Nada empolga tanto como estudar teologia. todos entendessem. O reavivamento não foi um apelo às emoO conhecimento da verdade enche a nossa cabeça de luz. O ções, mas um apelo ao entendimento. A superstição irracional povo que conhece a Deus é forte e ativo (Dn 11.32). era a marca do paganismo. O povo está sendo destruído Segundo, atinge a emoção (Ne 8.9-12). Duas coiporque lhe falta o conhecimento (Os 4.6). sas aconteceram: Choro pelo pecado (v. 9). A Reverência (v. 5). “Esdras abriu o livro à Palavra de Deus produz quebrantamento, John vista de todo o povo, porque estava acima arrependimento, choro pelo pecado. O Stott disse que dele; abrindo-o ele, todo o povo se pôs verdadeiro conhecimento nos leva às em pé”. Essa era uma atitude de revelágrimas. Quanto mais perto de Deus crer é também pensar. rência e respeito à Palavra de Deus. você está, mais tem consciência Nada empolga tanto Esse púlpito elevado não era para de que é pecador, mais chora pelo como estuda‑r teologia. O revelar a infalibidade do pregador, pecado. O emocionalismo é inútil, mas a supremacia da Palavra. mas a emoção produzida pelo enconhecimento da verdade Adoração (v. 6). Esdras ora, o tendimento é parte do cristianismo. enche a nossa cabeça de luz. povo responde com um sonoro amém, É impossível compreender a verdaO povo que conhece a levanta as mãos e se prostra para adode sem ser tocado por ela. Houve ali a rar. Onde há oração e exposição da Palaalegria da restauração (v. 10). As festas Deus é forte e ativo vra, o povo exalta a Deus e o adora. deviam ser celebradas com alegria (Dt (Dn 11.32) 16.11,14)). A alegria tem três aspectos importantes: A primazia da pregação da Palavra 1) Uma origem divina - A alegria do Senhor. Essa A pregação expositiva está estribada em três conão é uma alegria circunstancial, momentânea, sentimental. lunas: É a alegria de Deus, indizível e cheia de glória; Primeiro, ler o texto das Escrituras (Ne 8.2,3,5). A leitura 2) Um conteúdo bendito - Deus não é apenas a origem, do texto é a parte mais importante do sermão. O texto é a fonmas o conteúdo dessa alegria. O povo regozija-se não apete da mensagem e a autoridade do mensageiro. O sermão só é nas por causa de Deus, mas em Deus: sua graça, seu amor, sermão se ele se propõe a explicar o texto. seus dons. É na presença de Deus que há plenitude de Segundo, explicar o texto das Escrituras (Ne 8.7,8). O crisalegria; tianismo é a religião do entendimento. Ele não nos rouba o cérebro. O sincretismo religioso anula a razão. Pregar é explicar o texto. A mensagem é baseada na exegese, ou seja, tirar do texto o que está no texto. Não podemos impor ao texto, nossas idéias. Isso é ‘eixegese’. Calvino dizia que pregação é a explicação do texto. O púlpito é o trono de onde Deus governa a sua igreja. Lutero dizia que existe a Palavra de Deus escrita, a Palavra encarnada e a Palavra pregada. Terceiro, aplicar o texto das Escrituras (Ne 8.9-12). O sermão é uma ponte entre dois mundos: o texto e o ouvinte. Precisamos ler o texto e ler o povo. Não pregamos diante da congregação, mas à congregação. Onde começa a aplicação, começa o Hernandes sermão. Há um grande perigo da chamada Dias Lopes heresia da aplicação. Se não interpretaé diretor exemos o texto corretamente, vamos aplicá-lo cutivo da LPC Comunicações, distorcidamente. Vamos prometer o que escritor e Doutor Deus não está prometendo e corrigir quanem Ministério do Deus não está corrigindo. A exposição pelo Reformed Theological e a aplicação da Palavra de Deus produziu Seminary, de na vida do povo vários resultados gloriosos. Mississippi (EUA) 16 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
A PRIMAZIA DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA
3) Um efeito glorioso - A alegria do Senhor é a nossa força. Quem conhece esta alegria não olha para trás como a mulher de Ló. Quem bebe da fonte das delícias de Deus não vive cavando cisternas rotas. Quem bebe das delícias de Deus não sente saudades do Egito. Essa alegria é a nossa força. Foi essa alegria que Paulo e Silas sentiram na prisão. Essa é a alegria que os mártires sentiram na hora da morte. Terceiro, atinge a vontade (Ne 8.11,12). A reação do povo foi de obediência a Deus – o povo obedeceu a voz do Senhor e deixou o choro e começou a regozijar-se – e também de solidariedade ao próximo: o povo começou não apenas a alegrar-se em Deus, mas a manifestar seu amor ao próximo, enviando porções àqueles que nada tinham. Não podemos separar a dimensão vertical da horizontal no culto.
A observância da Palavra de Deus (Ne 8.13-18) Três fatos são dignos de nota: Primeiro, a liderança toma a iniciativa de observar a Palavra de Deus (Ne 8.13-15). Esdras, no dia seguinte, organiza um estudo bíblico mais profundo para a liderança (v. 13). Um grande reavivamento está acontecendo como resultado da observância e obediência à Palavra. Essa mudança é iniciada pelos líderes do povo. Havia práticas que haviam caído no esquecimento. Eles voltaram à Palavra e começaram a perceber que precisavam ser regidos por ela. As Escrituras devem guiar a igreja sempre. A primeira tentação do
diabo não foi sobre sexo ou dinheiro, mas suscitar dúvidas acerca da Palavra de Deus. Segundo, os liderados obedecem a orientação da Palavra de Deus (Ne 8.16-18). Toda a liderança e todo o povo se mobiliza para acertar a vida de acordo com a Palavra do Senhor. Havia uma unanimidade em buscar a Palavra e em obedecê-la. Esse reavivamento espiritual foi tão extraordinário que desde Josué – ou seja, há 1.000 anos – que a Festa dos Tabernáculos nunca tinha sido realizada com tanta fidelidade ao ensino das Escrituras. Essa festa lembrava a colheita (Ex 34.22) e a peregrinação no deserto (Lv 23.43). Em ambas as situações, o povo era totalmente dependente de Deus. Se queremos restauração para a igreja, precisamos buscar não as novidades, mas voltarmo-nos para as Escrituras. Terceiro, a alegria de Deus sempre vem sobre o povo quando este obedece a Palavra de Deus (Ne 8.10,17b): A alegria do Senhor é a vossa força (v.10); [...] e houve mui grande alegria (v.17b). O mundo está atrás da alegria, mas ela é resultado da obediência à Palavra. O pecado entristece, adoece, cansa. Mas, a obediência às Escrituras traz uma alegria indizível e cheia de glória. Um povo alegre é um povo forte. A alegria do Senhor é a nossa força. Quando você está alegre, a força de Deus o entusiasma! Concluímos com três perguntas: Você tem disposto o seu coração para conhecer a Palavra de Deus, para viver ensinos das Escrituras, para ensinar a Palavra?
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A
presentar pessoas que dispensam apresentações é uma tarefa que, em geral, acaba levando à formulação de uma extensa lista de predicados e adjetivos. Difícil fugir desse lugar-comum quando a pessoa em questão é Luiz Alberto Teixeira Sayão – ou, simplesmente, Luiz Sayão. Personagem importante da Igreja Evangélica brasileira, pela contribuição em áreas diversas, esse pai de cinco filhos completa este ano meio século de vida com uma atuação significativa em frentes de atuação que vão dos púlpitos aos livros. No campo eclesiástico, é pastor da Igreja Batista Nações Unidas, em São Paulo (SP). Na área acadêmica, tem passagem por respeitadas instituições de ensino teológico, como o Seminário Servo de Cristo e a Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Atualmente ocupa o cargo de diretor do Seminário Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ). Em comunicações, é produtor e apresentador de programas e séries de DVD produzidos e transmitidos pela Rádio Trans Mundial. 18 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
Ativo no meio editorial, Sayão é escritor, tradutor, consultor editorial e integrante de comissões responsáveis por diferentes bíblias. Foi coordenador de tradução da Nova Versão Internacional (NVI) e da Versão Almeida Século 21, além de editor do Antigo Testamento Poliglota e da Bíblia de Estudo Esperança, entre outros. Sua atuação no mundo dos livros lhe rendeu, em 2003, o prêmio de Personagem Literário do Ano, conferido pela Associação Brasileira de Editores Cristãos. E os predicados não param: articulista, palestrante, conferencista, teólogo, linguista e hebraísta (com mestrado em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo - USP). Do alto de toda essa bagagem, Sayão conversou com a LIDERANÇA HOJE sobre a importância de o pregador dominar o hebraico, o aramaico e o grego, as línguas originais em que a Bíblia foi escrita, para estudar a Palavra, preparar o sermão e entregar a mensagem.
LIDERANÇA HOJE - É possível ser um pregador fiel às Escrituras Sagradas sem conhecimento das línguas originais? LUIZ SAYÃO - Não. Ainda que não seja possível conhecer todos os elementos linguísticos necessários, é necessário fundamentar o conhecimento sobre o texto em comentaristas que têm a informação necessária. De qualquer modo, é preciso ter conhecimento direto ou indireto das línguas originais.
Que danos o senhor entende que podem ocorrer, no longo prazo, pelo fato de muitos estarem pregando sem conhecimento das línguas originais, de acordo com suas interpretações pessoais? Na prática vamos “escrever” um outro evangelho e construir uma tradição paralela, uma espécie de heresia. O grande perigo da atitude de rejeitar a pregação com fundamentação exegética é que pomos o texto bíblico em segundo plano. Consequentemente, o pregador será refém de sua visão subjetiva. Por isso, ouvimos tanta coisa em nome das Escrituras que nada tem a ver com o texto. Sem falar do fato de que muitos púlpitos, por não serem atingidos pela Palavra de Deus, são definidos por um confessionalismo tradicionalista, um pragmatismo irrefletido ou uma manipulação de massa.
Qual é exatamente a importância de um pregador conhecer as línguas originais da Bíblia para preparar seus sermões? Com toda certeza a importância é muito grande. Pois estamos falando de pessoas que estão explicando e interpretando um texto traduzido de escritos muito antigos, escritos numa cultura totalmente diferente, em um contexto absolutamente distinto. Ter conhecimento das línguas originais e do contexto no qual o texto surgiu deveria ser o ponto de partida para qualquer pessoa pregar a partir das Escrituras.
Se o pregador não tem conhecimento das línguas originais, de que modo pode suprir essa deficiência? Hoje em dia vivemos uma situação muito favorável no aspecto literário teológico em português. Há muito material especializado e confiável que pode suprir a deficiência do conhecimento de hebraico, aramaico e grego. Temos bons dicionários teológicos, bons dicionários de hebraico e de grego, boas bíblias de estudo, alguns comentários exegéticos sérios e excelentes ferramentas – como chaves linguísticas. Tudo isso é muito útil e valioso para estudar o texto bíblico. Além disso, a internet tem muitas ferramentas. Quem pode ler outras línguas, principalmente alemão e inglês, terá ainda um gigantesco universo de pesquisa bíblico-exegética. No contexto evangélico, merecem destaque editoras como Vida Nova, Hagnos, Vida, Casa de Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que têm publicado a maioria do material exegético e técnico útil para o estudioso da Bíblia.
Que perigos há no desconhecimento das línguas originais na pregação? Creio que o perigo maior é afastar-se de uma abordagem exegética, já que ela se mostra trabalhosa e exigente. Como sente que tem pouco preparo, não só o pregador pode deixar de prosseguir pela exegese, como também acabar entrando em uma abordagem frágil e subjetiva. Parece-me que essa é a razão por que tantos pregadores não explicam o texto, mas caminham por enfoques socializantes, psicologizantes, espiritualizantes e politizantes. O grande problema é a manipulação do texto, pois a falta de informação técnica e objetiva é substituída por ideias próprias e o texto acaba servindo a outros propósitos que não os do autor. É muito comum ver exatamente isso: pregadores que falam o que querem, sem dar atenção para o texto original. Como evitar isso? Não sei. É lamentável. A prática é muito comum. Infelizmente, a pessoa fala o que acha e prefere não levar a sério o próprio texto. Creio que o ouvinte que tiver um mínimo de bom senso não pode dar atenção a quem fala sem fundamento e base.
Ao pregador que desconhece as línguas originais não bastaria esse bom material de estudo, ou é preciso, de fato, se aprofundar nos idiomas? Desconhecer as línguas originais para o pregador e para o teólogo é como um médico que não estudou Anatomia ou como um engenheiro que deixou Cálculo e Geometria de lado. É menosprezar a base. O ideal é conhecer as línguas originais e aprofundar-se, mas, como isso está longe da realidade, pelo menos se espera que os pregadores utilizem as ferramentas que trazem o resultado de estudo feito com base linguística, exegética e hermenêutica. O conselho é utilizar material acadêmico confiável e bem fundamentado e ir desenvolvendo o conhecimento do grego e do hebraico. Que caminhos um pregador deve seguir para saber o que dizem, de fato, os originais? A maneira mais prática é usar bons comentários exegéticos. Um comentário responsável e bem elaborado trata das questões de crítica textual, do pano de fundo histórico, do contexto, da semântica e da sintaxe do texto. Além disso, as questões hermenêuticas mais relevantes geralmente são destacadas. Alguns comentários incluem aplicação prática pertinente. Creio que é muito importante pelo menos ter condição de acompanhar um bom comentário. É preciso ter um nível de formação mínimo para poder aproveitar as boas ferramentas. Outra coisa importante é entender que estudar grego e hebraico por um ou dois semestres é muito pouco. Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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pelo poder e a direção do Espírito Santo. Quando estudamos Hermenêutica, falamos sobre a ação do Espírito, que é um conceito absolutamente bíblico. O problema é onde entra essa ação. A chamada “revelação” – ou “intuição espiritual” – pode ter o seu lugar, no sentido de que o pregador pode No caso do ouvinte que recebe a mensagem, de que sentir de Deus uma necessidade da congregação modo ele pode julgar se o pregador está sendo ou tem uma direção divina de abordar uma fiel aos originais? certa questão. Até mesmo na hora da menVai depender muito do nível do ouvinsagem, certas palavras e expressões pote. Corremos o risco de cair no problema Ter conhecimento dem ser diretamente direcionadas por do “me engana que eu gosto”. O pregadas línguas Deus. Todavia, não se pode aceitar a dor faz de conta que prega e o ouvinte ideia de que o Espírito “revela o senfaz de conta que está levando a séoriginais e do contexto tido oculto” da Bíblia. Não se pode rio. Pelo menos é valioso usar uma no qual o texto surgiu descobrir o sentido do original nem boa Bíblia de Estudo – recomendo a se pode interpretar o texto corretaNVI ou a Shedd – e prestar atenção deveria ser o ponto de mente por ação direta do Espírito. à coerência inicial da abordagem e partida para qualquer É necessário estudar o texto, refledo tratamento do texto. Se o ouvinte pessoa pregar a partir tir e meditar sobre o seu significado. não for muito despreparado, logo perOutro papel fundamental do Espírito é ceberá que o pregador não está atento das Escrituras quebrar a nossa resistência à Palavra diao texto original. vina e nossa tendência de manipulá-la. Um coração dependente de Deus e submisso a ele Como podemos comparar a realidade da terá temor de desrespeitar a Palavra. Igreja brasileira de hoje com os gentios convertidos ao cristianismo nos primeiros séculos, que recebiam Quais as consequências para uma igreja na qual o modelo as Boas-Novas sem conhecer o hebraico e o aramaico? de pregação é centrado mais no tema do que na pregação A comparação não é adequada. A distância entre os dois bíblica e expositiva? grupos é gigantesca. Vale a pena lembrar que o contexto hisA pregação temática é mais fácil, mais pragmática e costórico, cultural e geográfico é muito favorável aos primeiros tuma ser preferida. A dificuldade é que não ouvimos o texto gentios convertidos. Todo mundo estava no Império Romaem si nem compreendemos as Escrituras. O modelo temátino, a maioria falava bem o grego, e muito da realidade desco tende a ser mais manipulativo, pois eu escolho um tema e crita no texto fazia todo sentido. É verdade que muitos não vou selecionando textos que falem do assunto, mas encaixo conheciam o hebraico e o aramaico e não entendiam muita as coisas a partir da minha própria perspectiva. O problema coisa do contexto judaico. A diferença, porém, é que eles estavam muito próximos da realidade original dos apóstolos e dos discípulos. Há um certo paralelo, mas a vantagem deles era muito maior em vários aspectos. É como sair clinicando depois de alguns semestres no curso de Medicina. É preciso pelo menos entender a sintaxe da língua e entender o processo exegético.
Para pregar basta abrir a boca e Deus a encherá? Deus só poderá encher daquilo que é de fato sua Palavra. Isso está revelado nas Escrituras, que devemos tratar com toda responsabilidade. O que dizer àqueles que usam 2Coríntios 3.6 (a letra mata, mas o Espírito vivifica) para justificar a falta de estudo? Esse texto está contrapondo o evangelho de Cristo ao legalismo de origem farisaica. A questão é como se entendia a lei. O contraste é feito entre as duas alianças – Sinai e Cristo – e fica claro que só podemos viver a vida que Deus deseja por meio do Espírito. Isso nada tem a ver com deixar de estudar a Bíblia e nem com a ideia de que Deus vai revelar a mensagem diretamente para o pregador. A contradição é que quem afirma isso está lendo o texto de 2Coríntios 3.6 e interpretando o texto, ainda que incorretamente. O pentecostalismo trouxe muito forte a ideia da “revelação” de Deus na hora da pregação. Como devemos ver isso à luz do estudo exegético das Escrituras? A questão tem de ser bem compreendida. O livro de Atos é o mais organizado e estruturado do Novo Testamento. Tudo tem estratégia em Atos! Mas tudo também acontece 20 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
PREGAR NÃO É PARA QUALQUER UM
é que os textos bíblicos são distintos e heterogêneos, pois são de épocas diferentes e tratam de temas específicos. Para juntar e relacionar esses textos adequadamente é muito mais difícil do ponto de vista hermenêutico e teológico. É preciso ouvir o texto bíblico. As Escrituras é que trazem vida à Igreja. Vamos deixar o texto falar, inclusive de assuntos que não são de nossa preferência. Por que hoje as pregações temáticas são as mais utilizadas pelos pastores evangélicos, mesmo nas igrejas históricas? Por várias razões. Primeiro porque muitos aprenderam esse modelo. Segundo, porque parece mais simples e fácil de fazer. Terceiro, porque o enfoque bíblico e exegético incomoda as estruturas rígidas e prédefinidas. Quarto, porque o pregador ou pastor pode conduzir o grupo para onde preferir. Infelizmente, esse não é o melhor caminho. É preciso mudar essa cultura.
cessário fazer exegese. É muito valioso estudar livros bíblicos, acompanhando o original. É preciso mostrar a diferença de uma pregação exegética bem fundamentada e as outras alternativas. A falta de fundamentação exegética tem levado muitos a procurar outra fonte de referência. Na minha opinião, há poucas alternativas: pragmatismo tradicionalista preteritófilo (de vários tipos), manipulação mística, teologia existencialista ou psicologista radical ou teologia É preciso ouvir socializante, geralmente liberal. Os seo texto bíblico. As minários estão mais fracos, de modo geral. Os alunos chegam sem ter lido Escrituras é que trazem a Bíblia com atenção e há falta de esvida à Igreja. Vamos tudo exegético e bíblico. É preciso mudar esse panorama. deixar o texto falar,
inclusive de assuntos que não são de nossa preferência
Ao que parece, cada vez mais seminários dão ênfase menor ao estudo do grego, do hebraico e do aramaico. De que forma os seminários podem enfatizar a utilização de sermões expositivos, com o uso das línguas originais? A única maneira é oferecer matérias que demonstrem isso. É preciso estudar grego e hebraico de verdade. É ne-
O que dá poder à pregação? Creio que são dois elementos principais. Um é a submissão à Palavra e o estudo aprofundado e detalhado do texto. É preciso descobrir porque o texto foi tão impactante para quem o recebeu originalmente. A outra questão é a situação do coração de quem prega diante de Deus. É o exercício da espiritualidade pessoal. Antes de pregar para os outros, é preciso pregar para si mesmo. Quando o texto produz impacto em minha vida, isso atingirá os outros no púlpito. A pregação não pode ser uma espécie de mero trabalho técnico, desprovido de relação pessoal e espiritual profunda com o texto.
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mbora, por definição, a principal tarefa do pastor seja apascentar as ovelhas do rebanho do Senhor, em especial no Brasil o ministério pastoral vive diretamente ligado à pregação. Enquanto nos Estados Unidos e em outros países a figura do evangelista (que se dedica exclusivamente a pregar) seja muito mais presente, nas igrejas brasileiras a separação é muito tênue. Aqui é simples: é pastor? Tem de pregar. Diante dessa realidade – e aproveitando nosso tema de capa –, LIDERANÇA HOJE fez a seguinte pergunta a ministros de diferentes linhas denominacionais: O que torna uma pregação bíblica e eficaz?
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Oração e temor a Deus
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“No meu coração já havia a convicção de que pregar não era algo que eu devesse fazer para agradar pessoas, mas sim para agradar a Deus”
em antes de mim, o apóstolo Paulo demonstrou temor diante do alto grau de responsabilidade que recai sobre os ombros daquele que decide obedecer a ordem de Jesus Cristo e pregar o evangelho. Isso fica claro em 1 Coríntios 9.16: Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!. Não se trata de algo que devamos fazer para a nossa própria glória, mas, como servos humildes e obedientes, tendo como finalidade máxima a glória de Deus. Quando era apenas um jovem que dava os primeiros passos na vida cristã, já identificava um certo temor em fazer uso da palavra de Deus e ministrá-la diante da igreja ou Percebi que a oração determina o alcance e a eficácia de um pequeno grupo. Inicialmente pensei que se tratava da pregação. O livro de Atos dos Apóstolos diz que as pesde dificuldade para falar em público. Depois, comecei a dar soas viam a coragem de Pedro e João, ao pregar o evangeaulas em uma escola secular e descobri que a reação era lho; que eram homens sem letras e indoutos (At 4.13), mas diferente. Percebi, então, que no meu coração já havia a que haviam estado com Jesus. Assim, oravam e Deus os convicção de que pregar não era algo que eu devesse fazer enchia com o Espírito Santo. Isso os levava a pregar com para agradar pessoas, mas sim para agradar a Deus. Por ousadia e com poder que transformava vidas. isso, eu temia e tremia diante das oportunidades. Portanto, compreendi que a intimidade com Deus e a Decidi, então, resolver o problema do meu jeito: fuginunção do Espírito Santo somente podem ser alcançadas do. Escondia-me detrás de uma guitarra e tudo o que mais mediante a uma vida de constante oração. Ao dedicar-me a desejava era que o pastor não me envolvesse com nenhuessa disciplina espiritual, identifiquei algo que até hoje me ma área ligada ao ensino ou à pregação da Palavra. Essa sicausa impacto: quando Deus nos chama para o ministério tuação perdurou até que o pastor – dirigido por Deus, pela da pregação, ele precisa forjar em nós o que vamos pregar. minha compreensão atual – começou a me chamar para E isso, na maioria das vezes, dói. Deus quer que vivamos compartilhar com a congregação pequenos testemunhos e aquilo que pregamos! Ouso dizer que o processo ao qual mensagens. Deus nos submete é proporcional à mensagem que vamos Como não havia outra saída, resolvi memorizar versícutransmitir. Basta observar o sofrimento de Paulo e o espilos da Bíblia e sucintas explanações. Após os cultos, o pasnho que teve de suportar. tor fazia observações pertinentes, que visavam a melhorar Os anos se passaram, mas ainda hoje perdura o sentio meu desempenho. Nada disso me comovia ou me fazia mento de responsabilidade e o temor em transmitir a mensentir entusiasmado com a possibilidade de vir a ser um sagem divina. Por isso, faço minhas as palavras do grande pregador. Paulo: Não tenho de que me gloriar, pois me é imposta Situações como essa se repetiram até que um dia o Senhor essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangefalou ao meu coração: “Tu és meu! E eu te pergunto: Quem te lho! (1 Co 9.16b) tirará de minha mão?”. Senti-me um Jonas! O que fazer? Continuar fugindo ou abraçar a missão? Resolvi obedecer. Alguns anos depois, já como seminarista, o temor se manteve e, agora, com um agravante: Marcos José Filho é pastor viceaprendi que, ao pregar o evangelho, eu estava representando a pessoa divina e não poderia japresidente da Assembleia de Deus mais falhar em entender ou proclamar fielmente na Ilha do Governador (RJ), teólogo a verdade. Para isso, precisava ser fiel ao texto e pedagogo, com pós-graduação em e ao Espírito Santo que o inspirou e fez com que Docência Superior, casado com Marta e fosse escrito. Foi então que descobri o valor da pai de Helena oração para aquele que se propõe levar a sério o ministério da pregação. Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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Conexão invisível A
“Se o fim da pregação é persuadir, nada melhor do que uma conexão real com os que precisam ser persuadidos a mudar, crescer, se envolver no reino”
primeira coisa que me veio à mente quando recebi o convite para escrever este texto e tomei conhecimento do tema central do artigo não foi “o impacto da boa oratória”, “um sermão bem preparado” ou mesmo “a ação do Espírito Santo”. Consegui visualizar, naquele instante, uma conexão invisível, mas intensa – quase elétrica – entre o pregador e seus ouvintes. E aí se cristalizou o ponto: o que dá poder à pregação é a conexão entre quem prega e quem ouve. Ponto. De pouca valia são o bom preparo e a ótima oratória, por exemplo, sem que haja no coração dos ouvintes uma sintonia com – ou ao menos uma simpatia por – quem está se apresentando como porta-voz de Deus. Essa conexão não significa necessariamente uma relaapelos para que sejam melhores. Isso em geral elas já ção pessoal do porta-voz com aqueles ouvintes – no caso sabem. Mas falta-lhes a força para isso (p.149). Há base do pastor da igreja local, isso é inescapável. Mas significa melhor para encorajá-las do que conhecer de perto o seu uma relação estreita com pessoas de verdade, que não se coração? conquista a não ser por caminhada compartilhada e pelo Darrin Patrick (O plantador de igreja, Edições Vida convívio cotidiano. Nova, 2013) consegue formular essa verdade como pouEssa convicção me traz uma lembrança de 35 anos cos: Quando você passa um tempo significativo com atrás. Lá na década de 1970, com pouco material de homipessoas reais, desenvolve uma conexão emocional com lética disponível em português, aprendíamos do mestre os seus ouvintes dominicais, que afeta tanto a mente James D. Crane (por intermédio do saudoso professor Jaquanto o coração deles. [...] Quanto mais tempo você cob August): La predicación es la comunicación verbal passar sendo um autêntico pastor de almas, mais as de la verdad divina con el fin de persuadir (do livro El pessoas ouvirão as suas palavras e obedecerão às Essermon eficaz). crituras (p.109). Se o fim da pregação é persuadir, nada melhor do que Há muitos anos, num grupo familiar, estávamos comuma conexão real com os que precisam ser persuadidos a partilhando as necessidades e os sofrimentos pelos quais mudar, crescer, se envolver no reino; não há nada companossos amigos estavam passando, para, depois, orar por rável para preparar o solo, regar a semente lançada, curar eles. Quando todos tinham falado, Vicentina, visitante de a ferida, dar asas aos sonhos. primeira vez, começou a abrir o coração, com lágrimas: O maior impacto que recebi nessa área foi de Robert “Tudo isso de triste e sofrido que vocês estão contando, Coleman, em seu inesquecível O plano-mestre de evandos seus amigos, está acontecendo comigo”. Movidos por gelismo, logo no início do meu ministério. Abençoada compaixão e desejo de consolá-la, muitas pessoas deram chuva que ensopou muitos de meus livros, por conta de palavras de conforto. Mas o que mais marcou o grupo – uma telha quebrada justo em cima da biblioteca! Pois e não vou esquecer nunca – foi a frase de Vanessa, então foi assim, por causa dessa chuva, que peguei na mão o com dez aninhos: Bem-aventurados os que choram, porlivro comprado anos antes. E li, de capa a capa; estudei, que serão consolados. Há duas semanas preguei sobre o sublinhei, acrescentei anotações. Mas, principalmente, sacerdócio de todos os crentes e usei esse exemplo como pus em prática o que entendi ser a ideia central: cailustração. Impossível não entender. minhar de perto com as pessoas do meu rebanho. Isso produziu pontes significativas, principalmente para a pregação. Outro livro que me impactou profundamente Valdemar Kroker prega na Igreja (e que privilégio tive de traduzi-lo!) foi Celebrando o amor de Deus (uma excelente teologia do Batista Nações Unidas (São Paulo, culto, da Editora Esperança, 2000). No capítuSP) e na Igreja Irmãos Menonitas do lo que trata da pregação, na seção Doze regras Boqueirão (Curitiba, PR), é casado para um bom sermão, Klaus Douglass diz: As com Simone e pai de Daniel, Rebeca e exortações e os apelos que geram sentimentos Priscila de culpa não são muito úteis, e em geral são desmotivadores. As pessoas não precisam de
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O que dá poder à pregação?
Encontro com Deus
A
“Fomos chamados para sermos pregadores da Palavra. Então, falar no púlpito é uma coisa e pregar a Palavra no púlpito é outra totalmente diferente”
pregação deve ser a fiel e clara exposição daquilo que a Escritura diz sobre um assunto devidamente contextualizado e aplicado aos nossos dias e à nossa vida. Mas, ao contrário disso, o que tenho visto é a crescente ausência de pregações bíblicas e sua substituição por psicologia, filosofia e sociologia nos púlpitos. Como consequência, vejo uma queda na qualidade da pregação nos últimos anos. Quando nos deparamos com Charles Spurgeon, conhecido como o “príncipe dos pregadores”, nos perguntamos: Como ele conseguiu pregar da forma que pregou? Mas essa pergunta está errada. A pergunta não deveria se como ele fez isso, mas para que ele fez isso? Então, vemos em Spurgeon que a finalidade da pregação é glorificar a Deus. Percebo que boa parte da igreja tem exaltado a oratótarefa de interpretação e piedade. Calvino ensinou a imria de líderes que distorcem o evangelho, chamando-os de portância do Orare et labutare (Orar e trabalhar), que é “grandes pregadores”. A igreja tem enfatizado o homem e trabalhar duro na interpretação, associando a isso a dedesprezado o conteúdo da pregação. Por outro lado, um voção e a piedade. Não podemos ignorar a importância pregador que tem bom conteúdo, mas não tem oratória, da leitura e do estudo, pois quem não tem boa teologia, prejudicará a sua comunicação. prega heresia. E essa é a razão pela qual muitas pregações Então, o que é pregar? E mais ainda, o que dá poder surtem apenas um efeito psicológico na massa, mas não à pregação? sustentam ninguém espiritualmente. Entendo que contar a história bíblica – e não fazer a Precisamos ser homens de oração, cultivar a piedade contextualização e a aplicação – não é pregar: é dar aula e estimular a vida devocional, pois um pregador espiritualde história. Fazer a contextualização e a aplicação sem mente raquítico matará seus ouvintes por inanição espiriexplicar a história do texto é oferecer conselhos. Falar tual. sobre pensamentos pessoais ou experiência de vida é Por último, é fundamental parar de se preocupar com atrair a atenção para si. Fazer o povo rir o tempo inteiro poder e passar a buscar ser fiel e santo. Quem busca poder com ilustrações engraçadas é ser animador de palco. Ler está interessado no que Deus pode dar, mas quem busca um texto bíblico que não possui conexão com o assunto santidade está interessado em quem Deus é. Pareça com tratado é usar a Escritura como pretexto. Nada disso é Jesus e o poder na pregação virá naturalmente. Procure pregar, é dar uma de psicólogo, historiador ou comedianunir a santidade com a vida de estudo. te de púlpito. Mas nós fomos chamados para sermos preEscutar uma pregação expositiva e fiel ao texto utilizagadores da Palavra. Então, falar no púlpito é uma coisa e do, cheia da presença do Espírito Santo, iluminará os olhos pregar a Palavra no púlpito é outra totalmente diferente. e ressoará nos ouvidos das pessoas, marcando suas vidas. A pregação tem que fazer o ouvinte se encontrar, face Isso é o azeite sendo derramado em um vaso de honra que a face, com Deus. Tem de fazê-lo entender claramente a saciará cada um daqueles que o ouvirem. mensagem bíblica. Saber como expor aquela passagem, indicando como colocá-la em prática no seu dia a dia. A pregação tem de deixar o ouvinte sem Robson T. Fernandes é pastor auxiliar outra opção, a não ser obedecer ou desobeda Igreja Cristã Nova Vida em Campina decer conscientemente. O ouvinte precisa ser Grande (PB), bacharel em Teologia levado ao encontro com a verdade de Deus no pelo STEC, mestre em Hermenêutica púlpito. Mas aí está a questão: como tornar isso e Teologia do Novo Testamento pelo possível? Seminário Betel Brasileiro, casado com Estamos falando de algo espiritual e só Maria José e pai de Isabela Deus pode fazê-lo. Não temos controle sobre isso. Nossa parte é nos dedicar com esforço à Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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Volta ao básico L
“O poder da pregação leva as pessoas a desejar mais de Deus, a seguir os ensinos de Cristo e ser transformados pelo Espírito Santo”
embro-me como se fosse ontem quando senti a direção de Deus para esquecer o sermão que tinha escrito, e confiar nele, para trazer a mensagem daquele domingo. Possivelmente teria sido mais fácil, se não tivesse diante de mim uma congregação bem tradicional. E era a primeira vez que pregaria em inglês. Depois de muito conflito interno, decidi escutar a voz de Deus e dar tal passo de fé. O resultado foi muito melhor do que o esperado, já que muitas pessoas foram tocadas pela mensagem. Como anglicano, estou acostumado a pregar seguindo o lecionário, que indica quais são os textos bíblicos a ser usados cada domingo e dias especiais do ano cristão. Isso permite que a congregação tenha uma boa dieta espiritual, devido à grande variedade de temas bíblicos. Não simplesavivamentos de Gales nos séculos 19 e 20, que transformamente aqueles temas que o pastor acredita serem relevanram grandemente aquele país, eram conhecidos pela vida tes à realidade da igreja. de oração e de estudo da Palavra de Deus. Nos meus quase dez anos de episcopado, em algumas Talvez tenhamos escutado, em tantas ocasiões, acerocasiões Deus tem mostrado que eu não deveria pregar ca da importância da oração e da leitura das Escrituras, aquilo que tinha preparado. Não tenho certeza quanto à que tenhamos nos tornado imunes a tais bons conselhos. razão, mas aprendi que a obediência a Deus forma parte Contudo, sem uma vida de oração, estudo da Bíblia e amor essencial da vida cristã. pelas pessoas, simplesmente é impossível ter poder na preNão sou a favor daqueles que não preparam suas mensagação. Será possível ser alguém que influencie e encante as gens porque esperam que o Espírito Santo lhes dê o sermão pessoas, ou até ser um líder carismático. Mas será imposna hora de proclamá-lo. De fato, acredito que Deus usa de sível proferir uma pregação que toque o mais íntimo do ser forma mais poderosa aqueles que têm uma disciplina de humano e faça com que aqueles que ouvem sejam mudados preparo das mensagens por meio da leitura das Escrituras, pelo próprio Deus. de oração e dependência no Espírito Santo. Não sei nem A vida de oração e adoração nos une intimamente com o enumerar quantas vezes já ouvi pastores pregarem mensaEspírito Santo, o que permite que ele nos use na pregação. gens que não tinham conteúdo ou aplicação, mas com tal E não somente na pregação, mas também quando estamos convicção que a congregação ficava toda em pé diante da preparando a própria mensagem. Muitas vezes, parei o “unção da mensagem”. meu estudo do texto bíblico simplesmente para adorar a Isso nos leva a refletir sobre o poder na pregação. Se Deus em espírito e verdade. lembrarmos de Jonathan Edwards, poucos negarão o poO poder da pregação vem do próprio Deus. Jesus tinha der manifestado por meio da pregação dele. Estamos acostal poder, porque mantinha uma perfeita comunhão com o tumados a entreter no púlpito, mais do que em pregar a sã Pai, a cada dia. Hoje, nós, ministros, precisamos voltar ao doutrina. Edwards lia os sermões que escrevia de antemão básico se desejamos ter o mesmo poder o qual tinha Jesus e o Espírito Santo usava aquelas palavras para levar os peCristo. Irmãos, esqueçamo-nos dos métodos deste mundo cadores a intenso arrependimento e fé em Cristo. e busquemos o reino de Deus. Assim tudo será entregue O poder da pregação leva as pessoas a desejar mais de para a glória e honra do Senhor. Deus, a seguir os ensinos de Cristo e ser transformados pelo Espírito Santo. Isto somente é possível se vivemos uma vida de obediência, confiança e esperança em Deus. Não existem receitas secretas para proferir Josep Rossello é bispo anglicano e um sermão poderoso. Tampouco há passos eslíder da Igreja Anglicana Re.Novo, em pirituais para pregar mensagens que produzam tais transformações. O que existe é o fato de que Pindamonhangaba (SP), bispo diocesano todos aqueles que são usados por Deus de uma da Igreja Anglicana Reformada do forma significativa têm certas características seBrasil e bispo advogado de NAMS para melhantes. John Wesley dizia: Hoje estou muiAmérica Latina, fundador da Escola to atarefado, preciso dedicar mais horas em Anglicana de Teologia, casado com Dra. oração. Ele era conhecido por dedicar muitas Patrice Rosello e pai de Natalia horas cada dia para orar e ler as Escrituras. Os
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Originalmente publicado na edição de Inverno de 2008 / Leadership Journal - Copyright © 2008
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m 1963, no Los Angeles Coliseum, Helmut Thielicke, um distinto teólogo e pregador alemão, ouviu uma pregação de Billy Graham pela primeira vez. Thielicke havia aceitado ir até lá com relutância. Muitos pastores alemães tornaram-se céticos em relação a grandes reuniões, desde que Hitler usou dessas situações para manipular e seduzir a nação alemã. Sua visita, no entanto, o conduziu a um improvável encontro. Após a cruzada, Thielicke escreveu a Graham: “A noite foi uma profunda experiência de ‘penitência’ para mim [...] Quando perguntado sobre sua pregação, não fui modesto ao fazer uma ou duas observações teológicas. Aquela noite deixou claro para mim (certamente com a ajuda do Espírito Santo!) que a pergunta deve ser feita de forma inversa: o que está faltando em mim e em meus colegas de púlpito [...] que faz com que Billy Graham seja tão necessário?” Thielicke concluiu: “Nós aprendemos a nos ver como várias pinceladas de tinta na paleta incrivelmente colorida de Deus”. Graham, como de costume, perguntou a Thielicke como ele poderia melhorar sua própria pregação. Os dois – excelentes pregadores, porém muito diferentes – estavam aprendendo um com o outro. 28 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
Hoje, meio século depois, nós ainda estamos aprendendo como pregar o evangelho de maneira eficaz.
A superfície e a essência da pregação Todo sermão deve ter o evangelho em sua essência e um tom de convite em sua superfície. Isso não significa que toda pregação deve focar em pessoas ainda não convertidas. A maioria das pregações será ouvida por pessoas que já possuem algum conhecimento acerca de Jesus. Mas todo sermão precisa ter um espírito de convite às pessoas, para seguirem a Jesus. Como George Buttrick poderia saber que, em um domingo de manhã, na Madison Avenue Presbyterian, em Nova Iorque, estaria presente um jovem escritor, que passava por dificuldades? Ou que a simples pergunta “Você vai passar o Natal em casa?” seria um ponto de conversão espiritual suficiente para Frederick Buechner? Mais recentemente, Efrem Smith, pastor da Sanctuary Covenant, uma igreja com apenas três anos de existência que busca servir a área urbana do norte de Minneapolis, capturou a essência da pregação do evangelho. Em certo domingo, ele pregou sobre como o evangelho fala à nossas vidas de agora, tanto quanto fala à
nossas vidas eternas: “Quantas crianças precisam morrer para que paremos de voltar para casa falando sobre coisas de igreja? Quantos homicídios precisam acontecer para pararmos de brincar de igreja e nos tornarmos o reino de Deus nas ruas? Crianças estão morrendo e nós estamos na igreja”. Quando ele convida as pessoas que precisam de oração, muitas vão à frente para receber cura, reconciliação do relacionamento com Deus e em busca de paixão e propósito para suas vidas. O evangelho é a essência, e possui uma superfície convidativa. Assim, pregamos sem saber que ouvintes foram atraídos pelo Espírito Santo. Também pregamos sabendo que aqueles que já são seguidores de Cristo precisam ser constantemente evangelizados, lembrados de que suas jornadas de fé continuam da mesma forma que começaram, pela graça. Devemos nos lembrar também que a maneira como pregamos no púlpito pode ser um modelo para os discípulos de como compartilhar a fé em seus ambientes de trabalho. Além do mais, nossas almas precisam disso! Ai de mim, disse Paulo, se eu não pregar o evangelho. Eu perdi a conta do número de vezes que minha alma rebelde foi atraída de volta a Cristo, através de minha própria pregação! Quando pregamos, encontramos quatro desafios: 1) Como tornar o evangelho claro e novo? 2) Como fazer a promessa do evangelho visível? 3) Como apresentar um evangelho atraente e forte? 4) Como apresentar um evangelho urgente e convincente?
Evangelho novo “Tornou-se muito claro para mim nessa noite memorável, que você, caro Dr. Graham, está oferecendo alimento bíblico e não iguarias intelectuais e propagandas refinadas. Gostaria de lhe agradecer por isso”. – De Thielicke para Graham “Porque não nos pregamos a nós mesmos, (mas) a iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”. – Paulo O falecido Henri Nouwen, em Preaching and Ministry, escreveu que praticamente ninguém vai à igreja esperando ouvir algo que ainda não saiba: “A última coisa que eles esperam ouvir vindo de um púlpito, é uma novidade”. Então, eis aqui um desafio: como pregamos um evangelho novo para aqueles que o consideram obsoleto? Muitas vezes a pregação sofre pela falta de imaginação, quando enquadramos
Jesus em pequenas categorias, arrancando a verdade através de repetições cansativas. Mas o evangelho em si é grandioso e rico. Ele tece fios mais lindamente do que um cordão celta e reflete mais facetas do que um diamante sob a luz. O evangelho tem quase infinitas variações: o evangelho do reino (Mt 24.14); o evangelho da graça de Deus (At 20.24); o evangelho de Deus (Rm 1.1); o evangelho de Cristo (Rm 1.16); o evangelho da glória de Cristo (2 Co 4.4). No entanto, ele tem um único foco: Nós proclamamos a Cristo. Ele deixa claro que Deus se aproximou de nós em Cristo. Karl Barth foi indagado uma vez se ele não concordava que Deus se revelava em muitas religiões além do cristianismo. “Não”, ele respondeu. “Deus não se revela em nenhuma religião, nem mesmo no cristianismo. Ele se revela em seu filho, Jesus Cristo”. A essência do evangelho é sempre a mesma: Cristo morreu! Cristo ressuscitou! Cristo voltará! Sim, mas como expressar essas verdades inegociáveis de novas maneiras? Em nosso mundo pós-moderno, muitos não veem o evangelho como “bom”, e nem como “novo”. Talvez seja porque nós o simplificamos e o “codificamos” de forma muito descuidada. “Se aceitar Jesus, você irá para o céu. Se não aceitar, não irá”. Isso é verdade, mas não deveria se tornar uma sentença. Rick Richardson, em seu livro Remaining Evangelism, afirma corretamente: “A peça que está faltando em nossa compreensão do evangelho tem a ver com nosso ângulo de visão”. Um ângulo voltado para o reino nos dá uma visão escatológica: Deus invade nosso mundo através de Jesus, para acertar as coisas; e nós podemos entrar no mundo de Deus, se nos voltarmos a seu caminho, colocando nossa confiança em Jesus, e nos tornando parte do seu povo especial da aliança.
Evangelho visível
Paulo apresenta uma imagem do Espírito transformando-nos na mesma imagem (2 Co 3.18), e, em seu grande poema aos Colossenses tem Cristo como a imagem do Deus invisível (Cl 1.15). Para os primeiros cristãos, tratava-se de “poesia subversiva”, em um mundo onde as imagens de César estavam por toda parte. César era reverenciado como um filho de Deus, preeminente acima de tudo. No entanto, segundo Paulo, Cristo é a nossa imagem. Foi ele quem fez todas as coisas, é ele quem as mantém, é ele quem unirá toda a criação novamente e é ele quem nos governa. Isso que é traição! Fico intrigado com os comentários de N. T. Wright sobre a apresentação do evangelho em um mundo pós-moderno, onde reinam novos Césares: “Se abordarmos apenas o vazio em forma de Deus que as pessoas pensam ter, como resultado, teremos um Deus moldado por esse vazio”. Certa vez, conheci uma artista de rua encantadora em Victoria, no Canadá. Ela disse que estava certa de que existe algo “do outro lado”, mas que não tinha certeza do que era. Porém, ela estava certa ao admitir que não se considerava cristã. Ela falou de seus pais, que frequentavam uma igreja no Canadá. “A coisa mais emocionante que eles fazem é assistir televisão”. Ela achava o deus deles muito pequeno. “Leyana”, eu disse, “você tem noção da grandeza de Deus? Não há nada de insignificante nele. Ele fez todas as coisas – você e suas pinturas, os animais e as cores.” Eu citei o poema de Gerard Manley Hopkins, que fala sobre o Espírito pairando sobre o Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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nos torna acolhedores e respeitosos para com aqueles que não compartilham de nossas crenças”.
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G O M E S J U L I A
Quando escrevia esse artigo, perguntei a pessoas de diferentes idades o que, para elas, fazia um pregador ser eficaz. Uma palavra foi repetida algumas vezes: autenticidade. Elas usaram essa palavra, creio eu, no sentido da sinceridade e realidade, em nos mostrarmos como de fato somos, genuínos produtos de Deus, verdadeiras “cartas de Cristo”. Tu, poema Graham Johnston, pastor da Subiaco Church of Christ, em Tu, um poema, feito para mostrar minha glória. Perth, Austrália, diz que pregar na descrente cultura australiaUma palavra irônica, um filho rebelde, contaminado. na lhe ensinou muitas coisas. De longe, a qualidade mais imporUma mancha, removida, refeita, pela dor angustiante. tante para eles, como o pastor descobriu, é a confiança. A autoUm corpo, preenchido pela minha palavra. ridade na cultura pós-moderna não vem de posição, função ou (imagens escuras drenando seu sangue). título, e sim do caráter do pregador, em sua bondade, e credibiUm trabalho revisado, pela sintaxe da minha graça. lidade. “Não acredito que minha função seja fornecer respostas Um espelho, para refletir sua face encantadora, prontas para as pessoas”, ele explica. “Isso seria um modelo da marcada por cicatrizes. modernidade. Vejo minha pregação muito mais como um proUm imenso prazer, para novamente ler. cesso, que cria uma sensação de abertura, na esperança Ou, para mais uma vez, sangrar? de que as pessoas vejam alguém que os acompanhará em sua jornada. Quero desempacotar Eu gostaria de dizer, a todas as Leyanas, a verdade de uma maneira que eles perque isso é a criação, a queda, a graça e a cebam de onde ela vem. Quero pedir a salvação... e, por fim, uma grande aleeles que deixem a descrença de lado gria ou uma grande perda. O evangeO evangelho não é uma por um tempo. E, então, mesmo que lho não é uma fórmula qualquer. O eles não sejam convencidos daquievangelho é um “poder” – maior do fórmula qualquer. [...] é lo em que cremos, eles dirão: essa que os “poderes” que nos mantêm um “poder” – maior do que os pessoa me respeitou, me mostrou na escravidão –, é o reino de Deus “poderes” que nos mantêm na porque crê no que crê. Estou disinvadindo as nossas vidas arruiposto a voltar aqui.” nadas e o nosso mundo de uma escravidão –, é o reino de Deus Johnston contou a história forma totalmente transformadoinvadindo as nossas vidas de uma jovem que se recuperava ra, é Cristo vivo em nossas vidas. do vício em heroína e visitou sua A pregação do evangelho arruinadas [...], é Cristo igreja. Quando o culto acabou, ela aborda as motivações distorcidas vivo em nossas vidas disse: “Você precisa saber que sou de todas as pessoas. Ela fala tanto ateísta. Não acredito em nada dessa ao humanista que diz: “Eu me aceito bobagem”. Graham lhe respondeu: “Você como meu próprio deus e obedeço às foi muito corajosa de vir até aqui, Becky”. minhas próprias leis”, quanto ao religioEla continuou indo à igreja todos os dominso que afirma: “Eu obedeço, portanto, sou gos. Quatro meses depois, ela passou pelo pastor aceito”. Ambos são motivados pelo egocentrismo na saída do culto e falou: “Você disse algumas coisas boas”. e pelo desejo de estar no controle. Quinze meses depois, Becky contou sua história durante uma O pastor Timothy Keller fala sobre isso quando prega a das pregações de Graham, e disse à congregação: “Eu era história bíblica dos dois filhos, tanto na revolta do filho mais ateísta quando entrei aqui. Agora fui batizada e amo Jesus”. novo (“Eu quero ser meu próprio deus”), quanto no orgulho do filho mais velho (“Eu conquistei meu lugar na família sendo bom”). Os dois não Evangelho acessível entendem que “os seres humanos são mais Depois de ver as pessoas indo à frente a convite de Billy pecadores e problemáticos do que jamais Graham em 1963, Thielicke escreveu: “Tudo aconteceu sem poderiam imaginar e mais amados e queripressão e sensacionalismo. Era mais como a voz amorosa dos do que sequer poderiam esperar”. do pastor, chamando os perdidos. Pude ver seus rostos emoO evangelho, segundo Keller, é o poder cionados e verdadeiramente decididos. No meio de tantas de Deus para transformar as pessoas (relipessoas, havia dois homens, um branco e um negro, bem Leighton Ford giosas ou não). “Cristo nos dá uma identidana frente, e pareciam estar contemplando algo que desejaé pastor norteamericano, autor de radicalmente nova, nos libertando tanto vam há muito tempo. Tornou-se muito claro para mim que os de diversos livros do farisaísmo, quanto da autocondenação. homens desejam tomar uma decisão. Preciso extrair muitas e presidente Ele nos capacita a aceitar pessoas outrora coisas dessa experiência para minha própria pregação, meshonorário vitalício do Comitê de excluídas, e a acabar com a nossa servidão mo que isso signifique fazer algumas alterações”. Lausanne para a coisas (inclusive coisas boas) que antes A pregação do evangelho torna a história atraente e Evangelização nos conduziam. Em especial, o evangelho acessível. Ou, como diz Steve Hayner: “Ajuda a aproximar Mundial
R A M A L H O
Evangelho de credibilidade
T R A D U Ç ÃO :
mundo, como um grande pássaro com o peito acolhedor e asas brilhantes. Ela quis anotar. “Mas meus pais vão achar isso muito ‘nova era’”, ela disse. Eu contei a Leyana um pouco sobre a grandeza antiga do evangelho, a imensidão da poesia de Cristo que Paulo escreveu aos colossenses. Mais tarde, tentei captar essa imensidão em um poema de autoria própria:
AINDA PREGAMOS O EVANGELHO?
as pessoas de Jesus”. Paulo faz uma analogia maravilhosa: Somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus. (2 Co 5.20). Imaginem! “Deus faz seu apelo através de nós”. A verdadeira pregação do evangelho não se trata de nós falando de Deus. Trata-se de Deus falando através de nós. Nada poderia ser mais incrível e emocionante! Fazemos parte de uma “pesquisa dupla”, uma espécie de instinto natural da alma que Deus colocou em cada um de nós, que faz com que nos aproximemos dele em resposta ao Deus que nos convida: “Volte para casa”. E como Deus diz isso? De muitas maneiras, que vão além da nossa imaginação, incluindo a vida de Jesus. Mas Deus também nos usa e usa a “loucura” da nossa pregação. Cada vez mais acredito que a pregação ajuda as pessoas a verem as pistas de que Deus se aproxima delas, através da beleza, das alegrias e das dificuldades em suas vidas. Nós as ajudamos a reconhecerem as resistências e apegos que as mantêm longe de Deus. E, então, nós as ajudamos a se voltarem à Jesus. Nas igrejas em que atuou nas Filipinas, na Califórnia (EUA) e no Canadá, Darrell Johnson – que agora leciona na Regent College, em Vancouver, no Canadá – procurou cultivar uma cultura de resposta. Ele não queria que essa fosse uma ideia incomum, reservada apenas para ocasiões especiais, mas uma oportunidade constante, tanto para o marinheiro de primeira viagem, quanto para aquele que visita a igreja pela centésima vez.
Os tempos de crise alimentaram essa expectativa de forma especial: “Seu coração pode estar partido”, ele dizia. “Nós temos uma equipe inteira para orar com você depois do culto”. Também há maneiras regulares de se oferecer “situações seguras” de resposta. Durante as orações, ele diz: “Você pode ter sido atraído a essa fé e não saber o que fazer com ela. Tente uma coisa: fale com Jesus. Diga a ele: ‘isso pode parecer bobagem, mas eu gostaria de saber se você é real’”. Às vezes, ele diz às pessoas: “Se quiser conhecer melhor a Jesus, levante suas mãos”. No boletim, há um convite: “Se você ou seus familiares precisam de oração, ou se deseja conhecer a Jesus, fale conosco após o culto”. Mais uma vez, a resposta se torna algo normal, e não incomum. As maneiras são diferentes, como Thielicke escreveu a Graham, mas o convite à resposta deve estar presente: Deus fazendo seu apelo através de nós. Portanto, da maneira que seja, podemos dizer algo do tipo: “Mesmo a viagem mais longa começa com um passo. Dê tudo de si a Cristo. Isso não lhe custará nada e lhe custará tudo. Mas haverá maravilha após maravilha, e todas elas, verdadeiras”. Será que esses novos discípulos continuarão sua jornada? É o poder de Cristo que conta. Mas uma última observação feita por Thielicke é digna de nota: “A consideração de que muitos não permanecem fiéis à sua decisão não possui nenhuma objeção realmente séria: o que foi plantado naquelas vidas, na hora em que tomaram tal decisão, será sentido mais tarde, em cada momento de suas vidas. Eles perceberam, pelo menos por um momento, como é entrar na esfera do discipulado. E, se apenas essa memória os acompanhar, já será algo muito bom”.
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Q
uando pequeno – por incrível que pareça –, aprendi a escrever utilizando uma única tecnologia rudimentar: lápis e papel. Mais tarde, subi de nível ao aprender a usar a máquina de escrever (para quem não sabe, é um teclado que vai imprimindo ao mesmo tempo em que você digita). Depois de dominá-la, eu fazia todos meus trabalhos nela. Tecnologia é mesmo fascinante. Todos nós, gostando ou não, acabamos por incluí-la em nossas vidas. Mesmo admirando a decoração de uma lareira na sala de estar, por exemplo, preferimos incluir alta
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tecnologia na cozinha, onde o microondas ganha disparado do velho fogão a lenha. Claro, é possível que alguém ainda veja o diabo atrás do som de uma bateria, de um tablet no púlpito ou de um projetor multimídia, mas esses casos são raros. Se você está enfrentando resistência de alguém contra o uso de tecnologia, acho que vale a pena uma conversa honesta sobre o assunto. Uma das maneiras de vencer esse tipo de oposição é mostrar um panorama histórico. Por exemplo: vamos imaginar um homem muito tradicional que, com a melhor das intenções, exigia que a igreja usasse somente lam-
pião de querosene, piso de chão batido, janelas sem vidro e teto de palha. Os irmãos deviam assistir o culto de cócoras, ler manuscritos em pele de cordeiro, cantar sem instrumentos e enviar boletins de avisos com baquetas retumbando em troncos de árvore. Este homem existiu ou é apenas uma ficção? Resistências à tecnologia foram vencidas ao longo da história. Atualmente as igrejas utilizam lâmpadas elétricas, bancos ou cadeiras, vidros nas janelas, lápis colorido para as crianças, piano, teclado, violão, amplificadores, microfone, telefone, projetores, Bíblias impressas, etc. Não precisamos ser contra a tecnologia. Afinal, é incoerente alguém ser contra um tablet no púlpito e, ao mesmo tempo, ter um celular no bolso, um notebook no trabalho e comprar um iPad de presente para o neto. Mas, permanece a dúvida: a tecnologia deve ser usada na pregação? Ela ajuda ou atrapalha?
5ª) Minha igreja tem um sistema de acompanhamento, individual ou em grupo, que ajuda o discípulo a mudar verdadeiramente, estabelecendo um novo hábito de vida? Ou, apenas entrego a mensagem e esqueço o que vem depois? Estou convencido que preciso incluir esses cinco elementos no meu ensino – padrão de Deus, arrependimento, encorajamento, admoestação e mudança – para cumprir com a ordem de Jesus sobre o discipulado.
A tecnologia vai ajudar?
A tecnologia pode auxiliar um pregador que não está comprometido com a mudança de vida de seus ouvintes? Não, não ajuda. As cinco perguntas acima estão relacionadas com a vida espiritual do pregador: sua caminhada com Deus, sua profundidade bíblica, seu compromisso com a verdade, sua dependência do Espírito Santo e seu interesse genuíno pelo crescimento espiCinco perguntas difíceis ritual das pessoas. Quando Jesus ordenou que fizéssemos Nenhum projetor multimídia, Podiscípulos, ele acrescentou um detalhe werPoint ou microfone sofisticado importante: devíamos ensiná-los a pode produzir conteúdo bíblico, obedecer Seus mandamentos (Mt É incoerente alguém arrependimento, encorajamen28.20). Ensinar a obedecer é um ser contra um tablet to, admoestação e mudança. desafio enorme, pois não podeNão podemos confundir tecmos forçar ninguém a praticar a no púlpito e, ao mesmo nologia com conteúdo, meio Palavra de Deus. Como ensinar tempo, ter um celular no de comunicação com integrium novo convertido a deixar bolso, um notebook no dade, volume de voz com poum vício? Como educá-lo para der espiritual e preparação de colocar suas finanças em ortrabalho e comprar um mensagem com produção de dem? Como ensiná-lo a melhorar iPad de presente para o slides. seu casamento? Creio que para cumprir esse neto desafio de Jesus, preciso constantePonto pacífico mente responder a cinco perguntas Entretanto, a tecnologia pode difíceis de avaliação a respeito do meu ajudar muito. Um exemplo claro são as ensino: ferramentas de pesquisa e preparação. Por causa delas, temos acesso rápido a dicionários, co1ª) Minha mensagem expõe claramente uma sólida insmentários, livros temáticos, léxicos, línguas originais, grátrução bíblica que estabelece o padrão de Deus para ficos, mapas, traduções compradas da Bíblia, costumes hemeus ouvintes? Ou estou apenas repetindo fórmulas braicos, ilustrações, etc. e frases religiosas sem deixar claro o padrão bíblico? Há no mercado muitos softwares que nos ajudam a es2ª) Meu ensino chama o discípulo ao arrependimento tudar. Uso constantemente o programa ARA com Strong e ao abandono do seu comportamento pecaminoso? em português para ter acesso às línguas originais. RecenteOu apenas fico discursando sem apresentar seriamente me apresentaram o Logos (www.logos.com, produto mente um apelo de mudança ao coração? Logos 5) que permite ao usuário ter acesso a centenas de 3ª) Meu estudo bíblico inclui uma boa dose de encolivros de pesquisa: algo realmente extraordinário. rajamento que estimula o discípulo a depender do E que dizer da entrega da mensagem? Como a tecnologia Espírito Santo e também a se alegrar com as vitórias poderia nos ajudar ainda mais no processo de comunicação? alcançadas? Ou apenas grito e ameaço sem nunca encorajar? Onde está a cabeça deles? 4ª) Minha pregação inclui admoestação, avisando o Certa vez, no final do culto, uma mulher me recomendiscípulo que, se ele não mudar, vai enfrentar condou: “Pastor, esse livro é ótimo. Li umas 38 páginas durante sequências horríveis? Ou apenas fico manipulando o sermão”. Sorri e agradeci a Deus porque não havia sido o emoções ou acariciando o ego dos ouvintes? pregador naquela noite. 34 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
TECNOLOGIA NA PREGAÇÃO
Uma das leis do ensino é captar e manter a atenção do ouvinte. Esse é um desafio enorme nos dias de hoje. Como vamos promover mudança nas vidas das pessoas, se não conseguimos manter a cabeça delas focadas no estudo bíblico? Quando comecei a pregar aos 16 anos de idade, lembrome das pessoas olhando atentamente para mim. Naquela época, quando a TV em preto e branco era uma raridade, as pessoas estavam habituadas a escutar o rádio, discutir as notícias dos jornais em família e a prestar atenção em discursos políticos ou religiosos. Mas nosso público mudou: 1) As pessoas chegam à reunião muito preocupadas com a loucura estressante da vida que continua logo após o culto; 2) Seu controle remoto mental coloca o pregador no mute (mudo) enquanto mecanicamente concordam com a cabeça, dizem amém e ficam naquele estado catatônico olhando para o espaço vazio; 3) Pessoas trocam e-mails e torpedos, e ainda consultam o calendário e a internet durante a mensagem. 4) Elas não conseguem dominar seus filhos. Pior ainda, tiram fotos de suas crianças indisciplinadas, acham uma gracinha, e colocam imediatamente no Facebook sem prestar atenção no sermão;
5) A capacidade de atenção das pessoas diminuiu sensivelmente, tanto para ler um texto, quanto para ouvir uma mensagem ou assistir a um vídeo. A lista de problemas apresentada aqui poderia ser muito maior. As distrações e o índice menor de atenção dos ouvintes são grandes desafios para qualquer comunicador hoje em dia.
Como atrair a cabeça deles? Em primeiro lugar, não se deixe enganar: a boa comunicação começa com o conteúdo. Sem um bom conteúdo bíblico, não há o que dizer. Estude muito a sua Bíblia e prepare sua mensagem com dedicação. Depois do conteúdo, acrescente um mínimo de organização. Lembre-se: confusão no seu material desliga o pessoal. E o conteúdo? Já está organizado? O que falta agora? Você precisa acrescentar o EIA (explicar, ilustrar, aplicar). Tem pregador que só fica lendo pedaços de comentários bíblicos, fazendo longas citações de eruditos e não consegue explicar claramente, ilustrar o que está ensinando, e nem fazer uma aplicação prática. Nesse ponto, mais uma vez Jesus é nosso grande modelo. Ele usou o discurso público como seu método principal de comunicação, mas manteve a mente de seus ouvintes engajada no processo de aprendizagem através de narrativas, parábolas, analogias, ilustrações, diálogos, citações históricas, perguntas e exemplos da experiência comum.
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A aprendizagem acontece através de muitos processos: conversação, observação, experimentação, imaginação, imitação, decisão, dedução, relação, exploração, etc. Se usamos apenas um único método, somos uma torneira pingando. Se usarmos uma variedade de métodos, somos um rio que inunda a mente do ouvinte e amplia suas margens de aprendizagem. Se você não melhorar o seu EIA, vai manter seu ouvinte naquele estado hipnótico com olhos vidrados até que capte novamente a sua atenção com um argumento inteligente, uma aplicação prática ou uma história ilustrativa. Por fim, aterrissamos na tecnologia. Escolha agora uma ferramenta que ajude a esclarecer sua organização e melhorar o seu EIA: explicar, ilustrar e aplicar. Dou algumas idéias a seguir.
Sugestões práticas 1) Coloque os pontos de sua mensagem no PowerPoint em fontes grandes – nunca use fontes menores que 36; os títulos devem ser negrito tamanho 40 ou 44 e um slide não deve conter mais do que 6 frases com 6 palavras em cada uma –, junto com os versículos bíblicos. Isso deixa evidente a sua organização. As pessoas vão tirar fotos dos slides ou copiar as frases que você escreveu.
imprima na mente do ouvinte a lição principal. O pessoal lembrará da foto e também da lição. [Conselho: Fotos precisam ser de boa qualidade. Use as ferramentas de pesquisa do Google para procurar fotos de “tamanho grande”.] 3) Vídeos podem ser usados se cumprirem uma de três finalidades: impacto, inspiração ou discussão. É bobagem “passar um filminho para variar um pouco”. Nosso objetivo não é oferecer entretenimento, mas sim produzir mudança de vida. [Conselho: Não use vídeos durante o dia – é perda de tempo. E teste o som antes. Lembre-se que você quer captar e manter a atenção do ouvinte no processo de aprendizagem!] 4) Uma coisa que faço é usar um iPad para desenhar uma lição enquanto ensino. Você pode ver alguns exemplos nas Lições de Guardanapo, mas treine antes para não assustar o pessoal com garranchos horríveis. [Dica: Eu uso o aplicativo Air Sketch, mas existem outros no mercado. Procure exemplos das Lições de Guardanapo no YouTube ou no site do Instituto Haggai do Brasil – www.haggai.com.br.]
Se usarmos uma variedade de métodos, somos um rio que inunda a mente do ouvinte e amplia suas margens de aprendizagem
2) Seja mais claro em suas explicações, tanto no material projetado como para facilitar as anotações dos ouvintes no boletim. 2.1) Faça listas: fruto do Espírito, obras da carne, dons, etc.; 2.2) Coloque a sequência de fatos de uma biografia com as datas; 2.3) Mostre o mapa onde as coisas aconteceram; 2.4) Deixe claro os blocos de argumentação de um livro ou texto; 2.5) Desenhe duas colunas para mostrar paralelismo dos pontos ou o contraste entre duas idéias. Em resumo: deixe mais claro: as pessoas prestam mais atenção quando eles entenEbenézer dem o que está sendo ensinado. Biitencourt Se tiver uma boa história ou ilustração, é diretor executivo do Instituto Haggai você já fará um excelente trabalho contando-a dramaticamente, com emoção e interpretação, como Jesus fez. Considere, no entanto, projetar uma foto que realmente 36 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
5) A regra de ouro é a seguinte: “domine a tecnologia antes de usá-la”. Você deve praticar muito para saber muito bem o que está fazendo. Se você distrair os ouvintes com suas dificuldades operacionais, já estará se desviando do seu propósito principal.
6) Por último, use a tecnologia para multiplicar o seu ensino. Disponibilize perguntas de discussão para os líderes de pequenos grupos e coloque o vídeo da mensagem no site ou no Facebook de sua igreja.
Uma última palavra Na parábola do semeador (Mt 13.1-23), Jesus colocou sobre o discípulo a responsabilidade de ouvir a mensagem, recebê-la com o coração e produzir frutos. Ou seja, você não pode obrigar alguém a ouvir ou a mudar de vida. Entretanto, Deus exige que aquele que ensina, esmerese no fazê-lo (Rm 12.7). Por isso, devemos zelar pela nossa intimidade com Deus que gera poder espiritual, trabalhar arduamente no preparo da mensagem e utilizar todos os meios possíveis para melhorarmos a nossa comunicação. Só assim cumpriremos o desejo de nosso Senhor e Mestre para o discipulado cristão.
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ão devemos duvidar quanto ao efeito terapêutico que uma pregação pode ter sobre os ouvintes, pois contém verdades transformadoras para a vida humana. Em contrapartida, devemos estar certos dos possíveis efeitos adoecedores advindos de alguns tipos de mensagens – seja pelo que está presente em seu conteúdo ou pelo que lhes falta. De qualquer modo, as mensagens pregadas nas igrejas afetam a qualidade de vida e a visão missiológica de seus membros. Há um tipo de mensagem que tem sido recorrente nas igrejas e em programas televisivos: as mensagens psicologizadas. Com conteúdo meramente psicológico ou emocional, com pouco ou nenhum embasamento bíblico, ou ainda que usem o texto bíblico apenas como uma fonte de tratamento da psiquê humana, estas mensagens visam tocar no emocional dos ouvintes. Nesses programas, são utilizadas técnicas e aparatos bastante eficazes para este propósito. Acontece que, quando lançamos mão de uma hermenêutica psicologizada para interpretar o texto bíblico, e nos esquecemos de outras fundamentações necessárias, podemos nos tornar agentes de adoecimento dos ouvintes, além de desviá-los da missão que deveriam cumprir.
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Esta forma de se tratar – ou, melhor dizendo, destratar – o texto bíblico tem crescido muito. Dentre outras causas, que citarei mais adiante, destaca-se o fato de vários pastores estarem ingressando em cursos de psicanálise ou de graduação de psicologia. É claro que um pastor pode ser psicólogo. Eu mesmo me incluo neste rol, sendo que a minha primeira escolha foi a psicologia. Mas creio que um pastor deve questionar se seu ingresso neste campo não se deu ou se dará por razões injustificáveis, como auto-estima baixa, o fato de que ser pastor não daria um bom status, feedback positivo (aceitação da mensagem assegurada), insegurança (já que é perigoso depender financeiramente da igreja), conhecer melhor o ser humano, etc. Existem verdades em algumas destas respostas, mas qualquer escolha profissional deve ser feita porque gostamos, nos identificamos com ela e percebemos nela habilidades que nos fariam felizes e realizados. Aliás, acho muito saudável que um pastor tenha outra profissão, tanto pela riqueza e diversidade temática e cultural que nos insere no mundo real e próximo de nossos ouvintes, quanto pela liberdade que terá para implantar uma visão ministerial sem medo de ser “jogado na rua”. Mas esta moda ‘psicologizante’ pegou e muitos pastores, dentro ou fora do campo da psicologia, demonstram um gran-
de interesse por temas psicológicos em suas mensagens. É inegável que a Palavra de Deus tem muito a nos ensinar sobre a diversidade psicológica da vida humana, pois trata de assuntos como solidão, depressão, desânimo, crises relacionais e familiares, ira, perdão, etc. Gary Collins, por exemplo, ao lançar mão de uma análise bíblica com interfaces psicológicas, faz uma ótima abordagem de vários destes conteúdos em seu livro Aconselhamento Cristão (Edições Vida Nova). Porém, ainda que o conteúdo pregado esteja correto, não pode ser invariável em seus temas, pois terá efeitos perigosos, se não contemplar a multiplicidade de aspectos da vida e da vivência cristã. Além disto, não precisamos psicologizar nossas mensagens, pois a igreja possui, em si mesma, uma dinâmica terapêutica e transformadora em algumas de suas práticas, como a confissão, a intercessão, a comunhão, o louvor, o serviço e o ensino – recursos terapêuticos eficazes. [temática tratada em minha dissertação de Mestrado em Psicologia Social: Agentes de Deus: Representações sociais de psicólogos cristãos na prática terapêutica, UERJ, 2004] Imaginemos, por exemplo, um pregador que, no intuito de trazer conforto a seus ouvintes, de modo recorrente e invariável lance mão de uma temática parcializada, apresente a Deus como Pai amoroso que nos aceita e nos ama incondicionalmente. É irrefutável esta visão sobre Deus. Para mim, ela deve ser considerada essencial na vida cristã, mas Deus não é apenas isto. Não se pode desconsiderar as demais virtudes ou características de Deus, pois, por exemplo, ele também é santo e justo. De outro lado, não podemos pensar na justiça de Deus sem encararmos sua bondade e amor e não há como entender sua soberania sem compreendermos sua misericórdia. Não devemos enclausurar Deus em nossas definições ou visões sobre Ele, pois Ele é o Eu Sou e em seu ser há toda a liberdade. E ele expressa toda sua autonomia por meio de seu amor, Sua justiça e sua santidade. Sendo assim, será mais abençoadora a mensagem que deixar Deus livre e pleno, sem prescindir de expor os conteúdos diversos que estão em Sua Palavra. Ainda que tenhamos plena convicção de que aquilo que pregamos é pura verdade, devemos entender que é necessá-
rio pregar com sabedoria, sensatez, inteireza e abrangência, de modo que contemple toda a vida, toda a realidade, toda a missão.
Influência da subjetividade Outra questão referente ao conteúdo das mensagens merece atenção. A maior parte dos conflitos teológicos são de natureza hermenêutica, ou seja, do modo como entendemos e expressamos nossos pensamentos. E um cuidado imprescindível nesta tarefa é o de atentarmos sobre o quanto de nossas vivências e de nossa subjetividade está presente em nossos ensinos. Muitas vezes, lançamos sobre nossos ouvintes diversas projeções de anseios não resolvidos, de sentimentos não processados, de conflitos não tratados e lhes transferimos nossas culpas, queixas, taras e medos. Este é um possível caminho para entendermos tantas aberrações sendo pregadas nos púlpitos. Assim, pregadores, teólogos e quaisquer outros construtores de saber precisam ter um posicionamento crítico sobre sua subjetividade. Se há de fato, como creio, uma influência da subjetividade na escolha da verdade a ser pregada e na forma como será feita, o que é que determina a ênfase escolhida? Em outras palavras, por que pregadores não pregam toda a verdade, e a verdade que pregam é expressa de modo tendencioso, parcial e invariável? Vou expor algumas razões possíveis: Covardia - Sejamos sinceros: alguns temas, ainda que necessários e verdadeiros, são mesmo antipáticos e hostis, o que pode gerar no pregador o medo de perder o “emprego” por magoar ou até afastar algumas pessoas. Ora, mas a mensagem sempre nos confrontará e, por isso, receberá hostilidade. Devo confessar que, às vezes, prego alguns temas tão-somente porque são bíblicos, mas o faço com muito temor, seja por minhas próprias dificuldades com eles, seja pela antipatia que provoca. Não é fácil desagradar a quem amamos, mas é o que deve ser feito se amamos. Se pregamos apenas o que agrada pelo medo de gerar resistência, não passamos de uma caricata performance de pastor que, ao invés de ser um porta-voz dos anseios e do amor de Deus, reduz-se a uma satisfação de demandas criadas e reclamadas pelo grupo. Corra destes! Culpa no cartório - Sim, muitas vezes não falamos sobre alguns temas porque queremos fugir da verdade, não a suportamos. Nossas mentes são esmagadas em si mesmas pela culpa. Assim, um pregador que tenha dificuldades em uma área moral tenderá a fugir desta área em sua retórica ou será um legalista em relação a ela e vai acabar falando dela demasiadamente. Podemos condenar ou nos esquivarmos da avareza por sermos avaros; condenar ou nos esquivarmos da prostituição por sermos pervertidos, e por aí vai. É mesmo verdade: a boca fala (ou se cala) do que está cheio o coração. Fuja disto e destes! Alienação - Infelizmente, é muito comum não pregarmos toda a verdade porque estamos distantes da realidade sobre o contexto onde vivemos. Como pregaremos sobre o que não vemos ou não vivemos? Esta santarronice que nos torna marginalizados de nossa própria cultura nos impede de sermos proféticos e abençoadores de nossa própria gente. Corra, rápido! Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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lidade de quem prega e de quem ouve. Se a pregação não for Ignorância - Podemos não pregar toda a verdade porque não integral, a vida e a missão também não serão e a igreja será a conhecemos. Se possuimos uma visão limitada, míope, endesfigurada. curtada e emburrecida sobre a multiplicidade da verdade que Os sermões de Jesus são o melhor exemplo de mensagem deve ser compreendida e pregada, nossas mensagens serão integralizada. Não há um aspecto da existência humana que medíocres e perigosas. O pregador deve ser o que mais estunão tenha sido contemplado por Jesus. O próprio Sermão da, o que mais lê, o que mais sabe, o que mais se informa. O do Monte é multitemático e multidimensional, pois enfoca a Seu José é um pastor de 63 anos que acabou de concluir o Enpluralidade da realidade e da vida. Daí ser este sersino Fundamental e está disposto a concluir o Enmão uma inigualável fonte de saúde integral. sino Médio para fazer uma Faculdade de TeoAssim, se furtarmos de nossos ouvintes o logia. Pedreiro por toda a vida, ele acredita saber sobre alguma dimensão que lhes que um pastor não pode ser ignorante e é pertinente, lhes expomos a sérios tem de saber mais que as ovelhas para A maior parte dos riscos. Se toda a verdade não for prelhes ajudar a crescer. Disse-me ele: gada em suas diversas dimensões e “Um pastor não pode fazer feio”. É conflitos teológicos aplicações, a identidade será deforuma pessoa admirável, um exemplo. são de natureza mada e a missão não será realizada. A questão não é saber ou não, mas hermenêutica, ou seja, do O mandato cultural, por exemplo, a arrogância em não reconhecer a será negligenciado, pois uma menignorância e se achar sábio aos prómodo como entendemos sagem que não contemple a revelaprios olhos. Suma da frente destes! e expressamos nossos ção integral de Deus desvinculará e pensamentos alienará o nosso viver diário – tudo o Canalhice - É lamentável, mas muique fazemos ou devemos fazer em nostos não pregam toda a verdade porque so dia a dia – da missão de levar toda a escolhem falar apenas do que lhes trará criação, e a todos os que nela vivem, a relucros. São os aproveitadores da fé do povo, conciliarem-se com Deus (2 Co 5.18-21). mercantilistas, pilantras de púlpitos. Não há É o que penso: a razão de termos em nosso país uma muito o que dizer destes, só lamentar e nunca lhes igreja tão alienada politicamente; tão insensível e apática estender as mãos. Confronte a estes! para com as questões referentes à pobreza e à miséria; tão narcisista, pois sua prioridade é receber a bênção, prospeRomânticos - São os que não pregam toda a verdade porrar, alcançar um nirvana (em sânscrito, ‘cessação de sofrique acham que a mesma é floreada. Creem em um evangelho mento’) gospel. Se a igreja está doente, a causa está na menversão light, sem responsabilidade moral, sem justiça, sem sagem que ouve, como também na mensagem que não ouve. perdas, sem renúncia, sem cruz a ser carregada, sem serviJesus crescia integralmente: em estatura (dimensão física), ço. São dos que mais atraem, mas o fim pode ser trágico. na graça (dimensão metafísica ou espiritual) e no conheciSaia de perto! mento (crença ou fé justificada, verdadeira) porque lidava com toda a verdade. É esta verdade – toda ela – fiel às EsMoralistas - Há pregadores que se acham os verdadeiros crituras, multidimensionada, contextualizada e diversa em defensores da pura moral e se tornam legalistas. Suas pregaseus temas, que precisa ser pregada. Este é o único caminho ções se restringem a um policiamento da vida alheia e diverque gera saúde e missão integral. sos temas pertinentes à vida são negligenciados. Chegam a ser perversos. Fique longe! Todos os temas pertinentes à realidade da existência humana precisam ser pregados se queremos ser fiéis à inteireza da verdade bíblica e se queremos zelar pela integralidade da saúde dos ouvintes. Luiz Vanderley V. de Lima é pastor, psicólogo clínico, mestre e doutor em Psicologia Social pela UERJ, diretor geral do Seminário Teológico Escola de Pastores, pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana Betânia em São Francisco – Niterói (RJ), casado com Elivania e pai de seis filhos
Quero ainda fazer uma última consideração. É crucial que tenhamos consciência do objetivo da pregação, e, para defini-lo, temos no Pacto de Lausanne uma excelente resposta: O evangelho todo [todo o seu conteúdo e não apenas parte], para o homem todo [que alcance e contemple todas as dimensões da existência humana], para todos os homens [de toda tribo, raça e nação]. Se a missão é integral, a mensagem também deve ser. A pregação, então, deve sempre estar relacionada com todo o contexto e com as múltiplas dimensões da rea-
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Originalmente publicado na edição de Inverno de 2010 / Leadership Journal - Copyright © 2010
A
pregação proporciona muitas coisas, mas as mais importantes devem ser a gravidade, a luz e o ar. Assim como o próprio evangelho, esses elementos são essenciais, porém invisíveis e a ausência deles em um sermão será sentida. Os pregadores e suas congregações devem viver uma fé encarnacional em um Deus encarnacional em um mundo real de gravidade, luz e ar. Não há uma rota de fuga gnóstica disponível. O dom da pregação é parte da maneira de Deus para ajudar um mundo desesperado pelo tipo de boa-nova que fundamente, guie e preencha.
Onde está o centro da gravidade? Quando digo gravidade, não quero dizer uma pregação grave ou pesada. Não está limitada a um estado de espírito, personalidade ou a uma forma. A gravidade é uma força central na vida do pregador. O que faz a vida do pregador demonstrar ser seu verdadeiro centro, quando ele se coloca diante da congregação para falar no nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo? Durante uma fase muito difícil, percebi pela primeira vez como a vida e as palavras de um pregador refletem seu centro de gravidade. Eu era cristão, mas estava cheio de dúvidas e incertezas. Eu ia aos cultos toda semana, faminto por uma palavra que fundaInverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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Gravidade é parte do que Paulo oferece aos atenienses quando proclama o “Deus desconhecido”, e recomenda que eles confiem no Deus “em quem vivemos, e nos movemos, e existimos”. Paulo diz em outro lugar, que quer sejamos gregos ou judeus, homens ou mulheres, escravos ou livres, podemos colocar todo o peso de nossas vidas nas boas-novas, porque em Jesus Cristo “Deus reconciliou o mundo com ele”. Em parte, o poder de atração gravitacional do evangelho encontra-se em sua totalidade, na escala e profundidade da criação de Deus. É tudo isso em alegria e dor, beleza e tragédia, segurança e luta. A personalidade, o humor, a inteligência, a forma e o estilo de alguns pregadores podem, sem dúvida, ser atraentes. Mas nossas vidas complexas e necessitadas – individual e coletivamente – não podem encontrar esperança no pregador. A esperança só pode ser achada nas mãos de Deus, cujo amor e poder são suficientes para a nossa história e para toda a história. Em minhas idas a diferentes igrejas, encontrei pastores e congregações entre os quais senti a grande força do evangelho, curando e renovando o centro de suas vidas. Isso não ficou evidente graças a nenhuma habilidade de comunicação especial. Esses pastores variavam em idade e tradição, mas tinham algumas coisas em comum: exalavam uma vida que, antes de qualquer coisa, trazia o testemunho de Cristo, em caráter e em atitude, ainda mais do que em palavras. Transmitiam tanto um discipulado quanto uma humanidade honesta; pareciam conhecer o sofrimento: o próprio e o de outros. Não eram simplistas em relação a seu papel; descobriram, na fraqueza, que Cristo era o centro que os sustentava.
G O M E S J U L I A
Os outros dois ingredientes da pregação – luz e ar – foram transmitidos tanto naquilo que esses pregadores diziam, quanto no que faziam. A luz que guia e sustenta não costuma piscar para chamar atenção. Também não é uma luz superficial e barata, mas aquela que surge como a aurora, que encontra a escuridão ao seu redor, que vence o mal com o bem. Aquilo que é exposto não o é para causar vergonha, mas para trazer cura. Estar em um lugar bem iluminado é uma das melhores e mais simples alegrias da vida. Quando a luz se encaixa perfeitamente com o local, a ocasião e com as pessoas presentes, pode ser fonte de vida. Ela define o humor e possibilita que uma maior gama de nossos pensamentos, sentimentos, relacionamentos e ações sejam expressos, quer estejamos conscientes disso ou não. A pregação deve ter o efeito de uma sala bem iluminada. Deve oferecer uma luz oportuna e apropriada. Uma luz que não serve a si mesma, mas àquilo que ilumina; que ajuda as pessoas a verem o que importa e a receberem e interagirem com tudo o que lhes está disponível. O pregador deve acender a luz da verdade, do entendimento, da empatia, da sabedoria, da justiça, da compaixão e da esperança no mundo comum e nas vidas de sua congregação. A luz pela qual se vê as coisas. Ela não é ofuscante; é a luz que revela Deus às pessoas. Esse tipo de pregação contrasta com a luz sombria da mera inteligência ou carisma. Tampouco é a luz ofuscante da mani-
R A M A L H O
Luz que vence a escuridão
T R A D U Ç ÃO :
mentasse minha vida. Para completar minha instabilidade, estava procurando por uma igreja. Enquanto visitava várias igrejas toda semana, à procura de um lar espiritual, ansiava por evidências simples de uma esperança estável para além de mim, das pessoas sentadas naqueles bancos, do pregador, do que podia ser visto. Trabalho, relacionamentos, medos e decisões fervilhavam dentro de mim. Semana após semana, eu estava com fome de alguma coisa. Não queria louvores modernos e da moda, nem algum tipo específico de música, tradição, liturgia ou tamanho de igreja. Ansiava por alguma garantia e prova da importância que Deus dá para a vida comum, ansiava por um incentivo de que o evangelho fosse o centro a partir do qual todas as outras dimensões da vida pudessem ser vividas. Desde o “bem-vindo” até a “bênção”, eu tentava discernir o centro gravitacional de cada igreja. Esperava que a vida e as palavras do pastor, particularmente, me aproximassem daquele que “sustenta todas as coisas”. Não procurava por algo espetacular, ou mesmo dramático. Não precisava sentir algum tipo de ligação pessoal com o ministro de louvor ou com o pregador. Estava apenas tentando discernir se esses líderes tinham uma vida realmente fundamentada nos princípios de uma vida centrada: a evidência de um compromisso apaixonado e honesto com Jesus Cristo. Infelizmente, tal evidência foi mais difícil de ser encontrada do que havia imaginado. Em todas essas semanas encontrei centros de gravidade, mas não do tipo que procurava. Conheci pastores cujos centros de gravidade pareciam ser suas próprias personalidades, dons, cabelos, corpos, discursos, educação, cônjuges ou filhos. Suas palavras, às vezes, apontavam para além de si mesmos, mas todas as mensagens subliminares – seus gestos, suas atitudes, seus exemplos – pareciam apontar para eles mesmos. Poderia me aproximar de Deus apenas através dos pregadores; o meio havia se tornado a mensagem. A igreja era realmente “deles”. Minha impressão poderia estar errada, é claro. Em outras igrejas nas quais estive, o centro de gravidade parecia ser a confiança teológica do pregador. Não necessariamente as doutrinas, ou se suas crenças eram verdadeiras, mas a paixão e convicção com que eles acreditavam nelas. Em algumas, o centro parecia ser o palco – o tamanho da decoração, a tecnologia, a música, a popularidade, o volume, a fama e o poder. No entanto, havia pouca evidência do Deus que se esvaziou e se tornou fraco e pobre por amor de nós. Algumas vezes, o centro de gravidade parecia ser a força das emoções do pregador ou da congregação. O que eu buscava era alguém com gravidade teológica em seu âmago. Não se trata de escapismo, nem negação do sofrimento ou Mark Labberton pretensão espiritual. Não somos chamados a é professor de pregação e diretor viver experiências humanas tranquilas e codo Instituto Lloyd muns. Ele diz: “tome sobre si a sua cruz, e sigaJohn Ogilvie me”, mostrando ser essa a maneira como Deus de Pregação do Seminário Teológico deseja que vivamos aqui, onde nosso centro de Fuller em Pasadena, gravidade nos chama para servir e amar. Califórnia, EUA
PREGAÇÃO FUNDAMENTAL
Uma vida de fé exige resistência árdua e requer um ar pulação pela qual a congregação é capturada devido à aura do saudável. Quando, através da mensagem do pregador, o Espregador mais do que ao próprio evangelho. Em vez disso, o pírito Santo é livre para preencher nossos pulmões com espregador fica fora do caminho, a fim de deixar a “luz do coperança, podemos respirar profundamente e somos libertos nhecimento da glória de Deus brilhar na face de Jesus Cristo”. para viver. Moisés estava certo de que o brilho em seu rosto não viOuvir a abundância da graça perdoadora de Deus pronha de si mesmo, e garantiu que o povo também soubesse clamada, nos permite inspirar esse ar saudável, para então disso. Nem todos os pregadores parecem se lembrar desse sermos libertos, deixando sair todo o ar poluído. Quando fato. A luz que o pregador oferece é melhor e mais poderosa ouvimos que a graça de Deus nos coloca em um lugar bom quando ele deixa claro internamente e verbalmente que ele é e nos livra da lei, podemos deixar nosso remorso e nossa apenas um refletor, e não a fonte, daquele que por si só é a luz. ansiedade de lado e confiar em Sua generosidade. Estava em uma conferência de adoração, pouco tempo Ouvir ao chamado do nosso Senhor para segui-lo, signifiatrás, quando anunciaram que naquela noite teríamos um ca desistir do ar fino do egoísmo, da falta de amor, da vida baculto “repleto de estrelas do louvor”. Bandas famosas e prenal. Podemos respirar profundamente e amar generosamente. gadores populares podem realmente atrapalhar e bloquear a O ar do evangelho nos impulsiona a viver de maneira diluz do evangelho. O holofote sobre o pastor não deve ser a ferente em relação ao nosso próximo. Se seguirmos a Jesus, luz em que confiamos, e não devemos valorizar isso. precisaremos ainda mais de oxigênio, à medida que nosso coComo um pregador transmite a luz de Cristo? Em primeiração bate mais forte e gastamos nosso fôlego amando aqueles ro lugar, vivendo essa luz em sua própria vida. Se nossas cona quem o nosso Senhor ama. A igreja não deve armar gregações não virem a luz de Cristo na maneira como sua própria tenda de oxigênio “só para crentes”, vivemos, terão mais dificuldade de nos ouvir famas deve catalisar uma mudança em todo o lando sobre essa luz em nossas pregações. ambiente para que todos possam respiNão posso apresentar a luz a merar de maneira diferente. nos que eu seja um discípulo fervoEm minhas idas O oxigênio da graça, assim roso, que cresce e busca a luz de a diferentes igrejas, como o maná, não deve ser acumuJesus em meus próprios lugares lado, pois vem como um presente de escuridão. Dessa forma, gaencontrei pastores e de dependência que só podemos nho uma audiência para a luz congregações entre os receber dia a dia. O pregador nos do evangelho, humildemente quais senti a grande força atrai a esse ar saudável e, através admitindo que também necessido vento do Espírito Santo, nos to dela. E, então, posso convidar do evangelho, curando e ensina a receber esse chamado e outros a buscarem lugares em renovando o centro de essa comissão: respirar. suas vidas e no mundo, onde a Tudo isso pode ser colocado em luz de Cristo possa levá-los a serem suas vidas risco, no entanto, se nós pregadores agentes de misericórdia e justiça. só estivermos soprando fumaça. Quer dizer, se estivermos apenas falando. PouAr que pode ser inspirado ca gravidade. Pouca luz. Muito pouco oxigênio profundamente e muita poluição prejudicam o povo de Deus e sua missão Se um dos prazeres mais simples da vida é um lugar bem no mundo. Isso é parte do motivo porque as pessoas dizem: iluminado, o ar saudável é seu par perfeito. Respirar ar puro “Não pregue para mim”. é como respirar a graça. É algo rejuvenescedor, motivador Nossa pregação polui a vida das pessoas quando transe fortalecedor. Por outro lado, o ar poluído ou a falta de ar mite uma visão de Deus como um ser insignificante que sertorna a vida muito mais difícil. Quando estou ouvindo ou ve aos nossos próprios interesses. Nossa pregação promove pregando um sermão, espero por um bom oxigênio espiriuma respiração superficial quando é preenchida com uma tual, com o mínimo de poluição possível. versão meramente cristianizada do mesmo consumismo Quando estava naquela fase difícil que descrevi anteriorpresente em nossa cultura. Nossa pregação atrapalha os mente, precisei desesperadamente de ar fresco, de mais ar, e propósitos de Deus quando falamos sobre uma visão bidide um ar de melhor qualidade. Médicos e terapeutas afirmam mensional do mundo baseada em medo, exclusão, julgamenque quando a vida está difícil ou as pessoas estão com medo to manipulador ou culpa, em vez de mostrar que baseia-se na ou preocupadas, elas muitas vezes se esquecem de respirar. ampla graça de Deus e em sua justiça. O ar foi feito para ser inalado, plena e profundamente. Uma pregação deve oferecer esses três dons: gravidade, luz Tentar viver a vida que fomos chamados a viver em Crise ar. Cada um desses é essencial. Cada um traz uma contribuito sem ar espiritual suficiente poderia ser possível se estição. Cada um aponta para Jesus. Cada um fortalece o indivívéssemos em uma corrida de pequena distância. Mas não duo e a comunidade. Cada um dirige a igreja à tarefa de amar o estamos. Fomos chamados para uma corrida longa, com mundo que Deus criou e está resgatando em Cristo. obstáculos e, definitivamente, cheia de perigos. Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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G O M E S J U L I A
bênçãos de Lázaro no seio de Abraão. Isso, eu pude perceber, os afetou muito mais do que quando falei sobre desgraças. E assim tem sido com eles... Eles quase sempre se mostram muito mais afetados pelas verdades confortáveis da Palavra de Deus do que pelas verdades terríveis e ameaçadoras. O que tem angustiado muitos deles, é que descobriram que querem, mas não podem ter a felicidade dos justos”. A mesma dinâmica parece ocorrer em Lucas 5. Depois de ensinar as multidões de um barco no lago de Genesaré, Jesus disse aos pescadores para irem para o fundo e lançarem suas redes. Simão protestou: Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pegamos nada! Mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede. E quando puxaram a rede, haviam pego tantos peixes, que ela começou a romper. E os dois barcos ficaram tão cheios que começaram a afundar. A resposta de Pedro foi bastante diferente da nossa resposta moderna à graça. E vendo isto Simão Pedro, prostrouse aos pés de Jesus, dizendo: ‘Senhor, ausenta-te de mim,
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omo a obediência radical a Deus foi desperta, e que tipo de pregação é necessária para despertá-la? Refiro-me à obediência dos cristãos primitivos, descrita em Hebreus 10, os quais ouviram que seus amigos estavam na prisão e foram visitá-los, mesmo que isso tenha lhes custado a perda de todos os seus bens. A resposta para essa pergunta pode surpreendê-lo. Alguns anos atrás, eu reli algumas partes do diário de David Brainerd. Lembrei-me de que ele havia visto grande arrependimento entre os índios em diversos momentos de suas pregações. Em 1745, ele pregou aos índios de Crossweeksung, em Nova Jersey (EUA), e fez a seguinte observação: “Foi surpreendente ver como seus corações pareciam estar sendo comovidos pelo convite terno e caloroso do evangelho, quando não havia sequer uma palavra ameaçadora falada a eles”. Ele pregou Lucas 16, sobre o homem rico e Lázaro. “A Palavra produziu fortes impressões em muitos dos que estavam presentes na assembleia, especialmente quando falei sobre as
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Originalmente publicado na edição de Primavera de 1999 / Leadership Journal - Copyright © 1999
Para chorar verdadeiramente por causa do pecado, é preciso desejar a santidade. O pesar verdadeiro pela falta de santidade só vem do amor pela santidade. O verdadeiro arrependimento evangélico deve ser precedido por uma paixão a Deus. Que tipo de pregação produz esse tipo de arrependimento? Não apenas as advertências bíblicas, mas ainda mais importante, a pregação que faz a Sua santidade tão atraente que, pela graça da regeneração e iluminação, as pessoas venham a amar tanto a santidade, que passem a sentir intensamente a sua ausência. Enquanto Deus não se tornar o nosso tesouro, não sofreremos por estar em falta com Ele. Os atos mais poderosos e dolorosos de obediência são motivados por uma paixão suprema pelo deleite em Deus. A pregação que desperta esse sentimento deve retratar constantemente a Deus como eternamente satisfatório.
Pregando o prazer supremo O chamado de todo pregador é fazer com que a supremacia de Deus seja o tema de toda a sua pregação, para que ela se torne o tema da vida de todos os seus fiéis, o que se apresenta como uma obediência radical a Jesus. A fonte dessa obediência não é um esforço bruto de força de vontade ou um sentimento de dever, mas uma paixão pelo prazer em Deus. Por que a fé produz obediência? Para responder a isso, precisamos extrair o significado essencial da fé salvadora. Essa é minha definição da essência da fé: “Estar satisfeito com tudo o que Deus é para nós em Cristo, especialmente o que Ele promete ser para nós na era vindoura”. Essa declaração enfatiza duas coisas. Uma delas é a centralidade de Deus na fé. Não são apenas as promessas de Deus, mas o próprio Deus que nos satisfaz. A outra é a satisfação. A fé não é apenas uma crença em fatos a respeito de Deus. A fé é a saciedade da sede da alma na fonte de Deus. Crescer em satisfação com tudo o que Ele é para nós em Cristo é o poder que quebra a sedução do pecado. A obediência vem da satisfação pelos prazeres provenientes da mão direita de Deus, vem da consciência de que esses prazeres são melhores do que os prazeres do pecado. John Piper Dessa forma, atraimos as pessoas a Deus, é fundador e líder ao retratá-lo, semana após semana, como do ministério infinitamente superior a todos os prazeres Desiring God, pastor fugazes do pecado. Nós cultivamos na alma sênior na Igreja Batista Bethlehem das pessoas uma sede por Deus, e depois a em Minneapolis, satisfazemos a cada semana com o refresco no estado norteamericano de da Sua Palavra. Isso fará com que Ele seja suMinnesota, e autor premo, e com que nosso povo seja santo. de diversos livros
O pesar verdadeiro pela falta de santidade só vem do amor pela santidade. O verdadeiro arrependimento evangélico deve ser precedido por uma paixão a Deus que sou um homem pecador’. Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito. (Lc 5.8-9).
Graciosa convicção O que é notável aqui – o que quebrantou o coração de Pedro e o conduziu ao arrependimento – foi o milagre da graça e não uma palavra de julgamento. Aconteceu exatamente a mesma coisa com os índios de Crossweeksung e os pescadores da Galiléia. Por que isso? O arrependimento sincero do pecado é um pesar pela falta de santidade. No entanto, precisamos ter cuidado aqui. Muitos criminosos choram quando sua sentença é lida, não porque eles passaram a amar a justiça, mas porque perderam a sua liberdade para cometer mais atos iníquos. Chorar por causa da punição de delitos não é sinal de ódio ao pecado, mas de uma dor raivosa. Esse não é o arrependimento verdadeiro, e não conduz a uma obediência cristã radical.
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[ ESCRITÓRIO ]
ADMINISTRAÇÃO, RH, LEIS E CONTABILIDADE
Contratação de serviços terceirizados: riscos (segunda parte)
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o artigo anterior, abordamos os tipos e vantagens da contratação de serviços terceirizados, e, nesta edição, falaremos dos riscos envolvidos. Primeiramente, vamos considerar os aspectos trabalhistas. E, em razão disto, alguns perguntarão: Existem aspectos trabalhistas se uma pessoa jurídica está contratando outra pessoa jurídica? A resposta é afirmativa. Vamos imaginar que uma igreja tenha contratado determinada empresa de limpeza terceirizada que mantinha no templo um empregado responsável pela limpeza e por sua manutenção. Este empregado, sentindo-se lesado em seus direitos, após sua demissão contratou um advogado, o qual certamente proporá ação trabalhista contra a empresa terceirizada e contra a igreja. A pergunta que precisamos responder é: Por que a igreja também seria ré em uma ação trabalhista se havia um contrato de prestação de serviços com a empresa terceirizada? Para responder a tal questão, precisamos considerar duas situações: - Não existe qualquer tipo de impedimento para que qualquer pessoa, entendendo ter sido lesada, procure o Poder Judiciário para tentar reparar a situação contra quem entender tenha dado causa ao seu prejuízo. - Se esta ação terá ou não procedência, caberá ao magistrado considerar caso a caso. Isto porque o direito tem como um de seus princípios a teoria da aparência. Senão vejamos: o empregado terceirizado efetivamente prestaCícero Duarte va serviço no local da igreja, mantinha uma é autor das obras rotina de horários e, eventualmente, recebia Igrejas na mira da Lei e Direito para ordens de um preposto da igreja. Ou seja, a apaigrejas, pastor rência era de que ele era efetivamente empremembro da equipe gado da igreja e, em razão disto, em tese, terá ministerial da Igreja Batista do Parque seu vínculo empregatício reconhecido também Panamericano em relação à igreja e esta poderá ser condenada em São Paulo (SP) e membro solidária ou subsidiariamente juntamente com da Fraternidade a empresa terceirizada. Isso quer dizer que, no Teológica LatinoAmericana (FTL) caso de a empresa terceirizada não cumprir o
que foi acordado, a igreja arcará com estas mesmas obrigações trabalhistas. O segundo aspecto importantíssimo são as obrigações acessórias decorrentes da relação de emprego, tais como os devidos recolhimentos previdenciários (INSS); os depósitos a título de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, junto à Caixa Econômica Federal (FGTS); o imposto de renda retido na fonte (e que deverá ser recolhido à Secretaria da Receita Federal); e outras obrigações decorrentes da relação de emprego. No caso de reconhecimento de direitos trabalhistas em relação à igreja, esta também certamente será condenada nas obrigações acessórias. Outro aspecto a ser considerado são possíveis danos e prejuízos ocasionados a um terceiro em decorrência de uma prestação de serviços terceirizada, como por exemplo: a queda de um reboco no para-brisa de um automóvel em decorrência de uma obra efetuada na fachada do templo executada por empresa terceirizada. Certamente, neste caso a igreja, seria, no mínimo, co-responsabilizada pelo dano. E por fim, o quarto aspecto diz respeito às obrigações tributárias decorrentes da contratação da empresa terceirizada, que não consequentes da relação de emprego com seus funcionários, como por exemplo: a responsabilidade pelo recolhimento do Imposto de Renda (IR) sobre os valores da remuneração da empresa terceirizada, ou o Imposto Sobre Serviços (ISS), quando for o caso, e outros tributos mais que possam ser considerados obrigações acessórias ao contrato de prestação de serviços terceirizados. Portanto, para que seja vantajosa a contratação de serviços terceirizados, certamente deverá haver o acompanhamento técnico necessário para a perfeita elaboração do contrato de terceirização, prevendo a possibilidade de a igreja regredir judicialmente contra a empresa terceirizada, caso tenha algum prejuízo em decorrência da contratação, além do minucioso estudo da capacidade técnica da firma a ser contratada e sua credibilidade e segurança junto ao mercado. Até o nosso próximo encontro! Contato: direitoparaigrejas@gmail.com
No caso de a empresa terceirizada não cumprir o que foi acordado, a igreja arcará com estas mesmas obrigações trabalhistas
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FERRAMENTAS REPRODUÇÃO / G1
[ INSIGHTS PARA PREGADORES ]
OS DESIGREJADOS Desigrejados: Teoria, história e contradições do niilismo eclesiástico, dissertação de mestrado apresentada recentemente ao Curso de Mestrado em Ciências da Religião do Seminário Teológico Congregacional do Estado do Rio de Janeiro, é uma tese que merece leitura e reflexão. Escrita pelo Pr. Idauro de Oliveira Campos Júnior, da Igreja Congregacional de Niterói (RJ), após ampla pesquisa realizada de 2010 a 2013, a dissertação lembra que milhares de cristãos ao redor do mundo estão deixando de congregar nas igrejas e que o fenômeno tem chamado a atenção da mídia cristã especializada e também da secular. “Um neologismo foi criado para pontuar a tendência. São chamados de desigrejados e defendem o niilismo eclesiástico baseados na decepção com a instituição e também em argumentos teológicos e históricos”, assinala o autor. A tese lembra que, no Brasil, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de quatro milhões de cristãos protestantes – 14% das pessoas que se declararam evangélicas – não possuem quaisquer vínculos institucionais. Esses desigrejados – foco de estudo de vários autores nacionais e estrangeiros –, segundo o pastor Idauro de Oliveira, formam dois grupos bem distintos: os decepcionados com a liderança (devido ao abuso e ao autoritarismo das lideranças eclesiásticas) e os críticos do modus operandi da igreja e de sua institucionalização. “Embora, considerem-se como atores sociais de uma revolução inédita, o movimento, contudo, carece de ineditismo histórico e consistência teológica e argumentativa, sendo, na verdade, um dos muitos reflexos da pós-modernidade”, assinala o autor, o qual, em suas considerações finais, sugere qual seria o futuro dos desigrejados: “É provável que muitos permaneçam desiludidos e reticentes em retornar à frequência eclesial. Preferirão permanecer no cinismo e no ceticismo comunitário. Outros, talvez encontrem modelos mais espontâneos e informais para compartilhar a fé cristã. Há ainda àqueles que retornarão às comunidades históricas. Após um período de desilusão institucional e de passarem por experiências sofríveis no anseio de praticar o cristianismo, é provável que cheguem à conclusão de que a igreja, mesmo com seus defeitos (expressão de nossa pecaminosidade) é o melhor lugar para congregar, compartilhar e defender a fé”. – Da redação
Compromisso no mural Um pastor norte-americano criou um aplicativo para ajudar homens viciados em pornografia. A ideia de Jay Dennis, da Primeira Igreja Batista de Mall, na Flórida, é que os interessados em deixar essa prática maligna escrevam seus nomes em um mural de compromissos do programa. A partir do ato da inscrição, esses homens passam a ter acesso a vídeos explicativos, eventos e convenções sobre o tema, para ajudá-los a abandonar o vício da pornografia. Dennis lembra que há muitos homens convertidos que são viciados em pornografia e que existem muitos pastores sofrendo com isso pessoalmente. Não por acaso, o site da campanha faz uma crítica dura, ao dizer que a igreja não tomou nenhuma ação para corrigir essa imoralidade, e aponta a raiz do problema: A arrogância cega o coração e a mente e impede a pessoa de ver sua condição espiritual ou a condição espiritual de seu irmão ou irmã. [...] A insensibilidade ao pecado reduz as consequências do pecado sexual nas mentes daqueles que tem a vida no espírito, diz um texto da página da campanha na web. – Com informações de Gospel Prime e The Christian Post Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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REPRODUÇÃO / BLOG LFG
Mais cristãos
UM SÓ? Dados alarmantes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão ligado ao Ministério da Justiça, mostram que o Brasil só tem 722 pessoas presas por corrupção – ou seja, 0,14 do total de 513 mil encarcerados. Só para se ter uma ideia, o número de presos por corrupção é tão pequeno que não lotaria um presídio. O levantamento, feito pelo jornalista Carlos Madeiro, do portal UOL, deixa claro que só tornar “hediondo” o crime de corrupção – conforme lei recentemente aprovada pelo Senado – não será suficiente se aqueles que desviam o dinheiro público não forem punidos exemplarmente. Especialistas ouvidos pelo portal lembram que é preciso atacar os problemas que levam ao baixo índice de condenação e de prisão dos acusados: a falta de delegacias especializadas, penas brandas (que resultam em muitas punições alternativas à prisão) e até mesmo a “modernização” da prática corrupta, o que dificulta a investigação. – Com informações de UOL
Terapia fundamental
Um levantamento feito pelo Center for the Study of Global Christianity (em tradução livre, algo como Centro de Estudos do Cristianismo Mundial), do Seminário Teológico Gordon Conwell, nos EUA, mostra que houve o crescimento do cristianismo no mundo entre 1970 e 2010. De acordo com o estudo, a queda do número de fieis na Europa foi compensada com o aumento significativo de cristãos na África e na Ásia. A pesquisa mostra também que a taxa de crescimento na América Latina ficou estável. De acordo com os pesquisadores, as previsões para 2020 não são boas para a Igreja na Europa: dois terços da população europeia – excluindo a Itália – deverão ser contadas no grupo “sem religião”. Entretanto, as previsões são otimistas para o cristianismo: dentro de sete anos a expectativa é de que haja 2,2 bilhões de cristãos em todo o planeta. Desse total, acredita-se que 700 milhões (31,81%) serão pentecostais e carismáticos. – Com informações de Gospel Prime e Aleteia)
“A terapia psicológica é de fundamental importância para quem quer deixar a homossexualidade”, declarou o pastor e ex-travesti Joide Miranda, um dos convidados do programa da ANAJURE Rádio, transmitido ao vivo na noite de 27 de junho. No programa da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE), o qual versou sobre o tema “Como superar o pecado da prática da homossexualidade”, Joide Miranda reafirmou a necessidade da orientação psicológica para ex-gays e deixou claro que as sessões com sua psicóloga foram de extrema importância para seu processo pessoal de volta à heterossexualidade. “Por que não ajudar essas pessoas que estão desesperadas e querem deixar o estado da homossexualidade?”, questionou Miranda, destacando que a função da terapia não é obrigar ninguém a mudar sua orientação sexual, mas fornecer apoio emocional a quem já optou por voltar à sua orientação sexual original. Joide Miranda, que sofreu abusos sexuais pela primeira vez aos seis anos de idade, enfatizou que ninguém nasce homossexual. “Isso é uma mentira que está sendo pregada pela mídia neste dias”. Também ouvido no programa, o Rev. Alberto Thieme, presidente da Associação de Defesa contra a Discriminação dos Heterossexuais (ADTH), concordou com as palavras de Miranda e lembrou que seu projeto – ajudagay.org (http://defesa-hetero.blogspot.com.br) – foi criado justamente para oferecer ajuda e aconselhamento aos homossexuais. Segundo Thieme, o apoio psicológico é imprescindível. “Há uma necessidade do tratamento da alma da pessoa. Na alma, estão as emoções, que estão deturpadas, destruídas”, conclui Thieme. – Com informações de ANAJURE 48 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
[ INSIGHTS PARA PREGADORES ]
Treinamento versus desenvolvimento Um texto muito interessante escrito por Brandon Andersen – pastor executivo na igreja Mars Hill Everett, no estado americano de Washington – lembra que o líder do ministério é um administrador das pessoas e de seus dons (Ef 4.11-12) e que seu objetivo é maximizar os dons dessas pessoas, e não simplesmente conseguir com que elas façam aquilo que é necessário. Andersen, então, lista 19 (sutis e fundamentais) diferenças entre treinamento e desenvolvimento de pessoas. Por falta de espaço editorial, reproduzimos aqui algumas: • No treinamento, há uma concentração na solução rápida; no desenvolvimento, há edificação de líderes que servirão durante anos e até mesmo ajudarão a levantar outros líderes para assumirem seus lugares; • No treinamento, acredita-se que o melhor sistema do mundo fará com que as pessoas sintam-se amadas; no desenvolvimento, sabe-se que é o líder que faz com que as pessoas sintam-se amadas, e não um sistema; • No treinamento, o líder é, em primeiro lugar, um administrador, e em segundo, um líder; no desenvolvimento, é um líder em primeiro lugar, e administrador em segundo; • No treinamento, motiva-se com expectativas; no desenvolvimento, motiva-se prevendo a superação das expectativas; • No treinamento, a influência do líder vem de sua posição; no desenvolvimento, sua influência vem da interação pessoal; • No treinamento, o líder cria um programa; no desenvolvimento, ele cria uma cultura; • No treinamento, o líder foca na tarefa; no desenvolvimento, na pessoa. – Com informações de Brandon Andersen e The Resurgence online
O TABU DO SUICÍDIO O suicídio é uma das primeiras causas de morte em homens jovens nos países desenvolvidos e emergentes, e mata 26 brasileiros por dia. No Brasil, a taxa de suicídio entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 25 anos. O crescimento percentual de suicídios é maior do que o da média da população, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor do livro O suicídio e sua prevenção (Editora Unesp). Mas, apesar desses números alarmantes, a sociedade continua não querendo tocar no assunto. O tema é tabu até para os profissionais de saúde. Nos registros do Datasus, o banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), os casos de suicídios aparecem como “mortes por lesões autoprovocadas voluntariamente”. Segundo o psiquiatra Neury José Botega, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na década de 1990, a taxa de suicídios aumentava em todos os países do mundo, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um programa de prevenção. “Os países que fizeram campanhas de esclarecimento conseguiram baixar os números. É importante falar do assunto”, afirma Botega, destacando que a taxa de suicídios cresce por uma conjugação de fatores. “A sociedade está cada vez menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. Além disso, é desiludido em relação aos ideais que outras gerações tiveram”. Por sua vez, Robert Gellert Paris Junior, diretor da Associação pela Saúde Emocional de Crianças e conselheiro do Centro de Valorização da Vida (CVV), lembra que há uma pressão social para que os jovens sejam felizes. “Todo mundo tem que se sentir ótimo. A obrigação de ser feliz gera tensão no jovem”, afirma ele, deixando claro que quem pensa em suicídio está passando por um sofrimento psicológico e não vê saída, mas isso não significa que queira morrer. “O sentimento é ambivalente: a pessoa quer se livrar da dor, mas quer viver. Por dentro, vira uma panela de pressão. Se ela puder falar e ser ouvida, além de diminuir a pressão interna, passa a se entender melhor”. – Com informações de CVV e Folha de S. Paulo
Orando pelo Brasil Inspirado nas manifestações nas ruas de várias cidades brasileiras, nasceu um movimento de intercessão pelo país. Nas redes sociais, cristãos dos mais variados segmentos evangélicos estão se mobilizando para orar pela nação. A comunidade ‘Mude sua Mente’ – criada por Thiago Amaral no Facebook, em 29 de março – já havia sido curtida por mais de 411 mil pessoas (até o fechamento desta edição). Morador de Brasília (DF), Thiago lançou um desafio aos seguidores da ideia: que assumissem o propósito de orar pelo Brasil, todos os dias, de meia-noite a 1h. Segundo ele, a meta é reunir mais de um milhão de intercessores. – Com informações de Facebook e JovemX Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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FERRAMENTAS [ RECURSOS ]
[ LIVRO ]
UM TESTAMENTO DE DEVOÇÃO Thomas Kelly Palavra Quando estamos submersos nos mares imensos e impressionantes do amor de Deus, nos encontramos em uma nova e particular relação com alguns de nossos companheiros. A relação é tão surpreendente e rica que nos desesperamos para encontrar uma palavra gloriosa e forte o suficiente para descrevê-la. A palavra Comunhão é descoberta... A passagem, que abre o texto da página 53 do clássico espiritual Um testamento de devoção, do renomado professor Thomas Kelly (1893-1941), é mais um convite à reflexão. Publicada pela primeira vez em 1941, esta obra, de 110 páginas, é, até hoje, tão relevante e inspirativo como há mais de meio século, justamente por mostrar, de maneira tão direta e singular, que a vida com Deus é mais simples do que parece: A religião não é algo a ser acrescentado às nossas tarefas, para tornar nossa vida ainda mais complexa. A vida com Deus é o centro da existência, e tudo o mais é remodelado e integrado por ela. Ela dá simplicidade de olhos, escreve Kelly, o qual enfatiza a importância do silêncio e da tranquilidade dentro da vida moderna como condição para a descoberta de uma paz profundamente gratificante e permanente da jornada espiritual interior. Leitura obrigatória! 50 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
[ LIVRO ]
CONTINUIDADE E DESCONTINUIDADE John S. Feinberg Hagnos Neste livro de 496 páginas, editado e organizado por John S. Feinberg, professor e presidente do Departamento de Teologia Bíblica e Sistemática da Trinity Evangelical Divinity School, treze notáveis teólogos evangélicos discutem francamente o polêmico tema da continuidade e descontinuidade entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento no que se refere a seis tópicos básicos: sistemas teológicos, hermenêutica, salvação, a lei, o povo de Deus e as promessas do reino. Na obra, John S. Feinberg lembra que os cristãos evangélicos concordam entre si que a Bíblia é a inerrante Palavra de Deus, mas ressalta que há algumas divergências sobre como relacionar as mensagens do Antigo Testamento com o Novo Testamento. Israel era a Igreja do Antigo Testamento? As promessas feitas por Deus ao seu povo no Antigo Testamento se cumpriram na igreja de hoje? A lei mosaica é válida para os cristãos da atualidade? Os cristãos de hoje devem obedecer aos Dez Mandamentos, incluindo a guarda do sábado? Segundo Feinberg, sem que haja uma compreensão básica desse importante assunto, é complicado utilizar os Testamentos como alicerce para basear doutrinas ou estabelecer diretrizes para a vida prática. Leitura imperdível!
FERRAMENTAS
[ LIVRO ] [ LIVRO ]
FAMÍLIA E PESSOA IDOSA Simone Bracht Burmeister [ BÍBLIA ]
Sinodal
BÍBLIA DE ESTUDO DE ALMEIDA
Formada em Psicologia pela Unisinos, pós-graduada em Administração de RH na Ulbra e com vasta experiência na área de Recursos Humanos em grandes empresas, Simone Bracht Burmeister decidiu mudar o rumo de sua carreira em 2006 – após 13 anos de militância na profissão –, para pesquisar tudo o que dizia respeito a envelhecimento. Nessa nova trajetória de vida, nasceu Família e pessoa idosa, obra de 96 páginas em que Simone Burmeister escreve: O envelhecimento familiar é uma realidade bonita, pois oportuniza o relacionamento entre várias gerações. Porém, a longevidade também causa alguns problemas de estrutura familiar e de cuidado. Em algumas famílias, encontramos idosos cuidando dos muito idosos. Essa realidade também está exigindo que as famílias quebrem antigos paradigmas sobre quem é o velho. Hoje os idosos são ativos [...], viajam, compram e vendem imóveis e tomam decisões, destaca Burmeister, a qual se propõe a analisar as características e os conflitos da vida em família que reúne várias gerações. Segundo a autora, há a necessidade de sempre fazer novos arranjos e acordos familiares para uma convivência sadia e de mútuo crescimento para todos. Vale a pena ler esta obra e conversar com os membros da igreja a respeito!
SBB Obra clássica da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), a Bíblia de Estudo Almeida – diferenciada pelo material de estudo sem conotação denominacional ou doutrinária – ganhou um novo projeto gráfico, com capa mais moderna e letra grande, além de uma nova diagramação que facilita o estudo diário das Escrituras Sagradas. O texto bíblico na tradução de Almeida Revista e Atualizada é enriquecido por recursos como 5.615 verbetes do Dicionário da Bíblia de Almeida e 16.483 notas de estudo no rodapé, e acompanhado por uma concordância bíblica com mais de 3.800 palavras e 22.400 versículos. Esta bíblia, de 1.856 páginas, traz também a biografia de João Ferreira de Almeida, 74 tabelas e quadros temáticos, 52 mapas, guia sinótico dos Evangelhos, cronologia bíblica e tabelas de pesos, moedas e medidas. Considerada uma obra indispensável, é adotada e recomendada por estudiosos, acadêmicos, líderes cristãos e pastores de diferentes denominações religiosas. Leitura recomendada!
A ESPIRITUALIDADE, O EVANGELHO E A IGREJA Ricardo Barbosa Ultimato Dividido em três grandes temas, A espiritualidade, o evangelho e a igreja, novo livro do pastor Ricardo Barbosa, traz, em suas 136 páginas, ao todo 38 textos que nos convidam a desenvolver o que há de mais verdadeiro em nosso relacionamento com Deus, com o próximo e com nós mesmos. Unindo teoria e prática, o autor, que é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília (DF), propõe ao leitor alguns desafios, em meio à agenda cotidiana agitada: A prática das disciplinas espirituais é o processo por meio do qual readquirimos a autoridade sobre nós mesmos a partir do fortalecimento das convicções (revelação), do bom uso da razão e da resistência às paixões e seduções que há no mundo. [...] Deus não nos chamou para sermos operários agitados do seu reino, mas para amá-lo e amar ao próximo de todo o coração. Além disso, Ricardo Barbosa chama a atenção do leitor para uma verdade e uma realidade: A fé cristã nasce da revelação de Deus a nós. Não se trata de uma autodescoberta. Ao se revelar em Cristo, encontramos Deus nascendo, vivendo, morrendo e ressuscitando por nós. [...] Se cremos que Jesus é o Filho de Deus encarnado, nossa humanidade deveria refletir a verdadeira humanidade de Cristo com sua compaixão, misericórdia, bondade e amor. Leitura recomendada! Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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FERRAMENTAS [ RECURSOS ]
[ LIVRO ]
ORIGEM, CONFIABILIDADE E SIGNIFICADO DA BÍBLIA Organizadores: Wayne Grudem, C. John Collins, Thomas R. Schreiner Vida Nova
[ LIVRO ]
Certamente, alguma vez, o leitor de LIDERANÇA HOJE já foi confrontado por gente desejosa de saber se a Bíblia é mesmo digna de confiança ou se a Arqueologia confirma as declarações das Escrituras. Mesmo sendo a Bíblia uma obra tão respeitada, estas e outras questões intrigam tanto cristãos como não cristãos. Para responder ao desafio, Wayne Grudem (PhD pela Universidade de Cambridge e autor do best-seller Teologia Sistemática, de Edições Vida Nova), C. John Collins (PhD pela Universidade de Liverpool e professor de Antigo Testamento no Covenant Theological Seminary) e Thomas Schreiner (PhD pelo Seminário Teológico Fuller) organizaram o livro Origem, confiabilidade e significado da Bíblia, com o objetivo de ajudar o leitor na compreensão das Sagradas Escrituras. Nesta compilação, de 19 artigos, há textos de colaboradores notáveis como James I. Packer, John Piper e Daniel. B. Wallace, os quais escreveram sobre temas que vão da interpretação da Bíblia e da leitura do Texto Sagrado, ao cânon das Escrituras, a confiabilidade dos manuscritos bíblicos e as línguas originais da Bíblia. Leitura recomendada!
NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE O PROTESTANTISMO BRASILEIRO V.2
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[ LIVRO ]
PARA ESPOSAS DE PASTORES
João Leonel (organizador)
Dulce Consuelo Purin
Fonte
AD Santos
Depois da publicação, em 2009, do primeiro volume de Novas perspectivas sobre o protestantismo brasileiro (Fonte Editorial/Edições Paulinas), o professor João Leonel traz aos leitores o segundo volume da série, a qual aborda as diversas nuances do pentecostalismo e do neopentecostalismo, sob a ótica de dez autores. Em suas 262 páginas, esta obra traz artigos como Continuidade nas Cissiparidades: Neopentecostalismo brasileiro (Ricardo Bitun); Campo cristão brasileiro no século XX: Declínio católico, estagnação protestante e crescimento pentecostal (Bruno Martins Campos e Jacqueline Ziroldo Dolghie) e Igreja Bola de Neve: Um fenômeno neopentecostal (Bruna Suruagy do Amaral Dantas), dentre outros. Leitura recomendada!
Para esposas de pastores, escrito pela escritora e conferencista Dulce Consuelo Purin, é uma espécie de retrato da vida das mulheres de ministros do evangelho. Elas são mulheres especiais e possuem o grande desafio de conciliar a atenção ao lar de sua família com as atividades da igreja, descreve Purin, enfocando o importante papel desempenhado pelas esposas dos pastores e ressaltando a relevância dessas mulheres no lar, na sociedade e nas igrejas. Como o próprio subtítulo da obra – Uma conversa franca entre esposas de pastores – promete, não faltam dicas, sugestões, relatos e histórias de mulheres que vivem o dia a dia do ministério junto com seus esposos e buscam ajudar as famílias que necessitam de suporte espiritual. Leitura recomendada!
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ste é um tempo fabuloso. A tecnologia coloca o mundo inteiro na palma de nossas mãos. Com um simples toque, podemos acompanhar notícias, ver imagens ao vivo do que acontece em nossa rua ou do outro lado do planeta. A internet permite acompanhar um culto à distância e até participar dele se houver espaço planejado para a interatividade. Em tecnologia para o ensino, há recursos didáticos e de mídia que jamais poderíamos imaginar apenas alguns anos atrás. Contudo, nunca estivemos tão dispersos. Parece difícil prestar atenção numa pregação ou discurso como se fazia antes. As informações e distrações são muitas, o tempo encolheu com tantas coisas que temos para fazer e a memória já não parece ser mais a mesma. O que aconteceu? Esta é uma das discussões nos setores da aprendizagem e deve ser foco também dos pregadores e educadores cris54 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
tãos comprometidos com a divulgação do Evangelho: Qual a melhor maneira de ensinar a Palavra de Deus? Devo conhecer e aplicar novas metodologias para ensinar a Bíblia? Se tornar minha pregação mais eficiente, do ponto de vista técnico, conseguirei transmitir com mais eficiência os valores cristãos? É claro que, quando falamos sobre aprendizagem de valores espirituais, devemos ter em mente que nós, pregadores e educadores cristãos, somos instrumentos nas mãos de Deus, usados por seu Santo Espírito para levar a mensagem bíblica, proporcionando conhecimento e crescimento espiritual no meio do povo de Deus. Entretanto, devemos conhecer e usar as melhores ferramentas para este trabalho. Quando pensamos em igreja, pensamos em ajuntamento – pessoas unidas num mesmo propósito, para ouvir, aprender, contribuir. Mas precisamos lembrar que falamos a pessoas diferentes umas das outras. Uns gostam de ouvir música enquanto estudam, outros querem silên-
gador. Isso, infelizmente, não garante o mesmo sucesso na aprendizagem do ouvinte. Pensando de forma andragógica, durante todo o trabalho de planejamento e preparo de um ensino, a atenção deve estar voltada ao aprendiz, respondendo a questões semelhantes a estas: Como meus ouvintes entenderão o conteúdo que apresentarei? Quais serão suas dúvidas? Como participará do momento do ensino, mesmo sendo uma pregação? Há pontos práticos e com significado para sua vida? Descubra maneiras de tornar o assunto mais cativante e desafiador, questionando e estimulando as pessoas a refletirem sobre a importância do tema para suas vidas. Se o ensino ocorrer na forma de pregação formal, tenha o cuidado de elaborar os tópicos em uma sequência lógica, envolvente e de fácil compreensão. Os primeiros minutos serão Como aprendemos? os mais lembrados. Por isso, a introdução da sua mensagem A andragogia é a ciência que estuda a aprendizagem dos deve ser magnífica. Aproveite este momento para motivar adultos. Defende que os adultos são sujeitos de sua própria as pessoas e estabeleça os objetivos e o valor do assunto a aprendizagem. Também questiona o modelo da pedagogia ser estudado. aplicado à educação de adultos porque entende que Para obter êxito na transmissão da menestes, sendo pessoas maduras, com expesagem bíblica, o pregador necessita: riência de vida acumulada, aprendem de a) comunicar-se com eficiência forma diferente das crianças. EntreAprenda e aprimore-se em técnitanto, constatamos muitas vezes, cas de comunicação, incluindo a em nossas igrejas, o uso da pedaQuando falamos sobre linguagem corporal. Depois da gogia para ensinar a Palavra de pregação, peça que alguém de Deus aos adultos, tornando o aprendizagem de valores sua confiança o avalie honesensino maçante e ineficaz. espirituais, devemos ter em tamente e diga em que ponAo buscar informações tos você deve melhorar; sobre o modo de aprendimente que nós, pregadores b) promover o entusiasmo zagem e retenção dos cone educadores cristãos, somos pelo aprendizado - Envolteúdos estudados pelos va as pessoas em seu tema, adultos, o pregador poderá instrumentos nas mãos de fazendo ligações entre este ampliar o resultado de seu Deus, usados por seu Santo e aspectos importantes para trabalho na prática do enos ouvintes. Para isso, é imsino bíblico. Se quiser fazer Espírito para levar a prescindível que conheça seu diferença nesta modalidade de mensagem bíblica público e saiba quais são seus ensino, é necessário considerar interesses; que o adulto: c) evidenciar a importância práti1) tem o seu aprendizado direca do assunto a ser estudado - Como cionado para os seus interesadultos aprendem melhor um assunto ses; quando este o ajuda no cotidiano na resolução 2) quer aplicar imediatamente o que aprende problemas, mostre, por exemplo, como a honestide em sua prática diária; dade e a integridade podem ajudá-lo no dia-dia; 3) prefere aprender para resolver problemas e desafios, d) demonstrar que aquele conhecimento fará difemais do que simplesmente conhecer um assunto; rença na vida dos alunos - Isso está ligado à neces4) espera ter responsabilidades para tomar decisões, insidade de imprimir significado ao aprendizado. Dê clusive no que diz respeito à sua aprendizagem; exemplos, ilustrando o significado do tema para a 5) aprende experimentalmente, usando seus cinco sencomunidade e as pessoas; tidos; e) transmitir força e esperança - Use palavras, gestos, 6) aprende melhor quando estuda assuntos de valor mídias, recursos didáticos variados, tudo adequado imediato, e que tragam significado ao seu cotidiano. ao tema e ao público. Todos estão atentos e ouvinÉ fácil constatar isto quando prestamos atenção nas orado, mas lembre-se que seu conhecimento, um livro e ções feitas em nossas igrejas. As pessoas pedem que Deus os recursos audiovisuais não são garantia de que você ajude em seus problemas, expõe seus desafios do cotidiano influenciará pessoas para a aprendizagem. Deixe que e falam sobre o que lhes é significativo. Deus o use de forma espetacular e influencie muitos para Jesus. Sua mensagem, então, poderá transforFacilitando a aprendizagem mar vidas. A maioria dos oradores prepara seus conteúdos expoNosso cérebro está acelerado. Segundo estudiosos, o sitivos pensando em si mesmos. Eu explico: o foco de todo tempo médio de atenção de um adulto em uma explanação o trabalho está no sucesso de seu desempenho como precio total. Alguns precisam repartir com alguém seus pensamentos, outros não conseguem ficar parados por muito tempo ouvindo uma explanação. Temos nossas preferências na maneira de aprender. E, nas igrejas, isso não é diferente. Cada um tem sua peculiaridade, seu modo, seu costume. Transmitir uma mensagem a este público tornase uma tarefa complexa que merece reflexão e estudo. Sendo a pregação bíblica a técnica mais usada com os adultos nas igrejas, quero destacar três aspectos para favorecer a retenção de um conteúdo bíblico apresentado pelo pregador: conhecer como as pessoas aprendem, descobrir maneiras de facilitar essa aprendizagem e seguir o melhor exemplo.
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teórica é de sete minutos. Depois de um período prestando atenção em teoria, o cérebro precisa de uma pausa. Esta pausa pode ser feita através de uma ilustração, uma história, um pequeno vídeo, perguntas aos ouvintes, ou outra atividade. Só então, é possível retomar outro tempo de concentração. O tempo gasto com as pausas mentais não deve ultrapassar 30% do tempo total da exposição do conteúdo. O tipo de pausa deve ser definida levando-se em conta: O público - Considerar a familiaridade das pessoas presentes na reunião com a atividade que pretende desenvolver, para evitar equívocos. Em uma exposição oral, ao escolher as histórias, vídeos ou ilustrações, selecione o que mais estabelece conexão entre o tema e os interesses das pessoas presentes. Para isso, faça uma consulta sobre qual o tipo de público estará presente na reunião: nível social e cultural, escolaridade, tipos de profissionais presentes, nível de conhecimento bíblico;
a proatividade na aprendizagem de princípios bíblicos, proporcionando ao seu público o entendimento completo de conceitos, a aquisição de uma visão sistêmica sobre determinado tópico e a captação das ideias principais do tema estudado. Para isso, faça distinção entre os princípios e os exemplos, apresentando argumentos lógicos para que as pessoas reconheçam os pontos principais de sua pregação e a aplicação prática.
Aprendendo com o Mestre
Jesus, nosso mestre, nos dá exemplos excelentes de como podemos ensinar. Falava a pequenos e grandes grupos causando impacto em seus ouvintes. E, apesar de não dispor dos recursos tecnológicos que temos hoje, Jesus envolvia seus aprendizes nos sentidos, sentimentos e emoções, criando significado a cada um deles. Na passagem registrada em João 6, Jesus, em um milagre, multiplica pães e peixes, e alimenta toda a multidão que o seguia. Podemos identificar nesse episódio alguns aspectos descritos neste artigo: O local - Se estiver falando para uma a) Jesus sabia quais eram os interesses plateia em um auditório com cadeiras de cada pessoa da multidão, porque fixas, escolha fazer a pausa mental Ele conhece o coração e a mente contando uma história ou projede cada um; tando um filme, porque talvez b) O Senhor ensinava uma teoas pessoas não tenham conria e concomitantemente apreApesar de não dispor dos forto para realizar outra atisentava sua prática. Neste vidade. Em ambientes não caso, multiplicou os pães e recursos tecnológicos que tão formais é possível fazer peixes, alimentou a multitemos hoje, Jesus envolvia perguntas diretamente ao dão e declarou que Ele é o público, ou pedir que as pesPão da Vida, destacando a seus aprendizes nos sentidos, soas conversem por alguns prática espiritual diária; minutos com quem está ao c) Cristo resolveu o problesentimentos e emoções, criando seu lado sobre determinado ma da fome daquele povo, e significado a cada um deles ponto da pregação; Ele sabia dos desafios diários de cada um; O tempo - O respeito com o púd) Jesus apresentou sua mensablico é essencial. Se lhe for dada gem, mas a responsabilidade na uma hora para fazer sua exposição, tomada das decisões era de cada um; não “estique” seu horário. Usar a dese) Ele proporcionou uma experiênculpa que começou com atraso e que, por cia sensorial de aprendizagem. Eles viisso, avançará o tempo não é justificativa. Terram (visão) o alimento, tocaram-no (tato) mine sempre na hora marcada. Para isso, planeje bem os ao pegar um pedaço, sentiram o sabor (paladar) intervalos das pausas de sua pregação. Prepare sempre um e o aroma (olfato) ao comer, ao mesmo tempo em plano alternativo, porque imprevistos acontecem; que ouviram (audição) o barulho da multidão se alimentando; O contexto - Se for convidado para pregar f) Jesus deu significado àquela ocasião, afirmando, após em um local diferente do seu grupo, esteja a farta refeição, ser Ele o Pão da Vida, o qual sacia a atento ao contexto daquela comunidade. fome que o ser humano tem em sua alma. Cuidado com expressões, gestos e brincaJesus, o mestre excelente, é o melhor exemplo de como deiras que poderão causar desconforto aos podemos influenciar pessoas envolvendo-as integralmente ouvintes e desautorizá-lo na aplicação da na aprendizagem dos valores de Deus. mensagem transmitida. Esse ruído na comuA sua responsabilidade, pregador, é muito grande, pornicação pode afastar e bloquear os pensaque a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por Zezina Bellan mentos das pessoas nos próximos itens de meio da pregação a respeito de Cristo. (Rm 10.17) é conferencista, sua preleção. Sempre é possível aprimorar o que se faz. Pregar a Palaescritora e professora do Uma das coisas mais difíceis na vida vra de Deus é um serviço excelente que se deve fazer com Instituto Haggai das pessoas é mudar hábitos que já estejam dedicação, mas fazer de todo o coração, como para o Senhor do Brasil e profundamente arraigados. Sendo assim, e não para homens. (Cl 3.23). do Seminário procure, através de seu ensino, estimular Deus abençoe seu ministério! Presbiteriano do Sul 56 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
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uem nunca sonhou com um casamento perfeito? Meu marido costumava dizer que tal coisa não existe. Somos todos muito ímpios. No entanto, podemos dizer que há casamentos em que Deus é Rei e Sua Palavra é levada a sério. Isso torna o casal maduro e capaz de viver e trabalhar juntos de maneira que Deus seja honrado e Seu reino abençoado. Esse casamento tem um propósito que em muito ultrapassa tudo o que é realizado e valorizado aqui e agora. Em sua carta aos efésios, o apóstolo Paulo nos oferece alguns princípios concretos sobre as origens de tal casamento (Ef 5.22-33). Fico um tanto frustrada com Paulo aqui, porque 58 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
ele começa a nos revelar o mistério da relação que faz com que um homem e uma mulher tornem-se uma só carne, e no momento em que parece que ele vai explicar tal mistério, ele diz: Digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Muito obrigada, Paulo! Agora temos dois enigmas para decifrar! Certamente, tanto o mistério do casamento quanto o mistério de nossa união com Cristo fazem parte daquilo que iremos contemplar, louvar e celebrar por toda a eternidade na presença do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. É através da relação do casamento que nascem os filhos e filhas que um dia virão a conhecer a Deus. Quando conhecerem a Deus pessoalmente nesta vida, eles o conhecerão
e desfrutarão de Sua presença agora, e no tempo vindouro. Para sempre. Se o casamento não existisse, não existiriam pessoas para conhecer a Deus. É magnífica a maneira como Jesus responde aos irritantes saduceus em Lucas 20.34. Há muito mais em sua resposta do que nos damos conta. Jesus os deixou estarrecidos com suas palavras, e eles não conseguiram dizer nada além de: Mestre, disseste bem. Pelo menos nisso eles estavam certos. Mas não acredito que eles tenham sido tão abençoados quanto eu, ao ler essa passagem. Muitas pessoas ficam desapontadas quando Jesus diz que não haverá casamento na próxima era. Qual o proble-
ma? Considere o que Jesus está ensinando aqui. Meu querido marido já está na igreja triunfante, mas eu ainda faço parte da igreja militante. Um dia me juntarei a ele, e estaremos na presença de Cristo, a esperança da glória. Seremos um novamente, um em Cristo e um com Cristo, de uma maneira que não podemos estar nesse momento, e com uma alegria que não pertence a este mundo.
Amor mútuo e respeito De volta à carta aos efésios. Amor e respeito são duas origens concretas de um casamento significativo citadas pelo apóstolo. O ato sexual torna o homem e a mulher Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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uma só carne em um instante. Mas é uma vida inteira de amor mútuo e respeito que revelam o sagrado, o eterno. Amor e respeito fluem constantemente entre as três Pessoas da Santíssima Trindade. Deus, em Sua graça e misericórdia possibilita que o mesmo flua no relacionamento conjugal quando o Senhor é o centro e o casal o leva a sério. Quando olhamos para João 17 e ouvimos Jesus orar ao Pai, começamos a ter uma idéia da profundidade da nossa união um com o outro e com nosso Deus Trino. Não deveríamos nos surpreender com o fato de Deus usar o casamento para ilustrar o relacionamento de Cristo e Sua Igreja. Quando um homem ama uma mulher e a mulher respeita o marido da maneira estabelecida em Efésios 5, não há nada nessa vida que possa destruir esse casamento. Em certo sentido, nem mesmo a morte. A morte separa. Ela rasga aquilo que nunca deveria ser desunido, mas não destrói. Tenho me surpreendido em como meu amor e minha compreensão pelo homem que foi meu marido nessa vida têm se aprofundado desde que ele morreu. Ary e eu lutamos contra a morte até o último momento. Éramos como dois soldados em uma batalha. Lutamos como se estivéssemos na linha de frente, até seu último suspiro. Homens e mulheres não foram feitos para morrer. Fomos feitos para viver eternamente com Deus. E é exatamente isso que faremos. O melhor ainda está por vir! Gosto de lembrar das palavras de um velho pregador que disse certa vez: “Nós começamos em um jardim e vamos terminar em um jardim”. Eu mal posso esperar. Existe uma ligação tão forte entre o texto de Efésios 5 sobre o casamento e a oração de Jesus por nós em João 17, que preciso fazer referência a vários versículos. Considere estas palavras: E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim (Jo 17.2223); Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste (Jo 17.24). É demais para nossa compreensão! Nós somos parte da glória de Cristo! Pecadores humildes e redimiCarolina Veloso é missionária da dos como nós, nos tornamos a sua glória Sepal, conferencista e compartilharemos dela. Trata-se de um e co-autora do livro Mulheres destino tão lindo quando o comparamos discipulando com nossas origens simples e nossas mormulheres tes humilhantes. Teremos toda a eternida-
de para agradecer ao nosso Senhor pela “unidade” que ele tornou possível para nós.
Como uma dança O casamento é como uma dança em que os dois parceiros estão aprendendo os passos. O casal deve dançar de acordo com o ritmo para que um não acabe pisando no pé do outro. Em nosso primeiro ano de casados, descobri que podia comprar flores frescas na feira. Para uma garota norte-americana recém-casada, fiquei impressionada com o preço delas, tão baixo em comparação com os Estados Unidos. A reação de Ary foi citar Isaías 40.8: Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra do nosso Deus dura eternamente. Ele achava que comprar Bíblias era um investimento melhor do que comprar flores. Eu ouvia respeitosamente ele defender sua posição, e então dizia: “Querido, eu acho que Bíblias devem ser adquiridas e lidas, e flores devem ser compradas e apreciadas. Vou orar para que você mude sua atitude”. (Ele sempre tremia quando eu dizia isso!) Na semana seguinte, ele foi ao supermercado e comprou um vaso para eu colocar minhas flores. Eu perdi a conta de quantos buquês de rosas encheram aquele vaso ao longo dos últimos 41 anos. Sinto mais saudade de lembrar dessa história com ele do que das próprias flores. Amor e respeito – Paulo nos dá o ritmo. Se realmente considerarmos suas instruções, conduziremos nossas vidas corretamente, pelos altos e baixos, e um dia, em direção à presença de Deus. E então, a verdadeira dança começará. Costumava pensar que as pessoas falavam de maneira figurada sobre dançar ao redor do trono de Deus. Não penso mais assim. Além de vivermos em contínua criatividade e produtividade para a honra do nosso Deus, teremos tempo de sobra para dançarmos juntos diante dele, como expressão de louvor e alegria, e essa celebração não terá fim. Faz um ano que Ary faleceu. Eu li para ele o capítulo 8 do seu livro preferido (Romanos, é claro!) no dia em que ele entrou em coma. Orei e depois lhe perguntei se ele poderia me esperar na entrada do Paraíso para me dar as boas-vindas no dia em que eu deixar essa vida e for para a presença de Jesus. Ele respondeu: “Querida, se tiver um banquinho na porta do Paraíso, estarei lá esperando por você”. Portanto, se for permitido e meu desejo for concedido, espero conseguir a primeira dança com Ary para celebrar a nossa gratidão diante do Rei Jesus, Filho do Deus Altíssimo, que disse em João 10.10: eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
Paulo nos dá o ritmo. Se realmente considerarmos suas instruções, conduziremos nossas vidas corretamente, pelos altos e baixos, e um dia, em direção à presença de Deus
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ma pesquisa realizada com 1.050 líderes evangélicos em 2005 pelo Instituto de Desenvolvimento de Liderança da Igreja Francis A. Schaeffer mostrou que muitos pastores estão desanimados e, por isso, deixam o ministério. Segundo o levantamento, todos os entrevistados têm um colega próximo ou amigo do seminário que abandonou o ministério devido a esgotamento, conflitos na igreja ou quedas morais. Pesquisas semelhantes feitas pelo Instituto de Pesquisas Barna, pelo ministério Focus on the Family e pelo Seminário Fuller indicam que mensalmente 1.500 pastores largam o ministério nos EUA por esses motivos. De acordo com a pesquisa do instituto Schaeffer, a grande maioria (89%) dos pastores pensou em deixar o ministé-
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rio em algum momento e 57% dos entrevistados revelaram que abandonariam o ministério se tivessem algum lugar melhor para ir – inclusive um trabalho secular. Outros estudos – realizados pelo Instituto Barna, pelo ministério Focus on the Family e pelo Seminário Fuller – mostram que 80% dos pastores se sentem desqualificados e desanimados em seu papel como pastor. Além disso, a maior parte das pesquisas deixa claro que 60% a 80% dos que ingressam no pastorado não estarão nele dez anos depois. A maioria (77%) dos pastores pesquisados sentiam não ter um bom casamento; mais de um terço (38%) estavam divorciados ou em processo de divórcio e 30% havia tido um encontro sexual com um de seus membros. Outras pesquisas mostram que 50% dos pastores casamentos de pastores nos EUA terminaram em divórcio.
Ter que liderar com força e graça quando não se está nada bem por dentro traz consequências terríveis. Dos 1.050 pastores ouvidos na pesquisa do instituto Schaeffer, quase todos (90%) falaram que se encontram fatigados com frequência e bem cansados semanalmente ou até diariamente; 71% se disseram esgotados, lutando contra a depressão. Para mudar esses números, há uma ferramenta a qual o pastor precisa lançar mão: buscar apoio pastoral, ao qual chamamos de Pastoreio de Pastores (PdP). Tratase do apoio a pastores e seus cônjuges que proporciona cobertura espiritual e assessoria no desenvolvimento de suas vidas e ministérios. Normalmente, a cobertura espiritual do PdP se dá em grupos pequenos que se reúnem regularmente para compartilhar e orar uns pelos outros. Já a assessoria acontece por intermédio da mentoria, que, via de regra, é um encontro um-a-um em que uma pessoa intencionalmente ajuda a outra a amadurecer e a crescer em sua competência ministerial ou profissional. Um bom mentor tem potencial para nos alavancar a novos níveis de visão e ministério.
Bases bíblicas do PdP Um exemplo claro é o de Jetro, que foi pastor ou mentor de Moisés, o pastor de todo o povo (Êx 18.13.27). Moisés precisou de alguém que o amasse, que acreditasse em seu potencial, que o observasse, que fizesse boas perguntas, que lhe confrontasse sobre o mal que estava fazendo e lhe oferecesse novas opções e um novo paradigma. Sem criar dependência, Jetro conseguiu alavancar este grande líder. Outros textos indicam as vantagens de termos alguém ao lado, para dividirmos o fardo (Ec 4.7-12), a importância do discipulado (Jo 17.18-20, Mt 28.16-20), do cuidado do pastor consigo mesmo, com o rebanho (At 28.20-31) e com a doutrina (1Tm 4.12-16).
Obstáculos externos ao pastoreio de pastores (PdP) Mudar o quadro de isolamento entre pastores não é, entretanto, tarefa fácil. Se não vejamos: Denominações focalizam unidade organizacional, não relacional ou orgânica - Encontros de pastores focalizam dois aspectos gerais: inspiração através de mensagens bíblicas e prestação de contas sobre assuntos ministeriais, especialmente finanças, números de membros e até onde o pastor está atingindo os alvos estabelecidos pela denominação. Normalmente, não há momentos em grupos pequenos que permitem ou animam os pastores a abrir seus corações e serem pastoreados. Mais e mais igrejas independentes se levantam sem conexões com outras - O espírito de independência é o espírito desta era. Todos querem independência, querem a liberdade de escolher em todas as áreas. Se não gostam de algo, mudam de emprego, de cidade, de escola, de casamento, de igreja. É difícil saber se existem mais igrejas que nascem independentes hoje em dia ou mais igrejas que deixam suas denominações para se tornarem independentes. Mas a consequência é a mesmo em relação a pastores e cônjuges isolados: é cada um por um por si.
Eventos e programas dominam; relações se perdem e são bem mais difíceis manter - Se uma igreja não valoriza e pratica bem os grupos pequenos, os membros dificilmente terão relacionamentos comprometidos e saudáveis. Ainda que igrejas estejam atentas ao problema, algumas estão adormecidas, focando em eventos e programas. Não entenderam ainda que, sem relacionamentos, não somos verdadeiramente o Corpo de Cristo. Valorizam-se desempenho e resultados, mais que processos, relações e crescimento pessoal - A performance e o crescimento numérico são aplaudidos. Mas, muitas vezes, para alcançar esses resultados é preciso deixar em segundo plano o casamento e a família. Além disso, os pastores mantém relações limitadas com seus oficiais e com outros pastores. Evitam se abrir porque sabem que fraquezas podem acabar sendo usadas contra eles mesmos. Falta aos pastores uma convicção bíblica de que o discipulado se aplica às suas próprias vidas - Entendemos que o discipulado se aplica apenas a novos convertidos, não a pastores. Mas o discipulado de Jesus era exatamente com seus líderes principais, seus pastores, seus apóstolos. Pastores pensam que devem discipular sem ser discipulados. Procuram dar o que nunca receberam ou, pelo menos, o que não recebem há muito tempo.
Obstáculos do próprio pastor ao PdP Internamente, o pastor faz sérias restrições ao pastoreio, tais como: Individualismo, isolamento e espírito competitivo - Estas características lhes servem bem de diversas formas. Conseguem superar dificuldades que outros não conseguiriam. Não desistem. Ao mesmo tempo, quebrar o paradigma da independência para se entregar à interdependência é incrivelmente difícil. Muitos nem querem; outros querem, mas não sabem como fazer. Desconfiança, medo de transparência e vulnerabilidade Todos somos feridos: se não como crianças e adolescentes, isso se dá no próprio pastorado. Feridas não resolvidas se tornam fortalezas, mecanismos de defesa onde, inconscientemente, nos mantemos a certa distância de outras pessoas. A autossuficiência, o perfeccionismo e a defesa da própria imagem levam a maioria de pastores a não se arriscar em criar relacionamentos comprometidos e saudáveis. A tirania da urgência, sobrecarga de trabalho e ativismo - A maioria dos pastores tem muita dificuldade em dizer “não”. Vivem querendo agradar ou querendo produzir – o que os leva a se sacrificarem a favor de outras pessoas ou certas tarefas. A lista de coisas a fazer é sempre maior ao final do dia do que no início. Então, onde encontrar tempo para cuidar de si mesmo? Resistência da carne, dos valores do mundo e do Diabo - A carne nos convence que não devemos ser vulneráveis e que não precisamos de outras pessoas; que ninguém precisa saber de nossos problemas particulares, conjugais ou familiaInverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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iniciarão grupos, até de forma espontânea. Todo verdadeiro mover do Espírito, todo movimento, valoriza esta força não estruturada. Ao mesmo tempo, precisamos descobrir “odres” (estruturas) que ajudarão preservar o novo vinho (o sonho do pastoreio de pastores). A assessoria de pessoas experientes faz notável diferença notável, Insegurança - Esconder as fraquezas em lugar ajudando os grupos a caminharem bem e de compartilhá-las e superá-las é um círcunão desanimarem. lo vicioso. Fraquezas nos deixam inseHá também denominações ou guros; a insegurança nos leva a nos Muitos pastores conselhos de pastores que estão proteger e não deixar ninguém saacreditam realmente adotando o PdP como estratégia. ber de nossas fraquezas, que, por Neste caso, de modo geral há sua vez, nos deixam inseguros. que não precisam ser um líder com chamado e paiColocamos máscaras, tal como pastoreados. Não acreditam xão que encabeça uma equipe Moisés, que mantinha o véu que ainda são ovelhas. Pensam de pessoas que compartilham após a glória passar. Não saesse chamado. Essas pessoas, bemos andar com a face desque deixaram essa condição e se então, participarão de treinacoberta (2Co 3.12-18). Sendo tornaram algum tipo de supermentos e consultas na área assim ninguém realmente nos de pastoreio de pastores para conhece. Não nos conhecenhomem, e que são diferentes ampliar a cobertura do movido, não conseguem nos amar. dos coitados de suas igrejas mento. Não sendo amados, ficamos inque ainda precisam ser Cada rede de pastoreio de seguros. pastores precisa de um líder, uma pastoreados equipe, um projeto e um modelo claOrgulho - Muitos pastores acreditam ro. Sem essas “chaves”, as tentativas de realmente que não precisam ser pastoiniciar o pastoreio de pastores tendem a reados. Não acreditam que falhar. ainda são ovelhas. Pensam que Os pastores não são necessariamente bons facilitadodeixaram essa condição e se tornaram res de grupos pequenos, inclusive de grupos de pastoreio de algum tipo de super-homem, e que são dipastores. Por isso, ajuda bastante se esses líderes receberem ferentes dos coitados de suas igrejas que treinamento e se forem acompanhados por pessoas experienainda precisam ser pastoreados. tes e bem-sucedidas na área. Para colocar o PdP em prática, ajuda muito ter um moComo o Pastoreio de Pastores (PdP) David Kornfield delo claro e simples, como a Clínica de Pastoreio de Pastopode funcionar missionário da OC International res oferecida pelo Ministério de Apoio a Pastores e Igrejas No pastoreio de pastores, somos ajuda(Sepal, no Brasil), (MAPI) – um ministério da Sepal (Servindo Pastores e Lídos de forma preventiva para que muitas está passando a deres) criado em 1992 – e que hoje capacita pastores e lícrises nem cheguem. Prestamos contas liderança do MAPI no Brasil para deres no modelo de mentoria PROA (Propósito, Realidade, nas áreas onde temos alvos de crescimenGedimar de Araújo, Opções, Ação). [Visite o site www.pastoreiodepastores. to, como também em áreas fundamentais a e faz parte da org para obter mais informações]. nossa saúde espiritual e emocional. equipe de liderança No final de 2003, o MAPI passou a trabalhar com a viPor intermédio do mentoreio (discipulada Aliança Brasileira de Pastoreio de são de Cada pastor com um mentor; cada igreja com do), pastores podem ajudar outros pastores Pastores liderança saudável e, até 2007, cerca de 1.100 pastores se a superar tanto problemas pessoais como encontravam regularmente em grupos pequenos na maioria ministeriais. A chave no mentoreio é saber dos estados do Brasil e em mais de 40 denominações. Tamfazer boas perguntas e ajudar a outra pesbém em 2007, o MAPI realizou a 1ª Consulta Nacional de Lísoa a encontrar suas próprias opções, defideres Denominacionais sobre o Pastoreio de Pastores e, no nindo passos de ação nos quais ela se sinta início de 2012, líderes denominacionais criaram a Aliança motivada a implementar. Brasileira de Pastoreio de Pastores (ABPP). Em setembro Ajuda tremendamente ter outras pesde 2012, o Pr. Valdir Steurnagel, presidente da Aliança Cristã soas maduras que nos amam que podem Gedimar de Evangélica Brasileira, foi preletor no Encontrão de Pastores nos ajudar a ouvir a voz do Senhor. QuanAraújo de Pastores, evento em que iniciou-se uma conversa sobre do enfrentamos uma crise, muitas vezes é pastor presidente a possibilidade de a Aliança Evangélica servir aos pastores nossas emoções estão tão à flor da pele da Igreja Evangélica do Brasil através do pastoreio de pastores. Nos dias 10 a 13 que não conseguimos ouvir a Deus. ComÁgape, líder do MAPI Espírito Santo de setembro, a ABPP – que existe especialmente para ajupanheiros que sabem entrar em silêncio por muitos anos, e dar aqueles que desejam formar grupos de PdP – realizará para ouvir a Deus e depois falar o que esmembro da equipe a 6ª Consulta Nacional de Líderes Denominacionais sobre tão ouvindo dele e da Palavra são uma bênexecutiva nacional do MAPI, prestes a o Pastoreio de Pastores. [Mais informações pelo e-mail ção imensa. assumir a liderança pastoreandopastores@gmail.com] Na medida que a visão e valores se nacional do MAPI Certamente, o que Deus fez até aqui é apenas prefácio! espalham, pessoas tocadas pelo Espírito res – resolveremos sozinhos. O mundo nos grita que precisar de outras pessoas é mostra de fraqueza. O Diabo faz tudo para nos manter isolados sabendo quão fácil é nos derrotar assim, sabendo quão vulneráveis somos ao pecado.
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busca pela santidade de vida denuncia o pecado. Richard Baxter (1615-1691), teólogo, homem piedoso e autor de mais de 130 livros, afirma em O pastor aprovado, sua mais conhecida obra, que é mais fácil julgar o pecado que dominá-lo, e desafia-nos: somos exortados a olhar por nós mesmos para não suceder que convivamos com os mesmos pecados contra os quais pregamos. É algo que deve nos fazer refletir, com temor perante Deus, a cada palavra que proferimos nos púlpitos de nossas igrejas.
Estamos certos que a luta contra o pecado é uma caminhada. Ainda não chegamos ao fim, mas precisamos dar o próximo passo na luz de Cristo. Lutero, citado por C. J. Mahaney em seu livro Glory do Glory, nos disse: Esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas. Um dos erros mais fatídicos na vida do cristão é não tratar o pecado como pecado, passando a observá-lo como Inverno 2013 LIDERANÇA HOJE
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e não o coração. Ambos nos fazem olhar mais para nós e menos para Deus. Fazendo uma distinção entre verdadeiro cristianismo e falsa religiosidade, Tiago nos diz que cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concuA presença de Deus realça a nossa imperfeição piscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá Em Gn 17.1, lemos que Deus disse a Abraão: Eu sou o à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte Deus todo poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. [...]. Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua línAndar na presença de Deus leva-nos ao caminho da perfeigua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã [...] reção e, ao mesmo tempo, aponta de forma clara as nossas ligião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: imperfeições. Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se Não há caminho de santidade se o pecado em nossas isento da corrupção do mundo (Tg 1.14,15,26,27). vidas não for denunciado. O pecado é sociologicamente É surpreendente a explicação de Tiago a respeito do pecompreendido de forma simbólica na organização humana. cado que nasce na concupiscência e gera a morte. Ao comAo falarmos de pecado vêm à nossa mente o que rotulamos parar o verdadeiro cristianismo com a falsa religiosidade a como pior, ou inaceitável, como a traição, o roubo e o aspartir daquilo que é santo ou pecaminoso, ele simplifica a sassinato. Outras sociedades também possuem suas commensagem tornando-a perceptível e aplicável à vida diária. preensões categorizadoras de pecado. Entre os KonkomExemplifica dizendo que é falsa religiosidade não refrear a bas de Gana, o maior pecado é mentir. Entre os indígenas língua, ao passo que é verdadeiro cristianismo visitar os órda Amazônia talvez seja ser pão duro, ou sovina, como se fãos e as viúvas. referem. Em uma abordagem bíblica e teológica, porém, o O claro ensino é que precisamos lidar com o pecado, mesmo não embutido de um simbolispecado de forma objetiva e não apenas conmo socialmente degradante, igualmente nos ceitual. C. S. Lewis, na mesma obra citaafasta de Deus. Facilmente censuramos da anteriormente, destaca que um hoa embriaguez, mas temos dificuldade mem mediocremente mau sabe que em confrontar a gula. Denunciamos não é muito bom; um homem ino adultério, mas convivemos paciUm dos erros mais teiramente mau pensa que é jusficamente com a falta de domínio to, revelando a carnal tendência próprio. Manifestamos ira confatídicos na vida do cristão humana de lidar com o pecado tra o roubo, mas somos toleé não tratar o pecado como através de ilusões e fantasias, e rantes com as manipulações de não da verdade objetiva. poder. pecado, passando a observá-lo Creio que boa parte dos proEm seu livro Surpreendido como um conceito distanciado blemas ligados à liderança e aos pela alegria, C.S. Lewis nos leme não uma prática humana relacionamentos resulta de quesbra que quando um homem se tões espirituais. Olhando o extetorna melhor, compreende cada rior, percebemos apenas os efeitos vez mais claramente o mal que secundários, como conflitos pessoais, ainda existe em si. Quando um hoerros recorrentes e grave intolerância. A mem se torna pior, percebe cada vez raiz destes processos, porém, é espiritual. menos a sua própria maldade. Eles não serão consertados por livros de auQuando Paulo nos adverte que a carne luta toajuda ou pelo estudo das 20 regras para se tornar contra o Espírito e este contra a carne (Gl 5.17), exum bom líder. São coisas do coração. Boa parte dos conflipõe claramente que não derrotaremos a carne lutando contos que drenam nosso tempo e energia não se enraizaria se tra a carne. Derrotaremos a carne nos enchendo do Espíricompreendêssemos o pecado à luz da Palavra. to. Isto não dilui a necessidade de estarmos alertas contra o pecado e 1 Coríntios 10 descreve no mesmo versículo que é nossa tarefa resistir e suportar (1 Co 10.13). SigniRacionalização, fuga e hipocrisia fica que os processos de transformação que contrariam a Há vários perigos ao lidarmos com o pecado. Permitamcarne em nossa vida se darão pela presença e atuação do me citar três, que julgo principais: Espírito Santo em nós. Assim, o maior passo a ser dado para termos vida santa, e pregarmos aquilo que vivemos, é A racionalização - A racionalização é facilmente persermos cheios dEle. ceptível. Quando o pecado é apontado na vida de alguém que possui um padrão de racionalização, sua primeira resposta é argumentativa. Ele não assume o erro ou a fraqueza, A Palavra nos alerta contra a falsa religiosidade mas fala com desenvoltura das mazelas de outros ao seu reA falsa religiosidade, como seus extremos – liberador. Em determinado momento pode esboçar um reconhelismo e legalismo – possui a capacidade de turvar nosso cimento de culpa, mas somente após uma longa caminhada entendimento quanto ao pecado e baixar nossa guarda de explicações e acusações que, em seu íntimo, lhe servem nesta luta. O pensamento liberal nos diz que o pecado é para gerar uma ilusória justificativa. relativo; portanto, a referência moral e espiritual se torna A racionalização é uma tendência natural humana e o homem e não a Palavra. O legalismo nos conduz à valoa vemos presente no padrão comportamental infantil. Se rização das formas, convidando-nos a observar os rituais um conceito distanciado e não uma prática humana. Nestas linhas, gostaria de lhe encorajar a não apenas compreender o pecado, mas combatê-lo frontalmente na força do Senhor.
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onde os problemas não eram jamais tratados, mas simconfrontarmos nosso filho de 10 anos sobre sua atitude em plesmente esquecidos em um canto. Lares onde os pais meio a um conflito com a irmã, sua reação mais natural será não assumiam a responsabilidade e não tinham conversas justificar-se usando o erro alheio. Quando uma criança, confrancas com seus filhos sobre os conflitos da vida e frontada com seu erro, responde com a afirmação “ela o pecado. A fuga, como padrão mental, leva me bateu primeiro”, está configurada a presena pessoa a distanciar-se internamente do ça de um padrão mental de racionalização problema. Mesmo quando se quebranta que podemos, ou não, carregar por toda e reconhece o erro, não o expressa nossa vida. de forma clara. O problema central da racioO problema da fuga, bem nalização é que nos distancia da como da racionalização, é que verdade. Não nos confronta e Cristãos maduros e nos distanciam da verdade e jamais nos ajuda a termos coracom longo tempo de nos tornam susceptíveis a cair ções transformados. Além disto, liderança do povo de Deus novamente. Gostaria de lhe racionalizar o pecado intensifica propor um desafio, se este pagravemente as chances de repesistematicamente nos alertam drão mental e comportamental ti-lo várias e várias vezes. Talvez para o cuidado com a vida é encontrado em você. Coloque a forma mais eficaz de se combadevocional perante o Senhor estes desvios ter a racionalização seja cultivar que lhe preterem de olhar objea humildade. Corações humildes tivamente o pecado em sua vida. tendem a ser mais realistas e a reaProcure alguém para ajudá-lo e conlidade é um caminho para a verdade. verse a respeito. Ore a Deus pedindo para mantê-lo alerta e, sobretudo, com um A fuga - A fuga, assim chamemos, olhar objetivo em relação a seus problemas. impede que o pecado seja sequer avaliado ou Um bom exercício é nomeá-los. Não trate o pecado reconhecido, pois é tratado como um objeto distancomo erros gerais. Trate a mentira como mentira, a inveja te. Tal mecanismo é mais dissimulado, porém se tornará como inveja. Nomeie seus problemas e converse com o perceptível pelas evasivas no pensamento ou no discurso. Senhor a respeito ainda hoje. É a forma como podemos aprender a pensar e é frequenNecessitamos da Palavra que nos confronta, ensina, temente encontrada em pessoas que cresceram em lares
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conduz à retidão e alinha nossos pensamentos impedindo a fuga irresponsável ou a racionalização improdutiva. Sendo assim, a busca por uma vida autêntica faz-nos olhar para Deus e torna-nos sensíveis ao pecado para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis no meio de uma geração pervertida corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo (Fp 2.15).
simplicidade e alegria, as risadas com os amigos, o reconhecimento de que pertencemos ao Senhor e carecemos dele sempre.
A vida devocional nos dá o alimento diário
Cristãos maduros e com longo tempo de liderança do povo de Deus sistematicamente nos alertam para o cuidado com a vida devocional. Richard Cecil expressa que o principal defeito dos minisA hipocrisia - A hipocrisia é uma postura objetiva tros cristãos está centrado na deficiência quanto ao hábito em relação a um problema. Ou seja, há pouca chance de devocional. João Calvino, reformador e teólogo, nos ensina: alguém se manter hipócrita de forma inconsciente, o que Não somos nossos: portanto, nem nossa razão, nem nossa frequentemente acontece com a racionalização e a fuga. O vontade devem presidir nossos planos ou nossos atos. Não hipócrita trata dos erros alheios com veemência, dureza e somos nossos: portanto, não tenhamos como objetivo prointolerância, enquanto esconde em seu coração problemas curar o que convém à carne. Não somos nossos: portanto, semelhantes. esqueçamos, na medida do possível, a nós mesmos e tudo o Gálatas 5 nos revela que as obras da carne estão todas no que é nosso. Pelo contrário, somos do Senhor, logo vivamos mesmo pé de igualdade, ou seja, os pecados contra a pessoa e morramos para Ele. Somos de Deus: portanto deixemos de Deus (idolatria, feitiçaria), contra o próprio corpo (prosa sua sabedoria e vontade presidir todas as nossas ações. tituição, impureza, lascívia, bebedeiras e glutonarias) Para os líderes cristãos uma das maiores barreiras e contra o outro (inimizades, porfias, ciúmes, para uma vida devocional é o próprio serviço iras, discórdias, dissensões, facções e incristão. Por possuirmos um envolvimenvejas). to integral com o ministério, é fato reDevemos lutar não apenas contra corrente não termos tempo para a a prostituição e a idolatria como claoração, leitura e reflexão na Palaramente se faz na Igreja de Cristo, vra. Creio que precisamos, com mas também contra a arrogância, urgência, manter nossas mentes Não trate o pecado como a murmuração, o orgulho, a madirigidas pelo comentário de erros gerais. Trate a mentira lícia, a avareza, a inveja, a altiJesus sobre Marta e Maria (Lc como mentira, a inveja como vez, a jactância, o desrespeito e 10.41-42). O trabalho que Marta o atrevimento. realizava era legítimo, valioso e inveja. Nomeie seus problemas Um dos frutos da hipocrisia, honroso. Era para o Mestre. Ela e converse com o Senhor a a meu ver, é o legalismo. O legadeseja ter a casa arrumada e a lista se atém à forma da lei com comida pronta. E essas eram derespeito ainda hoje tamanha intensidade que se torna mandas reais, pois desejava servium acusador impiedoso, sem cores -lo. Maria, porém, estava aos seus de misericórdia. Por outro lado, não pés e esta escolheu a melhor parte. raramente esconde seus problemas A melhor parte a que Jesus se refere mais íntimos, neste caso o atrevimento, o não está ligada tão somente ao desejo do desrespeito e a falta de amor – derivações do Mestre, mas sim à necessidade de Maria. Ela orgulho. Ele pode ser facilmente observado. Traprecisava estar com Jesus de forma prolongada e ta-se daquele que possui palavras sempre afiadas dirigidas tranquila – aos seus pés – como nós também precisamos. à igreja, ao povo de Deus e ao outro. Tais palavras apontam A melhor parte não é apenas um ritual que agrada a continuamente os problemas, jamais as virtudes. São irreduDeus, mas um elemento que sacia a nossa alma. Sem estartíveis, como se pudessem distinguir aqueles que são ou não mos com Ele o serviço eventualmente perecerá. Teremos salvos, agradam ou não a Deus. Mas o principal sinal é este: perdido a visão do Alto, o rumo certo e as motivações bílegalistas apegam-se sobretudo à forma (ações e posturas blicas para a caminhada. Ao fim do dia, haverá apenas uma externas) e esquecem-se do conteúdo, dacasa bem arrumada com uma mesa posta e comida quente. quilo que se passa no coração. Mas Ele não estará lá. Para o legalista, aquele que possui uma forma cristã, seja em um culto, na Para refletir postura ou nas próprias roupas, é rapidaA Palavra nos convida a lutar contra a carne, enchendomente aprovado. Com isto, podem se deinos do Espírito. A luta contra o pecado não visa apenas a xar convencer de que são defensores das vitória contra a carne, o mundo e o diabo. É, sobretudo, um verdades de Deus, munidos da melhor das convite para o relacionamento com o Pai que é santo. intenções, não sabendo que nesta camiNeste momento tomo a liberdade para lhe perguntar Ronaldo Lidório é missionário, nhada têm perdido as marcas de Cristo: a sobre a sua vida devocional. O tempo que investe para simpastor, teólogo e brandura e o amor para com o próximo, a plesmente estar com Ele, lendo a Sua Palavra e ouvindo escritor tolerância e a disposição para a segunda a Sua voz. Se há algo a ser lembrado seria isto: escolha a milha, o desejo de restaurar e não acusar, a melhor parte! 68 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
EPÍSTOLAS [ CARTAS DOS LEITORES ] SOMATÓRIA DE ERROS [Comentando a entrevista com a professora paulista Nancy Gonçalves Dusilek, intitulada “A família é a raiz de tudo” e publicada na edição nº2 de LIDERANÇA HOJE, em que ela relembra o drama vivido em seu casamento e conta como Deus restaurou a sua família] Acho que por trás de uma separação entre casais cristãos está uma somatória de erros – inclusive hermenêuticos (no que concerne à aplicação dos textos bíblicos na psicologia do aconselhamento) e pastorais (porque hoje os líderes fundamentam seu ministério na família e não em Deus). Jesus disse, no entanto, que devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus. Pr. Battista Soarez, em comentário postado no site da Cristianismo Hoje
AGENTES DE MUDANÇA [Comentando o artigo do Pr. Ziel Machado, intitulado “Integridade: a revolução possível” e publicado na edição nº1 de LIDERANÇA HOJE] Sem palavras! Artigo maravilhoso! Me inspirou também. Às vezes, antes de exigir mudanças, devemos nos apresentar como agentes de mudança. A começar por nós mesmos. Leonardo Santana, em comentário postado no site da Cristianismo Hoje
MUITO RELEVANTE Li e achei muito relevantes os artigos da última revista escritos por Josué Campanhã e Ricardo Agreste, além dos demais. Claudio Paranhos, via Facebook
PONTO DE ENCONTRO LIDERANÇA HOJE não é uma revista, mas um ponto de encontro de inteligências comprometidas com o Reino. Os artigos são esclarecedores; as matérias, todas relevantes. Muitos textos e um só pensamento: repensar a vida cristã. Parabéns! Noelio Duarte, via Facebook
MUITAS LIÇÕES Parabéns à revista LIDERANÇA HOJE, pois encontramos ali muitas lições. Divulguem esse trabalho para seus líderes pastores. Cleverson Pereira do Valle, via Facebook
REVISTAS FANTÁSTICAS Tanto LIDERANÇA HOJE como Cristianismo Hoje são revistas fantásticas. Fiz assinaturas das duas e não perdi 70 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
nenhum exemplar até hoje. Tenho sido tremendamente edificado pelo conteúdo de ambas. Sérgio Müller, via Facebook
NADA MAIS INTERESSANTE Consegui um exemplar de LIDERANÇA HOJE na reunião do Restore Brazil deste mês e estou curtindo bastante a revista. O tema central da 2ª edição é “A família do pastor” – nada mais interessante para um recém-casado! Deus é bom! Jonathan Hibrido, via Facebook
ASSINATURAS Quero assinar a revista. Pr. Mario Alegria, da Missão Caminho Santo, via Facebook Como faço para adquirir as edições antigas da revista, como a edição Nº 2, que tem como tema de capa “A família do pastor”? Kleyton Martins, via Facebook Do editor: Para assinar LIDERANÇA HOJE ou para obter números atrasados, basta entrar em contato por meio dos telefones (21) 3628-2920 e (21) 3587-4872 ou por e-mail: assinatura@cristianismohoje.com.br
“BATIZADO COM LÍNGUAS ESTRANHAS”
EKKLESIA [ ZIEL MACHADO ]
Existe música na pausa
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astores conhecem bem a realidade de uma agenda sobrecarregada. Além disso, estamos expostos a uma gangorra emocional devido aos dilemas pessoais que, como pastores, somos chamados a acompanhar. Às vezes, eu me sinto como uma vela que foi acesa nas duas extremidades, tal a intensidade da demanda. Vamos sendo queimados em velocidade dobrada, a passos largos para o esgotamento, físico, emocional e espiritual. Este perigo nos assola diariamente. Thiago e Lucas, meus filhos, estavam entrando na adolescência e minha esposa me apresentou o seguinte desafio: “É hora de planejar tempo com os meninos, faça alguma coisa com eles. Isso será importante”. A solicitação me pareceu muito sábia, já que, naquele período, minha vida era marcada por muitas viagens e muitas ausências. Era um momento importante para estar presente na vida deles. Comecei a pensar em alternativas sobre o que fazer e me lembrei de nossa paixão familiar pela música. Fui até o SESC de Vila Mariana [na zona sul de São Paulo] e descobri que ali havia uma escola de música com vagas para três novos alunos de trombone. Achei a ideia engraçada e louca. Fiquei pensando nos vizinhos escutando nossas práticas instrumentais (me deu pena deles). Perguntei o que eles achavam da ideia, eles toparam e lá fomos nós. Por quatro anos estudamos trombone juntos. Para além do que minha esposa havia sugerido, um maior tempo com meus filhos, desfrutei muito das lições aprendidas e do momento de lazer proporcionado por esta experiência. Uma das lições que produziu um grande impacto foi saber respirar de forma Ziel Machado é pastor da Igreja adequada e como produzir um sopro Metodista Livre-Nikei, de qualidade, obtendo como resultado diretor acadêmico do Seminário Servo de um som agradável no instrumento. O Cristo, professor da tempo inicial da aula era de relaxaFaculdade de Teologia mento: deitados no chão da sala, deMetodista Livre, em São Paulo (SP), e maratonista víamos atentar para o nosso diafragma 72 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
e, respirando de forma adequada, aquecer o sopro. Devo confessar que, muitas vezes, cochilava neste momento, o que se tornava motivo de riso para a turma. Outra lição importante foi sobre as pausas – aqueles sinais na partitura que indicam que devemos silenciar os nossos instrumentos. O fato de silenciá-los não indica ausência de música, pois ainda temos de contar o tempo para saber exatamente sua duração e, no momento certo, voltar a tocar conforme as indicações da partitura. Foi então que a “ficha caiu”. Na pausa também há música, o silêncio também se toca. Para quem estava acostumado a viver em um ritmo intenso de trabalho, sempre encontrando todas as justificativas possíveis para não parar, e que desconhecia o fato de que “na pausa também existe música”, essa lição abriu uma nova janela de compreensão sobre como conduzir a vida com mais sabedoria. Ao longo destes 32 anos de ministério, pude desfrutar de dois momentos sabáticos – uma disciplina de pausas ministeriais ainda pouco difundida no Brasil – muito especiais. Como família, separamos um tempo para uma mudança de agenda, um tempo onde foi possível seguir a orientação de Marva Dawn em seu excelente livro Keeping the Sabbath Wholly (Ed. Eerdmans, ainda não traduzido para o português) para o tempo sabático. Nele, a autora orienta que estes tempos de pausa devem ser dedicados a parar, descansar, rever o que estávamos fazendo, para definir o que devemos deixar, o que manter e o que começar a fazer, e a celebrar. Muitas vezes não reconhecemos a necessidade das pausas porque achamos que nelas não há música. Ao viver desta forma, acabamos por desenvolver um estilo de vida onde negamos nossa humanidade, como se ela fosse um obstáculo para a nossa vocação. Nossa humanidade nunca foi um obstáculo para nossa vocação, mas nossa mundanidade sim! Nossa família e nossos ministérios, além de nós mesmos, serão imensamente beneficiados quando aprendermos que, na pausa, há música!
MISSIONAL [ OSWALDO PRADO ]
Polos perigosos
H
á um bom tempo, visito missionários no campo – tempos atrás, na condição de pastor de uma igreja local; nos últimos anos, como líder de uma organização evangélica. Nessas visitas, estão em mira sempre dois alvos: primeiro, mostrar amor e compaixão por esses que rompem com tantas coisas, como a família, amigos e igreja; segundo, para poder ouvir o coração deles, especialmente no que se refere à missão que estão desenvolvendo. A cada visita quase sempre constato uma situação preocupante. Alguns estão profundamente engajados no ministério, mas, ao mesmo tempo, extremamente desgastados. Suas emoções estão alteradas, o corpo pede descanso e a alma anela por estar mais perto de Deus. Encontro outros experimentando um grande deserto: desmotivados, parecem carregar um fardo pesado sobre seus ombros, que os impede de se moverem e darem um passo sequer. Compartilhar algo já lhes causa imensa dor. Silentes, preferem puxar o freio de mão e aguardar o tempo para retomar o ministério. No Brasil, não é raro encontrar líderes que estão experimentando um cansaço fenomenal, a ponto de suas faces mostrarem o quanto estão debilitados. Fico imaginando como estariam por dentro, em suas emoções. São esses que tem acelerado freneticamente o ministério, motivados por razões que consideram justas, mas que os têm levado à própria destruição. Outros tem feito a opção do deixa a vida me levar, vida leva eu. Frustrados, sem perspectivas, dilacerados por decepções profundas, fizeram a opção de tirar o pé do acelerador, manter uma velocidade constante, de preferência reduzida. O mais incrível é que muitos estão relativamente satisfeitos: preferem liderar com poucas demandas e satisfazem-se com resultados pífios. Manter o que existe já é bom demais. São dois polos opostos. Nenhum deles privilegia verdadeiramente a missão de Deus no mundo. Um deles caminha na trilha do ativismo e ressalta o homem e as suas conquistas; o outro está à margem do caminho e compromete sua fidelidade ao avanço do Reino. Como Jesus nos ensinou a servir Oswaldo Prado nesse mundo? Ao convocar aqueles é diretor executivo que seriam seus discípulos, o Mestre da Sepal delineia um quadro bastante distinto
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daquele que conhecemos e vivemos nossos dias. Em nenhum momento Ele chama pessoas para um trabalho, mas para segui-lo (Mc1.17). Entramos em um processo incontrolável de “linha de produção” de novos convertidos, através dos mais variados modelos de crescimento de igreja. O resultado não poderia ser outro: líderes esgotados pelo exagerado labor. Os novos cristãos, nesse caso, se formam através do nosso trabalho. E, ao receberem tal formação, se tornam igualmente trabalhadores e não discípulos. A capacitação de novos líderes passa a ocorrer através tão somente de treinamentos e não da própria vida. E, como não poderia deixar de acontecer, os nossos liderados passam a seguir homens e instituições. Discípulos, ao contrário, são gerados a partir daqueles que já seguem Jesus. Modelados pelo caráter de Cristo, eles encarnam o evangelho. Com tantos líderes exaustos, deveríamos nos perguntar se eles são fruto de um processo perverso, instalado em nossas igrejas, o qual tem por objetivo simplesmente os resultados. E o que dizer daqueles que estão exatamente no lado oposto? Os que já passaram por experiências profundas de esgotamento e que hoje preferem liderar no estilo low profile, mostrando discrição, evitando aparecer, e não querendo chamar a atenção? Ao viver momentos de tensão e perseguição, Jesus reagiu de maneira mansa, mas firme. Em uma dessas ocasiões ele declarou que buscava agradar aquele que o enviou (Jo 5.30). Líderes que perderam os sonhos e estão estagnados necessitam lembrar que a motivação do ministério de Jesus era agradar ao Pai Eterno. Aos seus discípulos, Jesus demonstrava sempre essa relação de amor profundo pelo Pai. A missão que Deus confiou a nós deve ser realizada dentro dos limites de nossa humanidade. Super homens existem apenas para aqueles que querem protagonizar sucesso e visibilidade, com o risco iminente constante do esgotamento. Líderes desmotivados, no lado oposto, demonstram que os sonhos se acabam. Não precisamos de líderes que são conhecidos por sua agenda sempre ocupada ou por sua visibilidade. Nem tampouco daqueles que apenas “batem ponto” e já não desejam ser usados poderosamente por Deus. O segredo de uma liderança equilibrada e saudável sempre se pautará pelo desejo de servir o próximo e levar pessoas a seguir Jesus de Nazaré.
REFLEXÃO [ RICARDO AGRESTE ]
Entre o poder e o amor na prática pastoral
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Recentemente, na comunidade local que pastoreio, fizemos uma série de pregações traçando um paralelo entre o perfil, as palavras e o comportamento dos chamados Vingadores – isso mesmo, aqueles do filme baseado em histórias em quadrinhos da Marvel – e a forma como Jesus, o verdadeiro redentor do Universo, entra na história, se apresenta à humanidade e cumpre sua missão. Minha intenção era desafiar homens e mulheres de minha comunidade a perceberem como nós, enquanto seres humanos, temos uma constante tendência de confiarmos em projetos baseados em nossa própria força, inteligência e motivação. Os chamados Vingadores são reflexo desta tendência. Em sua grande maioria, eles são seres humanos, revestidos de superpoderes, determinados a libertar a humanidade do mal que a ameaça. No entanto, os mesmos Vingadores, apesar de possuírem superpoderes capazes de resolver o problema do mal que ameaça o mundo exterior, carregam fendas na alma e brechas no caráter com as quais não conseguem lidar. Eles são poderosos para libertar o mundo do mal exterior, mas impotentes para libertarem a si mesmos do mal que os oprime interiormente. Na contramão de tudo isso, Jesus, nosso verdadeiro redentor, entra na história e se apresenta como homem frágil e vulnerável. Quando tentado por Lúcifer no deserto, Jesus se nega a realizar demonstrações de sua força e poder. Quando crucificado numa cruz, Jesus se nega a responder com atitudes Ricardo Agreste as afrontas que lhe são lançadas por aqueles é pastor da Comunidade que o desafiavam. Presbiteriana Chácara No entanto, o sofrimento de Jesus não Primavera, coordenador da área de Teologia lhe era devido. Apesar de se apresentar Pastoral do Seminário como homem frágil e vulnerável, ele é Presbiteriano do Sul e diretor do Centro puro em sua alma e íntegro no seu caráter. de Treinamento para Nele não existia brecha ou fenda interior. Plantadores de Igrejas (CTPI) Sua força e seu poder não residiam em ar76 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
maduras, escudos, ou machados, mas na confiança no amor que dizia: Você é filho amado em quem Eu tenho todo o prazer. Mas o que deveria ser uma série de pregações para os homens e mulheres de minha igreja, transformou-se um conjunto de reflexões e desafios para o pastor – eu mesmo. Na medida em que construía as comparações entre os Vingadores e Jesus, mais e mais percebia como o ministério pastoral na atualidade se parece mais com o primeiro do que com o segundo. Muitas vezes, o ministério pastoral tem se tornado um espaço de demonstração de força e poder. Na medida em que cresce o número de membros, aumentam os convites para preleções, a agenda de aconselhamentos entra em colapso, e mais e mais pessoas passam a olhar para nós, pastores, admiradas com nossa suposta força e poder. Paralelamente, muitas vezes, alimentamos esta admiração criando armaduras que intensificam a visão de que estamos acima de tudo e de todos, não enfrentamos problemas e não possuímos fendas na alma e brechas no caráter com as quais precisamos lidar. Diferentemente, se queremos construir ministérios pastorais pautados pelo modelo de Jesus, precisamos transformá-los em um espaço de amor e não de poder. Jesus, enquanto convive com homens e mulheres, tem uma agenda pautada pelo amor por eles. Mesmo quando efetua atos de poder, como milagres e exorcismos, o faz por amor àqueles que estão oprimidos pelo mal. Jesus vence o mal, não com poder, mas pelo amor. Assim, Jesus nos desafia, como pastores, a abrirmos mão de nossas armaduras de poder e, consequentemente, nos apresentarmos como pessoas frágeis e vulneráveis, como ele o fez. Precisamos reafirmar que temos fendas na alma e brechas de caráter. Por isso, através de nossas vidas e palavras, não anunciamos o poder de nosso ministério, mas o amor daquele que nos alcançou, nos perdoou e nos transformou.
RENOVARE [ EDUARDO ROSA ]
O legado da nossa liderança
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orrendo o risco de ser injusto na comparação, afirmo que ser líder em organizações sem fins lucrativos – e, portanto, dependentes da adesão voluntária dos seus membros – é uma arte mais complexa do que exercer a liderança em ambientes corporativos com empregados, clientes, produtos e serviços. Por mais de 25 anos lidero comunidades espirituais nas quais não tenho à minha disposição equipes pagas para fazer o que mando. Tampouco, tenho autonomia para demitir pessoas quando os resultados pretendidos não acontecem. Como não posso bater na mesa, “xingar” ninguém de imbecil, demitir com ou sem justa causa quem me desagrada, como, às vezes, infelizmente, é próprio em ambientes corporativos. Tive de aprender a motivar pessoas de maneira diferente do que aqueles líderes dentro de um negócio que tem a seu dispor pessoas dando 100% de si mesmas por interesse no resultado ou mesmo por pressão e medo de perderem suas posições. Aprendi que liderar de maneira saudável, motivando pessoas sem ameaçá-las ou manipulá-las, passa por uma interessante sequência que começa na coerência, passa pelo respeito, solidifica-se na admiração e gera comprometimento. Coerência é a capacidade de agir de acordo com o discurso. É transformar palavras em comportamento. É liderar pelo exemplo. É também ser uma pessoa sábia nos seus juízos, justa nos julgamentos, sóbria para lidar com conflitos. Esta coerência gera respeito. Quando as pessoas percebem que praticamos aquilo que falamos, elas automaticamente nos respeitam. Um tipo de respeito não ligado à nossa função ou cargo, mas na maneira como o exercemos. Não é respeito hierárquico, é relacional. Somente nos submeEduardo Rosa temos a pessoas incoerentes quando elas é pastor da Comunidade têm poder sobre nossa vida – pagam nossas Presbiteriana da Barra da Tijuca, um dos líderes contas, são provedoras do lar que vivemos, do ministério Renovare exploram nossa vulnerabilidade. Por medo Brasil e mestre e doutor ou fraqueza emocional, nos submetemos a em Teologia pela PUC-RJ elas por causa da autoridade que têm so78 LIDERANÇA HOJE Outono 2013
bre nós. No fundo, não as respeitamos. O respeito genuíno é aquele nascente da percepção de que estamos lidando com líderes coerentes. Este respeito leva à admiração. Admiramos a quem respeitamos. Então nos espelhamos nas pessoas admiradas. Nós desejamos ser como elas. Somos inspirados por sua maneira de ser e agir. Sem que sejamos forçados a bajulações vazias e externas, elogiamos de maneira genuína os líderes a quem admiramos. Esta admiração gera comprometimento. Líderes coerentes, respeitados e admirados terão sempre pessoas comprometidas ao seu redor. Entendamos que este comprometimento das pessoas não é cego, inconsequente ou alienado. Os liderados sabem e reconhecem as falhas do líder. Admiram-no mas não o endeusam. Respeitam-no mas não temem questioná-lo, pois têm certeza que sua coerência é capaz de fazê-lo ouvir o que se tem a dizer. Somente com esta cadeia lógica de coerência, respeito, admiração e comprometimento, um líder é capaz de exercer de maneira saudável a liderança. Quem não precisa ser coerente, não se preocupa em ser respeitado: prefere ser temido. Nem tampouco precisa ser admirado, mas quer ser adorado a qualquer preço. Poderá ter muitos seguidores, porém não passará no teste do mais saudável modelo de liderança que já se estabeleceu na terra. Falo daquele que chamou para junto de si 12 homens, sem atributos e maiores atrativos, e, com eles, lançou as bases da mais profunda transformação que se possa testemunhar. Ao olhar para sua vida e maneira de liderar, vejo sua coerência, gerando respeito e admiração, levando seus discípulos a um nível de compromisso tal que nem a morte era capaz de fragilizar. Muitos pagaram com sua própria vida, pois encontraram nele e na sua causa uma razão pela qual se deveria viver e morrer. Ser este tipo de líder é um desafio e uma aventura maravilhosa! Sem dúvida, depois de tantos anos prosseguindo este modelo, vou a cada dia mais entendendo que adotá-lo é levar pessoas para algo muito maior do que nós mesmos. O legado da nossa liderança não é o nosso nome na história, mas a jornada para a qual fomos capazes de motivar pessoas a seguir.
EXEGESE [ RUSSELL SHEDD ]
Lições da liderança de Jesus
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inguém negaria que Jesus foi um líder extraordinário. Desde o começo do seu ministério até sua volta para o Pai, temos numerosas evidências da sua capacidade de criar lealdade para sua pessoa. Transformou seguidores que, sem sua influência, nunca teriam deixado qualquer marca de sua existência na terra. Quero sugerir algumas das lições que a liderança de Jesus deixou que marcaram seus discípulos – os quais mudaram o rumo da história humana para o melhor: 1) Jesus demonstrou uma autoridade muito acima do normal quando reivindicou o direito de pedir que homens deixem sua casa e ocupação para segui-lo. Um líder sem autoridade mal consegue convencer os liderados de que vale a pena acompanhar ou se submeter a ele. 2) Cristo demonstrou durante todo o seu ministério que estava em controle total de sua vida e as circunstâncias que enfrentava para cumprir a sua missão. Submeteu-se à terrível morte na cruz com a atitude de uma pessoa decidida. Um líder que não tem controle é comparável a um piloto que não consegue dominar o vôo de um avião. 3) Jesus conhecia o que os seus discípulos pensavam (Jo 2.23). Deve ser claro para todo líder que, se ele não sabe o que os seus seguidores pensam, terá dificuldade em conduzir o seu empreendimento para um destino desejado. 4) Cristo foi um líder que sabia porque e para que estava no mundo. O líder que depende do acaso e desconhece a probabilidade do sucesso dos seus planos tem pouca chance de alcançar o alvo escolhido. 5) Jesus foi um líder que, conscienRussell Shedd é Ph.D. em Novo temente, servia os outros de modo beTestamento pela néfico. Se um líder trabalha apenas para Universidade de alcançar seus próprios interesses, terá Edimburgo (Escócia), pastor, professor, dificuldade em segurar a lealdade dos escritor e conferencista seus seguidores. 80 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
6) Cristo comunicava claramente os valores que o Reino teria para os que se sacrificavam para alcançá-los. O mesmo deve acontecer com todo líder que planeja levantar uma organização como a Igreja de Cristo (Mt 16.18). Quando falta essa convicção no coração dos liderados, ele cria letargia e falta de compromisso. O líder de verdade precisa “vender” ou plantar no coração do seguidor o seu objetivo. Se não consegue entusiasmar seus seguidores, a cooperação deles será mínima. 7) Jesus tornou muito claro que ele sofreria pelas suas “ovelhas” (Jo 10.11). Quando um líder carece desta disposição, o resultado, provavelmente, será negativo. 8) Cristo veio para dar vida melhor, abundante para suas “ovelhas”. Convenceu os discípulos que eles herdariam uma vida incomparavelmente melhor do que a que abandonaram. 9) Jesus como líder modelo, se empenhou em proteger as suas “ovelhas” (João 10.28). Se um líder não tem nenhuma preocupação com o bem-estar dos liderados, não estaria seguindo o modelo do Mestre. 10) Cristo planejou para que os seus seguidores aumentem em números: que alcancem outras ovelhas que não eram ainda do aprisco de Jesus (Jo 10.16), uma das marcas do ministério do Senhor. Todo líder que não procura crescimento para o seu empreendimento caiu fora da visão de Jesus. 11) Jesus falou claramente do futuro que seus seguidores experimentariam neste mundo antes de gozar da herança que aguardavam. Primeiro, eles teriam que enfrentar privações, perseguição, rejeição e até o martírio. Mesmo assim os convenceu que a recompensa será incomparavelmente maior do que o preço pago (2 Co 4.17). Conclusão A liderança de Jesus foi marco na história porque ele não agiu sozinho. Escolheu sucessores que aprenderam com ele. A existência da Igreja hoje mostra o grau do seu sucesso. Bons líderes das igrejas aprendem com ele.
COMENTÁRIO [ JOSUÉ CAMPANHÃ ]
Pastores, parem de pregar
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á algum tempo conversei com um homem que havia se convertido há um ano. Ele me disse que havia decidido parar de frequentar a igreja. Surpreso com a decisão dele, indaguei o motivo, e ele me disse: “É simples, existe uma diferença incrível entre a mensagem que ouço aos domingos e a Bíblia que leio diariamente. A Bíblia me transforma dia após dia, mas o que eles pregam na igreja parece estranho.” Jack Deere conta que numa pequena cidade, onde não havia um bar, alguém começou a construir uma taverna, não dando atenção a um pastor da cidade que pregava contra a ideia. O pastor e alguns cristãos reuniram-se para uma vigília com o objetivo de pedir a providência de Deus quanto ao caso. Naquela mesma noite, um raio atingiu a taverna em construção, destruindo-a completamente. O dono do prédio deu início a um processo judicial contra o pastor e a igreja, alegando que os crentes eram os responsáveis pelo que acontecera. O pastor e a igreja contrataram um advogado que negou que eles tivessem alguma coisa a ver com o ocorrido. Quando chegou o dia do julgamento, o juiz afirmou: “Uma coisa ficou muito clara neste caso, não importa qual seja seu desfecho. O dono da taverna acredita no poder da Bíblia e da oração, o pastor e os crentes, não.” Estas duas histórias são reais e chocantes. No entanto, elas refletem a realidade de um grande número de pastores da atualidade. Todas as semanas perto de um milhão de sermões são pregados em cerca de trezentas mil igrejas evangélicas no Brasil. Calculo que uma pessoa que frequente uma igreja por 15 anos, apenas um culto por domingo, já ouviu cerca de 780 sermões. Imagine o poder transformador de tanta pregação, por tanto tempo, na vida de milhões de pessoas. Josué Campanhã Entretanto, por que um avivamento é escritor, palestrante, não acontece? Por que os evangélicos e consultor não aniquilam a corrupção em lugar de serem aniquilados por ela? 82 LIDERANÇA HOJE Inverno 2013
É impossível deixar de fazer uma comparação. Por que Jonas, Pedro, Paulo, Spurgeon e Moody pregaram com mais dificuldade do que nós e causaram efeitos “devastadores”? Por que não vemos quase nada parecido a isto hoje? Talvez a resposta esteja num “pedido” aos pastores: Parem de pregar! 1) Parem de pregar sermões onde não há alegria e são pregados por causa da obrigação com o emprego e porque estão sendo pagos pela igreja; 2) Parem de pregar sem antes estudar a Bíblia para aplicar em suas próprias vidas; 3) Parem de pregar sem antes dedicar dez a quinze horas de oração e mergulho no texto bíblico sobre o qual falarão; 4) Parem de pregar sermões prontos do seu bispo ou apóstolo, sem coração, paixão ou emoção; 5) Parem de pregar sermões copiados da internet, sem vida e sem experiência pessoal; 6) Parem de pregar suas ideias pessoais, justificadas com alguns versículos bíblicos; 7) Parem de pregar regras para as pessoas viverem, que vocês nunca viveram. E a lista poderia ir embora... Preguem a Palavra, poderosa, penetrante, transformadora e verdadeira. Deixo um desafio que recebi há cerca de 30 anos, quando estudei pregação expositiva com um homem chamado Karl Lachler. Depois que ele nos explicou o poder da pregação da Bíblia – primeiro para a minha vida e depois como uma ferramenta que o Espírito Santo usa para alcançar outros –, a única coisa que consegui fazer naquele dia foi: me quebrantar, chorar, orar, chegar a minha casa e jogar fora todos os sermões que tinha, pedir perdão a Deus e começar tudo de novo. Nunca mais um sermão foi igual. O apelo naquele dia foi: Parem de pregar na sua própria força ou sabedoria, mas deixem-se usar pelo Espírito, e o que Deus falar através de você incendiará o mundo. Talvez seja hora de parar de pregar do jeito que você está pregando e experimentar algo novo.